Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNINASSAU @studium.legis 2020.2 DIREITO PENAL III 1 Classificação dos Crimes O crime é um fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável. Existem diversos critérios de classificação de crimes, baseados nas diferentes características que podem ter os delitos. Quanto ao resultado naturalístico: • Material: com a produção de resultado naturalístico, muda algo natural, no plano físico (exterior). Para que haja a confirmação deste é necessária perícia. Exige-se a consumação para configuração do delito. Conduta + Resultado. Exemplo: estupro, homicídio, roubo, furto, estelionato, etc. • Formal: com a simples atividade, independente do resultado, configura o crime antes mesmo de se consumar (a conduta). Não se exige a consumação para configurar o delito. Conduta + Resultado (para a consumação corta-se o resultado, pois só a conduta configura o tipo penal). Exemplo: extorsão, extorsão mediante sequestro, sequestro qualificado pelo fim libidinoso. • Mera Conduta: com a ação ou omissão delituosa, NÃO muda algo natural, palpável, físico. Exemplo: injúria, violação de domicílio, falso testemunho, omissão de socorro, etc. Quanto ao momento consumativo: • Crime Instantâneo: ocorre uma consumação imediata, onde uma vez encerrado está consumado. Exemplo: o homicídio, caso a morte se dê no mesmo momento, a vida é ceifada. Outros exemplos de crime instantâneo também são: furto, roubo, estelionato, etc. • Crime Permanente: o momento consumativo se protrai no tempo (a consumação se prolonga. Exemplo: sequestro, cárcere privado, extorsão mediante sequestro, o tráfico ilícito de drogas. Quanto ao sujeito ativo do crime: • Crime Próprio: com a abstenção do comportamento devido, nem todos podem praticar esse tipo de crime (tem que ter característica especial). Aqui é admitido coautoria. Exemplo: do peculato, onde só um funcionário público pode praticar ou do infanticídio, que só a mãe é capaz de praticar, mas nesse caso pela pode ter um coautor, por exemplo se ela matar a criança com um tiro, quem a vendeu a arma é coautor. • Crime Comum: todos podem praticar. Exemplo: feminicídio, furto, homicídio, roubo, estupro. • Crime de mão própria: só uma única pessoa pode praticar o crime como AUTOR. 2 Aqui não se admite nenhum tipo coautoria. Exemplo: infanticídio. Tipo Penal No homicídio é necessário que haja uma vida viável, no caso é preciso haver atividade encefálica. Este tipo pode ser cometido por qualquer pessoa e sua consumação se dá com a morte, o fim da atividade encefálica da vítima. É classificado como crime comum, instantâneo e material. Homicídio doloso é aquele em que o agente tem como objetivo (resultado) a morte de outra pessoa. Esse tipo de homicídio é subdividido em: • Homicídio doloso próprio ou direto: o agente quer aquele resultado morte, então prevê a causa de suas ações. Exemplo: A pessoa assalta um indivíduo à mão armada. Sua intenção era realmente levar os pertences da vítima, e suas ações são realizadas para isso. • Homicídio doloso eventual ou indireto: o agente não quer cometer o crime, prevê o resultado, mas assume o risco dando continuidade à ação. (Bizu do “foda-se”) Exemplo: Uma pessoa achou um relógio na praia, e o pegou para si. Ela sabe que aquele relógio pode ter sido perdido, ou pode ser de um banhista que está na água, mas ela o pega mesmo assim. O agente então assume o risco desse relógio ser de alguém, aceitando a possibilidade de cometer furto, apesar de não querer que seja. Homicídio culposo ato praticado sem intenção de produzir o delito e que, embora haja culpa, ocorreu sem que o agente pudesse prever as consequências. Resulta de negligência, imperícia ou imprudência. Esse tipo de homicídio é subdividido em: • Culpa Consciente: não quer cometer nenhum delito, não assume o risco e pensa que pode evitar. Prevê o resultado. (Bizu do “fudeu”) Exemplo: Um motorista está dirigindo em alta velocidade. Ele vê um pedestre atravessando a rua correndo, em sua frente. Ele sabe que poderá atropelar a pessoa, mas acredita que o pedestre conseguirá atravessar. Porém, acaba não dando tempo e o agente atropela o pedestre. Nesse caso, apesar de prever o resultado, o agente realmente acha que ele não aconteceria. Quando não tem atividade encefálica NÃO se fala em homicídio, pois é necessária uma vida viável. ➢ Imprudência: agir precipitadamente, fazer o que não devia. Exemplo: motorista dirigindo em velocidade acima da permitida. ➢ Negligência: agir desidiosamente (irresponsabilidade), deixar de fazer o que devia. Exemplo: médico que, ao realizar uma cirurgia, esquece um bisturi dentro do paciente. ➢ Imperícia: agir sem a habilidade necessária para tal. Exemplo: engenheiro elétrico que assina o projeto de construção de um grande edifício. (Nesse caso o profissional habilitado para tal seria um engenheiro civil) 3 • Culpa inconsciente: não quer que nada aconteça, não prevê o resultado, apesar de ser previsível. Exemplo: O agente está dirigindo em alta velocidade próximo de uma escola. Por não prever que alguém fosse passar naquele momento, não diminui sua velocidade e acaba por atropelar uma criança. Nesse caso, apesar de ser previsível que uma criança pudesse atravessar a rua, ele não previu que isso aconteceria. Por imprudência, acabou por atropelar a vítima. Qual maior diferença de dolo eventual e culpa consciente? No dolo eventual, apesar de o sujeito não desejar o resultado danoso, prevê e aceita a possibilidade do resultado. − “Não quero que aconteça, mas se vier a acontecer foda-se”. Na culpa consciente, o agente prevê a possibilidade do resultado danoso, mas acredita sinceramente que não irá acontecer. − “É pode acontecer, mas não vai, claro que não vai, eu sei o que estou fazendo.... - Acontece o fato: FUDEU!”. Homicídio – Art. 121/CP Sujeito ativo: é qualquer pessoa; Sujeito passivo: também é qualquer pessoa, com qualquer condição de vida, saúde, posição social, raça, sexo, estado civil, idade, convicção filosófica, política ou religiosa ou orientação sexual; Objeto jurídico: é a vida humana; Objeto material: é a pessoa que sofreu a agressão; Elementos objetivos do tipo: matar (eliminar a vida) e alguém (pessoa humana); Elemento subjetivo do crime: é o dolo ou a culpa, conforme o caso; Classificação: comum, material, de forma livre, comissivo (em regra), instantâneo. Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. • Homicídio doloso simples: matar alguém (art.121). • Caso de diminuição de pena (homicídio privilegiado): § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Sobre a diminuição de pena: Matar alguém impelido por motivo de relevante valor social OU impelido por motivo de relevante moral OU AINDA sob domínio de violenta emoção, logo após injusta 4 provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. *Sendo todos esses fatores subjetivos. §1º, 121/cp. Ex1: matar estuprador por grande valor social, atendendo a toda uma sociedade; Ex2: matar paciente em estado terminal por valor moral (não exige temporariedade); Ex3: matar estuprador logo após o fato (estuprou sua filha, ela chega em casa gritando e você logo sai atrás do meliante), sendo assim um homicídio conduzido pela emoção; Ex4: marido mata a mulher depois de pegar ela no flagra transando com outro homem, nesse caso pode se alegar uma injusta provocação, também configurando feminicídio. • Qualificadoras do homicídio (homicídio qualificado):§ 2º Se o homicídio é cometido por: I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo torpe (repugnante). ex: matar em troca de um iphone. *lembrar que esse inciso também é subjetivo, pode haver mais interpretações e casos enquadrados em motivos torpes. II. por motivo fútil (matar alguém praticamente por nada, por uma banalidade) ex: matar alguém porque pisou no seu pé nas ladeiras de Olinda. ***Lembrando que homicídio gratuito NÃO é qualificado como fútil, pois neste caso não existe motivo nenhum. III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum IV. à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido V. para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. Pena – reclusão, de doze a trinta anos. **as qualificadoras têm interpretação analógica, o que significa dizer que é possível se deixar a interpretação “aberta”, pois tem fórmula genérica, se fazendo uma extensão in malam partem ou in bonam partem. ➢ Qualificadora: altera as penas mínima e máxima do tipo, além de trazer novas elementares para o tipo, caracterizado por ser um tipo derivado autônomo ou independente. Sua análise será na primeira fase da dosimetria da pena (pena base). *** Apenas lembrando que as três fases da dosimetria são: 1ª: pena base; 2ª: atenuantes e agravantes; e 3ª: causas de diminuição e aumento de pena. ➢ Majorante (aumento de pena): é uma causa de aumento de pena, aplicando-se uma fração à sanção estabelecida no tipo penal e, consequentemente, deve ser levada em consideração na 3ª fase da dosimetria da pena. Ao contrário do que visto na parte voltada para as qualificadoras, as majorantes não estabelecem novos elementos no tipo penal, apenas trazem algumas circunstâncias que implicam no aumento da pena. ➢ Agravante: são aquelas circunstâncias que devem ser levadas em consideração na segunda fase da dosimetria da pena, após a fixação da pena base e da consideração das atenuantes. 5 • Feminicídio: I. contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: II. contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: III. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I. violência doméstica e familiar; II. menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Sobre o feminicídio: tem como sujeito passivo (necessariamente) uma mulher, já o sujeito ativo pode ser qualquer um (homem ou mulher). Esse tipo penal é causado por menosprezo ou discriminação à condição de mulher, no cenário de violência doméstica ou familiar. É uma qualificadora e um crime comum. ***O femicídio não é qualificado, pois é a morte de qualquer mulher. Para tal crime a pena é reclusão de doze a trinta anos. • Homicídio Culposo: § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Sobre o homicídio culposo: não tinha a intenção de causar o óbito, mas isso acontece por imperícia, imprudência ou negligência. Esse crime não admite tentativa. • Aumento de Pena: § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: I. durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II. contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 6 limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III. na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV. em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Sobre o aumento da pena: com previsão legal no artigo 121, §4º ao §7º do CP o aumento de pena terá os seus critérios específicos para cada crime de homicídio. ** Ler a lei seca. *** Para crimes contra a vida o julgamento cabe, exclusivamente, ao tribunal do júri. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou automutilação – Art. 122/CP Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: I. se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II. se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. Sobre o induzimento ao suicídio: Nesse caso na cena do crime é preciso estar presente o protegido pelo bem jurídico e o acusado, aquele que induziu, instigou ou auxiliou. Tendo pena de reclusão de seis mesesa dois anos, podendo variar de acordo com o crime http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22iii 7 (previsão nos parágrafos do artigo), pois o legislador previu diferentes patamares de pena para tal crime. ** Se a vítima vier a óbito configurará homicídio, nos requisitos do §3º. Infanticídio – Art. 123/CP Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Sobre o infanticídio: Conduta onde a mãe (parturiente) mata o PRÓPRIO filho durante o parto ou logo após (a doutrina diz que a temporalidade se dá enquanto perdurar o estado emocional puerperal) sob a mera influência do estado puerperal. A pena para esse crime é detenção de 2 a 6 anos. ** Tal crime traz uma punição muito menos gravosa que o homicídio, apesar de ser um crime grave, mas o legislador entendeu que o desvalor da conduta dessa mãe é menor por conta das perturbações emocionais que se despertam no estado puerperal. É punido de uma pena privilegiada. • Aqui se tutela a vida EXTRA UTERINA, o sujeito passivo (criança) precisa nascer com VIDA. É um crime próprio! • Se a mãe mata filho de outra pensando ser o seu filho movida pelo estado puerperal também se considera infanticídio, pois é erro de tipo, previsto no artigo 20, §3º/cp. ***Se a mãe SOUBER que o filho não é seu considera-se homicídio. Aborto – Art. 124 ao 128 /CP Aqui o objeto tutelado é a vida INTRA UTERINA e o momento consumativo é quando se interrompe a gestação. • Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento: Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detenção, de um a três anos. Conceito: previsto no artigo 124 do CP com pena de detenção de um a três anos, sendo um crime de médio potencial ofensivo. *É um crime próprio, mas na modalidade de auto aborto é crime de mão própria. Ex.: gestante tomar citotec ou fazer alguma manobra que lhe provoque o aborto ou consentir que terceiro o faça. ***O sujeito ativo é APENAS A MÃE!!! • Aborto provocado por terceiro: Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 8 Conceito: previsto no artigo 125/cp, onde um terceiro pratica aborto em uma gestante SEM O CONSENTIMENTO DA MESMA. Sendo mais gravoso, a pena é de reclusão de 3 a 10 anos. • ** Artigo 126/CP – terceiro provocar aborto COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE, é uma pena mais grave de reclusão de 1 a 4 anos. Aqui o sujeito ativo é quem provoca o aborto, que foi consentido pela mãe. * é uma exceção a teoria monista Parágrafo Único – É aplicada uma pena maior (a do artigo 125) caso a gestante não seja maior de 14 anos, se é alienada ou mentalmente incapaz, ou ainda, se esse consentimento for obtido por fraude, grave ameaça ou violência. • Forma qualificada: Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Conceito: presente no artigo 127/CP. É uma marjorante!!! A denominação qualificada é um erro técnico do legislador. Se provocado pela própria mãe não há aumento, esse aumento só é válido para terceiros, pois não se pune a auto lesão. As causas de aumento de pena nesse artigo são de um terço se em consequência do aborto ou meios empregados a gestante sofre lesão corporal de natureza grave e são duplicadas, se por qualquer dessas causas, a gestante vier a óbito. • Artigo 128 – Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário: I. se não há outro meio de salvar a vida da gestante; * nesse caso não é necessária prévia autorização, ex.: a paciente chega desacordada e a única maneira do médico salva-la é interrompendo a gestação. Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (aborto piedoso): II. se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. * Se o produto da concepção, por laudo médico, for constatado como anencéfalo não há de se falar em vida, logo também é legal a realização do aborto nesse caso específico. **Não se fala em abortamento, pois não há vida, é interrupção da gestação. *** Nesse caso é preciso de autorização judicial!!! Lesão Corporal – Art. 129/CP Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 9 Conceito: É punido aquele que ofende a saúde física ou mental de outrem, por exemplo: espanca, morte ou ofende oralmente. ** Precisa deixar marcas, não é como a vias de fato que não deixam marcas. Crime material, sendo necessária a realização de perícia traumatológica para atestar a veracidade do crime. • Lesão corporal (leve): Artigo 129 do código penal. Apesar de ser um crime de natureza grave a pena é de menor grau de gravidade (por se tratar de uma lesão leve), podendo ser de detenção de 3 meses a 1 ano. Ex.: em uma discussão acalorada fulano dá soco no olho de ciclano, esse melhora em 15 dias. Outro exemplo é um tiro de raspão, sem o dolo. • Lesão corporal de natureza grave: Presente nos parágrafos §1º e §2º (lesão de natureza gravíssima) do artigo 129, são qualificadoras. §1º - Se resulta: I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; (é preciso ser feito reexame para comprovação. Ex.: leva uma pisa e quebra a perna, assim deixa de fazer as coisas que comumente fazia) II. Perigo de vida; (Ex.: leva facada em área irrigada, mas não tinha intenção de matar) III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função; (Ex.: mão que perde a força, perda da visão de um dos olhos, etc.) IV. Aceleração de parto; (Ex.: tem uma discussão com uma gestante e isso causa a aceleração do parto da mesma) Pena – RECLUSÃO, de 1 a 5 anos. §2º - Se resulta: (aqui se leva em consideração a permanência das lesões) I. Incapacidade permanente para o trabalho; II. Enfermidade incurável; (Ex.: é espancado e precisa ficar para sempre fazendo hemodiálise devido aquele fato) III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV. Deformidade permanente; (Ex.: lesão estética. **mesmo que, por exemplo, sejam feitos tratamentos para melhora da lesão, ela ainda existe, logo se configura lesão gravíssima) V. Aborto; (Ex.: sabia que aquela mulher estava gestante e mesmo assim a agrediu, vindo a findar com a vida do feto) Pena – RECLUSÃO, de 2 a 8 anos. • Lesão corporal seguida de morte: também conhecido como crime peter doloso. §3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agentenão quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. Tem pena de reclusão de 4 a 12 anos. ** tinha o dolo de machucar, mas não de matar, logo é culposo. 10 • Diminuição de pena: É a lesão corporal privilegiada. Pode se diminuir a pena de um sexto até um terço e pode ser aplicada em qualquer modalidade de lesão corporal diante dos requisitos da redação do seguinte parágrafo: §4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. • Substituição de pena: se da diante da seguinte redação do parágrafo quinto: §5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II. Se as lesões são recíprocas; • Lesão corporal culposa: Parte sempre da mesma pena sendo leve, grave ou gravíssima, mas pode ter aumento de pena. §6º - Se a lesão é culposa: Pena de DETENÇÃO de 2 meses a 1 ano. • Aumento de pena: §7º - Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 do Código Penal. §8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no §5º do art. 121. • Violência doméstica: §9º - Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. §10º - Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). §11º - Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. §12º - Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. ** Não existia no código e foi implementado pela lei maria da pena, mas nesse caso de lesão corporal, independe-se de gênero (podendo o polo ser do gênero fem ou masc). Crimes Contra a Honra – Art. 138/CP Primeiro, para entender-se os crimes contra a honra humana, é preciso saber conceituar e diferenciar os tipos de honra existentes. Honra é um conceito que advém da avaliação da conduta social ou do estado social de um indivíduo e de suas ações, sendo assim, a honra pode se caracterizar como um sentimento de dignidade e boa http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 11 reputação, perante um grupo de pessoas, toda a sociedade ou si mesmo. A honra se subdivide em dois grupos: I. Honra Objetiva: Que é a maneira que um indivíduo é visto perante um grupo social, como é a sua imagem diante daquelas pessoas. É uma questão externa ao sujeito ofendido. II. Honra Subjetiva: É o que aquele indivíduo entende sobre si mesmo, é uma questão interna. • Calúnia: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. §1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. §2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade §3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I. se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II. se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III. se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Sobre a calúnia: Tutela a honra objetiva; Requer que o fato seja definido como crime, ex: roubo, estupro, etc.; É um crime comum; Precisa ser atribuído falsamente; Quem espalha a informação também comete calúnia; É possível provar a verdade da acusação, assim deixando de ser caluniosa, mas existem exceções, estas dispostas no §3º, art. 138. (exceção da verdade) O momento de consumação da calúnia é quando a ofensa chega ao conhecimento de terceiros, pois essa tutela a honra objetiva (que é a leitura que terceiros tem do agente passivo). • Difamação: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Sobre a difamação: Essa é uma tutela de honra objetiva; Atribui-se fato concreto e ofensivo a sua reputação, mesmo que o fato seja verdadeiro é possível dar-se como difamação e pior se for falso; A exceção da verdade somente é admitida se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções; O momento de consumação da difamação é quando a ofensa chega ao conhecimento de 12 terceiros, pois essa tutela a honra objetiva, bem como a calúnia. • Injúria: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I. quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II. no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Sobre a injúria: Tutela a honra subjetiva; Ofende a dignidade ou decoro de alguém; A consumação dar-se-lhe-á quando o polo passivo ficar sabendo da ofensa, pois nesse tipo penal é tutelada a honra subjetiva. A injúria pode ser verbal ou escrita; O ofendido pela injúria que deve procurar a justiça, é uma ação privada; Nesse tipo penal não é cabível a prova da verdade. Injúria real se da quando o ato passa da verbalização, por exemplo, além de chamar alguém de feio(a) arrasta a vítima pelo chão com a intenção de humilha-la. Neste caso o réu responderá pena correspondente a violência cometida e a pena do ato injurioso será duplicada. • Disposições Comuns: Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I. contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II. contra funcionário público, em razão de suas funções; III. na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; IV. contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. • Exclusão do Crime: Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I. a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II. a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III. o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou 13informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. • Retratação: Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. Dos crimes contra o Patrimônio – Art. 155/CP Patrimônio se conceitua como os bens pessoais de alguém. • Furto: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Sobre o furto: Para constituir o furto é preciso querer se apossar do bem alheio; É um crime material, seu momento consumativo é quando se toma posse do bem; Furto cabe tentativa; O furto para uso NÃO se pune; É um crime de médio potencial ofensivo; O §2º fala sobre o furto qualificado, que é aquele de pequeno valor ou furto mínimo. Seus requisitos são: primariedade e pequeno valor da coisa subtraída; Crime comum, material, instantâneo, plurissubsistente em regra e unissubjetivo. • Furto Qualificado: § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 14 (crime de elevado potencial ofensivo) I. com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; Conceito: Tem que servir para evitar a subtração da coisa; para que se configure esse inciso o rompimento deve ser de um obstáculo que esteja ali para proteger, evitar um furto. A exemplo temos um cadeado em uma grade ou o vidro de um carro para furtar objeto em seu interior. ***lembrando que de acordo com a jurisprudência a quebra de vidraça para furtar o carro em si não qualifica a ação II. com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; Conceito: Furto com abuso de confiança é aquele em que a pessoa se aproveita da confiança depositada em si comete um crime. Ex.: furta uma joia. ***Nem sempre a relação empregatícia vai configurar furto qualificado por abuso de confiança, pois nem toda relação patrão-empregado tem confiança Furto mediante fraude é quando um indivíduo ilude o outro, tirando sua vigilância, para tomar algo (furtar) sem que aquela pessoa perceba. Ex.: alguém se faz de funcionário da internet para entrar na casa de outrem e furtar objeto dali. Furto mediante escalada ou destreza (ex.: furto de carteira no meio da multidão), escavar também se encaixa nessa categoria. Ex.: roubo do banco central de Fortaleza/CE. ***Para se qualificar nesse tipo penal é preciso haver certa dificuldade na escalada ou escavação. III. com emprego de chave falsa; Conceito: o emprego de chave falsa, para ingresso em um apartamento ou carro. ***Precisa ter formato de uma chave, ter sido fabricado justamente para esse tipo de ação. IV. mediante concurso de duas ou mais pessoas. Conceito: se entende como ação facilitada quando executada por mais agentes. § 4º. A - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. § 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. § 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. • Furto de coisa comum: Art. 156 Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Conceito: é um furto de algo que pertence a mim, mas ao outro também. Ex.: furtar de uma conta conjunta. É uma infração penal de menor potencial ofensivo. 15 Do roubo e da extorsão – Art. 157/CP O roubo é classificado doutrinariamente como crime complexo, pois resulta da fusão de dois outros delitos (furto e lesão corporal leve). Art. 157 Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: (roubo próprio) Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Sobre o roubo: Contém dois tipos de violência: própria (ex.: dar uma surra) e impropria (ex.: boa noite cinderela); A violência é contra a pessoa, não contra a coisa; É um crime comum, tendo como agente ativo qualquer um que cometer os tipos descritos, já o sujeito passivo pode ser o dono do bem ou quem sofreu a violência, até mesmo ambos; Cabe tentativa, pois é um crime plurissubjetivo; Tem como consumativo assim que retira o bem da pessoa. • Roubo impróprio: § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Conceito: “Nasceu furto, virou roubo”. Emprega violência afim de assegurar a impunidade daquela subtração ou para manter a detenção da coisa, para si ou para terceiro. ***A violência é empregada DEPOIS da subtração da coisa. • Causas de aumento de pena: § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: I. (revogado); II. se há o concurso de duas ou mais pessoas; III. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV. se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V. se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI. se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII. se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; § 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I. se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (emprego de arma de fogo (real), a arma de fogo não precisa ser apreendida ou periciada, mas precisa de um depoimento claro) II. se há destruiçãoou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo 16 ou de artefato análogo que cause perigo comum. (destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou artefato que cause perigo comum) § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (pena de 8 a 20 anos e multa) • Roubo qualificado: § 3º Se da violência resulta: I. lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II. morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Conceito: crimes de elevado potencial ofensivo; a morte precisa estar no contexto de roubo; julgado pelo juiz da vara; se consuma com a morte. a execução da morte pode acontecer durante a subtração da coisa ou depois, para assegurar o mantimento dela, não é preciso que ocorra imediatamente, mas precisa estar naquele contexto de roubo. Súmula 610 do STF; se não ocorre a morte o latrocínio é tentado; conhecido como latrocínio. • Extorsão: Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Sobre a extorsão: Se consuma quando se obtém uma vantagem ilícita ou o mero constrangimento da vítima; Nesse tipo penal sem a colaboração da vítima não há como obter a vantagem; É um crime formal e estará logrado desde o constrangimento da vítima, independentemente de obter ou não a vantagem. Caso venha a obter a vantagem ilícita o crime estará consumado e exaurido; Apesar de difícil cabe sim tentativa na extorsão; É um crime comum. • Causa de aumento de pena: § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. • Extorsão qualificada: § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. (se resultar lesão corporal grave ou morte aplica-se as mesmas medidas do roubo) • “Sequestro-relâmpago”: § 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, 17 aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. • Extorsão mediante sequestro: Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. * Nesse tipo penal o polo passivo obrigatoriamente será uma pessoa. * É um crime permanente, formal e se consuma no momento do sequestro. • Qualificadoras do crime: § 1º - Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. • Delação premiada: § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. • Extorsão indireta: Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Da apropriação indébita – Art. 168/CP Embora tenha a posse ou detenção da coisa, sabe- se que não é proprietário e passa a utiliza-la como se fosse dono. Ex.: colocar a venda um celular que lhe foi emprestado. Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Sobre a apropriação indébita: O sujeito ativo é a pessoa que tem posse ou a detenção da coisa alheia; Já o sujeito passivo é o senhor da propriedade ou posse da coisa dada (emprestada) ao sujeito ativo; É um crime comum; Tem seu momento consumativo é no momento da inversão do animus, quando ocorrer a apropriação da coisa alheia; Crime de médio potencial ofensivo; A tentativa é admissível na forma plurissubsistente. • Aumento de pena: § 1º A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I. em depósito necessário; (uma pessoa se compromete, por imperativo de lei, a cuidar dos bens de alguém. 18 Ex.: pai e mãe têm que cuidar dos bens dos filhos, mas se apropria indevidamente.) II. na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III. em razão de ofício, emprego ou profissão. • Apropriação indébita previdenciária: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. (Ex.: empregador não repassa a contribuição recolhida dos funcionários) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I. recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II. recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III. pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I. tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II. o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. • Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza: Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre: • Apropriação de tesouro: I. quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; • Apropriação de coisa achada: II. quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou 19 legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Art. 170. Noscrimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Do estelionato e outras fraudes – Art. 171/CP No estelionato aplica-se uma fraude, exemplo é criada uma historinha para receber doações pelo twitter. O sujeito ativo já está agindo de má-fé antes mesmo de conseguir o bem. Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. § 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. Sobre o estelionato e outras fraudes: O sujeito ativo é qualquer pessoa na modalidade genérica e nos casos previstos no §2º é preciso ser pessoa envolvida em algum negócio ou o dono, ou legítimo possuidor, de determinada coisa; Já o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa na forma genérica; O objeto jurídico é o patrimônio e o objeto material é a vantagem obtida ou a coisa alheia, bem como a pessoa que incide em erro; Classificado como crime comum e próprio, material, comissivo e instantâneo; Admite-se tentativa; Tem como momento consumativo quando a vítima sofrer a perda patrimonial. § 2º Nas mesmas penas incorre quem: • Disposição de coisa alheia como própria: I. vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; • Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria: II. vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; • Defraudação de penhor: III. defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; • Fraude na entrega de coisa: IV. defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; • Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro: V. destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio 20 corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; • Fraude no pagamento por meio de cheque: VI. emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. § 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. • Estelionato contra idoso: § 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I. a Administração Pública, direta ou indireta; II. criança ou adolescente; III. pessoa com deficiência mental; ou IV. maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. • Duplicata simulada: Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. • Abuso de incapazes: Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiros: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa. • Induzimento à especulação: Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. • Fraude no comércio: Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: I. vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; II. entregando uma mercadoria por outra: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 2º É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. • Outras fraudes: Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar- se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: 21 Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. • Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações: Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. § 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: I. o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; II. o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III. o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiros, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembleia geral; IV. o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; V. o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; VI. o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; VII. o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer; VIII. o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; IX. o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. § 2º Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. • Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant”: Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. • Fraude à execução: Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa. 22 Da receptação – Art. 180/CP O tipo penal do crime de receptação simplesé formado de dois focos, constituindo duas condutas autonomamente puníveis. A primeira denominada receptação própria que concretiza-se pela aplicação alternativa dos verbos adquirir (obter, comprar), receber (aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar), transportar (levar de um lugar a outro), conduzir (tornar-se condutor, guiar) ou ocultar (encobrir ou disfarçar) coisa produto de crime. Nesse caso, tanto faz o autor praticar uma ou mais condutas, pois responde por crime único (ex.: aquele que adquire e transporta coisa produto de delito comete uma receptação). A segunda denominada receptação imprópria é formada pela associação de influir (inspirar ou insuflar) sobre alguém de boa-fé para que este adquira (obter ou comprar), receba (aceitar em pagamento ou aceitar) ou oculte (encobrir ou disfarçar) coisa produto de crime. Nessa hipótese, se o sujeito influir para que a vítima adquira e oculte a coisa produto de delito, estará cometendo uma única receptação. Ocorre que a receptação, tal como descrita no caput do art. 180, é um tipo misto alternativo e, ao mesmo tempo, cumulativo. Assim, adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar coisa originária de crime é conduta alternativa, o mesmo ocorrendo com a influência sobre terceiro para que adquira, receba ou oculte produto de crime. Mas se o agente praticar as duas condutas fundamentais do tipo, estará cometendo dois delitos (ex.: o agente adquire coisa produto de crime e depois ainda influencia para que terceiro de boa-fé também o faça). A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral. Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Sobre a receptação: É classificado crime comum, material (no caso receptação própria) e formal (na receptação imprópria), de forma livre, comissivo, instantâneo, etc; Admite-se tentativa; O momento consumativo se dá quando houver prejuízo para a vítima em face do seu distanciamento da coisa que lhe foi tomada; • Receptação qualificada: § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. § 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. § 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na 23 receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. § 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. • Receptação animal: Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. • Disposições gerais: Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I. do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II. de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I. do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II. de irmão, legítimo ou ilegítimo; III. de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I. se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II. ao estranho que participa do crime; III. se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual – Art. 213 a 234/CP • Estupro: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena – reclusão, de 6 a 10 anos. Sobre o Estupro: Os sujeitos ativos e passivos podem ser qualquer pessoa; O objeto jurídico desse tipo penal é a liberdade sexual da pessoa humana; Já o objeto material é a pessoa que sofre o constrangimento; Tem-se como elementos objetivos do tipo o constranger (tolher a liberdade, força ou coagir) alguém (pessoa humana) mediante emprego de violência ou grave ameaça, à conjunção carnal (cópula entre pênis e vagina), ou à pratica (forma comissiva) de outro ato libidinoso (qualquer 24 contato que propicie a satisfação do prazer sexual, como, por exemplo, o sexo oral ou anal, ou o beijo lascivo), bem como a permitir que com ele se pratique (forma passiva) outro ato libidinoso. A Lei 12.015/2009 unificou os tipos penais dos arts. 213 e 214 em uma só figura (art. 213), tornando-o tipo misto alternativo. Portanto, a prática da conjunção carnal e/ou de outro ato libidinoso, contra a mesma vítima, no mesmo contexto, é crime único. A pena é de reclusão, de seis a dez anos. Conferir o capítulo XII, item 2.1, da Parte Geral. Já o elemento subjetivo do crime é o dolo; O elemento subjetivo do tipo específico é a finalidade de obter a conjunção carnal ou outro ato libidinoso, satisfazendo a lasciva. Ainda que haja intuito vingativo ou outro qualquer na concretização da prática sexual, não deixa de envolver uma satisfação mórbida do prazer sexual; Classifica-se como crime comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente; A tentativa é admissível, embora de difícil comprovação; Em relação ao momento consumativo basta a introdução, ainda que incompleta, do pênis na vagina, independentemente de ejaculação ou satisfação efetiva do prazer sexual, sob um aspecto; e com a prática de qualquer ato libidinoso, independentemente de ejaculação ou satisfação efetiva do prazer sexual, em outro prisma; Antes da reforma do código penal, com o advento da lei 12.015, o estupro era unicamente junção carnal (pênis/vagina) e antes era dado “apenas” como atendado violento ao pudor; Se a vítima do estupro for um vulnerável já se modifica o tipo penal, passando a ser o art, 217-A. → O verbo núcleo desse tipo penal é o constrangimento. Qualquer ato libidinoso caracteriza o estupro, não precisa necessariamente haver penetração, pode, por exemplo, ocorrer nas “preliminares”. Ex.: pegar alguém a força e “você vai me beijar agora” e beija a pessoa usando de violência, configura estupro. Também pode ocorrer de forma virtual. Ex.: constranger alguém ameaçando a mandar fotos nuas; Para que se configure estupro a violência precisa partir de um dissenso,ou seja, a vítima não autorizou o ato; → Uma relação pode começar consensual, mas durante o ato uma das partes pode não querer mais e dizer não, se o parceiro continuar o ato se classifica como estupro. A palavra da vítima tem especial preponderância (mesmo assim tudo precisa ser analisado); Independentemente do tipo de estupro vai se classificar como crime hediondo; § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena – reclusão, de 8 a 12 anos. § 2º Se da conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 12 a 30 anos. As qualificadoras do estupro estão expostas nos incisos 1º e 2º do artigo 213 do CP; 25 No inciso 1º temos a qualificadora gerando pena de reclusão de 8 a 12 anos, isso acontece se o crime for cometido contra vítima menor de 18 e maior de 14 anos. Lembramos que o cometimento de estupro contra menor de 14 anos encontra-se regulado pelo art. 217-A; Já o inciso 2º trata sobre o crime qualificado pelo resultado lesões graves, caso a conduta do agente, exercida com violência ou grave ameaça, resultar lesão corporal de natureza grave (são hipóteses descritas no art. 129, §§ 1º e 2º, do CP) para a vítima, a pena é de reclusão, de oito a doze anos. O delito qualificado pelo resultado pode dar-se com dolo na conduta antecedente (violência sexual) e dolo ou culpa quanto ao resultado qualificador (lesão grave). Logo são as seguintes hipóteses: a) lesão grave consumada + estupro consumado = estupro consumado qualificado pelo resultado lesão grave; b) lesão grave consumada + tentativa de estupro = estupro consumado qualificado pelo resultado lesão grave, dando-se a mesma solução do latrocínio (súmula 610 do STF). Ainda existe a hipótese onde o crime se qualifica pelo resultado morte, caso a conduta do agente, exercida com violência ou grave ameaça, resultar em morte da vítima, a pena é de reclusão, de 12 a 30 anos. O crime pode ser cometido com dolo na conduta antecedente (violência sexual) e dolo ou culpa quanto ao resultado qualificador (morte). Afiguram-se as seguintes hipóteses: a) estupro consumado + morte consumada = estupro consumado com resultado morte; b) estupro consumado + homicídio tentado = tentativa de estupro seguido de morte; c) estupro tentado + homicídio tentado = tentativa de estupro seguido de morte; d) estupro tentado + homicídio consumado = estupro consumado seguido de morte. Tecnicamente, dá-se uma tentativa de estupro seguido de morte, pois o delito sexual não atingiu a consumação. Porém, tem-se entendido possuir a vida humana valor tão superior à liberdade sexual que, uma vez atingida fatalmente, deve levar à forma consumada do delito qualificado pelo resultado. É o que ocorre no cenário do latrocínio, cuja base é a Súmula 610 do STF (“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima”). 26 • Violação sexual mediante fraude: Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Sobre a Violação sexual mediante fraude: Os sujeitos ativos e passivos podem ser qualquer pessoa; O objeto jurídico é a liberdade sexual, já o objeto material é a pessoa que sofre o constrangimento; Os elementos objetivos do tipo são ter (obter ou conseguir) conjunção carnal (cópula entre pênis e vagina) ou praticar (realizar, executar) outro ato libidinoso (qualquer contato apto a gerar prazer sexual) com alguém (pessoa humana), mediante fraude (manobra, engano, logro) ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. A pena é de reclusão, de dois a seis anos. Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral; Elemento subjetivo do tipo específico é a finalidade de satisfazer a lascívia, por meio da conjunção carnal ou outro ato libidinoso, implícita no tipo. Ainda que haja intuito vingativo ou outro qualquer na concretização do ato libidinoso, não deixa de envolver uma satisfação mórbida do prazer sexual (ver Parte Geral, capítulo XIII, item 2.1). É que se pode chamar de elemento subjetivo de tendência (a ação segue acompanhada de determinado ânimo, que é indispensável à sua realização), tal como se dá nos delitos sexuais (cf. Bustos Ramírez, Obras completas, v. I, p. 834). Igualmente: Jiménez Martínez, Elementos de derecho penal mexicano, p. 514; Elemento subjetivo do crime é o dolo (ver o capítulo XIV da Parte Geral); Classificado como crime: comum (pode ser cometido por qualquer pessoa); material (o resultado naturalístico é o efetivo constrangimento à liberdade sexual sofrido pela vítima, com eventuais danos físicos e traumas psicológicos); de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente); comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Sobre a classificação dos crimes, ver o capítulo XII, item 4, da Parte Geral. Tentativa é admissível. Momento consumativo se dá com a prática da introdução do pênis na vagina, ainda que parcial, independentemente de ejaculação ou satisfação efetiva do prazer sexual, ou com a realização de qualquer outro ato libidinoso, não se exigindo a efetiva satisfação sexual. Na forma qualificada desse crime a pena é acrescida de multa, caso o crime seja cometido com o fim de obter vantagem econômica. Ressalte-se, entretanto, a dificuldade de se imaginar um delito sexual, cometido com emprego de fraude, visando qualquer tipo de lucro. Afinal, não se trata de atividade ligada à prostituição. Logo, de rara configuração a implementação da pena pecuniária. • Importunação sexual: Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: 27 Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. Sobre a Importunação Sexual: O sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa; O objeto jurídico é a liberdade sexual; Já o objeto material é a pessoa a quem o ato libidinoso é dirigido; Os elementos objetivos do tipo são: praticar, que significa realizar, executar algo ou exercitar, em suas formas básicas, é o verbo principal. A realização refere-se a um ato libidinoso (ato voluptuoso, lascivo, apto à satisfação do prazer sexual). Para deixar claro a existência de uma vítima direta – e não algo voltado à coletividade (como é o caso da prática de ato obsceno – art. 233, CP), inseriu-se a expressão contra alguém (contra qualquer pessoa humana, sem distinção de gênero). Mesmo sendo desnecessário, ingressou-se com elementos pertinentes à ilicitude, moldando a expressão sem a sua anuência (sem autorização, sem consentimento válido). E, finalizando, o tipo penal indica a finalidade específica do ato libidinoso, que é praticamente óbvia: satisfação da própria lascívia (prazer sexual) ou de terceiro. A conduta incriminada é a satisfação da lascívia mediante a prática de ato libidinoso; Elemento subjetivo do crime é o dolo. Não há a forma culposa; No caso do elemento subjetivo do tipo específico existe o elemento subjetivo específico, consistente em satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro; Classifica-se como crime: comum (pode ser cometido por qualquer pessoa); material (o resultado naturalístico consistente na efetiva prática do ato libidinoso, visível e certo para a vítima, acarretando-se lesão à sua liberdade sexual); de forma livre (pode ser cometido por qualquermeio eleito pelo agente); comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente; A tentativa é admissível; Momento consumativo: basta a prática do ato libidinoso em direção à vítima, sendo por esta notado. Atingir a satisfação da lascívia do agente não é indispensável para a consumação; Comete o crime de importunação sexual qualquer um que realize ato libidinoso em relação a outra pessoa (com ou sem contato físico, mas visível e identificável), satisfazendo seu prazer sexual, sem que haja concordância válida das partes envolvidas (supondo-se a anuência de adultos). A pena é de reclusão, de 1 a 5 anos, se não constituir crime mais grave (como o estupro). • Assédio sexual: Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 a 2 anos. Parágrafo único. (VETADO). § 2º. A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. Sobre o Assédio Sexual: Sujeito ativo é somente pessoa que seja superior ou tenha ascendência, em relação de trabalho, sobre o sujeito passivo; 28 Já o sujeito passivo é o subordinado ou empregado de menor escalão que o do sujeito ativo; O objeto material é a pessoa que sofre o constrangimento; Sobre os elementos objetivos do tipo podemos esclarecer: Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Constranger tem significados variados – tolher a liberdade, impedir os movimentos, cercear, forçar, vexar, oprimir –, embora prevaleça, quando integra tipos penais incriminadores, o sentido de forçar alguém a fazer alguma coisa. No caso presente, no entanto, a construção do tipo penal não foi bem-feita. Nota-se que o verbo constranger exige um complemento. Constrange-se alguém a alguma coisa. Assim, no caso do constrangimento ilegal (art. 146, CP), força-se alguém a não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela não manda. O tipo penal do art. 216-A, no entanto, menciona, apenas, o verbo constranger, sem qualquer complementação, dando a entender que está incompleto. Afinal, a previsão “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual” é somente elemento subjetivo específico, dizendo respeito à vontade, sem qualquer ligação com a conduta retratada pelo constrangimento, interpretando como um constrangimento ilegal específico, assim como ocorre nos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, com a diferença de que, no caso do assédio, não há violência ou grave ameaça. Assim, deve-se entender que a intenção do autor do assédio é forçar a vítima a fazer algo que a lei não manda ou não fazer o que ela permite, desde que ligado a vantagens e favores sexuais. Quer o agente obter, em última análise, satisfação da sua libido – por isso o favorecimento é sexual – de qualquer forma. A concessão de vantagem sexual não é, por si, ilegal, mas, ao contrário, trata-se de fruto da liberdade de qualquer pessoa. Por isso, somente quando o superior forçar o subordinado a prestar- lhe tais favores, sem a sua concordância livre e espontânea, termina constrangendo a vítima a fazer o que a lei não manda. Em síntese: qualquer conduta opressora, tendo por fim obrigar a parte subalterna, na relação laborativa, à prestação de qualquer favor sexual, configura o assédio sexual; Elemento subjetivo do tipo específico é a finalidade de obter vantagem ou favorecimento sexual; Já o elemento subjetivo do crime é o dolo; Classifica-se como crime: próprio; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso; Tentativa é admissível na forma plurissubsistente. Momento consumativo se determina com a prática do ato constrangedor, independentemente da obtenção do favor sexual; Sobre a causa de aumento de pena: eleva- se em até um terço a pena se a vítima é menor de 18 anos. Naturalmente, demanda-se seja também maior de 14 anos, afinal, investidas contra pessoa vulnerável, com o objetivo de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso constitui estupro ou tentativa de estupro (art. 217-A). • Registro não autorizado da intimidade sexual: Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de 29 nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. Sobre o registro não autorizado da intimidade sexual: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa. Naturalmente, será um (ou mais) dos indivíduos em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado; Objeto jurídico é a dignidade sexual. Embora esteja sob o capítulo I (crimes contra a liberdade sexual), no caso presente, envolve-se a dignidade do ser humano, exposto em sua intimidade e privacidade. Objeto material é conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado (caput) ou a montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro (parágrafo único); Os elementos objetivos do tipo são ass condutas previstas no caput do tipo incriminador são: produzir (criar ou gerar algo), fotografar (registrar na memória de máquina), filmar (registrar algo em filme) ou registrar (inscrever algo na memória de qualquer máquina). O modo pelo qual as imagens serão captadas é livre (“por qualquer meio”). O alvo do registro é o “conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado”. A cena de nudez pode ser total ou parcial, já que o tipo não especifica. Não havia necessidade de se inserir o termo sexual (algo relativo aos órgãos sexuais), pois está embutido no ato libidinoso (qualquer ato envolvendo prazer ou apetite sexual ou sensual). Esse ato – sexual ou libidinoso – é de caráter amplo, abrangendo qualquer espécie de volúpia (conjunção carnal, sexo oral, sexo anal, masturbação etc.). Incluiu-se na descrição típica um elemento normativo, referente à ilicitude: “sem autorização dos participantes”. Porém, havendo a referida autorização, que pode ser verbal ou por escrito, o fato se torna atípico. Vislumbra- se, no parágrafo único, um tipo incriminador, sujeito às mesmas penas. Volta-se à conduta de realizar (colocar algo em prática, criar), cujo objeto é a montagem (junção de peças ou partes de alguma coisa) em qualquer base material apta a captar e inserir imagens e sons (foto, vídeo, áudio etc.) relativa a determinada pessoa nos termos já declinados: em cena de nudez, total ou parcial; praticando ato sexual ou libidinoso, de caráter íntimo (reservado, privado). A diferença da figura prevista no parágrafo único e a do caput é a seguinte: neste último, o agente capta imagens e/ou sons da vítima; no âmbito do parágrafo único, o agente monta quadros envolvendo a vítima, valendo-se de peças separadas (ex.: une fotos, reúne filmes etc.). Geralmente, a montagem é falsa (colocase a vítima em cena libidinosa, juntando fotos que, isoladamente, representam outra coisa), enquanto a captação é autêntica. A pena fixada é de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral; No elemento subjetivo do tipo específico não há na figura prevista no caput. No parágrafo único,
Compartilhar