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Prof. Dr. Alexandre Juan UNIDADE I Ética em Enfermagem e Exercício da Profissão Desde a Antiguidade, os homens têm se preocupado com as questões éticas e morais vinculadas à natureza, à política, às regras de convivência social e ao comportamento humano. As concepções sobre o ajuizamento ético têm evoluído ao longo da história da humanidade (OGUISSO, 2012, p. 45). A Ética está associada aos valores morais que dão orientação ao comportamento humano na sociedade. A Moral está associada aos costumes, regras, convenções e tabus estabelecidos pela sociedade. A Moral e a Ética não possuem um significado rígido e estático na história da Filosofia (BOFF, 2003, p. 2). A palavra “moral” é originária do termo latino “morales”, que significa “relativo aos costumes”. A Moral pode ser definida como o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais regras orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, e as suas ações. A Moral é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Conceitos de ética e moral A Moral pode ser distinta quando comparamos, em uma mesma época, dois ou mais grupos de pessoas que convivem. É comum encontramos populações ou até mesmo grupos que possuem opiniões distintas sobre determinado assunto ou comportamento social e costumes diferentes. um costume considerado moral, como um determinado “modelo ideal de boa conduta socialmente estabelecida”, que reflete certa forma de vida, pode se alterar em um período de tempo diferente ou diferir de uma população para outra. Assim os valores morais são os conceitos, juízos e pensamentos considerados “certos” ou “errados” por determinada pessoa ou por um determinado grupo na sociedade. Conceito de moral A palavra “Ética” é proveniente do grego “ethos”, significa, literalmente, “morada”, “hábitat”, “refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam, caráter, modo de ser de uma pessoa. O filósofo Aristóteles acreditava que a Ética era caracterizada pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, que seria viver bem, ter uma boa vida. A palavra “Ética” também pode ser definida como um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano na tentativa de explicar as regras morais de forma racional e fundamentada. Nesse sentido, trata-se de uma reflexão sobre a Moral. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética se dedica a pensar sobre as ações humanas e seus fundamentos, refletindo, portanto, sobre os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Assim, a Ética é a parte da Filosofia que estuda a Moral, pois reflete e questiona as regras morais, compreendendo que a Ética, por si só, não avalia se um ato é correto ou incorreto. Ética Portanto, quem pratica a Ética são sujeitos éticos, que devem ter liberdade de pensamento, sem serem coagidos por forças internas ou externas para que os atos éticos sejam livres, voluntários e conscientes, de modo democrático, respeitando a pluralidade de opiniões, aceitando a diversidade de enfoques, posturas e valores, sempre respeitando o ser humano na sua dignidade. O ser humano é um ser social que aprende com suas experiências, e a prática ética e moral requer aprendizagem, que exige tempo e maturidade. A Ética e a Moral devem partir de experiências originárias que se encontram no cotidiano das pessoas para identificar seus fundamentos, como a liberdade, os valores, o cuidar e o solidarizar-se com os outros. Desse modo, a Ética e a Moral buscam fazer com que as pessoas sejam melhores e mais responsáveis pelos seus próprios atos (OGUISSO, 2012, p. 49). A ética e a moral no contexto da prática É a máxima de Aristóteles no seu livro Ética a Nicômaco, e repetida em seu pensamento sobre a moral de forma geral: “somos o resultado de nossas escolhas”. A Ética possui elementos importantes nos quais se fundamenta e eles devem nos estruturar como seres humanos, resultando, positivamente ou não, em nossas escolhas. Entre estes fundamentos encontram-se: consciência, valores, autonomia, liberdade, responsabilidade, verdade, respeito e reciprocidade, Fundamentos da ética A consciência é a capacidade de julgar o que é correto e o que não é, de acordo com valores morais de conhecimento e de sabedoria. Sendo racionais, os seres humanos têm a capacidade de sentir a própria identidade, podendo interpretar o presente, o futuro e o passado. Portanto, quanto maior o conhecimento, a paciência, a reflexão, e a experiência para compreender a situação, melhor será o julgamento entre o correto e o não correto, o que deve e não deve ser feito, e as consequências dos próprios atos. Viver em sociedade representa as relações do ser humano com o mundo e com outros seres, primordiais para a evolução. O ser humano não evolui sozinho, não constrói sua identidade sem essas experiências, seja com o outro ou com o mundo. Fundamentos da ética: a consciência Para refletirmos: O(a) enfermeiro(a) possui sua consciência, formada com base em suas experiências construídas no decorrer de sua vida. A equipe de saúde, o paciente, a família do paciente também a possuem. Contudo, será que todos compartilham de uma mesma consciência? Será que ao compartilharmos essas experiências e ao procurarmos compreender a identidade alheia, estamos facilitando a convivência e o entendimento entre as pessoas? Fundamentos da ética: a consciência Os valores são fundamentais para a formação da conduta moral e da Ética na vida do ser humano, pois os atribuímos aos objetos (naturais ou não naturais), aos sentimentos e às emoções, uma vez que o agir humano é uma forma de expressar valores. O valor é uma qualidade abstrata e secundária de um objeto, estado ou situação que, ao satisfazer uma necessidade de um sujeito, suscita nele interesse ou aversão por essa qualidade. [...] O valor radica no objeto, mas sem o interesse de um sujeito, o objeto deixaria de ter valor. Os valores ideais são ideias consistentes e objetivas do mundo racional humano (CABANAS, 1999). Portanto, a tomada de decisão estará embasada nos juízos de valores éticos agregados, que poderão diferir de pessoa para pessoa, de comunidades para comunidades, de populações para populações, entre outros. Essas atitudes estão ligadas a valores que orientam e justificam tais comportamentos. Um valor é uma experiência transmitida ou vivida que elegemos para dar sentido à nossa vida cotidiana. Fundamentos da ética: os valores Para refletir: O(a) enfermeiro(a) possui valores agregados em sua vida desde sua infância. Com as experiências e conhecimentos adquiridos em sua formação acadêmica e posteriormente profissional, amplia, muda e concebe novos e importantes valores profissionais e éticos. E pensando nisso, vamos refletir: Você acredita que o conhecimento e a experiência profissional transformam e melhoram a capacidade do(a) enfermeiro(a) de compreender sua equipe e o próprio paciente? Quais são os valores éticos e morais envolvidos no cuidado prestado pela equipe de enfermagem? Fundamentos da ética: os valores Autonomia é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência, liberdade ou autossuficiência. O antônimo de autonomia é heteronomia, palavra que indica dependência, submissão. Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre-arbítrio, de acordo com a própria vontade (desde que não se prejudique outra pessoa), é a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Os significados desses dois vocábulos: autonomia e liberdade correspondem a uma determinada corrente filosófica, a da liberdade incondicional. Com respeito às suas diferenças, pode-se sustentar que a liberdade é a capacidade do sujeito de agir com autonomia. Dessemodo, por exemplo, a autonomia profissional pode ser vista como um componente da liberdade do enfermeiro (PRZENYCZKA et al., 2012, p. 428). Fundamentos da ética: autonomia e liberdade O ser humano é um ser de decisões, colocando-se diante de diversas alternativas para escolhas em relação às suas ações, tomando decisões com base na orientação que buscou. Assim, vai construindo e realizando, o que condiz com a liberdade. A liberdade é o poder incondicional da vontade para determinar a si mesma; sem constrangimentos internos ou externos, o agente é totalmente pleno em suas ações. Aqueles que conservarem mais conhecimento, certamente, estarão numa posição vantajosa para o exercício de sua autonomia. E quanto mais os(as) enfermeiros(as) são expostos aos conceitos e ideias de outras disciplinas, como a Antropologia, a Sociologia e a Filosofia, seguramente, maior será a assimilação satisfatória e razoavelmente rápida desses conceitos na prática da enfermagem (PRZENYCZKA et al., 2012, p. 430). Fundamentos da ética: autonomia e liberdade A verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo o que é sincero, que é verdadeiro, é a ausência da mentira, é a afirmação do que é correto, do que é seguramente o certo e está dentro da realidade documentada e vivida. O valor da verdade é que, a partir de nossas interpretações sobre os fatos, a forma como pensamos se incorpora em nossas estruturas sociais e individuais, transformando vidas. A verdade tem valor significativo no dia a dia, nas políticas de saúde, de educação, economia, religiosidade, entre tantos outros seguimentos. Saber o que é verdadeiro na profissão dependerá de disciplina, de pensamentos, experiências e discussões com a classe profissional, além de conhecimento e aprimoramento contínuos. A percepção, a sensibilidade e a investigação contribuirão para a verdade. Fundamentos da ética: responsabilidade e verdade Ser responsável significa assumir a própria vida, jamais justificar seus erros, muito menos atribuindo a culpa às circunstâncias ou a qualquer outra pessoa, pois nada que não tenhamos permitido nos acontece, consciente ou inconscientemente. A responsabilidade é o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do comportamento de outras pessoas. Ser responsável é assumir não somente os próprios acertos, mas também os próprios erros, sem se envergonhar, mas tirando proveito disso. As verdades que advêm de múltiplas experiências têm grande valor e, com base nessa compreensão, o ser humano deve tornar-se responsável por aquilo que escolhe ao criar algo em torno de si (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007, p.37). Fundamentos da ética: responsabilidade e verdade O respeito significa consideração, deferência, apreço e reverência. O respeito é um dos valores mais importantes da convivência entre os seres humanos e tem grande importância na interação social. Pensando nas inter-relações da enfermagem, sabemos que o respeito deve ser reverenciado nas ações diárias, tanto nos relacionamentos multidisciplinares, como no atendimento prestado ao paciente e na atenção às normas, diretrizes e legislações da profissão. O respeito impede que uma pessoa tenha atitudes reprováveis em relação à outra. O(A) enfermeiro(a) deve falar sobre um tema com respeito (como diferentes religiões, crenças e condutas) e falar de forma ponderada e sensível. Respeitar envolve ouvir o que o outro tem a dizer, buscando interpretar o que ouvimos, ter compaixão, ser tolerante, honesto e atencioso; é entender a necessidade do autoconhecimento para poder respeitar a si próprio e, então, respeitar o outro. Fundamentos da ética: respeito e reciprocidade A reciprocidade, por sua vez, significa correspondência mútua, recíproca, e está intimamente relacionada ao respeito. Veja, se o(a) enfermeiro(a) agir com respeito, favorecerá a reciprocidade. É fácil entender. Quando demonstramos respeito por alguém, por uma situação vivenciada, pela instituição em que trabalhamos, ocorre a reciprocidade, ou seja, a credibilidade de que nossas ações são dignas de confiança e de respeito. Se o contrário ocorrer, agir com desrespeito resultará na reciprocidade, ou seja, trará àquele que age assim a imagem de ser um profissional com atitudes não confiáveis perante os olhos do próximo (paciente, equipe, comunidade) e, logo, indigno de respeito. Fundamentos da ética: respeito e reciprocidade Não é um valor ético e moral: a) Liberdade. b) Respeito. c) Verdade. d) Preconceito. e) Responsabilidade. Interatividade Não é um valor ético e moral: a) Liberdade. b) Respeito. c) Verdade. d) Preconceito. e) Responsabilidade. Resposta A palavra responsabilidade tem origem nas palavras latinas: repondere e responsus e significa responder ou ser responsável. Na linguagem jurídica, responsabilidade significa violação do direito, o que obriga ao dever da reparação, com admissão das consequências que o dano cause, conduzindo a uma ordem jurídica na sociedade. Como enfermeiros, precisamos conhecer e compreender esses conceitos para que a tomada de decisão tenha não somente o respaldo técnico-científico, mas também a inferência das normas, das diretrizes e das legislações vigentes. Estudaremos os tipos de responsabilidades para o exercício profissional do enfermeiro: a responsabilidade civil, a penal e a ética. No caso de o(a) enfermeiro(a) ou de qualquer membro da equipe de enfermagem ser responsável por algum dano, seja de ordem física ou psíquica, a alguém, decorrente das práticas de seu exercício profissional, poderá responder perante a responsabilidade civil, penal e ética, distintamente. Responsabilidades ética e legal A Lei Federal n. 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamenta o exercício da Enfermagem em todo o país e foi regulamentada pelo Decreto n. 94.406/1987, que estabelece as atividades de enfermagem e funções privativas do(a) enfermeiro(a): De acordo com a Lei 7.498/1986, são categorias profissionais de enfermagem: Enfermeiro; Enfermeiro Obstétrico e Obstetriz; Técnico de Enfermagem; Auxiliar de Enfermagem; Parteira. Legislação profissional de enfermagem Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: I. Privativamente: a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem; b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem;[...] h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem; i) consulta de Enfermagem; j) prescrição da assistência de enfermagem; l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; m) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas (BRASIL, 1986). Legislação profissional de enfermagem A responsabilidade civil parte do posicionamento de que todo aquele que violar um dever jurídico através de um ato lícito ou ilícito tem o dever de reparar o dano, pois todos temos um dever jurídico originário: o de não causar danos a outrem. Ao violar esse dever jurídico originário, passamos a ter um dever jurídico sucessivo, o de reparar o dano que foi causado (CAVALIERI FILHO, 2012, p. 2). Chama-se direito civil o ramo do direito que trata do conjunto de normas reguladoras dos direitos e obrigações de ordem privada concernente às pessoas, aos seus direitos, obrigações, bens e relações enquanto membros da sociedade. Na atuação em enfermagem, assim como na sociedade, quando é causado um dano evidente a um paciente, à outra pessoa da equipe de trabalho ou atémesmo à instituição, se esse dano não for reparável de forma natural, será necessária a substituição ou ressarcimento monetário – indenização. Responsabilidade civil O profissional de enfermagem pode ser chamado a responder na esfera penal se for responsável por danos, lesões físicas ou maus-tratos causados a outras pessoas direta ou indiretamente, mesmo que sem intenção. A responsabilidade penal significa a obrigação ou o direito de responder perante a lei por um fato cometido, fato este considerado pela lei vigente como um crime ou uma contravenção, ou seja, é um atributo jurídico. Assim, devemos nos atentar, no exercício profissional de enfermagem, sobre a coautoria, a falsidade ideológica e maus-tratos, por serem infrações que o enfermeiro não pode arriscar cometer em seu dia a dia. Responsabilidade penal Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Somente o ser humano é constituído como ser ético, por causa do uso da razão, capacidade, liberdade e consciência de seus próprios atos, envolvendo a si mesmo, o outro e a sociedade de acordo com a interiorização das convicções pessoais. Assim, cada indivíduo possui sua própria Ética (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007, p. 45). O conjunto de valores de uma profissão está expresso nos códigos de Ética. A enfermagem é uma profissão e, ao se infringir os postulados contidos no código de ética, como deveres, responsabilidades, proibições, o profissional de enfermagem poderá ser responsabilizado eticamente, por meio de um processo ético. Responsabilidade ética Para compreendermos a ética profissional é necessário compreendermos os conceitos de deontologia e diceologia, e de imperícia, imprudência e negligência. Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que significa ciência do dever e da obrigação. É uma teoria sobre as escolhas dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser feito. A deontologia pode ser definida como o conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres de uma determinada profissão. Diceologia significa o conjunto dos direitos de uma determinada classe social. Na enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) são responsáveis por nortear e elaborar as normas deontológicas e diceológicas da profissão, por meio do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Ética profissional – conceitos: deontologia e diceologia Imperícia é sinônimo de inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e básicos da profissão. É a falta de habilidade para praticar determinados atos que exigem certo conhecimento na área. Podemos considerar como imperícia a prática de enfermagem por uma pessoa sem formação específica na área e sem o devido registro no Conselho Regional de Enfermagem, o que além de imperícia é considerado exercício ilegal de profissão, conforme artigo 47 da Lei das Contravenções Penais. Também podemos considerar imperícia, a execução de atos por um profissional de enfermagem sem a devida especialidade naquela área, como, por exemplo, a realização de acupuntura sem a devida especialização na área. Ética profissional – conceito: imperícia O termo imprudência significa “sem prudência, ausência de cautela”, e compreende “comportamento, ação ou discurso da pessoa imprudente; particularidade ou característica de imprudente”. Sob o aspecto jurídico, imprudência significa “ação irresponsável; falta de observação daquilo que poderia evitar um mal” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2016a). Na enfermagem, o termo imprudência está relacionado à realização de algum ato pelo profissional com afoiteza, desleixo, descuido, sem considerar as regras, as normas científicas, técnicas, os protocolos e as normas éticas e legais. Já a negligência pode ser definida como inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as devidas cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2016b). O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, no artigo 62, proíbe a execução de atividades de enfermagem que não sejam da competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade. Ética profissional – conceitos: imprudência e negligência São capítulos do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem – Resolução Cofen 564/2017: Capítulo I: dos Direitos (artigo 1º ao artigo 23); Capítulo II: dos Deveres (artigo 24 ao artigo 60); Capítulo III: das Proibições (artigo 61 ao artigo 102); Capítulo IV: das Infrações e Penalidades (artigo 102 ao artigo 113); Capítulo V: da Aplicação das Penalidades (artigo114 ao artigo 119). Em cada capítulo os artigos abordam os direitos, as responsabilidades, os deveres, as proibições, as infrações, penalidades e a aplicação das penalidades, pois essas divisões facilitam ao profissional consultar suas dúvidas sobre o exercício profissional, de acordo com o tema tratado. Com base nas diretrizes do código é realizada a avaliação, pelo sistema Cofen/Coren quanto à conduta do profissional de enfermagem quando em processo ético, pela análise da infração ética e disciplinar em enfermagem. Código de ética dos profissionais de enfermagem É aconselhável que o enfermeiro tenha um planejamento das atividades desenvolvidas na unidade em que trabalha, quer seja um hospital, uma unidade básica de saúde ou até mesmo uma empresa. Nesse planejamento, estão engajados: a construção de normas técnicas e protocolos assistenciais e administrativos, atualizados de acordo com as diretrizes vigentes, e a documentação da assistência prestada; o treinamento e a capacitação técnica da equipe perante as normas descritas, com anuência do funcionário por meio dos registros dessas práticas educativas; a avaliação do profissional capacitado durante as atividades profissionais, da mesma forma, documentada. Embora seja esperado que essas ações sejam inerentes no trabalho do enfermeiro, vale a pena ressaltar que essas três ações distintas permitirão que o enfermeiro trabalhe com segurança legal, quando pensamos na defesa de algum eventual processo. Responsabilidade penal Associação Brasileira de Enfermagem (Aben) é a primeira associação da categoria, foi criada em 12 de agosto de 1926, no Rio de Janeiro, e permanece operante até os dias atuais em todo o território nacional, e em cada estado pelas suas seccionais. Tem como princípios a defesa e a consolidação da enfermagem como prática social essencial na assistência à saúde e na organização e funcionamento dos serviços de saúde. A associação possui capacidade jurídica própria, de direito privado, congrega profissionais da enfermagem, estudantes da área, instituições de ensino de enfermagem e associações ou sociedades de especialistas que a ela se associam. É regida por estatuto nacional e estatutos estaduais. Entidades de classe e a enfermagem Principais associações e sociedades de especialistas de enfermagem: A partir da Aben, inúmeras outras associações e sociedades de especialistas surgiram em todo Brasil, fortalecendo a profissão. Uma associação/sociedade de especialistas visa ao reconhecimento profissional e ao aprimoramento do exercício da profissão através da interação científica e política entre seus membros. Cada associação pode fornecer, de acordo com seu estatuto, a assessoria em estudos, debates, seminários, congressos, além de benefícios como convênios de serviços. É importante conhecer as associações e que o(a) enfermeiro(a) se associe a uma dessas entidades de classe, mantendo-se atualizado e compartilhando experiênciase aprendizados, almejando melhorias na área escolhida. Entidades de classe e a enfermagem O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e os respectivos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren) foram criados em 1973, por meio da Lei n. 5.905 (BRASIL, 1973). Tendo como missão regular, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional por meio das diversas atividades que as categorias profissionais de enfermagem exercem, são autarquias federais, órgãos de direito público e disciplinadores do exercício da profissão de enfermeiro e das demais profissões compreendidas nos serviços de Enfermagem (BRASIL, 1973). Além da legislação específica da área de enfermagem, os Conselhos obedecem à legislação da área da saúde e a correlatas (Coren-SP, 2016). Entidades de classe e a enfermagem O Cofen é responsável por normatizar, regulamentar e disciplinar o exercício da profissão de enfermeiros, obstetrizes, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras, zelando pela qualidade dos serviços prestados e pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. Os conselhos regionais de enfermagem têm a função de fiscalizar e normatizar o exercício da Enfermagem em âmbito regional (estadual), garantindo que a profissão seja exercida com primazia técnica, científica, humana e ética. O Coren tem também o papel de orientar, notificar para que haja melhorias e capacitar os profissionais de enfermagem, em caso de dificuldades recorrentes. Há um conselho regional em cada estado, com sede na respectiva capital e no Distrito Federal. Na ocasião do término da graduação, o(a) enfermeiro(a) deverá apresentar seu diploma e histórico escolar, entre outros documentos pessoais, ao Coren de referência de seu estado para obter a carteira de identidade profissional, a qual o habilita a exercer a profissão no estado de obtenção da carteira. Entidades de classe e a enfermagem Entre as principais atividades de todos os Coren, encontram-se (BRASIL, 1973): deliberar sobre inscrição no conselho, bem como sobre o seu cancelamento; disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do Cofen; executar as resoluções do Cofen; expedir a carteira de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão, e válida em todo o território nacional; fiscalizar o exercício profissional e decidir os assuntos atinentes à ética profissional, impondo as penalidades cabíveis. Entidades de classe e a enfermagem Há várias entidades que representam os profissionais de enfermagem, com a missão de integrar a categoria e alcançar objetivos importantes, seja com o poder público e com a sociedade, dentre elas, podemos citar: os sindicatos, os conselhos de enfermagem (federal e regionais), as associações e sociedades de especialistas. Os sindicatos são órgãos responsáveis pela defesa dos direitos do trabalhador. No Brasil, surgiram com a industrialização e receberam tratamento especial da Constituição de 1988, que lhes concedeu autonomia. No Brasil, dependendo do estado, há sindicatos específicos para os profissionais de enfermagem. As funções primordiais do sindicato são trabalhar para fornecer orientação jurídica ao profissional e lutar por melhores condições de trabalho. Denomina-se Federação dos Enfermeiros a reunião dos sindicatos de enfermeiros. Entidades de classe e a enfermagem A palavra imprudência tem o mesmo significado de: a) Cautela e cumprimento das regras. b) Responsabilidade e prudência. c) Desatenção e descuido. d) Atenção e cuidado. e) Precaução e responsabilidade. Interatividade A palavra imprudência tem o mesmo significado de: a) Cautela e cumprimento das regras. b) Responsabilidade e prudência. c) Desatenção e descuido. d) Atenção e cuidado. e) Precaução e responsabilidade. Resposta Para se realizar uma pesquisa científica envolvendo seres humanos, existem atualmente órgãos governamentais e não governamentais que protegem e asseguram o reconhecimento e a afirmação da dignidade, da liberdade e da autonomia quando se trata de pesquisa envolvendo seres humanos. A discussão sobre os cuidados necessários para a proteção da integridade do indivíduo participante de pesquisas envolvendo seres humanos tomou âmbito internacional após o conhecimento das barbáries cometidas nas experiências realizadas no período nazista, durante a Segunda Grande Guerra. Na ocasião, foi estabelecido um tribunal internacional que tinha como finalidade julgar os crimes cometidos nessas experiências. E daí foi assinado um acordo em Londres, em agosto de 1945, entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a União Soviética e a França, estabelecendo um código de conduta que ficou conhecido como Código de Nuremberg, obtido com o julgamento de oficiais e médicos nazistas que desvirtuaram a Ética durante as atrocidades que haviam realizado. Ética e pesquisa em saúde Nesses julgamentos, os chefes da Alemanha de Hitler foram acusados formalmente de crimes contra o direito internacional, como a opressão e a matança de populações inocentes. Quase todos foram acusados, além do assassínio, de escravização, pilhagem e extermínio de etnias religiosas, entre elas os judeus, principais vítimas do holocausto. A história dos julgamentos de Nuremberg, o mais importante processo criminal já realizado, criou o princípio da responsabilidade individual de acordo com as normas do direito internacional e que encerrou a Segunda Guerra Mundial, dando início à reconstrução da Europa, iniciada em 8 de março de 1945. O Tribunal de Nuremberg significa um marco no direito internacional contemporâneo, que pela primeira vez colocou em discussão os limites aos quais o homem poderia ir em suas experiências científicas com vidas humanas (ROLAND, 2013). O Código de Nuremberg é constituído por dez tópicos, e o primeiro código a estabelecer os requisitos éticos para as pesquisas envolvendo seres humanos. Ética e pesquisa em saúde Posteriormente, foram elaborados outros documentos voltados tanto para a defesa dos direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (de 1948), como para os aspectos éticos das pesquisas clínicas, como no caso da Declaração de Helsinque. A Declaração de Helsinque foi adotada em 1964 por decisão de uma assembleia médica mundial, na Finlândia (Helsinque), que tinha como objetivo fornecer orientações aos médicos envolvidos em pesquisa clínica, inclusive quanto à responsabilidade dos pesquisadores com relação à proteção dos sujeitos da pesquisa. O avanço da ciência médica e a promoção da saúde pública, portanto, ficam claramente subordinados ao bem-estar dos sujeitos da pesquisa individual, conforme estabelecido pela declaração, que passou a ser adotada como referência ética no mundo. A Declaração de Helsinque já passou por sete revisões: em 1975, 1983, 1989, 1996, 2000, 2008, e a mais recente, em 2013, na 64ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial, realizada em Fortaleza, capital do estado do Ceará, no Brasil. Ética e pesquisa em saúde Outros importantes acontecimentos que favoreceram a evolução dos preceitos éticos na pesquisa envolvendo seres humanos são: 1966: Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; 1966: Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos; 1978: Relatório Belmont; 1997: Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos; 2003: Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos; 2004: Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. No Brasil, em 1996, o Ministério da Saúde, por meio do Conselho Nacional de Saúde, aprovou a Resolução CNS 196/96, que regulamentava a pesquisa em seres humanos no Brasil, e foi referendada em vários documentos nacionais e internacionais, inclusive a Declaração de Helsinque, devido à sua importância. Ética e pesquisaem saúde Em 2012, o Conselho Nacional de Saúde determinou a reformulação e atualização da Resolução CNS 196/1996, por meio da Resolução CNS n. 466/2012, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Essa resolução usa referenciais da bioética, tais como: a dignidade, a autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, o sigilo, o consentimento, entre outros, e objetiva assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado. A função prioritária da ética em pesquisa é proteger o participante, um indivíduo que se submete voluntariamente a um risco, vivenciando, com frequência, condições de vulnerabilidade ou por razões sociais – pobreza, subnutrição, falta de poder – ou por ser portador de doenças que podem ou não ser o motivo de seu recrutamento para o estudo. A probidade científica exigida pela ética profissional se subordina à transparência e à sustentabilidade da relação pesquisador- participante propiciada pela bioética (KOTTOW, 2008, p. 8). Ética e pesquisa em saúde O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) possui artigos destinados aos direitos dos profissionais de enfermagem no ensino, à pesquisa e à produção técnico-científica: Capítulo I – Dos Direitos: [...] Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabilidade profissional. Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente. Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesquisa, extensão e produção técnico-científica. Ética e pesquisa em saúde O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) possui artigos destinados aos deveres dos profissionais de enfermagem no ensino, à pesquisa e à produção técnico-científica: Capítulo II – Dos Deveres: [...] Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas. Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos. Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no processo de pesquisa, em todas as etapas. Ética e pesquisa em saúde O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) possui artigos destinados às proibições aos profissionais de enfermagem no ensino, na pesquisa e à produção técnico-científica: Capítulo III – Das Proibições: [...] Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previsíveis aos envolvidos. Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e coletividade. Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente estabelecidos. Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autorização prévia. Ética e pesquisa em saúde E dando continuidade às proibições no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), como mencionado anteriormente, no capítulo III – Das Proibições: [...] Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. Art. 100 Utilizar dados, informações ou opiniões ainda não publicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância ou concessão dos demais partícipes. Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome como autor ou coautor em obra técnico- científica (COFEN, 2017). Ética e pesquisa em saúde Portanto, o enfermeiro deve realizar e participar de atividades de ensino e pesquisa, pois é fundamental que transmita ao meio acadêmico suas experiências e, da mesma forma, possa se enriquecer com as informações e descobertas de outros, desde que respeitadas as normas ético-legais. Antes de aplicar a pesquisa, todos os procedimentos, possíveis desconfortos, riscos, benefícios e precauções devem ser explicados ao participante da pesquisa e, somente após o seu consentimento, é entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e todos os dados de contato do pesquisador responsável e da instituição à qual a pesquisa está vinculada devem estar disponíveis no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em todas as pesquisas de campo realizadas por enfermeiros e graduandos de enfermagem sob responsabilidade dos docentes enfermeiros envolvendo a participação de seres humanos devem ser elaborados os projetos de pesquisa contendo o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação na pesquisa, e antes do início da pesquisa esta deve ser aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Ética e pesquisa em saúde As pesquisas envolvendo seres humanos, antes de aplicadas, devem ser aprovadas por quem? a) Comissão de Ética em Pesquisa. b) Comissão de Bioética e Pesquisa. c) Comitê de Análise Ética. d) Conselho de Ética e Pesquisa. e) Comitê de Ética em Pesquisa. Interatividade As pesquisas envolvendo seres humanos, antes de aplicadas, devem ser aprovadas por quem? a) Comissão de Ética em Pesquisa. b) Comissão de Bioética e Pesquisa. c) Comitê de Análise Ética. d) Conselho de Ética e Pesquisa. e) Comitê de Ética em Pesquisa. Resposta Todo paciente tem direito a ser reconhecido e respeitado como cidadão, o que implica participar das decisões relacionadas ao seu cuidado e tratamento. No Brasil, embora existam vários textos legais abordando o assunto, incluindo leis, resoluções e declarações de princípios, ainda não existe uma lei federal para tratar especificamente desse tema. Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, considerando a necessidade do paciente de receber um atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo, e garantindo o direito às informações sobre seu estado de saúde de maneira clara, objetiva, respeitosa, adaptada às suas condições culturais e respeitando os limites éticos para atendimento aos usuários da saúde (BRASIL, 2006). Direitos do paciente Existem, em alguns estados brasileiros, legislações próprias que têm sido usadas para auxiliar o processo de qualidade da assistência ao paciente e da sua segurança. Por exemplo, no estado de São Paulo, há a Lei Estadual n. 10.241/1999, que dispõe sobre os direitos dos usuários dos serviços e das ações de saúde no Estado, e que assegura que o paciente tenha um atendimento digno, atencioso e respeitoso, sendo identificado e tratado pelo nome ou sobrenome, e não por números, códigos ou de modo genérico, desrespeitoso ou preconceituoso. A mesma lei garante, além disso, ao paciente, o direito de receber informações claras, objetivas e compreensíveis sobre hipóteses diagnósticas, diagnósticos realizados, exames solicitados, ações terapêuticas, riscos, benefícios e inconvenientes das medidas propostas e duração prevista do tratamento. Direitos do paciente Essa legislação garante a autonomia do paciente, pois assegura que ele possa consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e esclarecida, com adequada informação, procedimentos diagnósticos ou terapêuticos. A assistência prestada necessita ser humanizada, respeitosa, justa, favorecendo a comunicação e a interação entre a equipe de enfermagem e os pacientes, de modo que o respeito aos seus direitos como cidadãos seja assegurado (CHAVES; COSTA; LUNARDI, 2005, p. 89). O(A) enfermeiro(a)deve defender e fazer valer o direito do paciente de receber um atendimento atencioso e respeitoso, garantir o sigilo profissional, fornecer as informações e orientações sobre seu tratamento e prognóstico de forma clara, sanando suas dúvidas. A dignidade humana dever ser respeitada em todos os sentidos, inclusive no que diz respeito às reclamações sobre aquilo de que ele venha a discordar, sem que a qualidade de seu tratamento seja alterada. Direitos do paciente Cabe também ao enfermeiro ajudar o paciente a conhecer seus direitos, além de zelar por eles, para que tenha a autonomia preservada e possa exigir essas condições durante seu atendimento, em qualquer área de atenção à saúde: primária, secundária e terciária. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem assegura como um dever do profissional de enfermagem frente aos direitos do paciente: Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança do paciente. Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência de Enfermagem. Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e consequências decorrentes de exames e de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu representante legal. Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação de qualquer natureza. Código de ética de enfermagem e os direitos do paciente O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem também assegura como um dever do profissional de enfermagem frente aos direitos do paciente: Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais. Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que deseja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, suas vontades. Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte.[...] Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Código de ética de enfermagem e os direitos do paciente O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem também assegura como um dever do profissional de enfermagem frente aos direitos do paciente: Art. 47 Posicionar-se contra e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade. Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, morrer e luto. Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais, com risco iminente de morte, em consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. Código de ética de enfermagem e os direitos do paciente O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem também assegura como um dever do profissional de enfermagem frente aos direitos do paciente: Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimento prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou decisão judicial. Parágrafo único: Ficam resguardados os casos em que não haja capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do representante ou responsável legal.[...] Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal. Código de ética de enfermagem e os direitos do paciente O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem também prevê como uma proibição ao profissional de enfermagem frente aos direitos do paciente: Capítulo III - das Proibições: [...] Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para praticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. [...] Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais no exercício profissional. Código de ética de enfermagem e os direitos do paciente Caso o profissional de enfermagem descumpra um ou mais pressupostos éticos, poderá incorrer em infração ética-disciplinar e responder ao processo ético-disciplinar, podendo ser absolvido ou responsabilizado. Quanto às infrações éticas e disciplinares, está descrito no código: Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omissão ou conivência que implique em desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infração ética e/ou disciplinar que cometer ou contribuir para sua prática e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício. Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), e do(s) resultado(s). Infrações éticas em enfermagem As penalidades éticas e disciplinares impostas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o artigo 108 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e o que determina o artigo 18, da Lei n. 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: I. Advertência verbal; II. Multa; III. Censura; IV. Suspensão do Exercício Profissional; V. Cassação do direito ao Exercício Profissional. Penalidades éticas em enfermagem Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se: I. A gravidade da infração; II. As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração; III. O dano causado e o resultado; IV. Os antecedentes do infrator. As infrações serão consideradas: leves, moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de cada caso. Penalidades éticas em enfermagem São consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da categoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou financeiros. São consideradas infrações moderadas as que provoquem debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros. São consideradas infrações graves as que provoquem perigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros. São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa. Tipos de infrações éticas em enfermagem São consideradas circunstâncias atenuantes: I. Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as consequências do seu ato; II. Ter bons antecedentes profissionais; III. Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ameaça; IV. Realizar atos sob emprego real de força física;V. Ter confessado espontaneamente a autoria da infração; VI. Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos fatos. Infrações éticas em enfermagem – circunstâncias atenuantes São consideradas circunstâncias agravantes: I. Ser reincidente; II. Causar danos irreparáveis; III. Cometer infração dolosamente; IV. Cometer a infração por motivo fútil ou torpe; V. Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outra infração; VI. Aproveitar-se da fragilidade da vítima; VII. Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional; VIII.Ter maus antecedentes profissionais; IX. Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstrução de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a condução do processo ético. Infrações éticas em enfermagem – circunstâncias atenuantes Após 2 (dois) anos do cumprimento da pena aplicada pelo Conselho de Enfermagem, sem que tenha sofrido qualquer outra penalidade ético-disciplinar, ou esteja respondendo a processo administrativo ou criminal, e mediante provas efetivas de bom comportamento, é permitido ao profissional requerer a reabilitação profissional. Quando a infração ético-disciplinar constituir crime, a reabilitação profissional dependerá da correspondente reabilitação criminal. A reabilitação, caso a cassação tenha ocorrido por fato imputado como crime, seguirá os mesmos trâmites da reabilitação penal, com a reparação na área cível ou demonstração de absoluta impossibilidade de fazê-lo, ou, ainda, declaração de renúncia da vítima, com demonstração por parte do denunciado de constante bom comportamento público e privado. Os efeitos da reabilitação consistem em retirar do prontuário do profissional qualquer apontamento referente à condenação e, no caso de cassação, a outorga de nova inscrição. Reabilitação profissional Não é uma penalidade ética em enfermagem: a) Censura. b) Advertência por escrito. c) Suspensão do exercício profissional. d) Multa. e) Cassação do direito ao exercício profissional. Interatividade Não é uma penalidade ética em enfermagem: a) Censura. b) Advertência por escrito. c) Suspensão do exercício profissional. d) Multa. e) Cassação do direito ao exercício profissional. Resposta BOFF, L. Ética e moral: a busca dos fundamentos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. CABANAS, J. M. Q. Textos clássicos de pedagogia social. Valencia: Nau Llibres, 1999. CAVALIERI FILHO, S. Programa de Responsabilidade Civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CHAVES, P. L.; COSTA, V. T.; LUNARDI, V. L. A enfermagem frente aos direitos de pacientes hospitalizados. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 38-43, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104- 07072005000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 ago. 2016. KOTTOW, M. História da ética em pesquisa com seres humanos. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde – Reciis, Rio de Janeiro, v. 2, p. 7-18, 2008. Disponível em: <www. reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/ article/download/863/1505>. Acesso em: 9 ago. 2016. Referências OGUISSO, T. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético-legal. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. OGUISSO, T.; SCHIMIDT, M. J. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético-legal. São aulo: LTR, 2007. ROLAND, P. Os julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade. São Paulo: M Books, 201 Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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