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Da Promessa de Fato de terceiro editado

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3
2
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Camila Jaciara Silva
Marcelo Sousa dos Santos
Do Instituto da Promessa de Fato de Terceiro
RIO DE JANEIRO
2021
Sumário
Introdução	3.
Conceito: Lei n° 10.406/02 (Código Civil)	3.
Das Excludentes de Responsabilidade	4.
Dos Efeitos da Promessa	4.
inovações do Código Civil de 2002	6.
Da Estipulação em Favor em terceiro X Da promessa de fato de terceiro (diferença)	7.
Natureza Contratual	8.
Dos princípios contratuais inerentes	9.
Princípio da Boa-fé objetiva	9.
Princípio da Relatividade dos Contratos	10.
Função Social dos contratos	11.
Contrato com Pessoa a Declarar	12.
Conclusão	14.
Bibliografia	15.
Introdução
A presente produção textual vislumbra tratar do Instituto da Promessa de Fato de Terceiro sob a perspectiva da Legislação brasileira, da doutrina, bem como dos entendimentos jurisprudenciais, demonstrando as principais diferenças existentes em face de outro Instituto previsto na Lei Civil vigente – Da Estipulação Em Favor de Terceiro. Não obstante, a fim de obter maior compreensão a acerca do tema, lança mão de aspectos principio lógicos fundamentais, aos quais, inclusive, atribuem-se proteção constitucional. Finalmente, cumpre informar que este trabalho assentou-se em ensinamentos advindos de obras doutrinárias, artigos jurídicos, Legislação vigente e entendimentos adotados em órgão competente da jurisdição pátria.
Conceito: Lei n° 10.406/02 (Código Civil)
O Instituto da Promessa de Fato de Terceiro possui previsão legal nos Artigos 439 e 440 da Lei n° 10. 406, de 10 de Janeiro de 2002 – Diploma Civil -, que passou a vigorar somente no ano seguinte. Dito isto, observa-se que o instituto em tela consiste no fato de que um indivíduo se compromete com outro a obter o consentimento de uma terceira pessoa na conclusão de um contrato – de dar, fazer ou não fazer - sem ter recebido a prévia anuência desta última pessoa para a conclusão deste contrato. Desse modo, a eficácia deste contrato passa a depender da aceitação a posteriori dessa terceira pessoa que não está, inicialmente, obrigada a nada.
A partir disso, pode-se questionar o porquê de uma pessoa se comprometer com outra a conseguir a aceitação de uma terceira pessoa. Nesse sentido, ZANETTI anota que, ordinariamente, tais compromissos são assumidos em face de relacionamentos amistosos que o indivíduo guarda com este terceiro, pouco importando se ele é oriundo de amizade ou de laços familiares. Ainda, o autor aduz que, para realizar a venda de um imóvel, “que se encontra indivisível quando um dos coproprietários é ausente ou menor, os outros coproprietários se comprometem a obter sua ratificação posteriormente”[[footnoteRef:1]]. [1: ] 
Note-se, por conseguinte, que tal instituto possui duas etapas subsequentes: uma preliminar, onde não se tem ainda o acerto definitivo entre as partes do contrato, devido a ausência de aceitação da terceira pessoa; e uma segunda fase, onde se verifica a decisão da terceira pessoa. Na fase preliminar, o objetivo é o de costurar um contrato válido que possa ser executado, substituindo-se a vontade de uma das partes - ainda não expressa -, que é justamente a da terceira pessoa. O indivíduo (promitente) que se propõe de per si a obter a obrigação dessa terceira pessoa assume uma responsabilidade pessoal pelo fato prometido, podendo responder por perdas e danos caso o terceiro não cumpra tal obrigação (art. 439 CC). 
Portanto, verifica-se a existência de um contrato imperfeito e válido, uma vez que ainda não se tem a ratificação pela terceira pessoa, restando somente os contratantes – promitente e promissário - obrigados.
Assegura Clóvis Beviláqua que: 
É lícito comprometer-se alguém a obter ato ou fato de outrem. Essa promessa, em sua essência, é uma obrigação de fazer, que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. E, sob o ponto de vista da relação especial, que prepara, é uma fiança. Aquele que promete fato de terceiro é um fiador, que assegura a prestação prometida. 
Em sede de exemplo, pode-se citar um empresário que promete levar um artista para se apresentar em um baile de formatura. Caso o artista não conceda sua anuência, o contrato preliminar firmado entre o empresário e os formandos poderá terminar em perdas e danos, conforme dispõe o caput do Art. 439 do Código Civil vigente.
Das Excludentes de Responsabilidade
 Continuando, ainda acerca do Art. 439, depreende-se de seu parágrafo único a exclusão da responsabilidade daquele que prometeu – promitente -, se o terceiro for seu cônjuge, desde que o ato a ser praticado dependa de seu consentimento ou a indenização, dado o regime matrimonial, venha a recair sobre seus bens. Ademais, sob a incidência do Art. 440 do Diploma Civil de 2002, determina-se a inexistência de qualquer responsabilidade do que prometer fato de terceiro, se este, após assumir a obrigação prometida, deixar de executá-la. Sobre este dispositivo legal, VILLAÇA AZEVEDO declara:
‘é óbvio, pois, no momento em que o terceiro assume a obrigação prometida, ele vincula-se inarredavelmente, e quem por ele se obrigou, assemelha-se à figura de mero intermediário. O vínculo jurídico do terceiro o torna parte. “Daí ser responsável, caso não cumpra a obrigação assumida”
Dos Efeitos da Promessa 
A promessa feita (pelo promitente) ao promissário - a de aquisição de consentimento de um terceiro para a ratificação do contrato – pode configurar uma intromissão no patrimônio deste último por conta de uma representação desprovida de poderes a qual depende da anuência do “representado”. Através da ratificação o terceiro aprova a iniciativa daquele que o representou desprovido de poderes; ou, pela recusa, o terceiro a denega. Importante salientar, que esta manifestação do terceiro é unilateral, portanto, caberá a ele a opção em concluir ou não o contrato.
Se o terceiro não anuir em cumprir o contrato: o promitente arcará com as perdas e danos – Art. 439, CC
Se o terceiro for o cônjuge do promitente: exclui-se a responsabilidade do promitente, portanto, não haverá perdas e danos – Art. 439, parágrafo único. – boa-fé objetiva protege o cônjuge que não anuiu (ver tópico 5.1).
O terceiro se obriga apenas quando se vincular a promessa de fato – ou seja, se ele ratificar a promessa e não a executá-la, apenas ele responderá – Art. 440, CC.
Conforme informado anteriormente, no mesmo sentido, segue-se a anotação de Carlos Roberto Gonçalves [[footnoteRef:2]]: [2: ] 
Trata-se do denominado contrato por outrem ou promessa de fato de terceiro. O único vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Isto porque ninguém pode vincular um terceiro a uma obrigação. A obrigação tem como fonte somente a própria manifestação da vontade do devedor, a lei ou eventual ato ilícito por ele praticado.
Aquele que promete fato de terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida. Se alguém, por exemplo, prometer levar um cantor de renome a uma determinada casa de espetáculo ou clube, sem ter obtido dele, previamente, a devida concordância, responderá por perdas e danos perante os promotores do evento, se não ocorrer a prometida apresentação na ocasião anunciada. Se o tivesse feito, nenhuma obrigação haveria para quem fez a promessa (Art. 440 CC). Na hipótese, o agente não agiu como mandatário do cantor, que não se comprometeu de nenhuma forma. Dessa assiste razão aos que aproximam essa figura contratual do mandato, por faltar-lhe representação. Malgrado a semelhança com a fiança, também com ela não se confunde, visto que a garantia fiduciária é contrato acessório, ao passo que a promessa de fato de terceiro é principal. Igualmente não se confunde esta com a gestão de negócios, pelo fato de o promitente não se colocar na defesa dos interesses do terceiro.
Em sede jurisprudencial, observa-se a questão que se segue, na qual o juízo em questão indeferiu a pedido de apelação por considerar que os requisitos da promessa de fato de terceiro não se cumpriramin caso:
DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. RESCISÃO CONTRATUAL. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO CONTRATUAL NÃO VERIFICADA. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO. INEXISTÊNCIA. 1. Verificado que a apelada cumpriu com a obrigação assumida por ocasião da rescisão contratual, envidando esforços para recebimento dos valores devidos por seus associados, não merece acolhida a pretensão da apelante em receber daquela a totalidade dos créditos, tampouco indenização por perdas e danos, uma vez que não caracterizada promessa de fato de terceiro. 2. Recurso desprovido.
(TJ-DF 20050111075827 DF 0107582-17.2005.8.07.0001, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, Data de Julgamento: 17/03/2010, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 09/04/2010 . Pág.: 98)
Inovações do Código Civil de 2002
Genericamente, o revogado Código Civil de 1916 disciplinava o tema ora posto somente pela previsão do Art. 929: Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Em função disso, o código civil de 2002 introduziu dois novos dispositivos para complementar o capítulo sob a denominação de promessa de fato de terceiro, como foi dito inicialmente. O Art. 439. O novo fragmento de Lei visou a proteção de um dos cônjuges contra desatinos do outro, negando eficácia à promessa de fato de terceiro quando este for cônjuge do promitente, o ato a ser por ele praticado passou a depender da sua anuência e, em face do regime de casamento, os bens do casal venham a responder pelo descumprimento da promessa.
Silvio Rodrigues exemplifica com a hipótese de o marido ter prometido obter a anuência da mulher na concessão de uma fiança, tendo esta se recusada a prestá-la. A recusa sujeitaria o promitente a responder por perdas e danos que iriam sair do patrimônio do casal, consorciado por regime de comunhão. Para evitar o litígio familiar, concluiu, o legislador, tirar a eficácia da promessa.
Na sua exposição de Motivos Complementar, Alvim informa que a regra em tela “visa a impedir que o cônjuge, geralmente a mulher, por ter usado do seu direito de veto, venha a sofrer as consequências da ação de indenização que mais tarde se mova contra o cônjuge promitente. 
O pressuposto é que, pelo regime do casamento, a ação indenizatória venha, de algum modo, a prejudicar o cônjuge que nada prometera
Deve-se registrar que a fiança dada pelo marido sem a anuência da mulher pode ser por esta anulada. Se a hipótese for de concessão de aval, pode estar opor embargos de terceiro para livra da penhora a sua meação. Ainda: no regime da comunhão parcial, que é o regime legal, excluem-se da comunhão “as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal ”.
Esta repleto de razão Silvio Rodrigues quando declara que o dispositivo supratranscrito afirma um truísmo, pois cogita de uma promessa de fato de terceiro que, uma vez ultimada, foi por este ratificada, com sua concordância.
Ora “assumindo a obrigação, o terceiro passou a ser o principal devedor. A assunção da obrigação pelo terceiro libera o promitente”.
Da Estipulação em Favor em terceiro X Da promessa de fato de terceiro (diferença)
De antemão, importa saber que o instituto da Estipulação em Favor de Terceiro está disciplinado no mesmo diploma legal, nos Arts. 436 a 438, entretanto, não se vislumbra no presente artigo explorar todos os seus domínios, somente destacar alguns pontos de divergências com o instituto da Promessa de Fato de Terceiro. Daí, tem-se que no contrato em favor de terceiros existem três personagens na composição da relação jurídica, quais sejam: o estipulante, o promitente e o terceiro - ou beneficiário, no caso em comento. 
O estipulante é quem realiza a oferta (ou estipulação) em benefício de outro indivíduo. Esse benefício abrange uma obrigação de dar, fazer e não fazer;
O promitente é a pessoa que promete executar o que foi determinado pelo estipulante (é a pessoa que deverá cumprir a obrigação que foi direcionada a bem do terceiro);
O terceiro - ou beneficiário - é o destinatário do objeto da obrigação. É a pessoa a ser beneficiada por aquela conduta.
Um exemplo dessa relação jurídica é o contrato de seguro de vida, onde se observa uma relação contratual entre duas pessoas, contudo, a pessoa que será beneficiada da obrigação é um terceiro. Não é requisito que o terceiro possua capacidade civil, do mesmo modo, não se faz necessário que ele seja determinado, apenas determinável. Além disso, é essencial a gratuidade do benefício, não acarretando, portanto, contraprestação ao beneficiário. Nessa relação jurídica, o estipulante e o beneficiário poderão exigir o cumprimento da obrigação pelo devedor. Consoante o artigo 438 do Código Civil, o estipulante pode substituir o terceiro a qualquer momento, sem a necessidade de solicitar sua aceitação ou a aprovação de outro contratante.
Quanto ao beneficiário, este não é obrigado a aceitar um benefício, bem como a sua recusa constitui renúncia quando o direito já houver sido adquirido. Entretanto, se anuir, não será considerado parte do contrato, mas figurante. Cumpre mencionar que a estipulação em favor de terceiro não se confunde com a promessa de fato de terceiro, visto que a promessa de fato de terceiro é uma relação negocial, estabelecida por duas pessoas, em que uma delas é promitente, a qual promete a realização de determinado negócio que dependerá, posteriormente, de uma terceira pessoa. A título de exemplo, a j irr sobre a apresentação de um artista. Porém, ficará pendente a aprovação da estipulação pelo terceiro e o promitente é o responsável por perdas e danos, caso a promessa não seja devidamente cumprida. Se o terceiro anuir, ele passa a ser o responsável pelo cumprimento da promessa e, em decorrência, o promitente não terá mais responsabilidade.
Natureza Contratual
Ainda que existam alguns questionamentos acerca de sua natureza, grande parte da doutrina considera que o instituto da promessa de fato de terceiro possui natureza contratual, ainda que este represente uma exceção ao princípio da relatividade contratual (ver tópico 5.2). De todo modo, para que se compreenda melhor o tema, deve-se possuir alguns conhecimentos acerca da teoria geral dos contratos.
Conforme se busca demonstrar neste artigo, os princípios assumem um papel de grande importância na codificação privada brasileira em vigor. Hodiernamente,, é comum declarar que o vigente Código Civil Brasileiro é um Código de Princípios, tão grande a sua presença na codificação vigente. Além disso, não se pode ignorar o fato da grande importância atribuída aos princípios constitucionais em nosso ordenamento jurídico. 
A propósito, o Código de Processo Civil de 2015 parece seguir a mesma linha, valorizando sobremaneira os princípios, caso da boa-fé objetiva processual e dos regramentos constitucionais. Entre os vários comandos da codificação instrumental emergente, merece destaque o seu art. 8.º, segundo o qual, ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Neste diapasão, os princípios podem ser conceituados como regramentos básicos aplicáveis a um determinado instituto jurídico, no caso em questão, aos contratos. Os princípios são abstraídos das normas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. Os princípios podem estar expressos na norma, mas não necessariamente. 
Mencione-se o princípio da função social dos contratos, que é expresso no Código Civil (arts. 421 e 2.035, parágrafo único), mas implícito ao Código de Defesa do Consumidor e à CLT, normas que protegem o vulnerável da relação contratual (TARTUCE, Direito Civil – teoria geral dos contratos [...], p. 76)[[footnoteRef:3]]. Relacionado a isso, antecipa-se que nos tópicos a seguir, serão tratados mais especificamente dos princípios da boa-fé objetiva, da relatividade contratual e da função socialdos contratos, aos quais foram mencionados outrora. [3: ] 
Dos princípios contratuais inerentes
Princípio da Boa-fé objetiva
Princípio da boa-fé deve ser, antes de tudo, mencionado, pois ele assegura o abrigo daquilo que é lícito e o afastamento ao ilícito. A contratação de boa-fé é a essência do próprio entendimento entre os indivíduos, é a existência da ética na conclusão dos contratos. Sim, porque a aplicação do princípio da boa-fé direciona para a ordem jurídica um elemento de Direito Natural, que passa a integrar a norma de direito. A boa-fé é um estado de espírito que leva o sujeito a praticar um negócio em clima de aparente segurança. É a boa-fé subjetiva. Daí por que todos os Códigos e todos os sistemas jurídicos são norteados pelo princípio da boa-fé, que supera, até, o princípio da nulidade dos atos jurídicos, pois os atos nulos, em certos casos, produzem efeitos, e até os atos inexistentes, para premiar a atuação de boa-fé, como é o caso da validade do pagamento ao credor putativo, da transmissão da herança ao herdeiro aparente, dos efeitos em favor do cônjuge de boa-fé no casamento putativo. Nesses casos, não vigora o princípio, segundo o qual o que é nulo não produz efeito (quod nullum est nullum effectum producit). 
Superada a noção introdutória, importa dizer que da boa-fé objetiva, que decorre a lealdade, a honestidade e a segurança, que se devem os contratantes, nas tratativas negociais, na formação, na celebração, na execução (cumprimento) e na extinção do contrato, bem como após esta. Assim, desde o início devem os contratantes manter seu espírito de lealdade, esclarecendo os fatos relevantes e as situações inerentes à contratação, procurando razoavelmente equilibrar as prestações, prestando informações, expressando-se com clareza e esclarecendo o conteúdo do contrato, evitando eventuais interpretações divergentes, bem como cláusulas leoninas, só em favor de um dos contratantes, cumprindo suas obrigações nos moldes pactuados, objetivando a realização dos fins econômicos e sociais do contratado; tudo para que a extinção do contrato não provoque resíduos ou situações de enriquecimento indevido, sem causa.
Aduzindo, VILLAÇA AZEVEDO ressalta ainda que:
Após a extinção do contrato, existem, também, deveres, que devem ser respeitados pelos contratantes, como, por exemplo, o dever de não divulgar informações sigilosas de que tomem conhecimento, segredos profissionais, de fabricação de produtos, fórmulas secretas e que devam manter-se sob reserva. Qualquer divulgação desses e de outros fatos, por um dos contratantes, pode causar sérios prejuízos ao outro. Nosso Código Civil de 1916 não possuía dispositivo expresso, cuidando da boa-fé objetiva. Todavia, o atual Código Civil estabelece que “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé” (art. 422). Aí está resguardado o princípio da boa-fé objetiva, ou seja, a que implica o dever das partes, desde as tratativas iniciais, na formação, na execução e na extinção do contrato, bem como após esta, de agir com boa-fé, sem o intuito de prejudicar ou de obter vantagens indevidas. 
Princípio da Relatividade dos Contratos
Conforme salientado anteriormente, o contrato está situado na esfera dos direitos das obrigações, constituindo negócio jurídico bilateral e fonte principal do direito pessoal pelo qual as partes procuram regular direitos patrimoniais com objetivos especificados pela vontade e pela composição de seus interesses. Os direitos das obrigações – ou pessoais - são conceituados como direitos obrigacionais ou de crédito. Nesse diapasão, são nítidas as diferenças entre os direitos pessoais – aqui visualizado o contrato – e os direitos reais, que recaem em regra sobre objetos com interesse jurídico e econômico – como é o caso da propriedade.
Ponto que distingue os direitos pessoais dos direitos reais se refere aos efeitos, ensinando Clóvis Beviláqua que “os direitos obrigacionais consistem exclusivamente em prestações, actos positivos ou negativos, pelo que se fixam apenas no acto ou facto a ser executado, e somente podem ferir a pessoa que se acha vinculada pela obrigação no momento de seu cumprimento” (Direito..., 1896, p. 16). Em função disso, TARTUCE defende que essa é a melhor concepção do princípio da relatividade contratual, pelo qual o negócio celebrado, em regra, somente atinge as partes contratantes, não prejudicando ou beneficiando terceiros estranhos a ele. Contrapõe-se tal princípio, inerente ao direito obrigacional, à eficácia erga omnes dos direitos reais, regidos pelo princípio da publicidade. De todo modo, o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, consubstanciado na antiga regra res inter alios, também encontra limitações, na própria codificação privada ou mesmo na legislação extravagante aplicável aos contratos. 
Em outras palavras, é possível afirmar que o contrato também gera efeitos perante terceiros.Dessa forma, apresentam-se como exemplo da hipótese ora narrada o instituto da Estipulação em Favor de Terceiro e a Promessa por Fato de Terceiro, aos quais ambos restam representados neste artigo.
Função Social dos contratos
Por esse princípio, os contratos cumprem relevante papel na sociedade, nacional e internacionalmente, considerada. Pelos acordos contratuais, os homens devem compreender-se e respeitar-se, para que encontrem um meio de entendimento e de negociação saudável de seus interesses e não um meio de opressão. Para a manutenção desse espírito de fraternidade nos contratos, no âmbito do direito interno, têm os Estados modernos lançado mão de normas cogentes, interferindo nas contratações, com sua vontade soberana, para evitar lesões. A intervenção do Estado, no âmbito contratual, abriu as portas a um novo tempo, em que se mitigaram os malefícios do liberalismo jurídico, com a proteção social ao mais fraco[[footnoteRef:4]] . [4: ] 
Futuramente, muito provável, no plano internacional, deverá existir um sistema jurídico de ordem pública, para que se coíbam abusos nas contratações, guardando-se, assim, principalmente, a própria dignidade dos povos em desenvolvimento. Até que isso ocorra, com um Tribunal Internacional, com força executória de suas decisões, é preciso que os órgãos internacionais, atualmente existentes, reclamem e recomendem, com sua força moral, o cumprimento dos princípios gerais de direito, nas contratações, principalmente no tocante à dívida externa dos países em desenvolvimento. O atual Código Civil não ficou à margem dessa indispensável necessidade de integrar o contrato na sociedade, como meio de realizar os fins sociais, pois determinou que a liberdade contratual (embora se refira equivocadamente a liberdade de contratar) deve ser “exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. Esse dispositivo (art. 421) aumenta, ainda mais, a capacidade do juiz para proteger o mais fraco, na contratação, que, por exemplo, possa estar sofrendo pressão econômica ou os efeitos maléficos de cláusulas abusivas ou de publicidade enganosa.
Como visto, tal dispositivo legal (art. 421) não trata da liberdade de contratar, de realizar, materialmente, o contrato, mas da liberdade contratual, que busca proteger o acordo negocial, a manifestação contratual em seu conteúdo. Nota-se que a codificação mais moderna retrata boa orientação ao referir-se à função social do contrato, pois que, embora exista este princípio, reconhecido pela Doutrina, às vezes, ao aplicar da lei, são feridos valores sociais insubstituíveis. Aqui, mais particularizada a recomendação, segundo a qual o juiz, ao aplicar a lei ao caso concreto, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige (art. 5° da Lei de Introdução ao Código Civil de 1916, vigente). 
Não cabe, nesse ponto, alegar que o Código de 2002 abriu-se à liberdade dos juízes, por causa do standard jurídico (função social). A lei sempre se valeu desses standards, como, por exemplo, “fins sociais”, “bem comum”. A própria Constituição Federal refere-se a “função socialda propriedade”. O juiz nem ficou tão livre para julgar pelo direito alternativo, mas nos limites da lei, com a presença de outros operadores do direito, tais como os advogados e o Ministério Público, que dão ao julgador as condições materiais, de prova, para o julgamento (VILLAÇA AZEVEDO, Álvaro. Curso de Direito Civil III [...]. p. 37).
Contrato com Pessoa a Declarar
Trata-se de um negócio jurídico que se estabelece entre duas partes, sendo que uma delas se reserva o direito de oportunamente indicar um terceiro para que assuma todos os direitos e obrigações dele decorrentes. Ainda, fundamenta-se o respectivo negócio em Lei correlata permitido para evitar a especulação e promover a livre circulação de riqueza.
Não obstante, observa-se:
Cláusula pro amico eligendo: a cláusula que permite a uma das partes indicar o terceiro que assumirá os direitos e obrigações.
Prazo de indicação do terceiro: Art. 468, CC – O prazo de indicação do terceiro estará no contrato. Contrato omisso – prazo de 5 dias.
Efeitos da aceitação do terceiro: “ex tunc” – retroage em relação ao terceiro desde o dia que o contrato foi celebrado.
Efeitos em relação ao promitente:
Caso não indique, no prazo determinado, ou em 5 dias, o terceiro – Art. 470, I CC;
Caso haja a indicação e o terceiro não aceite – Art. 470, I, CC;
Caso haja indicação de pessoa insolvente - Art. 470, I CC;
Caso haja indicação de pessoa incapaz de contratar - Art. 470, I CC;
A manifestação da vontade é o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se processa subjetivamente e o momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da declaração; que é quando passa a ser conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. Deste modo, tem-se que o contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos; é o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral; podendo a manifestação de vontade ser tácita ou expressa, embora algumas vezes a lei determine o consentimento escrito como requisito de validade da avença. O mesmo ocorre com o silencio, que pode ser interpretado como anuência – manifestação de vontade tácita.
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação; sendo que a primeira também poderá ser chamada de oferta. Na maior parte das vezes, a oferta é precedida de uma fase, longa ou não, de negociação preliminar – caracterizada por ser uma fase de estudos e debates, onde ainda não há nenhum vinculo com o negocio e as partes poderão desistir, alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos (a não ser que seja provada a falsa manifestação de interesse, prejudicando a outra parte). Embora as negociações preliminares não gerem por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade e correção da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de sigilo.
A proposta pode ser entendida como uma vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas, não estando mais sujeita a estudos ou discussões, mas dirigindo-se à outra parte para que o aceite ou não, sendo, portanto, um negócio jurídico unilateral. Ou seja, “é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”. Distingue-se da fase negocial porque aquela não tem força obrigatória. Esta, ao contrário, cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando-o à realização de projetos e às vezes de despesas e à cessação de alguma atividade. Por isso, vincula o politicante, que responde por todas essas consequências, se injustificadamente retirar-se do negócio. Sendo certo que na proposta já se faz presente todos os elementos essenciais do negócio proposto.
A proposta aberta ao público vale como proposta obrigatória, pois, quando contém todos os elementos essenciais do contrato, só pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. A oferta só não vai obrigar se: i) contiver cláusula expressa a respeito; ii) em razão da natureza do negócio – é o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que consideram limitadas ao estoque (Art. 429); iii) não vincula em razão das circunstâncias do Art. 428. Quanto ao contrato celebrado entre ausentes, é o contrato firmado por correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail), ou intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases.
Conclusão
Finalmente, viu-se o conceito da promessa de fato de terceiro, incorporando suas generalidades, seus efeitos, bem com seus desdobramentos. Resumindo, por incidência do artigo 440 do CC, “nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação”. Com a conclusão da obrigação daquele que se comprometeu em obter o consentimento do terceiro deixa de existir. O promitente torna-se responsável apenas pela concretização da ratificação e não que o contrato será executado pelo terceiro. A obrigação do promitente é de resultado. A partir do momento em que ocorre a ratificação o terceiro torna-se parte no contrato e estes opera efeitos retroativos, salvo quando a ratificação for de um contrato nulo frente a terceiros.
 A recusa do terceiro pode, ainda, ser explícita ou resultar de um ato manifestando sua vontade de não o consentir, como o ajuizamento de uma ação reivindicatória exercida contra a pessoa que tenha tomado posse de seu bem. Se o terceiro demorar em tomar uma decisão ele poderá ser constituído em mora. A falta de ratificação acarreta a responsabilidade por perdas e danos (desde que provados) do promitente frente a seu co-contratante, conforme estabelece o caput do artigo 439 do CC, em virtude de que este se dispõe em obter o consentimento do terceiro. A falta de ratificação acarreta a responsabilidade contratual e ela não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens, consoante estabelece o parágrafo único do artigo 439 do CC. 
Notou-se, ainda, promessa de obter o consentimento do terceiro não deve ser confundida com o fato do promitente dizer que fará o possível para obter o consentimento do terceiro, aqui existe uma obrigação de meio e não de resultado como ocorre com a promessa de fato de terceiro. Uma dúvida pode surgir: quando o promitente não conseguir obter a ratificação do terceiro poderá ele mesmo substituir o terceiro na conclusão do contrato. Em sendo possível me parece ser plenamente eficaz esta substituição, ela não ocorrerá quando o contrato não for intuiu personae. O próprio contrato pode prever esta situação. A falta de ratificação produz efeitos análogos àqueles decorrentes de uma anulação
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