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Introdução à Hematologia e Hemograma

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1 
HEMATOLOGIA 
1° MÓDULO: INTRODUÇÃO 
Hematologia é o ramo da biologia que estuda o 
sangue. A palavra é composta pelos radicais 
gregos: Haima (de haimatos), "sangue" e lógos, 
"estudo, tratado, discurso". 
A Hematologia estuda, particularmente, os 
elementos figurados do sangue: hemácias 
(glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos 
brancos) e plaquetas. Estuda, também, a 
produção desses elementos e os órgãos onde eles 
são produzidos (órgãos hematopoiéticos): medula 
óssea, baço e linfonodos. 
Por outro lado, além de estudar o estado de 
normalidade dos elementos sanguíneos e dos 
órgãos hematopoiéticos, estuda também as 
doenças a eles relacionadas. 
HEMATOPOIESE é o processo de substituição 
das células sanguíneas, que ocorrem nos 
chamados órgãos hematopoiéticos, que 
compreendem a medula óssea e o sistema 
linfoide. 
MEDULA ÓSSEA é o mais importante órgão da 
gênese das mais diversas células sanguíneas, 
pois lá estão às células tronco que dão origem a 
células progenitoras de linhagens mielocíticas, 
linfocítica, megacariócitos e eritroblastos. 
LINHAGEM MIELOCÍTICA compreende os 
granulócitos polimorfonucleados (neutrófilo, 
eosinófilo e basófilo) e monócitos. Quando os 
monócitos migram para os tecidos se transformam 
em macrófagos, que são células com alto poder de 
fagocitose. 
LINHAGEM LINFOCÍTICA engloba os linfócitos T 
e B. Os linfócitos B saem maduros da medula 
óssea enquanto os linfócitos T precisam migrar 
para o Timo onde irão sofrer o processo de 
maturação. Os linfócitos B ainda se diferenciam 
em plasmócitos quando encontram um antígeno 
num órgão linfoide secundário e secretam 
anticorpos nos tecidos. 
MEGACARIÓCITO partes de seu citoplasma dão 
origem às plaquetas, responsáveis pela 
coagulação sanguínea. 
ERITROPOIESE é o processo de produção de 
eritrócitos. Em humanos adultos, a eritropoiese 
ocorre na medula óssea, mas fetos e em situações 
especiais como anemias severas pode ocorrer em 
outros órgãos, principalmente no fígado e no baço. 
ERITROBLASTO origina as hemácias do sangue, 
que atuam nas trocas gasosas. 
2° MÓDULO: HEMOGLOBINA E HEMOGRAMA 
HEMOGLOBINA: Estrutura 
A hemoglobina é um tetrâmero composto de duas 
de cada dois tipos de cadeias de globina, a alfa e 
a beta. Cada uma dessas cadeias contém cerca 
de 141 aminoácidos. Existem quatro grupos heme 
por proteína; estes possuem um íon de ferro no 
seu centro, que liga a molécula de O2. É uma 
proteína alostérica, pois a ligação e a liberação do 
oxigênio são reguladas por mudanças na estrutura 
provocadas pela própria ligação do oxigénio ao 
grupo heme. 
Existem três tipos de hemoglobina, devido a 
variação na cadeia polipeptídica: Hemoglobina A1, 
Hemoglobina A2 e Hemoglobina F. 
Distribuição do Oxigênio 
A distribuição é feita através da interação da 
hemoglobina com o oxigênio do ar (que pode ser 
inspirado ou absorvido, como na respiração 
cutânea). Devido a isto, forma-se o complexo oxi-
hemoglobina, representado pela notação HbO2. 
Chegando às células do organismo, o oxigênio é 
liberado e o sangue arterial (vermelho) transforma-
se em venoso (vermelho arroxeado). A 
hemoglobina livre pode ser reutilizada no 
transporte do oxigênio. A hemoglobina distribui o 
oxigênio para as todas as partes do corpo 
irrigadas por vasos sanguíneos. 
Localização 
A hemoglobina pode ser encontrada dispersa no 
sangue (em grupos animais simples) ou em várias 
células especializadas (as hemácias de animais 
mais complexos). 
 
 
2 
O aumento de glóbulos vermelhos no sangue 
(eritrocitose) geralmente se dá por uma adaptação 
fisiológica do organismo em locais de altitude 
elevada. Uma vez que o aumento de glóbulos 
vermelhos favorece o transporte de oxigênio pelo 
sangue, seu uso melhora a performance de 
atletas, principalmente em esportes que 
necessitem muita resistência. Quando os atletas 
realizam treino em locais de alta altitude, a 
pequena concentração de oxigênio estimula a 
produção natural de EPO (Eritropoietina, hormônio 
que aumenta o número de GV e da capacidade 
muscular) e ao retornar às baixas altitudes, seu 
corpo está mais preparado e sua resistência está 
maior. 
HEMOGRAMA 
É um exame realizado que avalia as células 
sanguíneas de um paciente. O exame é requerido 
pelo médico para diagnosticar ou controlar a 
evolução de uma doença. Que compreende o 
eritrograma, leucograma e plaquetograma. 
Coleta de sangue 
O sangue do indivíduo é colhido com 
anticoagulante (EDTA), para se evitar a 
coagulação do mesmo. Não há necessidade de 
colher o sangue com o indivíduo em jejum. 
Processo Manual 
Contagens manuais do número de hemácias e 
leucócitos podem ser feitos em câmara de 
Neubauer, após uma diluição prévia do sangue. O 
método dificilmente é usado, sendo usado em 
poucos casos de dúvidas da metodologia 
automática. 
 
O esfregaço de sangue é usado para fazer uma 
diferenciação entre os leucócitos, isto é, fazer uma 
contagem do número de neutrófilos, linfócitos, 
monócitos, eosinófilos e basófilos. Chegando-se a 
uma porcentagem de cada célula encontrada. 
Usado também para avaliar a série vermelha e as 
plaquetas. É feito com uma pequena gota de 
sangue sendo colocada sobre uma lâmina de 
vidro, onde o técnico fará um esfregaço, 
arrastando a gota de sangue com outra lâmina de 
vidro, com isso forma-se uma película. O sangue 
tem que ser homogeneizado antes de se fazer o 
esfregaço para que as células estejam bem 
distribuídas. O esfregaço é corado com Leishman 
ou Giemsa. E observado em microscópio com 
objetiva de aumento de 100X. 
 
 
 
3 
A vantagem de se fazer um hemograma é que 
algumas células podem ser contadas erradamente 
pelos processos automáticos. Alguns aparelhos 
não contam células imaturas e podem levar a um 
erro quanto a um diagnóstico de leucemia. O 
esfregaço, porém, deve ser avaliado por pessoal 
experiente. 
Processo automático 
Hoje em dia o hemograma é feito em aparelhos. 
Os aparelhos usam uma pequena quantidade de 
sangue. Há dois sensores principais: um detector 
de luz e um de impendência elétrica. 
As células brancas, ou leucócitos, podem ser 
contadas baseando-se em seu tamanho ou 
através de suas características. Quando a 
contagem é baseada no tamanho das células, o 
aparelho as diferencia por 3 tipos: células 
pequenas (linfócitos), células médias (neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos) e células grandes 
(monócitos). Esse primeiro tipo de aparelho requer 
uma contagem manual de células pois não 
diferencia as células de tamanho médio, podendo 
omitir uma eosinofilia por exemplo. Os que utilizam 
o método de características das células são mais 
precisos. 
Em relação a série vermelha, o aparelho mede a 
quantidade de hemoglobina, o número de 
hemácias e o tamanho das hemácias. Realizando 
cálculos para chegar ao valor do hematócrito, e os 
outros índices hematimétricos. As plaquetas 
também são contadas por aparelhos. 
 
HEMATÓCRITO é a percentagem do volume total 
de sangue correspondente aos glóbulos 
vermelhos. 
É uma medição calculada a partir do tamanho 
médio e do número de glóbulos vermelhos e 
quase sempre é parte também da contagem 
sanguínea completa, como a (quantidade de) 
hemoglobina. Os valores médios são diferentes 
segundo o sexo e variam entre 0,42-0,52 (42%-
52%) nos homens e 0,36-0,48 (36%-48%) nas 
mulheres. Caso o valor seja inferior à média 
significa que existe pouca quantidade de glóbulos 
vermelhos e se for superior existe uma maior 
quantidade de glóbulos vermelhos para o volume 
de sangue. Esta é uma medida cada vez mais 
importante para efeitos clínicos. 
 
HEMOGLOBINA é a proteína que dá a cor aos 
glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função 
vital de distribuir o oxigênio pelo organismo. 
 3° MÓDULO: ERITROGRAMA E 
LEUCOGRAMA 
ERITROGRAMA é o estudo da série vermelha 
(eritrócitos ou hemácias). Ao microscópio, as 
hemácias têm coloração acidófila (afinidade pelos 
corantes ácidos que dão coloração rósea) e são 
desprovidos de núcleo. As hemácias apresentam 
coloração central maispálida e coloração um 
pouco mais escura na periferia. Elas são 
bicôncavas e têm aparência de bala soft. Em 
indivíduos normais, possui tamanho mais ou 
menos uniforme. Quando uma hemácia tem 
tamanho normal ela é chamada de normocítica. 
Quando ela apresenta coloração normal é 
chamada de normocrômica. 
O estudo da série vermelha revela algumas 
alterações relacionadas como por exemplo 
anemia, eritrocitose (aumento do número de 
hemácias). 
Os resultados a serem avaliados são: 
Número de glóbulos vermelhos: Os valores 
normais variam de acordo com o sexo e com a 
idade. Valores normais: Homem de 5.000.000 - 
5.500.000, Mulher de 4.500.000 - 5.000.000. Seu 
resultado é dado em número por litro. 
 
 
4 
Hematócrito: Representa a quantidade de 
hemácias existentes em 100ml de sangue total. 
Os valores variam com o sexo e com a idade. 
Valores: Homem de 40 - 50% e Mulher de 36 - 
45%. Recém-nascidos tem valores altos que vão 
abaixando com a idade até o valor normal de um 
adulto. 
Hemoglobina: segundo a Organização Mundial de 
Saúde é considerado anemia quando um adulto 
apresentar Hb < 12,5g/dl, uma criança de 6 meses 
a 6 anos Hb < 11g/dl e crianças de 6 anos a 14 
anos, uma Hb < 1 2g/dl. 
VCM (Volume Corpuscular Médio): é o índice 
mais importante, pois ajuda na observação do 
tamanho das hemácias e no diagnóstico da 
anemia: se pequenas são consideradas 
microcíticas (< 80fl, para adultos), se grandes 
consideradas macrocíticas (> 96fl, para adultos) e 
se são normais, normocíticas (80 - 96fl). 
Anisocitose: é denominação que se dá quando há 
alteração no tamanho das hemácias. As anemias 
microcíticas mais comuns são a ferropriva e as 
síndromes talassêmicas. As anemias macrocíticas 
mais comuns são as anemias megaloblásticas e 
perniciosas. O resultado do VCM é dado em 
femtolitro. 
HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): é o 
peso da hemoglobina na hemácia. Seu resultado 
é dado em picogramas. 
CHCM (Concentração de Hemoglobina 
Corpuscular Média): é a concentração da 
hemoglobina dentro de uma hemácia. O intervalo 
normal é de 32 - 36g/dl. Como a coloração da 
hemácia depende da quantidade de hemoglobina 
elas são chamadas de hipocrômicas (< 32), 
hipercrômicas (> 36) e hemácias normocrômicas 
(no intervalo de normalidade). É importante 
observar que na esferocitose o CHCM geralmente 
é elevado. 
RDW (Red Cell Distribution Width): é um índice 
que indica a anisocitose (variação de tamanho), 
sendo o normal de 11 a 14%, representando a 
percentagem de variação dos volumes obtidos. 
Nem todos os laboratórios fornecem o seu 
resultado no hemograma. 
Normalmente realiza-se uma análise estatística 
em testes realizados em um grande grupo de 
indivíduos normais para se chegar aos limites 
estabelecidos para hemoglobina, hematócrito e 
número de hemácias, isto quer dizer que cada 
região possui um limite de normalidade. 
A Morfologia das hemácias (ou estudo da forma 
das hemácias) é feita em microscópio, analisando 
o esfregaço de sangue, as formas encontradas 
são: 
Drepanócitos (forma de foice): aparece somente 
nas síndromes falciformes (não aparecendo no 
traço falciforme). 
Esferócitos (forma esférica, pequena e 
hipercrômica): em grande quantidade é comum na 
anemia esferocítica (esferocitose), em menores 
quantidades podem estar presentes em outros 
tipos de anemias hemolíticas. 
Eliptócitos (forma de charuto): em grandes 
quantidades comuns na eliptocitose. Em menores 
quantidades podem aparecer em qualquer tipo de 
anemia. 
Hemácias em alvo em grandes quantidades 
(células cujas membranas são grandes havendo 
uma palidez e um alvo central mais corado) 
aparecem em hemoglobinopatias C, E ou S, nas 
síndromes talassêmicas e em pacientes com 
doença hepática. 
Dacriócitos (forma de lágrima): em grande 
quantidade na mielofibrose. Em pequena 
quantidade podem aparecer em qualquer tipo de 
anemia. 
Hemácias policromáticas (forma normal, mas com 
coloração azul devido a presença de RNA 
residual): aparece quando grandes quantidades 
de hemácias novas estão sendo produzidas. 
Comuns em anemias hemolíticas. 
Esquisócitos (são hemácias fragmentadas): 
aparecem quando nas hemácias há uma lesão 
mecânica, em casos de hemólise, ou em casos de 
pacientes que sofreram queimaduras. 
Hemácias mordidas: quando ocorre a formação 
um precipitado de hemoglobina nas hemácias 
(chamados de Corpúsculos de Heinz) ocorre 
remoção destes precipitados pelo baço formando 
um aspecto de hemácia mordida. 
Acantócitos (hemácias com pontas de diversos 
tamanhos): nas hepatopatias, hipofunção 
esplênica, esplenectomizados. 
Crenadas (hemácias com várias pontas 
pequenas): na uremia, quando o paciente faz 
tratamento com heparina, deficiência de piruvato-
kinase. 
 
 
5 
Outros achados não relacionados a forma: 
Hemácias aglutinadas (agrupamentos de 
hemácias): quando a hemólise é causada por um 
anticorpo contra hemácias, elas acabam se 
agrupando (crioaglutininas). 
Hemácias em Roleux (hemácias em rolos, formam 
pilhas de rolos de hemácias): aparece em alta 
concentração de globulinas anormais, mieloma 
múltiplo e macroglobulinemia. 
Inclusões nas hemácias: 
Corpúsculos de Howell-Joly (aparecem como se 
fossem um botão azul escuro junto à membrana 
da hemácia, por fragmento nuclear ou DNA 
condensado): após esplenectomia, anemias 
hemolíticas severas. 
Hemácias com pontilhados basófilos: (vários 
pontos roxos dentro da hemácia, pela precipitação 
dos ribossomos ricos em RNA): aparecem na 
talassemia beta, intoxicação por chumbo, anemia 
hemolítica por deficiência de pirimidina-5-
nucleotidase. 
Anel de Cabot (forma de um anel ou em oito dentro 
da hemácia, por restos nucelares): em anemias 
hemolíticas severas. 
Leucograma é o estudo da série branca (ou 
leucócitos), faz-se uma contagem total dos 
leucócitos e uma contagem diferencial contando-
se 100 células. O adulto normalmente apresenta 
de 5.000-10.000 leucócitos por 100 ml de sangue. 
Contagem diferencial de Leucócitos: Em um 
paciente normal as células encontradas são: 
Monócitos: uma das maiores células da série 
branca, têm citoplasma azulado, núcleo irregular 
(indentado, lobulado, em C ou oval) podem ter 
vacúolos (pela recente fagocitose). Quando estão 
aumentados usa-se o termo monocitose e ocorre 
em infecções virais, leucemia mielomonocítica 
crônica e após quimioterapia. 
Linfócitos: se pequenos têm citoplasma escasso, 
núcleo redondo; se grandes têm citoplasma um 
pouco mais abundante. Podem ter grânulos. É a 
célula predominante nas crianças. Seu aumento é 
chamado de linfocitose. Em adultos, seu aumento 
pode ser indício de infecção viral ou leucemia 
linfocítica crônica. 
Eosinófilos: citoplasma basofílico que não é 
visualizado por causa da presença de grânulos 
específicos (de coloração laranja-avermelhada), 
com núcleo com 2-3 lóbulos. Quando seu número 
aumenta é chamado de eosinofilia, e ocorre em 
casos de processos alérgicos ou parasitoses. 
Basófilos: citoplasma cheio de grânulos preto-
purpúreos que cobrem o citoplasma. Em um 
indivíduo normal, só é encontrado até uma célula 
(em termos percentuais). 
Neutrófilos Segmentados: citoplasma acidófilo 
(róseo), núcleo com vários lóbulos (2-5 lóbulos) 
conectados com filamento estreito. É a célula mais 
encontrada em adultos. Seu aumento pode indicar 
infecção bacteriana, mas pode estar aumentada 
em infecção viral. 
Outras Células que podem ser encontradas: 
Blasto: 
Linfoblasto: 
L1: célula pequena, citoplasma basofílico e 
escasso. Encontrada nas leucemias linfoide aguda 
tipo L1. 
L2: célula de tamanho médio, citoplasma de 
tamanho e basofilia variada. Encontrada na 
leucemia linfoide aguda tipo L2.gg 
L3: célula grande ou média, citoplasma com 
intensa basofilia, com vacúolos. Aparece no 
linfoma de Burkitt. 
Mieloblasto: possui citoplasma escasso, azulado 
(basofílico), núcleo redondo ou oval, com um ou 
mais nucléolos evidentes. Pode apresentar 
grânulos no seu citoplasma e bastão de Auer 
(forma de agulha). Os mieloblastos aparecem em 
casosde leucemia mieloide, síndrome 
mielodisplásica ou na reação leucemóide 
(infecção grave). 
Monoblasto: similar a outros blastos, mas com 
núcleo mais contorcido ou irregular que o 
mieloblasto. Aparece na leucemia 
mielomonocítica aguda ou na leucemia monocítica 
aguda. 
Promielócitos Neutrofílico: O mieloblasto evolui 
para promielócito, célula maior que o mieloblasto, 
citoplasma basófilo, grânulos de coloração 
vermelho-púrpura (grânulos primários), núcleo 
oval com uma pequena identação. 
 
 
6 
Mielócitos Neutrofílico: O promielócito evolui para 
mielócito, célula com citoplasma acidófilo (rosa), 
mais abundante que o promielócito e com poucos 
grânulos e já não é mais visualizado os nucléolos. 
Metamielócitos Neutrofílico: citoplasma acidófilo, 
núcleo identado com forma de feijão, poucos 
grânulos. 
Bastonetes Neutrofílico: citoplasma acidófilo, 
núcleo em forma de S ou C. Não é comum seu 
achado em sangue de pacientes normais, mas 
aparecem em número aumentado em casos de 
infecção. 
Linfócitos Atípicos: citoplasma mais basofílico que 
o linfócito normal, núcleo irregular. Aparece em 
infecções virais. Em grande número na 
mononucleose infecciosa, na infecção por 
citomegalovírus, na toxoplasmose. 
Células Plasmáticas: citoplasma basofilico, 
tamanho moderado e núcleo excêntrico. Pode 
aparecer no mieloma múltiplo. 
Células Linfomatosas: citoplasma em quantidade 
variada, núcleo dobrado, convoluto, clivado ou 
dobrado. Com um ou mais nucléolos. Aparece em 
linfomas. 
Hairy Cells: citoplasma azul pálido,457 com 
projeções citoplasmáticas. Aparece somente na 
leucemia das células cabeludas. 
Célula Cerebriforme: núcleo escuro contendo 
fendas e dobras (aparência de cérebro). Aparece 
na síndrome de Sézary. 
Inclusões citoplasmáticas que podem ser 
encontradas em neutrófilos: 
Granulações Tóxicas: quando há um aumento na 
produção dos granulócitos, há uma diminuição no 
tempo da maturação das células precursoras dos 
neutrófilos. Por isso os neutrófilos aparecem no 
sangue com os grânulos primários. Estão 
presentes em casos de infecções. 
Vacúolos: resultantes da fagocitose. Podem 
aparecer nos neutrófilos e monócitos. Seu relato 
só é importante quando aparece nos neutrófilos. 
Aparece em casos de infecções graves. 
4° Módulo: Plaquetas 
São observadas em relação a quantidade e seu 
tamanho. Seu número normal é de 150.000 à 
400.000 por microlitro de sangue. O tamanho de 
uma plaqueta varia entre 1 a 4 micrometros. 
A contagem de plaquetas é feita pelo método 
automático. A maioria dos laboratórios usa 
aparelhos cuja contagem de plaquetas se faz no 
mesmo canal de contagens de hemácias, sendo 
que a diferenciação de ambas se dá pelo volume 
(plaquetas são menores que 20 fl e hemácias 
maiores que 30 fl). Devido ao grande volume de 
exames feitos por um laboratório ficou inviável a 
contagem manual de todas as plaquetas, mas a 
contagem manual não foi totalmente abandonada. 
Quando o número de plaquetas se encontra 
diminuído, o laboratório faz um esfregaço de 
sangue para confirmar se elas estão diminuídas 
ou não. Se isso não for confirmado, a contagem 
de plaquetas é feita de modo manual, isto é, 
contagem em câmara de Neubauer. 
Os erros mais comuns em uma contagem 
automática são: aparelhos mal calibrados e 
problemas na coleta do sangue. A coleta é muito 
importante, uma coleta muito lenta, agitação 
errada do sangue colhido entre outros problemas 
podem fazer com que as plaquetas se agrupem e 
ao realizar a contagem em aparelhos, seu número 
estará diminuído. O agrupamento de plaquetas 
não é um sinal clínico. 
Citometria de fluxo 
A técnica de citometria de fluxo é usada para 
contar e analisar as características físicas e 
moleculares de partículas microscópicas (ex.: 
células) num meio líquido. Um feixe de luz 
(normalmente laser) de uma única frequência (cor) 
é direcionado a um meio líquido em fluxo. Estão 
apontados ao local onde a corrente do fluido passa 
através do feixe de luz alguns detectores: 
(I) Forward Scatter ou FSC, que está na linha do 
laser e atrás da zona onde passam as partículas, 
e é uma medida do volume das partículas; 
(II) Side Scatter ou SSC, que está perpendicular à 
direção do laser, e é uma medida da complexidade 
das células, i.e., forma do núcleo, quantidade e 
tipo de grânulos citoplasmáticos ou rugosidade 
membranar: 
(III) Detectores fluorescentes (um ou mais), 
também perpendiculares à direção do laser. 
 
 
7 
Cada partícula que passa através do feixe de luz 
dispersa-a de alguma forma e os corantes 
químicos na partícula podem ser excitados de 
modo a emitir luz numa frequência mais baixa que 
a da fonte de luz. Esta combinação de luz dispersa 
e fluorescente é detectada pelos detectores e 
analisando as flutuações de brilho de cada 
detector (um para cada pico de emissão 
fluorescente) é possível vários fatos sobre a 
estrutura física e química de cada partícula 
individual. 
Os parâmetros possíveis de medir são: volume e 
complexidade morfológica das células, pigmentos 
celulares como clorofila, ADN (análise de tipo de 
células, cinética celular, proliferação, etc.), RNA, 
análise e classificação de cromossomos, 
proteínas, antígenos à superfície celular 
(marcadores CD), antígenos intracelulares (várias 
citosinas, mediadores secundários, etc.), 
antígenos nucleares, atividade enzimática, pH, 
cálcio ionizado intracelular, magnésio, potencial 
membranar, fluidez membranar, apoptose 
(quantificação, medidas da degradação do ADN, 
potencial da membrana mitocondrial, alterações 
na permeabilidade, atividade da caspase), 
viabilidade celular, monitorização da 
electropermeabilização das células, 
caracterização da multirresistência a fármacos em 
células tumorais, glutationa, várias combinações 
(DNA/antígenos de superfície, etc.). Esta lista é 
muito longa e está em constante expansão. 
5° Módulo: Anemias 
É uma anomalia caracterizada pela diminuição da 
concentração da hemoglobina dentro das 
hemácias, intraeritrocitária, e pela redução na 
quantidade de hemácias no sangue. Isso resulta 
em uma redução da capacidade do sangue em 
transportar o oxigênio aos tecidos. A hemoglobina, 
uma proteína presente nas hemácias, é 
responsável pelo transporte de oxigênio dos 
pulmões para os demais órgãos e tecidos e de 
dióxido de carbono destes para ser eliminado pelo 
pulmão. 
Sinais e sintomas: 
São variáveis, mas os mais comuns são fadiga, 
fraqueza, palidez (principalmente ao nível das 
conjuntivas), déficit de concentração ou vertigens. 
Nos quadros mais severos podem aparecer 
taquicardias, palpitações. Afeta também a gengiva 
(causando, em casos mais graves, o seu 
sangramento). 
Causas da Anemia: 
Genéticas: 
• Hemoglobinopatias, sendo as mais 
comuns hemoglobinopatias S (anemia 
falciforme), C, E e D 
• Síndromes Talassêmicas (talassemia 
alfa ou beta) 
• Defeitos na membrana da hemácia: 
eliptocitose e esferocitose 
• Anormalidade enzimáticas: deficiência 
em glucose-6-fosfato desidrogenase 
• Abetaproteinemia 
• Anemia de Fanconi 
Nutricionais: 
• Deficiência de ferro (Anemia 
Ferropriva) 
• Deficiência de vitamina B12 (Anemia 
megaloblástica) 
• Deficiência de folato (Anemia 
megaloblástica) 
Perda de sangue: 
• Hemorragia excessiva por acidentes, 
cirurgia, parto 
• Sangramento crônico por 
sangramentos causados em casos de 
úlcera, câncer intestinal, ciclo 
menstrual excessivo, sangramento 
nasal recorrente (epistaxes), 
sangramento por hemorroidas 
 
Imunológicas: 
mediadas por anticorpos 
 
Efeitos Físicos: 
• Trauma 
• Queimaduras 
Uso de medicamentos e exposição a produtos 
químicos: 
• Anemia aplásica 
• Anemia Megaloblástica 
 
 
8 
Doenças Crônicas: 
• Uremia 
• Hipotireoidismo 
• Hepatite 
• Doença Renal (provocando problemas 
na síntese de eritropoietina) 
• Neoplasias 
Infecções: 
Bacterianas: septicemia; 
Protozoários: Malária,Toxoplasmose, 
Leishmaniose 
Virais: hepatite,Aids,Mononucleose, 
Citomegalovírus; 
 
DIAGNÓSTICO 
O Hemograma é o principal examea ser realizado 
quando há uma suspeita de anemia. O mais 
importante em um hemograma, no que diz 
respeito a uma suspeita de anemia, é a avaliação 
da série vermelha (glóbulos vermelhos ou 
hemácias). Esta avaliação inclui a determinação 
do número de hemácias, hematócrito, 
hemoglobina, do volume corpuscular médio 
(volume da hemácia), hemoglobina corpuscular 
média (peso da hemácia) e concentração 
corpuscular média (concentração da hemoglobina 
dentro de uma hemácia). 
HEMOGRAMA é um exame realizado que avalia 
as células sanguíneas de um paciente. O exame é 
requerido pelo médico para diagnosticar ou 
controlar a evolução de uma doença. Que 
compreende o eritrograma, leucograma e 
plaquetograma. 
Coleta de sangue 
O sangue do indivíduo é colhido com 
anticoagulante (EDTA), para se evitar a 
coagulação dele. Não há necessidade de colher o 
sangue com o indivíduo em jejum. 
HEMATÓCRITO é a percentagem do volume total 
de sangue correspondente aos glóbulos 
vermelhos. 
É uma medição calculada a partir do tamanho 
médio e do número de glóbulos vermelhos e 
quase sempre é parte também da contagem 
sanguínea completa, como a (quantidade de) 
hemoglobina. Os valores médios são diferentes 
segundo o sexo e variam entre 0,42-0,52 (42%-
52%) nos homens e 0,36-0,48 (36%-48%) nas 
mulheres. Caso o valor seja inferior à média 
significa que existe pouca quantidade de glóbulos 
vermelhos e se for superior existe uma maior 
quantidade de glóbulos vermelhos para o volume 
de sangue. Esta é uma medida cada vez mais 
importante para efeitos clínicos. 
HEMOGLOBINA é a proteína que dá a cor aos 
glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função 
vital de distribuir o oxigênio pelo organismo. 
 
Estrutura 
A hemoglobina é um tetrâmero composto de duas 
de cada dois tipos de cadeias de globina, a alfa e 
a beta. Cada uma dessas cadeias contém cerca 
de 141 aminoácidos. Existem quatro grupos heme 
por proteína; estes possuem um íon de ferro no 
seu centro, que liga a molécula de O2. É uma 
proteína alostérica, pois a ligação e a liberação do 
oxigênio são reguladas por mudanças na estrutura 
provocadas pela própria ligação do oxigénio ao 
grupo heme. 
Existem três tipos de hemoglobina, devido a 
variação na cadeia polipeptídica: Hemoglobina A1, 
Hemoglobina A2 e Hemoglobina F. 
Distribuição do Oxigênio 
A distribuição é feita através da interação da 
hemoglobina com o oxigênio do ar (que pode ser 
inspirado ou absorvido, como na respiração 
cutânea). Devido a isto, forma-se o complexo oxi-
hemoglobina, representado pela notação HbO2. 
Chegando às células do organismo, o oxigênio é 
liberado e o sangue arterial (vermelho) transforma-
se em venoso (vermelho arroxeado). A 
hemoglobina livre pode ser reutilizada no 
transporte do oxigênio. A hemoglobina distribui o 
oxigênio para as todas as partes do corpo 
irrigadas por vasos sanguíneos. 
Localização 
A hemoglobina pode ser encontrada dispersa no 
sangue (em grupos animais simples) ou em várias 
células especializadas (as hemácias de animais 
mais complexos). 
O aumento de glóbulos vermelhos no sangue 
(eritrocitose) geralmente se dá por uma adaptação 
fisiológica do organismo em locais de altitude 
elevada. Uma vez que o aumento de glóbulos 
 
 
9 
vermelhos favorece o transporte de oxigênio pelo 
sangue, seu uso melhora a performance de 
atletas, principalmente em esportes que 
necessitem muita resistência. Quando os atletas 
realizam treino em locais de alta altitude, a 
pequena concentração de oxigênio estimula a 
produção natural de EPO (Eritropoietina, hormônio 
que aumenta o número de GV e da capacidade 
muscular) e ao retornar às baixas altitudes, seu 
corpo está mais preparado e sua resistência está 
maior. 
Normalmente realiza-se uma análise estatística 
em testes realizados em um grande grupo de 
indivíduos normais para se chegar aos limites 
estabelecidos para hemoglobina, hematócrito e 
número de hemácias, isto quer dizer que cada 
região possui um limite de normalidade. A 
normalidade varia de acordo com sexo, idade e 
etnia. A morfologia das hemácias ou estudo da 
sua forma ajuda a diagnosticar alguns tipos de 
anemias. Algumas formas só aparecem em alguns 
tipos de anemia. 
A contagem de reticulócitos é usada para avaliar a 
produção de hemácias. Expresso em 
porcentagem, o valor normal é de até 2%. Há um 
aumento quando ocorre uma anemia hemolítica 
ou após perda de sangue. Reticulócitos são 
hemácias imaturas e possuem resíduos de RNA 
em seu interior, são visualizadas ao microscópio 
usando-se corantes especiais. 
Quando se desconhece a causa da anemia, outros 
exames são utilizados para ajudar no diagnóstico. 
A dosagem de ferritina ajuda no diagnóstico da 
anemia ferropriva, assim como do ferro sérico. A 
eletroforese de hemoglobina é usada para 
detectar o tipo de hemoglobinopatia que tem 
causa genética. A deficiência de G6PD, uma 
enzima, é detectada pelo teste de G6PD. 
Resistência Globular Osmótica (ou RGO) ajuda no 
diagnóstico de algumas anemias hemolíticas 
(esferocitose, eliptocitose). Teste de Coombs é 
usado para detectar se a anemia é um defeito 
extracorpuscular adquirido. Teste de HAM serve 
para detectar anemia causada pela 
hemoglobinúria paroxística noturna. DHL 
aumentado aparece quando há hemácias lisadas, 
portanto em casos de hemólise. 
 Tratamentos 
O tratamento da anemia depende da sua causa e 
gravidade. Em casos de suspeita de anemia, 
recomenda-se procurar um médico. 
6° Módulo: O Sangue: Considerações Gerais 
O sangue é a porção líquida do meio interno que 
circula rapidamente dentro de um sistema fechado 
de vasos denominado sistema circulatório. É 
constituído por um fluido no qual existem células 
em suspensão, moléculas e íons dissolvidos em 
água, apresentando propriedades das soluções 
coloidais. 
Uma característica importante do sangue é a 
constância da sua composição química e 
propriedades físicas, assegurando condições 
físicas para o funcionamento das células. Ele é 
constantemente renovado pela entrada e saída de 
substâncias que modificam discretamente sua 
composição. 
A constância da composição do sangue, com 
estreita faixa de variação, é o resultado mantido 
pela rapidez pela qual as substâncias deixam e 
entram no sangue quando estão em excesso ou 
em concentrações abaixo do normal 
respectivamente. 
Composição do sangue 
O sangue é constituído de duas frações 
combinadas, sendo 55% para o plasma e 45% 
para as células. 
A porção acelular ou plasma é constituído de 
91,5% de água que serve de solvente das 
substâncias orgânicas e minerais e ainda de 
veículo para as células, moléculas e íons. Os 
restantes 8% são formados por proteínas, sais e 
outros constituintes orgânicos em dissolução. 
A porção celular apresenta três tipos de células 
em suspensão no plasma: 
· Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos. 
· Glóbulos brancos ou leucócitos. 
· Plaquetas ou trombócitos. 
 
 
 
10 
Formação do sangue 
Plasma: è a porção fluida do sangue não 
coagulado; contém os fatores da coagulação, 
exceto aquele removido pelo anticoagulante; é 
formado às custas da ingestão de água, de 
alimentos, da difusão e trocas líquidas entre os 
vários compartimentos do organismo. 
Soro: é a porção líquida amarelada do sangue que 
resta após a coagulação e remoção do coágulo. 
Não contém elementos celulares nem a maioria 
dos fatores da coagulação. Apresenta em solução 
sais minerais, vitamina, glúcides, prótides, lípides, 
enzimas, hormônios, produtos anabólicos e 
catabólicos, substâncias também encontradas no 
plasma. 
A porção do sangue que não é o plasma, ou seja, 
a parte celular, consiste de elementos figurados. 
Os elementos figurados incluem os eritrócitos 
(células vermelhas), vários tipos de leucócitos 
(células brancas) e plaquetas (trombócito). 
HEMATOPOIESE 
A palavra hematopoiese significa formação das 
células do sangue. Abrange o estudo de todos os 
fenômenos relacionados com a origem, com a 
multiplicação e a maturação das células 
primordiais ou precursoradas células sanguíneas, 
à nível da medula óssea. A hematopoiese se 
divide em dois períodos: 
1.Período Embrionário e Fetal: Iniciando no 
primeiro mês de vida pré-natal, surgem as 
primeiras células fora do embrião, são os 
eritroblastos primitivos. Na sexta semana, tem 
início a hematopoiese no fígado; o principal órgão 
hematopoiético nas etapas inicial e intermediária 
da vida fetal. Na fase intermediária da vida fetal, o 
baço e os nodos linfáticos desempenham um 
papel menor na hematopoiese, mas o fígado 
continua a dominar essa função. Na segunda 
metade da vida fetal, a medula óssea torna-se 
cada vez mais importante para a produção de 
células sanguíneas. 
2. Período Pós-natal: Logo após o nascimento, 
cessa a hematopoiese no fígado, e a medula 
passa a ser o único local de produção de 
eritrócitos, granulócitos e plaquetas. As células-
tronco e as células progenitoras são mantidas na 
medula óssea. Os linfócitos B continuam a ser 
produzidos na medula e órgãos linfoides 
secundários e os linfócitos T são produzidos no 
timo e nos órgãos linfoides secundários. Ao nascer 
o espaço medular total é ocupado pela medula 
vermelha; na infância apenas parte desse espaço 
será necessária para a hematopoiese; o espaço 
restante fica ocupado pelas células de gordura. 
Mais tarde apenas os ossos chatos (crânio, 
vértebras, gradil torácico, ombro e pelve) e as 
partes proximais dos ossos longos (fêmures e 
úmeros) serão locais de formação de sangue. 
7° Módulo: Fisiologia dos Eritrócitos e 
Leucócitos 
Eritrócitos 
São células pequenas, circulares, com forma 
aproximada de discos bicôncavos, com 7,5 mm de 
diâmetro e sem núcleo. São os mais numerosos 
tios celulares no sangue. Embora seu número seja 
variável, um milímetro cúbico de sangue contém 
cerca de 4.5 a 6.1 milhões dessas células nos 
homens e cerca de 4.1 a 5.3 milhões nas 
mulheres. Essas células circulam pelo sangue 
circulante durante o período de aproximadamente 
120 dias antes que sejam destruídas. 
 
Hemoglobina 
É uma substância pigmentada, formada por duas 
partes: (1) porção que contém ferro 
denominada heme e (2) porção proteica, 
denominada globina. A globina consiste em quatro 
cadeias polipeptídicas, cada uma das quais ligada 
a um grupo heme. Cada grupo heme contém um 
átomo de ferro que se combina reversivelmente 
com uma molécula de oxigênio. Dessa forma, 
cada molécula de hemoglobina pode 
potencialmente associar-se com quatro moléculas 
de oxigênio. A principal função da hemoglobina e 
o transporte de oxigênio e gás carbônico, 
permitindo as trocas gasosas necessárias ao 
metabolismo orgânico. 
 
 
11 
 
 
 
Leucócitos 
São elementos figurados do sangue que estão 
envolvidos no sistema de defesa do organismo 
contra doenças e infecções. Por meio de 
fagocitose, eles defendem os tecidos contra 
invasão de organismos ou substâncias estranhas, 
removendo também os restos resultantes da 
morte ou de ferimentos celulares. Alguns 
leucócitos são capazes de passar através da 
parede intacta dos vasos chamada de diapedese; 
agindo assim principalmente no tecido conjuntivo 
frouxo. 
São transportados pelo sangue para todo o corpo, 
a partir da medula óssea, onde são formados. Os 
leucócitos estão presentes no sangue em muito 
menor número que os eritrócitos, com cerca de 
4.000 a 10.000 leucócitos por milímetro cúbico de 
sangue. 
1. Neutrófilos: são conhecidos também como 
polimorfonucleares e correspondem cerca de 50 a 
70% das células circulantes; possuem grânulos 
citoplasmáticos pequenos corados fracamente em 
púrpura-avermelhado. Os neutrófilos são capazes 
de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos 
tecidos, onde protegem o corpo e fagocitando 
bactérias e substâncias estranhas ao organismo. 
Existe uma célula precursora do neutrófilo 
segmentado, é o Bastão. São assim chamados 
porque seu núcleo não amadureceu 
completamente, embora seu citoplasma tenha 
características de célula madura. Em infecções 
bacterianas agudas pode-se encontrar um desvio 
a esquerda, ou seja, uma elevação do número de 
bastões. 
 
2. Eosinófilos: possuem grânulos corados em 
laranja-avermelhado e fagocitam complexos 
antígeno-anticorpo. Seus núcleos geralmente têm 
dois lobos conectados por um filamento. O número 
de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito 
acentuada no sangue circulante durante as 
reações alérgicas, e durantes as infestações 
parasitárias. 
 
3. Basófilos: possuem grânulos relativamente 
grandes corados em azul púrpura; liberam 
histamina (contribui para as respostas alérgicas 
dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) 
e heparina (previne a coagulação do sangue). Os 
basófilos funcionam similarmente aos mastócitos, 
que são encontrados no tecido conjuntivo. 
 
4. Monócitos: possuem um único núcleo; são 
células grandes. São formados por monoblastos; 
São capazes de entrarem no tecido conjuntivo 
frouxo, onde se desenvolvem em grandes células 
fagocíticas denominadas macrófagos, que podem 
ingerir bactérias e outras substâncias estranhas 
ao organismo. 
 
 
12 
 
5. Linfócitos: são o segundo tipo mais abundante 
de leucócitos (após os neutrófilos), 
compreendendo cerca de 30% dos glóbulos 
brancos em circulação; a maioria se localiza no 
tecido linfoide e são formados por linfoblastos. São 
leucócitos pequenos, sendo apenas um pouco 
maiores que os eritrócitos, e cada um deles tem 
um núcleo que é circular ou algo recortado num 
dos lados. São importantes nas respostas imunes 
específicas do corpo, incluindo a produção de 
anticorpos. 
 
8° Módulo: Hemograma Completo 
 4. Eritrograma 
Constitui o estudo da séria vermelha, revelando 
alguns tipos essenciais de alterações patológicas 
do sistema eritropoético como eritrocitoses e 
anemias. 
4.1.1. Contagem de hemácias na câmara de 
Neubauer 
Os métodos para contagem global das células 
sanguíneas consistem geralmente em diluir o 
sangue, em proporção conhecida, com um líquido 
diluidor chamado Hayem, permitindo a 
conservação das células em estudo. 
1. Pipetar 4 ml do líquido diluidor em um tubo de 
ensaio. 
2. Com a pipeta transferir 0,02 ml de sangue. 
Limpar a parede externa da ponteira com auxílio 
de papel absorvente. 
3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com 
o líquido diluidor, lavando com ele o interior da 
ponteira por aspiração e expulsão do líquido. A 
diluição é de 1:200. 
4. Agitar suavemente por inversão para uma 
correta homogeneização. 
5. Com uma pipeta preencher os retículos da 
câmara de contagem, evitando excesso de líquido 
e bolhas de ar sob a lamínula aderida firmemente 
à câmara. 
6. Deixar repousar por dois minutos para 
sedimentação dos glóbulos. 
7. Focalizar a preparação com pequeno aumento 
no microscópio para localizar o retículo e observar 
a distribuição uniforme das hemácias. Observar 
então, com aumento de 100X ou 400X, conforme 
necessidade. 
8. Fazer a contagem de todas as hemácias 
encontradas nos quadros marcados “H” na figura 
relativa ao retículo de Neubauer, ou seja, 1/5 de 
mm2. Sistematizar a contagem segundo a figura 
abaixo. Contar os elementos em negro. 
 
4.1.2. Dosagem da hemoglobina pelo método 
da cianometemoglobina 
É o método de referência para a dosagem de 
hemoglobina. Dosam todas as suas formas exceto 
a sulfemoglobina. A desvantagem reside na 
extrema toxidade do cianeto usado no preparo do 
reagente (solução de Drabkin), mas pode ser 
resolvida pela aquisição já preparada, de 
concentração mínima. 
Temos usado, com bons resultados, os reagentes 
Labtest; a solução de Drabkin modificada e o 
padrão de hemoglobina de concentração 
conhecida. Calcula-se um fator determinado a 
absorbância de 0,02 ml do padrão em 5 ml da 
solução de cianeto, através da fórmula: 
 
 
 
13 
O zero é estabelecido com água destilada em 
540nm. O sangue em estudo, diluído de modo 
idêntico a padrão (0,02 ml para 5 ml de Drabkin) 
fornece outro valor de absorbância, que 
multiplicando pelo fator de g% de hemoglobina 
pela multiplicação de cada unidade de leitura pelofator. 
Hb = Absorbância do paciente X Fator 
4.1.3. Determinação do hematócrito pelo 
método do microhematócrito 
Hematócrito é o volume de hemácias expresso 
como percentagem do volume de uma amostra de 
sangue total, ou seja, mililitros de hemácias por 
decilitro de sangue. 
DETERMINAÇÃO DO MICROHEMATÓCRITO: 
1. Encher com o sangue o tubo para 
microhematócrito, até dois terços do seu volume. 
Para tubos heparinizados o sangue capilar pode 
ser usado. 
2. Selar o tubo, introduzido a extremidade vazia na 
massa própria, com movimentos de rotação, até 
aproximadamente 5 mm de profundidade. 
3. Encher os demais tubos de modo idêntico. 
4. Coloca-os na microcentrifuga em posição 
diametralmente opostas com a parte selada 
voltada para fora. Observar a numeração evitando 
a troca de resultados. 
5. Após tampar convenientemente a 
microcentrifuga, coloca-a em movimento por cinco 
minutos. Tempo superior a este não altera a 
sedimentação dos glóbulos. 
6. Desligar o aparelho. Retirar os tubos e fazer a 
leitura usando a escala própria. 
LEITURA DOS RESULTADOS: 
1. Colocar o tubo sobre a escala, fazendo coincidir 
a extremidade inferior das células centrifugadas 
com a linha zero. 
2. Deslocar o tubo paralelamente às linhas 
verticais fazendo coincidir o menisco superior do 
plasma com a linha 100. 
3. Ler a percentagem do volume hematócrito na 
escala graduada ao nível da superfície das 
hemácias no tubo. 
4.1.4. Índices hematológicos ou hematimétricos 
são determinados a partir da contagem global dos 
eritrócitos, taxa de hemoglobina e determinação 
do hematócrito. Tais elementos deverão ser 
padronizados pelo laboratório, fornecendo-se 
sempre resultados na unidade de percentagem do 
normal. 
V.C.M – Volume corpuscular médio 
 
É o volume médio das hemácias expresso em 
fentolitros. Representa, portanto, o quociente de 
um determinado volume de hemácias pelo número 
de células contidas no mesmo volume. 
H.C.M. – Hemoglobina corpuscular média: 
 
É o conteúdo médio de hemoglobina nas 
hemácias expresso em picogramas. Representa, 
portanto, o quociente de conteúdo de hemoglobina 
em um determinado volume de hemácias pelo nº 
de células contidas no mesmo volume. 
 
C.H.C.M. – Concentração de hemoglobina 
corpuscular média: 
 
É a percentagem de hemoglobina em 100 ml de 
hemácias. 
4.2. Leucograma 
O leucograma corresponde a contagem global e 
específica dos leucócitos, representados pela 
leucometria e pelo estudo quantitativo e qualitativo 
dos glóbulos brancos. O quadro leucocitário que 
se apresentará após ser concluído o exame 
 
 
14 
hematológico permitirá ao médico tirar conclusões 
diagnósticas e prognósticas importantes. 
4.2.1. Contagem global de leucócitos com câmara 
de Neubauer 
1. Pipetar 0,4 ml do líquido de Turk no tubo 
2. Com pipeta automática, pipetar 0.02 ml de 
sangue. Limpar a ponteira com papel de filtro. 
3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com 
o líquido diluidor, lavando com ele o interior da 
pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A 
diluição é de 1:20. 
4. Agitar suavemente por dois minutos. 
5. Encher os dois retículos da câmara de 
contagem, evitando excesso de líquido e bolhas 
de ar sob a lamínula, aderida firmemente à câmara 
por compressão daquela sobre esta, cobrindo 
ambos os retículos. 
6. Deixar repousar de um a dois minutos para 
sedimentação dos glóbulos. 
7. Focalizar a preparação com pequeno aumento 
no microscópio para localizar o retículo e observar 
a distribuição uniforme dos leucócitos. Em 
seguida, observar com aumento de 100 x ou 400 
x, a desejar. 
 
8. Fazer a contagem de todos os leucócitos 
encontrados nos quadros marcados “L” na figura 
relativa de Neubauer, ou seja, 4mm2. 
 
Leucócitos global =? de leucócitos X 50 
4.2.1.1. Forma Leucocitária Relativa 
Determina a relação percentual entre as distintas 
variedades de leucócitos. Se, em 100 leucócitos 
contados no esfregaço, 60 são neutrófilos, estes 
representam 60% do total de leucócitos. 
4.2.1.2. Forma Leucocitária Absoluta 
Fornece o número de cada tipo de leucócito por 
microlitro de sangue. 
Considerando para o caso anterior que a 
contagem global de leucócitos foi de 8.000 por 
microlitro de sangue, uma relação pode ser 
estabelecida: 
- Em 100 leucócitos, 60 são neutrófilos. Em 8.000 
leucócitos, 4.800 serão neutrófilos. Dessa forma, 
um microlitro de sangue contém 4.800 neutrófilos. 
Para cada um dos tipos contados o mesmo 
raciocínio será seguido, estabelecendo a fórmula 
leucocitária relativa e absoluta para todas as 
variedades de leucócitos. 
 9° Módulo: Alterações do Eritrograma 
5. ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA 
5.1. Anemias 
Anemia é a diminuição da taxa de hemoglobina 
abaixo de níveis mínimos, ou seja, se estiver 
abaixo de 95% do intervalo de referência para 
idade, sexo e localização geográfica (altitude) do 
indivíduo. 
As causas de anemias se encontram divididas 
entre três categorias fisiológicas principais: 
produção de eritrócitos deficientes, perda 
sanguínea ou destruição acelerada dos eritrócitos 
(hemólise) além da capacidade da medula de 
compensar estas perdas. 
 
RDW / (red blood cell distribution width = 
amplitude de distribuição dos eritrócitos) 
 
 
15 
É um subproduto da medida eletrônica do volume 
dos eritrócitos; ou seja, só pode ser detectado 
através da automação. O seu valor normal está 
entre 11 e 14 %. Valores encontrados abaixo do 
normal indicariam população eritróide mais 
homogênea que a usual, o que parece ser apenas 
um extremo da normalidade. Valores acima de 14 
indicam excessiva heterogeneidade da população 
(anisocitose), sendo notada ao microscópio. 
Segundo Failace,se houver anemia e/ou índices 
hematimétricos anormais, o profissional deverá: 
1. Confirmar visualmente as alterações numéricas 
e julgar sua compatibilidade com o grupo etário do 
paciente. 
2. Pesquisar os dados morfológicos das células do 
paciente. 
3. Nada observando de esclarecedor, os 
resultados numéricos e a lâmina do paciente são 
separados para reexame; se a distensão não 
estiver perfeita, faz-se uma nova. 
As principais alterações morfológicas a serem 
avaliadas são: 
Pecilocitose: também conhecida como 
poiquilocitose, diz respeito à presença de formas 
anormais dos eritrócitos. Deve ser sempre 
mencionado quando observado na lâmina. O 
melhor é definir cada um dos aspectos celulares 
notados através de suas características 
morfológicas. 
 
Dentre as principais formas anormais existentes, 
temos: 
· Eliptócitos ou ovalócitos: são eritrócitos ovais, 
elípticos ou com forma de charutos; são mais 
abundantes em casos de eliptocitose hereditária. 
Podem ser observados em anemia microcíticas e 
megaloblásticas e nas síndromes 
mieloproliferativas. 
 
Estomatócitos: são eritrócitos cuja membrana 
retraiu-se em cúpula; distendidos na lâmina, a 
concavidade unilateral é vista como uma fenda 
alongada. A estomatocitose é geralmente um 
artefato de preparação das zonas delgadas da 
distensão de sangue; há estomatócitos nas 
doenças hepáticas e no sangue do recém-
nascido. 
 
Esferócitos: são eritrócitos praticamente esféricos, 
em contradição com os discos bicôncavos 
normais. Seu diâmetro é menor que o normal e 
não possuem a área central pálida. Esferócitos 
são encontrados em casos de esferocitoses 
hereditária, anemias hemolíticas autoimune. 
 
 Drepanócitos ou eritrócitos falciformes: são 
eritrócitos que decorrentes da hemoglobina S, têm 
a forma de foice ou banana, caracterizando as 
síndromes falcêmicas. 
 
Dacriócitos: são eritrócitos em forma de lágrima. 
Deformam-se principalmente no baço, ao 
passarem pelas fenestrações entre cordões e 
sinus medulares; encontrados em anemias 
megaloblásticas e mieloesclerose 
 
 
16 
 
Esquizócitos: são pedaços de eritrócitos, cortados 
pelo trauma; podem ser triangulares, em meia lua 
etc. Tem curta sobrevida no sangue. Indicam 
presença de hemólise, anemia megaloblástica, 
queimaduras graves. 
 
. Células-alvo: são eritrócitosmais delgados que o 
normal (leptócitos), e que, quando corados, 
exibem uma borda periférica de hemoglobina com 
uma área central escura, contendo hemoglobina. 
São encontradas em caso de obstrutiva, em 
qualquer tipo de anemia hipocrômica, sobretudo 
na talassemia. 
 
· Equinócitos: também conhecidos como 
hemácias crenadas, podem ocorrer como 
artefatos durante a formação dos esfregaços. In 
vivo, podem ser vistos na uremia, no 
hipotireoidismo, no tratamento com heparina IV. 
 
Anisocitose: 
É uma característica da maioria das anemias; 
quando ocorre em grau significativo, 
habitualmente estarão presentes tanto macrócitos 
e/ou micrócitos. É de suma importância para o 
clínico que seja relatado no laudo a predominância 
da forma na anisocitose. 
 
Macrocitose: 
É a elevação do VCM acima de 98 (ou 100) fL. 
Segundo Failace, a macrocitose só é notada 
quando houver uma população normocítica ou 
microcítica concomitante; ou quando o VCM 
estiver acima de 110 fL. 
 
Condições em que pode ser encontrada a 
macrocitose: 
· Alcoolismo: o VCM nunca excede 110 fL e os 
eritrócitos são redondos, de aspecto normal. 
· Uso de drogas: AZT (atualmente lidera a 
estatística das drogas causais); os macrócitos são 
redondos costumando haver anemia; o RDW é 
elevado. 
· Anemia aplástica: na maioria dos casos há 
macrocitose; persiste mesmo após recuperação, 
se houver. 
· Hepatopatias: há macrocitose com rouleux, 
leptocitose, acantocitose. 
· Esplenectomia: causa macrocitose em pequena 
percentagem de pacientes. 
· Anemias megaloblásticas: os macrócitos são 
ovalados e enormes. O VCM se encontra entre 
110 e 130 fL porque há anisocitose e pecilocitose 
acentuadas. 
· Hiper-regeneração eritróide: é causa comum de 
macrocitose, notada pelos macrócitos 
polocromáticos e confirmada pela coloração de 
reticulócitos. 
Microcitose: 
 
 
17 
A microcitose representa uma evidência 
morfológica de uma capacidade diminuída dos 
precursores das hemácias de produção de 
hemoglobina. Isto pode resultar de ferro 
insuficiente como na anemia ferropriva; através de 
defeitos genéticos hereditários como nas 
síndromes talassêmicas etc. 
Assim a microcitose pode ser encontrada quando 
o VCM se encontra abaixo de 80 fL; porém, 
segundo Failace, ela só é notada ao microscópio 
quando está abaixo de 70 fL, ou quando há uma 
população normo ou macrocítica contrastante. 
 
Condições em que pode ser encontrada a 
microcitose: 
· Grupo etário: é normal ser encontrada a 
microcitose na infância. 
· Anemia ferropênica: a microcitose é proporcional 
ao grau de anemia, ou seja, quanto mais 
acentuada a anemia ferropênica maior será a 
microcitose. 
· Anemia das doenças crônicas: Costuma ser 
normcítica, mas pode ser microcítica como na 
artrite reumatoide. 
· Hemoglobinopatias: Em todas as 
hemoglobinopatias pode haver micro ou 
normocitose; sempre há outras características 
morfológicas sugestivas do defeito. 
· Ovalocitose: é normal ser encontrada a 
microcitose. 
· Talassemia menor: Há uma acentuada 
microcitose com o VCM muito baixo e a contagem 
de eritrócitos muito alta. 
Hipocromia: 
É a redução da coloração do eritrócito; há um 
aumento da palidez central, que ocupa a área 
superior ao terço do diâmetro do eritrócito. A 
hipocromia pode ser geral ou pode existir em 
algumas células do paciente. Esta característica 
pode ser retratada através da redução do CHCM. 
Qualquer uma das condições que leva a 
microcitose pode causar hipocromia, embora 
alguns pacientes com anemias como b-talassemia 
a distensão sanguínea apresentam microcitose 
sem hipocromia. 
 
Policromatocitose: 
São eritrócitos acinzentados ou azulados 
considerados uns dos dados mais importantes na 
microscopia do sangue anêmico. Não é notada 
pela automação e é fundamental para a 
interpretação. A policromatocitose está presente 
também após o 4°dia na regeneração pós-
hemorrágica, sempre nas anemias hemolíticas. 
 
Eritroblasto: 
São eritrócitos nucleados que aparecem no 
sangue no decurso de grandes regenerações 
eritróides, principalmente em crianças, 
acompanhando a policromatocitose; como 
também em sangue do recém-nascido, na 
primeira semana. 
Os eritroblastos circulantes podem apresentar 
uma frequência aumentada nas intoxicações por 
chumbo, e em certos estados diseritropoéticos, 
como na eritroleucemia, e mesmo na anemia 
ferropriva grave. 
 
Os eritroblastos são contados como leucócitos nos 
contadores eletrônicos. Quando ultrapassam 5% 
 
 
18 
justifica-se descontá-los na contagem de 
leucócitos. Essa correção deve ser feita através da 
seguinte fórmula: 
 
10° Módulo: Alterações do Leucograma 
6. ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA 
Em processos infecciosos agudos três fases são 
desenvolvidas: 
A. Fase Neutrofílica ou Luta: 
Leucocitose com Neutrofilia, desvio à esquerda, 
eosinopenia e linfopenia. 
B. Fase Monocítica ou Defesa: 
Leucocitose com Neutrofilia ou normal, 
monocitose, eosinopenia e linfopenia. 
C. Fase Linfocitária ou Cura: 
Leucócitos normais ou elevados, neutropenia, 
ausência e desvio a esquerda, linfocitose com 
presença de eosinófilos normais ou elevados 
6.1. Neutrocitose ou Neutrofilia 
É a elevação da contagem absoluta de neutrófilos 
acima da que seria considerada normal em um 
indivíduo sadio de mesmo sexo, idade, raça e 
estado fisiológico. São causas de neutrofilia: 
· Neutrofilia hereditária. 
· Infecções: Muitas infecções bacterianas agudas 
e crônicas incluindo a tuberculose miliar; algumas 
infecções virais como varicela, herpes simples, 
raiva, poliomielite; algumas infecções fúngicas 
como a actinomicose; algumas parasitoses como 
amebíase hepática, a filaríase. 
· Dano tecidual como trauma, cirurgia, 
queimaduras, necrose hepática aguda, 
pancreatite aguda. 
· Infarto tecidual como infarto agudo do miocárdio, 
infarto pulmonar. 
· Inflamação aguda e crônica grave como na gota, 
febre reumática, artrite reumatoide, colite 
ulcerativa. 
· Hemorragia aguda. 
· Hipóxia aguda. 
· Doenças malignas como carcinoma, sarcoma. 
· Leucemias e síndromes mieloproliferativas. 
· Administração de drogas como corticoides, o 
lítio. 
· Intoxicações por agentes químicos. 
· Envenenamentos como picada de escorpião ou 
ataque de abelhas. 
· Tabagismo. 
· Exercício vigoroso. 
· Dor aguda, convulsões epilépticas, eclampsia e 
pré-eclâmpsia. 
6.2. Neutropenia ou Neutrocitopenia 
É a diminuição do número absoluto de neutrófilos; 
pode ser um fenômeno isolado ou fazer parte de 
uma pancitopenia. São causas de neutropenia: 
· Agranulocitose: síndrome caracterizada pela 
diminuição severa e passageira dos neutrófilos do 
sangue, com preservação das demais séries. 
· Infecções virais como sarampo, caxumba, 
rubéola, dengue, infecção pelo HIV. 
· Infecções bacterianas como febre tifoide, 
brucelose. 
· Infecções por protozoários como a malária, a 
calaza, a tripanossomíase. 
· Irradiação. 
· Anemia megaloblástica e anemia aplástica. 
· Hiperesplenismo. 
· Alcoolismo. 
· Hipertireoidismo. 
 
6.3. Eosinofilia 
 
 
19 
É o aumento do número absoluto de eosinófilos, 
ultrapassando o número de referência. É um 
achado comum nos hemogramas em laboratórios 
que atendem população de baixo nível 
socioeconômico. São causas de eosinofilia: 
· Doenças alérgicas como eczema atópico, asma, 
rinite alérgica, urticária aguda. 
· Hipersensibilidade medicamentosa 
comosulfonamidas, penicilinas. 
· Infecções parasitárias (particularmente quando 
há invasão tecidual) como esquistossomose, 
estrongiloidíase, ascaridíase, ancilostomíase, 
cisticercose, toxocaríase. 
· Doenças cutâneas como o pênfigo, o penfigóide 
bolhoso, o herpes gestacional. As micoses 
superficiais não causam eosinofilia significativa. 
· Eosinofilia hereditária. 
· Eosinofilia na leucemia mieloide crônica. 
· Eosinofilia sem causa aparente. 
6.4. Eosinopenia 
É a redução da contagem de eosinófilos abaixo da 
que seria esperada em um indivíduo da mesma 
idade. A eosinopenia é raramente notada na 
distinção sanguíneade rotina, pois o limite inferior 
é muito baixo. São causas de eosinofilia: 
· Estresse agudo, incluindo trauma cirurgia, 
queimaduras, convulsões epileptiformes, 
inflamação aguda, infarto do miocárdio, drogas 
incluindo os corticoides. 
6.5. Linfocitose 
É o aumento do número absoluto de linfócitos. 
Uma vez que as contagens de linfócitos em 
lactentes e crianças são consideravelmente mais 
altas que as dos adultos, é muito importante usar 
a faixa de referência adaptada a idades. São 
causas de linfocitose: 
· Infecções virais, incluindo: sarampo, rubéola, 
caxumba, influenza, hepatite infecciosa, 
mononucleose infecciosa, linfocitose infecciosa, 
citomegalovírus 
· Linfocitose transitória relacionada com o 
estresse. 
· Esplenectomia 
· Reações alérgicas a droga 
· Leucemia linfoide 
6.6. Linfopenia 
É a redução da contagem de linfócitos. A 
linfopenia é extremamente comum como parte 
resposta aguda ao estresse; sua detecção é mais 
provável quando se faz uma contagem diferencial 
automatizada e quando as contagens são 
expressas em números absolutos. São causas de 
linfopenia: 
· Insuficiência renal incluindo aguda e crônica 
· Carcinoma 
· AIDS - estágio final da doença. 
· Irradiação 
· Alcoolismo 
· Artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico 
· Anemia ferropênica 
6.7. Monocitose 
É o aumento do número de monócitos acima do 
seria esperado em um indivíduo sadio da mesma 
idade. O número absoluto de monócitos é mais 
elevado nos recém-nascidos que nos outros 
períodos da vida. São causas de monocitose: 
· Infecção crônica, incluindo a sífilis 
· Condições inflamatórias crônicas (colite 
ulcerativa, artrite reumatoide e os lúpus 
eritematoso sistêmico) 
· Carcinoma 
· Condições leucêmicas e mieloproliferativas 
· Hemodiálise à longo prazo. 
· Leishmaniose e Hanseníase 
· Tuberculose 
6.8. Basofilia 
 
 
20 
É comum observar um aumento acentuado nas 
contagens de basófilos nas desordens 
mieloproliferativas, em algumas leucemias e em 
choque anafilático. Porém a observação de 
basopenia não tem sido considerada de 
importância diagnóstica. 
11° Módulo: Hemostasia e Coagulação 
Hemostasia é o processo pelo qual o sangue 
permanece líquido vascular, apesar das lesões 
que venham a sofrer. 
A hemostasia resulta de uma série de interações 
complexas pelos quais o sangue é mantido fluido 
no sistema vascular; são prevenidos processos 
hemorrágicos espontâneos e contidos 
sangramentos traumáticos. Depende basicamente 
da resistência e contratilidade normais dos vasos, 
da atividade plaquetária normal, de um sistema 
adequado de coagulação e da estabilidade do 
coágulo. Com o processo de coagulação do 
sangue é obtido um coágulo sólido de fibrina 
através da interação de plaquetas, fatores 
plasmáticos, seus inibidores e ativadores. Quando 
há lesão de um vaso sanguíneo, o sistema e 
mostático intervém imediatamente. Incialmente, 
há vasoconstricção reflexa reduzindo o fluxo 
sanguíneo local. Em seguida, as plaquetas se 
predem às fibras de colágeno do tecido conectivo 
exposto no processo chamado de adesão e umas 
às outras no processo de agregação, amplificado 
pela liberação de substâncias intraplaquetárias 
armazenadas em grânulos ocorrendo a formação 
do tampão hemostático. Este fenômeno é 
regulado pelo nível de AMP cíclico presente no 
interior das plaquetas que é derivado do ATP pela 
ação da fosfodiesterase 
Concomitantemente, através das vias extrínsecas 
e intrínsecas, a partir de fatores plasmáticos, 
ocorre a ativação de protrombina em trombina que 
atua sobre o fibrinogênio para formar a rede de 
fibrina que é estabilizada pela ação do fator XIII 
com a formação de um coágulo sólido. 
Posteriormente, ocorre a lise deste coágulo pelo 
sistema fibrinolítico, onde o plasminogênio é 
ativado à plasmina, dividindo a molécula em uma 
série de produtos conhecidos como produtos de 
degradação de fibrina. Ocorre assim a reparação 
do local lesado e o restabelecimento do fluxo 
sanguíneo normal. 
Distúrbios adquiridos ou hereditários (na maioria 
das vezes deficiências de um único fator – grupo 
das hemofilias) destes sistemas fisiológicos 
ocasionam doenças hemorrágicas ou trombose. 
No processo de coagulação do sangue tomam 
parte várias substâncias denominadas fatores de 
coagulação. Muitos deles são pró-enzimas 
sintetizadas pelo fígado e que se transformam em 
enzimas durante o processo de coagulação. 
Coagulação é a conversão do sangue no estado 
líquido em um coágulo firme. É a fase da 
hemostasia envolvida na formação de fibrina, 
sendo caracterizada por uma série sucessiva de 
reações bioquímicas e fenômenos físicos, 
terminando fisiologicamente com a formação do 
coágulo. 
A hemostasia é regulada por três tipos de 
mecanismos: 
1. Os extravasculares incluem a constituição e a 
elasticidade dos tecidos na periferia dos vasos. 
2. Os vasculares relacionam-se à elasticidade e 
tônus da parede vascular. 
3. Os intravasculares são principalmente aqueles 
associados a substâncias envolvidas no processo 
de coagulação do sangue. 
Uma série de respostas ocorre em consequência 
da lesão do vaso sanguíneo. Inicialmente a 
vasoconstrição reflexa diminui o sangramento e as 
plaquetas se aglutinam, aderindo à superfície do 
ferimento a elas expostas. Em seguida, a 
deposição de fibrina forma o coágulo que se retrai 
e se organiza na região rota. Posteriormente 
ocorre a lise da fibrina com recanalização do vaso. 
No processo da coagulação do sangue tomam 
partes várias substâncias denominadas fatores de 
coagulação. Muitos deles são pró-enzimas 
sintetizadas pelo fígado e que se transformam em 
enzimas durante o processo de coagulação. 
Causas das Hemorragias e investigação 
laboratorial 
As hemorragias podem resultar da solução de 
continuidade ou defeitos do sistema vascular, 
deficiência qualitativa ou quantitativa de 
plaquetas, defeitos químicos ou quantitativos dos 
fatores de coagulação e anticoagulantes 
circulantes. Usualmente a combinação dos vários 
mecanismos leva ao sangramento anormal nas 
doenças adquiridas, enquanto nas congênitas o 
defeito é geralmente único. 
 
 
21 
Como exemplo de condições favoráveis às 
hemorragias, encontram-se: menstruação, úlceras 
do trato gastrointestinal, cirurgias, traumatismos, 
números reduzidos de plaquetas circulantes e 
ausência congênita ou adquirida de fatores de 
coagulação. 
O significado clínico das hemorragias depende de 
três fatores: 
1. Quantidade de sangue perdido - Perdas súbitas 
entre 10 a 20% do volume total geralmente não 
apresentam significado clínico. Volumes maiores 
perdidos rapidamente podem levar ao choque 
hipovolêmico. 
2. Local da hemorragia – Reveste-se de 
importâncias aquelas, mesmo pequenas, 
localizadas no pericárdio, suprarrenais e cérebro, 
podendo levar a morte súbita. 
3. Duração da hemorragia. As agudas têm 
características descritas no item 1. As crônicas 
correspondendo a pequenos volumes de sangue 
perdidos intermitentemente levam a anemias por 
deficiência do ferro, quando o sangue se elimina 
externamente. Se no interstício ou cavidades do 
organismo, o ferro é reabsorvido não ocorrendo à 
anemia ferropriva. 
O estudo laboratorial da hemostasia é baseado 
em provas cujo objetivo consiste em evidenciar a 
presença ou ausência de fatores de coagulação 
ou causas adversas, relacionadas a mecanismos 
vasculares, extravasculares e intravasculares da 
coagulação. 
 
7.1. Tempo de Sangramento (Método de Duke) 
O tempo de sangramento corresponde à duração 
de uma pequena hemorragia quando uma incisão 
de dimensões padronizadas é praticada na pele 
artificialmente. O teste fornece dados relativos a 
função e números de plaquetas, bem como da 
resposta da parede capilar à lesão. Tempo de 
sangramento aumentado sugere a 
complementação do estudo pela contagem das 
plaquetas. 
TÉCNICA: 
1. Fazer a assepsia do lóbulo da orelha ou polpa 
digital com álcool. Escolher o local da picada 
evitando áreas congestas e inflamadas. 
2. Com a lanceta, fazeruma incisão de três 
milímetros de profundidade, permitindo que o 
sangue escoe livremente. 
3. Fazer funcionar o termômetro no momento da 
picada. 
4. Usando papel de filtro secar de 30 em 30 
segundos a gota de sangue que se forma sem, no 
entanto, tocar a lesão, utilizando cada vez uma 
porção limpa do papel. 
5. Quando o sangue para de manchar o papel, 
parar o cronômetro; é o valor do TS. 
Valor Normal: entre 1 e 4 minutos. 
7.2. Tempo de Coagulação (Método de Lee - 
White) 
O tempo de coagulação corresponde o tempo 
gasto para o sangue coagular, quando registrado 
no organismo. Fornece dados relativos ao sistema 
de coagulação do sangue. É um teste sujeito a 
numerosas variáveis e que atualmente deve ser 
substituído pelo tempo de tromboplastina parcial. 
TÉCNICA: 
1. Colher o sangue por punção venosa, atingindo 
diretamente a veia. Os fatores teciduais alteram o 
processo de coagulação e até invalidam a prova. 
2. Marcar o tempo no cronômetro logo que o 
sangue aparecer na seringa. 
3. Tomar dois tubos e colocar 1,0ml de sangue em 
cada um deles. 
4. Colocar os tubos em banho-maria a 37°C até 
completar cinco minutos. 
5. Após os cinco minutos marcados verificar se 
houve a formação do coágulo inclinando o tubo 
 
 
22 
numa angulação de 90°; se não houver coagulado, 
verificar a cada minuto até a sua formação. 
6. Marcar o tempo da formação do coágulo como 
tempo de coagulação do sangue total. 
Valor Normal: de 5 a 11 minutos. 
7.3. Medida de Retração do Coágulo 
A percentagem de retração do coágulo é 
representada pelo volume do soro obtido, após 
coagulação e retração do coágulo, de uma 
quantidade determinada de sangue. O coágulo 
inicial contém todos os elementos do sangue. 
Após sua retração o soro é expulso da malha de 
fibrina, que se retrai pela ação das plaquetas. 
Fornece dados relativos à atividade plaquetária. 
Uma retração pequena corresponde a um número 
de plaquetas abaixo de 100.000 por ml de sangue. 
Nas deficiências funcionais das plaquetas, a prova 
pode estar alterada em presença de número 
normal ou aumento de plaquetas. 
TÉCNICA: 
1. Colher um pouco mais de 5 ml de sangue por 
punção venosa. 
2. Encher o tubo de centrífuga até a marca 5 ml. 
3. Colocar o fio de cobre, fixo pela rolha, com 
extremidade encurvada mergulhada no sangue 
até a metade da coluna líquida. 
4. Determinar a coagulação do sangue, inclinando 
o tubo, como para tempo de coagulação. 
5. Colocar então o tubo em banho-maria a 37°C 
durante uma hora. 
6. Retirar cuidadosamente o coágulo aderido ao 
fio de cobre através da rolha. Deixar escorrer o 
líquido existente no coágulo por um a dois 
minutos. 
Cálculos: 
O volume de soro expresso como porcentagem de 
5 ml de sangue total representa a porcentagem de 
retração do coágulo. Se em 5 ml de sangue total 
são obtidos 2ml de soro, em 100ml de sangue são 
obtidos x ml de soro. 
 
Atualmente os laboratórios adaptaram uma nova 
técnica para a leitura da retração do coágulo; 
através do aproveitamento do tubo utilizado no 
tempo da coagulação é feita também a retração do 
coágulo. É marcada uma hora após a realização 
do TC com o tubo no banho a 37°C depois, 
utilizando uma pipeta volumétrica de 1 ml, todo o 
soro do tubo é aspirado. O volume aspirado do 
volume total é considerado o valor da retração do 
coágulo. 
Ex: se for aspirado 0,4 ml de soro, então a retração 
do coágulo tem como resultado 40%. 
Porém esta técnica não foi encontrada em 
literaturas. 
7.4. Prova de Resistência Capilar ou Prova do 
Laço (Rumpel-Leed) 
O sangue é normalmente retido no leito capilar 
devido à resistência oferecida pela parede destes 
finos vasos. A permeabilidade capilar alterada 
permite a passagem das células do sangue para 
os tecidos. Isso é evidenciado pelo aparecimento 
de petéquias na pele. O número e tamanho das 
petéquias dependem da estrutura do endotélio 
capilar e número de plaquetas por microlitro de 
sangue. 
TÉCNICA: 
1. Verificar a presença de petéquias no braço do 
paciente. Caso existam, contorná-las com lápis 
demográfico. 
2. Adaptar o manguito do aparelho de pressão ao 
braço do paciente. 
3. Determinar a pressão diastólica e mantê-lo 
insuflado nessa pressão durante 5 minutos. 
4. Desinflar rapidamente o manguito. Verificar o 
aparecimento e contar o número de petéquias 
formadas durante o teste. 
RESULTADOS: 
O resultado é fornecido conforme o número e 
tamanho das petéquias. Com afinidade de 
estabelecer uma uniformização para a leitura da 
prova, os seguintes resultados são 
convencionados: 
 
 
23 
Negativo: nenhuma ou no máximo seis petéquias 
puntiformes no limite onde foi colocado o 
manguito. 
Positivo +: de 6 a 50 petéquias puntiformes 
isoladas localizadas na região da fossa 
antecubital. 
Positivo ++: inúmeras petéquias puntiformes 
isoladas e localizadas na fossa antecubital, 
antebraço e raras na mão. 
Positivo +++: petéquias de dois a quatro 
milímetros com a mesma localização anterior e 
confluente em algumas áreas. 
Positivo ++++: petéquias maiores que as 
anteriores localizadas em to a área de estase, 
confluentes em alguns pontos, dando ao membro 
coloração violácea. 
7.5. Determinação do Tempo de Protrombina 
(TP) 
Ao plasma descalcificado pelo citrato, é 
adicionado um excesso de tromboplastina. 
Considerando que protrombina é convertida em 
trombina num tempo uniforme, a recalcificação 
com qualidade conhecida de cloreto de cálcio 
produz a coagulação do plasma. 
O tempo, em segundos, anotado desde a 
recalcificação até a coagulação é o tempo de 
protrombina. A prova determina a atividade da 
protrombina no sangue. 
TÉCNICA: 
1. Colocar o tubo com 0,2 ml de tromboplastina 
cálcica em banho-maria a 37°C marcando 2 min. 
2. Colocar outro tubo 0,2ml de plasma citratado 
marcando mais 2 min. 
3. Acrescentar 0,1ml do plasma aquecido no tubo 
contendo a tromboplastina também aquecida., 
adicionar imediatamente o cronômetro e ao 
mesmo tempo agitar o tubo no banho até 7 
segundos 
4. Retirar o tubo do banho e invertê-lo a cada 
segundo até verificar o momento da recalcificação 
do plasma através da formação do coágulo e parar 
imediatamente o cronômetro. O tempo gasto em 
segundos para ocorrer a coagulação é o Tempo 
de Protrombina. 
Interpretação: A determinação do TP constitui 
prova de grande valor na avaliação da 
hemostasia, analisando os fatores extrínsecos da 
coagulação. Diagnóstico da coagulação 
intravascular disseminada. Controle de 
terapêutica heparínica e fibrinolítica. O seu tempo 
está prolongado em paciente em uso de heparina, 
depleção do fibrinogênio, doenças hepáticas, 
paraproteínas e disfibrinogenemias 
7.6. Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado 
(TTPa) 
Em princípio esta prova é semelhante ao tempo de 
protrombina. Envolve a recalcificação do plasma, 
porém em presença de uma cefalina proveniente 
de um extrato etéreo de cérebro. A cefalina é uma 
lipoproteína. Funciona como substituto das 
plaquetas, fornecendo uma concentração ótima de 
fosfolípide. 
O tempo de tromboplastina parcial corresponde ao 
tempo gasto para ocorrer à coagulação do plasma 
recalcificado em presença de um fosfolípide ou 
tromboplastina parcial. 
TÉCNICA: 
1. Em um tubo de ensaio de 12 x 75mm aquecido 
a 37°C, colocar 0,1ml de plasma normal e 0,1ml 
de cefalina-caolin. 
2. Agitar uma vez e incubar a 37°C por três 
minutos. 
3. Após os 3 min. adicionar 0,1 ml da solução de 
cloreto de cálcio rapidamente e ao mesmo tempo 
fazer funcionar o cronômetro. O cloreto de cálcio 
tem que estar pré-aquecido por pelo menos 5 min. 
4. Agitar no banho por 25 segundos. Retirar o tubo 
do banho-maria e invertê-lo a cada segundo, 
observando o momento em que houver a 
coagulação. Neste instante parar o cronômetro. O 
tempo gasto em segundos para ocorrer a 
coagulação é o tempo de tromboplastina parcial. 
5. Expressão dos resultados. 
Interpretação: É o melhor dos testes para ser 
usado nas triagens de defeitos da coagulação (via 
intrínseca). Controle de heparinização. O tempoestá prolongado nas deficiências de um ou mais 
fato res (I, II, V, VII, IX, XI e XII) e no uso 
 
 
24 
terapêutico de heparina ou na presença de 
anticoagulantes circulantes. 
7.7. Contagem de plaquetas 
Devido ao seu pequeno tamanho, sua tendência a 
aderir a superfícies estranhas ao endotélio 
vascular e sua rápida desintegração, a contagem 
de plaquetas torna-se problemática por qualquer 
método. 
As plaquetas são contadas por métodos diretos e 
indiretos. Nos métodos diretos elas são 
visualizadas em uma diluição do sangue e 
contadas na câmara de Neubauer através da 
microscopia ótica comum ou de contraste de fase. 
No primeiro caso, temos o método de Rees-Ecker 
e no segundo o de Brecher-Gronkite. Esse último 
é considerado um método de referência para 
contagem de plaquetas. 
No método indireto de Fônio, plaquetas são 
contadas no esfregaço. 
Contagens eletrônicas, exigindo um aparelho de 
alto custo, porém é através deste método de 
contagem que obtemos os resultados mais 
próximos da realidade do paciente. 
 
7.7.1. Método de Fônio 
É econômico e de fácil execução técnica. Na 
mesma preparação examinam-se plaquetas, 
leucócitos e hemácias. Defeitos qualitativos das 
plaquetas, como formas gigantes e bizarras, são 
identificados. 
O sulfato de magnésio impede a aglutinação das 
plaquetas cujo nº pode ser avaliado 
grosseiramente pelo exame do microscópio do 
esfregaço corado comum. 
TÉCNICA: 
1.Através da lâmina de esfregaço preparada na 
sala de coleta, é realizada a coloração pelo 
Método de May-Grunwald-Giemsa. Secar e 
examinar sob imersão. 
2.Contar mil hemácias e, ao mesmo tempo, as 
plaque tas encontradas, anotando seu 
nº.A contagem é feita em vários campos 
sucessivos seguindo linhas longitudinais em 
relação à lâmina. 
3.Realizar a contagem de hemácias na câmara de 
Neubauer. 
Cálculos: 
 
7.7.2. Método de Rees -Ecker 
No sangue convenientemente diluído, as 
plaquetas são contadas por microscopia ótica 
comum na câmara de Neubauer. 
TÉCNICA: 
1. Pipetar 4,0 da solução diluidora no tubo 
2. Com micropipeta aspirar 20 ml de sangue com 
EDTA. Limpar sua parede externa com papel de 
filtro, externamente o volume. 
3. Transferir os 20 ml de sangue para o tubo com 
solução diluidora, lavando com ele o interior da 
pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A 
diluição é de 1:200. 
4. Agitar por inversão 2 minutos, no máximo. 
5. Encher os retículos da câmara de Neubauer. 
6. Sedimentar as plaquetas, repousando a 
preparação por 15 minutos em uma placa de Petri, 
contendo um pedaço de algodão umedecido em 
água (câmara úmida) e em local isento de 
vibrações. 
7. Fazer a contagem microscópica com aumento 
de 400x em 1/5 de mm2, conforme indicado para 
hemácias. É necessário ter experiência para 
distinguir as plaquetas de sujidade. Aquelas 
aparecem como corpos arredondados, ovais ou 
alongados, totalmente refringentes, com 1,5 
mícron de diâmetro. O ajuste do contraste na 
microscopia é indispensável para uma boa 
visualização das plaquetas. 
Cálculos: 
 
 
25 
Plaquetas por ml de sangue = Pc x 5 x 10 x 200, 
ou seja, nº de plaquetas contadas em 1/5 de mm2 
x 10.000. 
Quanto maior o nº de elementos contados menor 
será o erro. Pode ser desejável contar plaquetas 
em todos os 25 quadrinhos do retículo central, 
quando o fator final de multiplicação será de 
2.000.O retículo oposto poderá ser contado, 
totalizando em torno de 300 plaquetas contadas. 
Interpretação: A trombocitopenia, que é a redução 
nas plaquetas circulantes (abaixo de 150.000), 
surge na maioria das vezes de uma ou duas 
causas gerias. Formação deficiente de plaquetas 
(como em estados aplásticos, efeito de 
quimioterapia mielotóxica e por sensibilidade a 
droga), e uma destruição aumentada de plaquetas 
na circulação e no baço (originária geralmente de 
uma sensibilização autoimune das plaquetas, 
tornando-as sujeitas a fagocitose por macrófagos). 
Um aumento do número de plaquetas é 
denominado trombocitose, e correlaciona-se com 
formação de trombos intravasculares. 
12° Módulo: Outros Exames em Hematologia 
8.1. Contagem de Reticulócitos 
Os reticulócitos são precursores das hemácias. 
Contém no seu interior material reticular, 
provavelmente uma ribonucleoproteína que não 
apresenta afinidades pelos corantes comuns. Sua 
demonstração é feita por coloração supravital. Os 
reticulócitos presentes no sangue retirado do 
organismo sofrem morte somática, sendo, porém, 
corados antes que toda atividade vital seja extinta. 
As anemias que cursam com o reticulócito normal 
refletem a incapacidade da medula em responder 
ao estímulo por carência de um fator específico 
para a formação de eritrócitos (ferro na anemia 
ferropriva e eritropoetina na insuficiência renal 
crônica). 
O corante usado é o azul de cresil brilhante, 
associado a um anticoagulante e um preservativo. 
 
TÉCNICA: 
1. Colocar no tubo 2 a 3 gotas da solução corante. 
Em seguida acrescentar 2 a 3 gotas do sangue 
colhido por punção digital ou sangue colhido com 
EDTA. 
2. Misturar e colocar em banho-maria a 37°C de 
15 a 30 minutos. 
3. Retirar de banho-maria. Misturar novamente e 
fazer esfregaços da maneira usual. 
4. Secar e examinar ao microscópio sob imersão. 
5. Contar 10 campos, anotando o número de 
reticulócitos encontrados. Expressar o resultado 
em percentagem e número absoluto. 
6. Opcionalmente pode fazer coloração de fundo 
por Giemsa. 
7. 
 
Interpretação: o resultado é expresso em 
percentual e em número absoluto em relação à 
população de eritrócitos. Sua contagem serve 
para avaliar de forma efetiva a produção de 
eritrócitos, sendo útil no controle terapêutico, no 
diagnóstico diferencial e na classificação das 
anemias. 
 
8.2. Hemossedimentação (VHS) 
A hemossedimentação mede a estabilidade da 
suspensão de hemácias no plasma que, por ser 
menos denso, favorece a sedimentação dos 
glóbulos pela ação da gravidade, quando 
colocados numa pipeta graduada de 0 a 200m 
com 2,5mm d diâmetro interno e 1 microlitro (ml) 
de capacidade. 
As hemácias em suspensão no plasma, colocadas 
na pipeta de Westergren, sofrem sedimentação 
com velocidade variável em função da 
concentração de fibrinogênio e globulinas, 
 
 
26 
tamanhos e forma das hemácias e alterações 
elétricas do plasma e dos glóbulos. 
Inicialmente ocorre a queda individual das 
hemácias, seguida pela agregação dos glóbulos 
com formação de rouleaux e aumento da 
velocidade de hemossedimentação, que se torna 
constante para diminuir numa fase final, quando 
os glóbulos se concentram na porção inferior da 
pipeta. 
O aumento de fibrinogênio e globulinas é também 
responsável pela aceleração da 
hemossedimentação que fornece medida 
grosseira dessas substâncias no plasma. 
TÉCNICA: 
1. Colher 5 ml de sangue do paciente em jejum 
pela manhã. Não apertar demasiadamente o 
garrote, evitando estase venosa. 
2. Colocar o sangue no frasco com anticoagulante 
EDTA e agitar por inversão ou movimentos 
circulares até que se dissolva completamente. 
3. Com pipeta de Westergren aspirar sangue até 
exatamente a marca zero. 
4. Colocar a pipeta no suporte de modo a 
permanecer na posição vertical 
5. Marcar o tempo. 
6. Fazer a leitura em milímetros após uma hora ao 
nível da separação do plasma e hemácias. Nas 
reticulocitoses pode haver uma imprecisão do 
limite de sedimentação, dificultando a leitura 
exata. 
8.3. Pesquisa de Células LE (Lúpus 
eritematoso) 
Os lúpus eritematosos é uma doença de etiologia 
obscura, cujo caráter fundamental é a alteração 
primária e difusa do tecido colágeno. 
Apresenta forma localizada na pele e disseminada 
com acometimento de vários órgãos, ou seja, 
lúpus eritematoso (LED). 
O fenômeno LE é estudado através de técnicas 
imunológicas, histoquímicas, microfotográficas e 
cinematográficas. 
Quatros grupos de técnicas permitem evidenciar o 
FAN: 
1. Testes citomorfológico: pesquisa de células LE. 
2. Fixação de anticorpos fluorescentes sobre o 
núcleo ou seus componentes. 
3. Reação

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