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Lúria Niemic – MED UNIC 34 Processo pelo qual são formadas as células do sangue. Abrange todos os fenômenos relacionados com a origem, multiplicação e maturação de células primordiais ou precursoras das células sanguíneas. A porção celular do sangue é composta de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Essas 3 linhagens celulares, apesar de serem distintas umas das outras, são oriundas de uma célula-mãe única, denominada célula pluripotente, toipotente, stem–cell ou célula-tronco. Período Intra-uterino: As primeiras células sanguíneas surgem no período embrionário (pré-hepático), por volta da 7ª ou 8ª semana de vida no mesoderma do saco vitelínico. É chamada de fase mesoblástica e é caracterizada pelo desenvolvimento de eritoblastos primitivos e geralmente, ocorre no interior dos vasos sanguíneos em desenvolvimento. Posteriormente, o fígado funciona temporariamente como órgão hematopoiético – fase hepática – e é caracterizada pelo desenvolvimento de eritroblastos granulócitos e monócitos. É muito importante durante a vida fetal, e tem um pico de atividade ao redor de 3 a 4 meses de gestação, declinando gradualmente até o nascimento. Outros órgãos também vão contribuir para essa função, como o baço, timo e linfonodos, especialmente para produção de linfa. No 2º mês de vida intra-uterina, a clavícula já começou a se ossificar e tem inicio a formação de medula óssea vermelha em seu interior, dando início a fase medular. À medida que a produção hepática declina, a produção medular aumenta. A medula óssea é o sítio hematopoiético mais importante a partir de 6 a 7 meses de vida fetal e, durante a infância e a vida adulta, é a única fonte de novas células sanguíneas. Período Extra-uterino: Até os 5 anos de idade, a medula de todos os ossos do corpo participa desse processo. À medida que os anos avançam, ocorre uma substituição gordurosa na medula dos ossos longos, até que, na idade adulta, somente os ossos da pelve, esterno, ossos do crânio, arcos costais, vértebras e as epífises femorais e umerais são capazes de gerar células sanguíneas. A medula óssea com atividade hematopoiética é denominada medula óssea vermelha, devido à presença de grande quantidade de hemácias e precursores eritroides. O restante dos ossos contém a medula óssea amarela, preenchida por tecido adiposo, porém com potencial para voltar a produzir células sanguíneas sob determinados estímulos. Inicialmente, a célula-tronco se diferencia em 2 tipos: • Linhagem mieloide: hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos • Linhagem linfoide: linfócitos A célula progenitora mieloide se diferencia 2 tipos: um comprometido com a linhagem eritroide- megacariocítica (formação de hemácias e plaquetas) e a outra comprometida com a linhagem granulocítica- monocítica (formação dos granulócitos e monócitos). O precursor eritroide-megacariocítico se diferencia, dando origem aos progenitores eritroides (eritroblastos) e aos progenitores da linhagem megacariocítica (megacarioblastos). Cada eritroblasto sofre um processo de maturação, transformando-se no final em uma hemácia. Cada megacarioblasto origina um megacariócito, célula grande (maior da medula óssea), multinucleada, de cujo citoplasma se desprenderão várias plaquetas. O precursor granulocítico-monocítico se diferencia nos progenitores granulocíticos (mieloblastos) e monocíticos (monoblastos). Existem 3 tipos de mieloblasto, cada um originando um dos 3 tipos de granulócito: neutrófilo, eosinófilo ou basófilo. O monoblasto dá origem ao monócito. Esta célula transforma-se em macrófago (histiócito) quando penetra no tecido conjuntivo dos diversos órgãos. Problema 1 - Hemograma HEMATOPOESE Lúria Niemic – MED UNIC 34 A célula progenitora linfoide se diferencia em 2 tipos celulares: um comprometido com a formação dos linfócitos B e outro comprometido com a formação dos linfócitos T. O precursor B origina o linfócito B maduro na própria medula óssea, enquanto o precursor T caminha através da corrente sanguínea até o timo, onde termina a sua maturação em linfócito T maduro. Os linfócitos maduros (tanto B quanto T) irão se concentrar nos tecidos linfoides do organismo (linfonodos, baço e MALT). À medida que os precursores vão se diferenciando, dão origem a células comprometidas com a formação de uma determinada linhagem hematológica. Essas células recebem o nome de “Unidades Formadoras de Colônia” (CFU). EX. CFU-E/Mega é da célula progenitora eritroide-megacariocítica, e a CFU-G/M é a célula progenitora granulocítica-monocítica. Os elementos maduros do sangue possuem uma vida limitada, devendo ser constantemente repostos. A vida média de uma hemácia gira em torno de 120 dias. As plaquetas vivem cerca de 7-10 dias, e os granulócitos, 6-8 horas. Os linfócitos possuem uma vida média prolongada, comumente de muitos anos. A produção de cada linhagem celular hematológica é regulada de forma independente, de acordo com a necessidade fisiológica do organismo. As IL e os fatores de crescimento – CSF (Fatores Estimuladores de Colônia) são os principais mediadores da hematopoiese, existindo, para cada linhagem celular, IL ou fatores específicos, como a eritropoietina e o GM-CSF. A eritropoietina é uma substância peptídica produzida no parênquima renal, pelas células tubulares proximais, em reposta à hipóxia tecidual. Funciona como um hormônio regulador da produção de hemácias, estimulando os progenitores eritroides a formar mais eritroblastos na medula óssea. O GM-CSF é o fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos, produzido pelos macrófagos, fibroblastos e células endoteliais dos diversos tecidos do corpo, em reposta à inflamação. Ele estimula a formação de mieloblastos e monoblastos, culminando numa maior produção de neutrófilos e monócitos. ➲ A formação dos indutores de crescimento e de diferenciação é controlada por fatores externos à medula óssea. Ex. No caso de hemácias, a exposição do sangue a baixas concentrações de O2, por longo período, resulta na indução do crescimento, da diferenciação e da produção de número muito aumentado de hemácias. No caso de alguns leucócitos, as doenças infecciosas causam crescimento, diferenciação e formação final de tipos específicos de leucócitos necessários ao combate de cada infecção. A principal função das hemácias, consiste no transporte de Hb, que leva O2 dos pulmões para os tecidos. Quando a Hb fica livre no plasma, cerca de 3% do total dela se extravasa, através da membrana capilar para o espaço intersticial, ou através da membrana glomerular do rim para o filtrado glomerular, a cada vez que o sangue passa pelos capilares. Sendo assim, ela deve permanecer dentro dos glóbulos vermelhos para executar eficazmente as suas funções. As hemácias desempenham outras funções, além do transporte da Hb. Por exemplo, contêm grande quantidade de anidrase carbônica – enzima que catalisa a reação reversível entre o CO2 e a água para formar H2CO3 – aumentando a velocidade dessa reação. E essa rapidez, possibilita que a água do sangue transporte quantidade enorme de CO2 na forma de íon bicarbonato, dos tecidos para os pulmões, onde é reconvertido em CO2 e eliminado para a atmosfera como produto do metabolismo corporal. A Hb nas células é excelente tampão ácido-base (como é o caso da maioria das proteínas); devido a isso, a hemácia é responsável pela maior parte da capacidade do tamponamento ácido-base de todo o sangue. No homem saudável, o número médio de hemácias por milímetro cúbico é de 5.200.000 (±300.000); e, na mulher, é de 4.700.000 (±300.000). Pessoas que vivem em grandes altitudes apresentam número maior de hemácias. PRODUÇÃO DE HEMÁCIAS A medula óssea de quase todos os ossos produz hemácias até que apessoa atinja a idade de 5 anos. A medula óssea dos ossos longos, exceto pelas porções proximais do úmero e da tíbia, fica muito gordurosa, deixando de produzir hemácias aproximadamente aos 20 anos de idade. Após essa idade, a maioria das hemácias continua a ser produzida na medula óssea dos ossos membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo. Mesmo nesses ossos, a medula passa a ser menos produtiva com o avanço da idade. ESTÁGIO DE DIFERENCIAÇÃO DAS HEMÁCIAS Esse processo dura certa de 8 dias. A primeira célula que pode ser identificada como pertencente à linhagem vermelha é o Pró-Eritroblasto – seu núcleo se encontra 4x maior que o do citoplasma. Na 2ª fase, com a célula um pouco menor, é visto o Eritroblasto Basófilo com o citoplasma mais azulado e em igualdade com o núcleo. Na 3ª fase, é visto o Eritroblasto Policromático com o núcleo 4x < que o citoplasma. Nesse momento, a produção de Hb já se faz presente de forma significativa, garantindo um tom lilás ao citoplasma. O aumento da síntese de hemoglobina faz a célula chegar à forma de Eritroblasto Ortocromático. Seu tamanho está bem reduzido, com o citoplasma acidófilo e com o núcleo menor 8x comparado ao citoplasma, além de bem centralizado e condensado. ERITROPOESE Lúria Niemic – MED UNIC 34 Após essa fase, acontece o processo de Extrusão Nuclear, que vai “jogar fora” o núcleo. Com a perda do núcleo, encerra a produção de novos RNAs para produção de Hb e as poucas organelas e RNAs que sobraram, existirão por volta de 3 dias. Essas estruturas podem ser observadas em uma coloração específica em forma de retículos. Essa nova forma celular é conhecida como Reticulócito – forma bicôncava. Por fim, já liberada na corrente sanguínea, preenchido de Hb, esta o Eritrócito, que viverá por cerca de 120 dias. A principal regulação desse processo, ocorre pela ação hormonal da eritropoetina, a qual atua ate a fase de eritroblasto basófilo. Sua regulação é para que: • Um número adequado de hemácias sempre esteja disponível para o transporte adequado de O2 dos pulmões para os tecidos; • As células não sejam tão numerosas a ponto de impedir o fluxo sanguíneo. A nutrição também é fundamental – ferro, folato, B12 – pois são essenciais para uma eritropoese eficiente, o que proporciona proliferações mitóticas até a fase policromática, ou seja, várias divisões celulares, levando a diminuição do tamanho da célula e garantindo mais eritrócitos ao termino desse processo. FATORES QUE AUMENTAM A PRODUÇÃO DE HEMÁCIAS As condições que causem diminuição da quantidade de O2 transportado para os tecidos normalmente aumentam a intensidade da produção de hemácias. Assim, quando a pessoa fica extremamente anêmica, como consequência de hemorragia ou de outra condição, a medula óssea, de imediato, inicia a produção de grande quantidade de hemácias. Além disso, a destruição de grandes porções de medula óssea, em especial por Rx, acarreta hiperplasia da medula óssea em uma tentativa de suprir a demanda por hemácias pelo organismo. Nas grandes altitudes, onde a quantidade de O2 no ar está bastante diminuída, o O2 é transportado para os tecidos em quantidade insuficiente e ocorre aumento significativo da produção de hemácias. Nesse caso, não é a concentração de hemácias no sangue que controla sua produção, mas, sim, a quantidade de O2 transportado para os tecidos, em relação à demanda tecidual por O2. Diversas patologias circulatórias que causam a redução do fluxo sanguíneo tecidual e particularmente as que promovem redução da absorção de O2 pelo sangue, quando passa pelos pulmões, podem também aumentar a intensidade de produção de hemácias. Esse resultado é especialmente aparente na insuficiência cardíaca crônica e em muitas doenças pulmonares, nas quais a hipoxia tecidual, resultante dessas condições, aumenta a produção das hemácias, com o consequente aumento do hematócrito e em geral do volume total de sangue. O principal estímulo para a produção de hemácias nos estados de baixa oxigenação é a eritropoetina. Em sua ausência, a hipoxia tem pouco ou nenhum efeito sobre a estimulação da produção eritrocitária. Entretanto, quando o sistema da eritropoetina está funcional, a hipoxia promove aumento importante da produção de eritropoetina e ela vai aumentar a produção eritrocitária até o desaparecimento da hipoxia. FORMAÇÃO DA ERITROPOETINA Normalmente, cerca de 90% de toda eritropoetina é produzida pelos rins, sendo a restante formada, em sua maior parte, no fígado. A hipoxia do tecido renal leva ao aumento dos níveis teciduais do fator induzível por hipoxia 1 (HIF-1), que serve como fator de transcrição para grande número de genes induzíveis por hipoxia, incluindo o gene da eritropoetina. O HIF-1 se liga a elemento de resposta a hipoxia, residente no gene da eritropoetina, induzindo a transcrição de RNA mensageiro e, por último, aumentando a síntese de eritropoetina. Algumas vezes, a hipoxia, em outras partes do organismo, mas não nos rins, também estimula a secreção renal de eritropoetina, o que sugere a existência de algum tipo de sensor não renal que envia sinal adicional para os rins, para a produção desse hormônio. Em particular, tanto a norepinefrina quanto a epinefrina, além de diversas prostaglandinas, estimulam a produção de eritropoetina. Quando os 2 rins são removidos ou destruídos por doença renal, a pessoa fica muito anêmica, visto que os 10% de eritropoetina normal produzidos em outros tecidos (sobretudo no fígado) só são suficientes para estimular de 33% a 50% da produção eritrocitária necessária ao organismo. Lúria Niemic – MED UNIC 34 ESTIMUALAÇÃO DA ERITROPOETINA SOBRE AS HEMÁCIAS O efeito principal da eritropoetina consiste na estimulação da produção de proeritroblastos a partir das células-tronco hematopoéticas na medula óssea. Após a formação dos proeritroblastos, ela também estimula a diferenciação mais rápida dessas células pelos diferentes estágios eritroblásticos, em relação ao processo normal, acelerando ainda mais a produção de novas hemácias. A rápida produção de células continua, contanto que a pessoa permaneça no estado de baixo teor de O2 ou até que hemácias suficientes tenham sido produzidas para transportar quantidades adequadas de O2 para os tecidos, apesar da baixa concentração de O2; nesse momento, a intensidade da produção de eritropoetina diminui para o nível adequado para manter a quantidade necessária de hemácias sem nenhum excesso. Na ausência de eritropoetina, ocorre formação de poucas hemácias pela medula óssea. NUTRIENTES NA MATURAÇÃO DAS HEMÁCIAS As células eritropoéticas estão entre as mais rápidas no crescimento e reprodução devido a sua necessidade de reposição de hemácias. Com isso, sua maturação e intensidade de produção são afetadas pelo estado nutricional da pessoa. A vitamina B12 e o ácido fólico, são muito importantes para a maturação final dessas células. São essenciais à síntese de DNA, visto que, por modos diferentes, são necessárias para a formação de trifosfato de timidina. Com isso, a deficiência de B12 ou de ácido fólico resulta em diminuição do DNA e, consequentemente, na falha da maturação nuclear e da divisão celular. Além disso, as células eritroblásticas, além de não conseguirem se proliferar com rapidez, produzem hemácias maiores que as normais – macrócitos – com membrana frágil, irregular, grande e ovalada em vez do disco bicôncavo. Essas células recém-formadas, após entrarem na circulação sanguínea, são capazes de transportar normalmente O2, porém sua fragilidade faz com que tenham sobrevida curta, de metade a 1/3 da normal. Assim, a deficiência provoca falha de maturação durante o processo da eritropoese. FORMAÇÃO DA HEMOGLOBINA A síntese de Hb começa nos proeritroblastose prossegue até mesmo no estágio de reticulócitos. Portanto, quando os reticulócitos deixam a medula óssea e penetram na corrente sanguínea, continuam formando quantidades diminutas de Hb, até que após 1 dia ou + se transformem em hemácias maduras. Em primeiro lugar, a succinil-CoA, que se forma no ciclo de Krebs, se liga à glicina para formar a molécula de pirrol. Com isso, 4 pirróis se combinam para formar protoporfirina IX que se combina com o ferro, para formar a molécula do heme. Por fim, cada molécula de heme se combina com a globina, sintetizada pelos ribossomos, formando a subunidade da hemoglobina referida como cadeia de hemoglobina. E então, 4 dessas cadeias se ligam frouxamente para formar a molécula completa de hemoglobina. A característica mais importante da molécula de Hb consiste em sua capacidade de combinação, frouxa e reversível, com o O2. Em relação à respiração, a função primária da Hb no organismo reside em sua capacidade de se combinar com o O2 nos pulmões e depois liberá-lo, imediatamente, nos capilares teciduais periféricos, onde a tensão gasosa do O2 é muito mais baixa que nos pulmões. METABOLISMO DO FERRO A quantidade total de ferro no corpo é, em média, de 4 a 5g, com cerca de 65% na forma de Hb. Cerca de 4% estão na forma de mioglobina, 1% na forma de vários compostos heme que promovem a oxidação intracelular, 0,1% está combinado com a proteína transferrina no plasma sanguíneo, e 15-30% estão armazenados para uso futuro, em sua maior parte no sistema reticuloendotelial e nas células parenquimatosas do fígado, sobretudo na forma de ferritina. Quando o ferro é absorvido pelo intestino delgado, ele imediatamente se combina, no plasma sanguíneo, com a beta globulina apotransferrina para formar transferrina, que é, em seguida, transportada pelo plasma. O ferro, na transferrina, está ligado frouxamente e, por isso, pode ser liberado para qualquer célula, em qualquer ponto do corpo. O excesso de ferro no sangue é depositado, de modo especial, nos hepatócitos, e, em menor quantidade, nas células reticuloendoteliais da medula óssea. No citoplasma das células, o ferro se combina principalmente com a proteína apoferritina, formando ferritina, que pode conter de pequenas a grandes Lúria Niemic – MED UNIC 34 quantidades de ferro. Esse ferro armazenado, sob a forma de ferritina, é referido como ferro de depósito. Pequenas quantidades de ferro no reservatório de depósito são armazenadas sob forma extremamente insolúvel, denominada hemossiderina. Isso ocorre, de modo particular, quando a quantidade total de ferro no organismo é superior à que pode ser acomodada no reservatório de depósito da apoferritina. Quando a quantidade de ferro no plasma diminui, parte do ferro no depósito de ferritina é mobilizada com facilidade e transportada sob forma de transferrina pelo plasma para as áreas do corpo onde é necessária. A característica singular da molécula de transferrina consiste em sua forte ligação aos receptores das membranas celulares das hemácias na medula óssea. Em seguida, juntamente com o ferro ligado, ela é ingerida pelo eritroblasto por endocitose. Nos eritroblastos, ela libera diretamente o ferro para as mitocôndrias, onde o heme é sintetizado. Nas pessoas que não têm quantidade adequada de transferrina no sangue, a deficiência do transporte de ferro para os eritroblastos pode provocar anemia hipocrômica grave (ex. hemácias contendo quantidade de Hb muito menor que a normal). Quando as hemácias completam seu tempo de vida de 120 dias e são destruídas, a Hb liberada pelas células é fagocitada pelas células do sistema de monócitos- macrófagos. O ferro é liberado e em sua maior parte armazenado no reservatório de ferritina para ser usado conforme seja necessário, para formação de nova molécula de Hb. Perda Diária de Ferro – O homem excreta 0,6 mg de ferro/dia, principalmente nas fezes. Na mulher, a perda adicional sanguínea menstrual leva, a longo prazo, à média de 1,3 mg/dia. ABSORÇÃO DO FERRO NO TRATO INTESTINAL – O fígado secreta quantidades moderadas de apotransferrina na bile, que flui pelo ducto biliar até o duodeno. No intestino delgado, a apotransferrina se liga ao ferro livre e também a certos compostos férricos, como a Hb e a mioglobina da carne, que constituem as 2 fontes + importantes de ferro da dieta. Essa combinação é referida como transferrina, que é atraída e se liga a receptores na membrana das células epiteliais intestinais. Em seguida, pelo processo de pinocitose, a molécula de transferrina, com seu armazenamento de ferro, é absorvida pelas células epiteliais e liberada para os capilares sanguíneos situados abaixo dessas células, sob a forma de transferrina plasmática. A absorção de ferro no intestino é extremamente lenta, com máximo de apenas alguns mg/dia. Essa velocidade lenta de absorção significa que, mesmo quando grande quantidade de ferro está presente na dieta, somente pequena proporção pode ser absorvida. ROMPIMENTO DAS HEMÁCIAS Quando a membrana das hemácias fica frágil, a célula se rompe durante sua passagem por algum ponto estreito da circulação. Muitas das hemácias se autodestroem no baço, onde os espaços entre as trabéculas estruturais da polpa vermelha, pelos quais deve passar a maioria das hemácias medem apenas 3 micrômetros de largura, em comparação ao diâmetro de 8 micrômetros das hemácias. Quando o baço é removido, o número de hemácias anormais e de células senis circulantes no sangue aumenta. DESTRUIÇÃO DA HEMOGLOBINA POR MACRÓFAGOS Quando as hemácias se rompem e liberam Hb, ela é fagocitada, praticamente de imediato, pelos macrófagos em muitas partes do organismo, mas de modo especial pelas células de Kupffer, no fígado, e pelos macrófagos, no baço e na medula óssea. No decorrer das próximas horas a dias, os macrófagos liberam o ferro da Hb de volta para o sangue, para ser transportado pela transferrina até a medula óssea, para produção de novas hemácias, ou para o fígado e outros tecidos, para armazenamento sob a forma de ferritina. A porção porfirina da molécula de Hb é convertida pelos macrófagos por meio de diversas etapas no pigmento biliar bilirrubina, que em seguida é secretada pelo fígado na bile. Exame utilizado para avaliar as 3 linhagens sanguíneas: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. O jejum para coleta deve ser de no mínimo 4 horas, com exceção para bebês que pode ser de 1 a 2 horas no mínimo. A coleta deve ser feita de sangue venoso. Paras realizar o hemograma se tem 2 meios de fazer a contagem e avaliação de células, sendo da forma automatizada através de computador e equipamentos eletrônicos ou através da forma manual pela contagem através de microscópio. Na análise não automatizada, são usados 3 equipamentos: microscópio, centrífuga ou microcentrífuga e espectrofotômetro ou fotocolorímetro. Através do microscópio são feitas as contagens de eritrócitos, leucócitos (total e diferencial) e de plaquetas, usando câmara de Neubauer e lâmina corada. A centrífuga fornece o valor do hematócrito, enquanto que o espectrofotômetro ou fotocolorímetro permite a leitura da Hb. Na análise automatizada, os aparelhos mais simples têm por base o princípio da impedância, ou seja, a formação de corrente elétrica entre 2 eletrodos; quando uma célula atravessa a corrente elétrica é gerado um impulso elétrico que é quantificado, conforme o diâmetro que se dá especificamente para eritrócitos, leucócitos ou plaquetas. Porém, alguns aparelhos não contam células imaturas e podem levar a um erro quanto a um diagnóstico de leucemia. O esfregaço deve ser avaliado por pessoal experiente. HEMOGRAMA Lúria Niemic – MED UNIC 34 As células brancas, ou leucócitos, podem ser contadasbaseando-se em seu tamanho ou através de suas características. Quando a contagem é baseada no tamanho das células, o aparelho as diferencia por 3 tipos: células pequenas (linfócitos), células médias (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e células grandes (monócitos). Esse primeiro tipo de aparelho requer uma contagem manual de células pois não diferencia as células de tamanho médio, podendo omitir uma eosinofilia por exemplo. Os que utilizam o método de características das células são mais precisos. Em relação a série vermelha, o aparelho mede a quantidade de Hb, o número de hemácias e o tamanho das hemácias. Realizando cálculos para chegar ao valor do hematócrito, e os outros índices hematimétricos. Análise do esfregaço – O esfregaço sanguíneo bem feito é composto por 3 partes: espessa, medial e fina. A coloração é feita com corantes que tem em sua composição o azul de metileno, a eosina e o metanol. Há vários tipos de métodos: Leishman, Giemsa, etc. A melhor análise se consegue na porção média do esfregaço, enquanto que na porção fina os eritrócitos e leucócitos aparecem geralmente com deformações artefatuais. As morfologias de eritrócitos, leucócitos e plaquetas devem ser mentalizadas na seguinte sequência de considerações: a) tamanho; b) forma; c) coloração celular; d) inclusões. ERITROGRAMA Exame que avalia a serie vermelha do sangue pela quantificação de valores de hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), e red cell distribution width (RDW). É usado para identificação e avaliação de anemias. - Hematimetria: é a contagem de eritrócitos. Valores de referência: • Homens: 5 – 5,5 milhões/mm³ • Mulheres: 4,5 – 5 milhões/mm³ Residentes em áreas muito acima do nível do mar, pelo estímulo à síntese de Eritropoietina causado pela baixa tensão de oxigênio têm elevação da ordem de 0,15 a 0,25 M/mm³ por Km de altitude. A diferença entre os sexos é de causa hormonal. ➔ Ht: índice definido pelo volume de todas as hemácias de uma amostra sobre o volume total desta amostra. Obedece a regra de ter seu valor equivalente a: 3x Hb. Valores de referência: Homens: 40 – 50% / Mulheres: 36 – 45% ➔ Hb: faz o transporte de O2 para as células. Caracteriza a existência de Anemia – “Estado em que a concentração de Hb se encontra abaixo dos valores normais, frequentemente acompanhada da queda do Ht e da contagem de hemácias”. Valores de referência: • Homens: 13,5-17 g/dl • Mulheres: 12-15 g/dl • Crianças de 1 a 2 anos: Limite < 9,5 g/dl (Anemia fisiológica da infância) ➔ VCM: é o índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia: se pequenas são consideradas microcíticas, se grandes consideradas macrocíticas e se são normais, normocíticas. Auxilia no diagnóstico das Anemias, demonstrando o tamanho das hemácias: Valores de referência: 80 – 100 Fl • VCM < 80 – pequenas: MICROCÍTICAS • VCM < 100 – grandes: MACROCÍTICAS • VCM 80-100 – NORMOCÍTICAS ➔ HCM: medida da quantidade média de Hb por eritrócito. Auxilia no diagnóstico das Anemias, demonstrando a coloração das hemácias pela Hb: Valores de referência: 28 – 32 pG • HCM < 28 – HIPOCRÔMICA • HCM > 32 – HIPERCRÔMICA • HCM 28-32 – NORMOCRÔMICA ➔ CHCM: concentração média (massa/volume) da Hb dentro de uma hemácia. Calculada pelo quociente do HCM pelo VCM. Valores de referência: 32-35 g/dl • < Hipocrômia – talassemia beta maior, anemia ferropriva grave • > Hipercrômia – esferocitose ➔ RDW: índice que indica a anisocitose (variação de tamanho das hemácias). Valores de referência: 10 – 14% Tem relevância para realizar o diagnóstico diferencial das anemias por diferentes sínteses de hemoglobina. Quando um paciente com anemia (Hb abaixo do valor padrão) se apresenta com o VCM e HCM diminuídos, denomina-se anemia microcítica e hipocrômica; se o VCM e HCM estiverem dentro dos valores da faixa de normalidade, é a anemia normocítica e normocrômica; e se o VCM estiver elevado sem elevação do HCM é anemia macrocítica. Lúria Niemic – MED UNIC 34 O índice CHCM nem sempre está diminuído nas anemias, entretanto observa-se sua diminuição em casos graves de hipocromia (ex.: talassemia beta maior, anemia ferropriva grave). Por outro lado, sua elevação quase sempre está relacionada com elevado número de eritrócitos esferócitos (ex.: esferocitose hereditária). O índice RDW tem importância quando está aumentado acima do padrão e é indicativo de anisocitose. A avaliação qualitativa dos eritrócitos complementa o eritrograma e sua análise obedece a uma sequência analítica: tamanho (anisocitose), forma (poiquilocitose), coloração (hipocromia e hipercromia) e inclusões. - Contagem de Reticulócitos: Reticulócitos são células precursoras das hemácias representando cerca de 0,5-2% do total de células vermelhas circundantes. Sua contagem pode ser pedida quando há diminuição do número de hemácias, da Hb e do hematócrito, e o médico quer avaliar a função da medula óssea. A presença de reticulocitose indica 2 grandes grupos de anemia: → Anemias hemolíticas → Anemia por hemorragia aguda Originam-se por perda periférica de hemácias sem comprometimento da medula, na tentativa de corrigir a anemia, ocorre intensa proliferação medular da linhagem vermelha, com consequente aumento de hemácias jovens. Medula hiperproliferativa. Classifica as anemias em: • HIPOPROLIFERATIVAS – Não há reticulocitose • HIPERPROLIFERATIVAS – Há reticulocitose A contagem de reticulócitos em valor absoluto (reticulócitos/μL de sangue), é a que deve ser considerada e interpretada. A contagem de reticulócitos é relevante para classificação fisiopatológica da anemia e permite avaliar a capacidade de eritropoiese da medula óssea. Valores de referência: • Criança – relativo de 0,5 a 3,1% e absoluto de 50.000 – 310.000/ul • Mulheres adultas: relativo de 0,5 a 2,5% e absoluto de 50.000 – 250.000/ul. • Homens adultos; relativo de 0,5 a 1,5% e absoluto de 50.000 – 150.000/ul. LEUCOGRAMA Avalia os leucócitos. Quantifica o número de neutrófilos, bastões ou segmentados, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos encontrados no sangue. CONTAGEM TOTAL DE LEUCÓCITOS – Valores de referência: 5000 -1000 leucócitos. Quando os valores dos leucócitos estão aumentados, se chama leucocitose e, pode ser causada por uma infecção e até leucemia. Quando os leucócitos estão diminuídos, chama-se leucopenia, que pode ser causada pelo uso de medicamentos ou quimioterapia. Especialmente a leucocitose deve ser adjetivada em discreta (ou leve), moderada e acentuada, de acordo com os valores do leucograma. Ela pode ocorrer basicamente em 3 situações: → Leucocitose fisiológica – geralmente de grau leve é comum em gestantes, RN, lactantes, após exercícios físicos e na febre. → Leucocitose reativa – relacionada com o aumento de neutrófilos e se devem às infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e doenças metabólicas; → Leucocitose patológica – relacionada a doenças mieloproliferativas (leucemias mielóides, policitemia vera, mieloesclerose) e linfoproliferativas (leucemias linfóides e alguns linfomas). Fumo e obesidade causam aumento de +- 1.000 leucócitos/µL (neutrófilos) na contagem; contagens > 10.000/µL são comuns. O café, em doses elevadas, causa leucocitose. A contagem não varia com o ciclo menstrual. CONTAGEM TOTAL DE NEUTRÓFILOS – valores de referência: 1.500 a 7.000/ul divididos em segmentados e bastonetes. Descargas adrenérgicas mobilizam o pool marginal e causam neutrocitose (ou neutrofilia) (exercício físico, pânico e choro da criança, corticoides). Neutropenia (ou neutrocitopenia) persistentemente <1.000/μL, como regra, representam problema hematológico; >1.000/μL, geralmente não. Nunca levar em consideração uma neutropenia isolada (com eritrócitos e plaquetas normais) sem antes confirmá-la em hemogramas repetidos. Bastonetes: relativo <5 ou <7%, absoluto até 400-600/uL para adultos. Nos primeiros dias de vida os relativos vão até 10-15% e os absolutos de 1.500-3.000/uL. Segmentados: 1.800 a 7.500/uL e de 45 a 75%. CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS – valores de referência: 1000 a 4000/ul e de 20 a 40%. Lúria Niemic – MED UNIC 34 Nos primeiros anos de vida pode ocorrer entre 10.000- 18.000. Entre 3 e 8 anos, até 8.000; dessa idade em diante os linfócitos diminuem até os 15-16 anos, quando se estabelecem os limites de referência próprios do adulto. Linfocitose ocorre em infecções virais, leucemia linfocítica crônica, esplenectomia e em raras infecções bacterianas. Linfopenia é uma resposta passageira à ativação do eixo hipófise/suprarrenal, daí ocorre no estresse de qualquer origem, junto com eosinopenia. Há também 3 a 4 semanas após a vacinação para a gripe. É também acompanhante da neutrofilia das doenças inflamatórias/infecciosas graves; nas agudas (abdômen agudo, pneumonia), nota-se após 48 horas de evolução. Em casos de sepse, parece correlacionar-se negativamente com o prognóstico. Ocorre também na radioterapia, lúpus, medicamentos imunossupressores, idosos etc. CONTAGEM TOTAL DE EOSINÓFILOS – valores de referência: entre 40 a 500/uL e de 1 a 5%. Há eosinofilia quando > 500, ocorrendo em processos alérgicos e parasitoses, radioterapia, leucemias. Há eosinopenia nos casos em que há estimulo do eixo hipófise/suprarrenal (desde estresse diário até começo de doenças infeccionas). O tratamento com doses farmacológicas de corticoides causa eosinopenia. CONTAGEM TOTAL DE BASÓFILOS – valores de referência: entre 0-200/uL e de 0-2%. Aumenta em reações alérgicas. CONTAGEM TOTAL DE MONÓCITOS – valores de referência: entre 120-1.000/uL e de 3-10%. Aumento pode indicar infecções virais, leucemia e após quimioterapia. Monocitose acompanha neutrofilia nos processos inflamatórios. Monocitopenia é um achado incomum. Deve ser confirmado prorrogando-se a observação até 200-300 leucócitos, já que o limite de referência inferior é baixo. Na anemia aplástica, há monocitopenia junto com a neutropenia, daí a maior gravidade das infecções. PLAQUETOGRAMA São células sanguíneas formadas na medula óssea derivadas da fragmentação dos megacariócitos. Possuem forma discóide, são anucleadas e tem um tempo de vida médio de 9-12 dias. É fundamental no processo inicial da hemostasia com participação na coagulação sanguínea, ou seja, funcionam como tampões formando os coágulos sanguíneos. Por isso a contagem de plaquetas e sua análise morfológica são muito importantes. Outra coisa importante também é a sua qualidade. Algumas doenças relacionadas à má qualidade das plaquetas no sangue são: Doença de Von Willebrand; Síndrome de Scott; Trombastenia de Glanzmann e a Síndrome de Bernard-Soulier. As plaquetas são observadas em relação a quantidade e ao seu tamanho. Valores de referência:150.000 – 400.000 • Elevação: Trombocitose • Diminuição: Trobocitopenia INTERFERÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS E FISILÓGICOS Sexo – Nos homens, os andrógenos aumentam a sensibilidade do tecido do eritroblasto a eritropoietina, a castração leva a anemia. Nas mulheres, os estrógenos causam uma desestimulação da eritropoiese, após a menopausa ocorre uma elevação no nível de eritropoiese Idade – Na criança, é normal a ocorrência de leucocitose fisiológica quando comparado aos níveis dos adultos, com predomínio de células mononucleares Nos idosos, é comum observar uma diminuição de Hb em homens. Ambiente e Comorbidades – Altitude: pelo estímulo a síntese de eritropoietina, causa uma elevação dos níveis dos eritrócitos Doença Renal Crônica: devido a perda de produção de massa renal, sítio principal de produção eritropoietina. CLASSIFICAÇÃO PELA BIOMETRIA DO ERITRÓCITO – Anemia Microcítica Hipocrômica: • Microcitose – VCM < 80 Fl • Hipocromia – HCM < 28 pg e/ou CHCM < 32g/dl. Causas: anemia ferropriva; talassemia; anemia da doença crônica de longa duração (VCM não chega abaixo de 75 fL); anemia sideroblástica (forma hereditária); anemia do hipotireoidismo. CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS Lúria Niemic – MED UNIC 34 Anemia Macrocítica: • VCM > 100 fL Causas: a clássica é a anemia megaloblástica (carência de folato e/ou B12) – nela se observa os maiores níveis de VCM, na faixa de 110-140 fL. Pode estar presente também nas síndromes mielodisplásicas, incluindo forma adquirida da anemia sideroblástica; anemia aplasica; etilismo; drogas do tipo AZT e metotrexate; anemia da hepatopatia crônica; anemia do hipotireoidismo; anemias hemolíticas (excutando-se as talassemias); anemia da hemorragia aguda. As 2 ultimas cursam com reticulocitose importante. Pode ser confundida com macrocítica pelos reticulócitos serem hemácias de tamanho maior. Anemia Normocítica Normocrômica: Causas: anemia ferropriva, fase inicial; anemia de doença crônica; anemia da IRC; anemia da hepatopatia crônica; anemia das endocrinopatias – hipotireoidismo, hipoadrenalismo; anemia aplasica; mielodisplasias; ocupação medular – mielofibrose idiopática, leucemias, câncer metastático, infecção disseminada; anemias hemolíticas; anemia por sangramento agudo; anemia multicarencial – ferropriva e megaloblástica. CLASSIFICAÇÃO PELA PATOGÊNESE – - Hiper-regenerativas: quando têm uma causa periférica, e o Hb mostra sinais de resposta eritropoética medular apropriada no sentido compensador. São as anemias decorrentes de: • Hemorragia recente (anemia cronologicamente limitada); • Encurtamento da sobrevida eritroide (hemólise) – anemias hemolíticas: geralmente crônicas, reticulócitos constante e acentuada. - Hiporregenerativas: quando são decorrentes de insuficiência da proliferação eritroide ou da síntese hemoglobínica. Não há sinais de regeneração compensadora. São anemias decorrentes de: • Síntese hemoglobínica insuficiente (falta de ferro); • Síntese inapropriada de DNA (falta de b12 e/ou ácido fólico); • Eritropoese ineficaz por neoplasia/displasia; • Falta de tecido eritropoético; • Síntese insuficiente de eritropoetina; • Combinac ̧ões dos mecanismos acima. A chave da distinção entre hiper e hiporregenerativas é a presença ou ausência de policromatocitose/reticulocitose. Atualmente, no pressuposto de dispor-se da tecnologia, recomenda-se de modo irrestrito que, no diagnóstico diferencial de anemia, solicite-se hemograma e reticulócitos. CLASSIFICAÇÃO PELO TEMPO – Aguda: perda súbita de sangue, falta de volume de sangue é superior a falta de hemoglobina. • Perda < 10%: tolerável (doação de sangue); • Perda 11-20%: tonturas, desmaios e hipotensão postural; • Perda > 20%: taquicardia, extremidades frias, palidez extrema, hipotensão e choque; • Perda > 30%: se não reverter, choque irreversível e morte. Crônica: não há diminuição do volume sanguíneo e sim instalação insidiosa da anemia, o organismo se adapta aos níveis baixos de hemoglobina. Cada um dos mecanismos propostos origina uma anemia com alterações e características no Hb, A síntese deficiente de Hb, tanto por falta de oferta de ferro e eritropoese como por defeito genético da síntese da globina, dá origem a eritrócitos com falta de conteúdo; por isso, há microcitose. Há uma raríssima anemia microcítica por bloqueio genético na síntese do heme. A síntese inapropriada de DNA, tanto por falta de vitamina B12 ou ácido fólico como pelo uso de fármacos antiblásticos e antivirais, causa macrocitose. A proliferação ineficaz e o exagero apoptótico na leucemia eritroide aguda e nas mielodisplasias acompanham-se de alteraçõesmorfológicas da série eritroide do sangue (que podem incluir macrocitose) e da medula, geralmente compartilhadas por alterações nas séries granulocítica e megacariocítica. Há raríssimas anemias diseritropoéticas congênitas com anemia por eritropoese ineficaz. A falta de tecido eritropoético costuma fazer parte dos quadros de insuficiência global da medula óssea (aplasia, infiltração tumoral, etc.), daí haver pancitopenia. Na rara aplasia eritroide pura (ou eri- troblastopenia pura), a falta seletiva da série eritroide expressa-se por extrema reticulocitopenia, com as demais séries normais. A síntese deficiente de eritropoetina dá origem a uma anemia normocítica, com hemograma não esclarecedor, salvo pela falta persistente de sinais regenerativos. Há, ainda, anemias de patogênese mista ou variável passíveis de enquadramento simultâneo em +1 desses mecanismos; é o caso da anemia da maioria das doenc ̧as crônicas, que podem ser normo ou microcíticas. E há́ pseudoanemias, decorrentes de variações volêmicas. HEMOGRAMA NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
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