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0 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO II 1 ELOANE COIMBRA LIMA Psicologia da Educação II ÁGUA BRANCA-PI 2017 ÁGUA BRANCA-PI 2017 Fonte: http://www.uemanet.uema.br/?p=488 2 Diretor Geral Eloan Coimbra Lima Diretora Acadêmica Eloane Coimbra Lima Secretária Acadêmica Ginoã das Graças Coimbra Lima Coordenação do Curso Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva LIMA, Eloane Coimbra. Psicologia da Educação II. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 78p. Bibliografia 1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 Apresentação do curso ..................................................................... 06 Apresentação da disciplina................................................. 08 17 36 05 06 UNIDADE 01 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM Introdução........................................................................................................ 1 Aplicação....................................................................................................... 1.1 Qual a diferença entre Psicologia da Educação e o ato educativo........... 1. 2 Aprendizagem: Conceitos e Características................................................ ATIVIDADE............................................................................................................ FÓRUM................................................................................................................. UNIDADE 02 CONCEITUAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM Introdução........................................................................................................ 2. Dimensões individual e social da aprendizagem......................................... 2.1 Teoria do Condicionamento...................................................................... 2.2 Teoria da Gestalt....................................................................................... 2.3 Teoria de Campo....................................................................................... 2.4 Teoria Cognitiva........................................................................................ 2.5 Teoria Fenomenológica............................................................................. 3. Controvérsias Básicas entre estas Concepções......................................... ATIVIDADE...................................................................................................... FÓRUM........................................................................................................... ...... 18 19 19 25 26 28 31 32 34 35 UNIDADE 03 A TEORIA COGNITIVISTA DA APRENDIZAGEM 3 Cognição..................................................................................................... 3.1 Aprendizagem......................................................................................... 3.2 Motivação................................................................................................ ATIVIDADE................................................................................................... FÓRUM......................................................................................................... 37 37 38 40 40 09 11 12 14 16 16 4 41 48 57 UNIDADE 04 MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM 4. Motivação da Aprendizagem................................................................ 4.1 Teoria humanista................................................................................ ATIVIDADE............................................................................................... FÓRUM..................................................................................................... 42 43 47 47 UNIDADE 05 TEORIA PSICANALÍTICA 5. Teoria Psicanalítica............................................................................. 5.1 Sexualidade e Libido......................................................................... 5.2 Fases de Desenvolvimento............................................................... ATIVIDADE.............................................................................................. FÓRUM.................................................................................................... 49 51 51 56 56 UNIDADE 06 FATORES QUE PREJUDICAM A APRENDIZAGEM 6.1 Fatores que Prejudicam a Aprendizagem........................................... 6.1.1 Fatores Escolares............................................................................. 6.1.2 Fatores Familiares............................................................................. 6.1.3 Fatores Individuais.............................................................................. 6.2 Novas tendências – A Teoria das Inteligências Múltiplas.................... 6.2.1 O que é inteligência?......................................................................... 6.2.2 Critérios para distinguir uma inteligência de um talento ou habilidade.............................................................................................. 6.2.3 Delimitando o conceito de uma inteligência...................................... 6.2.4 Tipos de inteligência.......................................................................... ATIVIDADE.................................................................................................. FÓRUM....................................................................................................... REFERÊNCIAS........................................................................................... .. 58 58 62 65 67 68 68 69 70 74 74 75 5 A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistemade acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 Essa apostila destina-se a estudantes da área da Psicologia da Educação II que corresponde ao processo de aprendizagem humano. A disciplina de Psicologia da aprendizagem é de fundamental importância para compreender melhor o processo de ensino-aprendizagem. Essa disciplina servirá de alicerce no decorrer do curso, como forma de complementação do aprendizado. Iniciaremos com a conceituação da Psicologia da aprendizagem, em seguida trataremos dos teóricos que fomentam a relação do contexto aprender e por fim, abordaremos algumas estratégias e sugestões para a aplicabilidade desses conceitos na sala de aula. O material foi pensado para que você estudante tenha um entendimento mais aprimorado da Psicologia da aprendizagem. Sinta-se a vontade para adentrar no ramo da Psicologia da aprendizagem. BONS ESTUDOS! Eloane Coimbra Lima Licenciado em Pedagogia e Bacharelado em Psicologia Mestre em Psicologia Universidade de Fortaleza Especialista em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia Professora da Faculdade Superior de Ensino Programus 7 8 UNIDADE 01 Psicologia da Aprendizagem Fonte: https://pt.slideshare.net/CassiaNathalia1/psicologia-da-aprendizagem-34985279 9 Psicologia da Educação II Introdução Há muitos anos, psicólogos e educadores procuram descobrir como se aprende. Várias observações foram feitas e também surgiram diversas teorias, na tentativa de explicar o processo de aprender. Podemos descrever que a psicologia contribui na educação, no estudo das diversas fases de desenvolvimento dos seres humanos, no estudo da aprendizagem e das condições que a tornam mais eficiente e mais fácil. Em nossos dias, tal é a importância da Psicologia da Educação e da Aprendizagem que todos na área da educação precisam refletir sobre o seu significado. No entanto, a indagação que você mesmo deve estar se fazendo é a seguinte: afinal, o que é Psicologia da Educação e da Aprendizagem? Antes de explorarmos este conceito, vamos compreender o que é aprendizagem. Atualmente existem diversas teorias sobre a aprendizagem, sendo estudadas pela psicologia da educação. A aprendizagem integra os elementos cognitivo, biológico, social, psíquico e cerebral, sendo, portanto, um fenômeno, um processo bem complexo que ocorre num determinado momento histórico e dentro de uma cultura particular. A aprendizagem é considerada como um processo contínuo, no qual o ser humano desde a vida uterina começa a aprender e permanece durante toda a vida, pois o caminho para atingir o crescimento, a maturidade e o desenvolvimento como pessoas, num mundo organizado, cujas interações com o meio nos permitem a organização do conhecimento, é a aprendizagem. E a psicologia da educação busca empregar os princípios e as informações que as pesquisas psicológicas oferecem acerca do comportamento humano, para tornar mais eficiente o processo ensino-aprendizagem. UNIDADE 1 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM Fonte http://tutorpace.typepad.com/online tutoring/webtech/ 10 Psicologia da Educação II A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais, conforme descreve Piletti (1986): Compreensão do aluno: compreensão de suas necessidades, suas características individuais e seu desenvolvimento, nos aspectos: físico, emocional, intelectual e social. O aluno não é um ser ideal, abstrato. É uma pessoa concreta, com qualidades e preocupações. Compreensão do processo ensino-aprendizagem: para o professor, não é suficiente conhecer o aluno. É necessário que ele saiba como funciona o processo de aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou prejudicam a aprendizagem, como o aluno pode aprender de maneira mais eficiente, além de outros aspectos ligados à situação de aprendizagem, envolvendo o aluno, o professor e a sala de aula. Assim a psicologia da educação estabelece um conjunto de relações estáveis entre sujeito e objeto. A ação do sujeito, estruturada por dados internos e externos, constitui e determina o motivo da observação, isso significa que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a mediação recíproca entre sujeito e objeto, isto é, quando consideramos estes aspectos em interação constante. É útil aos professores conhecer as teorias predominantes desenvolvidas pelos psicólogos da aprendizagem, para que entendam a orientação do ensino nas escolas atuais e optem pela prática escolar que desejarem. Será que, se o professor explicar direitinho, a criança aprende? Como explicar as coisas para uma criança? E se a deixarmos agir, montar quebra-cabeças, brincar com pedrinhas, estará aprendendo? O que ela estará aprendendo? E se a criança não aprende, será sinal de algum distúrbio? É sobre esses tipos de questões que a Psicologia da Educação pode refletir. Portanto, estudar Psicologia da Educação e da Aprendizagem é importante para construir uma prática pedagógica que possa garantir a todas as crianças um processo de aprendizagem significativa. 11 Psicologia da Educação II 1. Aplicação A psicologia na educação pode ser aplicada a duas funções principais: a) Diagnóstico: tanto das dificuldades como das habilidades específicas. O diagnóstico transforma-se, no decorrer do processo, em avaliação, permitindo a verificação do que já foi atingido e do que ainda falta atingir; b) Intervenção: para tal pode propor atividades destinadas a prevenir os fracassos, preparando as aquisições ou para remediar problemas antes que se ―cristalizem‖. Não pense que: Estudando Psicologia da Educação você não terá mais dificuldades para dar aulas, e que saberá exatamente como resolver todos os problemas que surgirem. A Psicologia da Educação lhe dará alguns fundamentos, mas a decisão continuará sendo sua. Um exemplo retirado da área da saúde poderá ilustrar o que dissemos antes. Um médico tem um paciente que apresenta um tumor maligno que só pode ser destruído com uma carga alta de raios. Seus conhecimentos anteriores lhe dizem que: Fonte: https://escolakids.uol.com.br/a-escola.htm 12 Psicologia da Educação II a) Um raio muito forte destruirá o tumor, mas destruirá também as células boas que estiverem no seu percurso até o tumor; b) Um raio fraco não destruirá o tumor, mas não afetará as células boas que estiverem em seu percurso. O que deve fazer o médico? Os conhecimentos anteriores que o médico possuía de nada lhe serviriam se ele não pusesse seu cérebro a funcionar, escolhendo, dentre as várias alternativas, óbvias ou não, a que melhor se adequava ao caso do seu paciente. O mesmo ocorre numa situação de ensino. Os conhecimentos anteriores são o ponto de apoio, uma via, que o professor usará para cada caso que se apresente, mas sempre dependendo do seu raciocínio, que deverá ser aplicado a cada situação específica. 1.1 Qual a diferença entre Psicologia da Educação e o ato educativo? A educação é um fenômeno extremamente complexo, e para sua compreensão faz-se necessário um conjunto de disciplinas como a sociologia da educação, a história da educação, afilosofia da educação, a biologia, a neurologia, as diversas psicologias (do desenvolvimento, da memória, da personalidade, etc.) A psicologia da educação é apenas uma delas, e sua contribuição consiste na análise das mudanças que experimentam os participantes no ato educativo (alunos), da natureza e características dessas mudanças, dos fatores que as facilitam, as obstaculizam ou as impossibilitam, da direção que tomam e dos resultados a que chegam. ‖(Coll et alii, 1996)‖. Dito de outra maneira, a psicologia da educação nos diz, por exemplo, que alunos (ou seja, participantes no ato educativo), de 4 ou 5 anos não conseguem aprender física quântica, pois não desenvolveram raciocínio capaz de aprender algo abstrato, não possuem conhecimento dos conteúdos necessários para aprender essa teoria. Querer começar um ensino por abstrações ou conteúdos avançados, antes de tentar ensinar através de situações concretas e conteúdos mais simples, dificulta ou impossibilita a aprendizagem. 13 Psicologia da Educação II A educação é um fenômeno extremamente complexo, e para sua compreensão faz-se necessário um conjunto de disciplinas como a sociologia da educação, a história da educação, a filosofia da educação, a biologia, a neurologia, as diversas psicologias (do desenvolvimento, da memória, da personalidade, etc.) A psicologia da educação é apenas uma delas, e sua contribuição consiste na análise das mudanças que experimentam os participantes no ato educativo (alunos), da natureza e características dessas mudanças, dos fatores que as facilitam, as obstaculizam ou as impossibilitam, da direção que tomam e dos resultados a que chegam. ‖(Coll et alii, 1996)‖. Dito de outra maneira, a psicologia da educação nos diz, por exemplo, que alunos (ou seja, participantes no ato educativo), de 4 ou 5 anos não conseguem aprender física quântica, pois não desenvolveram raciocínio capaz de aprender algo abstrato, não possuem conhecimento dos conteúdos necessários para aprender essa teoria. Querer começar um ensino por abstrações ou conteúdos avançados, antes de tentar ensinar através de situações concretas e conteúdos mais simples, dificulta ou impossibilita a aprendizagem. A Psicologia da Educação pode ser entendida como uma psicologia de caráter prático e aplicado, a qual tem fins preventivos ou curativos, visando à promoção e ao bom desenvolvimento socioafetivo e acadêmico. Procura abranger professores, pais e todos que, de certo modo, influenciam no processo educacional da criança. Desta forma, analisar a aprendizagem na Psicologia da Educação remete ao compromisso de articular este tema com aspectos intrínsecos à sociedade atual, marcada pela velocidade das mudanças e avanços da tecnologia da informação. Entre os professores, Del Prette e Del Prette (2001) afirmam que a construção do conhecimento em sala de aula depende da competência do professor e do interesse do aluno em aprender, pois apenas falar a matéria na aula é insuficiente; não basta que o aluno memorize os conhecimentos para que os utilize na prática; não adianta criar situação agradável na sala de aula, se o aluno não está interessado em aprender. O professor precisa desenvolver sensibilidade na observação dos seus alunos, capacidade de perceber os progressos reais e potenciais dos mesmos. 14 Psicologia da Educação II Assim, as informações sobre o comportamento oferecidas pela psicologia podem ajudar o trabalho do professor. Neste item tentaremos descrever sobre as relações e implicações da Psicologia da Educação e da Aprendizagem. 1. 2 Aprendizagem: Conceitos e Características A aprendizagem faz referência à aquisição cognitiva, física, emocional e ao processo de habilidades e conhecimentos em várias profundidades, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de compreender, manipular, aplicar ou comunicar esse conhecimento e essas habilidades. Assim, a aprendizagem está intimamente relacionada à profundidade do processamento de habilidades e conhecimento, ao nível que representa o quanto estamos engajados em pensar sobre o que está sendo aprendido. Existem diversas espécies de aprendizagem, consubstanciadas nas mais variadas atividades da vida humana. Algumas aprendizagens se dão desde os primeiros anos de vida e estão vinculadas ao cotidiano da pessoa, como sentar, andar, falar, entre outras. Outras acontecem de forma sistemática, em instituições próprias, como a escola. Estas aprendizagens estão relacionadas ao desenvolvimento da sociedade que, ao longo dos tempos e de acordo com as diferentes culturas, define o que os indivíduos devem saber nas várias áreas do conhecimento humano. Conforme Del Prette e Del Prette (2001), a aprendizagem pode ser distinguida em não reflexiva e reflexiva no processo de aprender. A aprendizagem não reflexiva exige pouca atividade intelectual de nossa parte, como nas situações em que decoramos alguma coisa ou desempenhamos uma tarefa simples, sem acrescentarmos um significado pessoal. Por outro lado, a aprendizagem reflexiva requer muito mais A Teoria Conexionista assume que a aprendizagem é uma questão de conexões entre estímulos e respostas, analisando como a experiência modifica essas relações. 15 Psicologia da Educação II competência cognitiva, por exemplo, se procurarmos entender o porquê de estarmos desempenhando determinada tarefa, se procurarmos questionar a aplicabilidade de um conhecimento que nos é ensinado. Podemos citar seis processos característicos básicos da aprendizagem, segundo Campos (1987): Processo dinâmico: é uma atividade que depende daquele que aprende, ou seja, a aprendizagem depende da atividade do aprendiz. Assim, a aprendizagem é um processo que envolve a participação total e global do indivíduo. Processo contínuo: é um processo de aprendizagem desde a idade escolar, na adolescência, na idade adulta e até em idade mais avançada, na terceira idade. Processo global ou compósito: a aprendizagem envolve uma mudança de comportamento, no qual exigirá a participação total e global do indivíduo, para que todos os aspectos constitutivos de sua personalidade entrem em atividade no ato de aprender. Processo pessoal: a aprendizagem é única do indivíduo, aquilo que ele aprendeu é dele. Processo gradativo: nesse processo, cada indivíduo adquire novas aprendizagens através de novas situações, acrescentando assim novos elementos à experiência anterior. Processo cumulativo: a aprendizagem constitui um processo cumulativo, em que a experiência atual aproveita-se das experiências anteriores. A organização de novos padrões de comportamento, que são incorporados pelo sujeito, é devida à acumulação das experiências. A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades e potencialidades do homem, tanto físicos quanto mentais e afetivos. Isto significa que a aprendizagem não pode ser considerada somente um processo de memorização, tampouco que emprega apenas o conjunto das funções mentais ou unicamente os elementos físicos ou emocionais, pois todos estes aspectos são necessários. 16 Psicologia da Educação II 1. Em que a Psicologia da Educação pode contribuir para a formação do professor? 2. Citar os seis processos característicos básicos da aprendizagem, segundo Campos (1987): Quais as contribuições do ato educativo para a aprendizagem escolar? 17 Psicologia da Educação II UNIDADE 02 Conceituação e caracterização da Aprendizagem Fonte: https://www.goconqr.com/pt-BR/examtime/blog/aprendizagem-continua-10-maneiras-para- aplica-la/ 18 Psicologia da Educação II Introdução O conceito de aprendizagem sofre variação de acordo com o referencial teóricoadotado, como por exemplo, o behaviorismo, a epistemologia genética de Jean Piaget ou a Gestalt. Mas conceituando de um modo geral, a aprendizagem ela corresponde a mudança, ou seja, uma progressiva mudança de comportamento. Não obstante tal fato, o que há de comum a todas as teorias é a ideia de que a aprendizagem leva a uma mudança no comportamento em função dos conhecimentos aprendidos, o que, consequentemente, modifica o comportamento do indivíduo. É fundamental que você entenda que aprendizagem não se refere apenas à aquisição de conhecimentos acadêmicos, mas implica também a aprendizagem de valores morais, costumes culturais, assim como a expressão de sentimentos e o desenvolvimento da personalidade. Nesse sentido, trata-se de um processo que envolve contínuas modificações decorrentes das diferentes experiências nas quais se envolve o ser humano. A cada novo desafio, o homem busca adaptar-se a partir da utilização das distintas habilidades e potencialidades que possui. No que diz respeito às características da aprendizagem, podemos considerar inicialmente que se trata de um processo contínuo que tem início desde o nascimento do indivíduo e se prolonga por toda a vida. Além disso, é um processo global, no sentido de que envolve todo o organismo humano, em seus aspectos motores, cognitivos, sociais e afetivos. Outra característica relevante é a dinamicidade do processo, ou seja, não é um processo passivo, mas sim dinâmico que implica em intensa atividade por parte do indivíduo. Por outro lado é também gradativo, pois são necessárias inúmeras operações que se tornam complexas à medida que o indivíduo cresce e vivencia diversas experiências, as quais são assimiladas de forma ativa pelo sujeito e incorporadas às anteriores. É possível também afirmar que a aprendizagem é um processo pessoal, pois se faz necessário o envolvimento do sujeito que aprende nas experiências que tem, pois não é possível que alguém aprenda pelo outro. Em outras palavras, ainda que 19 Psicologia da Educação II precisemos do outro para aprender, só nós mesmos podemos trilhar o caminho no nosso próprio ritmo e segundo as nossas capacidades. 2. Dimensões individual e social da aprendizagem O processo de aprendizagem pode ser considerado como tendo dupla dimensão, individual e social, pois ocorre inicialmente no nível inter psicológico, subjetivo, a partir do conflito estabelecido no sujeito em função de um novo conhecimento. Nesse processo, o indivíduo é induzido a refletir, a pensar e, posteriormente a agir, em função da interação com o meio. Por outro lado, a aprendizagem é considerada social porque envolve a aprendizagem de comportamentos presentes na cultura na qual está inserido, assim como atitudes que possibilitem seu desenvolvimento no contexto social em que vive. Outro aspecto importante nessa dimensão diz respeito ao fato de que a aprendizagem ocorre na relação com o outro, sendo um processo social e compartilhado. 2.1 Teoria do Condicionamento Behaviorismo Essa escola surge em 1913, a partir da crítica de seu fundador John B. Watson às duas escolas antecedentes, em artigo intitulado: ―Psicologia: como os behavioristas a vêem‖. Tratava-se de um rompimento sem precedentes na história da Psicologia, pois Watson rejeitava tudo o que havia sido produzido anteriormente, afirmando que não havia consciência, mente, imagem, enfim, todos os conceitos mentalistas. Ele afirmava que a consciência não podia e nunca havia sido cheirada, tocada, sentida, movida ou provada. BEHAVIOR : significa comportamento, por essa razão, a escola tem sido conhecida pelas seguintes terminologias: Comportamentalismo, Condutismo, Análise do Comportamento, Teoria Comportamental e Análise Experimental do Comportamento. É também conhecida como a abordagem do S-R, em que ―s‖ significa estímulo e ―r‖ resposta. 20 Psicologia da Educação II Sucedendo Watson, B.F. Skinner (1904-1990), foi o behaviorista que mais se destacou, principalmente pela teorização acerca do comportamento operante. Skinner denominou seu sistema de Behaviorismo Radical, tendo influenciado inúmeras gerações de psicólogos. O comportamento operante é voluntário, intencional, diferentemente do respondente, pois neste o sujeito atua sobre o mundo e essa ação tem um resultado. É essa ação que possibilita a aprendizagem. A partir de seus estudos, Skinner criou vários conceitos, os quais serão apresentados a seguir. Skinner, assim como Watson, utilizou animais em seus experimentos a fim de descobrir possíveis reações que pudessem ser aplicadas aos seres humanos. Para tal, criou a ―caixa de Skinner‖, com a qual realizou diversas experiências, em particular com ratos. Figura 1: A caixa de Skinner O procedimento adotado consistia em privar o rato de água para que ele desenvolvesse motivação para atuar sobre o meio (caixa). Desse modo, ao ser colocado na caixa, o rato passava a explorá-la e, assim fazendo, em um determinado momento pressionava a barra que lá existia, o que liberava uma gotinha de água. Depois de algum tempo, estava estabelecida a associação, de modo que para beber, ele precisava trabalhar. Essa relação pode ser descrita da seguinte forma: Fonte: https://pt.slideshare.net/lucaslorran/o-behaviorismo-2 21 Psicologia da Educação II R→ S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S o estímulo reforçador (a água). Esse estímulo é denominado, portanto, de estímulo reforçador. Eis o primeiro conceito importante a ser discutido. Reforço pode ser definido como toda consequência que, seguindo uma resposta, modifica a probabilidade de sua ocorrência futura. O reforço pode ser de dois tipos: positivo (todo evento que aumenta probabilidade de repetição futura do comportamento) e negativo (todo evento que aumenta a probabilidade de emissão de uma resposta que remova o estímulo ou que o atenue). O reforço pode ser também primário, como a água, carinho e alimentos, os quais são vitais para todas as espécies e, secundários, que são assim denominados por terem sido associados com os reforços primários diversas vezes, dos quais são exemplos o dinheiro e a aprovação social. Skinner comprovou que se desejamos que um comportamento se repita devemos reforçá-lo imediatamente após sua ocorrência, como por exemplo, se quisermos que nossos filhos estudem, devemos reforçá-los com elogios, com carinho etc. Por outro lado, se queremos que um comportamento deixe de ocorrer, devemos deixar de reforçá-lo. Um exemplo bastante esclarecedor é o caso da birra. Se cada vez que a criança quiser uma coisa, nós dermos a ela, a tendência é que esse comportamento se estabeleça. Para removê-lo faz-se necessário que adotemos um procedimento no qual o comportamento deixa de ser reforçado. A esse procedimento, Skinner denominou extinção. No caso da criança que faz birra, em um primeiro momento, sua tendência é aumentar o comportamento, mas os pais devem ser firmes e não dar o reforço, que depois de uma ou duas crises intensas de birra, será extinto. Outro procedimento apresentado por Skinner foi a punição, que implica na remoção de um estímulo considerado positivo ou na apresentação de um estímulo aversivo. Em função de diferentes estudos, comprovou-se que esse procedimento não é tão, eficaz quanto o anterior, pois para ser efetiva, a punição tem que ser muito intensa e, na maioria das vezes, não tem efeito duradouro, pois só contempla a ação, mas não a motivação que levou ao comportamento, que pode voltar a ser emitido em outro momento. O behaviorismo contribuiu imensamente e, ainda o faz, com a modificação do comportamento a partir do reforço, sendo amplamente utilizado em escolas, presídios, hospitais e na prática clínica, de modo a promover a adoção de 22 Psicologia da Educação II1. POSITIVO: todo estímulo que quando está presente aumente a probabilidade de que se produza uma conduta. 2. NEGATIVO: todo estímulo aversivo que ao ser retirado aumenta a probabilidade de que se produza a conduta. 3. EXTINÇÃO: a qual se apresenta quando um estímulo que previamente reforçava a conduta deixa de atuar. 4. CASTIGO: igual ao da extinção funciona para reduzir a conduta. comportamentos desejáveis. Não obstante tal constatação há também inúmeras críticas a essa escola, pois sua visão de homem é a de um sujeito passivo, que se resume a estímulos e respostas. O behaviorismo teve várias implicações para a educação, tais como: a relevância do ambiente para a compreensão do processo de ensino-aprendizagem; o papel do reforço (elogios, prêmios e notas) na aprendizagem, tornando realidade o planejamento deste; a comprovação de que é possível mensurar o comportamento humano e, consequentemente, os fenômenos comportamentais, em especial, os educacionais; a definição de aprendizagem como modificação do comportamento. Além disso, a partir das contribuições de Skinner, passou-se a estruturar o assunto de forma sequenciada e com graus diferentes de dificuldade, ou seja, do mais fácil para o mais difícil, assim como ressaltou a necessidade de delimitar claramente os objetivos educacionais. É nesse período também que a tecnologia passa a exercer importante função como elemento motivador e de controle do comportamento humano. Trabalhou sobre a conduta em termos de reforços positivos (recompensas) contra reforços negativos (castigos). Princípios: 1. Comportamento que é positivamente reforçado vai acontecer novamente. Reforço intermitente é particularmente efetivo. 2. As informações devem ser apresentadas em pequenas quantidades, para que as respostas sejam reforçadas ("moldagem"). 3. Reforços vão generalizar, lado a lado, estímulos similares (generalização de estímulo) produzindo condicionamento secundário. Principais Tipos de Reforços: 23 Psicologia da Educação II Contrariamente ao que se pensa o reforço negativo não é punição, mas sim a remoção de um evento punitivo; enquanto o reforço aumenta um comportamento, a punição o diminui. Nos usos que propôs para suas conclusões científicas — em especial na educação —, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos, sugeria que o uso das recompensas e reforços positivos da conduta correta era mais atrativo do ponto de vista social e pedagogicamente eficaz. Para Skinner, um dos principais representantes da teoria do condicionamento, as pessoas são como ―caixas negras‖: podemos conhecer os estímulos que as atingem e as respostas que dão a esses estímulos, mas não podemos conhecer experimentalmente os processos internos que fazem com que determinado estímulo leve a uma dada resposta. Mas, se descobrimos qual o estímulo que produz certa resposta desse organismo, basta aplicar-lhe o estímulo que descobrimos. De acordo com essa teoria, aprendizagem é igual a condicionamento. Isso significa que, se queremos que uma pessoa aprenda um novo comportamento, devemos condicioná-la a essa aprendizagem como conseguir isso? Se os organismos vivos tendem a repetir o comportamentos satisfatórios e a evitar os comportamentos que não trazem satisfação, para que haja condicionamento, basta fazer com que o comportamento que queremos que a pessoa seja satisfatório para ela. O processo consiste em apresentar estímulos agradáveis, chamados reforços, quando a pessoa manifesta o comportamento que queremos que ela aprenda. Os reforços não deve ser apresentados quando a pessoa emite outros comportamentos que não o desejado. Os pais querem que o filho obtenha bons resultados na escola, e prometem que, se ele tiver todos os conceitos entre ―B‖ e ―A‖, dar-lhe-ão um bicicleta no Natal; o professor fala ―Muito bem!‖ e sorri para o aluno que acertou uma conta de somar na lousa; o domador dá uma porção de açúcar ao leão que obedeceu e focou sentado; etc. nesses exemplos, obter os conceitos ―B‖ e ―A‖, fazer corretamente uma conta de somar na lousa e ficar sentado são os comportamentos esperados; a bicicleta, o ―Muito bem!‖ e a porçao de açúcar são reforços positivos. Mas o indivíduo também pode manifestar os comportamentos esperados ou evitar comportamentos considerados indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos: repreensões, ameaças e outras formas de punição. 24 Psicologia da Educação II Para que ocorra o condicionamento, não é necessário dar o reforço todas as vezes em que o indivíduo manifesta o comportamento desejado. O reforçamento intermitente, às vezes sim e às vezes não, produz um condicionamento mais duradouro. Em laboratório, o condicionamento é feito aos poucos, em pequenos passos. Vejamos um exemplo com um ratinho, que foi o animal com o qual Skinner realizou grande parte de seus experimentos. Por condicionamento, um ratinho aprendeu a puxar um cordão que pendia do alto da gaiola, o que fazia com que caísse uma bolinha, que o rato pegava com as patinhas da frente e jogava num buraquinho existente no canto da gaiola. Ao final de toda essa série de comportamentos, o ratinho recebia o reforço – uma bolota de ração. De início, o pesquisador dava o reforço (uma bolota de ração) a cada vez que o ratinho se aproximava da cordinha; depois, a cada vez que encostava na cordinha; depois, quando a agarrava com as patinhas; depois quando a puxava e assim por diante. No final do processo de aprendizagem, o ratinho só recebia a ração depois que jogasse a bolinha no buraco. É evidente que os experimentos eram realizados quando o ratinho estava com fome. Skinner conseguiu muito sucesso com seus experimentos; ensinou pombos a jogar tênis de mesa, a controlar projéteis teleguiados e outras proezas. Mas, será que na sala de aula, o sucesso será tão garantido quanto no laboratório, em experimentos com animais? Skinner criou as máquinas de ensinar e a instrução programada, em que o indivíduo é reforçado a cada vez que emite a resposta correta. Mas a situação de sala de aula é muito complexa e nem sempre é possível ou conveniente transferir para seres humanos as descobertas realizadas em laboratório, com animais. Algumas pesquisas verificaram que, muitas vezes, a ausência de reforço dá melhores resultados que qualquer reforço. Verificou-se ainda que estudantes mais independentes e criativos tendem a sair-se mal em programas de instrução programada. As máquinas de ensinar e os textos de instrução programada são um exemplo de aprendizagem individualizada: o indivíduo lê uma questão e escreve a resposta no espaço apropriado. Em seguida, verifica se sua resposta coincide com a resposta correta. Se coincidir, sentir-se-á reforçado e poderá passar para a questão 25 Psicologia da Educação II seguinte. Caso contrário, voltará a questões já vistas e que não foram bem aprendidas. Cada um avança de acordo com seu próprio ritmo. 2.2 Teoria da Gestalt Para os defensores da teoria da Gestalt, como Köhler, Koffka e Hartmann, no processo de aprendizagem, a experiência e a percepção são mais importantes que as respostas específicas dadas a cada estímulo. A experiência e a percepção englobam a totalidade do comportamento e não apenas respostas isoladas e específicas. Quando o indivíduo vai iniciar um processo de aprendizagem qualquer, ele já dispõe de uma série de atitudes, habilidades e expectativas sobre sua própria capacidade de aprender, seus conhecimentos, e percebe a situação de aprendizagem de uma forma particular, certamente diferente das formas de percepção de seus colegas. Por isso, o sucesso da aprendizagem vai depender de suas experiências anteriores. Fonte: https://cuidar-do-ser.webnode.com.br/news/a-psicologia-da-gestalt/ 26 Psicologia da Educação II A pessoa seleciona e organiza os estímulos de acordo com suas próprias experiências e não vai responder a eles isoladamente, mas percebendo a situação como um todo e reagindo a seus elementos mais significativos. A pessoa percebe uma ―forma‖, uma ―estrutura‖, uma ―configuração‖ ou ―organização‖. Esses termos são sinônimos da palavra alemã Gestalf. Para os psicólogos gestaltistas, a aprendizagem ocorre, principalmente, por insight. E o que é insight? É uma espécie de estalo, de compreensão repentina a que chegamos depois de tentativas infrutíferas em busca de uma solução. Por exemplo, você perdeu uma chave, procura em muitos lugares, tenta lembrar-se de onde a deixou, e nada de encontrá-la. Depois, quando você já parou de procurar e está fazendo outra coisa, lembra-se repentinamente de onde deixou a chave. Outro exemplo: você está tentando resolver um problema de matemática há horas, e acaba por deixá-lo de lado. Repentinamente, você descobre a solução. Um terceiro exemplo: você tem um trabalho de aula para fazer, não sabe como começar, pensa em mil e uma maneiras, mas nenhuma é do seu agrado. Repentinamente, quando você menos espera, aparece uma solução ótima para o trabalho. Os três exemplos anteriores mostram algumas das características da aprendizagem por insight: há necessidade de uma série de experiências prévias; a solução aparece repentinamente, quando tudo passa a ter sentido; a aprendizagem ocorre em conseqüência de uma contínua organização e reorganização da experiência, que permite a compreensão global da situação e a percepção de seus elementos mais significativos. Em relação ao trabalho escolar, pode-se afirmar que a teoria da Gestalt é mais rica que a teoria do condicionamento, pois tenta explicar aspectos ligados à solução de problemas. Explica, também, como ocorre o trabalho científico e artístico que, muitas vezes, resulta de um estalo, de uma compreensão repentina, depois que a pessoa lidou bastante com o assunto. 2.3 Teoria de Campo A teoria de campo é uma teoria derivada da Gestalt. Seu principal formulador foi Kurt Lewin. De acordo com essa teoria, são as forças do ambiente social que levam o indivíduo a reagir a alguns estímulos e não a outros, ou que levam 27 Psicologia da Educação II indivíduos diferentes a reagirem de maneira diferete ao mesmo estímulo. A influência dessas forças sobre o indivíduo dependeria, em alto grau, das próprias necessidades, atitudes, sentimentos e expectativas do indivíduo, pois são estas condições internas que constituem o campo psicológico de cada um. O campo psicológico seria o ambiente, incluindo suas forças sociais, da maneira como é visto ou percebido pelo indivíduo. O que acontece é que, muitas vezes, uma equação de 2° grau, um capítulo de história e um trabalho de geografia são vistos como problema a serem resolvidos pelo professor ou por alguns alunos, mas não por outros, cujo campo psicológico é diferente, e que têm outras prioridades no momento. Lendgren (op.cit., p. 42) apresenta o seguinte exemplo: ―Simone estava aflita e infeliz no primeiro dia de aula no Jardim de Infância. Ela havia imaginado a escola como uma experiência agradável e excitante, mas, ao invés disso, estava confusa, deprimida e ansiosa. Durante os primeiros dias, ficou grudada à professora, recusou-se a participar dos jogos e atividades e ficou a maior parte do tempo chupando o dedo, coisa que não fazia desde os três anos. No começo da segunda semana, entretanto, ela começou a corresponder às sugestões da professora de que poderia gostar de brincar de casinha com algumas outras meninas, e, depois de alguns dias, estava gostando do Jardim de Infância como qualquer outra criança‖. Inicialmente, Simone percebeu a escola como uma situação ameaçadora, cheia de perigos desconhecidos, e manteve-se ansiosa, junto à professora, como teria permanecido junto à mãe. Quando conseguiu organizar um quadro da nova situação, desenvolvendo o conceito de si mesma como aluna de Jardim de Infância, passou a comportar-se mais de acordo com essa realidade e sentiu-se mais segura. Agiu de maneira correta a professora, que não fez muita pressão para que Simone participasse intensamente das atividades junto com outras crianças, pois entendeu que o comportamento de Simone era normal nos primeiros dias de escola. A conclusão de Lindgren é a seguinte: ―O fato é que o comportamento das crianças é determinado por sua percepção de si próprias e do mundo que as rodeia. Se esta percepção se modifica, muda também seu comportamento. Por mais que o desejem, os professores não podem transmitir conceitos diretamente às crianças, insistindo, por exemplo, para que se tornem mais maduras e realistas em suas atitudes. Usualmente, essas sugestões diretas servem apenas para fortalecer as 28 Psicologia da Educação II atitudes imaturas que estão interferindo no desenvolvimento de conceitos mais realistas e consequentes comportamentos‖. A fim de compreender o campo psicológico das crianças, os professores precisam desenvolver sua sensibilidade em relação aos sentimentos e atitudes infantis. 2.4 Teoria Cognitiva A teoria cognitiva, elaborada inicialmente por John Dewey e depois por Jerome Bruner concebe a aprendizagem como solução de problemas. É por meio da solução dos problemas do dia-a-dia que os indivíduos se ajustam a seu ambiente. Da mesma forma deve proceder a escola, no sentido de desenvolver os processos de pensamento do aluno e melhorar sua capacidade para resolver problemas do cotidiano. Como a escola pode fazer isso? É Dewey quem responde: ―A criança não consegue adquirir capacidade de julgamento, exceto quando é continuamente treinada a formar e a verificar julgamentos. Ela precisa ter oportunidade de escolher por si própria e, então, tentar pôr em execução suas próprias decisões, para submetê-las ao teste final, o da ação‖ (Apud: LINDGREN, H. C. Op. Cit., p. 253). Dewey foi um professor preocupado com os problemas práticos do ensino e defendia o ponto de vista de que a aprendizagem deveria aproximar-se o mais possível da vida prática dos alunos. Isto é, se a escola quer preparar seus alunos para a vida democrática, para a participação social, deve praticar a democracia dentro dela, dando preferência à aprendizagem por descoberta. Em seus estudos, Dewey apontou seis passos característicos do pensamento científico: Fonte: https://www.emaze.com/@AQFRTRFQ 29 Psicologia da Educação II 1°) Tornar-se ciente de um problema. Para que um problema comece a ser resolvido, é preciso que seja transformado numa questão individual, numa necessidade sentida pelo indivíduo. O que é problema para uma pessoa pode não ser para outra. Daí a importância da motivação. Na escola, um problema só será real para o aluno quando sua não-resolução constituir fator de perturbação para ele. 2°) Esclarecimento do problema. Este passo consiste na coleta de dados e informações sobre tudo o que já se conhece a respeito do problema. É uma etapa importante, que permite selecionar a melhor forma de atacar o problema, e que pode ser desenvolvida com auxílio de fichas, resumos, etc., obtidos de leituras e conversas sobre o assunto. 3°) Aparecimento das hipóteses. Uma hipótese é a suposição da possível solução de um problema. As hipóteses costumam surgir após um longo período de reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos dados coletados na etapa anterior. 4°) Seleção da hipótese mais provável. Depois de formulada, a hipótese deve ser confrontada com o que já se conhece como verdadeiro sobre o problema. Rejeitada uma hipótese, o indivíduo deve partir para outra. Assim, por exemplo, se o carro não dá partida, posso levantar as seguintes hipóteses: a bateria está descarregada, falta gasolina, há problemas no platinado, etc. Essas hipótesespodem ser descartadas, na medida em que o motorista lembrar-se de que a bateria foi verificada, de que colocou gasolina, de que o platinado está relativamente novo, etc. 5°) Verificação da hipótese. A verdadeira prova da hipótese considerada a mais provável só se fará na prática, na ação. Isto é: se a hipótese final do motorista atribuía o problema do carro ao platinado, o passo seguinte será verificar o estado da peça. Se o carro não der partida após a troca do platinado gasto, o indivíduo vai formular nova hipótese e poderá chegar a redefinir seu problema, pois a solução de problemas ocorre em movimento contínuo, que percorre seguidamente uma série de etapas. 6°) Generalização. Em situação posteriores semelhantes, uma solução já encontrada poderá contribuir para a formação de hipótese mais realista. A capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de uma situação para outra. 30 Psicologia da Educação II Da teoria cognitiva emergem algumas considerações importantes sobre formas de estimular o aluno à solução de problemas. Vejamos: Convém que o ensino da sala de aula seja o mais aproximado possível da realidade em que vive o aluno, a fim de que ele aprenda na prática e aprenda a refletir sobre sua própria ação. Sobre isso, Lindgren relata um exemplo interessante: ―Uma pessoa que visitava uma turma de quarto ano perguntou às crianças: – O que vocês fazem quando, ao andar pelo corredor, veem um pedaço de papel no chão? Todas as crianças sabiam a resposta: – A gente o apanha e põe no cesto do lixo: Alguns minutos mais tarde, soou o sinal de recreio e as crianças saíram depressa para brincar, passado pelo corredor que levava ao pátio. O corredor estava cheio de papel picado (posto pelo visitante). Havia um cesto de lixo por perto. Nenhuma criança parou para pegar o papel.‖ (Op. cit., p. 219) Convém que o professor estimule a criança a não ficar na dependência dos livros, do professor, das respostas dos outros. Convém educá-la para que ela mesma encontre suas respostas. Para o futuro, é muito mais educativa uma solução de um problema real, à qual a criança chegou por conta própria, do que a memorização de dez soluções apresentadas pelo professor. A fim de que o aluno desenvolva seu raciocínio, convém que seja motivado para isso, que tenha oportunidade de raciocinar. Contribui nesse sentido a apresentação da matéria em forma de problemas a serem resolvidos e não em forma de respostas a serem memorizadas. Outra contribuição que o professor pode dar para desenvolver o espírito científico consiste na utilização de uma linguagem acessível ao estudante, próxima de sua linguagem habitual. Isso é necessário para que o aluno entenda o problema, saiba do que se trata. Veja o seguinte exemplo: “Uma amiga, ao visitar uma escola, recebeu um convite para examinar os alunos em geografia. Depois de olhar um pouco o livro, perguntou: 31 Psicologia da Educação II – Suponha que você abra um buraco no chão e chegue a uma grande profundidade. Como seria o fundo do buraco? Seria mais quente ou mais frio do que a superfície? Como ninguém na classe respondeu, a professora disse: – Eu estou certa de que eles sabem, mas você não perguntou corretamente. Vou experimentar. Pegou então o livro e perguntou: – Em que condição está o interior do globo? Recebeu a imediata resposta de metade da classe: – O interior do globo está numa condição de fusão ígnea.” (JAMES, W. Apud: MOULY, G. J. Op. cit, p. 310). Esse exemplo mostra que metade dos alunos havia memorizado a resposta, mas, aparentemente, ninguém havia entendido seu significado. O Trabalho em grupo favorece o desenvolvimento da capacidade para solucionar problemas, pois permite a apresentação de hipóteses mais variadas e em maior número. A direção autoritária da classe, em que o professor manda e os alunos só obedecem, prejudica o desenvolvimento do raciocínio: se os alunos não participam da formulação do problema, é natural que tendam a atribuir ao professor a responsabilidade pela solução. Nessa situação, os alunos tornam-se dependentes das respostas do professor, ao invés de desenvolverem sua criatividade. 2.5 Teoria Fenomenológica Fonte: http://marcosmucheroni.pro.br/blog/?p=14683#.W0X82tVKjIU 32 Psicologia da Educação II Como os gestaltistas e cognitivistas, os teóricos da fenomenologia dão grande importância à maneira como o aluno percebe a situação em que se encontra. Além disso, entendem que a criança aprende naturalmente, que ela cresce por sua própria natureza. O mais importante é que o material a ser aprendido tenha significado pessoal para o aluno. O material sem sentido exige dez vezes mais esforço para ser aprendido do que o material com sentido e é esquecido muito mais depressa. O que pode fazer a escola para facilitar a aprendizagem, a partir da própria experiência da criança? Snygg e Combs, representantes da teoria fenomenológica, apresentam algumas sugestões (Apud: LINDGREN. Op. cit., p. 254 e 259): ● Proporcionar aos alunos oportunidades de pensar por si próprios, por meio da criação de um clima democrático na sala de aula, de maneira que os alunos sejam encorajados a expressar suas opiniões e a participar das atividades do grupo. ● Dar a cada estudante a oportunidade de desenvolver os estudos de acordo com seu ritmo pessoal. O êxito e a aprovação devem ser baseados nas realizações de cada um. ● A escola deve considerar o impulso universal de todos os seres humanos no sentido de concretizar suas próprias potencialidades, e na reprimir tal impulso, prendendo-o à competição artificial e ao sistema rígido de notas. 3. Controvérsias Básicas entre estas Concepções De maneira geral, poderíamos apontar três controvérsias. A primeira refere-se à questão do que é aprendido e como. Para os teóricos do condicionamento, aprendemos hábitos, isto é, aprendemos a associação entre um estímulo e uma resposta e aprendemos praticando; para os cognitivistas, aprendemos a relação entre ideias (conceitos) e aprendemos abstraindo de nossa experiência. A segunda controvérsia refere-se à questão do que mantém o comportamento que foi aprendido. Para os teóricos do condicionamento, o comportamento é mantido pelo sequenciamento de resposta. Explicando melhor: uma resposta é, na realidade, um conjunto de respostas. 33 Psicologia da Educação II Quando falamos no comportamento de abrir uma porta, é fácil perceber que ele é composto de diversas respostas intermediárias: pegar a chave na posição certa para que entre na fechadura, encaixá-la na fechadura, virar corretamente e abaixar então a maçaneta. São essas diversas respostas que, reforçadas (bem- sucedidas), preparam a etapa seguinte e mantêm a cadeia de respostas até que o objetivo do comportamento seja atingido. Para os cognitivistas, o que mantêm um comportamento são os processos cerebrais centrais, tais como a atenção e a memória, que são integradores dos comportamentos. A terceira controvérsia refere-se à maneira como solucionamos uma nova situação-problema (transferência da aprendizagem). Para os teóricos do condicionamento, evocamos hábitos passados apropriados para o novo problema e respondemos, quer de acordo com os elementos que o problema novo tem em comum com outros já aprendidos, quer de acordo com aspectos da nova situação, que são semelhantes à situação já encontrada. Por exemplo, quando a criança aprende a dar laço nos sapatos, saberá dar laço em presentes, no vestido ou na fita do cabelo. Os cognitivistas acreditam que, mesmo no caso de haver toda a experiência possível com as diversas partes do problema, como saber todas as etapas para dar um laço, isso não garante que a solução do problema seja alcançada. Seremos capazes de solucionar um problema, se este for apresentado de uma forma, mas não de outra, mesmo que ambas as formasrequeiram as mesmas experiências passadas para serem solucionadas. De acordo com os cognitivistas, o método de apresentação do problema permite uma estrutura perceptual que leva ao insight, isto é, à compreensão interna das relações essenciais do caso em questão. Por exemplo, quando montamos um quebra-cabeça e ―sabemos‖ o lugar de uma peça sem termos feito tentativas anteriormente. 34 Psicologia da Educação II 1. LEIA ATENTAMENTE O EXPERIMENTO: O experimento mostra que depois de certo tempo de ensaios o cachorro mostra algo que não sabiam fazer antes. O primeiro fato que ele percebeu foi que um animal (no caso o cachorro) domestico, quando ouve o som de panelas, ou vê a pessoa que costuma trazer o alimento já se prepara para receber sua comida, mesmo antes de ver o alimento. Para começar seu procedimento ele fez uma pequena cirurgia no cão introduzindo um tipo coletor de glândulas salivares para que pudesse medir sua saliva. Com isso era apresentando um alimento ao cão, ele salivava. Depois era apresentado um som, o som de um metrónomo, a resposta ao som era aleatória. Em seguida era apresentado o som seguido do alimento, depois de muitos ensaios ao ser apresentado o som o animal já salivava, o que não fazia antes. Fonte: https://psicologia.laguia2000.com/el-aprendizaje/el-behaviorismo O texto e a imagem apresentada acima foi definida e inspirada na teoria de John B. Watson. Estamos falando de: A) Comportamentalismo. B) Construcionismo. C) Interacionismo. D) Representacionismo. E) Behaviorismo 35 Psicologia da Educação II 2. Na televisão quando assistimos a um filme e passa o comercial a globo emiti um som (plim plim) que associamos que o filme já voltou. Fonte: https://eduardoalmeida.wordpress.com/category/informacao-assimetrica/ Uma das principais referências para a elaboração desta associação esta na resposta condicionada definada na teoria behaviorista é: A) Estimulo resposta B) Estimulo Motivação. C) Estimulo Extinção. D) Resposta a Punição. E) Resposta incondicionada Faca um breve comentário sobre a atuação dos pais e professores na utilização de teoria do condicionamento. http://3.bp.blogspot.com/-jl1NVy-768I/T84-ZtQOzuI/AAAAAAAAACk/8dDpdPO00nI/s1600/plim+plim.jpg http://3.bp.blogspot.com/-jl1NVy-768I/T84-ZtQOzuI/AAAAAAAAACk/8dDpdPO00nI/s1600/plim+plim.jpg 36 Psicologia da Educação II UNIDADE 03 A teoria cognitivista da aprendizagem Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=05aUb7M3UPc 37 Psicologia da Educação II Desenvolveremos alguns conceitos básicos dessa abordagem através da teoria de David Ausubel. 3. Cognição Inicialmente, vale a pena esclarecer o conceito de cognição. Cognição é o ―processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‗pontos básicos de ancoragem‘ dos quais derivam outros significados‖. Por exemplo, quando precisamos ensinar à criança a noção de sociedade, podemos levá-la a dar um volta no quarteirão e observar com ela tudo o que lá existe. A criança atribuirá significados aos elementos dessa experiência e poderá, posteriormente, compreender a sociedade. O cognitivismo está, pois, preocupado com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e utilização das informações, no plano da cognição. 3.1 Aprendizagem O processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem. A abordagem cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa. A. Aprendizagem mecânica – refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva. Você se lembra da nossa amiga que decorou a poesia em francês? É um exemplo deste tipo de aprendizagem, pois o conteúdo não se relacionava com nada que ela já possuísse em sua estrutura cognitiva (por isso ela não entendia o que dizia, apenas sabia a poesia de cor). O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos específicos. 38 Psicologia da Educação II B. Aprendizagem significativa – processa-se quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. Por exemplo, nós estamos aqui apresentando a você um novo conceito – o de aprendizagem significativa. Para que este conceito seja assimilado por sua estrutura cognitiva, é necessário que a noção de aprendizagem apresentada pelos cognitivistas já esteja lá, como ponto de ancoragem. E esta nova noção de aprendizagem significativa, sendo assimilada, servirá de ponto de ancoragem para o conteúdo que se seguirá. 3.2 Motivação A motivação continua sendo um complexo tema para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino. Atribuímos à motivação tanto a facilidade quanto a dificuldade para aprender. Atribuímos às condições motivadoras o sucesso ou o fracasso dos professores ao tentar ensinar algo a seus alunos. E, apesar de dificilmente detectarmos o motivo que subjaz a algum tipo de comportamento, sabemos que sempre há algum. O estudo da motivação considera três tipos de variáveis: A motivação é, portanto, o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. Na motivação está também incluído o ambiente que 1. O ambiente; 2. As forças internas ao individuo, como necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso, instinto; 3. O objeto que atrai o individuo por ser fonte de satisfação da força interna que o mobiliza. 39 Psicologia da Educação II estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade. A gíria possui um termo bastante apropriado para a significação de motivação: ―estar a fim. Quando dizemos ―estamos a fim de‖, estamos expressando nossa motivação. E vejamos num exemplo: ―Estou a fim de ler este livro todo‖ (esperamos que não seja um exemplo absurdo!) – o livro aparece como o elemento do ambiente que satisfará minha necessidade ou desejo de conhecer um pouco de Psicologia. O próprio ambiente, de alguma forma, gerou em mim este interesse, ou porque li outros livros que falavam do assunto, ou porque meu colega citou a Psicologia como uma ciência interessante, ou porque vi uma psicóloga em um filme e me interessei. Ambiente – organismo – interesse ou necessidade – objeto de satisfação. Está montada a cadeia da motivação. Retomando, podemos dizer que a motivação é um processo que relaciona necessidade, ambiente e objeto, e que predispõe o organismo para a ação em busca da satisfação da necessidade. E, quando esse objeto não é encontrado, falamos em frustração. 40 Psicologia da Educação II 1. A psicologia da aprendizagem estuda o complexo processo pelo qualas formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados pela criança. A aprendizagem mecânica pode ser corretamente defina: I – Processa-se quando um novo conteúdo se relaciona com conceitos disponíveis na estrutura cognitiva; II – Refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na cognição; III - O real objeto de estudo da aprendizagem é partir das representações que o aluno já detém para associar a nova aprendizagem. A ( ) As afirmações II e III estão corretas. D ( ) As afirmações I e III estão corretas. B ( ) Todas as afirmações estão corretas. E ( ) Apenas a afirmação III está correta. C ( ) Apenas a afirmação II está correta. 2. A professora afirmou que a baleia é um mamífero. Inconformado, Pedro argumentou: ―mamífero é vaca, gato, cachorro, cujos filhotes mamam. A baleia vive dentro d‘água, tem nadadeiras, é um peixe‖. A maioria dos colegas concordou com Pedro, mas todos começaram a mudar de ideia ao assistir a um filme em que apareciam baleias pequenas sendo amamentadas. Pedro começou a perceber que morar fora d‘água não é algo que defina os mamíferos, e que ter rabo de peixe, nadadeiras e morar na água não são características apenas dos peixes. A aprendizagem de Pedro foi gerada, pelo processo da aprendizagem significativa que se deu pela: A) Anulação do conhecimento anterior e substituição deste por conteúdos novos e diferentes. B) Associação de novos conteúdos àqueles que já faziam parte da sua estrutura cognitiva. C) Comparação entre informações contrastantes e o reforço do conhecimento anterior. D) Desequilíbrio, por conflito cognitivo, e acomodação do novo conhecimento ao anterior. E) Reforço positivo por parte da professora, dos colegas e da família. Como as teorias cognitivas compreendem a aprendizagem? 41 Psicologia da Educação II UNIDADE 04 Motivação da aprendizagem Fonte: http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2014/05/27/psicologia-da- educacao-motivacao/ 42 Psicologia da Educação II 4. Motivação da Aprendizagem Com referência ao objeto da aprendizagem, isto é, a matéria a ser aprendida, a motivação foi classificada em dois tipos, conforme Campos (1987): Motivação intrínseca: é quando o elemento mobilizador da aprendizagem é interno, é o desejo de aprender. Por conseguinte, a razão para se esforçar está naquilo que se aprende e na satisfação pessoal de saber, de adquirir novas informações, de ampliar conhecimentos, compreender ou se apropriar de algo novo. Esta motivação está consorciada com um tipo de aprendizagem mais significativa e mais construtiva. Cabe ao professor apontar aos alunos os aspectos significativos da matéria a ser estudada, porque desta maneira despertará os motivos próprios do estudante, que se vai dedicar ao estudo da mesma. Por exemplo, no estudo da história natural, mostrará os aspectos interessantes dos fenômenos naturais, dos animais, das plantas. Motivação extrínseca: é a motivação externa à própria atividade da aprendizagem, não resulta do interesse pelo conteúdo em si. É composta por fatores externos à própria matéria a ser aprendida. Estar motivado por recompensas ou metas externas, em um primeiro momento, pode levar o aluno a realizar as atividades escolares. Contudo, o efeito desse interesse pode ser passageiro, ou seja, o aluno só estará envolvido na aprendizagem quando precisar alcançar o que deseja, por exemplo, uma viagem de férias, um ponto na média, um brinquedo novo. Esse tipo de meta faz com que os alunos se envolvam menos na solução de problemas com maior nível de complexidade. No processo de aprendizagem, a motivação na educação sistematizada deve considerar as respectivas faixas etárias, as condições psicológicas, as fantasias, os contextos sociais, culturais e as perspectivas dos alunos. É necessário, para motivar o aluno, fazer uso da tecnologia que se encontra à disposição e do lúdico, levando sempre em consideração a maturação da idade e as perspectivas dos maiores interessados no assunto, os alunos. 43 Psicologia da Educação II Assim, na escola, tanto a motivação intrínseca quanto a extrínseca são importantes. Muitas atividades são, ou poderiam ser, interessantes para os alunos. O ensino pode criar motivação extrinsica, estimulando a curiosidade dos alunos e fazendo-os sentirem-se mais competentes, à medida que aprendem. Um aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Esta necessidade leva-o a aplicar-se, a esforçar-se e a preservar no trabalho até sentir-se satisfeito. Em toda situação motivadora podem ser encontrados dois fatores: fator de impulsão ou motivo inicial, cujas raízes mais profundas são de natureza biológica; fator de direção, de integração nas condições ambientais e que é de natureza sociocultural (NÉRICI, 1993). 4.1 Teoria Humanista Maslow, um dos formuladores da teoria humanista, aceitou a ideia de que o comportamento humano pode ser motivado pela satisfação de necessidades biológicas, mas rejeitou a teoria de que toda motivação humana pode ser explicada em termos de privação, necessidade e reforçamento. Para Maslow, necessidade de ordem superior, como as necessidades de realização, necessidades de conhecimento e necessidades estéticas, também são primárias ou básicas, mas apenas se manifestam depois que as necessidades de ordem inferior forem satisfeitas. Quando não há alimento, o homem vive apenas pelo alimento, mas o que acontece quando o homem consegue satisfazer sua necessidade de alimento? Imediatamente surgem outras necessidades, cuja satisfação provoca o aparecimento de outras e, assim, sucessivamente. Maslow esquematizou uma hierarquia de sete conjuntos de motivos-necessidades. Fonte: ISEPRO VIRTUAL, 2017. 44 Psicologia da Educação II As necessidades fisiológicas mais importantes são: oxigênio, líquido alimento e descanso. Um indivíduo com as necessidades fisiológicas insatisfeitas tende a comportar-se como um animal em luta pela sobrevivência. A satisfação das necessidades fisiológicas é uma condição indispensável para a manifestação e satisfação das necessidades de ordem superior. Portanto, não é a privação, mas sim a satisfação das necessidades fisiológicas que permite ao indivíduo dedicar-se a atividades que satisfaçam necessidades de ordem social. A necessidade de segurança manifesta-se pelo comportamento de evitar o perigo, pelo recuo diante de situação estranhas e não familiares. Geralmente, as pessoas buscam uma casa para se abrigarem, companhia de outras pessoas para se sentirem mais seguras e fortes. É essa necessidade que leva o organismo a agir rapidamente em qualquer situação de emergência, como doenças, catástrofes naturais, incêndios, etc. A necessidade de amor e participação expressa o desejo de todas as pessoas de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem a um grupo. É ela que explica a tristeza e a saudade que sentimos diante da ausência de amigos e parentes de quem gostamos. A vida social é uma necessidade que explica a maior parte de nossos comportamentos. A necessidade de estima leva-nos a procurar a valorização e o reconhecimento por parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita, sentimos confiança em nossas realizações, sentimos que temos valor para os outros, sentimos que podemos participar na comunidade e ser úteis. Em caso contrário, sentimo-nos inferiorizados, fracos e desamparados. O sucesso ou fracasso do aluno, na escola, depende em parte de sua autoestima, da confiança que tem em si mesmo. Mas essa autoestima e essa confiança originam-se da estima e da confiança que os outros depositam nele. Anecessidade de realização expressa nossa tendência a transformar em realidade o que somos potencialmente, a realizar nossos planos e sonhos, a alcançar nossos objetivos. Uma pessoa adulta que se sente bem no casamento ou em sua vida de solteira, que gosta da profissão que exerce, que participa socialmente, etc. pode considerar-se satisfeita em relação a essa necessidade. A satisfação da necessidade de realização é sempre parcial, na medida em que sempre temos projetos inacabados, sonhos a realizar, objetivos a alcançar. 45 Psicologia da Educação II A busca da realização é uma das motivações básicas do ser humano; pode atuar fortemente em sala de aula, em benefício da aprendizagem. A necessidade de conhecimento e compreensão abrange a curiosidade, a exploração e o desejo de conhecer novas coisas, de adquirir mais conhecimento. Essa talvez devesse ser a necessidade específica a ser atendida pela atividade escolar. Essa necessidade é mais forte em uns do que em outros e sua satisfação provém de análises, sistematizações de informações, pesquisas, etc. Se um aluno não está conseguindo aprender, é provável que sua dificuldade seja proveniente da não satisfação de alguma ou de várias das necessidades que antecedem, na hierarquia, a necessidade de conhecimento. O aluno pode ter dificuldade em aprender por estar com fome ou cansado, por estar inseguro quanto ao futuro, por estar isolado na família ou no grupo de colegas, por sentir-se desprezado ou inferiorizado, ou por sentir-se frustrado em relação a muitos de seus planos e objetivos. Dessa forma, há um longo cominho a percorrer antes que o professor possa entender por que um, vários, ou todos os alunos têm dificuldades em entender o que ele está tentando ensinar. As necessidades estéticas estão presentes em alguns indivíduos e se manifestam através da busca constante da beleza. Essa necessidade parece ser universal em crianças sadias, segundo Maslow, e a escola pode contribuir para sua satisfação. Na teoria de Maslow, a hierarquia das necessidades é fundamental: as que estão acima na pirâmide só aparecem e podem ser satisfeitas na medida em que se satisfazem as que estão abaixo. A teoria humanista aproxima-se muito mais da teoria cognitiva do que da teoria do condicionamento. Para esta última, tudo se resume à satisfação de necessidade biológica. Em relação à necessidade de testar sua teoria em laboratório, à maneira da teoria do condicionamento, que apresentou abundantes experimentos, Maslow afirma: “É justo dizer que esta teoria tem sido bastante bem sucedida no aspecto clínico, social e personalógico e tem sido adequada à experiência pessoal das pessoas auxiliando- as a dar um sentido melhor a suas vidas. Esta teoria ter uma plausibilidade direta, pessoal e subjetiva para a maioria das pessoas. E mesmo assim ela necessita de verificação e 46 Psicologia da Educação II sustentação experimentais. Ainda não foi capaz de pensar um bom modo de testá-la no laboratório...” “Aprendi que quando falamos sobre as necessidades de seres humanos, falamos sobre a essência de suas vidas. Como imaginar uma maneira de testar essa essência num laboratório? Obviamente, ela necessita de uma situação de vida da pessoa como um todo, em seu ambiente social. A partir daí é que virá a confirmação ou não-confirmação da teoria”. 47 Psicologia da Educação II 1. Na teoria de Maslow, a hierarquia das necessidades é uma teoria embasada no humanismo, onde defende as necessidades como motivadoras para todo o contexto do desenvolvimento e aprendizagem humana, com base na pirâmide abaixo justifique cada aprendizagem no processo educacional. 2. O formulador da teoria humanista Maslow, apresentou a idéia de que o comportamento humano pode ser motivado pela satisfação de necessidades biológicas, e rejeitou a teoria de que toda motivação humana pode ser explicada em termos de privação, necessidade e reforçamento. Qual teoria Maslow condenou? A ( ) Behaviorista B ( ) Psicanálise C ( ) Campo D ( ) Gestalt E ( ) Cognitiva Fonte: ISEPRO VIRTUAL, 2017. Qual a relevância da motivação extrínseca no processo de ensino aprendizagem para o aluno. 48 Psicologia da Educação II UNIDADE 05 Teoria Psicanalítica Fonte: http://institutosam.com.br/curso/teoria-psicanalitica/ 49 Psicologia da Educação II 5. Teoria Psicanalítica Segundo a psicanálise, fundada por Freud, as primeiras experiências infantis são os principais fatores a determinar todo o desenvolvimento posterior do indivíduo. Geralmente, as pessoas não têm consciências, não sabem os motivos que as levam a agir de uma ou de outra forma. A maior parte dos motivos seria inconsciente. Como se dá a motivação inconsciente? Quando criança, todo indivíduo tem uma série de impulsos e de desejos que procura satisfazer. Entretanto, muitos desses impulsos e desejos não podem ser satisfeitos, em virtude das proibições sociais. O que acontece, então? Eles são reprimidos para o inconsciente e lá se reorganizam a fim de se manifestarem de outra forma, de uma maneira que não contrarie as normas sociais. Dessa forma, muitos impulsos e desejos manifestam-se em atividades artísticas, culturais ou esportivas, isto é, sua energia é utilizada em atividades permitidas; outros podem realizar-se através dos sonhos; outros, ainda, podem manifestar-se através de sintomas físicos, doenças psicossomáticas, como gagueira, dor de cabeça, paralisias parciais, etc. O fato de um aluno ter aversão à matemática e ter dificuldades em aprender esta ou qualquer outra matéria, por exemplo, pode ser consequência das primeiras Fonte: ISEPRO VIRTUAL, 2017. 50 Psicologia da Educação II experiências que teve com a disciplina: professor autoritário, rejeição por parte dos colegas, problemas familiares, etc. Para Freud, o aparelho psíquico compõe-se de três partes, que estão continuamente interagindo, de forma dinâmica: O Id, que está ligado ao organismo físico, é hereditário, e é a fonte de todos os instintos e impulsos. Os instintos básicos seriam dois: o instinto sexual, em sentido amplo, ou seja, o instinto da vida, o instinto construtivo; e o instinto da morte ou instinto agressivo. Da predominância de um ou de outro, desenvolver-se-á uma personalidade mais construtiva, cooperadora, amorosa ou uma personalidade mais destrutiva, agressiva e possessiva. O Id segue o princípio do prazer, isto é, impulsiona o organismo a fazer tudo o que traz prazer. O Ego resulta da interação do Id com o meio social. É a parte racional da personalidade, que procura manter o controle sobre o Id, verificando que desejos e impulsos podem ou não ser satisfeitos. O Ego rege-se pelo princípio da realidade e tenta manter o equilíbrio entre o Id e o Superego. O Superego consiste nas normas e padrões sociais internalizados pelo indivíduo durante a vida, principalmente na infância. Aos poucos vai assimilando o que pode e não pode fazer o que convém ou não ao sistema social. Fonte: ISEPRO VIRTUAL, 2017. 51 Psicologia da Educação II 5.1 Sexualidade e Libido Libido: é uma fonte original de energia afetiva que mobiliza o organismo na perseguição de seus objetivos A libido sofre progressivas organizações durante o desenvolvimento, em torno de zonas erógenas corporais. Uma fase de desenvolvimento é uma organização da libido em torno de uma zona erógena, dando uma fantasia básica e um tipo de relação de objeto A libido é uma energia voltada para a obtenção de prazer É uma energia sexual no sentido de que toda busca por afeto ou prazer é erótica ou sexual Há uma tendência natural para o desenvolvimento sucessivo das
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