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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS – CAMPUS II CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA ORIENTADOR (A): FABIANA SATAKE ALUNO: VINÍCIUS MENDES GONÇALVES PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA Areia, 2014 2 COLHEITA, CONSERVAÇÃO E REMESSA DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS AO LABORATÓRIO Para obter resultados laboratoriais confiáveis é necessário que as amostras sejam colhidas sob as condições mais adequadas possíveis. Alguns erros comuns que ocorrem no pré, trans e pós-colheita das amostras para realização do hemograma são: Pré-colheita: o animal muito estressado no momento da colheita (irá levar a uma eritrocitose, leucocitose e trombocitose relativas, que será explicado posteriormente); Tubos sujos ou molhados irão diluir o sangue (a água passa para o meio mais concentrado, ou seja, o interior das hemácias “inchando-as” e consequentemente rompendo-as, diminuindo o VG/hematócrito); uso de frascos de vidro para realizar a contagem de plaquetas (os trombócitos/plaquetas irão se aderir ao frasco de vidro comprometendo a contagem); Transcolheita: a colheita traumática, onde se fura várias vezes o animal acaba vindo líquido tissular levando à aceleração da coagulação; Perder o vaso no momento da colheita, se preencher o microtubo com um pouco de sangue o EDTA vai ser consumido, e ao adicionar um pouco mais de sangue ao tubo ocorrerá coagulação. Se a quantidade de EDTA for muito grande, as hemácias vão perder líquido para o meio e ficar “crenadas”; utilizar frascos errados para o transporte do material biológico; trocar os nomes dos pacientes nos tubos; Pós-colheita: o armazenamento errado (deixado em temperatura ambiente por tempo prolongado ou congelar a amostra); fazer o esfregaço sanguíneo após 30 minutos irá provocar alterações na morfologia dos leucócitos; o transporte errôneo (agitação excessiva irá desencadear hemólise; quebra das lâminas); trocar os frascos no laboratório no momento da análise; técnicos mal treinados para realizar as técnicas laboratoriais; Vacutainer; Microtubo tipo “eppendorf”; Antes de se realizar a colheita de sangue, o ideal seria que o animal estivesse 12 horas de jejum, o que auxiliaria na dosagem de glicose e evitaria hiperlipidemia. Se o animal for de pequeno porte e for realizar apenas o hemograma, o vacutainer pode ser utilizado, mas se for necessário um volume bem maior de sangue ou se quiser fracionar o volume do sangue em vários tubos diferentes, utiliza-se a seringa. Algumas observações devem ser levadas em consideração: -Se o animal fez algum tipo de exercício repentino antes de colher o sangue, irá ter uma resposta esplênica (ação da adrenalina), onde ao contrair, o baço libera o seu estoque de hemácias e plaquetas (promovendo uma eritrocitose e trombocitose relativas, ou seja, não é verdadeira, pois no momento em que o animal se acalmar as taxas voltarão ao normal). A adrenalina também aumenta a frequência 3 cardíaca e respiratória, e consequentemente o fluxo sanguíneo pelos vasos, retirando os leucócitos aderidos na parede dos vasos (compartimento marginal) e liberando-os na circulação, o que irá aumentar também na amostra de sangue (leucocitose relativa); - Se o animal está passando por alguma terapia medicamentosa, como por exemplo, o uso de corticosteroides, onde estes irão promover o aumento de neutrófilos hipersegmentados circulantes (será melhor explicado em “leucometria”); os corticoides também aumentam enzimas hepáticas; - Se o animal ingeriu colostro irá aumentar Gama Glutamil Transferase (GGT) em até 200 vezes; -Animais com inanição alimentar, caquéticos, poderão ter alterações tanto hematológicas quanto bioquímicas (hipoalbuminemia, podem ter aumento de uréia por degradação de proteína muscular); - Obesos terão hiperlipidemia; - Os que se alimentam única e exclusivamente de carne terão aumento de uréia e proteínas; Colheita de amostras Quanto aos locais de venopunção, as veias jugulares (Fig. 2) são as melhores para colheita de sangue, pois vem um maior volume de uma só vez, diminuindo os riscos de perder a veia, vir líquido tissular e consequentemente ocorrer coagulação da amostra. As cefálicas (fig. 1) e safenas podem ser utilizadas também, mas de preferência em cães de grande porte. (Fig.1) (fig.2) A coleta de urina pode ser feita por micção espontânea, aguardando o animal urinar. Se for para realizar cultura microbiológica essa técnica não é adequada, pois há contaminação da urina no decorrer da uretra. Cistocentese é a técnica de colheita por punção direta da bexiga com uma agulha e seringa, sendo o melhor método para cultura (deve-se fazer uma antissepsia prévia). O responsável por fazer a colheita deve informar ao laboratório se o sangue presente na amostra é proveniente de algum vaso atingido durante a punção. Processamento da amostra Deve ser feita uma homogeneização cuidadosa, principalmente de amostras sanguíneas para evitar que ocorra hemólise. 4 HEMOGRAMA Após ser colhido, o sangue deve ser armazenado em frasco de plástico (as plaquetas se aderem aos de vidro), devendo respeitar a proporção sangue/anticoagulante. 1,5ml de sangue já é o suficiente para o hemograma. O sangue pode ficar em temperatura ambiente por até 3 horas, após isso começa a ter alterações leucocitárias, e sob refrigeração, 4°C (para reduzir a proliferação bacteriana e evitar hemólise) por 24 horas irá sofrer mínimas alterações. O plaquetograma deve ser feito em até 2 horas da coleta. Os tipos de anticoagulantes: EDTA: na concentração de 10% para sangue de mamíferos e 3-5% para aves e répteis. É o anticoagulante de eleição para a maioria dos exames hematológicos, não devendo nunca ser congelado ou submetido à temperaturas maiores que 37ºC, pois a amostra ficará totalmente inviável. A exposição prolongada provoca alterações nos neutrófilos e monócitos (vacuolização); CITRATO DE SÓDIO: é o ideal para os testes de coagulação na concentração de 3,8%; FLUORETO DE SÓDIO: é o mais adequado para a dosagem da glicemia, pois atuam impedindo que as hemácias consumam a glicose presente na amostra (a dosagem deve ser feita em até 6 horas da colheita). HEPARINA: é o de eleição para aves e répteis, não sendo recomendado para as outras espécies por causar alterações morfológicas das células sanguíneas. É utilizada quando quer dosar cálcio, pois diferente dos anteriores, ela não é quelante do cálcio e sim evita a conversão de pró-trombina em trombina na cascata de coagulação. Ao receber a amostra de sangue para realização do hemograma, a primeira coisa a ser feita é o esfregaço sanguíneo (em até 30 minutos), para evitar que ocorram alterações na morfologia dos leucócitos. Pode ser corado em até 48 horas, desde que esteja fixada com o metanol. Passo a passo: antes de confeccionar o estiraço, é preciso que a lâmina esteja limpa, sem gordura dos dedos (passando álcool 70%). 5 A- Coloca-se uma pequena gota de sangue em umas das extremidades da lâmina que está na horizontal (sobre a bancada); a segunda lâmina ou extensora é posta sobre a primeira à frente da gota de sangue (formando um ângulo de 30-45°); B- Vai deslizando a extensora para trás, até que encoste no sangue e ele se espalhe por sua borda; C- Em seguida, sem exercer força, desliza a extensora pra frente até a outra extremidade de forma rápida e única (sem pausas); D- O esfregaço contendo uma porção mais espessa, uma boa área para observação e a franja que serve mais para pesquisa de hemoparasitos. O esfregaço sanguíneo é importante para poder fazer o diferencial dos leucócitos (podendo contar 50 leucócitos na borda superior e 50 na inferior, seguindo o sentido da linha amarela, andando dois campos pra frente, dois pra dentro, etc. pode ser feita emdiagonal, ilustrada pelas setas vermelhas, indo de uma borda a outra até que se conte 100 leucócitos) e avaliar importantes alterações que podem estar presentes nos leucócitos, hemácias e plaquetas. Quando o animal tiver leucopenia (poucos leucócitos) deve-se realizar a contagem dos leucócitos na objetiva de 40x, mas se tiver leucocitose, conta-se 100 células em linha reta em cada lateral da lâmina, soma e tira uma média. Para a Bioquímica utiliza-se o soro sanguíneo, ou seja, colhe-se o sangue sem anticoagulante, deixa o tubo inclinado (podendo por em banho-maria 37°C para acelerar a coagulação) e espera coagular, em seguida centrifuga o tubo e separa o soro do coágulo que irá se formar no fundo do frasco. A presença de hemólise ou hiperlipidemia pode interferir nos resultados quando se dosa atividade de algumas enzimas. A hiperlipidemia pode ser corrigida ao administrar heparina por via IV (100UI/kg). *HEMATOPOIESE É a produção de células do sangue, compreendendo a eritropoiese (hemácias), leucopoiese (leucócitos) e trombocitopoiese (plaquetas), podendo ser dividida em duas fases: Pré-natal: o sangue e vasos sanguíneos começam a se formar no saco vitelínico, sendo primeiro formado os vasos por diferenciação das células mesodérmicas. Depois dos vasos as células mesenquimais vão formar as células sanguíneas primitivas, chamada de ilhotas sanguíneas. As células começam a e multiplicar dentro dos vasos e migram para o fígado, que se torna um órgão hematopoiético, ou seja, produtor de células, seguido pelo baço, medula óssea, timo e linfonodos. Pós-natal: antes do nascimento a medula óssea passa a ser exclusivamente produtora de células, com exceção dos camundongos, onde o fígado continua sendo órgão hematopoiético. 6 A atividade hematopoiética (produtora de células sanguíneas) se limita aos ossos chatos e extremidades dos ossos longos. Os locais de predileção pra colher medula óssea são no esterno (é melhor, pois ao fazer a punção não vem sangue circulante) e tuberosidade do ísquio (geralmente vem sangue circulante e atrapalha na leitura – muitas hemácias). Fisiologicamente no organismo são produzidos cerca de 2,5 bilhões/kg/dia de hemácias e plaquetas, 1 bilhão/kg/dia de leucócitos. Atualmente se aceita que na medula óssea esteja presente uma célula pluripotencial indiferenciada, que ao se dividir, vai dar origem a uma célula idêntica a ela (pra manter a população produtora na medula) e outra célula que é chamada de unidade formadora de colônia (UFC). Essa UFC pode dar origem a uma UFCe (eritróide – dará origem às hemácias), UFCm (megacariocítica- dará origem às plaquetas), UFCmm (mielóide –dará origem aos leucócitos (granulócitos ou monócitos)) e ainda tem a que dará origem aos linfócitos (linfóide). Eritropoiese Rubroblasto > Prorrubrócito > rubrócito > metarrubrócito > reticulócito > eritrócito Rubroblasto ou rubriblasto: é uma célula grande, com o núcleo bem redondo, cromatina frouxa e granular, nucléolos bem proeminentes, citoplasma azul-escuro; Prorrubrócito ou prorrubrícito: célula tão grande ou maior que o rubroblasto, núcleo redondo, nucléolos bem definidos ou não, cromatina grosseira. Citoplasma azul com traços vermelhos. Rubrócito ou rubrícito: menor que o seu antecessor, núcleo redondo, sem nucléolos e sim aglomerados de cromatina e o citoplasma predominantemente azul, com maior quantidade de vermelho. Metarrubrócito ou metarrubrícito: menor que o antecessor, o núcleo está bem condensado (cromatina densa), pequeno e excêntrico (fora do centro), o citoplasma é bem mais azul- avermelhado. Está célula está prestes a expulsar o núcleo para tornar-se um reticulócito. Reticulócito: são eritrócitos imaturos, azulado, pouco maior que as hemácias devido à quantidade de organelas presentes em seu citoplasma. Organelas estas produtoras de proteínas, como a hemoglobina. Quando são observados na coloração do panótico rápido na lâmina de sangue total, são chamados de eritrócitos policromatofílicos, ou pode-se dizer que há presença de policromasia na lâmina. 7 Hemácia: após a expulsão das organelas, o reticulócito torna-se hemácia, com sua quantidade normal de hemoglobina. Por perderem suas organelas, não produzem mais proteínas, sendo incapazes de reparar qualquer dano à sua membrana, morrendo rapidamente. Morfologia das hemácias: as hemácias de mamíferos são anucleadas, diferentemente dos répteis, peixes, anfíbios e aves. A hemácia dos mamíferos possui um halo central pálido devido à forma bicôncava, com menor teor de hemoglobina nessa área (isso confere uma flexibilidade maior para passar nos capilares e uma troca melhor troca de oxigênio). Nas espécies com hemácias pequenas, como os gatos, ruminantes e equinos, esse halo central pálido não é notado. Fig 1. Hemácias de ave (nucleadas); Fig 2. Hemácias de mamíferos; Eritropoiese é o processo de produção de hemácias, à medida que as células precursoras das hemácias vão amadurecendo vai ocorrendo: perda de organelas, diminuindo de tamanho, núcleo vai se condensando, e aumentando a síntese de hemoglobina. A Eritropoiese é dividida em duas fases, sendo a primeira de divisão celular e a segunda de síntese de hemoglobina. Os nutrientes necessários na primeira fase são: nessa fase ocorre a síntese do material genético e bases nitrogenadas, sendo necessário de vitamina B12 e Ácido Fólico (maturadores). Então, se há falta dessas substâncias, não irá ocorrer a maturação (divisão) das “hemácias” e serão liberadas grandes na circulação, adquirindo uma anemia (porque uma hemácia jovem que iria dar origem a 16-32 hemácias, não vai se dividir) macrocítica (pois vão ser grandes, mas não é indicativo de regeneração). Na segunda fase ocorre síntese da hemoglobina, são necessários: ferro, aminoácidos para síntese de globina, cobre em pequena quantidade, vitamina B6 é um cofator enzimático e traços de cobalto e níquel. Formação de hemoglobina: 5-ala-sintetase (B6 é um cofator enzimático que atua sobre a 5-ala- sintetase) é uma enzima necessária para produção de aminolevulinato que leva a formação de porfobilinogênio, que dará origem à protoporfirina, que junto ao ferro formam-se 4 hemes, se unindo a globina e formando hemoglobina. Para que ocorra a produção de hemácias deve haver um estímulo, que é feito através da eritropoietina, uma citocina eritropoiética produzida nos rins (células justaglomerulares) e no fígado (15%), com exceção dos cães, que é restrito aos rins. Quando o animal está anêmico, ocorre um déficit na oxigenação do organismo levando a uma hipóxia tissular, isso estimula a liberação de um fator induzido pela hipóxia (HIF-1) que é fator de transcrição, ou seja, ele vai se ligar à fita de DNA e fazer com que a RNApolimerase transcreva um RNAmensageiro da eritropoietina. Então, toda vez que há hipóxia é 8 produzido o HIF-1, que adentra na célula justaglomerular (rins) ou de Kupffer (fígado), vai até o núcleo induzir a produção de eritropoietina, que cai na corrente sanguínea e vai até a medula óssea atuar: Diminuindo a apoptose das células progenitoras eritróide, então uma célula que entraria em apoptose, irá continuar a se desenvolver e dar origem a mais 16-32 novas células. Aumentando o número de unidades formadoras de colônias (UFC); Diminuindo o tempo de liberação de hemácias da medula óssea, então as células jovens mesmo sem receptores de membrana saem da medula por estímulo da eritropoietina (fisiologicamente as hemácias maduras possuem receptores de membrana, onde se ligam citocinas e fazem com que elas deixem à medula). 1-Quais os corantes utilizados para visualização dos reticulócitos? São os chamados corantes supravitais, o NAM (normo azul de metileno) e o ACB (azul de cresil brilhante). Esses corantes promovem uma agregação nas organelas, formando redes (retículos – daí o nome) de organelas condensadas sendo facilmente visualizadas. Quando se cora com o panótico, não ocorre essa agregação, as organelas ficam espalhadas e ficam de cor azul-acinzentada, devendo ser chamado de policromasia/policromatofília. Fig 1. Reticulócitos (corante supravital – ACB); Fig 2- policromasia (corante: panótico)/seta; Observações: -As hemácias são compostas basicamente por 65% de água e 35% de sólidos (hemoglobina); -O volume de sangue total é de 7% do peso vivo, ou em mL/Kg: Cão: 72-74 ml/Kg; Gato: 62-70; Boi: 64-82; Cavalo: 75-90; -Em relação à sobrevida x taxa metabólica: quanto maior o tamanho, > o tempo de vida, < a taxa metabólica; quanto menor o tamanho, < tempo de vida, > taxa metabólica; HEMOCATARESE (destruição das hemácias) Com o passar dos dias, as hemácias vão sofrendo lesões/danos em suas membranas e por não terem a capacidade de se regenerar vão ficando rígidas, perdendo a flexibilidade e a capacidade de passar pelos capilares do baço, medula óssea e fígado, onde acabam ficando presas, expondo o antígeno eritrocitário banda 3 (imunologia*) em sua membrana, ocorrendo uma ligação dos macrófagos do “sistema mononuclear fagocitário” e fagocitose. A hemácia após ser fagocitada, será destruída pelo macrófago, liberando hemoglobina que será quebrada em globina (que segue para corrente sanguínea na forma de aminoácido) e heme (é quebrado em biliverdina e ferro, que fica estocado no baço, medula óssea e fígado). A biliverdina redutase 9 transforma a biliverdina em bilirrubina, que cai na corrente sanguínea, se une à albumina ficando na forma não-conjugada (indireta), segue para o fígado pelo sangue. No fígado a BI se desprende da albumina e se liga ao ácido glicurônico, tornando-se conjugada (direta). Segue para vesícula biliar e é eliminada no intestino, sofrendo ação da microbiota se transformando em urobilinogênio. Cerca de 10% é reabsorvido, parte irá formar mais sais biliares e o resto é eliminado na urina na forma de urobilina. Os 90% são eliminados nas fezes na forma de estercobilina. Um insuficiente hepático não consegue converter com eficácia a BI em BD, ocorrendo o seu aumento no sangue, sendo possível dosar. Nos casos de Colestase, obstrução biliar, onde não elimina a BD ela irá aumentar na circulação sanguínea. 2- Explique como podemos diferenciar laboratorialmente as causas pré-hepática, hepática e pós-hepática de icterícia. Na prática conseguimos dosar Bilirrubina Total (BT) e bilirrubina Direta/conjugada, então para obter- se a bilirrubina indireta é só: BT-BD = BI Na icterícia pré-hepática: ocorre uma intensa destruição de hemácias, e a grande concentração de bilirrubina liberada se ligam à albumina, mas o fígado não dá conta de converter a BI em BD. Ao dosar bilirrubina haverá aumento da BI. Além de outros sinais de hemólise encontrados ao se fazer um hemograma (esferocitose, reticulocitose, etc.), além do aumento das atividades enzimáticas (ALT; AST); Na hepática: o fígado é o responsável por converter BI em BD e produzir albumina, que por sua vez é responsável por carrear a bilirrubina no sangue. Ao dosar, irá ter aumento de BI e hipoalbuminemia. Na pós-hepática: a bilirrubina não-conjugada já foi convertida em conjugada, e quando há Colestase por exemplo, a BD não consegue ser eliminada, tornando à circulação. Ao dosar terá aumento de BD, urina mais amarelada (eliminação aumentada pelos rins), aumento da atividade da Fosfatase Alcalina. O Hemograma é dividido em eritrograma (série vermelha), Leucograma (série branca) e plaquetograma (plaquetas). ERITROGRAMA Devemos quantificar: Volume Globular (VG) ou Hematócrito (Hct); Concentração de Hemoglobina (técnica de cianometahemoglobina); Hematimetria (Número de hemácias por Litro); Índices de Wintrobe (VGM e CHGM); Contagem de Reticulócitos; *Volume Globular (Hematócrito) O VG corresponde à porcentagem de hemácias presentes no sangue, é um método confiável que possui maior reprodutibilidade com menor erro. É utilizado como base pra outros exames, mas quando se tem hemólise o exame confiável passa a ser a [Hemoglobina], que não se altera. 10 É determinado através da técnica de micro-hematócrito. Deve homogeneizar o sangue (com EDTA), em seguida preencher 2 capilares (1 para o hematócrito e PPT e o outro para o fibrinogênio) de vidro por capilaridade, preenchendo cerca de 70%. Em seguida, os capilares são postos na horizontal e vedados em uma das extremidades com massa ou fogo. Por último eles são postos na centrífuga de micro- hematócrito com a parte vedada para fora, e posto para rodar numa velocidade de 12.000rpm por 5 minutos. Terminado a centrifugação, os capilares são levados para uma “régua” onde avaliará a proporção entre a papa de hemácias e o plasma e determinar a % de hematócrito. O resultado é dado em porcentagem e deve ser passado para L/L, dividindo por 1000 (ex.: 35% /1000 = 0,35 L/L). Preenchendo o capilar; selando com massa; centrífuga; Capilares nos dois tipos de escalas, para medir o hematócrito; após centrifugação: Capilar preenchido por sangue antes de centrifugar; Plasma; Papa de leucócitos Papa de hemácias Ao observar na seguinte ordem: Plasma: a coloração pode estar transparente (normal), amarelada (hiperbilirrubinemia), turvo/branco (lipemia) ou avermelhado (hemoglobina/hemólise); Papa de leucócitos: só serve para nos dar uma noção geral da leucometria global. Por exemplo, se o animal tiver uma infecção como uma piometra, esta papa vai estar maior. Quando o sangue possui muitas hemácias nucleadas (jovens) elas ficam misturadas com os leucócitos ficando levemente avermelhado. Técnica de Woo: leva o capilar ao microscópio, se tiver microfilárias ou Trypanossoma, observa-se uma movimentação ondular no local entre a papa de leucócitos e hemácias. Quantifica o VG: colocando na escala; 11 *Concentração de Hemoglobina (g/L) É feito pela técnica de Cianometahemoglobina no aparelho de espectrofotometria, onde através de um foco de luz emitido pelo aparelho se obtém a [] de hemoglobina na amostra. Toda vez que ocorrer hemólise da amostra (diminui o VG e hematimetria) essa técnica passa a ser a mais confiável, pois a concentração de hemoglobina não se altera, é fidedigno/preciso para estimar a “quantidade de hemácias que há na amostra”. [perguntar] 3- Quais são as causas de falso aumento da concentração de hemoglobina? E a causa verdadeira? Quando a amostra estiver lipêmica (aumento de lipídeos – turva), com hiperbilirrubinemia ou hiperproteinemia, ocorrerá um “escurecimento” da amostra, e durante a leitura no espectrofotômetro passa pouca luz e o aparelho capta/interpreta como se fosse aumento de hemoglobina. Quando houver eritrocitose (aumento no número de hemácias acima do valor de referência) ocorrerá aumento verdadeiro da concentração de hemoglobina. *Hematimetria (número de hemácias por litro de sangue) Unidade x10 12 /L A quantidade de hemácias pode ser analisada através do uso de aparelhos próprios, ou da contagem manual na câmara de Neubauer. Índices de Wintrobe São utilizados o VG, hematimetria e a hemoglobina para calcular. VGM (volume globular médio) é um índice de tamanho das hemácias: VGx1000 = fL Se o valor após calculado ficar abaixo do valor de referência, a anemia é HMC classificada como MICROCÍTICA, se estiver dentro do valor é NORMOCÍTICA e se estiver acima é MACROCÍTICA. Esses índices só são utilizados pra classificar as anemias,se o animal não apresentar anemia no hemograma não é necessário classificar, apenas calcular. Microcitose: a principal causa de microcitose é por deficiência de ferro por má nutrição ou hemorragias crônicas, onde o organismo vai perdendo o estoque de ferro. Macrocitose: a principal causa é o aumento de células imaturas (reticulócitos), ou por liberação de células mais jovens ainda (rubrócitos, rubroblastos, etc). Pode ocorrer nos casos de deficiência de vitaminas (B12 e ácido fólico), as hemácias jovens sofrem uma maturação do citoplasma, mas um atraso na maturação do núcleo e não conseguem se dividir, tornando-se hemácias grandes (megaloblastos). Normocitose: pode ocorrer em hemorragias agudas. Quando ocorre uma hemorragia ou hemólise, a medula só irá responder produzindo e liberando reticulócitos em 2-4 dias, e até que isso ocorra, a anemia irá continuar sendo Normocítica Normocrômica. Ainda pode não ter dado tempo de responder, ou ela não irá responder nos casos de hipoplasia e aplasia de medula. 12 CHGM (Concentração média de hemoglobina nas hemácias) é um índice de cor: Hb x 100 = g/dL ou __Hb__ Classificada em Normocrômica ou Hipocrômica; o mesmo serve VG VGx10 para o CHGM, se não houver anemia não tem pra que classificar. A hipercromia não é levada em consideração, pois só haverá quando o animal tiver uma eritrocitose (aumento de hemácias). Mas, se a amostra estiver lipêmica, ou com hiperbilirrubinemia, hiperproteinemia, vai dá um aumento de hemoglobina e consequentemente com CHGM. Pipetar sangue demais na hora de diluir para dosar hemoglobina, ou reagente de menos. Deve-se justificar o aumento de CHGM no exame, caso consiga identificar a causa. Normocrômica: mais comum quando a medula ainda não respondeu à perda de hemácias (não deu 2-4 dias da hemorragia ou hemólise). Hipocrômica: geralmente são macrocíticas por aumento de reticulócitos (ainda não sintetizou toda a hemoglobina); se for microcítica, pode ser por deficiência de ferro. 4- Os cavalos tem uma particularidade, não liberam reticulócitos na corrente sanguínea, sabendo disso, qual a forma de saber se está ocorrendo regeneração pela medula óssea? Por não apresentar macrocitose ou reticulocitose, devem ser feitos vários hemogramas seriados a cada 4 ou 5 dias para avaliar essa regeneração a partir dos valores da hematimetria (número de hemácias). 5- Quais são as formas que temos de saber se a medula óssea está respondendo? Através da quantificação de reticulócitos, observação de células nucleadas (metarrubrócito, rubrócito, etc.) e policromasia na lâmina, além de corpúsculos de Howell Jolly, ponteado basófilo (mais comum em hemácias de bovinos). Exemplos: O animal que apresenta uma reticulocitose: Terá aumento do VGM devido ao número de hemácias grandes, porém os reticulócitos possuem a concentração menor de hemoglobina. Portanto, classifica-se: Anemia macrocítica hipocrômica regenerativa. Ao olhar na lâmina irá ter policromasia acentuada. Ex.: Um animal saudável sofre uma perda excessiva de sangue repentinamente, obteve uma anemia. Ocorrerá uma hipóxia tissular que fará com que seja liberado o HIF-1, produção de eritropoietina, que atua na medula para aumentar a produção de hemácias, diminuir apoptose, liberar células jovens na circulação, e tudo isso irá ocasionar em: Anemia (perda grande de hemácias) Macrocítica (aumento de células jovens sendo produzidas, principalmente reticulócitos) hipocrômica (os reticulócitos ainda estão sintetizando hemoglobina, portanto possuem um teor menor) regenerativa. Animais que possuem uma deficiência em algumas vitaminas (B12 e ácido fólico): vão ter um tipo de anemia chamada de “megaloblástica”, ou seja, ocorre um defeito na maturação dos núcleos das hemácias jovens, enquanto o citoplasma 13 continua se desenvolvendo e produzindo hemoglobina, sendo essas células chamadas de megaloblastos. São duas vezes maiores que uma hemácia normal, com o citoplasma bem desenvolvido, cheio de hemoglobina, porém com o atraso na expulsão do núcleo. Então essas células imaturas não se dividem (a hemácia fica bem grande e expulsa o núcleo mesmo havendo esse atraso), e não vão dar origem a 32 novas hemácias (medula hiporresponsiva), e o animal vai adquirir uma anemia, que será macrocítica devido à grande quantidade desses megaloblastos e não por estar havendo regeneração, coisa que não ocorre, pois há ausência de reticulócitos (sem policromasia). Anemia Macrocítica Normocrômica (a quantidade de Hb está normal) Arregenerativa. Caso de livro: 6- Existem ainda as condições em que as hemácias ficam pequenas, são os micrócitos e os esferócitos: Micrócito: quando há uma deficiência em ferro, as hemácias não conseguem sintetizar a quantidade suficiente de hemoglobina, sendo preciso que essas células sofram uma divisão adicional para que consigam ficar com a concentração normal de hemoglobina no citoplasma. Então ficam pequenas e com um halo pálido no centro (biconcavidade). É comum nas hemorragias crônicas onde perde sangue constantemente, a medula vai regenerando, porém o estoque de ferro vai encerrando (suplementar ferro injetável, e na dieta). Alta carga de Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., neoplasias, etc. Esferócitos: é quando uma hemácia normal fica pequena porque parte do seu citoplasma foi fagocitado por um macrófago que se ligou à membrana contendo algum antígeno ou imunocomplexos (Ac+Ag) e acabou fagocitando. A hemácia sem parte de sua membrana consegue se reestruturar (não regenerar) e se manter ainda arredondada, porém pequena, sem o halo pálido no centro e com a mesma quantidade de hemoglobina (por isso fica bem vermelha). É encontrado nas anemias imunomediadas/autoimunes causadas por babesia, viroses (forma-se imunocomplexos que se depositam na membrana das hemácias favorecendo à ligação dos macrófagos e fagocitose), etc. Gato: na foto estão presentes três eritroblastos, o da seta laranja está com o citoplasma não desenvolvido (azul-escuro, com pouca hemoglobina, deveria estar avermelhado), o da seta preta apresenta o que foi falado acima, um atraso na maturação do núcleo e o desenvolvimento normal do citoplasma. Observar a coloração citoplasmática avermelhada, indicando que há uma concentração normal de hemoglobina (deveria estar azul-escuro). O gato apresentava uma anemia severa com VGM muito alto (macrocítica), mas nenhum aumento de reticulócitos (arregenerativa). Daniela Dantas Highlight windows Realce windows Realce windows Realce windows Sublinhado windows Sublinhado 14 Fig 1. Micrócitos (halo central pálido); Fig 2. Esferócitos (sem halo central); O VGM pode estar menor como no caso da microcitose, ou normal no caso da esferocitose. Quando se formam os esferócitos também ocorre hemólise de parte das hemácias, e isso provoca uma estimulação à medula óssea, que aumenta a produção (regeneração intensa), liberando células jovens na circulação, então os reticulócitos (maiores que as hemácias) em grandes quantidades compensam a esferocitose. *Contagem de Reticulócitos (% de reticulócitos em 100% de hemácias) É muito útil para classificar as anemias, sendo um indicador da função da medula óssea em liberar células jovens. Assim que os metarrubrócitos eliminam o núcleo condensado tornam-se reticulócitos, que são precursores das hemácias, contendo organelas (mitocôndrias e ribossomos) em seu citoplasma, para produzir hemoglobina que ainda não está em concentrações adequadas em seu interior. Após 1-2 dias após a perda do núcleo os reticulócitos perdem suas organelas tornando-se hemácias. Em um tubo de ensaio adiciona o corante supravital(novo azul de metileno ou azul de cresil brilhante) e uma quantidade do sangue do animal, leva ao banho-maria por 20 minutos (37°C), após, faz um esfregaço na lâmina com essa amostra, aguarda secar e faz a contagem. Vai contando 1000 hemácias em diferentes campos e anotando a quantidade de reticulócitos, para depois calcular: Ex.: 1000 hemácias e 10 reticulócitos; Se em 1000 hmc______10 retic. Em 100 _________ X X= 1 % Após achar a %, faz-se o: Reticulócito corrigido: % reticulócitos x VG do paciente VG médio da espécie Ex.: cão, com VG: 18; reticulócitos: 1%; VG médio para espécie: 46 (37-55); RC = 3% x 18 RC= 1,17 46 15 Obs.: A contagem de reticulócitos é útil em cães e gatos, e tem uma aplicação de vacas, porém os equínos não liberam reticulócitos na circulação. Se o animal está com o VG muito baixo e os reticulócitos estão em quantidades normais, significa dizer que ou ocorreu uma perda aguda de sangue e a medula ainda não respondeu (precisa de 2-4 dias) ou ela não está respondendo (hiporresponsiva), sendo uma anemia Arregenerativa. I N F O R M A Ç Õ E S A D I C I O N A I S *Proteínas Plasmáticas Totais (PPT) Após centrifugar os 2 capilares, um deles é quebrado na divisão entre a papa de leucócitos e o plasma, onde este é depositado no refratômetro e medido a [] de PPT, que é dada em g/L. *Fibrinogênio Plasmático O segundo capilar centrifugado vai para o banho-maria 56°C por 3 minutos, e em seguida é centrifugado novamente (5 minutos 12.000 rpm). O fibrinogênio será convertido em fibrina e durante a rotação irá precipitar e ficar junto à papa de leucócitos. Então, quebra o 2º capilar e avalia as PPT, depois calcula-se: 1ºPPT – 2ºPPT = fibrinogênio PPT:F = PPT –FP FP Causas de Hipoalbuminemia com Hipoglobulinemia Hemorragias: ocorre uma perda proporcional de todos os componentes do sangue. Perdendo albumina e globulinas, e após a hemorragia ocorre uma passagem dos fluidos intersticiais passam para circulação e dilui os componentes sanguíneos. Enteropatia com perda de proteínas: em algumas enfermidades inflamatórias no intestino, ocorre o extravasamento de albumina e globulina para o lúmen, sendo posteriormente digeridas e excretadas. Queimaduras graves: devido ao aumento da permeabilidade vascular, ocorre extravasamento dessas proteínas, mas, em muitas vezes a perda de líquido (desidratação) e aumento de globulinas. Derrames cavitários: acúmulo de líquido proteico em cavidades. Causas de Hipoalbuminemia com Teor de Globulinas Normal ou Aumentado Insuficiência Hepática: o fígado é o maior produtor de albumina, e por ter uma capacidade regenerativa e de reserva, muitos distúrbios não provocam a diminuição da produção proteica. Quando fígado perde mais de 75-80% de sua massa irá ocorrer a hipoalbuminemia por diminuição da produção. ≤ 10 – aumento de FP devido à desidratação; >10 e <15 – aumento FP é real; ≥ 15 – o aumento FP é real e acentuado; 16 Inanição: o fígado utiliza aminoácidos para a síntese de albumina, e quando há inanição ocorre a diminuição na produção. Parasitismo gastrointestinal: os parasitas podem consumir os aminoácidos intestinais e diminuir a absorção, com isso não se formará albumina. Caso os parasitas se liguem à mucosa e ingiram sangue por longos períodos, irá ocorrer a perda de albumina e também globulinas. Má absorção intestinal: síndrome da má absorção intestinal, menor absorção de aminoácidos e menor formação de albumina. Esses animais geralmente apresentam fezes diarreicas crônicas; Insuficiência pancreática exócrina (IPE): com a deficiência na liberação de enzimas digestivas pelo pâncreas, não ocorrerá digestão de proteínas em aminoácidos, que não serão absorvidos e consequentemente não terá produção de albumina. Os animais apresentam sinais típicos, com fezes em grandes volumes e amolecidas. Doença que provoca uma perda acentuada de albumina Doenças renais/glomerulares: a albumina é menor que a globulina, então em lesões glomerulares graves ocorrem o extravasamento proteico para a urina, ocasionando em hipoalbuminemia com globulinas normais. Causas de aumento da concentração de proteína Hiperalbuminemia e hiperglobulinemia: aumenta apenas em casos de desidratação. Nota-se o hematócrito aumentado ou próximo ao limite superior. Hiperglobulinemia (gamaglobulina, betaglobulina e alfaglobulina): a alfa e beta aumentam em doenças inflamatórias, na fase aguda. Causas de aumento de fibrinogênio Desidratação: aumenta junto com outras proteínas; Inflamação: é um importante componente do hemograma de ruminantes, pois sua concentração de eleva muito nos processos inflamatórios, enquanto nas outras espécies é inespecífico. Doença renal: a glomerulonefrite promove o aumento de fibrinogênio em cães e ruminantes; Nas hemorragias crônicas, onde o fígado aumenta a produção e quando há fraturas (calo fibroso), piometra (gatas), cinomose, parvovirose, enterites, erliquiose, peritonite séptica; A N E M I A S É a diminuição da massa eritróide (série vermelha), são classificadas como regenerativas ou arregenerativas baseando-se na resposta da medula óssea. Anemia Regenerativa Ocorre uma perda acentuada de hemácias, entretanto a produção se mantém aumentada com a finalidade de retornar a massa eritróide ao valor basal. A anemia regenerativa pode ser causa por: 17 Hemorrágica: aguda – quando ocorrem traumas com rupturas de grandes vasos e perda intensa de sangue, o hematócrito fica normal, devido à perda de hemácias e plasma na mesma proporção, porém, com o tempo o líquido intersticial começa a ser deslocado para o plasma a fim de tentar reduzir as perdas (hipovolemia) e aumentar o volume sanguíneo, com isso o hematócrito começa a reduzir (diluição do sangue) e a anemia começa a ficar evidente. Após 2-4 dias os reticulócitos começam a ser liberados em quantidade maior, tornando uma anemia Macrocítica hipocrômica que vai variar de acordo com o grau de anemia com a resposta da medula. A reticulocitose aumenta o VGM, pois são hemácias de maior tamanho, porém diminui o CHGM por possuírem uma menor quantidade de hemoglobina sintetizada em seu citoplasma. Causas = procedimentos cirúrgicos, traumas, desordens de coagulação e deficiência de vit K (ingestão de dicumarínicos, warfarin, etc.). Com a cronicidade da hemorragia e perda constante de ferro, a anemia passa a ser Microcítica hipocrômica. O ferro é essencial para formação de hemoglobina, com sua deficiência as hemácias sofrem uma ou mais divisões adicionais para conseguir atingir uma concentração adequada de hemoglobina em seus citoplasmas, ficando pequenas ou microcíticas (Micrócitos). Causas = lesões gastrointestinais, neoplasias “sangrantes” (hemangiossarcoma), trombocitopenias, parasitas (pulgas, carrapatos, parasitas intestinais, etc.). Quando a hemorragia é interna (em cavidades), as hemácias são destruídas e o ferro é reutilizado. Hemolítica: a hemólise, ou destruição dos eritrócitos pode ocorrer intravascular, onde ocorre dentro dos vasos, havendo um aumento na hemoglobina circulante, que pode passar a ser eliminada pela urina (hemoglobinúria). Causada por Clostridium perfringens tipo A, Leptospira spp.,Mycoplasma haemofelis (gatos) agentes que provocam a formação de metahemoglobina (alho, cebola, paracetamol, etc.), imunomediada (transfusão incompatível ou isoeritrólise neonatal), medicamentos (cefalosporinas, penicilinas, levamisol, etc.). A hemólise extravascular ocorre no baço, mediada por células do sistema mononuclear fagocitário (macrófagos), que removem as hemáciasdanificadas que vão passando, doenças imunomediadas (transfusão), ingestão de substâncias oxidantes (alho, cebola, etc.), hemoparasitas. São as mesmas causas. Os animais com anemia hemolítica possuem uma alta regeneração medular, com a concentração de reticulócitos muito superior às causadas por hemorragias, pois as hemácias destruídas liberam seu conteúdo na circulação, sendo utilizados para formação de novos eritrócitos, portanto uma resposta medular mais rápida e exacerbada. Anemia Arregenerativa (não-regenerativa) Esse tipo de anemia é resultado de eritropoiese ineficiente (anemias por defeito de maturação) ou reduzida produção de hemácias (anemias hipoproliferativas). Classificada em Primária, cujas causas são por aplasia de medula (idiopático), uso de corticoides por tempo muito prolongado, medicamentos windows Realce windows Realce 18 (cloranfenicol), insuficiência renal crônica (diminuição de eritropoietina), agentes infecciosos (FIV, Felv, cinomose, erliquiose), qualquer doença crônica inflamatória. Secundária tem como principal causa a falta de nutrientes essenciais para produção de hemácias. Anemia por defeito na maturação de núcleo: são as anemias megaloblásticas já comentadas anteriormente. Causa uma Anemia Macrocítica (podendo ser normocítica) Normocrômica Arregenerativa. São mais comuns em gatos que em cães, onde o vírus da leucemia felina (Felv) está envolvido. Anemia por defeito na maturação do citoplasma: a principal característica dessa anemia é um defeito na síntese de hemoglobina, então a maturação do núcleo da hemácia continua, mas o citoplasma não. As principais causas são por deficiência de ferro ou B6 e intoxicação por chumbo. A deficiência de ferro = o ferro é essencial para a sintetização de hemoglobina, sendo ela responsável por cessar a divisão das hemácias quando sua concentração citoplasmática está ideal. Se a hemoglobina não está sendo formada ou em pouca quantidade, isso promove uma divisão a mais nas hemácias (duplicação adicional) ficando menores, Microcíticas e Hipocrômicas/Normocrômica. Acometem principalmente neonatos de todas as espécies, sendo a anemia Ferropriva dos suínos comum em recém- nascidos que ficam privados de locais que contenham terra (ferro). Em adultos é mais comum por hemorragias crônicas. Anemia das doenças crônicas inflamatórias: é a forma mais comum nos animais domésticos. Os achados compreendem uma Anemia (hematócrito de 17-35%) Normocítica Normocrômica e a presença de Leucograma inflamatório (ocorre a liberação de citocinas que inibem a proliferação eritróide). Doenças neoplásicas, distúrbios imunomediados e infecções também podem estar envolvidos com esse tipo de anemia. Hipoplasia eritróide seletiva: ocorre apenas a diminuição na produção de hemácias, estando os leucócitos e plaquetas normais. Pode ser causada por deficiência de eritropoietina nas IRC. Hipoplasia medular generalizada: anemia, leucopenia e trombocitopenia severa. Em alguns casos de Erliquiose, Felv, animais submetidos à quimioterapia, endrocrinopatias, AIE, etc. Obs.: Deficiências nutricionais: o ferro, o ácido fólico e B12 já foram comentados anteriormente. A deficiência de cobalto nos ruminantes faz com que a vitamina B12 não se forme no rúmen por ação dos microrganismos levando também a uma Anemia Normocítica Normocrômica Arregenerativa. A intoxicação por cobre em ruminantes, especialmente em ovinos resulta em uma anemia regenerativa hemolítica por formação de corpúsculos de Heinz. O cobre fica acumulado no fígado e em situações estressantes é liberado, resultando em uma crise hemolítica. A deficiência do mesmo também leva à formação de corpúsculos de Heinz. Daniela Dantas Highlight Daniela Dantas Highlight Daniela Dantas Highlight windows Realce windows Realce 19 ERITROCITOSE É definida pelo aumento da massa de eritrócitos circulantes, sendo encontrada em livros como “policetemia”, porém esse termo é designado para o aumento de todos os componentes do sangue (leucócitos, hemácias e plaquetas). Ocorre o aumento dos valores de hematócrito, contagem de hemácias e concentração de hemoglobina. Pode ser classificada em: Relativa: é um falso aumento devido à hemoconcentração ou esplenocontração; Absoluta: pode ser dividida em primária ou secundária (apropriada ou inapropriada); Eritrocitose Relativa Hemoconcentração: é a mais comum e ocorre quando há perda de volume plasmático causada por desidratação, deixando as células concentradas. Então ao se fazer o hemograma e observar eritrocitose, deve-se avaliar sinais de desidratação no animal (turgor da pele, enoftalmia, TPC, histórico de vômitos e diarreia). Achados: PPT aumentadas (podendo estar normais); pode ocorrer um aumento discreto de leucócitos (nem é perceptível); azotemia pré-renal pode estar presente (aumento de creatinina e uréia), pois se há desidratação, consequentemente diminui a taxa de filtração pelos rins e acúmulos desses metabólitos. Esplenocontração: em animais que realizam exercícios antes da colheita do sangue ou aqueles que passam por um estresse intenso antes da coleta ocorre uma liberação de adrenalina que atua sobre o baço provocando sua contração, liberando hemácias e plaquetas na circulação. É um efeito transitório e após 20-60 minutos o baço “relaxa” e os glóbulos vermelhos e plaquetas que haviam sido liberados retornam para seu interior. É bem comum em gatos e equínos. Histórico: Animal agitado, taquicárdico, taquipnéico, sinais de medo antes da colheita. Eritrocitose Absoluta Primária: é causada por um distúrbio mieloproliferativo raro, no qual ocorre a proliferação desordenada de eritrócitos e consequentemente o aumento de hematócrito. Células eritróide neoplásicas que independem de eritropoietina para proliferar. Secundária: Apropriada: ocorre o aumento da produção de hemácias devido ao aumento da liberação de eritropoietina induzido pela hipóxia, ou seja, o número de eritrócitos mesmo estando normal ocorre uma hipóxia e aumento da liberação e Epo. As causas mais comuns de hipóxia sistêmica são as doenças pulmonares crônicas, as insuficiências pulmonares, hipoperfusão renal, Tetratologia de Fallot, tromboses e animais que moram em locais de alta altitude com baixo teor de oxigênio. Inapropriada: ocorre um aumento na liberação de eritropoietina, porém não está relacionado com hipóxia e sim devido a cistos, neoplasias encontradas nos rins e fígado, que promovem essa liberação excessiva de Epo e consequentemente aumento de hemácias. 7- Sabendo das causas de eritrocitose, como se deve proceder em caso de um animal com aumento de VG/HCT? Daniela Dantas Highlight 20 Primeiramente deve-se analisar se o animal fez algum exercício antes da colheita, se estava estressado e se apresenta algum sinal de desidratação, caso haja sinais de excitação, deve-se esperar o animal se acalmar para proceder com a colheita e fazer o hemograma confirmatório. Se caso haja aumento de PPT é devido à desidratação, porém em doenças gastrointestinais a PPT podem estar normais ou diminuídas. Após excluir a eritrocitose relativa deve-se levar em conta a absoluta secundária apropriada, decorrente de uma insuficiência cardíaca ou pneumonias (há hipóxia), podendo pedir raio X de tórax, ECG, Eco. Se não houver indício de hipóxia sistêmica aí sim a inapropriada deve ser levada em consideração, devendo buscar por cistos, neoplasias renais ou hepáticas. A possibilidade de uma eritrocitose primária deve ser avaliada (distúrbio mieloproliferativo), mesmo sendo rara. 8- Quais são os sinais clínicos da eritrocitose e os tratamentos estabelecidos? Mucosas congestas, dispneia, o volume de hemácias é muito grande e o sangue não circula direito. -Relativa por hemoconcentração: fluidoterapia; -Absoluta primária: é feito através de flebotomias (sangrias) para manter o VG na normalidade, e também com o uso daquimioterapia para reduzir as taxas eritrocitárias. -Absoluta secundária apropriada e inapropriada: tratar a causa base e fazer flebotomia em casos de VG muito alto. CASOS CLÍNICOS 1) Cadela de 9 semanas, apática, com melena, sem vacinação e vermifugação, palidez de mucosa. Foi solicitado o hemograma para saber se realmente há anemia. No esfregaço sanguíneo observou-se: policromasia moderada e anisocitose. Variáveis Valor observado Valor de referência Hematimetria (x1012/L) 1,59 5,5 – 8,5 Hemoglobina (g/L) 39 120 – 180 Volume globular (L/L) 0,13 0,37 – 0,55 VGM (fL) 81 60 – 77 CHGM (g/L) 30 32 – 36 PPT (g/L) 40 57 – 77 Fibrinogênio (g/L) 5 1 – 5 Reticulócitos (%) 10,6 relativo 2,99 corrigido 0,5 - 1,5 Plaquetas (x109/L) 750 200 – 500 Índice ictérico normal - VGM: VGx1000/hmc = 0,13x 1000/ 1,59 = 81,7 21 CHGM: Hb/ VGx10 = 30; Contagem de Reticulócitos: 10,6 Reticulócitos corrigidos: %ret x VG do animal/ Vc médio da espécie = 10,6 x 0,13/ 0,46 = 2,99 O animal apresenta uma anemia grave representada por 1,59 de hematimetria e VG 0,13. Além disso, é possível saber que essa anemia é regenerativa devido ao aumento de reticulócitos (2,99) e policromasia moderada vista na lâmina. A regeneração ocorre em anemias causadas por hemólise (O que não pode ser nesse caso, pois o índice ictérico estaria aumentado e proteínas plasmáticas aumentadas ou normais). No histórico fala que a cadela possui sangue nas fezes (hemorragia) e hipoproteinemia (sendo as causas: desnutrição; problemas digestivos (IPE), problema de absorção (fezes amolecidas); hemorragias crônicas (perde hemácias e plasma); não produz proteínas (IH); perda de proteínas na urina, em queimaduras extensas ou nas fezes). O aumento de plaquetas é mais um indício de hemorragias crônicas, onde a medula responde aumentando a produção (trombocitose). *Anemia Macrocítica Hipocrômica regenerativa com hipoproteinemia e trombocitose sendo indicativo de hemorragia crônica. 2) Sem histórico. No esfregaço sanguíneo foram observados: policromasia intensa, esferocitose, corpúsculos de Howell jolly. Variáveis Valor observado Valor de referência Hematimetria (x1012/L) 2,52 5,5 – 8,5 Hemoglobina (g/L) 70 120 - 180 Volume globular (L/L) 0,24 0,37 – 0,55 VGM (fL) 95 60 - 77 CHGM (g/L) 29 32 - 36 PPT (g/L) 88 57 - 77 Fibrinogênio (g/L) - 1 - 5 Reticulócitos (%) Corrigido: 12 0,5 - 1,5 Plaquetas (x109/L) 100 200 - 500 Índice ictérico aumentado O animal possui uma Anemia Macrocítica Hipocrômica extremamente Regenerativa (reticulocitose e corp. de Howell jolly) com presença de esferócitos (característicos de anemia hemolítica imunomediada), aumento do índice ictérico e trombocitopenia (deve ser provavelmente consequência da doença primária, onde os imunocomplexos ou anticorpos se ligam também às plaquetas). windows Realce windows Realce windows Realce windows Realce windows Realce windows Sublinhado 22 *Por que no caso anterior (hemorragia crônica) o animal possuía 3 de reticulócitos corrigidos e nesse caso de anemia hemolítica tem reticulócito de 12? Na hemorragia ocorre a perda de todos os componentes do sangue, hemoglobina e ferro, enquanto na hemólise não, o que permite uma melhor resposta na regeneração pela medula óssea. Então nesses casos a anemia vai ser Extremamente regenerativa. *Por que nesse caso não é indicado o uso da transfusão sanguínea? Como geralmente não se utiliza a tipagem sanguínea em rotina nos animais, faz-se a primeira transfusão e sensibiliza o animal caso o sangue seja incompatível. Se o animal vier a precisar futuramente de uma segunda transfusão e receber o sangue com o qual foi sensibilizado, irá adquirir uma anemia hemolítica autoimune. Então, só se faz a transfusão em casos realmente necessários, de hematócrito 0,10, casos graves. Discussão: a AHIM ocorre quando há produção de ac´s contra ag´s eritrocitários, hipersensibilidade tipo II ou citotóxica (transfusão de sangue), hipersensibilidade tipo III (quando se formam imunocomplexos de antígenos ligados a anticorpos, que se depositam na superfície das hemácias, plaquetas, células endoteliais, rins, articulações desencadeando uma resposta dos macrófagos que vão fagocitar essas hemácias e plaquetas, e além disso, as células granulocíticas vão degranular nas articulações, rins e vasos (pode ter hemorragia) provocando um processo inflamatório nesses locais. 9- Por que um animal que sofreu uma hemólise intensa (aguda) ficando com VG de 0,15 apresenta sinais clínicos diferentes (mais graves) de um animal com uma alta carga parasitária (ascarídeos) e que perdeu sangue lentamente (crônico) e também está com o VG 0,15? Os sinais clínicos vão variar de acordo com a velocidade de instalação da anemia, quando o animal perde sangue de forma brusca, repentina, aguda (hemorragia aguda ou hemólise), o organismo sofre um grave dano, não estando preparado para essa queda brusca do VG. Quando o animal tem uma babesiose, mycoplasmose, hemorragia crônica, o VG vai reduzindo lentamente (dias) o organismo se adapta a essa condição e os sinais não se tornam tão exacerbados. 10- Um gato atropelado, com suspeita de hemorragia interna. No hemograma todos os valores estavam dentro da normalidade, com exceção do fibrinogênio e plaquetas que estavam reduzidos. Explique o porquê da suspeita de hemorragia mesmo os valores do hemograma estando “normais”. O animal com uma hemorragia aguda vai ter perda de hemácias, plasma, leucócitos tudo na mesma proporção, então, se colher sangue momentos após a hemorragia não irá ter alterações. Não levar em consideração o hemograma, mas sim pressão arterial, TPC, mucosas hipocoradas ou cianóticas, distensão 23 abdominal, ultrassom pode ajudar e a punção abdominal (paracentese). O fibrinogênio e as plaquetas são utilizados para fazer a hemostasia, por isso há diminuição. Quando a perda de sangue não é corrigida com fluidoterapia ou transfusão, o organismo vai responder tentando aumentar a volemia, ocorrendo passagem dos fluidos intersticiais para a circulação, e se colher sangue neste momento irá ocorrer as alterações no hemograma: diminuição de VG, hematimetria e proteínas, que de início é Normocítica Normocrômica Arregenerativa, mas depois de 2-4 dias a medula responde, tornando-se Macrocítica Hipocrômica, e no 7º dia ocorre o pico de reticulócitos. 11- Em uma consulta realizada no hospital veterinário você examinou o animal com histórico de prostração, vômitos, apatia, anorexia e urina de cor escura. Durante o exame clínico foram constatados: icterícia, esplenomegalia e hipertermia. Foram solicitados um hemograma e pesquisa de sangue periférico por hemoparasitos (ponta de orelha). Na avaliação da extensão sanguínea foi observada presença de hemácias nucleadas (16), e teve a pesquisa negativa por hemoparasitos. Sobre o caso clínico, responda: a) Calcule o VGM, CHGM, reticulócitos corrigidos e classifique a anemia; b) Dê um provável diagnóstico (classificação fisiopatológica da anemia); c) Cite 3 alterações eritrocitárias que podem ser observadas na lâmina deste animal; d) Explique as causas das alterações; variáveis Valor observado Valor de referência Hematimetria (x10 12 /L) 2,0 5,5 – 8,5 Hemoglobina (g/L) 59 120 -180 Volume Globular (L/L) 0,16 0,37 – 0,55 VMG (fL) 80 60-77 CHGM 36,8 32-36 PPT (g/L) 81 57-77 Fibrinogênio 5 1-5 Índice ictérico 8 2-5 Reticulócitos (%) 23 (ret. Corrigido= 8) 0,5 – 1,5 a) VGM: 0,16x1000/2 = 80 CHGM: 59/ 0,16x10 = 36,8 Ret. Corrig.: 23 x 0,16/0,46 = 8 Anemia macrocítica com discreto aumento do CHGM regenerativa (reticulocitose); b) Apesar de não ter sido observado hemoparasitos na extensão da lâmina não significa que o animal seja negativo para a doença, pois é um exame pouco sensível. O animal pode sim estar infectado por hemoparasitas (Babesia canis, Mycoplasma haemocanis) que estãoprovocando uma anemia hemolítica imunomediada, com liberação de grande concentração de hemoglobina na circulação e 24 eliminação na urina (hemoglobinúria), ou pode estar com leptospirose que também provoca hemólise e aumento do índice ictérico. c) Policromasia, corpúsculos de Howell Jolly e esferócitos; d) O animal possui uma anemia severa causada de forma hemolítica, onde não houve perda sanguínea pra o meio externo, propiciando assim uma regeneração eficiente da medula óssea (justificado pela reticulocitose, presença de hemácias nucleadas e aumento do VGM). Com a hemólise ocorreu liberação de hemoglobina e formação de bilirrubina aumentando o índice ictérico, e também o CHGM de forma discreta. O aumento de proteína pode ter ocorrido devido à liberação de hemoglobina na circulação (que é uma proteína) ou até mesmo devido à produção aumentada de anticorpos. Obs.: A hemoglobina se liga a uma proteína chamada Haptoglobina, para ser carreada na circulação. Quando a concentração de Hb liberada é muito alta ocorre uma ocupação de todas as haptoglobinas, e a Hb restante que não se liga vai se depositar nos glomérulos (glomerulonefrite) e uma parte sair na urina (que fica escura / castanho). 12- Quais as principais causas de aumento de hemoglobina e CHGM? Por que na hemólise ocorre o aumento do CHGM? Hiperproteinemia, hiperlipidemia, hiperbilirrubinemia e hemólise. E a hemólise aumenta o CHGM porque a concentração de hemoglobina continua igual, mesmo tendo hemólise, porém o número de células destruídas é alto, então o VG diminui (“muita hemoglobina pra pouca célula”), por isso que o CHGM aumenta. Ex.: CHGM = _ Hb__ (fica normal) ao dividir o valor de Hb que está normal pelo VG diminuído, VG(diminuído)x 10 a Hb irá dá um valor maior. PROTEÍNAS DO SANGUE α PPT = albumina + globulinas β- fibrinogênio γ- imunoglobulinas Se suspeitar de insuficiência hepática deve-se dosar Albumina; As imunoglobulinas aumentam em doenças infecciosas crônicas; A dosagem de fibrinogênio é importante para identificar processos inflamatórios nos ruminantes; ALTERAÇÕES NOS ESFREGAÇOS SANGUÍNEOS 1 – Hemácias Normais; 2 – Eritrofagocitose (hemácia fagocitada por macrófago); 3 – policromasia; Proteínas de fase aguda da inflamação windows Realce windows Realce windows Realce windows Realce 25 4 – Metarrubrócitos (precursores dos reticulócitos): indicam regeneração, porém a presença deles sem que haja policromasia indica distúrbio mieloproliferativo (leucemia eritróide); 5 – Reticulócitos: coloração com azul de cresil brilhante; 6 – Ponteado basofílico: são agregados de ribossomos em forma de pequenos grânulos no citoplasma das hemácias. Em ruminantes está associado à hemácias imaturas. Em cães e gatos pode ser visto em anemias extremamente regenerativas. Também ocorre em intoxicação por chumbo; 7 – Corpúsculo de Howell-Jolly: estão presentes em anemias regenerativas; 8 – Corpúsculo de Lentz: inclusões virais característicos da infecção pelo vírus da Cinomose canina; 9 – Leishmania spp; 10 – Ehrlichia canis: aspecto granular dentro de um monócito; 11 – Hepatozoon canis; 12 – Anaplasma platys 13 – Agregação plaquetária: deve ser anotada também ao fazer a análise do esfregaço sanguíneo. Indica que o anticoagulante está inadequado, ou a colheita foi estressante (líquido tissular na seringa); 14 e 14* – Babesia canis; 15 – Mycoplasma haemofelis: Ficam na membrana das hemácias de felinos; Fonte: pessoal (com exceção das imagens 1, 5 e 15). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 14* 15 26 LEUCOGRAMA Os leucócitos são as células de defesa do organismo. Sua contagem no sangue auxilia a compreender as possíveis disfunções que os pacientes apresentam. Os valores relativos e absolutos associados às informações sobre a morfologia dos leucócitos é conhecido como Leucograma. São divididos em dois grupos: Granulócitos (polimorfonucleares): Neutrófilos; Eosinófilos; Basófilos; Agranulócitos (mononucleares): Linfócitos; Monócitos; Neutrófilos (NØ) São produzidos pela medula óssea e em algumas situações como no caso de infecções crônicas podem ser originados também do baço, são liberados na corrente sanguínea, circulam um breve intervalo de tempo e depois migram para os tecidos. O tempo de produção até a liberação é de 4-6 dias, porém a medula óssea possui um estoque de neutrófilos maduros que podem suprir o sangue por 5 dias (caso a medula pare de produzir). As células-tronco diferenciam-se em mieloblastos que são as células mais jovens da série granulocítica. Com a sua diferenciação ocorre formação de progranulócitos (promielócito) e mielócito que ainda tem a capacidade de sofrer divisão. O mielócito dará origem ao metamielócito (núcleo com formato retiniforme), neutrófilo bastonete (núcleo com formato de ferradura, sem nenhuma constrição), neutrófilo segmentado e hipersegmentados, que possuem capacidade fagocítica e microbicida. Os neutrófilos apresentam diversos grânulos que são discretamente corados em algumas espécies (um roxo claro) e incolores em outras. De mieloblasto até segmentado tem um tempo de 7 dias, entretanto, quando ocorre uma estimulação por uma resposta inflamatória esse tempo reduz para 2 ou 3 dias. windows Realce windows Realce windows Sublinhado windows Realce windows Sublinhado windows Realce 27 Mielócito Metamielócito NØ Bastonetes NØ Segmentado NØ hipersegmentados Eosinófilos (EØ) Eles possuem proteínas que se ligam e lesionam as membranas de parasitas (helmintos), além disso, também estão envolvidos em alguns mecanismos das alergias inflamatórias (quando os mastócitos degranulam liberam histamina que possui efeito quimiotático sobre os eosinófilos). A presença de grânulos vermelho-alaranjados em seu citoplasma é característico desses leucócitos. Os grânulos dos eosinófilos de felinos são uniformes, enquanto os dos equinos são arredondados e muito grandes deixando a célula com aspecto de “framboesa” (chegam a sobrepor o núcleo). Gato; -Cavalo; Basófilo (BØ) Sobre a função fisiopatológica na circulação é desconhecida. Acredita-se que possuam uma função semelhante aos mastócitos, onde estão presentes histamina e heparina em seus grânulos. A histamina tem papel fundamental nas reações de hipersensibilidade imediata (urticária, alergia aguda e anafilaxia), enquanto a heparina tem função anticoagulante. Os basófilos são maiores que os neutrófilos, com núcleo segmentado, e os grânulos que variam de acordo com a espécie: os cães possuem poucos grânulos (violeta-escura); os gatos possuem grandes grânulos (ligeiramente acinzentados); os dos grandes animais possuem tantos grânulos que chegam a sobrepor o núcleo. BØ de jumentos (3 e 4); Monócitos (MØ) São produzidos na medula óssea, caem na circulação, migram para os tecidos onde continuam um processo de maturação para se transformar em macrófago (alguns autores falam que a partir do momento em que o monócito é ativado e passa a fagocitar, torna-se macrófago). Tem inúmeras funções e dentre elas: fagocitar microrganismos, destruição de hemácias no baço e reciclagem do ferro, fazem a “limpeza” tecidual nos processos inflamatórios, fagocitando restos celulares e partículas estranhas. windows Realce windows Realce windows Sublinhado windows Realce 28 Possuem o núcleo sem segmentos, citoplasma azul-acinzentado, vacúolos no citoplasma podem estar presentes como também pequenos grânulos de coloração ligeiramente púrpura. (Fonte: pessoal) A presença de monócitos (setas vermelhas) em um cão com erliquiose (seta azul– mórula de Ehrlichia canis). Reparar na coloração azul-acinzentada dos monócitos em relação aos neutrófilos (setas amarelas), núcleo não segmentado e o tamanho que chega a ser 4 vezes maior. Aumento de 100x. (Fonte: pessoal – imag. 1 e 2) Macrófagos com presença de vacúolos (setas pretas). Na segunda imagem notar a diferença de tamanho e morfologia entre os neutrófilos vizinhos. Na terceira imagem estão presentes pequenos grânulos no citoplasma. Linfócitos (LØ) Os linfócitos são originados do timo e medula óssea, vão para circulação sanguínea, em seguida passam para os tecidos. Os LØ possuem uma capacidade de retornar ao sistema vascular para recirculação. Esta propriedade dos linfócitos torna difícil e imprecisa a estimativa de sua meia vida. O fenômeno de recirculação é de suma importância biológica porque proporciona um mecanismo de distribuição generalizada de células linfoides ocupadas com a resposta imune sistêmica. Como resultado, um grande número de linfócitos podem ser expostos a um antígeno depositado localmente no tecido. Estas células antigenicamente expostas podem ser transportadas por vários lugares no corpo para propagar e montar uma vigorosa resposta imune (sangue ->linfonodos ->linfa ->sangue). windows Realce windows Realce windows Realce 29 Não é possível diferenciar as subpopulações dos linfócitos no esfregaço sanguíneo, sendo composta por LB (se diferenciam em plasmócitos e passam a produzir anticorpos) e LT (responsáveis pela imunidade celular). Os LT´s podem ser classificados ainda em LTCD4 (auxiliares) e LTCD8 (citotóxico). Ainda possui uma terceira classe que não possuem esses antígenos (CD4 ou CD8) na superfície, são as exterminadoras ou Natural killer (podem ser visualizados pequenos grânulos em seu citoplasma). Obs.: é difícil a diferenciação entre monócitos com pouco citoplasma e linfócitos grandes, pois são muito semelhantes. Se na lâmina tiver poucos, não conta, mas se tiver em número muito alto você terá que observar de forma geral a morfologia de todos os linfócitos para poder diferenciar. (Fonte: pessoal) Na primeira imagem, um linfócito típico, normal, núcleo arredondado e excêntrico, pouco citoplasma de coloração azul clara. Na segunda imagem há um linfócito reacional, ou ativado, com o citoplasma azul intenso. Na terceira imagem, têm-se um plasmócito (seta preta) que é um LB, em seu citoplasma estão presentes os corpúsculos de Russel, que são vacúolos de cor azul-claro, indicam que há produção de imunoglobulinas. Ao lado do LB temos um monócito. Aumento de 100x. Leucometria global: é o número de leucócitos por litro de sangue = x10 9 /L; Diferencial de leucócitos: contagem de 100 leucócitos no esfregaço sanguíneo. A maneira da contagem já foi descrita anteriormente, devendo ser feita em “torre” e anotando todas as alterações morfológicas, hemoparasitas, etc. 13- Quais são os métodos que determinam a concentração de leucócitos? - Contagem na câmara de Neubauer; - Contagem no esfregaço sanguíneo (lâmina corada); - Aparelhos semiautomáticos (através de diluições); - Aparelhos automáticos (põe o sangue direto no aparelho); Nomenclatura Citose: aumento do número; Filia: aumento do número; Penia: diminuição do número; LEUCOCITOSE LEUCOPENIA LINFOCITOSE LINFOPENIA NEUTROFILIA NEUTROPENIA EOSINOFILIA EOSINOPENIA BASOFILIA - MONOCITOSE MONOCITOPENIA *”basopenia” não existe, pois o valor normal é 0, ou seja, é raro de ser encontrado. windows Realce windows Realce 30 Cálculos: Após contar 100 leucócitos no esfregaço sanguíneo deve-se calcular os valores absolutos, exemplo: Leucometria global: 30,0 x10 9 /L Diferencial de leucócitos: Valor absoluto: NØ = 70; Se em 100 leuco ________ 70 NØ EØ = 5; em 30,0 LG_________X LØ = 14; X = 21,0 BØ= 0; faz isso com todos os leucócitos e anota os valores; MØ= 11; Total: 100 OBS.: os aparelhos semiautomáticos e automáticos contam as hemácias nucleadas (metarrubrócitos) como leucócitos, então, mesmo fazendo no aparelho, deve-se fazer o diferencial olhando a lâmina no microscópio e contando o número de metarrubrócitos para fazer o cálculo de “Leucócitos Corrigidos”. Lcorrigido = LG x (100) 100+HN Ex.: 4 metarrubrócitos (HN) Lc = 30,0 x (100) = 100/104 x 30,0 = 28.8 x10 9 /L 100+4 Leucocitose Os neutrófilos estão em maior número que os outros leucócitos, e pra entender as respostas neutrofílicas às doenças, é importante considerar os compartimentos onde estes leucócitos se distribuem: Medula óssea; Compartimento marginal; Compartimento circulante; Tecidos; A capacidade de estocagem de neutrófilos nos cães é máxima, nos ruminantes é mínima e intermediária em felinos e equínos. A leucocitose é definida pelo aumento de leucócitos acima dos valores de referência. A leucocitose pode ser fisiológica, reativa e proliferativa. As mudanças na contagem dos leucócitos podem envolver anormalidades de produção, liberação, distribuição intravascular, vida média e ingresso tecidual de vários leucócitos. Por exemplo: os neutrófilos circulantes estão num equilíbrio dinâmico com os do compartimento marginal e o de reserva na medula óssea. Quando ocorre uma demanda funcional imediata de neutrófilos, ocorre uma mobilização das células dos compartimentos circulantes e marginal, depois pela reserva na medula óssea e por fim pelo aumento da proliferação e liberação de células jovens pela medula, sendo observado pelo “desvio à esquerda” que será falado posteriormente. 31 Leucocitose Fisiológica: quando o animal passa por um estresse repentino, por uma emoção muito forte, ocorre a liberação de adrenalina que aumenta a frequência cardíaca e respiratória, aumentando o fluxo sanguíneo, que retira os neutrófilos e linfócitos que estavam no compartimento marginal e liberam no circulante, então, ao colher o sangue vai ter um “aumento” relativo dos leucócitos. Sabe-se que os cães, cavalos e bois possuem uma proporção de 1:1 de células nos dois compartimentos (circulante e marginal), então, se as células do marginal forem pra o circulante pode ocorrer do valor de leucócitos chegar a dobrar (máximo). Os gatos possuem de 1:3, podendo triplicar em situações de estresse. Leucocitose Reativa: ocorre em resposta às doenças, certas doenças podem induzir uma resposta específica, mas usualmente um padrão geral de resposta dos leucócitos é evidente, independente da doença. Pode ter desvio à esquerda ou não. O grau de leucocitose varia entre as espécies e é relativa para relação neutrófilos:linfócitos (N:L). Em animais com N:L alta, possuem uma maior resposta imune que os de baixa relação N:L. A maneira de se diferenciar uma leucocitose verdadeira de uma induzida por adrenalina ou corticoide é observando: desvio à esquerda; hiperfibrinogenemia; monocitose em outras espécies que não seja o cão; ausência de linfopenia ou eosinopenia; [perguntar] Compartimento de reserva: Cão: 1N:3,5L Gato: 1,8N:1L Cavalo: 1,1N:1L Boi: 0,5N:1L Leucocitose Proliferativa: resulta de uma mudança neoplásica da célula pluripotencial, sendo as formas mais comuns de leucemias: linfocíticas (são os linfomas) ou mieloproliferativos (originados de células-tronco). Leucopenia A leucopenia ocorre por conta da neutropenia e linfopenia, sendo a neutropenia a causa primária em animais com relação N:L maior que 1, e linfopenia em animais que a relação N:L é menor que 1. A neutropenia inicialmente em infecções bacterianas graves nos ruminantes (0,5N:1L) e a linfopenia ocorreem casos virais. Uma acentuada linfopenia ocorre também em casos de cinomose, devido à atrofia e necrose do tecido linfóide, produzido pelo vírus. DIAPEDESE TECIDOS Comp. De proliferação Mieloblastos Promielócito Mielócitos Comp. De reserva Metamielócito; NØ bastonete; Segmentados MEDULA ÓSSEA 32 14- O que pode levar ao aparecimento de neutrófilos “velhos” (hipersegmentados) na corrente sanguínea? Os neutrófilos segmentados passam algumas horas na circulação, depois expressam proteínas de adesão na superfície, fazem marginação e depois diapedese para os tecidos. Quando o animal passa por situações estressantes, doenças graves (insuficiência renal, cetoacidose diabética, desidratação, dor associada à traumas, etc.), ocorre um estímulo na hipófise e liberação de hormônio adrenocorticotrópico que age sobre as adrenais aumentando a liberação de cortisol. O cortisol atua no material genético dos neutrófilos fazendo com que eles demorem a expressar as moléculas de adesão (adesinas) na membrana, demoram a marginar, e o núcleo continua a se condensar, apresentando mais segmentos e constrições, tornando-se hipersegmentado (mais de 6 segmentos), aumentando (duplicando) o número de neutrófilos circulantes. O cortisol atua também sobre os linfócitos causando linfopenia, alguns autores falam que induz a apoptose e impede a recirculação, outros falam que os linfócitos migram para os órgãos linfóides e a medula reduz a produção. A terceira alteração é a eosinopenia (inibição da produção pela medula), e em cães pode ocorrer uma monocitose. Então, uma leucocitose com neutrofilia e desvio nuclear de neutrófilos à direita, linfopenia, eosinopenia, e monocitose = cortisol = estresse ou uso de corticoide exógeno. Classificação de Acordo com a Resposta Leucocitária Toda vez que houver um estímulo (inflamatório e/ou infeccioso) para aumentar a produção de leucócitos irá ocorrer: -estimulação pelas citocinas inflamatórias (fator estimulante de colônia – FEC); -o tempo de produção irá cair de 6 pra 4 dias; -o FEC estimula a diferenciação, aumenta o compartimento de proliferação, o de maturação e reserva (mais células jovens sofrendo divisões mitóticas em menor tempo, células sendo liberadas mais cedo e mais jovens (desvio à esquerda), os Mielócitos sofrem divisão (ões) adicional (is) aumentando as células no compartimento de reserva da medula óssea, e ao invés de originar 16-32 células, irão se formar 64). O Desvio nuclear de neutrófilos à esquerda deve-se à liberação de neutrófilos jovens no sangue. A primeira linha de defesa são os neutrófilos segmentados, em seguida aumenta o número de bastonetes, e se não der conta da infecção vão sendo liberados Metamielócitos e por fim os Mielócitos, daí vem o “desvio à esquerda”. Mielócito Metamielócito NØ bastonete NØ segmentado 33 A classificação pode ser de acordo com o GRAU DE MATURAÇÃO DOS NEUTRÓFILOS: 1- Discreto: aumenta os segmentados e os bastonetes; 2- Moderado: aumenta os segmentados, os bastonetes e os Metamielócitos; 3- Acentuado: aumenta os segmentados, os bastonetes, os Metamielócitos e os Mielócitos; Pode ser ainda de acordo com a EVOLUÇÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO: 1- Regenerativo: quando o número de NØ segmentados for maior que o somatório das formas imaturas dos neutrófilos. Ex.: NØ segmentados: 67 NØ bastonetes: 20 Metamielócitos: 5 26 então 67>26 = regenerativo (prognóstico favorável). Mielócitos: 1 2- Degenerativo: quando o número de NØ segmentados for menor que o somatório das formas imaturas. Ex.: NØ segmentados: 30 NØ bastonetes: 25 Metamielócitos: 10 40 então 30<40 = Degenerativo (prognóstico Desfavorável). Mielócitos: 5 Isso significa dizer que o organismo não está conseguindo combater a infecção, que as células adultas estão sendo destruídas e forçando a medula a aumentar muito a produção e liberação de células jovens > bastonetes > Metamielócitos > Mielócitos. Casos comuns de ocorrer a Leucocitose com neutrofilia e desvio nuclear de neutrófilos à esquerda (DNNE) Acentuado Degenerativo acompanhado de uma anemia arregenerativa dos processos inflamatórios em cadelas e gatas com piometra. 15- O que são, quais são os GRAUS DE TOXEMIA e as células envolvidas? Quando o animal possui um processo infeccioso que estimula muito a produção de neutrófilos, a medula libera muitas células com sinais de imaturidade do citoplasma, que são os chamados “Graus de Toxemia”. São eles: Basofilia Citoplasmática: o citoplasma (segmentados, bastonetes, Metamielócitos e Mielócitos) é corado levemente de azul, fica “parecendo um monócito”. É o mais comum. Vacuolização Citoplasmática: são vacúolos no citoplasma dos neutrófilos. É o segundo mais comum. Granulações tóxicas: os grânulos dos neutrófilos ficam ácidos e acabam sendo corados pelo panótico vermelho (eosina). 3º mais comum. Corpúsculos de Dohle: inclusões intracitoplasmáticas irregulares e basofílicas (azuil-escuro); Outras “alterações” apresentadas pelos leucócitos: Daniela Dantas Highlight Daniela Dantas Highlight Daniela Dantas Highlight windows Realce 34 Aglomeração leucocitária: quando o sangue é submetido ao frio são ativadas “imunoglobulinas do frio”, se ligam aos leucócitos e fazem com que eles se aglutinem; Corpúsculo de Russel: já foi falado anteriormente, são vacúolos de cor azul-claro encontrados nos plasmócitos (linfócitos B) que indicam que há produção de imunoglobulinas; Lise citoplasmática e degeneração: geralmente em esfregaços confeccionados após 30 minutos da colheita do sangue. Agentes infecciosos vistos no citoplasma de leucócitos: Ehrlichia: são vistos em forma de mórulas arredondadas, de aspecto granular (bactérias), que afetam monócitos (erliquiose monocítica canina) ou neutrófilos (erliquiose granulocítica canina); Hepatozoon: inclusões grandes e alongadas, em forma de “feijão” de coloração clara (branco) com um ponto mais escuro no centro. Leishmania: encontra-se na forma amastigota no interior de monócitos e neutrófilos (contém um cinetoplasto); Corpúsculos de Lentz: inclusões intracitoplasmáticas em neutrófilos e linfócitos de cães com cinomose, encontrados na fase de replicação viral. Anormalidades hereditárias na morfologia dos neutrófilos: Mucopolissacaridose: os neutrófilos possuem granulações púrpura-escura e linfócitos também apresentam grânulos e vacúolos. Os animais com esse distúrbio possuem nanismo, doença óssea grave, opacidade de córnea, espessamento de valva cardíaca, etc. Enfim, possuem um menor tempo de vida. Síndrome de Chédiak-Higashi: os neutrófilos apresentam grandes lisossomos no citoplasma ligeiramente róseos. Esses gatos acometidos apresentam hemorragias devido à função anormal das plaquetas. Anomalia de Pelger-Huët: os neutrófilos ficam “hipossegmentados”, com um núcleo de forma imatura (como de um bastonete ou metamielócito), mas com a cromatina densa. Não traz maiores consequências aos animais, porém tem que ser identificado para diferenciar de um desvio à esquerda. Anomalia de granulação neutrofílica em gatos da raça Birman: gatos dessa raça que são acometidos possuem neutrófilos com grânulos de coloração eosinofílica (róseos). A doença não traz consequências para o animal. Chédiaki-Higashi Perger-Huët mucopolissacaridose (LØ e NØ) 35 Nesta imagem os neutrófilos apresentam alguns graus de Toxemia. O citoplasma está intensamente basofílico (basofilia citoplasmática – seta maior). O corpúsculo de Döhle está sendo mostrado pela seta menor. No citoplasma ainda é possível ver os grânulos corados (granulações tóxicas); no neutrófilo do canto
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