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1 Beatriz Baldanza Revisão Saúde Mental P1 – Ronaldo Cascelli OBS: os slides estão em negrito, e as falas do professor sem negrito!!! História e reforma psiquiátrica: →Diferentemente de outras áreas da medicina, onde diversos sistemas/aparelhos (p.ex. locomotor, respiratório, cardiovascular, etc) estão relativamente esmiuçados em sua anatomia e fisiologia (por exemplo, a anatomia é uma ciência morta, ela já descreveu o corpo todo, não precisa se descobrir nada, os congressos de anatomia só troca o nome das peças, mudar nome de musculo, ou que descobriu um filete do vasto lateral que é geneticamente diferente e merece receber outro nome, pra isso que serve. Já a fisiologia, sempre se descobre algo novo) o aparelho Mental permanece uma “caixa preta”, não explicável nem mesmo pelos mais sofisticados exames laboratoriais que vasculham o cérebro humano, não existe uma ciência completa para fazer diagnostico, por isso esse diagnostico depende do sistema de classificação. →O cérebro humano é um órgão altamente complexo, mas, mais obscuro ainda, é o salto de funções cerebrais para funções mentais. O cérebro não é explicável por nenhum exame laboratorial que vasculha ele. O diagnostico de psiquiatria depende da avaliação clínica e não de exames complementares, estes que servem para excluir os diagnósticos diferenciais. →Não há sintomas patognomônicos em psiquiatria, por exemplo falar que delírio só acontece em esquizofrenia está errado. Há transtorno delirante persistente na esquizofrenia. Tem transtorno afetivo bipolar com sintomas psicóticos que não é esquizofrenia. →Sabe-se que o Cérebro em seu desenvolvimento (SNC, aparelho neuropsíquico da pessoa) mantém uma estreita relação de duas vias com o meio e acredita-se que está também seja uma das formas do desenvolvimento da mente de um indivíduo. A mente do individuo vai se desenvolver dependendo dessa tríade: fatores biológicos (genéticos, endócrino metabólicos – hormonais, durante o crescimento da pessoa), experiencias emocionais (eventos estressores da vida, situações em que a pessoa passou, uma criança que sofreu um trauma) e os valores sociais (diferentes culturas, tipo de acolhimento que a pessoa vai ter na sociedade). Assim sendo, obviamente o desenvolvimento dos transtornos também é multifatorial. No século 19, quando foi descrito cientificamente, a depressão recebia o nome de neuroastenia, foi quando a depressão foi identificada como uma entidade nosológica. As pessoas apresentavam o estado de desanimo, isolamento social, apatia, baixo interesse por atividades que antes tinha interesse, prejuízo social, funcional. Nisso, começaram a estudar o motivo das pessoas ficarem assim, no auge da epidemiologia, e os fatores identificados como desencadeadores da neuroastenia foram: surgimento do jornal impresso, da máquina a vapor e a mulher trabalhar fora de casa. Isso tem tudo a ver, são experiencias emocionais, valores sociais (estresse subjetivo ou objetivo por causa da mulher trabalhando fora), com a pré disposição biológica. ➔ Patriarcas da psiquiatria: Ewald Hecker (1871) Hebefrenia e ciclotimia VS Psicose unitária: Biológico Valores Sociais Experiências Emocionais 2 Beatriz Baldanza Existência de apenas uma única doença mental com várias manifestações, evoluindo de forma progressiva por estágios em cada indivíduo – reutilizada mais recentemente por Timothy Crow e sua teoria de espectro continuum de psicoses. -Existia antes que todos os transtornos mentais era uma psicose unitária, então a pessoa com depressão era uma forma de psicose com apatia e hipobulia; esquizofrenia era uma psicose com demência precoce; os jovens com comportamento [não entendi o que o professor falou – 10:07] eram chamados de jovens hebóides. ➔ Emil Kraepelin (1899): -Foi o primeiro a diferenciar os comportamentos psicóticos do grupo da demência precoce (esquizofrenia, hebefrenia, e parafrenia tardia) dos transtornos de humor (chamados de Psicose maníaco-depressiva). -Demência precoce (doença neurodegenerativa) = hebefrenia -Parafrenia: afeto mais preservado, melhor prognóstico. -Psicose maníaco-depressiva: TAB →Na psiquiatria, o repudio ao autoritarismo associado às péssimas condições de alguns hospitais psiquiátricos (ex: Barbacena), motivou dois movimentos, nos anos 60 e 70, que começaram na Europa (principalmente na Itália, Basaglia e a lei 180) e se estendeu aos Estados Unidos (e depois, inspirou o Brasil). Tem que saber isso, a reforma começou como manifestação sociológica e ideológica - não científica, por causa da função dos hospitais psiquiátricos, asilos psiquiátricos ou dos hospícios, que tinha uma função politica de asilar no manicômio [Fala algo, mas a aula travou e não compreendi a fala]. →No Brasil, algumas décadas depois, ...... o mesmo processo se inicia e segue até hoje: -Ao logo dos anos 60 a 80: reforma sanitarista → SUS; influenciando os paradigmas de assistência em diversas especialidades médicas redirecionando os cuidados dos hospitais para junto às comunidades. →Na psiquiatria, em 1989, surge o “projeto de lei Paulo Delgado”(PL.PD) – (a lei da reforma psiquiátrica, que depois foi formalizada com FHC) que propunha (basicamente): -“regulamentação da internação psiquiátrica compulsória”; -“a extinção progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais”, onde ficaria “proibida, em todo o território nacional, a construção de novos hospitais psiquiátricos públicos e a contratação ou financiamento, pelo setor governamental, de novos leitos em hospital psiquiátrico" Qual a consequência direta disso? Não havendo hospital psiquiátrico, as pessoas tinham que ser captadas por alguma instituição, que foi o CAPS - o projeto da reforma psiquiátrica. Não criaram CAPS suficientes e nos Estados Unidos (anos 80) foi visto que houve 3 Beatriz Baldanza aumento desproporcional de pacientes portadores de transtornos mentais nas cadeias e prisões. Então, o paciente ficou desassistido, não houve CAPS ou outras instituições de acolhimento suficientes já que ocorreu a dessocialização desses pacientes psiquiátricos e acabou que foram para as ruas e cadeias. E mesmo assim, o Brasil fez a reforma psiquiátrica nos mesmos moldes nos anos 90 e 2000. A reforma tinha que ser feita, só que precisava ser feito direito, fornecendo um serviço de atendimento eficaz para a população. Funções psíquicas: Lista das funções psíquicas já vista em aula: • Apresentação • Consciência • Orientação • Atenção • Memória • Inteligência • Sensopercepção • Pensamento + Juízo de Realidade • Linguagem • Consciência do Eu • Afetividade • Humor • Psicomotricidade • Vontade • Pragmatismo • Autopercepção (Insight) →Consciência: 4 Beatriz Baldanza • Alterações quantitativas (rebaixamento do nível de consciência) • Alterações qualitativas (relacionado a campo de consciência) -Podem acontecer juntos ou separados Ex.: Estreitamento, rebaixamento, turvação. →Orientação: é autoexplicativo • Autopsíquica • Alopsíquica Ex.: Somatopsíquica, temporal e espacial. DESCREVER: “O paciente sabe dizer onde se encontra, sua identificação, o motivo da consulta...” →Atenção: • Normovigil (euprosexia): Paciente que está com a atenção preservada para tudo, sem alteração patológica na atenção. • Hiper ou hipo-vigil • Hiper ou hipo-tenaz EX.: “Paciente atento ao diálogo, sem se distrair com os ambientes adjacentes.” NÃO CONFUNDIR DISTRAIBILIDADE COM HIPOMNÉSIA →Memória: • Anterógrada • Retrógrada • Retro-anterógrada • Lacunas amnésicas • Etc… NÃO CONFUNDIR COM A ATENÇÃO (estava distraído, e não esquecido). Quando o professor esqueceu o nome da depressão, foi um problema de evocação da memória. →Inteligência: • Avaliar a autonomia do paciente! • Aplicar testes• Como que diferencia um paciente com Oligofrenia? (deficiência intelectual), ou transtorno neurocognitivo (que envolve Alzheimer, Parkinson, Pick, Lewy...)? • Reposta = Avaliar a MEMÓRIA e a CONSCIÊNCIA. O paciente com deficiência intelectual tem um transtorno de neurodesenvolvimento; e o transtorno neurocognitivo se desenvolve depois, geralmente afetando a memória e consciência junto, surgindo com tempo ou devido a traumas. 5 Beatriz Baldanza • Quadro organocerebral agudo = ? Pode ter por ex um delirium • Quadro organocerebral crônico = ? Pode ter por ex uma encefalopatia hepática →Sensopercepção: Toda alucinação é alteração da sensopercepção Alterações patológicas da sensopercepção podem ser: • Alucinações verdadeiras (TODAS as características de uma percepção real, lúcida) • Pseudo-alucinações (representações vagas, ecos do pensamento, falando em terceira pessoa) • Alucinose (“Vovó está vendo bichos na parede branca”) Pode ser Degeneração ocular • Ilusões: alteração da sensopercepção que são interpretações diferentes se estímulos visuais, auditivos ou táteis. Exemplo da foto de bruxa que quando vira de cabeça para baixo vira uma princesa, é uma ilusão de ótica, não existe uma alteração patológica. →Pensamento/Juízo de realidade: -Não confunda alteração do pensamento com alteração da sensopercepção. Delírio é alteração do pensamento e alucinação é da sensopercepção. • Forma: é arquitetura, concatenação de ideias. Discurso sem coerência. • Fluxo: linear ou não • Conteúdo EX.: Delirium (síndrome psico orgânica com alteração do pensamento, da consciência, da memória, sendo um quadro organocerebral agudo); delírio. -Delírio é alteração patológica de qual tributo do pensamento? Conteúdo. →Afetividade: Capacidade de lidar com frustrações, adversidades, e como se expressa: • Incontinência emocional • Sensibilidade • Etc... -Hipermodulado: pessoa que se expressa de forma expansiva, pessoa exagerada, dramática -Normomodulado: pessoa normal -Hipomodulado: pessoa que expressa poucas reações aos estímulos emocionais do ambiente. Exemplo: paciente com esquizofrenia pode ter o afeto embotado, aquele que não manifesta reações afetivas, afeto plano. →Humor: • Normotímico • Hipertímico 6 Beatriz Baldanza • Hipotímico • Distímico Autores colocam: Afeto? Humor? Emoção? Sentimento? Que mistureba de emoção psíquica é essa? É simples, gravem esse slide: →HUMOR/AFETIVIDADE: -EMOÇÃO: reações afetivas agudas, momentâneas -HUMOR: é o estado emocional basal e difuso, ou emoção predominante por maior tempo -SENTIMENTO: estados afetivos associados a conteúdos intelectuais; associação entre emoção, humor e ideia, exemplo saudade, amor, tendo um significado, uma ideia. -AFETOS: é a qualidade e o tônus emocional (hipermodulado, normomodulado, hipomodulado) -PAIXÕES: estado afetivo intenso, condição tiranizante, que polariza o individuo em detrimento da razão. Ex: paixão do amor, ira. Psiquiatria Forense: →DEFINIÇÕES – MÉDICA / FARMACOLÓGICA: • Fármaco (pharmacon = remédio): estrutura química conhecida; propriedade de modificar uma função fisiológica já existente. Ex: AAS • Medicamento (medicamentum = remédio): fármaco com propriedades benéficas, comprovadas cientificamente. Ex: AAS fármaco sendo usado para tratamento • Droga (drug = remédio, medicamento, droga): substância que modifica a função fisiológica com ou sem intenção benéfica. Usados em vias que não sejam de tratamento. Ex: Rivotril, clonazepam (droga que usada com intenção benéfica é um medicamento, mas com outro fim é uma droga). O alprazolam nos EUA, é usado como uso recreativo, tomam doses altas para ficar zen, ou seja, eles usam um fármaco que tem função de medicamento, mas transformando o objetivo dele como droga. • Remédio (re = novamente; medior = curar): substância animal, vegetal, mineral ou sintética; procedimento (ginástica, massagem, acupuntura, banhos); fé ou crença; influência: usados com intenção benéfica. São terapias farmacológicas utilizados para tratamento curativo. Ex: tomar banho nas águas termais dos Andes para curar reumatismo, é um remédio, usando aquilo como procedimento com a finalidade de curar uma doença, sendo um tipo de influência ou crença. →TIPOS DE DROGA: • Primeiro grupo: São as drogas sedativas ou inibidoras. Reúne aquelas drogas capazes de, primordialmente, diminuir ou deprimir a atividade do cérebro. Por isso, essas drogas são chamadas de DEPRESSORAS DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL. O protótipo desse tipo é o álcool, mas há também os soníferos ou hipnóticos, que são os remédios para fazer dormir; os barbitúricos (fenobarbital, fenitoína), usados como remédios contra a convulsão na epilepsia; o grupo dos ansiolíticos como os benzodiazepínicos (diazepam, bromazepam, lorazepam, etc.), chamados também de “calmantes”; os opiáceos ou narcóticos, que aliviam a dor (produzem anestesia) e dão sonolência, como a morfina e seus derivados (heroína, codeína, etc.); os inalantes ou solventes como a cola de sapateiro, tintas e removedores. • Segundo grupo: drogas psicotrópicas; reúne aquelas que atuam “aumentando a atividade cerebral”, deixando-nos mais alerta, mais ativo. Por isso, essas drogas recebem a denominação de ESTIMULANTES DA 7 Beatriz Baldanza ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL. São exemplos: a cocaína, as anfetaminas e derivados, incluindo alguns anorexígenos recentemente proibidos e antes usados em fórmulas para emagrecimento e o tabaco. • Terceiro grupo: constituído por drogas que agem modificando a qualidade do funcionamento cerebral. Por essa razão, este terceiro grupo de drogas recebe o nome de PERTURBADORES OU DISRUPTORES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL. Representam esse grupo, drogas chamadas alucinógenas (capazes de induzirem alucinações) como a mescalina (do cacto mexicano); maconha (THC) (tetrahidrocanabinol causa mudanças patológicas na arquitetura do pensamento, até permanente); psilocibina (cogumelos); lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca), o LSD, o ecstasy e os anticolinérgicos.
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