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Neuropedagogia-Educare

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Ali Tarqualo 
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T.tlYla M�la 
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Ev fiz osso curso e gostei bastante 
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Alê Torquato mui10 obrigado pelo 
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Sumário 
Apresentação .......................................................................... 9 
CAPÍTULO I ........................................................................... 15 
Princípios neuropsicológicos ........................................... 15 
Introdução .............................................................................. 15 
Ciência e Tecnologia ........................................................... 15 
Para pôr em prática ............................................................. 19 
O cérebro e os neurônios .................................................. 20 
Para pôr em prática ............................................................. 21 
Alguns princípios da neurociência ................................. 21 
O cérebro e a velocidade ................................................... 23 
O cérebro e a tecnologia de aprendizagem .................. 25 
Para pôr em prática ............................................................. 31 
Princípios Neuropedagógicos da aprendizagem ........ 32 
Fundamentos Didáticos (do livro A Didática 
Necessária) ............................................................................ 43 
Princípios da didática ......................................................... 55 
Motivos que levam uma pessoa a agir ........................... 75 
O que faz o aluno gostar de estudar? ............................ 80 
Por que o professor não deve motivar os alunos?..... 83 
Fontes de incentivo ............................................................. 84 
 
Síntese ..................................................................................... 88 
Saiba mais .............................................................................. 89 
CAPÍTULO II ........................................................................... 90 
Neurociências, neuroeducação e neuropedagogia..... 90 
Introdução .............................................................................. 90 
Neurociências ........................................................................ 91 
Para pôr em prática .............................................................. 97 
Neurociência e neuroeducação – reflexões 
necessárias ............................................................................ 98 
Neuropedagogia ................................................................. 106 
Para pôr em prática ............................................................ 112 
Neuroeducação ................................................................... 112 
Importância da neuroeducação: cérebros em plena 
ação ........................................................................................ 116 
Neurociência: um novo olhar educacional .................. 118 
Por dentro do cérebro ....................................................... 132 
Neurociência cognitiva e a nossa realidade ............... 135 
Para pôr em prática ............................................................ 140 
A escola sem significado ................................................. 141 
Escolas preparam futuros desempregados ................ 148 
Emoções, sentimento, afeto ............................................ 150 
O papel pedagógico dos neurônios-espelho .............. 153 
O cérebro e o processo de aprendizagem em rede .. 155 
Emoções ............................................................................... 160 
Para pôr em prática ........................................................... 166 
O cérebro e a linguagem .................................................. 166 
Síntese .................................................................................. 170 
Saiba mais ............................................................................ 171 
CAPÍTULO III ....................................................................... 172 
Neurodidática ...................................................................... 172 
Introdução ............................................................................ 172 
Fundamentos da didática ................................................ 177 
Filosofia da educação ....................................................... 178 
Diageutico das necessidades de cada aluno ............. 189 
Currículo ............................................................................... 193 
Formas de elaboração de currículo .............................. 194 
Currículo centrado na aprendizagem significativa ... 208 
Métodos e técnicas de aprendizagem .......................... 214 
Métodos e técnicas socializados ................................... 235 
Os métodos socioindividualizados ............................... 240 
A tecnologia na educação ............................................... 269 
Tecnologia aplicada à educação ................................... 273 
A integração da internet na aprendizagem: o presente 
e o futuro do ensino .......................................................... 277 
O método Salman Khan e a rede .................................... 279 
Aula de ponta-cabeça ........................................................ 280 
A neuroeducação e a EaD ................................................ 283 
Avaliação da aprendizagem ............................................. 287 
Formas e instrumentos de avaliação ............................ 289 
Metodologia ......................................................................... 293 
Síntese ................................................................................... 298 
Saiba mais ............................................................................ 299 
Considerações finais ......................................................... 300 
Referências .......................................................................... 301 
9 
Apresentação 
Você já tem bastante conhecimento sobre a 
Neurociência, relacionado à anatomia do cérebro, às 
funções de cada uma de suas partes, os distúrbios 
neurológicos e cognitivos e a outros. Neste livro, 
vamos aprender como aproveitar esses fundamentos 
na prática e no fazer acontecer para que a pessoa se 
eduque e aprenda. Não vamos estudar o que cada 
parte do cérebro faz, mas fazer com que as partes se 
integrem no processo de aprender. Quais estímulos e 
como apresentá-los para que o cérebro seja ativado e 
acelerado. 
Antes da neurociência, pais e professores 
tinham como fundamentos para educar a Psicologia, 
a Biologia, a Didática e a Metodologia. O objeto de 
pesquisa era o comportamento das crianças e dos 
aprendizes. Com a tecnologia, tomografia 
computadorizada, podemos ver o cérebro 
funcionando em tempo real. A cor e a intensidade das 
imagens nos indicam o grau de atenção e o 
10 
envolvimento do cérebro em relação ao estímulo 
apresentado. 
Podemos comparar o cérebro com uma 
fogueira. Quanto mais lenha maior será o fogo. Mas 
não basta ser só lenha. Se eu amontoarmos os paus 
de lenha e riscarmos um palito de fósforo, não haverá 
fogo. Primeiramente é necessário pegar palha e 
gravetos que é material mais suscetível a 
aquecimento. Por quê? Porque o fogo precisa de 
oxigênio. Entre a palha e os gravetos, o oxigênio está 
bem próximo do palito. O fogo iniciado aquece os paus 
grossos para que possam ajudar na combustão 
provocando um fogo mais duradouro. 
Também não adianta amontoar os paus em 
linhahorizontal. É necessário cruzá-los ou colocá-los 
de forma a ficarem próximos uns dos outros para 
entrar facilmente o oxigênio. Por que próximos? Para 
um ajudar o outro no calor, o fogo tem que ser 
colocado embaixo do monte de lenha. Isso é 
necessário para atender ao princípio da Física: o frio 
desce e o calor sobe. Subindo ele vai soltando gás 
11 
quente para esquentar os paus que estão acima e 
aumentar o fogo mais rapidamente. 
O exemplo acima pode ser comparado à 
educação bancária. Hoje, o professor vai jogando 
lenha (informações) no cérebro do aprendiz, de forma 
linear (em linha horizontal), sem se importar se o aluno 
já tem palha, gravetos e oxigênio (pré-requisitos: 
experiências anteriores) para entender essas 
informações, para que a aprendizagem tenha algum 
significado para o aluno. Por essa razão, o livro foi 
elaborado com linguagem simples, com visão 
pragmática, contextualizando e integrando os 
fundamentos da educação, currículo, métodos, 
técnicas e tecnologia da educação. 
Boa parte deste livro foi extraída do livro “A 
Didática Necessária”, de minha autoria, publicado pela 
editora IBRASA, em 1992. A segunda edição está 
online, gratuitamente. Naquela época, os princípios 
que fundamentavam a Didática vinham da Biologia, da 
Psicologia e da Pedagogia. Quase todos esses 
princípios foram confirmados recentemente pelas 
12 
neurociências, em suas mais variadas subdivisões: 
neuroeducação, neuropedagogia, neurodidática, 
neurometodologia, neuropsicoplogia, neurolinguística. 
As neurociências trouxeram mais segurança 
em termos de conclusões científicas para aplicação 
em várias discussões: nas emoções, no currículo, nas 
diferenças individuais, no comportamento das 
pessoas e no relacionamento humano. 
De pouco adianta conhecer a teoria da 
neuropedagogia e da neurodidática, se não 
aprendermos como aplicar os princípios produzidos 
por elas. Daí a razão de serem apresentados vários 
exemplos práticos, que são de fácil aplicação. 
Espero que os conteúdos apresentados 
cumpram seu papel de provocar interesse pelo 
aprofundamento destas ciências, que ainda está 
engatinhando em suas descobertas, mas que nos 
fascinam cada vez mais com as possibilidades que se 
avistam, rumo ao avanço das pesquisas científicas 
que se vislumbram e que se pretende que contribuam 
13 
para a melhoria da educação e da vida e de todo ser 
humano. 
É essencial que você compreenda diferentes 
temas que aqui serão abordados. Para mais fácil 
compreensão e aproveitamento do livro, fiz 
subdivisões por assunto. Nos Capítulos II e III, que 
tratam especificamente de Neuropedagogia e 
Neurodidática, não fiz separações, pois o cérebro é 
unitário, uma vez que, no processo de aprendizagem, 
todas as partes do cérebro trabalham de forma 
integrada. Além disso, quando os textos sobre o 
mesmo assunto estão próximos, é mais fácil 
compreendê-los. Nestes dois capítulos, fiz muitas 
citações de cientistas. Porque eu teria que interpretar 
e reescrever, o que os especialistas já escreveram? 
Os itens extraídos do livro “A didática 
necessária” são os seguintes: 1.7 a 1.9.1; 1.9.3 a 
1.9.5.5; 3.4 a 3.4.2.3; 3.4.2.4 a 3.13.4.2; e 3.14 a 
3.14.4. Esses itens foram revisados e atualizados, 
com alguns acréscimos. Fiz, apenas, seleção e 
catalogação de parágrafos e textos sobre cada 
14 
assunto. A ciência evolui tão rapidamente, que um 
livro escrito por mim, se torna obsoleto em pouco 
tempo. O papel do professor é se atualizar 
continuamente, para selecionar o que existe de mais 
atual e conhecer os diversos suportes para divulgar as 
novidades. 
A ciência é o caminho para quem almeja a 
transformação. 
15 
CAPÍTULO I 
Princípios 
neuropsicológicos 
Introdução 
Cada vez mais, a sociedade requer habilidades 
que somente a educação formal pode desenvolver, 
contudo, ainda temos muito a caminhar no processo 
educacional formal, uma vez que seus mecanismos 
estão fundamentados na educação tradicional. Neste 
capítulo, vamos discorrer sobre as teorias que podem 
auxiliar na transformação dessa formação. Vamos lá? 
Ciência e Tecnologia 
A ciência é produzida por meio de pesquisas 
rigorosamente planejadas passíveis de comprovação 
mediante repetição. 
16 
A ciência teve uma longa caminhada para 
chegar ao estágio atual. As pesquisas científicas 
apresentam suas conclusões em teorias. Das teorias, 
podemos extrair princípios. Princípio é o resumo do 
que pode ser concluído e aproveitado das pesquisas 
científicas e das teorias para utilizar na vida prática. 
Tecnologia é a aplicação de princípios 
científicos para a execução mais eficiente de técnicas, 
procedimentos e estratégias para obtenção de maior 
eficácia nos resultados de qualquer ação. 
O homem, no decorrer da história, descobriu 
uma imensidade de princípios. Graças a eles, 
alcançamos o conforto que temos hoje. 
O homem, que existe há mais de quatro 
milhões de anos, foi descobrindo novas formas de 
comunicação. Inicialmente, as inscrições de imagens 
eram feitas em rochas; posteriormente, ele utilizou 
pele de animais e fogo para escrever. 
Recentemente, inventou-se o papel jornal, 
bastante poroso. Há menos tempo, descobriu-se uma 
17 
cola especial para tornar o papel bem fino e liso, 
comumente utilizado por revistas e livros. 
As pesquisas geraram teorias. Das teorias 
saíram os princípios. Com o conhecimento e aplicação 
dos princípios consegue-se descobrir e criar 
tecnologia. 
Dentre as que revolucionaram o mundo temos 
a descoberta da eletricidade, do telégrafo, do rádio, da 
TV, do computador, da eletrônica, suportes os mais 
diversos (CD, do DVD, pen drive, chips), controle 
remoto, Internet, robôs, microscópios, satélite, naves 
espaciais e muitas outras coisas. Temos, hoje, até 
tecnologia que gera ciência; exemplo disso é a 
tomografia computadorizada que gera as 
neurociências. 
Tudo isso nos assusta, mas aconteceu, está 
em constante expansão e muito ainda virá. Mas, o que 
deve assustar mesmo é o nosso desconhecimento 
sobre o cérebro e o desconhecimento sobre como 
utilizá-lo corretamente. Precisamos, portanto, 
18 
 
 
conhecer profundamente sobre a ciências que tratam 
do cérebro. 
A ciência vai descobrindo novos princípios que, 
quando aplicados para o benefício do homem, 
transformam-se em tecnologia. Com o acúmulo das 
descobertas científicas e aplicações de princípios de 
física, química, eletricidade, eletrônica, é possível, 
hoje, produzir imagens de raios-X, ultrassom e 
ressonância magnética do cérebro. Esta evolução da 
ciência e da tecnologia tem potencializado as 
investigações sobre o cérebro e, consequentemente, 
sobre a educação. 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Para pôr em prática 
 
 
 
 
 
 
Leia mais sobre esse conteúdo: 
HOMERO, Vilma. Neurociências: uma contribuição para a 
educação. Disponível em: 
http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=8298 
LEITE, Suely de Fátima Brito de Souza Calabri. Neurociência: Um 
novo olhar educacional. Disponível em: 
http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/09/ne
urociencia-um-novo-olhar-educacional.html> 
OLIVEIRA, Tory. Por dentro do cérebro. Disponível em: 
http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental-arquivo/por-dentro-
do-cerebro 
SABBATINI, Renato. Neuroeducação. In: Uma ponte entre a 
neurociência e a educação. Disponível em: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuroeduca%C3%A7%C3%A3o 
SILVA, Divina Salvador. A importância da Tecnologia na Educação. 
Disponível em: http://portal.sipeb.com.br/wp-
content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-da-
Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-Salvador-
Silva.pdf 
20 
O cérebro e os neurônios 
Os neurônios são pequenas células nervosas 
que compõem o cérebro e o resto do sistema. O 
neurônio é a estrutura básica do sistema nervoso. O 
cérebro humano possui cerca de 10 a 100 bilhões de 
neurônios. Milharesde neurônios entram em contato 
com outros pelas sinapses. O número de conexões 
entre eles pode variar de 100 trilhões a 1quatrilhão. 
Essas conexões são feitas e ampliadas pela 
estimulação do cérebro, pelas atividades e pela 
educação. 
Até pouco tempo, as pesquisas sobre o que 
acontecia na mente eram feitas pela manifestação do 
comportamento das pessoas. A Psicologia chegou 
aos princípios da aprendizagem, observando o que 
emanava da mente pela fala, pelos hábitos e pelas 
atitudes. Hoje, temos comprovação de muitas das 
teorias e princípios da Psicologia por meio da 
tomografia computadorizada, que mostra a atividade 
do cérebro de forma animada, que são gravadas. 
Muitas pesquisas foram feitas, colocando as pessoas 
21 
em diferentes situações de aprendizagem e 
desenvolvimento. 
Para pôr em prática 
 
 
 
Alguns princípios da neurociência 
O cérebro tem alta plasticidade: capacidade de 
mudança. Os fatores de saúde do cérebro são: “os 
pensamentos, as emoções e os atos”. As funções do 
cérebro são construídas e ampliadas pelo exercício, 
Leia mais sobre esse conteúdo: 
ALVES, Eliane. O que é Neuropedagogia e qual seu reflexo na 
educação? Disponível em: 
http://educaneuro.blogspot.com/2010/04/o-que-e-neuropedagogia-
e-qual-seu.html 
INSTITUTO CONSCIÊNCIA. Neuropedagogia: entenda como o 
“cérebro aprende”. Disponível em: 
http://www.institutoconscienciago.com.br/blog/neuropedagogia-
entendo-como-o-cerebro-aprende/ 
http://educaneuro.blogspot.com/2010/04/o-que-e-neuropedagogia-e-qual-seu.html
http://educaneuro.blogspot.com/2010/04/o-que-e-neuropedagogia-e-qual-seu.html
http://www.institutoconscienciago.com.br/blog/neuropedagogia-entendo-como-o-cerebro-aprende/
http://www.institutoconscienciago.com.br/blog/neuropedagogia-entendo-como-o-cerebro-aprende/
22 
que ativa neurônios e fortalece conexões. É 
importante construir “representações mentais 
sofisticadas para manter o acesso a informações 
relevantes” e raciocínio extenso e flexível (RESTAK, 
2006). 
Para a máxima eficiência, na aprendizagem, é 
necessário concentração absoluta, esquecendo todo 
o resto. É necessário, também, trabalhar os aspectos
ou pontos mais fracos da aprendizagem do aluno. 
Praticar o que se faz bem dá prazer, mas não 
progresso. É preciso concentrar-se na tarefa, e não no 
ego; no difícil e no complexo e não repetir o fácil. 
Grandes façanhas requerem pelo menos dez anos de 
treinamento intensivo. Qualquer pessoa pode 
alcançar prodígios, mesmo os medíocres. 
O pesquisador Ericsson (RESTAK, 2006), 
concluiu que, para chegar ao nível de desempenho de 
gênio em menos de 10 anos, “a chave é aumentar o 
controle sobre cada componente do desempenho”. Os 
melhores têm intensa capacidade de concentração, 
23 
assim têm mais consciência de vários componentes. 
Por percebê-los, tornam-se mais detalhistas. 
O treino na infância, de 3 a 5 anos, é 
fundamental para formar o músico, mas essa idade 
vale para todas as atividades. Não é o talento herdado 
que faz o sucesso, mas a disposição para fazer horas 
de exercício. 
Thomas Edison dizia: “a genialidade é 99% 
transpiração e 1% inspiração”. O cérebro, quando 
executa grande atividade, aumenta o vermelho e o 
laranja na imagem codificada por cores na tomografia. 
Quando a atividade é menor, aparecem as cores 
verde e azul. 
O cérebro e a velocidade 
A tecnologia nos empurra para ter velocidade 
em toda parte: na produção de nossos 
conhecimentos, em ter que aprender, na inovação, na 
competitividade, nas imagens e na produção de novas 
tecnologias de mídia para dar informações. 
24 
Para isso é necessário um novo cérebro. Um 
cérebro que seja capaz de dar conta dessa velocidade 
aqui e em outro lugar, de rever o passado em imagens 
e vislumbrar o futuro. 
O mundo empurra-nos a fazer várias coisas ao 
mesmo tempo. Mudar de tarefa exige alterações no 
processo cerebral; exige mudanças de objetivo e 
ativação de novas regras de funcionamento em locais 
diferentes do cérebro. Isso provoca perda de tempo, 
menos eficiência e estresse. 
Mudar de tarefa pode ser até perigoso. Usar o 
celular ao dirigir é um exemplo, pois a distração reduz 
a eficiência. Por que isso? Porque o cérebro só 
consegue trabalhar uma coisa de cada vez. A sua 
eficiência é máxima, quando se dedica a uma única 
tarefa e em períodos contínuos. A tecnologia e as 
neurociências oferecem-nos os alertas, mas a 
realidade nos leva a outros rumos. 
25 
O cérebro e a tecnologia de 
aprendizagem 
A neurociência, em suas ramificações em 
neuroeducação, neuropedagogia, neurodidática, 
neurometodologia, neurolinguística, entre outras, tem 
muitas aplicações na aprendizagem, as quais, 
também, podem ser chamadas de tecnologia 
educacional e tecnologia da aprendizagem. Vejamos 
alguns exemplos da sua aplicação. 
Os técnicos em informática têm dificuldade em 
se tornar educadores. Por quê? Porque utilizaram 
muitos de seus neurônios de reserva para produzir 
conexões na área de informática. Passaram muito 
tempo pensando e se preocupando apenas com uma 
área do conhecimento. Em decorrência disso, foi 
utilizada, predominantemente, apenas uma parte e 
uma função do cérebro. 
A maioria dos artistas morre pobre, pelas 
mesmas razões mencionadas anteriormente. A 
preocupação central deles era o desempenho na 
26 
profissão, na arte. Não produziram estruturas mentais 
para saber se organizar na vida. 
“Dize-me o que lês e eu te direi quem és”. 
Quem lê muito sobre um determinado assunto tende 
a ser competente naquilo. Suas emoções estão 
voltadas àquilo. Suas conexões neurônicas formam 
uma sólida rede de conhecimentos sobre uma referida 
área, envolvendo conhecimentos, emoções e 
aplicação. 
“Dize-me o que assistes e eu te direi quem és”. 
Se você, e mais ainda uma criança ou adolescente, 
assistir a filmes de violência, pode desenvolver 
comportamentos violentos. Se assiste a filmes 
românticos, você é ou se torna mais romântico, assim 
por diante. Filmes “paz e amor”, pornográficos, de 
corrupção, de roubo, policiais etc., estruturam o 
cérebro com atitudes e comportamentos 
correspondentes. 
Li em jornal, tempos atrás, que, na Argentina, 
um senhor idoso, com visão fraca, pediu a um auxiliar 
da biblioteca que fosse a sua casa, à noite, para ler 
27 
livros para ele. Por muitos anos, o auxiliar fez isso, 
cerca de duas vezes por dia. Tornou-se embaixador e 
é um dos escritores mais importantes do mundo. 
Infelizmente, não me lembro o nome dele. 
Um pensador disse certa vez: ”Tenho medo de 
um homem de um livro só”, ou seja, de um homem que 
lê apenas um mesmo assunto. Por quê? Porque ele 
só conhece aquilo. Utilizou seus neurônios para 
construir e reconstruir sempre ideias iguais e 
semelhantes. 
Pessoas que construíram seu cérebro assim 
têm dificuldade de compreender e aceitar ideias 
diferentes, de inovar. Diz-se que têm mente fechada. 
Normalmente são radicais. 
As pessoas que leem muito sobre um mesmo 
assunto, uma mesma teoria e linha de pensamento se 
tornam fanáticas. E suas posições, frente à sociedade, 
são ideológicas. O perigo é maior, quando assumem 
o poder, pois são autoritárias. Podem, inclusive, impor
sua ideologia para a população governada, pois 
desconhecem outras alternativas. 
28 
A TV, que mostra diariamente em seus 
noticiários morte, violência, sangue, corrupção, 
constrói uma mente trágica, sem esperança, 
insensível. A TV poderia colocar em 2/3 de sua 
programação fatos positivos, boas coisas que foram 
feitas, entusiasmo e otimismo. 
A TV e os filmes têm enorme poder de 
modelagem. O que é bom constrói, e o que é ruim 
destrói. Assim, as pessoas vão construindo seu 
cérebro e, como decorrência, seu caráter e 
personalidade. 
Se examinarmos, por exemplo, alguns 
programas infantis, poderemos concluir que a criança 
vai construir um cérebro repleto de futilidades. É 
preciso que os pais saibam escolherprogramas 
construtivos para os filhos assistirem. 
A gravidez na adolescência também é 
decorrente de modelagem de filmes e novelas. Cenas 
de estimulação de namoro e sexo levam a isso. 
Existem, também, outras formas de construção 
do cérebro. 
29 
A fofoqueira construiu um cérebro a partir dos 
primeiros estímulos de reforço que teve. Contou uma 
fofoca para vizinha. A vizinha gostou e achou graça. E 
ela se sentiu importante. No dia seguinte, contou a 
outras. Assim continuou, até ser conhecida como tal. 
Assim, pode ser construído um cérebro de 
futilidades, de raiva e de ódio, de alcoolismo, de 
delinquência, de violência, de agressividade e de 
outras infinitas possibilidades. 
Avô rico, pai nobre, filho pobre. O pai 
trabalhando 12 horas por dia. O filho, recebendo seu 
dinheirinho “pra gandaia”, dormindo até duas horas da 
tarde. Não se sente valorizado, não recebe atenção e 
amor, não tem obrigações. Não constrói cérebro para 
a responsabilidade, para o trabalho, para pensar e 
administrar. Além disso, seus neurônios vão 
morrendo, por falta de uso. Vai torrar o que o avô e o 
pai construíram, pois não sabe fazer outra coisa. 
Precisamos, para nós mesmos, para nossos 
filhos e alunos, criar ambientes saudáveis, de alta 
estimulação cerebral para emoções positivas, que 
30 
aumentem nossa autoestima, nossa alegria, 
satisfação, vontade de ajudar, de servir e de melhorar 
a nossa comcapítulo, o país e o mundo. 
Mas, lembre-se, a aula expositiva ativa 
minimamente o cérebro. Ao contrário de outras 
atividades, estratégias e meios, tais como: leituras, 
pesquisas, projetos, discussão, solução de 
problemas, Internet, filmes, documentários. Sem a 
ativação do cérebro ou sem malhação cerebral, não 
há aprendizagem. 
Nesta parte introdutória, foram apresentados 
alguns princípios neuropedagógicos, com exemplos. 
Estes são a base para refletirmos sobre as nossas 
ações educativas e os processos de aprendizagem. 
31 
Para pôr em prática 
 
 
 
 
 
Leia mais sobre esse conteúdo: 
D’ECA, Teresa Almeida. A integração da internet na 
aprendizagem. In: Net aprendizagem: a internet na educação. 
Porto: porto Editora, 1998. p. 57 e 58. 
SENGUPTA, Somini. Trad. MIGLIACCI, Paulo. Professor 
popular pelo YouTube inspira negócio de cursos on-line. 
IN: Jornal NEW YORK TIMES. Disponível em: 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/13436-professor-
popular-pelo-youtube-inspira-negocio-de-cursos-on-
line.shtml. 
SILVA, Divina Salvador. A importância da Tecnologia na 
Educação. Disponível em: http://portal.sipeb.com.br/wp-
content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-
da-Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-
Salvador-Silva.pdf. 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/13436-professor-popular-pelo-youtube-inspira-negocio-de-cursos-on-line.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/13436-professor-popular-pelo-youtube-inspira-negocio-de-cursos-on-line.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/13436-professor-popular-pelo-youtube-inspira-negocio-de-cursos-on-line.shtml
http://portal.sipeb.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-da-Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-Salvador-Silva.pdf
http://portal.sipeb.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-da-Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-Salvador-Silva.pdf
http://portal.sipeb.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-da-Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-Salvador-Silva.pdf
http://portal.sipeb.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Artigo_004_A-Import%C3%A2ncia-da-Tecnologia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o_Profa-Divina-Salvador-Silva.pdf
32 
Princípios Neuropedagógicos da 
aprendizagem 
Por princípio da aprendizagem entende-se uma 
regra, um enunciado sintético decorrente de pesquisa 
ou teoria sobre aprendizagem. São pressupostos que, 
se forem seguidos, tornarão a educação mais eficaz. 
Os princípios abaixo foram selecionados e 
classificados para qualquer situação de 
aprendizagem. Primeiramente, os objetivos são 
relacionados e classificados por categoria. Em 
seguida, há uma breve explicação de como os 
mesmos podem ser aplicados no processo de 
educação e na aprendizagem. Vejamos os objetivos 
mais relevantes para o trabalho que propomos: 
Princípios relativos ao agente e sua ação 
 O agente da aprendizagem é o aluno (e não o
professor).
 O aluno deve estar em atividade para aprender.
 Os conceitos se formam pela ação – pelo fazer.
33 
 A inteligência da criança se forma pela ação.
 A inteligência da criança se desenvolve ao
organizar o real.
 É a atividade que leva à reflexão.
 A pessoa tem sede de descobrir, de conhecer, de
resolver os problemas.
 Toda pessoa é curiosa, tem sede de saber.
 É a ação do aluno que provoca o raciocínio.
 Nunca se aprende uma coisa só.
 É a dificuldade que provoca o pensamento e a
ação.
 A atividade intelectual aparece e se desenvolve
quando há um fim a atingir.
 O esforço é proporcional aos motivos que
impulsionam o aluno.
 Antes de começar a aprender, o aluno deve querer
aprender.
 O homem é movido pela emoção e vontade.
34 
Aplicação 
Sendo o aluno o agente da aprendizagem, é ele 
que precisa fazer esforço. São suas ações, seu 
interesse, sua vontade que o levam a aprender. É por 
essa razão que o material impresso contém 
orientações de estudo que propõe atividades, ações 
para o aluno executar, física ou apenas mentalmente. 
Estratégias adequadas para isso são os 
problemas, obstáculos, projetos a partir de conteúdos 
que o aluno seja capaz de entender, relacionados a 
seus problemas, a seus interesses e experiências. 
São colocados desafios que o intriguem, que 
provoquem desejo de descobrir, de buscar, de 
pesquisar. Isso pode provocá-lo a pensar. Refletir, 
construir conhecimento próprio é o objetivo de uma 
aprendizagem mais eficaz. 
Princípios relativos à aprendizagem 
Continuando e reforçando os princípios já citados 
acima, temos: 
 A aprendizagem deve estar relacionada aos
problemas da vida real.
35 
 A aprendizagem ocorre, com mais intensidade,
quando envolve sentimentos e significados
pessoais.
 A aprendizagem significativa ou experimental
traz envolvimento pessoal.
 Não se deve ensinar nada que o aluno não seja
capaz de aprender.
 A aprendizagem parte do ponto em que os
alunos se encontram.
 A aprendizagem se dá melhor do todo para as
partes.
 A aprendizagem é progressiva, se dá passo a
passo.
 Deve-se ir do simples para o complexo, do
concreto para o abstrato, do próximo para o
remoto.
 Deve-se ir do conhecido para o desconhecido.
 Aprende-se a fazer, fazendo.
 O erro faz parte do processo de aprendizagem
e deve ser encarado como construção de
hipóteses.
36 
 A problematização auxilia na busca de resposta
e na construção do conhecimento.
 Toda aprendizagem nova deve ter ao menos
alguma semelhança com a aprendizagem
antiga.
 No processo de aprendizagem, o aluno deve
estar ciente de como e por que está
aprendendo.
 Aprender primeiro as coisas, só depois, as
palavras.
 Formar a inteligência antes da língua.
Aplicação 
Primeiramente, precisaríamos sondar e 
descobrir quais as necessidades, problemas, 
interesses e expectativas dos estudantes. Em 
segundo lugar é conveniente saber quais são suas 
experiências e nível de conhecimento sobre o assunto 
ou sobre as atividades e práticas. O conteúdo deve 
atender às necessidades dos aprendizes 
considerando as experiências que possuem, 
colocando questões e problemas que envolvam ação, 
37 
sentimentos, vontade de solução e perspectiva de 
aplicação prática. 
Princípios relativos ao relacionamento professor x 
aluno 
 Os alunos se sentem bem em clima de confiança
e de calor humano.
 O aluno busca prestígio, reconhecimento,
atenção e respeito.
 O entusiasmo do professor é um forte
estimulante.
 O professor precisa acreditar na capacidadedo
aluno, oportunizando, assim a construção do
conhecimento.
 A relação professor/aluno deve ser harmônica,
visando ao bom relacionamento e a afetividade.
Aplicação 
O entusiasmo tem por objetivo contagiar o 
aluno para o estudo, para a disciplina e a solução de 
problemas sociais e saber resolver seus problemas 
pessoais. Sobre este item, você verá mais 
38 
informações nos textos seguintes, que tratam das 
emoções e da motivação. 
Princípios relativos ao prazer e à estética 
A pessoa gosta de atividades que deem prazer. 
Atividades prazerosas estimulam a participação e são 
realizadas com maior entusiasmo. A pessoa gosta de 
coisas atraentes e novidades. As novidades e 
conteúdos atraentes instigam a curiosidade e a 
vontade de aprender. 
O conteúdo e as atividades propostas devem 
apresentar novidades ao estudante e provocar 
satisfação, prazer e ampliação do conhecimento. 
Primeiramente, é necessário saber quais são as 
possíveis atividades que dariam prazer. 
Em termos gerais, podemos dizer que são as 
lúdicas, as que envolvem atividades em grupo, as que 
levam à descoberta ou à realização pessoal, as que 
propiciam exploração do mundo, fora da sala de aula, 
as que envolvem multimídia e animação. De qualquer 
forma, é necessário que a pessoa sinta satisfação pelo 
que faz e que o esforço seja recompensado. 
39 
O próprio saber, a construção de 
conhecimento, pode ser motivo de prazer. Para 
muitos, a perspectiva de se graduar torna-se, também, 
um aspecto motivacional. Em termos práticos, 
podemos propor atividades tais como: jogos das mais 
variadas formas, não esquecendo os eletrônicos, 
dinâmicas de grupo em geral, excursões, visitas a 
ambientes diversos, filmes, vídeos, documentários e 
outros. Problemas desafiantes que o aluno consiga 
resolver, também podem ser causa de prazer. 
Princípios relativos ao reforço 
 O sucesso de uma descoberta pessoal é
altamente reforçador.
 Atividades bem-sucedidas, tendem a ser
repetidas.
 O mundo é um grande reforçador natural.
 Toda pessoa gosta de recompensa e 
reconhecimento.
 O estudante precisa ter liberdade para poder
descobrir.
40 
Aplicação 
O material didático e as atividades propostas 
devem possibilitar amplo espaço de autonomia para 
as ações. Pode-se utilizar conteúdo e estratégias que 
propiciem condições de fazer descobertas pessoais, 
que provoquem espanto, satisfação e vontade de 
pesquisar, experimentar e descobrir mais. 
O aluno deve sentir que está progredindo, ser 
elogiado pelo resultado de cada atividade e pelo 
sucesso que vem obtendo. Daí a importância do 
currículo e do atendimento individualizado ou 
personalizado. 
Princípios relativos à natureza humana 
 A pessoa aprende melhor se estiver atenta.
 Devem ser apresentados estímulos fortes para se
obter a atenção dos alunos.
 O que é intrigante deixa a pessoa aguçada para
prestar atenção.
 As necessidades são um forte impulsionante para a
pessoa agir.
 O ensino deve ser centrado nos problemas e
sentimentos dos alunos.
41 
 A aprendizagem, ou o conteúdo, deve ser
desafiante.
 Quem tem autoconfiança aprende melhor.
 O aluno aprende melhor quando sua vontade está
envolvida.
 Todas as pessoas são diferentes umas das outras.
 Toda pessoa tem motivos, desejos, interesses,
necessidades e emoções diferentes.
 Toda pessoa tem ritmo próprio de aprender.
Aplicação 
Respeitar a natureza é condição para o 
sucesso em qualquer área. Em educação, o objeto é 
o aprendiz. Ele tem sentimentos e emoções que são o
combustível que o faz agir. Assim, o material deve 
envolver as emoções dos estudantes, respeitando 
seus sentimentos, provocando emoções através de 
colocação de problemas, obstáculos e desafios, 
tomando cuidado para que nunca percam a 
autoconfiança. 
Na cobrança da execução das atividades, não 
exigir que todos executem as atividades no mesmo 
ritmo. Nas avaliações, não exigir que todos deem 
42 
respostas iguais, pois o que importa é que 
demonstrem capacidade de estudar, de aprender, de 
pensar, de correlacionar, de analisar, de questionar e 
de criticar, incentivando o desenvolvimento da 
autonomia. É necessário respeitar os limites e o 
potencial de cada aprendiz. 
Princípios relativos à metodologia 
 Dar exemplos antes de ensinar as regras.
 Deve-se ir do todo para as partes.
Aplicação 
Podemos apresentar modelos que servirão de 
parâmetros para o trabalho: exemplos de projetos, de 
textos, de esquemas, de problemas, de resenhas, de 
análise, de citações e referências e inúmeros outros. 
Depois disso, apresentar as regras. De certa forma, 
esse princípio atende também o “do concreto para o 
abstrato”. 
43 
Fundamentos Didáticos (do livro A 
Didática Necessária) 
A Didática tem seus fundamentos em várias 
ciências. Dentre elas, podemos citar a Filosofia, 
especialmente a Filosofia da Educação, a Biologia, a 
Psicologia, a Sociologia, a Metodologia Científica, a 
História e as Neurociências. 
A Filosofia levanta várias questões que levam o 
educador a refletir, entre as quais: o que é o homem? 
Por que existe? Donde veio? Qual a sua natureza? De 
que ele é capaz? O que ele deve ou não fazer? Quais 
seus direitos? Quais seus deveres? 
A partir da resposta a essas questões, o 
homem forma a sua própria filosofia de vida. 
A maioria das correntes filosóficas afirma que o 
homem é um ser especial, educável, livre; mas, 
inquieto. O homem é um ser capaz de buscar 
incessantemente a perfeição. Ora, se é capaz, ele 
deve se aperfeiçoar. Daí a importância da educação. 
44 
A Biologia, por sua vez, indica a natureza 
biológica do homem, que precisa de alimentação, 
água, repouso e temperatura adequada para 
sobreviver. Sem isso, ele também não tem condições 
de aprender. A Didática tem que levar em 
consideração a hereditariedade do aluno, o 
temperamento, a saúde, a fadiga e seu sistema 
nervoso, entre outros fatores biológicos. 
A Sociologia estuda as formas e condições de 
vida social. Indica os valores, os costumes e os 
problemas sociais. O homem deve viver bem em seu 
ambiente. Para isso, precisa conhecê-lo e atuar 
positiva e cooperativamente para melhorá-lo. Numa 
sociedade democrática, é preciso que o homem 
participe ativa e responsavelmente para seu 
desenvolvimento. O homem é um ser gregário e 
comunitário. O relacionamento do aluno com o seu 
meio e as influências deste sobre o aluno precisam 
também ser consideradas para haver um bom 
“ensino”. Ajudar a solucionar os problemas sociais e 
tornar o homem mais feliz é uma das importantes 
funções da Didática. 
45 
A Didática vale-se também da Metodologia 
Científica. Esta indica os métodos e técnicas para se 
fazer ciência. Os fundamentos, os métodos e as 
técnicas da Didática foram testados, experimentados 
e comprovados como válidos cientificamente. A 
ciência da Didática nos diz quais as técnicas que 
deram certo e quais são as mais eficientes para se 
alcançar os objetivos do ensino. Isso evita que cada 
professor tenha que começar tudo de novo, com o 
risco de não dar certo. 
O próprio tratamento que se atribui à educação 
deve ser científico. O planejamento do ensino, a sua 
execução, a elaboração dos currículos, a seleção das 
técnicas, dos conteúdos e a avaliação devem ter 
procedimentos científicos. 
A História informa-nos sobre o passado do 
homem, sua evolução, suas descobertas, sua forma 
de viver e sobreviver. A História exerce enorme 
influência sobre a criança, pois reflete todo o passado 
do homem sobre ela mesma. A criança assimila, 
consciente ou inconscientemente, o meio em que ela 
46 
vive, os costumes, as atitudes, as habilidades, enfim a 
cultura que a cerca ou que chega até ela. 
 Os mais importantes fundamentos da Didática, 
porém, são encontrados na Psicologia. Dela, 
podemos aprender que o educando tem 
características distintas em cada fase da vida. Em 
cada fase, ele temnecessidades, motivos e 
capacidades diferentes para aprender. 
A Psicologia da Educação define como é a 
natureza da pessoa humana e, sobretudo, da criança. 
Explica a importância dos motivos, dos desejos, dos 
impulsos, das emoções e dos interesses dos alunos. 
Orienta-nosquanto às influências das tensões, das 
angústias, das frustrações e dos desajustamentos na 
aprendizagem. Diz-nos que a criança é 
essencialmente irrequieta e ativa e que é incapaz de 
ficar parada. 
Há várias teorias que pretendem explicar os 
fenômenos da motivação, da natureza e do processo 
da aprendizagem para tornar essa mais consciente, 
mais duradoura e mais dinâmica. Vejamos, a seguir, 
47 
algumas ideias e conceitos de educadores e teorias 
psicológicas. 
Kerschensteiner deu ênfase à atividade do 
aluno. Os conceitos, segundo ele, formam-se pela 
ação e não pela abstração da realidade ambiental. 
Pelo fazer do aluno, é que ele aprende, e não pelas 
informações passadas por outros e pelos livros. 
O aluno deve ter oportcapítulo de observar, 
tocar, fazer e experimentar. A observação exige 
processo mental intenso. Isso leva o aluno a formular 
hipóteses e a experimentar o que gera saber de 
experiência, e não de informações verbalistas. O 
conhecimento está na atividade do aluno, e não no do 
professor. 
Dewey teve ideias parecidas, mas com a ação 
voltada para a sociedade. Segundo ele, é a atividade 
que leva à reflexão. A observação e o pensamento 
seriam instrumentos de adaptação. A criança estaria 
constantemente se adaptando às situações que 
surgem, ao grupo e ao meio. Para fazer isso, a criança 
estaria sempre atenta, prestando atenção. Muita 
48 
coisa, ela não sabe. Mas, ela é curiosa e pensa em 
alternativas de resposta, de solução para os 
problemas desconhecidos. Ela vai experimentando as 
alternativas ou hipóteses mais prováveis para 
satisfazer sua curiosidade, até que as encontre. 
Tais situações sucedem-se continuamente. 
Cada resposta é analisada pela criança, é ligada com 
as que ela já conhece e é generalizada para resolver 
os problemas sociais. 
Segundo Dewey, isso ocorre mais facilmente 
quando os alunos têm condições de discutir os 
problemas e conviver em grupos, como se fosse numa 
sociedade em miniatura. 
Claparède teve ideias semelhantes às de 
Kerschensteiner e Dewey. Segundo Claparède, é o 
ato e a reflexão que readaptam o indivíduo que 
constantemente estaria encontrando dificuldades. 
Dificuldades estas que passariam a ser necessidades. 
Necessidades que provocariam o pensamento e a 
ação. 
49 
Essas situações levam a pessoa a buscar 
dados, informações, conceitos e meios para satisfazer 
às necessidades. E essa busca de dados leva o 
indivíduo à aprendizagem, sem sentir e sem saber que 
está aprendendo. 
Piaget foi um psicólogo e educador que 
maiores contribuições trouxeram para a Didática. Ele 
admitia uma pedagogia científica, baseada na 
genética da atividade intelectual. Afirmou que há 
níveis de atividades intelectuais que vão dos mais 
simples para os mais complexos e que neles, os 
alunos ampliam as concepções de espaço, tempo, 
quantidade, qualidade, entre outras. 
A inteligência é constituída por uma estrutura. 
Constrói-se a estrutura ao organizar o real. A 
inteligência é formada pela ação, pelo fazer, pelo 
resumir, pelo debater, pelo pesquisar e pela solução 
de problemas. 
O conhecimento, assim, resulta da ação. No 
exterior, lida-se com objetos; no intelecto, com ideias. 
50 
É com ideias que criamos estruturas mentais 
operatórias superiores. 
Falamos em estruturas, mas o que vem a ser 
isso em psicologia? É a ligação de neurônios que 
permitem percepções e formam associações; é a 
ligação de ideia com ideia, que se transforma em 
pensamento e raciocínio. 
A concepção behaviorista defende que o 
conhecimento é cópia da realidade por meio dos 
sentidos. A concepção piagetiana é a interiorização 
das ações, que leva ao pensamento operatório. 
Não somos recipientes vazios, nos quais 
podem ser derramadas ideias. Estas precisam ser 
captadas por um intelecto ativo, com estruturas 
próprias, capazes de reelaborá-las. 
Quando uma pessoa se expressa de forma 
elegante, estética e criativa, é porque tem uma 
estrutura mental operatória bem desenvolvida. E isso 
é conseguido pela atividade intelectual graduada, na 
qual sempre atua a ação mental do aluno. 
51 
Bruner, por sua vez, preocupa-se com a 
captação da estrutura de um assunto que facilite o 
relacionamento com outras coisas de maneira a 
dominá-lo. 
A aprendizagem deve ser progressista. A 
pessoa pode aprender as mesmas coisas em todas as 
etapas de sua vida, mas, cada vez, de forma mais 
complexa e profunda. 
Inicialmente, a criança deve deduzir 
intuitivamente as ideias e aplicá-las. Depois, passa ao 
pensamento lógico-dedutivo. A intuição leva à 
perspicácia, à formulação de hipóteses e a 
conclusões. A intuição descobre novos fatos; é uma 
captação imediata do problema ou da solução. 
Brunerapela para que didatas e especialistas 
encontrem meios para estimular a intuição, que é a 
base da criatividade. Ele preocupa-se também com a 
motivação. Um filme pode ser boa incentivação, mas 
é passageira. O que importa mesmo é desenvolver, no 
aluno, o amor e a paixão pelo saber. Isso fará com que 
ele prossiga na busca pelo saber durante toda a vida. 
52 
O ambiente de onde a criança procede tem 
grande influência sobre o processo. Por isso, a escola 
deve criar um ambiente que desenvolva, no aluno, a 
prontidão para aprender coisas, mais cedo do que na 
idade considerada como própria. A criança deve 
aprender tudo o que for possível e aprender o mais 
cedo que puder. 
Carl Rogers foi outro psicólogo que estudou 
com profundidade a questão da aprendizagem e 
trouxe várias inovações interessantes para a 
educação. 
Segundo Rogers, toda pessoa deve chegar a 
compreender-se e a resolver seus problemas. O 
educador criaria, portanto, uma atmosfera de 
segurança e de calor que possibilitaria ao aluno 
alcançar a compreensão e a encontrar, por si mesmo, 
a solução para o seu problema. Usar-se-ia a empatia, 
por comunicação verbal ou não verbal, e a 
compreensão e a aceitação do aprendiz. O ensino 
deveria ser centrado nos problemas e nos 
53 
sentimentos do aluno. Assim, o aluno sentir-se-ia livre 
para elaborar suas experiências. 
A liberdade que o autor prega é apenas quanto 
à representação mental e à expressão dos dados de 
experiência e não por atos antissociais. Isso quer dizer 
liberdade de pensar e produzir, e não de fazer o que 
se quer. A concepção aplicada ao ensino, defendida 
por ele, visa estimular a iniciativa, a responsabilidade, 
o espírito crítico, a cooperação, a criatividade, a
adaptabilidade e a socialização. O educador estimula 
e dá condições, mas quem aprende é o aluno. 
Devemos, portanto, deslocar o eixo da matéria do 
ensino para a pessoa que vai aprender e dar toda 
atenção ao aluno, pois a matéria a aprender é objeto 
dele e não do professor; os próprios objetivos seriam 
estabelecidos pelos alunos em função de seus 
interesses e necessidades. 
Para ser possível a Didática não-diretiva de 
Rogers, é necessário que as turmas sejam reduzidas; 
que os professores tenham sólida base psicológica; e 
que os critérios de avaliação sejam elásticos. 
54 
Allport foi outro grande psicólogo que abordou 
a questão da educação. Ele preocupou-se muito com 
o estudo do “eu” da pessoa. Toda pessoa se preocupa
consigo mesma, com sua autoimagem e se 
autovaloriza. 
Às vezes, a pessoa retrai-se, fica na rotina para 
garantir segurança, evitar angústia e ansiedade. 
Outras vezes, busca a aventura e a novidade. Tudo 
está em função do seu “eu”, mas qualquer atitude vem 
acompanhada de tensão psíquica. Qualquer sinal 
para aliviá-la se torna fator de motivação. 
O que move, com mais intensidade, uma 
pessoa é o seu desejo de autorrealização.Esta é 
motivação de alto nível. É fonte de ideias. 
Allport preocupou-se muito com a felicidade do 
aluno. Disse que a descrença, em si e o desânimo 
com relação à sociedade são problemas relacionados 
à educação e podem, portanto, ser evitados por ela. 
Segundo ele, o homem tem que ser educado 
para o futuro. Formar o homem não é ensinar matéria 
55 
específica, mas abrir sua mente, fazer com que ele 
tenha abertura e flexibilidade mental. 
Mais importante que métodos, técnicas, 
procedimentos e recursos é a visão global do 
processo de educação e do que se pretende alcançar. 
Quando nos preocupamos com os problemas 
educacionais e amamos nossos alunos, descobrimos 
a melhor maneira de trabalhar. É uma didática da 
liberdade. 
Vejamos, a seguir, alguns princípios da 
aprendizagem que expressam, resumidamente, os 
fundamentos da Didática. 
Princípios da didática 
O que se entende por princípio 
Princípio é quase o mesmo que norma, lei. Em 
se tratando de educação, os princípios são extraídos 
das ciências que fundamentam a Didática, 
especialmente da Psicologia da Educação e das 
Neurociências. Elas dizem, sinteticamente, o que 
deve ser respeitado ou feito para que a aprendizagem 
56 
seja mais eficiente e científica. Os princípios da 
Didática podem também ser chamados de princípios 
da aprendizagem. 
Por que o professor deve conhecer os princípios 
da didática? 
É comum os professores terem problemas em 
sua sala de aula. Entre estes, destacam-se a falta de 
interesse dos alunos, a indisciplina e a falta de 
participação. Muitos alunos, mesmo interessados e 
prestando atenção, não aprendem, ou, no sistema 
tradicional, tiram notas baixas e os professores ficam 
sem saber o que fazer. 
Há professores que se desesperam com isso e 
sofrem muito. Outros perdem todo o ânimo e se 
tornam professores relapsos. Por quê? A causa 
principal é, seguramente, o não-conhecimento dos 
princípios da aprendizagem ou a não-aplicação deles 
na prática. 
O professor, conhecendo os princípios, pode, 
ele mesmo, inventar estratégias ou técnicas que 
levem os alunos a participar mais e entender melhor. 
57 
Estará, assim, respeitando a natureza do educando e 
a Didática como ciência. 
Pobre é o professor que utiliza técnicas e não 
sabe por que as usa e nem prevê os resultados que 
pode alcançar com elas. Este é um professor que não 
tem mentalidade científica e não conhece as teorias 
da educação ou da aprendizagem. 
Vejamos, a seguir, algumas situações que 
envolvem princípios de Didática. 
Todo aluno quer ser livre, autônomo e 
independente. É a própria natureza da pessoa 
humana que determina que ele queira ser assim. Se o 
professor os respeita, está agindo cientificamente. 
Às vezes, veem-se crianças pequenas, de um 
ano ou dois, reagirem aos nossos pedidos. Não 
aceitam nem ser beijadas, sem sorrir para elas ou 
agradá-las antes. 
O aluno é um ser de vontade. Ele só faz alguma 
coisa, se quiser fazer. Só aprende, se quiser aprender. 
Obrigá-lo a aprender por meio de ameaças e castigos, 
de nada adiantará. Ele até pode aprender, mas vai 
58 
ficar revoltado e com ódio de estudar, da escola, do 
professor ou da matéria. 
Viver é aprender. E aprender deve ser viver. O 
aluno deve aprender o que tem relação com a vida 
dele, com o que ele gosta e que tem sentido para ele. 
O aluno precisa ter oportunidade e liberdade para 
viver a sua vida intensamente. Por isso, o professor 
precisa criar, na escola, ambiente de liberdade e 
respeitar interesses, necessidades, objetivos e ideais 
dos alunos. Deve orientá-los e assisti-los para que 
alcancem a plenitude de seus ideais. 
Todo aluno quer ter reconhecidas suas 
qualidades e seu esforço. Pode ser difícil para o 
professor dar atenção a cada um dos alunos, procurar 
conhecer suas qualidades e reconhecer o esforço de 
cada um deles, mas vale a pena. Não é assim que 
gostaríamos de ser tratados? 
O homem é sujeito de prazer, isto é, faz aquilo 
que dá prazer, que é agradável, de que gosta. Cada 
aluno tem gostos diferentes. Daí o professor ter que 
procurar conteúdos, experiências e atividades que 
59 
possam agradar a cada um em particular, ou ao 
menos à maioria da classe. 
Cada aluno amadurece e se desenvolve 
psicológica e intelectualmente em ritmo próprio. Isto 
quer dizer que alguns alunos se desenvolvem mais 
rapidamente que outros. Assim, numa mesma sala, 
temos alunos com os mais diversos níveis de 
capacidade de aprender, segundo o estágio em que 
se encontram e segundo as capacidades que têm. 
Todos os alunos são curiosos. Uns mais, outros 
menos. Alguns, por umas coisas; outros, por outras. 
Ligando este princípio com o anterior, percebemos 
que nem todos os alunos têm as mesmas condições 
de aprender, e que nem todos querem aprender as 
mesmas coisas. Mas, é certo que todos têm condições 
de aprender alguma coisa. Muitos têm curiosidade por 
poucas coisas, mas há também os que têm 
curiosidade por muitas coisas. É direito deles 
aprenderem ao menos o que querem aprender. É 
dever do professor atender a esse direito. 
60 
O próprio aluno é o seu agente de 
aprendizagem. Quem aprende é o aluno. Por melhor 
que seja o professor e por mais que ele queira, o aluno 
só aprende se quiser e pelo próprio esforço. Por isso, 
o professor deve selecionar conteúdos e atividades
que sejam do agrado do aluno e deixar o próprio aluno 
trabalhar, e não trabalhar por ele. 
O aluno tem sentimentos e emoções. O aluno 
gosta de fazer amigos, de ser estimado, considerado 
e amado. O professor deve criar clima de calor 
humano em que possa ser cultivada a amizade, a 
camaradagem, a compreensão e o respeito. Deve 
evitar que possa haver problemas entre colegas e 
jamais humilhar os alunos. 
Se pedirmos para os alunos lerem assuntos 
que não sejam do interesse deles, vão dizer que é 
tudo a mesma coisa, não vão distinguir entre um 
assunto e outro, não prestarão atenção. Mas, se 
apresentarmos assuntos que interessam a eles, 
perceberão os mínimos detalhes e ficarão atentos a 
tudo. 
61 
Exemplos de aplicação de princípios 
Paulo é encarregado de colocar trilhos para 
uma estrada de ferro. Para que colocar trilhos? O 
objetivo é para o trem passar por cima deles. O 
objetivo imediato é, portanto, propiciar condições para 
a passagem do trem. 
Na primeira vez que passou pelos trilhos, o trem 
tombou. Paulo tinha colocado os trilhos. Mas, o 
objetivo não foi alcançado. Por quê? Ou melhor, qual 
a causa do descarrilamento? 
É que Paulo não conhecia o princípio da 
dilatação dos corpos: “ferro, quando esquenta, dilata”. 
Ele colocou os trilhos, com 10 metros de comprimento 
cada um, com uma ponta encostada na outra, em dia 
bem frio. No dia em que o trem passou, estava um sol 
muito forte; os trilhos haviam se dilatado e entortado. 
Ele devia ter deixado o espaço de uns 3 centímetros 
entre um trilho e outro, já que no dia em que ele os 
colocou fazia muito frio. 
Paulo devia ter aprendido antes que o “ferro, 
quando aquecido, dilata”. Faltou o conhecimento de 
62 
um princípio científico para ele fazer o serviço 
adequadamente. Como não o conhecia, não alcançou 
o objetivo e provocou um enorme prejuízo.
A outra situação se refere a uma moça obesa, 
que queria emagrecer a todo custo. Onde ela 
soubesse que poderia conseguir receita de comida 
para emagrecer, ela ia. Chegou a juntar 70 receitas 
diferentes. Imaginemos o trabalho que ela teve para 
colecionar as receitas e depois para as preparar. 
Em vez de colecionar receitas, ela poderia ter 
procurado conhecer os princípios científicos para 
emagrecer. Vejamos alguns exemplos de princípios, 
de forma bem simples: 
- evitar frituras e carnes gordas emagrece;
- evitar doces, massas e tubérculos emagrece;
- comer alimentos fibrosos emagrece;
- correr emagrece.
Aqui estão quatro princípios. Se for respeitado 
cada um separadamente, já dá paraemagrecer. Mas, 
63 
se forem atendidos os quatro ao mesmo tempo, a 
probabilidade disso acontecer aumenta muito. 
O mesmo pode acontecer em Didática. Um 
professor pode procurar receitas de técnicas em toda 
parte e, mesmo assim, não conseguir resolver os 
problemas de aprendizagem de seus alunos. Todo 
professor deve conhecer, e muito bem, os princípios 
de Didática. 
A História da Educação está cheia de princípios 
de Didática. Embora não constassem como princípios, 
eles nortearam a educação no passado. Apenas 
recentemente, muitos deles foram confirmados como 
princípios. 
Santo Agostinho já afirmava, por volta do ano 
390, que a criança precisa aprender primeiro o que as 
coisas são e só depois aprender o nome delas. Hoje, 
aquela recomendação de Santo Agostinho 
transformou-se em princípio que pode ter os seguintes 
termos: Aprende-se primeiro o concreto, depois o 
abstrato. 
64 
Outros dois princípios vindos de Santo 
Agostinho: 
- A demonstração é melhor que as palavras.
- Só se aprende aquilo que é significativo.
Até hoje, esses princípios estão sendo pouco 
respeitados, apesar de serem importantes. Há 
muitíssimos professores que ainda dão aula e julgam 
que eles são a causa da aprendizagem do aluno. Sem 
esforço do aluno, sem que o aluno observe, pense, 
compreenda, não existe aprendizagem, por mais que 
o professor se esforce. Isto está amplamente
comprovado pela psicologia da aprendizagem e, hoje, 
confirmado pela neuroeducação. 
Vejamos, a seguir, uma lista de princípios de 
didática. Alguns têm redação um pouco diferente, mas 
o sentido é o mesmo.
Motivação e incentivação 
Motivação e incentivação são assuntos que têm 
gerado muita discussão e controvérsia. 
65 
Agora, com as neurociências, tudo isso pode 
ser dissipado. 
Motivação é o motivo que leva alguém a agir 
para satisfazer uma necessidade, um interesse, uma 
intenção. 
As necessidades provocam certo grau 
de tensão na pessoa que a deixa preocupada, 
inquieta, até conseguir satisfazer à necessidade e 
alcançar o objetivo. 
Motivação é, portanto, estado 
psicológico em que a pessoa sente falta de alguma 
coisa. Todas as pessoas têm motivação para uma ou 
para outra coisa. 
Se o aluno não vê nenhuma perspectiva 
de satisfazer sua necessidade, ou de aliviar seu grau 
de tensão, e se isto perdurar por longo tempo, ele 
entra em estado de angústia, de aflição e até de 
neurose. 
Se, porém, notar uma possibilidade de 
resolver o problema, ele anima-se e passa a agir com 
mais esforço e até com sacrifício, se necessário. 
66 
O que é incentivação? Incentivação é o 
oferecimento dos meios, das condições ou dos 
objetos que satisfaçam às necessidades das pessoas, 
para que, assim, consigam diminuir o estado de 
tensão. É ir ao encontro da motivação das pessoas, 
com aquilo que corresponde aos motivos delas 
mesmas. 
Se alguém tem fome, tem motivação 
para procurar comida. Indicar onde e como consegui-
la é incentivação. Se alguém tem sede, deve mostra-
se como conseguir água. Observe-se bem, mostrar 
como e onde conseguir comida e água e não 
simplesmente dar comida e água. Porque, se der 
comida e água, acaba a motivação. A pessoa 
acomoda-se. Não age mais. 
Se alguém tem necessidade de afeto – e 
todas as pessoas têm – a motivação é procurar afeto. 
O incentivo que corresponde a esta necessidade é dar 
afeto. Aqui, sim, o professor pode dar o incentivo 
diretamente, pois a necessidade de afeto não acaba 
nunca. 
67 
Para que o professor possa incentivar 
corretamente, precisa conhecer bem o aluno: seu 
meio, sua família, sua saúde, seu temperamento, suas 
necessidades, suas aspirações, seus hábitos e seus 
valores. É preciso saber o que o aluno precisa e ir ao 
encontro dele. É preciso animá-lo, dando esperanças 
de que ele terá satisfeitas as suas necessidades em 
breve. 
A motivação pode ser intrínseca ou extrínseca, 
tal qual a incentivação. 
Existe motivação intrínseca no aluno, quando 
ele estuda o assunto ou a matéria por gostar da 
matéria em si, por ter visto nela algo que lhe agradou. 
Um exemplo claro de motivação intrínseca é a 
resposta de um aluno em depoimento que deu sobre 
a pergunta: “Por que gosta de estudar?” “Eu gosto de 
estudar Química e Física, pois a gente estuda os 
elementos químicos, velocidade, tempo e outros”. 
O aluno certamente se encontrou com esses 
assuntos. Ele está motivado intrinsecamente, pela 
68 
importância, valor ou satisfação que a própria matéria 
traz para ele. 
Motivação extrínseca é aquela em que o aluno 
é impelido a estudar uma matéria para obter alguma 
vantagem ou benefício com ela. Como exemplo, 
temos com o mesmo aluno que deu o depoimento 
acima. Mais adiante, ele diz: “Educação Física eu 
gosto, porque tenho chance de participar de 
campeonatos e fazer novas amizades”. Note-se que 
ele gosta de Educação Física por razões externas à 
matéria, para satisfazer às necessidades de competir, 
de vencer, de estar com os outros e fazer novas 
amizades. Não é a matéria em si que lhe agrada. 
Quando o aluno estuda só por nota, para 
passar, para agradar ao professor, agradar aos pais 
ou ganhar um prêmio prometido, tem apenas 
motivação extrínseca. 
Bom seria, se todos os alunos tivessem sempre 
uma forte motivação intrínseca. Esta pode durar a vida 
toda; enquanto a extrínseca desaparece com o tempo. 
69 
Incentivação intrínseca é o uso de estímulos 
pelo professor para atender a motivos que 
demonstrem interesse pela matéria, por parte do 
aluno. Aqui o professor pode apresentar a beleza da 
matéria por meios auxiliares, por atividades sobre 
conteúdo significativo e que seja facilmente 
compreendido pelos alunos. O exame de células ao 
microscópio pode levar um aluno a se maravilhar pela 
Biologia ou pela Botânica. É um meio de incentivação 
intrínseca. 
Aproveitando também o depoimento de um 
aluno, que disse: “Quando eu consigo compreender 
bem a matéria, fica gostoso estudar”, assim, tudo o 
que o professor utilizar para satisfazer a curiosidade 
dos alunos sobre a matéria ou para torná-la de fácil 
compreensão é incentivação intrínseca. 
Incentivação extrínseca são todos os outros 
estímulos usados pelo professor para conseguir fazer 
com que o aluno estude e se esforce. Os estímulos 
podem ser positivos ou negativos. 
70 
Temos incentivação extrínseca positiva quando 
o professor utiliza elogios, promete recompensas, dá
notas altas, utiliza técnicas atraentes, apresenta os 
benefícios que o aluno poderá obter com o 
conhecimento da matéria na vida dele. O próprio 
professor, sua maneira de ser e seu entusiasmo, pode 
ser incentivação extrínseca positiva. Estes 
procedimentos podem ser utilizados pelo professor. 
Em si, não há inconveniente. Pode até mesmo ser o 
ponto de partida para que o aluno, estudando, passe 
a gostar da matéria, chegando a ter motivação 
intrínseca, que é o ideal. 
A incentivação extrínseca negativa caracteriza-
se por ameaças. Ameaças de reprovação, de notas 
baixas, de castigo, de chamar os pais. Não deve ser 
usada. Ela só faz os alunos se aborrecerem com a 
escola; ficar com ódio do estudo e do professor. 
Certa vez, um aluno de 4ª série, que sempre 
tirava notas nove e dez, tirou uma nota dois. Ficou três 
dias sem falar com ninguém. Imagine o choque que 
levou, a revolta que tomou conta dele e o ódio que 
71 
deve ter sentido pelo professor. Considerando-se que 
a melhor nota da classe foi cinco, conclui-se que o erro 
foi do professor. 
Cabe observar, nesse caso, que o aluno tinha 
o hábito de levar tudo a sério, de ser caprichoso, de
estudar. Ele tinha convicção de que sabia bem a 
matéria e, no entanto, tirou nota dois. Estragou seu 
boletim, magoou seu ego, sua autoestima. Enfim, 
ficou arrasado. 
É por isso que o professor precisa conhecer 
também os hábitos dos alunos para não provocar 
desincentivos absurdos como esse. 
Fundamentos da motivaçãoÉ importante estudarmos os fundamentos da 
motivação, porque eles nos dão as bases científicas 
das razões pelas quais a pessoa age, uma vez que ela 
não é capaz de ficar parada. Muitos estudiosos 
fizeram pesquisas sobre o assunto, principalmente 
psicólogos e educadores. Assim, teremos algum 
conhecimento sobre a natureza humana. 
72 
 
 
Motivação vem de motivo para a ação. E os 
motivos para a ação vêm de dentro da pessoa. É fruto 
ou consequência de suas necessidades, interesses, 
desejos, aspirações e intenções. De forma que, se 
quisermos saber quais são os motivos que levam um 
aluno a agir, precisamos, basicamente, conhecer suas 
necessidades e interesses. Analisemos um pouco a 
questão das necessidades. 
As necessidades mais fortes são relacionadas 
à sobrevivência, são as biológicas. A pessoa faz toda 
força possível para se manter viva e não sentir dor. A 
fome e o frio é uma ameaça para a vida ou fazem 
sofrer. 
Se, por exemplo, um aluno está passando 
fome, o primeiro motivo que o leva a fazer alguma 
coisa é para saciar essa fome. Se tem sede, ele age 
para matar a sede. Se tem frio, ele procura agasalho. 
A ele, não importa escola, nem matéria, nem 
professor, nem reprovação, nem ameaças e nem 
punições. A satisfação das necessidades biológicas 
vem em primeiro lugar. 
73 
Suponhamos que essas necessidades estejam 
satisfeitas e que não sejam mais problema. Outras 
aparecerão. Ainda no nível biológico, ele poderá 
querer segurança, prazer, conforto e bem-estar. Ele 
age para ter onde morar, para não ter ameaça física, 
para não sofrer punições e maus tratos. Qualquer 
sintoma, neste sentido, coloca-o tenso e disposto a 
fazer algo para evitar esses perigos. Ele pode 
procurar, também, fazer esforço para ter uma vida 
melhor. 
Dependendo da idade do aluno, a segurança 
pode implicar também estar com seus pais ou com 
quem o ame, apoie-o e proteja-o. 
Satisfeitas às necessidades biológicas, passam 
a ter destaque as necessidades sociais. O aluno 
precisa sentir que é amado. Isso dá a ele tranquilidade 
e gera bem-estar. Ele gosta de estar com outras 
pessoas, pais, amigos, colegas. Ficar sozinho faz com 
que ele se sinta mal. Ele age e esforça-se para ser 
amado, estimado, compreendido e para poder estar 
com outros. 
74 
No grupo das necessidades sociais, está ainda 
o prestígio. O aluno quer e precisa sentir que tem
aceitação ou posição relevante no grupo ou na 
sociedade. Ele sente-se bem, quando é elogiado pelo 
professor, aplaudido ou bajulado pelos colegas. Ele 
quer vencer, aparecer, ser alguém. Ele precisa, de 
uma forma ou de outra, chamar atenção sobre si, ou 
com notas boas, ou com desordem, ou com agressões 
ao professor; sobretudo ao professor “chato”. 
Mais uma vez, tendo o aluno satisfeito às 
necessidades anteriores, outras surgem. A pessoa 
humana é eternamente insatisfeita. Está sempre 
ansiosa. Agora, aparece a necessidade de fazer 
sucesso e se autorrealizar. Ele quer fazer sucesso nos 
estudos, o que demonstra pelas notas; quer fazer 
sucesso no jogo, no esporte ou no trabalho. É por isso 
que os alunos têm pressa em conhecer sua nota após 
fazer provas. 
A autorrealização e a busca do ideal são as 
necessidades mais elevadas. Como a pessoa nunca 
75 
alcança o ideal, vai, ao menos, sempre crescendo, 
aperfeiçoando-se. 
Logo adiante, veremos com mais detalhes 
como podem ser aproveitadas as necessidades dos 
alunos e como manter acesa essa motivação ou fazer 
com que ela seja aumentada. 
Motivos que levam uma pessoa a 
agir 
Você leu um texto longo sobre motivação e 
incentivação. O que é que você lembra? Muito pouco. 
Para facilitar o uso dos princípios biológicos, 
psicológicos e das neurociências, fiz uma lista bem 
sintética dos principais motivos que levam uma 
pessoa a agir. 
Quando planejar ações pedagógicas, ou de 
aprendizagem é interessante consultar a lista abaixo. 
Quanto mais motivos você descobrir em cada aluno e 
quanto mais incentivos você encontrar para atendê-
los, mais envolvimento e resultados você conseguirá. 
76 
Os motivos podem ser inatos ou desenvolvidos 
pelo meio ou combinação destes dois fatores. São 
eles: 
 Buscar e ter alimento;
 Ter água;
 Ter segurança;
 Ter agasalho;
 Ter moradia;
 Ser amada, querida e benquista;
 Sentir-se acolhida;
 Estar com os outros;
 Ser feliz;
 Aparecer, ser notada, exibir-se;
 Fazer sucesso;
 Vencer;
 Conquistar;
 Persuadir;
 Mexer e se mexer;
 Buscar paz, tranquilidade e sossego;
 Agir;
 Servir, ajudar, proteger;
 Satisfazer a curiosidade;
77 
 Aprender;
 Agredir, ofender, provocar;
 Conhecer;
 Descobrir;
 Ser alguém;
 Ter um ganho;
 Sentir-se realizada;
 Ter benefício imediato ou em longo
prazo;
 Sentir satisfação;
 Fazer o que gosta;
 Comer o que gosta;
 Ler o que gosta;
 Ser melhor que os outros;
 Ver sentido no que tem que fazer;
 Ver utilidade no resultado;
 Ser livre;
 Fazer a coisa bem feita;
 Organizar;
 Ser mais forte;
 Fazer aventuras, agito, provocar 
adrenalina.
78 
Em todas as ações acima estão envolvidas as 
emoções. As emoções são o combustível para o 
homem agir. Uma das funções do professor, ou de 
qualquer educador ou líder é ligar o motor. 
Para fazer isso, o professor deve ter e usar a 
chave do carro, ou seja, os incentivos adequados para 
cada educando ou aprendiz. O nosso cérebro é 
seletivo. Seleciona o que interessa a ele. Ou seja, o 
que interessa e tem semelhança com as estruturas 
mentais já formadas em seu cérebro. Por isso, o 
professor precisa saber quais os itens acima que 
movem ou atendem os motivos de cada pessoa. 
Incentivos são recursos, meios ou estratégias 
que o professor utiliza para ativar os motivos que a 
pessoa já tem. Saber escolher os incentivos é o 
segredo para conseguir disciplina, envolvimento e 
aprendizagem. 
Mas os incentivos devem ser bem planejados. 
Devem atender aos princípios gerais da natureza 
humana: satisfazer necessidade ou gerar prazer. 
79 
Devem visar ao alcance de objetivos educacionais 
previstos no projeto pedagógico da escola ou do 
curso. Citamos alguns exemplos: Eu me criei no sítio 
onde tinha um gato para eliminar os ratos. O que ele 
tinha que aprender? Desenvolver habilidade e 
agilidade para pegar e matar o rato. É da natureza 
dele. 
Para desenvolver essa habilidade podemos 
deixar no chão uma bolinha do tamanho de uma de 
pingue-pongue. O gato fica treinando por horas com 
ela. Ele brinca, gosta e nós previmos a utilidade. 
Se nós dermos ou disponibilizarmos 
brinquedos para as crianças elas ficam horas 
brincando. Mas quais brinquedos dar? Os que são 
compatíveis com a idade da criança. Que tenham 
utilidade educativa: discriminar cores, desenvolver a 
sensibilidade tátil, habilidade de montar, a criatividade. 
A criança faz, erra, tenta novamente e repete 
até acertar. Teve êxito, vitória, deu prazer. Os motivos 
negativos, porém, devem ser reprimidos com 
estratégias adequadas. 
80 
O que faz o aluno gostar de estudar? 
Fiz uma abordagem entre alunos da 5ª à 8ª 
séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio para 
verificar o que os leva a gostar de estudar. A pergunta 
colocada para eles foi: “você gosta de estudar? Em 
caso afirmativo, o que faz você gostar de estudar?”. 
Vejamos algumas respostas, com a redação 
melhorada por eu: 
 “O que me faz gostar de estudar são as
matérias mais práticas, movimentadas e que
tenham interesse para mim.”
 “A maneira de o professor se expressar; o
dinamismo com que é dada a matéria e a
compreensão da mesma.”
 “Se consigo resolver os exercícios, gosto da
matéria.”
 “Se o professor é animado, a aula também é
interessante.”
 “Gosto de estudar para ser alguém no futuro,
para ter uma colocação melhor e para aprender
a falar certo.”
81 
 “Se a matéria me agrada... eu vou bem. Mas se
o professor é legal, também ajuda.”
 “Quandoeu consigo compreender bem a
matéria, fica gostoso estudar.”
 “Existem matérias que eu gosto de estudar,
devido à facilidade, clareza e objetividade do
professor; devido à concretização e ao bom
relacionamento entre o professor e o aluno.
Existem matérias com as quais não tenho muita
afinidade devido ao alto número de teorias e
pouca prática.”
 “As matérias preferidas são as da área de
exatas, devido à facilidade e por estarem
ligadas ao ramo da tecnologia. Não gosto de
literatura, pois para mim não há nenhuma
utilidade.”
 “Eu sempre fui uma pessoa muito curiosa.
Portanto, gosto de estudar para satisfazer as
minhas curiosidades e também porque
somente através de estudo terei maiores
conhecimentos e oportcapítulos de trabalho.”
82 
 “Eu gosto de estudar Química e Física, pois a
gente estuda os elementos químicos,
velocidade, tempo e outros. Educação Física
eu gosto, porque tenho chance de participar de
campeonatos e fazer novas amizades.”
 “Eu gosto de estudar para estar por dentro de
tudo o que me diz, ou não, respeito. Porque
estou sempre me testando. Também porque
faço muitas amizades.”
 “Para ter uma profissão.”
 “Porque aprendo coisas novas e diferentes.”
 “Para ter uma vida melhor.”
 “Gosto de estudar, tendo preferência por
algumas matérias, por causa dos professores
que são mais legais.”
 “Porque o professor transmite segurança,
objetividade e carinho pelo que faz e
principalmente pelos alunos”.
83 
Por que o professor não deve 
motivar os alunos? 
Simplesmente porque os alunos estão cheios 
de motivos. Se o professor conseguir satisfazer esses 
que o aluno já tem, conseguirá alunos atentos, 
estudiosos, disciplinados e esforçados. Motivar, aqui, 
assume o sentido de reforçar motivos ou criar novos 
motivos. Isso não deve ser feito, pois seriam artificiais 
e pouco fortes. Se uma pessoa acabou de almoçar, 
ele faria o mesmo esforço para buscar comida do que 
quem está com fome? Adianta querer despertar nela 
motivo para comer mais? Pode ser provocada a fome 
ou intensificada a vontade de comer naquele instante? 
O que deve ser feito é descobrir os outros 
motivos que a pessoa tem para agir que ainda não 
foram satisfeitos, e descobrir os incentivos 
correspondentes para atendê-los. Ao professor, cabe 
incentivar e não motivar. A motivação será reforçada 
pelo próprio aluno, à medida que estiver recebendo os 
84 
incentivos em dose correta e estiver despertando, em 
si mesmo, novas necessidades e intenções. 
Fontes de incentivo 
As fontes de incentivação podem facilmente ser 
notadas nos próprios depoimentos dos alunos, num 
dos itens anteriores, no início do capítulo. Eles falam 
que o que os faz gostar de estudar é o conteúdo, o 
professor, os métodos, os seus próprios objetivos. 
São estas, portanto, as fontes de incentivação. É delas 
que vêm todos os incentivos que atendem aos motivos 
dos alunos e que os fazem gostar de estudar. 
a) O conteúdo
O conteúdo trabalhado deve ser significativo. 
Deve ir ao encontro dos motivos dos alunos e estar 
ligado às suas experiências, ao seu nível de 
entendimento, e ser de fácil compreensão. Eles não 
admitem estudar matéria em que não veem sentido e 
utilidade. 
85 
b) O professor
O professor é, sem dúvida, a mais importante 
fonte de incentivação. Ele dá afeto, carinho, 
segurança e atenção ao aluno. Ele o apoia, elogia-o e 
ajuda-o a conseguir prestígio. É ele que analisa o 
aluno e o meio social e ajuda a selecionar os objetivos, 
o conteúdo, as técnicas. Ele avalia o aluno, informa
sobre o progresso e sobre o alcance dos objetivos do 
mesmo. É ele ainda que dinamiza a aula, facilita a 
compreensão e torna o estudo agradável. 
c) Os métodos
Os alunos têm necessidade de atividade. Eles 
gostam de métodos ativos de que possam participar. 
Eles não gostam de ficar parados. Se as técnicas 
usadas forem para trabalhar em grupo, ou em forma 
de jogo, melhor ainda. Aí terão oportcapítulo de estar 
com os outros, obter prestígio, reconhecimento. De 
qualquer forma, porém, os métodos devem também 
ser agradáveis, facilitar a compreensão e ser 
adequado para o alcance dos objetivos. 
86 
d) Os objetivos
O aluno quer a satisfação de suas 
necessidades e de suas intenções. Os objetivos 
deveriam ser traçados de forma a ficar embutida a 
satisfação daquelas. Os alunos querem, também, 
alcançar os objetivos educacionais. Querem 
compreender, fazer progresso e ser alguém no futuro. 
Se os objetivos forem traçados de acordo com 
isso, serão fonte de prazer e, ao mesmo tempo, de 
esforço. Serão incentivos adequados para a 
dedicação e o empenho dos alunos. 
e) O prazer
A maioria das pessoas gosta das coisas que 
deem prazer. É próprio da natureza humana. A criança 
e o jovem gostam de agito, de ação. Não aceitam ficar 
parados. 
A comida tem que ser gostosa. Você escolhe o 
que gosta de comer. Um livro tem que ser gostoso de 
ler, tem que ser fácil de entender, tem que mexer com 
as emoções, provocar adrenalina. 
87 
Na escola, o professor tem que ser legal, ser 
amigo. O conteúdo tem que ser fácil de ser entendido, 
tem que provocar curiosidade, ter utilidade, trazer 
novidade e estar atualizado. 
O que se aprende na escola deve servir para a 
vida toda e não para alguns dias. Temos que aprender 
da mesma forma que se aprende a andar de bicicleta. 
Uma vez aprendido, não se esquece mais. 
Quando se faz o que se gosta, o tempo passa 
sem sentir. A teoria de recursos humanos insiste em 
afirmar que a pessoa deve ser orientada e colocada 
no serviço que ela mais gosta de fazer. 
Por que na escola não se faz o mesmo? 
Deveríamos deixar o estudante estudar o que ele 
quisesse para se preparar para aquilo que gosta de 
fazer. Estudar na hora e no local que quiser, com a 
metodologia com a qual melhor aprender. 
Cerca de 20% dos estudantes desiste do curso 
superior que faz porque não gosta do curso, do 
professor ou da metodologia. O professor, em vez de 
impor, deveria ouvir o estudante para saber qual é seu 
88 
sonho e orientá-lo para alcançá-lo. Colocar objetivos, 
traçar metas com ele e estratégias. 
Alcançá-los é desafio para o estudante. O 
desafio deve ser do estudante e por esforço dele. A 
metodologia utilizada e toda meta alcançada lhe trará 
satisfação e sensação de realização pessoal. O 
reconhecimento do professor e recompensa 
adequada ao estudante são o reforço para continuar 
com afinco seus estudos. 
Síntese 
Cada vez mais, é necessário desenvolver 
habilidades que levem o indivíduo a aprender a 
aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, 
a aprender a se comunicar, e não apenas reproduzir e 
memorizar informações, mas, sim, desenvolver 
competências de resolução de problemas. E como 
vimos neste capítulo, diferentes áreas científicas 
evidenciam que é um processo complexo, mas que é 
possível transformar a educação formal. 
89 
http://www.sbneurociencia.com.br/html/indice_artigos.htm
http://neurociencia.tripod.com/
90 
CAPÍTULO II 
Neurociências, 
neuroeducação e 
neuropedagogia 
Introdução 
Como vimos no capítulo 1, precisamos cada 
vez mais, ter habilidades que nos permitam conviver 
socialmente, e a educação formal é o caminho para 
tais habilidades. Contudo, se nós quisermos ser 
educadores competentes, precisamos acreditar na 
ciência, descontruir os condicionamentos, 
desenvolver habilidades e criatividade para aplicar os 
princípios científicos no processo de aprendizagem. 
Neste capítulo, vamos falar das ciências que devem 
estar presentes no ensino formal para o 
desenvolvimento de habilidades. 
91 
Neurociências 
As neurociências contribuíram 
significativamente para compreender o cérebro e o 
processo de aprendizagem e educação. As 
descobertas científicas, feitas por meio das 
tecnologias computadorizadas: tomografia, 
ressonância magnética, entre outras. Com elas 
podemos saber como funciona o cérebro, diante dos

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