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AÇÃO POPULAR 
· Enunciado
Para incentivar a prática de diversos esportes olímpicos, a Secretaria de Esportes de determinado estado da Federação publicou edital de licitação (parceria público-privada na modalidade concessão patrocinada), que tinha por objeto a construção, gestão e operação de uma arena poliesportiva.
No estudo técnico, anexo ao edital, consta que as receitas da concessionária advirão dos valores pagos pelas equipes esportivas para a utilização do espaço, complementadas pela contrapartida do parceiro público. O aporte de dinheiro público corresponde a 80% do total da remuneração do parceiro privado.
Na época da publicação do instrumento convocatório, dois deputados estaduais criticaram o excessivo aporte de recursos públicos, bem como a ausência de participação da Assembleia Legislativa nesse importante projeto.
Diversas empresas participaram do certame, sagrando-se vencedor o consórcio Todos Juntos, que apresentou proposta de exatos R$ 30 milhões. O prazo de duração do futuro contrato, conforme estabelecido em edital, é de cinquenta anos.
Dias antes da celebração do contrato, após o certame ter sido homologado e adjudicado, foi constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que seria responsável por implantar e gerir o objeto da parceria. O representante da SPE, não satisfeito com a minuta contratual que lhe fora apresentada, resolveu procurar o Secretário de Esportes para propor que toda a contraprestação do parceiro público fosse antecipada para o dia da celebração do contrato, o que foi aceito pela autoridade estadual, após demorada reunião.
Diversos veículos de comunicação divulgaram que o acolhimento do pleito da SPE ocorreu em troca de apoio financeiro para a campanha do Secretário de Esportes ao cargo de Governador.
A autoridade policial obteve, por meio lícito, áudio da conversa travada entre o Secretário e o representante da SPE, que confirma a versão divulgada na imprensa. Dias depois, a mulher do Secretário de Esportes procura a polícia e apresenta material (vários documentos) que demonstram que a licitação foi “dirigida” e que o preço está bem acima do custo.
Arlindo, cidadão brasileiro residente na capital do referido estado, com os direitos políticos em dia, procura você para, na qualidade de advogado(a), redigir a peça adequada para anular a licitação.
Há certa urgência na obtenção do provimento jurisdicional, tendo em vista a iminente celebração do contrato.
Considere que, de acordo com a lei de organização judiciária local, o foro competente é a Vara da Fazenda Pública.
A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão, inclusive quanto à legitimidade do demandante.
Também deverá constar na peça citações doutrinárias e lastro jurisprudencial.
AO JUÍZO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO ESTADO XXX.
ARLINDO, brasileiro, estado civil (...), profissão (...), CPF nº (...) e Título de Eleitor nº (...) - Zona (...), Seção (...), residente e com domicílio eleitoral na comarca de (...), vem a presença de Vossa Excelência, com fundamento no inciso LXXIII, do artigo 5º da CF/88 e na específica Lei nº 4.717/65, propor a presente
AÇÃO POPULAR
em face do ESTADO (...), pessoa jurídica de Direito Público interno, representado pelo secretário de esportes que poderá ser citado no endereço (...); (...) , brasileiro, casado, secretário de esportes do estado (...), carteira de identidade n.° (...) , CPF: (...) , residente e domiciliado no endereço (...) e contra a Sociedade de Propósito Específico (SPE), pessoa jurídica de direito privado, portadora do CNPJ(...):, sediada no endereço (...), pelos fundamentos seguintes:
I – DO CABIMENTO
I.a) Da legitimidade ativa
O autor, brasileiro, regular com a Justiça Eleitoral (conforme documentação em anexo), com amparo no Art. 1º, §3º da Lei nº 4.717/1965, tem direito ao ajuizamento de ação popular, que se substancia num instituto legal de Democracia. 
Art 1º- Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Municípios.
§ 1º- Considera-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
§ 3º- A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com o documento que a ele corresponda.
É direito próprio de o cidadão participar da vida política do Estado fiscalizando a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja conforme com os Princípios da Moralidade e da Legalidade.
I.b) Da legitimidade passiva
A Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular), em seu Art. 6º, estabelece um espectro abrangente de modo a empolgar no polo passivo o causador ou produtor do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram por ação ou omissão, vejamos: 
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
 § 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
A par disto, respondem passivamente os suplicados nesta sede processual na condição de pessoas públicas, autoridades e administradores.
II – FATOS
O autor, cidadão residente na capital do referido Estado, tomou conhecimento através dos veículos de comunicação de que houve o acolhimento do pleito da SPE (toda a contraprestação do parceiro público fosse antecipada para o dia da celebração do contrato) em troca de apoio financeiro para a campanha do Secretário de Esportes ao cargo de Governador.
Além disso, a autoridade policial obteve, por meio lícito, áudio da conversa travada entre o Secretário e o representante da SPE, que confirma a versão divulgada na imprensa. Dias depois, a mulher do Secretário de Esportes procura a polícia e apresenta material (vários documentos) que demonstram que a licitação foi “dirigida” e que o preço está bem acima do custo.
III – DO MÉRITO
III. a) Do prazo de vigência da parceria público privada
	A parceria público privada é de suma importância na gestão de interesses públicos. Nesta linha, a jurisprudência dos Tribunais Superiores aponta a necessidade das parcerias publico privadas, conforme se destaca do relatório e voto do Excelentíssimo Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha:
A parceria público-privada representa uma forma moderna de administração e gestão dos interesses públicos ou gerais, viabilizando a realização, a cargo de particulares, de investimentos vultosos em obras e serviços estatais, sem o que ocorreria a redução de ritmo ou até mesmo a paralisação ou estagnação de empreendimentos estatais estratégicos, dada a reconhecida limitação orçamentária e financeira dos órgãos e entidades do poder público....à realidadeatual, que não comporta ilusões, onde os recursos públicos são escassos, e os empreendimentos como os aqui cogitados exigem investimentos crescentes, por isso que as parcerias estatais com os investidores privados adquirem a cada dia maior relevância e interesse, sem que isso importe em minimizar o controle sobre essas operações e as suas consequências. ...parceria público-privada inspirada na moderna técnica de gestão macroempresarial, sem o que os investimentos requeridos pelo empreendimento, por permanecerem na responsabilidade do Estado, sofreriam inevitáveis retardamentos e insuficiências, dadas as conhecidas e reconhecidas limitações orçamentárias dos órgãos e entidades do poder público.
(REsp 1186389/PR, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe 07/11/2016)	
Destarte sua importância, houve uma violação do prazo do contrato da parceria público privada, conforme demonstra a publicação do edital (documento em anexo), ao qual o prazo acordado era de duração de 50 (cinquenta) anos.
No entanto, conforme determinado pelo art. 5º, inciso I da Lei nº 11.079/04, o prazo de vigência do contrato de parceria público-privada não pode ser superior a 35 (trinta e cinco) anos.
III. b) Da contraprestação da Administração Pública
Na situação narrada (documento em anexo), dias antes da celebração do contrato, após o certame ter sido homologado e adjudicado, foi constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que seria responsável por implantar e gerir o objeto da parceria. Sobre a finalidade da SPE devemos considerar:
Embora seja assim, num primeiro momento, pode-se afirmar que se trata de sociedade constituída pelos parceiros, público e privado, unidos por força de certo processo de licitação ou em razão de sua dispensa ou inexegibilidade, com quem a Administração Pública ajustará o contrato de parceria público-privada. Vê-se que a contratação não será ajustada com parceiro privado escolhido, mas com essa sociedade. (GASPARINI, 2005. p. 390).
O representante da SPE, não satisfeito com a minuta contratual que lhe fora apresentada, resolveu procurar o Secretário de Esportes para propor que toda a contraprestação do parceiro público fosse antecipada para o dia da celebração do contrato, o que foi aceito pela autoridade estadual, após demorada reunião.
A contraprestação da Administração Pública deve obrigatoriamente ser precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada, não podendo ser antecipada para a data da celebração do contrato, nos termos do Art. 7º da Lei nº 11.079/04;
III. c) Do aporte de dinheiro público
No caso citado, no estudo técnico (documento em anexo), anexo ao edital, consta que as receitas da concessionária advirão dos valores pagos pelas equipes esportivas para a utilização do espaço, complementadas pela contrapartida do parceiro público. O aporte de dinheiro público corresponde a 80% do total da remuneração do parceiro privado
Como o aporte de dinheiro público corresponde a 80% do total da remuneração do parceiro privado, seria necessária a autorização legislativa específica, o que não ocorreu no caso concreto, violando, assim, o Art. 10, § 3º, da Lei nº 11.079/04.
III. d) Da violação do princípio da moralidade e impessoalidade
Segundo a narrativa dos fatos, diversos veículos de comunicação (documento em anexo) divulgaram que o acolhimento do pleito da SPE ocorreu em troca de apoio financeiro para a campanha do Secretário de Esportes ao cargo de Governador.
O favorecimento da SPE em troca de apoio financeiro para campanha eleitoral fere o princípio da moralidade ou da impessoalidade, nos termos do Art. 37 da CF/88.
IV - DO PEDIDO DE LIMINAR
O art. 5º, §4º da Lei 4.717/65, autoriza o juiz conceder liminar para suspender ato lesivo ao patrimônio público. 
A prova produzida junto com a petição inicial, bem como os argumentos trazidos, demonstra a plausibilidade do direito invocado, visto que a autoridade pública ré violou uma série de normas legais e princípios reguladores da administração.
O pretório Excelso destacou, certa vez, em voto do Ministro Celso de Mello, o caráter preventivo das liminares em sede de ação popular:
 "[...] Como se sabe, a Lei n. 4.717/65, em seu art. 5º, § 4º, autoriza o Poder Judiciário, em sede de ação popular constitucional, a conceder provimento liminar que suste a eficácia e a execução do ato lesivo impugnado, tornando acessível, ao interessado, um instrumento processual apto a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade ora denunciada pelo próprio arguente. "Na realidade, a concessão de provimento cautelar - autorizada, até mesmo, initio litis, no processo de ação popular constitucional - visa a impedir que se consumam situações configuradoras de dano irreparável, consoante ressalta o magistério da doutrina (Rodolfo Camargo Mancuso, "Ação Popular", p. 135-136, item n. 4.2.2, 1994, RT; J.M. Othon Sidou,"Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção, Habeas Data, Ação Popular", p. 356, item n. 231, 5ª ed., 1998, Forense, v.g.) [...]"
Diante de todo o exposto, pugna-se pela concessão de medida liminar, consistente na suspensão do certame com a consequente não celebração do contrato, conforme fundamentos jurídicos relevantes (itens III.a, III.b, III.c e III.d do parágrafo anterior) e o perigo da demora (materialização do dano consubstanciado pela celebração do contrato).
V – DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer:
 1) Seja deferida medida liminar ora requerida, para a suspensão do certame, com a consequente não celebração do contrato;
 b) Seja ordenada a citação dos réus para, querendo, apresentar contestação no prazo legal, sob pena de revelia;
c) A intimação do ilustre representante do Ministério Público, nos termos do artigo 6.°, §4.° da Lei 4.717/65, para acompanhar todos os atos e termos da presente ação;
4) Sejam, ao final, julgado o pedido para a confirmação da liminar e para a anulação da licitação; e;
e) A condenação dos responsáveis e beneficiários nas custas processuais e honorários advocatícios;
f) Para provar o alegado, requerer a produção de todos os meios de prova em Direito admitidas, principalmente a documental, pericial, testemunhal e o depoimento pessoal dos réus, pena de confissão.
Dá-se à causa o valor de R$ (...).
Local e data.
 Advogado
 OAB XXX

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