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1 2 Associações, Fundações e Entidades de Interesse Social

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CONTABILIDADE 
DO TERCEIRO 
SETOR
Fabiana Tramontin Bonho
Associações, fundações e 
entidades de interesse social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir a natureza jurídica das organizações do terceiro setor.
  Explicar o conceito, os passos para constituição e dissolução e os 
demais aspectos relacionados às associações.
  Reconhecer o conceito, os passos para constituição e dissolução e os 
demais aspectos relacionados às fundações.
Introdução
O terceiro setor é formado por entidades não governamentais, as quais 
têm gestão própria, são consideradas voluntárias e não possuem fins 
lucrativos, destacam-se por serem legalmente constituídas. 
No terceiro setor, durante a constituição do negócio, as personalida-
des jurídicas poderão ser associações e fundações. As associações são 
compostas por um grupo ou número de pessoas que se reúnem com um 
único objetivo para determinado fim. Estas entidades não visam ao lucro 
e, portanto, não ocorre a divisão dos resultados financeiros delas entre 
os participantes. Têm como foco principal atender as áreas assistencial, 
ambiental, social, dentre outros, que consideram necessitadas, sendo 
dirigidas por um estatuto social. Já as fundações são organizações de 
direito privado com fins filantrópicos e também com personalidade 
jurídica, sendo conduzidas de acordo com os objetivos e os princípios do 
seu instituidor, o qual poderá ser uma pessoa física ou jurídica capacitado 
a indicar um patrimônio para a sua constituição.
Neste capítulo, você vai estudar o terceiro setor, a natureza jurídica 
das entidades, a diferença dos conceitos das associações e fundações, 
assim como todas as etapas para a constituição, dissolução e extinção 
destas organizações. 
Natureza jurídica das organizações 
do terceiro setor
O terceiro setor é constituído por um conjunto de organismos, organizações ou 
instituições sem fi ns lucrativos provido de autonomia e administração própria 
que apresentam como papel e propósito primordial atuar voluntariamente 
juntos à sociedade civil (OLIVEIRA, 2015).
A forma ou pessoa jurídica designa uma organização social:
[...] instituída para permitir a aglutinação de bens e idéias comuns aos seres 
humanos, a qual, preenchidos os pressupostos em lei estabelecidos, o governo 
declara como um ente sujeito de direitos e obrigações, independentemente 
das pessoas físicas que a compõem ou a instituem (RESENDE, 2006, p. 17).
Oliveira (2015) relata que existem leis principais que regem o terceiro setor 
brasileiro, estes regulamentos foram necessários devido ao grande número de 
organizações deste setor. A Lei nº. 9.637, de 15 de maio de 1998 (BRASIL, 
1998), a qual regulamenta o setor e também é conhecida como Lei das Organi-
zações Sociais, tem o objetivo de instituir as primeiras diretrizes a fim de que 
essas organizações recebam autorização por parte do executivo. O artigo 2º, 
parágrafo 1º, alíneas a, b, f e g da respectiva lei apresenta os seguintes requi-
sitos específicos para que as entidades privadas referidas licenciem quanto à 
qualificação de organização social:
I — Comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
natureza social de seus objetivos à respectiva área de atuação;
finalidade não lucrativa, com a obrigatoriedade de investimentos de seus 
excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades; (...)
f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos rela-
tórios financeiros e do relatório de execução de contrato de gestão;
g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do 
estatuto (BRASIL, 1998, documento on-line).
A Lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999 (BRASIL, 1999), conhecida como 
Lei das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), traz 
uma regulamentação voltada à parceria entre organizações de pessoas jurídicas 
de direito privado que prestam atividades públicas com recursos financeiros 
do Estado, a qual sofreu alterações que revogaram algumas leis, e hoje vigora 
a Lei nº. 13.204, de 14 de dezembro de 2015 (BRASIL, 2015).
Associações, fundações e entidades de interesse social2
Tratando da ausência de Lei nº. 9.532, de 10 de dezembro de 1997 (legislação 
tributária), art. 12. (...), §3º “Considera-se entidade sem fins lucrativos a que 
não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado 
exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desen-
volvimento dos seus objetivos sociais” (BRASIL, 1997, documento on-line). 
Destaca-se também a Lei nº. 13.019, de 31 de julho de 2014 (Lei das Parcerias 
Voluntárias), art. 2º, para fins desta lei considera-se: 
I — organização da sociedade civil:
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou 
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais 
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isen-
ções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos 
mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na conse-
cução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição 
de fundo patrimonial ou fundo de reserva (BRASIL, 2014, documento on-line).
Algumas entidades, ainda que prestem atividades sem fins lucrativos, não estão am-
paradas por essa regulamentação, conforme as descritas no artigo 2º. Art. 2º: 
Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade 
Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma 
às atividades descritas no Art. 3º desta Lei:
I — as sociedades comerciais; 
II — os sindicatos, as associações de classe ou de representação de 
categoria profissional;
III — as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de 
credos, cultor, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV — as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V — as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens 
ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI — as entidades e empresas que comercializam plano de saúde e 
assemelhados;
VII — as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas man-
tenedoras;
VIII — as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito 
e suas mantenedoras;
IX — as organizações sociais;
3Associações, fundações e entidades de interesse social
A outra lei que trata da natureza jurídica das entidades do terceiro setor é a 
Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002) (que instituiu o Código 
Civil), ela relaciona as pessoas jurídicas de direito privado, classificando-as 
da seguinte forma:
I — as associações;
II — as sociedades;
III — as fundações;
IV — as organizações religiosa (incluído pela lei nº. 10.825, de 22/12/2003);
V — os partidos políticos (incluídos pela lei nº. 10.825, de 22/12/2003);
VI — as empresas individuais de responsabilidade limitada (incluído pela lei 
nº. 12.441 de 2011) (BRASIL, 2002, documento on-line).
Fonte: Adaptado de Silva et al. (2011, p. 48).
Forma Jurídica Exemplo
Associação  Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa 
em Administração (Anpad)
  Instituto Ethos
  Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)
Fundação  Fundação Institutos de Pesquisas Econômicas 
Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD)
  Fundação Roberto Marinho
  Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do 
Adolescente
Sociedade civil sem 
fins econômicos
  Sociedade Brasileira de Finanças (SBFin)
  Sociedade São Vicente de Paulo
  Santa Casa de Misericórdia 
Quadro 1. Exemplos de formas jurídicas de algumas reconhecidas organizações do ter-
ceiro setor brasileiro
X — as cooperativas;
XI — as fundações públicas;
XII — as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado 
criadas por órgão público ou por fundações públicas;
XIII — as organizações creditícias que tenham qualquer tipo de vin-
culaçãocom o sistema financeiros nacional a que se refere o art. 192 
da Constituição Federal (BRASIL, 1999, documento on-line). 
Associações, fundações e entidades de interesse social4
Dessa forma, quando se realiza a análise sobre a natureza jurídica das 
entidades do terceiro setor, notam-se algumas diferenças cruciais em relação 
ao primeiro setor, o Estado, e o segundo setor (privado/empresas). Há casos 
que a organização não consegue orientar todas as suas práticas de acordo com 
a lei, existindo a necessidade de constante fiscalização do setor por parte do 
poder público. Devido a isso, a exigência dessas entidades de fazer a publicação 
anual de suas contas no Diário Oficial da União, pois assim, a sociedade em 
geral poderá acompanhar a aplicação dos recursos destinados a elas, além de 
proporcionar uma transparência e a legalidade no uso dos recursos públicos 
(OLIVEIRA, 2015).
Conforme Resende (2006), existem diferenças básicas entre associações 
e fundações relacionadas com a origem das formas jurídicas, as quais serão 
estudadas a seguir.
Conceito, passos para constituição e dissolução 
e demais aspectos relacionados às associações
Uma associação tem seu conceito defi nido como uma pessoa jurídica criada 
a partir da união de ideias e esforços de pessoas em torno de um propósito 
que não tenha fi nalidade lucrativa. Mas o fato de criar-se uma associação 
não implica necessariamente a criação de uma entidade de cunho social, pois 
alguns propósitos podem não visar ao lucro, porém, mesmo assim, não servir 
de proveito de todos. Como, por exemplo, os clubes recreativos, de acesso 
restrito aos sócios, e eventualmente com critérios rígidos de admissão, e as 
associações que visam divulgar interesses particulares de seus associados, 
como os clubes colecionadores de selos, dentre outros. Daí a importância 
de se distinguir as associações de cunho associativo do cunho social; a de 
cunho associativo ou de benefício mútuo são as que dedicam suas ações 
a benefícios de seus quadros sociais. As associações de cunho social ou 
benefício público atuam a favor daqueles que estão fora de seus quadros 
sociais (SZAZI, 2006).
Scheunemann e Rheinheimer (2013) destacam que as associações poderão 
ter alguns perfis como:
  Associativismo: são aquelas associações como clubes recreativos, 
de futebol, associação de moradores, de empregados de determinada 
empresa, associação de funcionários, dentre outros.
5Associações, fundações e entidades de interesse social
  Beneficentes: são associações ligadas à educação, saúde e de assistência 
social. Estas entidades eram conhecidas como filantropias. Elas pos-
suem o objetivo de conseguir diplomas e titulações para a obtenção de 
recursos públicos e também beneficiam os doadores com renúncia fiscal. 
  OSCIP: estas associações têm a possibilidade de firmar termos de 
parceria com o Poder Público e de remunerar os seus dirigentes de 
acordo com o mercado. 
A constituição assegura, dentre as garantias fundamentais do cidadão, a liberdade de 
associação para fins lícitos, sendo vedada a interferência estatal nas associações. Para 
conhecer na íntegra o que é vedado, acesse os links a seguir. 
https://goo.gl/wUgZP
https://goo.gl/z6mPPN
Szazi (2006) fala que para a constituição de uma associação basta reunir 
em assembleia no mínimo duas pessoas com maioridade civil que tenham a 
finalidade de associar-se para um propósito lícito e não lucrativo, podendo 
ser realizado em qualquer lugar que se preste a tal fim, sem necessidade de 
convocação pela imprensa ou mesmo escrita. Assim que estiverem reunidos 
todos os convidados, deverá ser exposto o objetivo da reunião e quais as 
intenções com a criação da associação por uma pessoa indicada ou anfitrião. 
Deverá ser formada a mesa diretora, com o objetivo de conduzir com maior 
eficiência o processo de troca de ideias e apreciação de propostas, devendo 
ser composta por no mínimo um presidente e por um secretário, o qual lavrará 
a ata. É importante que durante a reunião seja entregue aos convidados uma 
minuta previamente preparada do estatuto social, com as seguintes previsões:
  a denominação, os fins, a sede e o tempo de duração da associação;
  as considerações para admissão, demissão e exclusão do quadro social 
e, eventualmente, as categorias de associados;
  os direitos e deveres dos associados, que poderão ser diferenciados;
  as fontes de recursos financeiros para a manutenção de entidade e seus 
objetivos, que poderão contemplar mensalidades;
Associações, fundações e entidades de interesse social6
  as atribuições e a forma de composição e funcionamento dos órgãos de 
direção, com a recomendação de números ímpares de participantes, a 
deliberação em voto unitário e a eleição para mandatos de no máximo 
três anos;
  a representação ativa e passiva da entidade em juízo e fora dele, em 
geral exercida pelo presidente;
  a (não) responsabilidade subsidiária dos associados pelas obrigações 
assumidas pela associação;
  as condições para alteração do estatuto;
  as causas para dissolução da entidade e o destino a ser dado ao patri-
mônio social;
  pode contemplar as certificações pretendidas;
As associações podem ter fins educacionais, lúdicos, religiosos, culturais, 
científicos, dentre outros, isto é, será uma consequência da união de pessoas, 
geralmente é de um grande número de associados, na forma estabelecida em 
seu ato constitutivo ou estatuto (OLIVEIRA; ROMÃO, 2014).
Após ter aprovação do estatuto social, ocorrerá a eleição dos dirigentes da 
entidade para que cumpram o primeiro mandato; não havendo mais assuntos, 
deverá ser redigida a ata da assembleia de constituição, devendo conter a 
identificação de todos os presentes e a transcrição dos fatos ocorridos, assim 
como o texto integral do estatuto aprovado e a relação dos dirigentes eleitos, 
com o relato da posse. Salienta-se que a existência jurídica da associação 
somente iniciará com o registro dos atos constitutivos em Cartório de Registro 
de Pessoas Jurídicas da comarca da sede da organização. O requerimento 
deve ser acompanhado de no mínimo duas vias da ata da assembleia de 
constituição da entidade, visadas por um advogado com registro na OAB. 
Assim que obtiver o registro, deve-se providenciar a inscrição no CNPJ e 
também na prefeitura, secretaria da saúde, isto é, de acordo com a natureza 
da entidade.
Mas também por deliberação dos associados, as associações poderão ser 
extintas, na forma do estatuto social, ordinariamente em assembleia espe-
cialmente convocada para esse fim e instala com quorum qualificado, isto é, 
metade mais um dos seus associados. Lembrando que a mesma assembleia 
que deliberar a extinção poderá eleger um liquidante, que irá fazer a apuração 
dos bens e dívidas da entidade, caso o levantamento já tenha sido realizado 
antecipadamente, a assembleia deverá determinar a destinação do patrimô-
nio, e depois de realizado o pagamento da dívida, deverá se observar para as 
eventuais restrições impostas pelos títulos e qualificações desfrutadas pela 
7Associações, fundações e entidades de interesse social
organização. Existe também como forma de extinção a decisão via judicial 
quando transitada em julgado, conforme está previsto no art. 5, XIX, da 
Constituição Federal de 1988 (SZAZI, 2006).
Conceitos, passos para a constituição e dissolução 
e demais aspectos relacionados às fundações
As fundações são conceituadas como um tipo especial de pessoa jurídica, 
podendo ser constituída a partir da decisão de uma única pessoa. Assim, um 
patrimônio destinado a servir, sem intuito de lucro, a uma causa de interesse 
público determinada, que adquire personifi cação jurídica por iniciativa de seu 
instituidor. Elas também poderão ser criadas pelo Estado, assumindo natureza 
de pessoa jurídica de direito público, ou por indivíduos ou empresas, quando 
assumem natureza de direito privada. Para se constituir uma fundação é 
necessária a manifestação inequívoca de vontade do fundador, feitamediante 
escritura pública ou testamento, e que constem dentre outros quesitos a dotação 
inicial do patrimônio livre de qualquer ônus ou embargo legal, podendo ser 
feita em dinheiro ou outros bens tangíveis, ou até mesmo intangíveis desde 
que possuam o mesmo valor econômico. A demonstração de vontade do 
instituidor deverá também conter de maneira clara e bem especifi cada os fi ns 
aos quais a fundação se destina, os quais deverão ser lícitos, não lucrativos e 
de interesse coletivo (SZAZI, 2006). 
De acordo com Camargo et al. (2001), fundação é um patrimônio que, asso-
ciado a uma ideia do instituidor, é colocado a serviço de um fim determinado. 
A existência de um patrimônio é a premissa fundamental para a formação de 
uma fundação. E terá que existir o interesse de destinar esse bem ao interesse 
de utilidade pública. 
Albuquerque (2006) corrobora dizendo que a fundação é a constituição 
especial de pessoa jurídica, pois pode ser criada pela vontade de um único 
indivíduo, sendo constituída pela união de bens como uma finalidade deter-
minada pelo seu instituidor. 
Como há dois casos de criação da fundação, sendo elas em vida ou via 
testamento, em caso de criação em vida, o esboço do estatuto e a indicação 
dos nomes dos primeiros dirigentes deverão ser apresentados ao Ministério 
Público, o qual irá avaliá-los em quinze dias, podendo realizar a aprovação, 
apresentando as modificações que julgar necessário ou até mesmo negá-la. Caso 
Associações, fundações e entidades de interesse social8
o estatuto seja aprovado, será autorizada a lavratura da escritura definitiva de 
instituição da fundação em cartório de notas de livre escolha do instituidor, 
e ao ato o curador deverá comparecer para intervir como anuente. Após, será 
realizado o registro dos atos constitutivos da entidade no Cartório de Registro 
de Pessoas Jurídicas, no qual representará a aquisição da personalidade jurídica 
pelo patrimônio destinado à fundação (SZAZI, 2006).
De acordo com Szazi (2006), assim que obtido o registro deverá ser pro-
videnciada a inscrição da entidade no CNPJ e também na prefeitura, como 
nos demais órgãos de controle de acordo com a natureza da fundação. Se for 
preciso, as alterações estatutárias deverão ser procedidas mediante deliberação 
do conselho curador. A organização deverá enviar ao Ministério Público, no 
prazo e na forma determinada pela Procuradoria Geral da Justiça da unidade 
da federação onde se encontra sediada a fundação, um relatório detalhado de 
suas atividades no ano anterior, juntamente das demonstrações financeiras, 
e caso possua, os relatórios dos auditores independentes.
Destaca-se que as fundações poderão ser extintas caso seu objeto se 
torne ilícito, impossível ou inútil, ou vença seu prazo de existência, este 
por iniciativa do Ministério Público ou de qualquer interessado. Podendo 
ser extintas também pelo seu conselho curador, na forma do estatuto social, 
frequentemente em reunião que será convocada somente para este fim e 
instalada como quórum qualificado, isto é, metade mais um dos conselheiros, 
com voto favorável de dois terços dos presentes e aprovação do Ministério 
Público. A extinção precisará ser declarada judicialmente, com obrigação de 
citação do seu eventual administrador, esclarecendo no curso do processo 
os bens e dívidas da entidade e assim realizando ao pagamento das últimas 
e relacionadas os primeiros. Assim, a sentença que decretar a extinção 
deverá dispor sobre a destinação do patrimônio líquido, tendo que atentar 
para eventuais restrições impostas por títulos e qualificações usufruídas 
pela entidade (SZAZI, 2006).
Uma fundação torna-se inútil quando não existir movimentação por mais de cinco 
anos (BOCCHI, 2013).
9Associações, fundações e entidades de interesse social
Bocchi (2013) dá como exemplo das fundações privadas inseridas pelo 
poder público as fundações de apoio às universidades públicas, as quais devem 
possuir as seguintes características:
  inexigibilidade de concurso público para admissão de pessoal, embora 
possa ser instituído processo seletivo regimental;
  reconhecimento como instituição de ensino e assistência social;
  benefício da imunidade tributária do art. 150, VI, “c”, da CF/1988;
  prestação de serviços reconhecida ao autônomo e inexistência de vínculo 
empregatício com os bolsistas (art. 4ª, parágrafo 1º, da Lei nº. 8.958/1994)
(BRASIL, 1994). 
Caso forem utilizados recursos públicos para a instituição da fundação ela 
sempre será considerada pública para todos os efeitos, porém se os recursos 
utilizados forem integralmente privados, esta será considerada privada para 
todos os fins. 
Acesse o link ou código a seguir para conhecer a con-
ceituação de fundação pública, que é disposta no art. 
5º, IV do Decreto-Lei nº. 200/67, com redação dada pela 
Lei nº. 7.596/87. 
https://goo.gl/iXb2zw 
Dessa forma, destacamos que a responsabilidade pelos serviços prestados 
e pelas obrigações assumidas perante terceiros é da pessoa jurídica tanto na 
associação quanto na fundação. As fundações por lei somente poderão ter 
fins morais, culturais, de assistência ou religiosos, e esta finalidade insti-
tucional deverá ser permanente; já nas associações, poderá haver alteração 
com o decorrer do tempo. As fundações têm como órgão responsável, o 
qual realiza o acompanhamento das atividades desenvolvidas, o Ministério 
Público, o controle é mais rígido, e nas associações já são mais flexíveis 
nesse sentido. 
Associações, fundações e entidades de interesse social10
ALBUQUERQUE, A. C. C. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo: 
Summus, 2006.
BOCCHI, O. H. O 3º setor: uma visão estratégica para projetos de interesse público. 
Curitiba: InterSaberes, 2013.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 8.958, de 20 de dezembro de 1994. 
Dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa 
científica e tecnológica e as fundações de apoio e dá outras providências. Brasília, DF: 
1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8958compilado.htm. 
Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Altera 
a legislação tributária federal e dá outras providências. Brasília, DF: 1997. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre 
a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional 
de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas 
atividades por organizações sociais, e dá outras providências. Brasília, DF: 1998. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9637.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe 
sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como 
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo 
de Parceria, e dá outras providências. Brasília, DF: 1999. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9790.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui 
o Código Civil. Brasília, DF: 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabe-
lece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da 
sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades 
de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos 
previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colabora-
ção... Brasília, DF: 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13019.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 13.204, de 14 de dezembro de 2015. 
Altera a Lei nº. 13.019, de 31 de julho de 2014, que estabelece o regime jurídico das 
parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre 
a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua 
cooperação, para a consecução de finalidade de interesse público... Brasília, DF: 2015. 
11Associações, fundações e entidades de interesse social
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13204.
htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
CAMARGO, M. F. et al. Gestão do terceiro setor no Brasil: estratégias de captação de 
recursos para organizações sem fins lucrativos. São Paulo: Futura, 2001.
OLIVEIRA, A.; ROMÃO, V. Manual do terceiro setor e instituições religiosas. 4. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
OLIVEIRA, S. B. (org.). Instrumentos de gestão pública. São Paulo: Saraiva, 2015.
RESENDE, T. A. Roteiro do terceiro setor: associações e fundações. 3. ed. Belo Horizonte: 
Prax, 2006.
SCHEUNEMANN, A. V.; RHEINHEIMER, I. Administração do terceiro setor. Curitiba: Inter-
Saberes, 2013. 
SILVA, C. E. G. et al. Formas jurídicas no terceiro setor brasileiro: estatuto legal, evi-
dências empíricas e formalismo. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 16, n. 58, p. 
42–61, 2011. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cgpc/article/
view/3563/2248. Acesso em: 12 mar. 2019.
SZAZI, E. Terceiro setor: regulação no Brasil. 4. ed. rev. e amp. São Paulo: Peirópolis, 2006.
Leituras recomendadas
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 
1940. Código Penal. Brasília, DF, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 7.596, de 10 de abril de 1987. Al-
tera dispositivos do Decreto-lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967, modificado pelo 
Decreto-lei nº. 900, de 29 de setembro de 1969, e pelo Decreto-lei nº. 2.299, de 21 de 
novembro de 1986, e dá outras providências. Brasília, DF: 1987. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7596.htm. Acesso em: 12 mar. 2019.
Associações, fundações e entidades de interesse social12

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