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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FLAVIA JANAINA DA SILVA NUNES CARVALHO A INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM URUAÇU-GO 2021 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FLAVIA JANAINA DA SILVA NUNES CARVALHO A INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM URUAÇU-GO 2021 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de............... Universidade Paulista – Polo....... Orientação: nome do orientador AGRADECIMENTOS À Deus, primeiramente, pela força, saúde, disposição e sabedoria e coragem para atingir nosso objetivo que era concluir essa graduação. A minha família, em especial meu marido e meus filhos, pelo apoio e compreensão na ausência e nos dias mais intensos e por acreditarem em minha capacidade. A minha tutora por toda orientação e paciência durante o curso, por sempre ter atendido as nossas solicitações com carinho e atenção. E a todas as pessoas que indireta ou diretamente nos ajudaram, cooperaram para con- cretização de mais um projeto acadêmico. 3 “Uma palavra que não representa uma ideia é uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia não incorporada em palavras não passa de uma som- bra.” (Lev Vygotsky) https://www.pensador.com/autor/lev_vygotsky/ 4 RESUMO O presente projeto de natureza bibliográfica tem como objetivo analisar a importância da mo- tivação para a aprendizagem escolar. A partir da revisão da literatura pode-se constatar que a motivação é vista como um dos grandes problemas enfrentados pela a educação brasileira e pode-se originar na família, nas diferenças culturais e socioeconômicas ou na própria sala de aula. Por essa razão é fundamental que professores, pais e alunos busquem caminhos, tornem as aulas mais atrativas e condizentes com as necessidades dos discentes. É relevante o papel do professor como mediador desse caminho, devendo ele observar e criar situações para trabalhar e desenvolver as habilidades e competências dentro da sala de aula, para trabalhar a motivação entre os alunos. Em resumo, motivação é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem, devendo o professor ser perspicaz para captar nos alunos as suas necessidades, adotando meto- dologias modernas, inserindo recursos didáticos que fazem os alunos ativar a curiosidade. Palavras-chave: Aprendizagem, ensino, motivação. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 8 2.1 DIFICULDADES DE APRENZIGEM NO CONTEXTO ESCOLAR 9 3. ABORDAGENS E TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 21 3.1 O PAPEL DA MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM ESCOLAR 26 3.2 TIPOS DE MOTIVAÇÃO 28 3.3 ESTRATEGIAS MOTIVACIONAIS 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 6 INTRODUÇÃO Segundo Ausubel (1980), “o fator singular mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos”. Vários pesquisadores como David Ausubel, Joseph Novak, Plinio Cavalcanti Moreira, privilegiam valorizar as dimensões da aprendizagem que ocorre quando estão relacionadas a outras já conhecidas na mente do indivíduo. A teoria da aprendizagem significativa “deslocou o nosso olhar para o aluno como sujeito de aprendizagem, em particular, para os conceitos preexistentes do aluno como reguladores da sua própria aprendizagem” (CACHAPUZ, 200, p.6) Nessa condição com a manifestação de olhar para o aluno como um sujeito presente na aprendizagem faz com que professores e alunos consigam ir em busca do conhecimento de uma maneira prospera para a aprendizagem. Inúmeros são os motivos apontados pela literatura que contribuem para a presença da desmotivação e também o que isto pode trazer de consequências adversas para o desenvolvimento intelectual do aluno. Motivos de origem familiar, de diferenças culturais e sicioeconômicas, assim como fatores que estão enraizados na própria sala de aula e que ocasionam o desinteresse do aluno em explorar o universo dos conteúdos sigeridos pelo professor. Outro motivo que influencia na falta de motivação diz respeito aos recursos didáticos, bem como as práticas pedagógicas que já não seriam tão eficazes para imprimir no aluno o interesse pelas aulas. Uma vez que a falta de motivação interfere negativamente no processo de ensino- aprendizagem é necessário comprrender os fatores determinantes para esta falta, no sentido de que a partir de então o entendimento sobre esse assunto seja ampliado e aprofundado, buscou- se a realização desse estudo cujo geral é analisar o papel da motivação para a aprendizagem escolar. O trabalho foi estruturado da seguinte maneira: no primeiro e segundo capítulos apresentamos alguns fatores relacionados a dificuldades de aprendizagem, posteriormente comentamos como o conceito de dificuldade de aprendizagem tem sido trabalhado na educação. O terceiro capítulo explica o papel da motivação e suas estratégias e por fim, apresentamos as considerações finais do projeto, considerações esssa envolvendo a parte teórica a qual subsidiou o presente. 7 CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A motivação escolar compreende uma força interna do indivíduo que conscreve deter- minada ação, em prol de alcançar objetivos, metas e trajetórias de forma positiva e apresenta dimensões específicas. Nessa perspectiva, se torna um desafio na realidade educacional no sen- tido de qualidade da aprendizagem de estudantes. E, segundo Lourenço e Paiva (2010), é uma ação precípua do processo de aprendizagem por meio da busca de razões para aprender, desco- brir e rentabilizar os seus conhecimentos, e, assim, a motivação escolar é conceituada como: A motivação está ligada a interação dinâmica entre as características pessoais e os contextos em que as tarefas se desenvolvem. Quanto aos contextos destaca- se quatro aspectos essenciais: o começo da aula, a organização das aulas, a in- teração dos professores com seus alunos e a avaliação da aprendizagem. (TÁPIA; FITA, 2015, p. 15). No contexto escolar a motivação se apresenta em diferentes espaços de socialização, a exemplo das salas de aulas e espaços de recreação, aos quais ocorrem as interações formativas. Nesse sentido, Lourenço e Paiva (2010) afirmam que a motivação dos alunos na escola tem consequências diretas no envolvimento e qualidade do ensino-aprendizagem, um estímulo sig- nificativo para ser produzido nas práticas pedagógicas. Tais considerações perpassam por diferentes estratégias motivacionais, a fim de alcançar ensino de qualidade, aprendizagem sig- nificativa dos alunos e práticas docentes profícuas para a escola. Assim, os objetos de conhecimento das trajetórias de ensino, características sociocul- turais dos sujeitos e os contextos escolares em que as práticas pedagógicas são desenvolvidas influenciam a prática docente, aos quais refletem de forma positiva ou negativa na construção motivacional do aluno. Desse modo, a importância do professor enquanto mediador dos pro- cessos motivacionais é fundamental para desenvolvimento da aprendizagem, conforme Allal (1988, apud ESTRELA; NÓVOA, 1999, p. 179) expõe ser: Sempre útil, se pudermos aspirar a uma pedagogia eficaz, saber para que domí- nios pretendemos conduzir os alunos, por que caminhos; precisar quais os meios que se utilizam para observar os domínios atingidosou em vias de aquisição, os métodos de trabalho, as atitudes, os funcionamentos mentais e o modo como pretendemos intervir junto dos alunos, através de regulações “pró-activas”, in- teractivas ou retroactivas. Nessa dinâmica o docente atua diretamente no interesse do aluno em aprender, tor- nando-se base motivacional para que esse construa compreensão e sentimento de inserção no contexto escolar e em sala de aula. As interações constituídas nessa trajetória devem buscar 8 metas e estratégias que se aproximem dos interesses de ambos, de modo a desenvolver uma pedagogia inovadora e voltada as questões que emergem na escola e na sociedade. De acordo com a Teoria da Atribuição da Casualidade (TAC), indicada por Bo- ruchovitch (2009, apud LOURENÇO; PAIVA, 2010), a motivação ocorre tanto de forma intrín- seca quanto de forma extrínseca, visto que o aluno pode realizar determinada atividade tanto pelo prazer ou por um sentimento motivador próprio em busca do conhecimento, como pela busca de aceitação ou de aprovação de terceiros. Porém, como afirma Perrenoud (2004), não basta apenas motivar, provocar o interesse do aluno ou sensibilizá-lo, mas manter o entusiasmo inicial dos alunos principalmente quando enfrentam obstáculos na aprendizagem, por mecanismos que produzam superação de problemas e sejam aproveitados. Dessa maneira, surgem indagações no tocante à representação conceitual e prática que docentes atuantes na educação básica elaboram sobre a motivação dos alunos, assim como es- tratégias, planejamento, aplicações e metas que esses estipulam para alcançar uma aprendiza- gem significativa. Assim, configurou-se a seguinte questão problema de pesquisa: que estraté- gias o/a profissional docente estabelece para motivar seus alunos a respeito da aprendizagem e que metas de aprendizagem são delineadas no processo de planejamento e ensino em sala de aula? A partir da problemática especificada, a pesquisa objetiva analisar o papel da moti- vação na aprendizagem escolar nos discursos de professores e as maneiras que são estabelecidas estratégias e metas de aprendizagem. No tocante à estruturação deste trabalho, inicialmente fizemos uma discussão teórica da temática, em seguida apresentamos as configurações metodo- lógicas do estudo, e por fim apresentamos os resultados e as respectivas discussões. 9 1.1 Justificando a proposta investigativa A elaboração do presente estudo tem como ponto de partida a minha experiência em sala de aula, tanto no ensino fundamental, bem como no ensino médio, este com maior tempo de serviço. Durante esse período acompanhei a evolução do ensino-aprendizagem em uma instituição de ensino público, presenciando as diferentes etapas por que passaram toda comunidade escolar (educadores, alunos, pais). Neste acompanhamento se observou pontos positivos que proporcionaram o avanço na qualidade da aprendizagem, resultante, tanto dos recuros didáticos-pedagógicos, o esforço e o comprometimento dos alunos e a atuação dos professores. Além disso, houve ocorrências negativas, como a falta de motivação dos alunos para continuar possibilitando a continuação de uma aprendizagem com qualidade. Essa realidade levou-me a fazer uma reflexão sobre como compreender melhor o que estava acontecendo. Compreender o que motivaria os alunos a voltarem ao gosto pelos estudos. Como se trata de um ato reflexivo sobre o papel da motivação para a aprendizagem escolar, entendi que era pertinente fazer tal ato mediante a posição de pesquisadores que registratam em literatura vários e diferentes estudos que se tratavam do tema em análise. Assim, o presente trabalho representa o esforço de analisar a questão do papel da motivação na aprendizagem escolar, buscando identificar a sua influência no processo dinâmico do ensinar e aprender. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral: Analisar os disturbios de aprendizagem o papel da motivação para a aprendizagem escolar. 1.2.2 Obejtivos Específicos • Discorrer sobre teorias da motivação; • Descrever o esforço e a motivação no processo da aprendizagem escolar; • Discorrer sobre o incentivo à motivação escolar 10 CAPÍTULO II – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Aprender é um processo amplo, complexo e continuo que se inicia desde nosso nasci- mento e vai se dando de acordo com nossa maturação biológica e psicológica. Na visão de Gómez e Terán (2009, p.31) “a aprendizagem supõe uma construção que ocorre por meio de um processo mental que implica na aquisição de um conhecimento novo.”, contudo o processo de aprendizagem para além dos aspectos cognitivos abarca também as relações sociais uma vez que é sempre na relação com algum objeto ou com o outro que a aprendizagem acontece. Para Osti (2012, p. 33) a aprendizagem envolve [...] um processo constante de equilíbrio e desequilíbrio, uma reorganização interna do que é assimilado para posteriormente adquirir novos conheci- mentos, consiste, pois, na modificação dos esquemas cognitivos. A aprendizagem então é um processo de construção de conhecimentos, no qual estamos sempre aprendendo seja para encadear novos pensamentos e experiências ou para ressignificar o que já conhecemos e/ou compreendemos. Gómez e Terán (2009, p. 30) asseguram ainda que “aprender é um processo complexo e multifacetado que apresenta bloqueios e inibições em todos os seres humanos.”, com isso podemos inferir que nem sempre a aprendizagem ocorre de maneira tranquila e natural, pois mesmo que tenhamos facilidade para assimilar e com- preender algumas coisas, sempre haverão outras que nós teremos mais dificuldade para apren- der, contudo essa dificuldade não significa que a aprendizagem não possa ocorrer. Em relação a dificuldade de aprendizagem, alguns estudiosos a retratam como “[...] problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou co- municar informações.” (SMITH; STRICK, 2012, p.14). Nesta perspectiva os autores tratam da dificuldade de aprendizagem estritamente como um problema neurológico. Nesta perspectiva a dificuldade de aprendizagem é associada para além dos fatores neurológicos, abarcando também fatores psicológicos, biológicos e ambientais. Percebemos então que estas dificuldades podem ser geradas tanto por fatores intrínsecos como fatores ex- trínsecos ao ser humano, uma vez que “um cérebro com estrutura normal, com condições fun- cionais e neuroquímicas corretas e com um elenco genético adequado, não significa 100% de garantia de aprendizado normal.” (Rotta, 2006, p.113). Isto porque a aprendizagem não de- pende apenas desses fatores, outros aspectos como os estímulos que serão oferecidos a criança 11 e o ambiente em que esta vive também são determinantes para seu desenvolvimento e apren- dizagem. Segundo Smith e Strick (2012) dentre os fatores orgânicos que contribuem para a dificuldade de aprendizagem estão: patologias como encefalite e meningite, desnutrição, falhas ou alterações no desenvolvimento cerebral, hereditariedade, desequilíbrios químicos e em alguns casos as lesões cerebrais também podem ser responsáveis pela dificuldade. Já os fatores ambientais envolvem os estímulos oferecidos a criança tanto no ambiente familiar como no escolar, materiais e metodologia de ensino. Em relação aos aspectos psicológicos Gómez e Terán (2009, p. 102) alertam que As crianças respondem emocionalmente diante de diferentes situações como divórcios, problemas familiares, superproteção, rivalidade entre irmãos, morte de pessoas próximas, situações novas, etc. Devemos estar muito atentos às reações das crianças, buscando a forma de ajudá-las a manejar e elaborar estas situações, já que podem ser afetados diferentes âm- bitos da sua vida, incluindo a aprendizagem. Este aspecto envolve principalmente a autoestima,ansiedade e como a criança conse- gue se autorregular diante de suas vivências sejam elas positivas ou negativas. Levando em consideração que a aprendizagem passa pelo sistema nervoso central Smith e Strick (2012, p. 27) relatam que “[...] especialistas acreditam que alguns indivíduos desenvolvem dificuldades de aprendizagem porque partes de seus cérebros simplesmente amadurecem mais devagar que o habitual.”, este aspecto é bastante relevante para ser considerado, uma vez que cada ser humano é único e por mais que sejam estabelecidos deter- minados padrões para o desenvolvimento que são semelhantes para a maioria, não serão todos que conseguirão se encaixar dentro destes, pois cada ser humano é diferente do outro, ou seja, amadurecemos e respondemos aos estímulos de manei- ras diferentes. Gómez e Terán (2009) relatam também que algumas disfunções e alterações do sistema nervoso central podem se originar durante a gravidez, através de doenças virais, falta de nutrientes, alcoolismo, taba- gismo, drogas, entre outros; durante o parto com a falta de oxigenação, baixo peso, desnutrição, infecções neonatais e prematuridade; e após o parto por meio de acidentes e traumas neurológi- cos, infecções, intoxicações e desnutrição. 12 Nesse ponto é necessário destacar a diferença entre distúrbio de aprendizagem e dificuldade de aprendizagem. Concordo com Osti (2012), quando esta explica que a diferença entre estes dois termos é bem sutil, e destaca que o distúrbio se refere a um problema mais intensificado com um comprometimento neurológico e orgânico maior, enquanto a dificuldade de aprendizagem deriva de problemas como falta de motivação e estimulação, inadaptação, sendo que estes problemas não se encontram somente no aluno e por isso mesmo a dificuldade pode ser trabalhada na sala de aula, porém quando não tratada pode vir a se tornar um distúrbio. A autora ainda explicita que o diagnóstico da dificuldade de aprendizagem, [...] deve ser feito por uma equipe interdisciplinar envolvendo o médico da criança, um pedagogo, psicólogo, psicopedagogo, terapeuta, envolvendo também o professor e a família. Somente através de uma anamnese realizada com a família da criança, caracterizando a queixa apresentada pelo profes- sor, fazendo um exame clínico que procure investigar possíveis disfunções neurológicas no sistema nervoso central, uma avaliação psicopedagógica que identifique o nível e as condições de aprendizagem dessa criança e de um exame psicológico objetivando analisar características pessoais, patologias, é que será possível ter a certeza e comprovar uma dificuldade de aprendiza- gem ou um distúrbio de aprendizagem. (Osti, 2012, p.56) García, J. (2010) também reforça que o diagnóstico da dificuldade deve ser feito de maneira diferenciada em relação aos outros transtornos próximos, pois uma pessoa pode possuir além da dificuldade outro transtorno e por isso é necessário classificar ambos, sabendo que se tratam de dois transtornos superpostos. Alguns exemplos são: - o transtorno por déficit de atenção e hiperatividade (attention deficit hy- peractivity disorder: ADHD); - os transtornos da fala [...], como a gagueira e a linguagem confusa; - outros transtornos da infância, meninice ou adolescência, como o mutismo seletivo ou o transtorno por déficit de atenção indiferenciado; - a deficiência mental ou os transtornos generalizados do desenvolvimento. (GARCÍA, J., 2010, p. 73) Uma definição mais atual das dificuldades de aprendizagem é retratada por Osti (2012), quando esta considera que estas são entendidas como um grupo heterogêneo de transtornos que podem afetar crianças, adolescentes e adultos se manifestando por meio de atrasos ou dificuldades na escrita, leitura e cálculo. Neste estudo trataremos mais especificamente das dificuldades em leitura e escrita. 13 - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR O número de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita tem sido cada vez maior. Dentro deste contexto, os estudos e publicações relacionados a temát- ica da alfabetização tem sido crescente, contudo ainda hoje não há um consenso entre os pesquisadores sobre qual é o melhor método para se alfabetizar, talvez por que não existam receitas a serem seguidas, uma vez que [...] a aprendizagem da língua escrita é um processo multifacetado: tanto a tecnologia da escrita quanto o uso dela têm diferentes facetas, envolvem diferentes competências, fundamentam-se em diversos referenciais teóricos; cada faceta tem uma natureza diferente e, portanto, demanda um tratamento diferente- um método diferente. Por isso é que, hoje, não se pode falar de um método para a aprendizagem do ler e do escrever, mas de métodos usados simultaneamente e de forma articulada.” (SOARES, 2011, p.134, grifo do autor) Assim como o processo de aprendizagem da leitura e escrita é multifacetado também são os sujeitos que estão envolvidos neste, uma vez que cada um carrega dentro de si distintas experiências, vivências e habilidades. Com isso podemos inferir que não existem métodos bons ou ruins, o que existem são diferentes formas e estilos de aprendizagens, uma vez que os indivíduos apresentam distintas formas de aprender e compreender os conteúdos. Isso nos leva a refletir sobre a questão da inteligência, ou seja, como os indivíduos se desenvolvem e adquirem estratégias para aprender e assimilar o conhecimento. Assencio-Ferreira (2009) em seu estudo retrata a teoria das inteligências múltiplas de Gardner que explana que possuímos oito tipos de inteligência que são: inteligência linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, musical e natu- ralista. A seguir explicaremos resumidamente o que configura cada dessas inteligências. A inteligência linguística se refere a capacidade universal para a fala, escrita e leitura, pessoas que possuem este tipo de inteligência gostam de contar histórias, ler e escrever. Elas aprendem melhor vendo, escutando e falando as palavras; esta forma de inteligência é geral- mente encontrada em poetas, escritores, redatores de textos para jornais, oradores, líderes pol- íticos e publicitários. A inteligência lógico-matemática envolve a capacidade de desenvolver raciocínios dedutivos, usar e avaliar relações abstratas, supõe a aptidão de analisar problemas de maneira lógica. Pessoas com esta inteligência gostam de realizar experiências, descobrir, fazer perguntas, explorar relações e trabalhar com números, este tipo de inteligência é normal- mente encontrada em matemáticos, engenheiros e cientistas. 14 A inteligência espacial é caracterizada como a capacidade de perceber informações visuais ou espaciais, pessoas com essa característica gostam de construir, desenhar, criar coisas e adoram mapas e tabelas; são boas em imaginar coisas, em observar diferenças, labirintos e quebra-cabeças, elas aprendem melhor sonhando, visualizando e trabalhando com cores e fo- tos, comumente esta inteligência é vista em arquitetos, escultores, pintores, jogadores de xadrez e navegadores. A inteligência corporal-cinestésica envolve a habilidade de utilizar todo o corpo para expressar ideias e sentimentos. Incluí aptidões de coordenação, equilíbrio, força, flexibilidade, destreza, velocidade, capacidades auto perceptivas, táteis e percepção de medidas. Pessoas com esta inteligência são boas em atividades físicas, dança e atuação, elas gostam de se mover, tocar e falar utilizando a linguagem corporal, elas aprendem melhor processando o conheci- mento através das sensações corporais, esta inteligência é habitualmente encontrada em atores, atletas, mímicos, bailarinos, pilotos de corrida e trabalhadores mecanicamente talentosos. A inteligência intrapessoal se refere a capacidade de ter conhecimento sobre si mesmo, de conhecer e lidar com suaspróprias emoções, de ter metas e objetivos a cumprir. Estas pes- soas gostam de trabalhar sozinhas e persistem em seus próprios interesses, são boas em en- tender a si mesmas, enfocar seus sentimentos e sonhos; sendo originais, seguindo seus instintos e perseguindo seus objetivos. Pessoas com esta inteligência aprendem melhor sozinhas, com projetos individuais e tendo seu próprio espaço, geralmente esta inteligência é encontrada em terapeutas, conselheiros, filósofos, dentre outros. A inteligência interpessoal envolve o relacionamento com o outro, pessoas com esta inteligência se relacionam bem com as outras pessoas e conseguem distinguir sentimentos pertencentes ao outro. Elas gostam de juntar-se a grupos e falar com pessoas, são excelentes 15 em liderar os outros, entender pessoas, organizando, comunicando e manipulando. Aprendem melhor comparando, dividindo, cooperando, relacionando e entrevistando; habitualmente este tipo de inteligência é encontrada em professores, líderes religiosos, políticos, gerentes e relações públicas. A inteligência musical está relacionada a capacidade de produzir sons e ritmos; perce- ber, discriminar e transformar formas musicais, pessoas com esta característica gostam de tocar instrumentos, cantar e escutar músicas, são ótimas em assimilar sons, tons, ritmos e lembrar melodias. Aprendem melhor pela música, melodia e ritmo, geralmente esta inteligência é en- contrada em afinadores de piano, compositores, maestros, artistas, entre outros. A inteligência naturalista envolve a perícia para reconhecer, distinguir e classificar espécies de animais, veg- etais ou minerais. Inclui sensibilidade para organizar e compreender fenômenos e padrões da natureza. Esta inteligência tem origem no instinto de sobrevivência, na qual o homem pré- histórico dependia de uma percepção aguçada para identificar na fauna e flora o que podia ser ingerido ou não, geralmente esta inteligência é encontrada em mateiros, arquitetos e paisagistas. Com isso podemos concluir que o trabalho do educador deve ser feito de maneira a desenvolver e potencializar os diferentes tipos de inteligências, porém o que temos visto nas escolas e, sobretudo tudo nos currículos é a valorização de alguns tipos de conhecimentos e inteligências em detrimento de outras. Com base nessa assertiva, podemos dizer que os alunos que apresentam dificuldades para aprendizagem tendem a ser desvalorizados justamente por conta das suas dificuldades estarem em áreas que são mais valorizadas socialmente e academ- icamente. Sob este aspecto as crianças com dificuldades para aprendizagem, [...] cujos cérebros desenvolvem-se desigualmente, às vezes, desenvolvem qualidades e talentos incomuns. Thomas Edison e Albert Einstein estão entre os gênios que tiveram problemas de aprendizagem; a lista de celebridades nos esportes, nos negócios, na política e nas artes que tiveram sérias dificuldades com a leitura, com a escrita ou com a matemática na escola é longa. Os pais e os educadores observam que as crianças com problemas de aprendizagem são, com frequência, excepcionalmente criativas. Já que as soluções tradicionais nem sempre funcionam para elas, tornam-se inventivas na elaboração de suas próprias soluções. (SMITH; STRICK, 2012, p. 27-28) 16 Nesse sentido para além de um trabalho que favoreça o desenvolvimento das diferentes inteligências, é preciso considerar que não existe um único caminho para a aprendizagem e para a resolução de problemas. Assim, o docente deve estar atento a estas questões de modo a valorizar as diferentes maneiras que os alunos aprendem, buscam e encontram para solucionar as questões que são postas e impostas a eles. Diante disso, professor e estudante podem reconhecer que todas as pessoas têm sua própria forma de aprender, sendo que isso se constitui numa carac- terística humana. E, principalmente, admitir que a criança rotulada como ‘in- capaz para a aprendizagem’ pode possuir inteligências que, se forem devidamente reconhecidas e estimuladas, contribuirão para o seu desenvol- vimento global. (SILVA; PICCOLO, 2010, p.197) Notamos que dentro do contexto educacional o que está ocorrendo é uma tentativa de padronização de maneiras de se desenvolver, pensar e agir, nesse sentido Almeida (2011, p. 23) alerta que Os padrões são totalizantes e tendem a colocar todas as crianças em um único patamar, e é claro que isto não funciona, pois os indivíduos possuem con- dições orgânicas diferentes uns dos outros. Eles também possuem trajetórias e experiências de vida diferentes uns dos outros e, por fim, apresentam po- tencialidades muito distintas de seus pares de idade ou da mesma condição social. Cabe ressaltar também o papel negativo que o erro tem ocupado na aprendizagem. Sabe-se que este faz parte deste processo e pode ser um indicador de onde estão as dúvidas e dificuldades dos alunos, contudo Sirino (2009, p. 95) considera que Apesar de sabermos que o erro tem sua importância como parte do processo de aprendizagem, na sala de aula, não é permitido errar. Os erros não são tolerados, as hipóteses elaboradas pelos alunos que, se compreendidas, po- deriam conduzi-los ao aprendizado, não são consideradas no processo ensino- aprendizagem. Assim sendo, aos poucos os alunos vão incutindo o medo de errar, pois sabem que o erro revela o não saber e isso tem conseqüências desagradáveis, pois aqueles que apresentam alguma dificuldade são rotula- dos como incapazes [...]. O que acontece é que o erro tem sido apenas considerado como uma forma de revelar um não saber e não como um aspecto que faz parte do desenvolvimento e da aprendizagem, afinal aprender não é sinônimo de ausência de erros, uma vez que estes fazem parte do pro- cesso e ajudam na construção do conhecimento e na formulação de hipóteses pelos alunos, além de ser um indicativo da maneira como o aluno está pensando e compreendendo os conteúdos. “Ao conceber o ‘certo’ como única possibilidade de o aluno expressar seu apren- dizado, as professoras fazem avaliações pontuais e negativas do aprendizado deste, e assim tendem a criar obstáculos e inviabilizar outras possibilidades de construção de conhecimento 17 [...]” (SIRINO, 2009, p. 91). Nesse sentido, o erro deve ser visto de maneira mais natural para não criar rótulos e nem gerar nos alunos insegurança e medo, pois estes sentimentos tendem a inibir a aprendizagem. Na maioria das vezes tendemos a avaliar e olhar o aluno em todos os aspectos e conhecimentos que lhe faltam e em tudo o que ele não consegue fazer. De acordo com Disner (2010), o professor não pode enfatizar somente as dificuldades dos alunos, pois esse procedi- mento não induz a mudanças na aprendizagem e, na verdade, pode gerar mais entraves e im- plantar o rótulo de que os estudantes não aprendem e não poderão aprender. Percebemos assim que, as atitudes e maneiras que o professor estabelece no modo de lidar e agir com os alunos que possuem dificuldades irão determinar a relação que o aluno estabelecerá não só com o conhecimento, mas também com o professor. Uma vez que o pro- fessor ao demonstrar que não acredita no desenvolvimento do aluno este passará a duvidar de si mesmo ou a não acreditar também em si e como consequência ele terá menor interesse/von- tade de participar da aula e deixará de fazer o melhor que pode nas tarefas escolares, pois já estará internalizada nele a concepção de que não importa o quanto tente e se esforce ele não irá conseguir aprender. Nesse contexto, Osti e Brenelli (2012), com base em sua pesquisa realizada com profes- sores da rede pública, explicitam que o grupo por elas entrevistados, representam de maneira diferente alunos com e sem dificuldades de aprendizagem, sendo que a família é uma das causas atribuídas a não aprendizagem. Quando o docente percebe a dificuldade, ele encaminha o estudante para um atendimento especializado,para as autoras essa atitude afasta a possi- bilidade de intervenção, uma vez que o docente passa a responsabilidade do auxílio à criança a outro profissional. As autoras ainda destacam que “é obrigação do professor avaliar sua prática com base no aluno, pois achar que o estudante não aprende faz com que professores e alunos tomem rumos distantes, afastando a possibilidade de uma relação dialógica.” (OSTI; BRENELLI, 2012 p.383). O modo de agir do professor perante as dificuldades do aluno também irá determinar a maneira como os outros alunos irão interagir e enxergar os alunos que possuem dificuldades. Sob este aspecto faz-se necessário que o professor assuma a responsabilidade que lhe cabe para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos que apresentam dificuldades, pois mesmo que o aluno precise de um atendimento especializado isso não isenta o professor de seu com- promisso e responsabilidade em ensinar aquele aluno, visto que “[...] é possível acolher 18 todas as crianças na escola quando se assume a responsabilidade pela aprendizagem de to- dos os alunos.” (CHALUH, 2009, p.82). Devemos tomar cuidado para não acabar rotulando os alunos que possuem dificuldades para a aprendizagem, pois isso tende a dificultar ainda mais seu desenvolvimento e motivação em aprender, e isso também acaba interferindo em sua autoestima. Para que estes alunos possam avançar na aprendizagem é fundamental que o professor demonstre acreditar em sua capacidade e procure motivar o mesmo, buscando valorizar os conhecimentos que o aluno traz consigo e também ressaltar seus acertos, reconhecendo e percebendo não só o que lhe falta aprender, mas também o que ele pode e consegue fazer sozinho. Nesse sentido: É muito importante identificar os pontos fortes dos estudantes com dificuldades de aprendizagem por várias razões. Em primeiro lugar, eles pre- cisam usar seus pontos fortes para compensar as áreas fracas. Embora façam isso até certo ponto instintivamente, o processo de aprendizagem pode ser bastante simplificado se todos (em especial o aluno) entenderem de forma clara quais são seus pontos fortes. (Pode rapidamente ficar claro, por exem- plo, que um aluno que tem dificuldades com a escrita, mas fala bem, deva começar ditando seus primeiros rascunhos das lições a alguém que escreva bem, a um gravador ou a um computador.) Em segundo lugar, a fim de man- terem sua auto-estima, é importante que os estudantes com dificuldades ob- tenham amplas oportunidades de fazer o que conseguem fazer bem. A escola geralmente lhes dá muito tempo para a prática do que fazem mal, e, sem algum equilíbrio, essas crianças tendem a acabar se sentindo fracassadas. (SMITH; STRICK, 2012, p. 111-112) É necessário também que o professor seja mais flexível na realização das tarefas para os alunos que possuem dificuldades, pois eles podem precisar adaptações ou de mais tempo para fazer as mesmas, ou ainda de mais explicações para conseguir compreender o que deve ser feito As crianças com dificuldades de aprendizagem não conseguem se adaptar à rigidez na sala de aula. Para progredirem, tais estudantes devem ser encora- jados a trabalhar à sua própria maneira. Se forem colocados com um profes- sor inflexível em relação a tarefas e testes, ou que use materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados. [...] também é verdade que os déficits tendem a apresentar uma melhora, ou mesmo a de- saparecer, em aulas nas quais os professores criativos e flexíveis fazem um esforço para combinar as tarefas com os níveis de prontidão e os estilos de aprendizagem de seus alunos. Uma vez que as crianças típicas também de- sabrocham nessas aulas, parece justo dizermos que pelo menos parte da 19 solução para a crescente demanda por serviços de educação especial seja uma melhora no planejamento do currículo e no treinamento dos professores.”( SMITH; STRICK, 2012, p.36) Lembrando que no trabalho com qualquer aluno as atividades devem ser elaboradas e/ou adaptadas de modo que elas não sejam nem muito fáceis e nem muito difíceis para que dessa maneira o aluno não fique desestimulado. Não procuramos aqui culpabilizar ou colocar o professor como único responsável pelo trabalho e aprendizagem dos alunos com dificuldades, uma vez que “as investigações sobre as causas dos problemas e/ou dificuldades de aprendizagem passam pela política e legislação educacional, formação, valorização e condições de trabalho dos professores.” (GARCIA, L., 2010, p.31). Nesse sentido para que a aprendizagem dos alunos e o trabalho do professor sejam desenvolvidos com maior qualidade é necessário que haja um maior investimento de políticas públicas que trabalhem em favor da valorização e formação da carreira docente, invistam em melhores estruturas dos prédios das escolas e em materiais para o ensino; além disso, outros fatores que dificultam o trabalho do professor e comprometem a aprendizagem dos alunos são as salas de aulas superlotadas e a sobrecarga de trabalho dos docentes. A fim de obter progresso intelectual, as crianças devem não apenas estar prontas e ser capazes de aprender, mas também devem ter oportunidades apropriadas de aprendizagem. Se o sistema educacional não oferece isso, os alunos talvez nunca possam desenvolver todas as suas habilidades, tornando- se efetivamente ‘deficientes’, mesmo que não tenham problemas neurológi- cos. Infelizmente, muitos alunos precisam lutar para dar o melhor de si sob condições abaixo do ideal nas escolas do nosso país. (SMITH; STRICK, 2012, p.35, grifo do autor) Outro aspecto que merece ser destacado é que geralmente quando a criança apresenta dificuldades para aprendizagem do conteúdo escolar a culpa por essa não aprendizagem recai também sobre a família do aluno, “naturalmente, a vida familiar de uma criança exerce in- fluência sobre sua expectativa e atitude para com o uso do material escrito, podendo justificar o fracasso escolar em grande parte, mas isso não é determinante.” (CASTRO, 2011, p.76). O fato da criança não ter se desenvolvido em um ambiente estimulante e não ter tido contato com diferentes materiais portadores de texto, não significa que somente por conta deste fator ela não conseguirá aprender a ler e a escrever, pois mesmo que ela não tenha tido um ambiente familiar propicio para o seu desenvolvimento, a escola como instituição social deve propor- cionar ao aluno o contato com estes materiais e com o conhecimento sistematizado. 20 Para que os alunos com dificuldades possam se desenvolver da melhor maneira possível é necessário que cada profissional envolvido no trabalho com estes alunos faça sua parte, lembrando que a família também tem um papel fundamental para a aprendizagem deste alunado, contudo: [...] mesmo a participação da família no processo de aprendizagem sendo imprescindível, frequentemente os pais têm apenas uma noção intuitiva so- bre o seu real papel e a importância do apoio que podem oferecer a seus filhos no enfrentamento dos desafios escolares. (GUIDETTI; MARTINELLI, 2009, p. 288) Para além de proporcionar um ambiente estimulante “[...] os pais e a família podem direcionar positivamente o aprendizado escolar, a motivação da criança para os estudos e o desenvolvimento de competências interpessoais que favorecem a socialização ou vice-versa.” (BAGGIO, 2010, p. 30). Mediante o exposto percebemos que o processo de aprendizagem envolve vários as- pectos implícitos e explícitos, sendo assim: A educação deve tratar o ser humano em toda sua dimensão, tendo como foco o indivíduo, rompendo com uma visão reducionista de aprendizagem, DA [dificuldade de aprendizagem] e Inteligência. Além disso, não se pode ter uma visão que enfatiza a responsabilidade do sucesso da aprendizagem sobre a criança, ou sobre o professor. Pode ser que a responsabilidade do insucesso da aprendizagemseja de todo um Sistema Educacional e nessa dura realidade, o professor torna-se o grande vilão da aprendizagem, e o papel de vítima é do aluno. (SILVA; PICCOLO, 2010, p.207) 21 CAPÍTULO III – ABORDAGENS E TEORIAS DA MOTIVAÇÃO É remoto o surgimento do interesse do homem em discutir questões sobre a natureza do conhecimento e sua origem. Os filósofos da Antiga Grécia já debatiam questões e conceitos que seriam estudados pela atual psicologia. Platão já divulgava a ideia de que o conhecimento é sempre a projeção daquilo que já se sabe que está dentro de nós de maneira inata. Em contrapartida, seus discípulos Aristóteles rejeitava esta ideia divulgando a visão da tábula rara, isto é, de que o conhecimento era adquirido através dos sentidos que dotam a mente de imagens que se associam entre si (ALENCAR, 1993) Hoje existem teorias resultantes desta concepção associacionista do conhecimento e da aprendizagem. A teoria comportamentalista é do exemplo da principal delas, que estabelece o conhecimento humano sendo constituído exclusivamente por impressões e ideiais. As impressões seriam os dados primitivos recebidos através dos sentidos, enquanto as ideias seriam copias que a mente recolhe dessas mesmas impressões, que perdurariam, desaparecidas estas ultimas. Assim a origem do conhecimento seria as sensações, até o ponto que nenhuma ideia poderia conter informação que não houvesse sido recolhida previsamente pelos sentidos. No entanto, as ideias não têm valor em si mesmas. Segundo Pozo (1999), o conhecimento é alcançado mediante a associação de ideias seguindo os princípios de semelhança, continuidade espacial e temporal, e causalidade. Por considerar que o principio motor do comportamente situa-se fora do organismo, à aprendizagem sempre é iniciada e controlada pelo ambiente, descartando, pois, a carater biologico da aprendizagem. As leis da aprendizagem são igualmente aplicáveis a todos os ambientes, espécies e indivíduos, isto querendo dizer que só existe uma única maneira de aprender: por associação. 22 3.1 – O PAPEL DA MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM ESCOLAR A motivação caracteriza-se como um impulso que faz com que as pessoas ajam para atingir seus objetivos ou também como uma força que se encontra no interior de cada pessoa, estando geralmente ligado a uma aspiração. Tendo a motivação um papel relevante porque é quando a mesma se dar que a aprendizagem acontece e o professor deve ser este papel de incentivo na aprendizagem escolar. Desta forma para Oliveros (2003), considera motivação como: [...] o con- junto dos meus motivos, de tudo aquilo que, a partir do meu interior, me move a fazer (e a pensar e a decidir). Pode expressar também a ajuda que me presta outra pessoa para reconhecer os meus motivos dominantes a ter outros mais elevados, a retificar motivos torcidos (não retos ou corretos), a ordená- los ou hierarquizá-los. (OLIVEROS, 2003, p. 59) Os docentes enfrentam dificuldades com o incentivo, pois ainda encontram alunos des- motivados, faltando assim condições necessárias para uma boa motivação e interesse por parte dos educandos: como a dinâmica na interação entre os indivíduos e a prática das atividades antes apresentada somente com a teoria. Aliado a isso vemos também a grande força de von- tade expressa pelo autor, quando ele admite que é necessário a presença de pessoas que possam avaliar e ajudar na correção de pontos que necessitam ser reavaliados, o conhecido trabalho em equipe, que é necessário na maioria das atividades a serem realizadas em nosso cotidiano, para que possamos desenvolver nossa cooperação e outras virtudes que podem ser fortalecidas durante o processo, tanto para os profissionais como para o agir com humanidade, ampliando a empatia e altruísmo. Segundo Zig Ziglar: As pessoas dizem frequentemente que a motivação não dura. Bem, nem o banho- e é por isso que ele é recomendado diariamente. Em harmonia com Zig ZIglar, a motivação é um conjunto de motivos que nos leva todos os dias a ter razões para realizar nossos objetivos e a transformá-los em realidade, visando essa atitude como um processo gradativo, e que necessita ser aplicado diariamente. E apesar de ser realizado em pequenas quantidades é um método de agregação contínua de conhecimento, que resultará em melhorias nessa constante caminhada de aperfeiçoamento. Uma avaliação contínua e assim nos manteremos sempre motivados, com ânimo para tra- balhar, prosseguir e lembrar que estes estão nos fazendo persistir com coragem e aptidão. 23 Acredita-se muitas vezes, que o impulso deve ser tido para si, e depois de tê-lo, direcioná-los para a ação; mas após algum tempo é comum sentir a presença do cansaço para prosseguir seu planejamento, e é onde os objetivos tornam-se mais distantes de se tornarem realizados; isso porque a motivação, pilar fundamental na construção do propósito, não foi fixado com vigor, pois como já foi dito, deve-se possuí-lo como aliado constante, para que caminhe ao lado do ideal, e assim torne-se uma base sólida para alcançar o objetivo, o tão almejado conhecimento. Com o objetivo de compreender a energia e a direção do comportamento motivado, a Teoria da Autodeterminação postula a existência de algumas necessidades psicológicas básicas e inatas que movem os seres humanos, sendo definidas como os nutrientes necessários para um relacionamento efetivo e saudável destes com seu ambiente. Uma vez satisfeita, a neces- sidade psicológica promove sensação de bem-estar e de um efetivo fun- cionamento do organismo (Deci& Ryan, 1985, 1996, 2000; Deci& cols., 1991; Ryan &Deci, 2000a, 2000b) Concordando com Deci, motivação é e deverá ser sempre uma grande aliada em nossas vidas, sendo assim, um fator crucial para um desenvolvimento aceitável tanto para um bom ser humano quanto para um bom profissional, destacando que ambos precisam encontrar um estado de equilíbrio para o ser em si, pois um complementa o outro, tornando-se essencial para o estímulo do indivíduo, que instiga dentro de si desejos críticos e humanos que o façam progredir, e assim, superando as dificuldades, conseguiremos ir mais além para alimentar nos- sos desejos até que se tornem realidade. São três motivações que se encontram em todas as pessoas humanas, em- bora em proporções distintas. Se predominar a motivação extrínseca, a pes- soa está dependente, de certo modo, das reações dos outros e atua inter- esseiramente; se predominar a intrínseca, a pessoa pode decidir-se pela ação, tendo em vista a sua melhoria pessoal; se predominar a transcendente a pessoa atua pensando ou abrindo-se às necessidades alheias ou à melhoria pessoal dos destinatários da sua atividade(OTERO, 2003,p. 54) Na motivação extrínseca, a conduta é influenciada pelo meio exterior, nem o sujeito e nem a tarefa individualmente são resultados destes, mas sim a interação entre ambos. A motivação intrínseca relaciona-se com tarefas que satisfazem por si só o sujeito, ou seja por metas internas. Enquanto que a motivação transcendente se resume em se preocupar com as outras pessoas. 24 Otero (2003) considera importante esta classificação e ressalva a importância de educadores e pais ajudarem a direcioná-la com o objetivo de um resultado positivo e promissor, pois a motivação de cada pessoa depende da força de seus motivos, estes que são definidos como necessidade ou impulso de cada indivíduo e se encontra no interior de cada qual ligada geral- mente a um objetivo desejado. Explicara motivação pela satisfação dos trabalhadores, constitui um erro ou, pelo menos, uma grosseira aproximação de um desencadeamento complexo de fenômenos que são, ao mesmo tempo, causa e efeito que se sucedem com intervalos irregulares de tempo e são beneficiados por condições externas específicas.(Levy-Leboyer, apud Bergamini, 2006, p.83)Fazendo o paralelo do pensamento com o processo pedagógico, sabe-se que não pode se tirar conclusões precipitadas, devido ao fato de estatísticas da revista Mundo Jovem apon- tarem um alto índice de satisfação por parte dos alunos, logo esta depende também de fatores externos, servindo de alerta para que os docentes não se descuidem e procurem maneiras ino- vadoras para impulsionarem os alunos a novas descobertas. Com inovação constante, esta que permite a ampliação do conhecimento desejado, pois o público de alcance irá variar conforme o decorrer dos anos, por isso há tantos debates de como tornar o saber com algo relevante a todos, e se isso for alcançado com êxito por grande parte dos professores, eles estarão a cada dia dando passos que conduzem os seres a um novo tempo, aquele que além do conhecimento estar acessível a todos, ser algo que inter- essa também, pois nada valerá o conhecimento se ele não for passado a quem interessa, pos- teriormente prosseguiremos para o estado de educação tão difundido por muitos educadores e pensadores, como exemplo de Paulo Freie e Vigotsky. Do ponto de vista de Paulo Freire, a satisfação pela aprendizagem não se dar apenas ao final, mas durante todo seu processo de desenvolvimento. Desse ponto de vista é necessário compreender que focar apenas na chegada, que é o ápice dos objetivos, e não dar importância, como o próprio autor fala, a boniteza e alegria de alcançar as pequenas conquistas que fazem parte do propósito citado anteriormente, não trará o entusiasmo completo, porque ao se olhar 25 para trás e lembrar que o trabalho depositado não foi valorizado da forma devida deixará a desejar para quem alcançou o êxito. Logo, pode-se observar que o modo pelo qual se caminha, onde se examina e investiga para otimizar a maneira do aprendizado, deve ser valorizada e vista como crucial durante o estudo, porque será observado de uma forma positiva, tanto para quem ensinou quanto para quem a aprendeu, pois teve uma dinâmica que ampliou os olhares do conhecimento, ressaltando que as áreas de conhecimento podem ser ampliadas se esse processo foi feito com o devido vigor, ainda mais se teve o essencial durante o trabalho em equipe, que foi a cooper- ação, por parte de cada membro que compõe o ambiente favorável a se adquirir novos conheci- mentos, pois é algo que vem sendo bastante discutido na pedagogia. Se descobrirmos as necessidades e a forças vivas da criança, e se lhe puder- mos dar um ambiente constituído de materiais, aparelhos e recursos – físi- cos, sociais e intelectuais – para dirigir a operação adequada daqueles im- pulsos, e forças, não temos que pensar em interesse. Ele surgirá natural- mente. Porque então a mente se encontra com aquilo de que carece par vir a ser o que deve. (DEWEY, 1954, p.85) O verdadeiro interesse está ligado a certas circunstâncias, que levam o indivíduo a em- penhar todo o esforço em determinada ação, e também se liga à satisfação que provém do sujeito conhecedor de seu próprio desenvolvimento. Relaciona-se esse ponto a uma visão do saber almejado ou onde se quer chegar, sendo que a palavra motivação, por si própria já carrega esse significado, o motivo para a ação. Junto a isso pode-se também perceber a necessidade de sair de nossa zona de conforto, e procurarmos soluções para cada situação envolvendo a motivação. Dessa forma, Dewey nos encoraja a assumir a responsabilidade de nossas ações, para ousarmos e tomarmos a iniciativa que resulte no encontro, de maneira eficiente, com recursos necessários, onde a ação motivadora aconteça. Para Freire, ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. De acordo com Paulo Freire, é importante reforçar a ideia de que é necessário a utilização de métodos e estar caminhando lado a lado com a organização para que se compreenda a realidade (situação em que os estudantes se encontram) e o objetivo (onde se quer chegar). Para os edu- candos não é diferente, pois além de ter as qualidades citadas anteriormente também é necessário fazer a manutenção constante do seu desejo, pois é enfatizado o retocar do sonho, 26 que é um trabalho necessário para quem deseja ter êxito em suas ações, tendo como exemplo a interação aluno e professor, que para muitos não era algo importante, pois era apenas necessário fazer com que todos tivessem o conhecimento em sua cabeça. Mas vale evidenciar que hoje, nós professores não estamos limitados somente a isto, pois o estudo e estabelecimento de laços de amizade tornou-se importante numa sociedade cada vez mais globalizada, devido ao fato de muitos estudantes cada vez mais se sentirem desmotivados para adquirir conhecimento, por aparentemente existirem assuntos mais im- portantes a se tratar na sua idade. Percebe-se que a própria construção do conhecimento é importante para o desenvolvi- mento do ser humano, e isso não se limita apenas a escola instituição, ela se estende para todas as situações da vida, pois ao se parar e pensar bem a todo momento estamos adquirindo conhecimento, de uma forma ou outra, e quando através dos educadores encontramos formas que possibilitem esse processo, o aprendizado acontece de maneira simples e espontânea. Essa atividade do aprender tornou-se cada vez mais complexa no decorrer dos anos, pois o acesso ao fluxo de informações tornou-se mais intenso, por isso a necessidade de adquirirmos o que é mais conveniente. Para uns esses atos são considerados simples, e acabam não valorizando, já outros e minoria, sabem da importância do caminhar, da felicidade durante o seu desenvolvimento, e essa última ideologia, no ramo pedagógico deve ser a mais im- portante e ser tida como exemplo para integrá-la aos alunos. Sabe-se que muitos ficam insatisfeitos antes mesmo de iniciar o projeto, mal sabendo que a felicidade está no caminho dele, a cada conquista e até mesmo a cada revés, pois neces- sitará de uma grande força de vontade para compreender que estes existem como aprendizado para que atitudes sejam reavaliadas e que consigamos estender nosso potencial ao máximo. Segundo Oliveira (2002) Aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos[...] justamente por sua ênfase nos processos sócio históricos, a ideia de aprendizado, inclui a inter- dependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como “processo de ensino- aprendiza- gem”, incluindo sempre aquele que aprende, aquele ensina e a relação entre essas pessoas (Vigotsky apud OLIVEIRA, 2002, p.57). 27 Para Oliveira, essa prática é fundamental para o aprimoramento da autossuficiência dos alunos e professores. Seguindo a mesma linha de pensamento, para que os professores alcancem caminhos inovadores é preciso que eles compreendam que através de conheci- mentos já obtidos podemos seguir o seu raciocínio, aperfeiçoando-os ou os redirecionando para a aprendizagem em outros setores; e aí que está a essência desse pensamento, saber e conhecer a fim de prover. Sabe-se que se um conhecimento não é igual ao anterior, ou ele servirá para acrescentar ou para modificar, e através disso, devemos compreender que temos o direito de ensinar e também intervir caso vejamos que seja necessário direcionar o aprendi- zado pelo caminho que mais trará rendimento positivo para o aluno. Conforme alerta Nóvoa (1992, p. 25): A formação não se constrói por acu- mulação (de cursos, de conhecimento ou de técnicas), mas sim por um tra- balho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção perma- nente de uma identidade pessoal. E acrescenta: Por isso, e tãoimportante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. Nessa perspectiva, logo percebemos que o processo de formação pedagógico está longe do desejável, pois o rendimento dos alunos é espelho do empenho no momento de ensino por parte dos professores. De fato, esse processo poderia ser revertido se cada docente tivesse como meta o desenvolvimento individual e coletivo dos presentes em suas instituições. Devido a fatores socioeconômicos essas metas foram retiradas ou reduzidas do planejamento individual, ou seja, aquele feito por livre e espontânea vontade. Pode-se ter em mente, como recuperação desse planejamento ainda que paulatinamente a revisão de con- ceitos, pois só teremos avanços positivos em nossa sociedade se começarmos a expandir o conhecimento de seus cidadãos. 28 3.2 – TIPOS DE MOTIVAÇÃO Dois tipos de motivação tem sido amplamente incorporados no estudo com a perspectiva motivadora: a motivação extrínseca e a motivação intríseca. Segundo Engelmann (2010, p.45): A motivação intriseca tem sido assoicada diretamente aos construtos de competência, autodeterminação e autonomia, enquanto que a motivação extrínseca articula-se com a performance com vistas a uma recompensa fornecida por um agente externo. Entende-se, pois, que a motivação intrínseca relaciona-se com as potencialidades do indivíduo, com sua prórpia capacidade de buscar e exercitar a necessidades e aptidões, a fim de atingir a satisfação. Guimarães (2001, p. 37) endossa que: “ a motivação é compreendida como sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse individual e exercitar suas capacidades, buscando e alcançando desafios ótimos”. Se é uma tendência natural do homem, então quer dizer que ele não necessita de fatores externos para sentir-se motivado, pois a fonte geradora da motivação está em seu interior e a utiliza para suprir as necessidades para inovar e criar. No entender de Engelmann (2010, p. 46): Uma observação importante neste aspecto é que as pessoas podem se manifestar como intrisecamente motivadas para certas atividades enquanto que para outras não. Além disso, nem toda pessoa é motivada intrisecamente para qualquer tarefa específica, significando assim que os indivíduos estabelecem uma relação com a tarefa ou atividade em si. Isto significa que o envolvimento intríseco não é a manifestação de um traço de personalidade e, sim, um estado vulnerável a condições socio- ambientais. E é nessa perspectiva que se apresenta a motivação extríseca, associada com as condições externas, as condições sócio-ambientais. Basta dizer que nesse tipo de motivação o indivíduo relaciona-se com a resposta a uma determinada situação com a qual ele poderá beneficiar-se, uma recompensa, por exemplo. Para Guimarães (2001, p. 46) A motivação extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender 29 aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e habilidades. Em outras palavras a motivação extríseca, diz respeito a realização de uma atividade para atingir algo ou porque conduz a um resultado esperado, constratando assim com a motivação intríseca. Ela se caracteriza pela realização da ação pelo indivíduo, visando o reconhecimento ou o recebimento de recompensas materiais ou sociais, enquanto que a motivação intrínseca é tida como autônoma, a extrínseca se relaciona com o controle externo, conforme visto anteriormente. 30 3.3 – ESTRATEGIAS MOTIVACIONAIS Na categoria temática de estratégias motivacionais os relatos de professores indicam um conjunto de ações, a saber: planejar a partir do conhecimento dos alunos; planejamento de atividades com envolvimento de dinâmicas; tornar a sala de aula agradável e que propicie o desenvolvimento de autoestima tanto de professores quanto de alunos; conhecer o perfil social de cada pessoa (verificando a classe socioeconômica, sexo, dentre outros aspectos) para poder selecionar elementos que motivem o discente; a identificação de problemas que atrapalham a motivação e criação de um ambiente agradável e alegre, favorável á aprendizagem, por meio de brincadeiras. A Professora 01 demonstra em seu discurso que a dinâmica seria uma estratégia rele- vante para desenvolvimento de práticas educativas motivacionais: Fazendo o planejamento necessário com atividades que envolva dinâmica, [...] voltados para a atualidade, para que eu me sinta motivada em exercer a minha profissão em sala de aula (PROFESSORA 01). O Professor 02 elucida a necessidade de conhecimento do contexto social do educando, em que: A primeira coisa que a gente procura saber é conhecer o perfil da pessoa. Poder aquisitivo, raça, sexo, tá certo! “Pra” saber como motivar essa pessoa. O poder econômico é um deles, é, pior ainda. Seguido aí do preconceito, bullying, essas coisas. A pessoa sofre a situação, então a primeira motivação é procurar saber o problema da pessoa, ter um di- agnóstico, pra saber proceder a uma forma de motivá-lo (PROFESSOR 02). O Professor 03 destaca o ambiente social agradável: [...] tornar a aula mais agradável, mais alegre vamos dizer assim né. O fato “deu” brincar com eles, o fato “deu” desafiar, né! Eu acho que seja estratégia. De fazer, eles entenderem a importância deles mesmos, que eles podem, eles conseguem (PROFESSOR 03) Considerando a resposta sobre a estratégia de motivação conhecer o perfil da turma. Santos (2011) corroborando com essa ideia, afirma ser necessário que o professor conheça seus alunos, pois para eles são direcionados o conjunto de ações e na medida do possível as apresentações em sala de aula devem ir ao encontro de gostos e preferências dos alunos. Lou- renço e Paiva (2010) dizem que os profissionais da educação devem organizar e planificar os 31 interesses de aprendizagem da turma, de modo interdisciplinar, elucidando a fusão dos conteúdos. A ação de conhecer os alunos está relacionada à afetividade e autoestima, usadas como estratégias no processo de ensino e aprendizagem. A afetividade pode ser negativa e atrapalhar o ensino, configurando-se numa série de combinações, variações e características (GOLEMAN, 2012). Quando o docente Carlos diz que remete a afetividade positiva e a proximidade emo- cional com os educandos se percebe a importância de apreciar que emoções o aluno comunica em suas atitudes, discursos e comportamentos, para que possa selecionar e organizar suas es- tratégias de aprendizagem. A partir desse referencial, Miras (2004, p. 219) diz ser: Inegável a influência dos êxitos e dos fracassos acadêmicos no autocon- ceito e na autoestima do aluno tende a ser concebida muitas vezes de maneira excessivamente lógica e racional, esquecendo que as repre- sentações que se tem sobre si mesmo, em particular as crenças sobre suas capacidades, estão estreitamente ligadas às necessidades básicas de controle e à habilidade de sentir-se bem comigo mesmo. Desse modo, a necessidade de manter um autoconceito e uma autoestima aceitáveis leva a pessoa a procurar modelar o ambiente para que se adapte às próprias expectativas e necessidades, evitando, na medida do possível, os fatos e as situações que podem fazer com que se sinta mal consigo mesmo. Considera-se a relação entre autoestima e autoconceito como pilares representacionais de si, não apenas como caminhos de modificação do ambiente que são estabelecidas as in- terações, mas de tessituras de expectativas e aspirações de futuro, projetando as possíveis tra- jetórias e objetivos a seremcomtemplados na vida. Essa ótica se manifesta quando o Professor Mário destaca que mostra aos alunos suas importâncias e capacidades para alcançar as metas de vida pessoal e de aprendizagem escolar. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o estudo em pesquisa mostra que a motivação é e será sempre uma grande defensora na aprendizagem, que a influência de todo processo se dar pelo prazer, pela busca constante e pelo estímulo satisfatório que acontece através do esforço realizado com a colaboração da equipe escolar, da família e até mesmo de outro especialista, se necessário. Para a realização de um trabalho significativo e proveitoso diante das dificuldades presentes no ramo pedagógico,é necessário que a escola analise a sua função no processo motivacional, buscando trabalhar o lado psicológico dos alunos como técnica para superar desafios. A finalidade de motivar é o de preparar o educando para desenvolver esforço e comprometimento. A pedagogia é uma tarefa importante, deve ser exercida com amor e desenvolvida dentro de uma grande e significante ação motivadora. Em suma motivação é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem, devendo o professor ser perspicaz para captar nos alunos as suas necessidades, adotando metodologias modernas, inserindo recursos didátivos que fazem os alunos ativar a curiosidade. Outro ponto é que a escola não deve ser resistente à inserção de tecnologias que irão auxiliar ao exercício do aprender. Deve, sim, utilizá-las como forma de potencializar o espírito da motivação, pois que esta é o ponto de partida para se chegar a uma aprendizagem escolar plena e efetiva. Apesar do rápido acesso ao conhecimento, muitas vezes ineficazes, estarem presentes em nosso cotidiano, ainda possamos volver o nosso olhar para a qualidade do aprendizado. Ainda que trabalhoso,possa ser visto de forma agradável, por buscar tornar o cidadão apto ao mercado de trabalho, sendo um indivíduo que sabe lidar com diversas situações problema e respectivamente tendo a capacidade de encontrar suas soluções, para que o professor tenha satisfação de um dever cumprido no processo de ensino aprendizagem de seus alunos. Logo, a satisfação como ação motivadora leva o aluno a passar por dificuldades e superá-las, através do esforço contínuo e perseverante, descobrindo a alegria e o enriquecimento benéfico, desenvolvendo seu potencial e cada vez mais a procura de aperfeiçoar-se, com novas descobertas, desfrutando assim, do seu desenvolvimento, que é de grande relevância para como um todo. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, Eunice Soriano de. (org) Novas contribuições da psicologia aos processos de ensino e aprendizagem. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993 ANTUNES, Celso. Professores e Professauros: Reflexões sobre a aula e práticas peda- gógicas diversas. 3.ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,2009. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências: 4.ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998. FREIRE, Paulo. Autonomia da Educação; Saberes Necessários à prática educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996 (Coleção Literária). GADOTTI, Moacir. Bonitezade um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido. 2.ed. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2011. (Educação Cidadã ;2) NEVES, Fabiana. O que é motivação? 2009. Disponivel em: http://psicologa- online.com.br/psicologia/organizacional/o-que-e-motivacao/. Acesso em 29/05/2021 PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. São Paulo: Editora Rêspel, 2008. QUEIROZ, Tania Dias. Novos desafios da educação. - 1. Ed. – São Paulo Editora Rideel, 2009. RICARDO, Ana Felipa Mendes. Motivação para a aprendizagem matemática e sua relação com as percepções dos alunos de clima de sala de aula. Disponível em: <http://hd1.handle.net/10400.12/3994>. Acesso em: 20/05/2021. SOUZA, Rogério Gonçalves de; BASTOS, Sandra N. Dias. Discursos epistemológicos de afetividade como princípio de racionalidade para a educação cientifica e Matemática. Disponível em: www.scielo.br/pdf/epec/c13n3/1983.2117-epec.13-03-00169.pdf. Acesso em: 05 abril. 2021. XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Como se faz um texto. Catanduva, SP :Ed- itora Rêspel, 2006. http://psicologaonline.com.br/psicologia/organizacional/o-que-e-motivacao/ http://psicologaonline.com.br/psicologia/organizacional/o-que-e-motivacao/ http://www.scielo.br/pdf/epec/c13n3/1983.2117-epec.13-03-00169.pdf.
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