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1. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.

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PUCGOIÁS. Edri. Direito. Direito penal iv. Turma a01. professora isabel Duarte valverde
Título vi do código penal brasileiro: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
 1
 Os crimes previstos neste capítulo atingem a faculdade de livre escolha do parceiro sexual. Essa faculdade pode ser violada por violência ou grave ameaça, ou ainda por meio de fraude.
A violência se dá por meio de uma ação que promova constrangimento físico ou moral. 
A grave ameaça consiste no constrangimento moral da vítima pelo agente, a fim de que esta faça o que ele determina sob pena de sofrer dano a um bem jurídico. 
A fraude compreende a ação realizada de má-fé, com intuito de enganar, iludir, produzindo resultado não amparado pelo ordenamento jurídico através de expedientes ardilosos.
 O Título VI do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei no 12.015, de 7 de agosto de 2009, passou a prever os chamados crimes contra a dignidade sexual, modificando, assim, a redação anterior constante do referido Título, que previa os crimes contra os costumes.
 O foco da proteção já não era mais a forma como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a sociedade do século XXI, mas sim a tutela da sua dignidade sexual. A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa humana.
 
 2 
 As modificações ocorridas na sociedade pós-moderna trouxeram novas e graves preocupações. Ao invés de procurar proteger a virgindade das mulheres, como acontecia com o revogado crime de sedução, agora, o Estado estava diante de outros desafios, a exemplo da exploração sexual de crianças e adolescentes. 
 A situação era tão grave que foi criada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, através do Requerimento 02/2003, apresentando no mês de março daquele ano, assinado pela Deputada Maria do Rosário e pelas Senadoras Patrícia Saboya Gomes e Serys Marly Slhessarenko, que tinha por finalidade investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. 
 Essa CPMI encerrou oficialmente seus trabalhos em agosto de 2004, trazendo relatos assustadores sobre a exploração sexual em nosso país, culminando por produzir o projeto de lei nº 253/2004 que, após algumas alterações, veio a se converter na Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009. (Rogério Greco)
 A Lei no 12.015, de 7 de agosto de 2009 alterou, significativamente, o Título VI do Código Penal.
 
 3 
Os crimes contra a dignidade sexual estão dispostos nos artigos 213 a 234 do Código Penal. Eles têm como objeto jurídico a proteção da sexualidade tanto nas relações de caráter pessoal (autodeterminação sexual), quanto nas relações de caráter social (exercer a sexualidade e com outra pessoa), ou seja, a liberdade que uma pessoa tem de dispor do próprio corpo, sua integridade física, sua vida ou honra.
 Os crimes contra liberdade sexual também podem ser tipificados por omissão imprópria, por exemplo, por quebra do dever de cuidado do Estado ou dos pais de uma criança.
 Com a alteração promovida pela Lei n.º 13.718/18, a ação penal dos crimes contra a liberdade sexual passa a ser sempre pública incondicionada. No entanto, por se tratar de disposição prejudicial ao réu, a nova regra não poderá retroagir.
 4
código penal - TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA a dignidade sexual
5
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 6 
 Constranger significa coagir alguém a fazer algo contra a sua vontade, obrigar, ou seja, não há consentimento. É pressuposto deste crime que a vítima não tenha aderido por vontade própria à conduta do agente, contudo, não se exige que esta lute até suas últimas forças, pois correria risco de morte ou outras consequências graves, como lesões corporais graves. Diante disto, o grau de resistência da vitima deve ser analisado sob critérios sensatos.
 Define Guilherme de Souza Nucci: “Denomina-se estupro toda forma de violência sexual para qualquer fim libidinoso, incluindo por obvio, a conjunção carnal.”
 A antiga legislação trazia em seu artigo 213 a seguinte redação: “Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça”, excluindo a possibilidade do crime de estupro ser cometido tanto pelo homem quanto pela mulher, restringindo como sujeito passivo a mulher. Com a lei 12.015/2009 a palavra mulher foi substituída por “alguém”, ou seja, o sujeito passivo passou a ser qualquer um, independentemente do gênero.
 Embora com todas essas modificações o elemento subjetivo do tipo permanece o mesmo, qual seja, o dolo. 
 7 
A conduta dolosa é imprescindível para configuração do crime, não se punindo conduta culposa, e ainda demandando um elemento subjetivo especifico, calcado na satisfação da libido.
 O objeto material deste crime é a pessoa que sofre o constrangimento e o objeto jurídico é a liberdade sexual.
 Em relação à consumação do crime, levando em consideração a conjunção carnal, entende-se que não é necessária a total conjunção, já com relação o ato libidinoso, a forma consumativa é mais ampla, configurando-se com um toque físico eficiente para gerar lascívia ou o constrangimento efetivo da vítima a se expor sexualmente ao agente, porém deve-se analisar o caso concreto.
 As formas qualificadas deste crime, ou seja, condutas tipificadas em que há o aumento da pena mínima e máxima da pena diante de sua natureza mais grave, ocorrem se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave, se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos, ou se da conduta resulta morte. A palavra “conduta” inserida após a lei 12.015 abrange tanto a violência quanto a grave ameaça.
 8
RESULTADO QUALIFICADO: todo resultado qualificado pode ser alcançado por dolo ou culpa, exceto quando há expressamente a exclusão do dolo, como por exemplo, consta no artigo 129 , § 3º. Tendo isto como base, podemos exemplificar de modo que se o agente do estupro durante a prática do ato sexual, atinge a vitima de modo fatal, independentemente de ter atuado com dolo ou culpa, responderá por crime qualificado pelo resultado morte.
PRETERDOLO: Trata-se do tipo composto de uma conduta inicial dolosa à qual o legislador associou, sob a forma de circunstância qualificadora, um resultado não desejado, embora previsto ou no mínimo previsível. Modalidade de crime qualificado pelo resultado em que o tipo base é doloso e o resultado qualificador é culposo.
Estupro entre cônjuges: é possível figurar como sujeito ativo do crime qualquer um dos cônjuges, homem ou mulher, pois é vedado qualquer tipo de violência em qualquer relação.
Pessoa prostituída como sujeito passivo: possibilidade, pois qualquer forma de violência é vedada, independente de qual seja o cenário.9
A GRAVIDEZ DECORRENTE DE ESTUPRO
OBSERVAÇÃO: CÓDIGO PENAL:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
É o aborto sentimental, ético ou humanitário: caso a vítima de estupro opte por interromper a gestação, esse procedimento pode ser realizado, mas antes é necessário a comprovação de que aquela gravidez foi resultado de um estupro junto do consentimento da vítima, ou se incapaz, do seu representante legal.
EM RESUMO: 10
Dolo: GENÉRICO consubstanciado na vontade de constranger (compelir, coagir, obrigar).
Atos executórios: a)Violência física (vis corporalis): quebra de resistência; b)Grave ameaça (vis absoluta): violência psíquica direta ou indireta; justa ou injusta – analisada de forma subjetiva.
Não é necessária a satisfação sexual do agente para fins de consumação.
A tentativa é possível quando o agente praticar somente os atos executórios e NENHUM ato libidinoso.
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa, homem ou mulher.
O sujeito passivo será qualquer pessoa maior de 14 anos (se o sujeito for menor de 14 anos, o crime será de estupro de vulnerável).
A pena do crime é de reclusão de 6 a 10 anos e, quando for qualificado pelo resultado, ou seja, se do estupro resultar lesão corporal grave, a pena será de reclusão de 8 a 12 anos, se resultar em morte, a pena será de reclusão de 12 a 30 anos.
Ainda, se o sujeito passivo for maior de 14 anos e menor de 18, o crime será qualificado e a pena será de reclusão de 8 a 12 anos.
Ainda que não haja morte ou lesão grave, o estupro é considerado crime hediondo (Lei 8.072/1990). Assim, o indivíduo condenado pelo crime de estupro deverá iniciar o cumprimento de pena em regime fechado, não terá a possibilidade de obtenção de liberdade provisória com fiança, bem como terá um prazo maior para obtenção do livramento condicional.
 11
É indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, por se tratar de crime que deixa vestígios (art. 158 CPP).
A confissão não supre o exame de corpo de delito.
A falta do exame pode ensejar nulidade da ação penal.
Se o estupro for cometido com a finalidade de transmitir HIV, haverá concurso formal impróprio com tentativa de homicídio (se a vítima a falecer antes do trânsito em julgado, o homicídio será considerado consumado).
Nova edição de Jurisprudência em Teses trata de crimes contra a dignidade sexual: destaca-se duas teses: 
a) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor foram reunidos em um único dispositivo após a edição da Lei 12.015/2009, não ocorrendo abolitio criminis do delito do artigo 214 do Código Penal, diante do princípio da continuidade normativa.
b) sob a normativa anterior à Lei 12.015/2009, na antiga redação do artigo 224, alínea "a", do Código Penal, já era absoluta a presunção de violência nos crimes de estupro e de atentado violento ao pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que ela anuísse voluntariamente ao ato sexual.
 Lançada em maio de 2014, a ferramenta Jurisprudência em Teses apresenta diversos entendimentos do STJ sobre temas específicos, escolhidos de acordo com sua relevância no âmbito jurídico. Para visualizar a página, clique em Jurisprudência > Jurisprudência em Teses, na barra superior do site do STJ. 
 
Violação sexual mediante fraude 12
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009).
 Neste tipo penal a vítima é induzida ao erro, por acreditar que determinada conduta é necessária e que vai fazer bem a ela. O dolo genérico.
Meio executório do crime: ilusão, fraude, distorção da realidade, mentira ou qualquer outro meio vicioso da vontade da vítima.
 O crime, também conhecido como estelionato sexual, é configurado quando há fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre vontade da pessoa.
 Os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pessoa e a pena para quem comete violação sexual mediante fraude é de reclusão de 2 a 6 anos.
 Se vítima estiver sob efeito de remédios, álcool ou drogas, o crime será de estupro de vulnerável.
 
 13
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
O crime foi incluído no CP pela Lei A Lei 13.718/18. É infração penal de médio potencial ofensivo, isto é, a sua pena de reclusão é de 1 a 5 anos, o que impede o arbitramento de fiança em sede policial, mas admite a suspensão condicional do processo após oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
 14
O agente (que pode ser homem ou mulher); a vítima (que também pode ser homem ou mulher)
Ato libidinoso é todo ato de cunho sexual capaz de gerar no sujeito a satisfação de seus desejos sexuais.
Lascívia é o prazer sexual, o prazer carnal, a luxúria.
Há uma subsidiariedade expressa no preceito secundário do art. 215-A do CP. Isso significa que, se a conduta praticada puder se enquadrar em um delito mais grave, não será o crime do art. 215-A do CP.
O bem jurídico é a liberdade sexual.
O crime pode ser praticado por qualquer pessoas (crime comum)
Se a vítima for pessoa menor de 14 anos
Neste caso, a conduta poderá configurar o crime do art. 218-A do CP:
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
Assédio sexual 15
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função." (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 O crime de assédio sexual costuma gerar grandes controvérsias sobre sua tipificação e extensão. O verbo “constranger”, núcleo do tipo, é usado neste caso sem nenhum complemento, motivo pelo qual se justifica as inúmeras críticas incidentes a este artigo. Quem constrange, constrange alguém a alguma coisa, ou seja,deve existir um objeto, o que neste tipo penal não se encontra.
 Conforme Guilherme de Souza Nucci, o assédio sexual pode se configurar de diversas formas, tanto como por uma conjunção carnal forçada pela prevalência do poder do agente como também pelo simples pronunciamento de palavras obscenas, sendo que, independentemente da gravidade da situação, implicar-se-á  a mesma faixa de imposição da pena.
O tipo penal não esclarece os meios de execução, então trata-se de um crime de ação livre, ou seja, todos os meios devem ser admitidos, por exemplo, gestos, palavras, escritos, entre outros. Contudo, oque não se pode excluir para configurar o crime de assédio é que o agente tenha se aproveitado do seu cargo, sempre superior ao do ofendido, para alcançar a vantagem ou favorecimento sexual.
Não importa o sexo do agente, seja mulher ou homem, o que importa é a relação de superioridade hierárquica existente entre o ofensor e a vítima, tendo em vista que o ofensor é sempre superior e a vítima sempre subalterna, sendo o contrário, assédio do subalterno ao chefe, não constitui a conduta tipificada.
A vantagem ou favorecimento sexual é elemento subjetivo do crime, ou seja, sem o dolo, a intenção de obtê-los, o crime não será configurado.
Trata-se de crime formal, sua consumação ocorre no exato instante que o agente importuna à vítima, independentemente de alcançar vantagem ou favorecimento sexual. 
Admite-se tentativa neste crime, embora seja de difícil configuração, sendo ela válida somente na forma escrita, como por exemplo, em um bilhete que não chegou ao destino. Em outras formas, não será possível constatar a tentativa, uma vez que o crime permanece só na intenção de se fazer, só no plano da mente do ofensor.
Só é crime o assédio laboral assédio em âmbito doméstico ou hospitalidade não se configura crime.
A ação penal neste caso é pública condicionada à representação, nos termos do artigo 225 do Código de Processo Penal, porém se a pessoa ofendida for menor de 18 anos ou vulnerável será incondicionada. Aliás, adentrando na questão da idade, se o ofendido for menor de 18 anos há a incidência da causa de aumento, prevista no artigo 216-A § 2º. 
 16
 CAPÍTULO I-A 
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
Registro não autorizado da intimidade sexual
  
Art. 216-B.  Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes:             (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único.  Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.             (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
 17
 
 
CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 18
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 19 
O agente não precisa constranger a vítima para incorrer em crime. Basta que tenha A conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso com pessoa vulnerável.
O tipo penal traz a ideia de violência presumida, que é a incapacidade absoluta da vítima para consentir com a prática sexual.
A violência presumida NÃO é uma presunção de culpabilidade, mas sim o entendimento penal acerca da vulnerabilidade da vítima.
Vulnerável é qualquer pessoa em situação de fragilidade ou perigo. Não se refere somente à capacidade de consentir ou à experiência sexual da vítima, mas por ela estar em situação de fraqueza moral, social, cultural, biológica etc.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. O sujeito passivo, por sua vez, é qualquer pessoa menor de 14 anos ou que esteja em situação de vulnerabilidade.
A pena do crime é de reclusão de 8 a 15 anos e, quando o crime for qualificado pelo resultado, ou seja, se do estupro resultar lesão corporal grave, a pena será de reclusão de 10 a 20 anos, se resultar em morte, a pena será de reclusão de 12 a 30 anos.
Corrupção de menores 20
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
O artigo 218 teve alterado a ação do verbo “corromper” por “induzir”, uma vez que o verbo corromper partia do entendimento de que a vítima deste tipo penal ainda não nutria qualquer designo imoral, conforme JÚLIO FABBRINI MIRABETE: “(… )corrupção é a contaminação da consciência da vítima pelo conhecimento de práticas imorais ou de hábitos de lascívia que se fixam no seu ânimo como elementos eróticos intempestivos ou viciosos, antes não existentes”.
O maior problema do art. 218 é diferenciá-lo de outros crimes contra menores de 14 (quatorze) anos. 
 21 
“INDUZIR”, significa fazer nascer na subjetividade alheia à vontade de praticar algo que até então não fazia parte das conjecturas psicológicas da vítima, antes ela não queria, não sabia, não entendia, por tanto, o fato e/ou a vontade não existiam em sua subjetividade, que se confunde com o conceito de corromper. O induzimento não faz nenhuma menção a tempo, lugar ou pessoa determinada, levando ao raciocínio de que não seja necessário que o nexo de causalidade seja imediato ou que, existindo lapso temporal, o vulnerável venha a praticar aquilo a que foi induzido, o fato considerar-se-á subsumido no artigo 218 do CP. 
 O agente induz (convence, cria a ideia) a vítima a praticar algum ato que vise satisfazer a lascívia de outra pessoa. O ato deve ser meramente contemplativo (ex.: uso de uma fantasia), sem que exista contato físico entre o terceiro beneficiado e a vítima. Se vier a ocorrer conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso, ambos, quem induziu e beneficiado, serão responsabilizados por estupro de vulnerável - CP, art. 217-A -, desde que, é claro, tenha existido dolo do aliciador nesse sentido. 
A conduta deve ter como destinatária pessoa determinada (beneficiário certo). Caso contrário, caso o agente convença a vítima a satisfazer a lascívia de um número indeterminado de pessoas, o crime poderá ser o do art. 218-B: favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável;
OBSERVAÇÕES: 22
a)deve existir a relação interpessoal entre os sujeitos do delito e o dolo específico objetivo. 
b) Não se pode confundir o artigo 218 do Código Penal com a Corrupção de menores do ECA (artigo 244B, Lei 8.069/90): ”Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la.” 
 No art. 244-B do ECA, o agente praticacrime ou contravenção penal na companhia de menor de 18 (dezoito) anos, ou o induz a praticá-lo, fazendo com que aquela pessoa, que ainda não atingiu a maioridade, passe a fazer parte do mundo do crime. Trata-se de crime formal, que não exige resultado naturalístico para a sua consumação. No art. 218 do CP, por outro lado, a vítima, menor de 14 (quatorze) anos, é induzida a satisfazer a lascívia de outrem mediante a prática de alguma conduta sem contato físico, meramente contemplativa
 O Superior Tribunal de Justiça (RHC 70.976/MS), ratificou o conceito utilizado em decisão denegatória de HC de acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS), entendendo que a contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido, como ocorreu no caso concreto na qual uma criança foi forçada a se despir para a apreciação de terceiro.
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos." (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Trata-se de crime comum, formal, de forma livre, instantâneo, comissivo (em regra), unissubjetivo e plurissubsistente.
A finalidade especial deve estar presente: a satisfação da própria lascívia ou a de outrem; b) induzir alguém menor de 14 (quatorze) anos a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso: nesta hipótese, o agente convence a vítima a presenciar o ato. A finalidade especial (satisfação da lascívia) deve estar presente. Trata-se de tipo penal misto alternativo. Portanto, se, em um mesmo contexto fático, o agente pratica o delito em suas duas formas, ocorrerá um único crime.
É essencial, para a configuração do crime do art. 218-A, que a vítima não se envolva fisicamente no ato – ela apenas assistirá ao ato sexual. Caso contrário, o crime será o de estupro de vulnerável
Se alguém convence uma pessoa, menor de 14 (quatorze) anos, a assistir conjunção carnal ou ato libidinoso diverso por transmissão em vídeo, pela Internet, é evidente que o objeto jurídico tutelado (a dignidade sexual) será atingido. 23
 24
Pouco importa o histórico sexual da vítima. Ainda que se prostitua, sendo menor de 14 (quatorze) anos, ocorrerá o crime, caso ela venha a presenciar o ato sexual por dolo do agente.
O sujeito ativo é  qualquer pessoa, homem ou mulher, inclusive na modalidade conjunção carnal, afinal, o que se pune é a prática do ato sexual na presença do vulnerável. 
É possível o concurso de pessoas, quando todos os envolvidos na prática sexual tem consciência de que o menor está presente, ou quando todos participam do induzimento. É essencial que o agente tenha consciência de que a vítima é menor de 14 (quatorze) anos.
O sujeito passivo é a pessoa menor de 14 (quatorze) anos, do sexo masculino ou feminino. Os demais vulneráveis, do art. 217-A, § 1o, não foram abrangidos pelo dispositivo.
O elemento subjetivo é o dolo, com a especial finalidade de satisfação da lascívia (própria ou de outrem). Por ser crime formal, pouco importa se a lascívia foi satisfeita ou não. No momento em que o menor presenciar o ato sexual, o delito estará consumado. Não se pune a forma culposa. 
 
 25
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
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 Trata-se de crime comum (exceto na hipótese do § 2o, II), material, de forma livre, instantâneo (“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir” e “dificultar”), comissivo (excepcionalmente, omissivo impróprio), unissubjetivo (aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a coautoria e a participação) e plurissubsistente (a conduta é fracionada em diversos atos que, somados, provocam a consumação. Por esse motivo, é admissível a tentativa).
 O art. 218-B, introduzido pela Lei 12.015/09, revogou o art. 244-A do ECA, que tratava sobre a prostituição e a exploração sexual de crianças e de adolescentes. Veja a redação: “Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual”.
 O art. 218-B é composto por vários verbos nucleares. Por se tratar de tipo penal misto alternativo, e não cumulativo, o agente que, em um mesmo contexto fático, pratica mais de uma das condutas previstas no dispositivo, comete um único crime. 
 O dispositivo pune o agente não somente na hipótese de prostituição, mas por qualquer outra forma de exploração sexual. Contudo, se a vítima for induzida a satisfazer a lascívia de pessoa determinada, o crime será o do artigo 218, se menor de 14 (catorze) anos, ou o do art. 227, ambos do CP, se maior de 14 (catorze) anos, e não o do art. 218-B.
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Sujeito ativo: qualquer pessoa, homem ou mulher – é o proxeneta. O crime é comissivo. Contudo, é possível que alguém venha a praticá-lo por omissão (omissão imprópria), na hipótese do art. 13, § 2º do CP, quando o agente tem o dever legal de impedir a ocorrência do delito (ex.: mãe em relação aos filhos menores de idade).
Sujeito passivo: é a pessoa, do sexo feminino ou masculino, menor de 18 (dezoito) anos, ou que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para o ato. A vítima já prostituída pode ser vítima, pois o dispositivo prevê a punição de quem impede ou dificulta o abandono da prostituição.
Elemento subjetivo: é o dolo em praticar as condutas previstas no art. 218-B, não sendo punida a modalidade culposa.
Ponto polêmico: consumação. Na modalidade “outra forma de exploração sexual”, não há discussão alguma, pois a exploração pode se dar em uma única oportunidade. Contudo, em relação à prostituição, discute-se a necessidade de sua habitualidade. 
a) 1º ponto: crime instantâneo ou permanente: nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”, basta que o agente pratique uma única conduta para que o crime esteja configurado, seja em sua forma consumada ou tentada. Não é necessária a reiteração, e a sua conduta não se prolonga no tempo.
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2º ponto: consumação e tentativa: para alguns autores, nas modalidades “submeter”, “induzir”,“atrair” e “facilitar”, o crime só se consuma se a vítima passar a se dedicar, habitualmente, à prostituição. 
 Se a vítima vier a se prostituir uma única vez, o crime será tentado. De acordo com Fernando Capez: “Deve-se consignar, no entanto, que, para a consumação, será necessário que a pessoa induzida passe a se dedicar habitualmente à prática do sexo mediante contraprestação financeira, não bastando que, em razão da indução ou facilitação, venha a manter, eventualmente, relações sexuais negociadas. Assim, o que deve ser habitual não é a realização do núcleo da ação típica, mas o resultado dessa atuação, qual seja, a prostituição da ofendida. Não havendo habitualidade no comportamento da induzida, o crime ficará na esfera da tentativa.”  
 Para Nucci, no entanto, é impossível a tentativa: “Não admite tentativa nas formas submeter, induzir, atrair e facilitar, por se tratar de crime condicionado. A prostituição e a exploração sexual são elementos normativos do tipo, implicando em exercício do comércio do sexo ou sexo obtido mediante engodo. Exemplificando, no caso da prostituição, não se pode considerar uma mulher como prostituta se uma única vez teve relação sexual por dinheiro ou qualquer outro ganho material.”
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A necessidade de lucro (proxenetismo mercenário- cafetão, rufião) não é elementar do tipo, mas qualifica o delito (CP, art. 218-B, § 1º). Portanto, se o agente agir por qualquer outra razão (ex.: por prazer em ver a vítima prostituída), o crime estará configurado, devendo responder pela forma do caput, mas, se existir o objetivo de obtenção de vantagem econômica, aplicar-se-á, também, a pena de multa. Contudo, atenção: para a consumação do crime, não é necessário o efetivo recebimento da vantagem, bastando a intenção de recebê-la.
 O art. 218-B, § 2º, II pune o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local onde se dá o delito do caput. Não se trata de hipótese de responsabilidade objetiva, pois é essencial que o responsável pelo local tenha conhecimento de que, naquele estabelecimento sob a sua administração, ocorre a prostituição de vulnerável
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Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática –, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
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Em razão da complexidade e da extensão do tipo, apesar da existência de muitos pontos em comum, é possível se constatar a existência de três crimes distintos: o crime de divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, o crime de divulgação de cena com apologia ao estupro e o crime de divulgação de cena de sexo ou de pornografia.
O bem jurídico tutelado pelos crimes é a dignidade sexual da vítima, que é violada pela divulgação das cenas do estupro da qual foi vítima ou quando tem vídeos ou fotos íntimas divulgadas.
São crimes comuns, na medida em que qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou sujeito passivo dos crimes.
A vítima, em qualquer caso, deve ser maior de 18 (dezoito) anos, na medida em que, caso seja menor de idade, ocorrerá o crime dos arts. 241 e 241-A do ECA.
No caso do crime de divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável não é necessário que o sujeito ativo seja pessoa que participa ativamente do crime de estupro.
Elemento subjetivo 32
Os crimes são dolosos, exigindo que o agente tenha conhecimento que compartilha ou divulga vídeo, fotografia ou qualquer outro conteúdo que contenha cena de estupro, que incentive tal prática ou sem o consentimento da vítima.
Para que se configure os crimes, o agente tem de ter certeza de que se trata de cena de estupro ou de que não há autorização da vítima, não se admitindo o dolo eventual.
É de se notar que, no caso do aumento de pena com o fim de vingança ou humilhação, existe o elemento subjetivo do tipo (dolo específico), consistente justamente na finalidade de se vingar da vítima ou de lhe causar humilhação.
EXCLUSÃO DA ILICITUDE 33
O § 2º prevê expressamente que não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput do artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
Dessa forma, o próprio tipo prevê uma causa de exclusão da ilicitude aplicável às hipóteses em que a cena de estupro ou de natureza pornográfica é divulgada em publicação de natureza jornalística (publicação de natureza informativa nas mídias tradicionais ou sociais), científica (relativo ao estudo metodológico de determinado ramo do conhecimento humano), cultural (relativo ao desenvolvimento artístico e humano de determinada sociedade) ou acadêmica (relativo às atividades educacionais e acadêmicas, sejam de ensino ou pesquisa, como aulas, palestras, etc.).
Porém, para que haja a exclusão é necessário que a vítima seja maior de 18 (dezoito) anos, autorize expressamente a publicação e que se adote recurso que dificulte a sua identificação.
Dessa forma, primeiro, é necessário que a vítima seja maior de 18 (dezoito) anos, pois, caso seja menor de idade, restarão configurados os crimes relativos à divulgação de pornografia infantil, tipificados pelos arts. 241 e 241-A do ECA.
Além disso, é necessário que a vítima autorize expressamente a divulgação. Tal autorização deve ser expressa, não sendo admitida a autorização tácita; porém, não é necessário que seja por escrito, podendo ser na forma verbal.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 34
Os crimes são formais, consumando-se no momento em que é realizado um dos verbos-núcleo do tipo, independentemente da ocorrência de qualquer resultado lesivo (v.g., acesso por um terceiro de um material pornográfico disponibilizado em determinada página da inernet).
Algumas modalidades (expor à venda, disponibilizar e divulgar) são crimes permanentes, na medida em que a execução se prolonga no tempo (v.g., quando o agente disponibiliza um conteúdo pornográfico indevido em seu site, a execução do crime perdura enquanto o material estiver disponível para acesso do público em geral).
A tentativa é admissível, ocorrendo quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue consumar o crime.
Na modalidade “oferecer”, por outro lado, parece-nos ser um crime de mera conduta, na medida em que o mero oferecimento já perfaz a ocorrência do crime, não havendo nem mesmo separação lógica entre a conduta e o resultado.Nessa hipótese, não seria admissível a tentativa.
 CAPÍTULO IV
 DISPOSIÇÕES GERAIS 35
 
Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 
Aumento de pena
Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE  PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE  EXPLORAÇÃO SEXUAL
Mediação para servir a lascívia de outrem
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Classificação doutrinária: crime comum, material, de forma livre, instantâneo, comissivo (em regra), unissubjetivo e plurissubsistente. Os crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou de concurso eventual) são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a co-autoria e a participação. Crime plurissubsistente: é aquele cuja prática exige mais de uma conduta para sua configuração. 
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Núcleo do tipo: é o lenocínio. A conduta do caput consiste em induzir (convencer, incutir a ideia) em alguém, maior de 18 (dezoito) anos, a satisfazer a lascívia (o desejo sexual) de outrem (e não a própria). O beneficiado (outrem) deve ser pessoa determinada, caso contrário, o crime será o do art. 228 (favorecimento à prostituição). Ademais, se a vítima receber alguma contraprestação, o crime também será o do art. 228 do CP.
Lenocínio: ação de explorar, estimular ou favorecer o comércio carnal ilícito, ou induzir ou constranger alguém à sua prática
Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. 
Pessoa determinada: Uma característica fundamental do delito de mediação para servir à lascívia de outrem, inserida no núcleo do tipo, é que a pessoa ofendida – vítima – seja determinada.
OBS.: Se a vítima menor de 14 (catorze) anos: há previsão específica, no art. 218 do CP.
Consumação: por ser crime material, só se consumará no momento em que a vítima praticar o ato com o intuito de satisfazer a lascívia de outrem.
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa.
Pessoa já prostituída: conforme Fernando Capez, não pode ser vítima do delito, pois é necessário que o agente a convença para que aceite satisfazer a lascívia de outrem.
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Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 38
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Classificação doutrinária: crime comum, material, de forma livre, instantâneo ou permanente, comissivo, unissubjetivo e plurissubsistente.
 O art. 228 é hipótese de tipo penal misto alternativo. Ou seja, se o agente pratica mais de um dos verbos descritos no dispositivo em um mesmo contexto fático, apenas um crime é praticado.
Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. Quanto à vítima, sendo menor de 18 (dezoito) anos, enferma ou deficiente mental, e esta condição lhe retirar o necessário discernimento para a prática do ato sexual, o crime será o do art. 218-B do CP. O terceiro beneficiado não responde pelo delito.
Vítima já prostituída: tem-se como sujeito passivo do delito previsto no art. 228 do Código Penal a pessoa ainda não entregue ao comércio sexual. O que se busca impedir é o ingresso do indivíduo na prostituição, de forma que, já sendo pessoa prostituída, não pode ser atraída ou induzida à atividade que já exerce. 
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se admite a modalidade culposa.
Pessoa indeterminada: o crime do art. 228 do CP é residual em relação ao do art. 227. Isso porque, se a indução à satisfação da lascívia for em benefício de pessoa determinada, e desde que não exista contraprestação, deve o crime do art. 227 prevalecer em detrimento do art. 228. Contudo, se a vítima for induzida a um número indeterminado de pessoas, o crime será o do art. 228.
O crime instantâneo: nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”, basta que o agente pratique uma única conduta para que o crime esteja configurado, seja em sua forma consumada ou tentada. Não é necessária a reiteração, e a sua conduta não se prolonga no tempo. Ex.: o agente leva a vítima, em uma única oportunidade, a um bordel, para a oferta dos seus serviços sexuais. Portanto, crime instantâneo.
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Crime permanente: Quanto aos verbos “impedir” ou “dificultar”, hipóteses em que o agente impõe obstáculos ao abandono da prostituição, enquanto a vítima estiver impossibilitada, por influência dele, de abandonar o seu exercício, o crime estará em execução. Logo, crime permanente. Ex.: o agente ameaça deixar a vítima sem moradia se abandonar a prostituição. Enquanto perdurar a ameaça, e a vítima se sentir impedida de parar de se prostituir, o crime estará em execução, prolongando-se ao longo do tempo a conduta do agente
Consumação e tentativa: há grande polêmica sobre o tema. Na modalidade outra forma de exploração sexual, não há discussão alguma, pois a exploração pode se dar em uma única oportunidade (não é necessária, portanto, a habitualidade). Contudo, em relação à prostituição, discute-se a necessidade de sua habitualidade:
Para alguns autores, como Fernando Capez, nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”, o crime só se consuma se a vítima passar a se dedicar, habitualmente, à prostituição: 
Deve-se consignar, no entanto, que, para a consumação, será necessário que a pessoa induzida passe a se dedicar habitualmente à prática do sexo mediante contraprestação financeira, não bastando que, em razão daindução ou facilitação, venha a manter, eventualmente, relações sexuais negociadas. Assim, o que deve ser habitual não é a realização do núcleo da ação típica, mas o resultado dessa atuação, qual seja, a prostituição da ofendida. Não havendo habitualidade no comportamento da induzida, o crime ficará na esfera da tentativa.
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Para Nucci é impossível a tentativa: 41
Não admite tentativa nas formas submeter, induzir, atrair e facilitar, por se tratar de crime condicionado. A prostituição e a exploração sexual são elementos normativos do tipo, implicando em exercício do comércio do sexo ou sexo obtido mediante engodo. Exemplificando, no caso da prostituição, não se pode considerar uma mulher como prostituta se uma única vez teve relação sexual por dinheiro ou qualquer outro ganho material.
Cezar Roberto Bitencourt tem o mesmo entendimento a respeito do conceito da prostituição: “Prostituição é o exercício habitual do comércio carnal (do próprio corpo), para satisfação sexual de indeterminado número de pessoas. O que caracteriza efetivamente a prostituição é a indeterminação de pessoas e a habitualidade da promiscuidade.”
Casa de prostituição (com a Lei 12.015/09 houve a modificação da expressão casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso para estabelecimento em que ocorra exploração sexual. Portanto, ampliou-se a incidência do dispositivo).
Art. 229.  Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:             
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Classificação doutrinária: crime comum, formal, de forma livre, comissivo (em regra), habitual, unissubjetivo e plurissubsistente.
Núcleo do tipo: o crime consiste em manter estabelecimento em que ocorre a exploração sexual. O agente pode praticar o crime diretamente ou por intermédio de terceiro – nesta hipótese, o terceiro só será responsabilizado pelo delito se tiver conhecimento da prática da exploração sexual no estabelecimento. Da mesma forma, caso o proprietário desconheça o fato de o gerente usar o seu estabelecimento para a exploração sexual, ele não será responsabilizado – não é admitida a responsabilidade penal objetiva do proprietário. A intenção de lucro não é necessária para a prática do delito.
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Sujeito ativo: qualquer pessoa, homem ou mulher.
Sujeito passivo: é a coletividade (crime vago). Caso a pessoa tenha sido aliciada a prostituir-se, o delito será o do art. 228 do CP, hipótese em que ela será tida como vítima.
Vítima menor de 18 (dezoito) anos: se no local for explorada a prostituição de menores de 18 (dezoito) anos de idade, o crime será o do art. 218-B, § 2º, II, do CP.
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa.
Consumação: trata-se de crime habitual e permanente, que se consuma com a efetiva manutenção do estabelecimento. Não é necessário, no entanto, que os encontros sexuais venham a, de fato, ocorrer – portanto, crime formal. Não é possível a tentativa.
 O crime de manutenção de casa de prostituição tipifica objetivamente uma conduta permanente, pouco importando o momento da fiscalização do poder público e a comprovação de haver, no instante da prisão, relacionamento sexual das aliciadas. 
OBS: não é possível o concurso de infrações entre os artigos 228 e 229 do Código Penal. Isto porque o art. 229 abarca o favorecimento à prostituição, uma vez que à manutenção de estabelecimento destinado à prostituição é inerente à facilitação do exercício da atividade. é impossível reconhecer-se a consumação do art. 229 sem que, antes, tenha o réu incidido no favorecimento à prostituição. 
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Rufianismo 44
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Classificação doutrinária: crime comum, material, de forma livre, comissivo (em regra), habitual, unissubjetivo e plurissubsistente.
Núcleos do tipo: o art. 230 prevê as figuras do cafetão e do gigolô. Ou seja, pune-se quem tira proveito da prostituição alheia (cafetão – rufianismo ativo) ou se faz sustentar, total ou parcialmente, com os valores auferidos pela pessoa prostituída (gigolô – rufianismo passivo). Na primeira hipótese (ativo), o rufião participa diretamente dos lucros oriundos da prostituição alheia. Na segunda (passivo), o agente não tem participação direta, mas se deixa sustentar pela atividade sexual. 
Configuração do delito: não é necessário que o agente tenha provocado a situação de proveito ou sustento – a iniciativa pode ter partido da pessoa prostituída.
Não se exige finalidade especial para a caracterização da conduta. Ademais, por se tratar de tipo penal misto alternativo, quem, em um mesmo contexto fático, pratica mais de uma das condutas do art. 230, comete um único crime.
Para caracterizar o crime de rufianismo é necessário que o rufião aproveite diretamente o lucro auferido pelas mulheres em razão da prostituição.
Os dependentes legais da pessoa prostituída, sustentados pela atividade, não praticam o crime do art. 230 do CP – até porque, inexiste o dolo de tirar proveito, e a conduta culposa é atípica.
Distinção entre o rufião e o proxeneta: o proxeneta é o intermediador de encontros sexuais (ex.: art. 227 do CP), bem como quem mantém local apropriado à prática da exploração sexual. O rufião (gigolô ou cafetão), por outro lado, é aquele que tira vantagem, habitualmente, da prostituição alheia, sem que influencie a vítima a continuar se prostituindo. 45 
Sujeitos ativo e passivo: podem ser qualquer pessoa. O passivo, no entanto, é a pessoa já prostituída. Caso o agente alicie alguém à prostituição, o crime será o do art. 228 do CP (se menor de 18 anos, o do art. 218-B).
Consumação: por se tratar de crime material, é essencial para a consumação que o agente consiga tirar efetivo proveito da prostituição. No entanto, por ser crime habitual, a conduta deve ser reiterada.
OS ARTIGOS 231 E 232 DO CÓDIGO PENAL – A Lei 13.344/16, a chamada Lei de Tráfico de Pessoas revogou os artigo 231 e 232 do CP.  
Conforme o compromisso assumido pelo Brasil na órbita internacional, o tráfico de pessoas era reprimido criminalmente pelo ordenamento jurídico nacional apenas em sua forma de exploração sexual, por meio de crimes hospedados no próprio Código Penal (arts. 231 e 231-A do CP). 
Com a Lei, passaram a ser punidas outras formas de exploração (remoção de órgãos, trabalhoescravo, servidão e adoção ilegal), o que representa inegável avanço no combate ao tráfico de pessoas, respeitando-se o disposto no artigo 3º do pacto internacional.
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Promoção de migração ilegal (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) 47
  
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:             
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.            
§ 1º  Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro.             
§ 2º  A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:             
I - o crime é cometido com violência; ou            
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.             
§ 3º  A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas.  
Bem jurídico: Tutela-se a política de migração brasileira e exigência da estrita observância dos procedimentos administrativos para entrada e saída de estrangeiro do território nacional, como reflexos da Soberania Nacional. Indiretamente, resguarda-se a segurança nacional. Sua localização no Título VI da Parte Especial do Código Penal (Crimes contra a Dignidade Sexual) nos parece bastante inadequada, uma vez que não se pode dizer da proteção da liberdade sexual através da norma incriminadora em apreço. Mais correto seria colocá-lo ao lado do delito de reingresso de estrangeiro expulso (art. 338, CP), localizado no capítulo referente aos crimes contra a Administração da Justiça.
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Sujeito ativo: Trata-se de crime comum. Somente o agente que promove a migração ilegal pode ser responsabilizado penalmente. Note-se, então, que o migrante não pratica qualquer crime, pois, conforme o art. 3º da Lei n. 13.455/2017, a política migratória brasileira rege-se pelo princípio da não criminalização do migrante.
Sujeito passivo: É o Estado brasileiro.
Tipicidade objetiva (caput). Descreve duas condutas criminosas. 
(4.1.) Promover a entrada ilegal de estrangeiro no território nacional, no que é necessário demonstrar que o agente realizou o transporte ilegal de estrangeiro para dentro das fronteiras brasileiras ou garantiu os meios necessários para que o próprio estrangeiro adentre. 
(4.2.) Promover a entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro, realizando o transporte ou disponibilizando recursos para que o nacional alcance país estrangeiro sem o cumprimento das formalidades necessárias para a migração daquele país. Por brasileiro, deve-se considerar tanto o nato quanto o naturalizado, nos termos do art. 12, I e II da Constituição Federal. 
 CAPÍTULO VI 49
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
Ato obsceno
  Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Ato obsceno: “É todo o fato realizado com manifestações positivas de idoneidade ofensiva ao pudor. É o que pode ofender o pudor dos cidadãos, causar escândalo e ferir a honestidade dos que forem testemunhas.”. (Bento Farias)
 O crime de ato obsceno tem um significado relativo, pois modifica-se de acordo com os valores culturais existentes em determinados ambientes, além de se modificarem também com o decorrer do tempo. Para que venha a existir esse delito é necessário que o agente atente contra o pudor público agindo em local de acesso coletivo e diante desses. Tutela-se o pudor público e a moral coletiva. Quanto ao sujeito ativo desse crime, qualquer pessoa pode vir a cometê-lo, sendo o sujeito passivo a população em primeiro plano, e em segundo as pessoas que presenciem o ato.
 Não é exigida nenhuma finalidade especial do agente, ou seja, não precisa que esse queira ofender ao público, basta que pratique o ato em local aberto e acessível. No entanto, a discussão se expande no que tange a voluntariedade desse ato, para Guilherme de Souza Nucci, uma vez que o tipo subjetivo é o dolo, a vontade do agente de praticar ato obsceno em local público deve ser levada em consideração.
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-> Lugar público será aquele em que um número indeterminado de pessoas tem acesso, como praças, ruas ou praias.
-> Lugar aberto ao público será aquele que também é acessível a um número indeterminado de pessoas, porém, irá exigir uma condição para a entrada delas.
-> Lugar exposto ao público será o local privado que poderá ser visto por um número indeterminado de pessoas.
 
Trata-se de crime comum. Quanto à consumação: acontece no momento em que se pratica o ato obsceno, não sendo necessário que alguém presencie, como também não necessita que a pessoa que presenciou tenha se ofendido. A tutela principal recai sobre a coletividade. 
 
Quanto à possibilidade de tentativa: (controvérsia) entende a doutrina majoritária que é cabível. Para Damásio de Jesus, o sujeito ou pratica o ato obsceno e o crime já está consumado, ou não o pratica, e pela execução do mesmo nem ter se iniciado não é passível de interrupção.
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Escrito ou objeto obsceno
        Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
        Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
        I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
        II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
        III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
 O tipo é genérico: “ou qualquer objeto obsceno”. Dessa forma, permite ao magistrado, no caso concreto, utilizar-se de forma análoga esse artigo no que diz respeito a outros objetos não referidos extremamente na lei.
 A norma penal protege o pudor público, ou seja, a moralidade pública sexual. Contudo, Luiz Régis Prado vai mais além, aduzindo que o bem jurídico tutelado é “o pudor público e, eventualmente, a integridade sexual do sujeito passivo e seu bem estar psíquico”.
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 O sujeito ativo é comum, podendo ser qualquer pessoa, e o sujeito passivo é a coletividade. Pode ser sujeito passivo também a pessoa física que vier a ter contato com o escrito ou objeto obsceno. 
 O tipo subjetivo constitui-se no dolo, na vontade consciente de “fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob guarda...”. 
 Indispensável para a concretização do crime a presença de dois elementos: 
a finalidade de comércio. 
O propósito de ofender a moralidade pública, ou seja, o simples propósito obsceno não basta.
 Consumação: dar-se-á com a prática de um dos verbos típicos, bastando à potencialidade do dano, por isso rotula-se como crime formal. 
 Tentativa:admissível. haja vista tratar-se de inter criminis fracionável.
 Trata-se de tipo misto alternativo. A prática de duas ou mais condutas descritas é irrelevante, consistindo crime único.
 Para a conduta ser passível de culpabilidade é preciso que seja destinado ao:
a) comércio,
b) distribuição ou
c) exposição pública; isto é, deve ter a finalidade especial, não caracterizando o crime quando destinado ao uso próprio.
O princípio da adequação social: 53 
“o Direito Penal tipifica somente condutas que tenham uma certa relevância social; caso contrário, não poderiam ser delitos. Deduz-se, consequentemente, que há condutas que por sua “adequação social” não podem ser consideradas criminosas. 
 Conforme Regis Prado: “Convém observar que, com o advento da constituição de 1988, que elenca entre os direitos fundamentais a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, aliado a evolução dos costumes, as vedações constantes do artigo 234, parágrafo único, II e III, tendem a não serem mais passiveis de punição, em decorrência da aplicação do princípio da adequação social”. 
 Nenhum crime é revogado pelo costume, mas é de entendimento de todos que a existência do Principio da adequação social faz com que a legislação referente a tal crime seja dificilmente aplicada, pois se inexiste a reprovação da sociedade sobre esse tipo de conduta, e tratando-se tal da imprescindível ofensa a moral pública, não há o que se falar em punibilidade.
 As condutas que envolverem crianças ou adolescentes serão tratadas em matéria especifica, ou seja, o agente será punido de acordo com o regimento dos artigos 240 e 241-E do Estatuto da Criança e do Adolescente, alterados pela Lei 11.829/08.
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 CAPÍTULO VII
 DISPOSIÇÕES GERAIS 
 (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Aumento de pena
Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:  
I – Vetado;
II – Vetado;
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.  
Art. 234-B.  Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.

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