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9 CRIMES AMBIENTAIS

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2
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
CRIMES AMBIENTAIS
Por Fernanda Evlaine
[footnoteRef:1] [1: Imagem referente ao derramamento de petróleo no Golfo do México. ] 
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS	3
2.	CRIMES EM ESPÉCIE	21
2.1. CRIMES CONTRA A FAUNA	21
2.1.1. Art. 29 - Caça	21
2.1.2. Art. 30 – Exploração irregular de peles e couros de anfíbios e répteis e art. 31 – Introdução irregular de espécime animal no país	23
2.1.3. Art. 32 – Maus Tratos	24
2.1.4. Art. 33 – Perecimento de espécies da fauna aquática	26
2.1.5. Art. 34 – Pesca predatória	27
2.1.6. Art. 35 – Pesca mediante explosivos, substancias tóxicas ou assemelhados	28
2.1.7. Art. 37 – Exclusão do crime	28
2.2. CRIMES CONTRA A FLORA	28
2.2.1. Art. 38 – Destruição, dano ou utilização de floresta de preservação permanente	28
2.2.2. Art. 39 – Corte de árvore em floresta de preservação permanente	29
2.2.3. Art. 40 – Dano a unidades de conservação de proteção integral	30
2.2.4. Art. 41 – Incêndio em mata ou floresta	30
2.2.5. Art. 42 – Soltar balões	31
2.2.6. Art. 44 – Extração de minerais de floresta de domínio público ou de preservação permanente	31
2.2.7. Art. 45 – Transformação da madeira de lei em carvão	31
2.2.8. Art. 46 – Comércio ou industrialização irregular de produtos vegetais	31
2.2.9. Art. 48 – Impedimento ou dificultação de regeneração das florestas ou vegetação	32
2.2.10. Art. 49 – Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada	32
2.2.11. Art. 50 – Destruição ou dano de floresta ou vegetação de especial preservação	33
2.2.12. Art. 51 – Comercialização ou utilização de motosserra sem licença ou registro	34
2.2.13. Art. 52 – Ingresso irregular em unidade de conservação portando substância ou instrumento para caça ou exploração florestal	34
2.2.14. Art. 53 – Causas de aumento de pena	34
2.3. CRIMES DE POLUIÇÃO	34
2.3.1. Art. 54 – Poluição	35
3.	10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER	36
4.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	37
5.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	38
ATUALIZADO EM 12/08/2018[footnoteRef:2] [2: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
CRIMES AMBIENTAIS – LEI N.º 9.605/98
1. INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
O que seria o fenômeno do esverdeamento do Direito?
De acordo com Valério Mazzuoli, “o chamado greening – ou esverdeamento – é o fenômeno que ocorre quando se tenta (e consegue) proteger direitos humanos de cunho ambiental nos sistemas regionais de direitos humanos, que são sistemas aptos (em princípio) a receber queixas e petições que contenham denúncias de violação de direitos civis e políticos”. 
Com efeito, o fenômeno do “esverdeamento” do Direito Internacional, notadamente dos Direitos Humanos no plano universal, diz respeito ao fenômeno de amplificação e intensificação da proteção do Meio Ambiente por meio de julgados de Cortes Internacionais.
Casos célebres: “Comunidade de La Oroya vs. Peru”, “Claude Reyes e outros vs. Chile” e “Comunidades indígenas da Bacia do Rio Xingu x Brasil (Caso Belo Monte)”.
1. Considerações Gerais
 
Com a entrada em vigor da Lei n.º 9.605, de 13/02/98 (Lei dos Crimes Ambientais), o Brasil deu um grande passo legal na proteção do meio ambiente, pois a legislação traz inovações modernas e surpreendentes na repreensão aos delitos ambientais. Em seus 82 artigos, a referida lei atualiza a legislação esparsa, revogando muitos dispositivos, bem como apresentando novas penalidades, reforçando outras existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes, com possibilidade de aplicação de institutos dos juizados especiais (art. 27 da Lei n.º 9605/98 c/c. Lei n.º 9.099/95). 
Ademais, a Lei Ambiental possibilita a corresponsabilidade entre as diversas pessoas que tenham participado do delito, sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor, administrador ou membro da sociedade com poderes decisórios (art. 2º). 
O art. 3o traz a maior novidade da lei, estabelecendo a responsabilização penal da pessoa jurídica independente da pessoa física (“sistema da dupla imputação”). Para isso, é necessário que haja uma decisão tomada no âmbito da empresa, e que esta decisão (cujo resultado represente o crime ambiental) tenha se dado no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. 
Outras inovações dizem respeito à tipificação: dos atos degradatórios da flora como crimes (art. 38 a 53); da extração de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente ou unidade de conservação, sem prévia licença, permissão ou autorização competente; da extração de pedra, areia, cal ou quaisquer espécies minerais; prevendo penas de detenção de seis meses a um ano e multa (art. 44). 
Celso Fiorillo afirma que “os arts. 29 a 37 procuram de fato trazer proteção à fauna enquanto bem ambiental, na medida em que os animais não são sujeitos de direitos, porquanto a proteção do meio ambiente existe para favorecer o próprio homem e, somente por via reflexa, as demais espécies”. Ademais, contém previsão de crimes de poluição a vários elementos como o ar, a água, e demais componentes do meio ambiente que venham a resultar danos à saúde humana ou provoquem mortandade de animais ou destruição significativa da flora (art. 54).
Ainda, elenca os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (art. 62 a 65), proibindo inclusive a pichação ou grafitagem de edificações ou monumentos urbanos (art. 65), com pena de detenção de três meses a um ano e multa. A última grande mudança deu-se em 2006, com a inclusão dos crimes dos arts: 38-A, 50-A e 69-A (Incluídos pela Lei nº 11.284, de 2006). Importante ressaltar que possibilita a condenação do autor do crime ambiental a custear programas ambientais e contribuir com entidades ambientais ou culturais, públicas ou privadas (art. 23,I e IV)[footnoteRef:3]. [3: Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.] 
No mesmo diapasão, as multas administrativas ficaram bem mais inibidoras, podendo atingir significativas cifras, como R$ 50 milhões de reais (art. 75). Importa ressaltar que as denúncias em crimes ambientais não podem ter caráter genérico, conforme entendimento majoritário da jurisprudência dos tribunais superiores. 
Em síntese, a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 prevê um capítulo dedicado aos crimes contra o meio ambiente, apresentando-se subdividido em 05 seções, respectivamente, reservadas: aos crimes contra fauna (Seção I); aos crimes contra a flora (Seção II); à poluição e outros crimes ambientais (Seção III); aos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (Seção IV) e aos crimes administração ambiental (Seção V). 
Quais seriam os fundamentos constitucionais dessas sanções ambientais?
Segundo Celso Fiorillo:
1) Obediência aos fundamentos do estado democrático de direito (art. 1°, CF); 
2) Obediência aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3°, CF); 
3) Adequação ao direito criminal constitucional e ao direito penal constitucional como instrumentos de defesa da vida de brasileiros e estrangeiros residentes no país (art. 5°, CF); 
4) Obediência e adequação ao direito ambiental constitucional (art. 225, CF). Condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambientesujeitam os infratores a sanções penais. Pessoas físicas e jurídicas são consideradas constitucionalmente infratoras diante da condição de poluidoras e estarão sujeitas a sanções penais (art. 225 § 3° CF). 
Mandados de criminalização
#IMPORTANTE: O artigo 225 CF traz menção expressa às medidas de natureza penal. É o que autores como Luiz Régis Prado costumam chamar de Mandados de Criminalização (há acórdãos do STF em que se utiliza a expressão Mandatos de Criminalização). A ideia é de ordem expressa de criminalização de determinadas condutas lesivas ao meio ambiente, no caso, as infrações ambientais.
Nesse caso, conclui-se que os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral.
2. Definição
 
Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente, i.e., o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica, que permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas, descritos na legislação pertinente. 
3. Bem jurídico
 O bem jurídico tutelado pelos crimes previstos na Lei nº 9.605/98 é tanto o meio ambiente como os bens jurídicos correlatos a ele. Dada a sua importância, via de regra, não se admitia a incidência do princípio da insignificância. Nesse sentido, havia vários julgados negando a possibilidade de incidência desse princípio, já que os efeitos de uma determinada lesão ao meio ambiente poderiam vir a aparecer muitos anos depois.
*#OLHAOGANCHO: delitos de acumulação
Os denominados kumulations delikte ou delitos de dano cumulativo ou delitos de acumulação, são aqueles cometidos mediante condutas que, geralmente são inofensivas ao bem jurídico protegido. Só a repetição delas, cumulativamente consideradas, é que pode constituir séria ofensa ao bem jurídico. Pequenas infrações à segurança viária ou ao ambiente, por exemplo, desde que repetidas, cumulativamente, podem constituir um fato ofensivo sério.
Bora voltar.... No julgamento da AP 439 – SP, o STF se deparou com uma obra que incidia sobre 0,02 hectares de uma Área de Proteção Ambiental e que o custo da reparação daquela área seria em torno de R$ 130,00 (cento e trinta reais). O Min. Marco Aurélio, relator do acórdão, sinteticamente diz que não há lesividade suficiente para que essa conduta seja considerada típica. No STJ há alguns julgados em que ficam evidenciadas as hipóteses de incidência da insignificância (a grande maioria envolvendo os crimes de pesca). É necessário frisar que se trata de medida excepcional que deve ser aferida exclusivamente no caso concreto, preenchidos os vetores elencados pelo STF.
Ilustra-se julgado recente que com certeza será cobrado nas próximas provas.
 
#IMPORTANTE: É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais.
Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98. No processo em exame, não se produziu prova material de que tenha havido qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante de crime de perigo abstrato, não é possível dispensar a verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificou no caso concreto.
*#SELIGANADIVERGÊNCIA[footnoteRef:4]: Quinta-feira, 22 de junho de 2017: O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento (julgou inviável) a Habeas Corpus (HC 137652) no qual a Defensoria Pública da União pedia a absolvição de um condenado por crime ambiental, consistente na prática de pesca em local proibido. O ministro rejeitou a aplicação do princípio insignificância ao caso. Segundo os autos, F.C. foi denunciado por crime ambiental, previsto no artigo 34, caput e parágrafo único, inciso II, combinado com o artigo 15, inciso II, alínea “a”, ambos da Lei 9.605/1998, tendo em vista a realização de pesca em local proibido, no litoral do Rio Grande do Sul, em distância inferior a três milhas náuticas da costa marítima e com petrechos não autorizados, como redes de arrasto de fundo. Em seguida, ele foi condenado à pena de 1 ano e 2 meses de detenção em regime aberto e ao pagamento de 10 dias-multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direito. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deu parcial provimento à apelação da defesa apenas para reduzir o valor unitário do dia-multa. Em seguida, foi interposto recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas aquela corte rejeitou o recurso. Contra essa decisão, foi impetrado o HC 137652. No STF, a Defensoria Pública sustentou a aplicação do princípio da insignificância ao caso concreto. Alegou que a conduta do condenado apresentou “mínima ofensividade na seara penal com reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente ante à lesão jurídica provocada”. Nesse sentido, salientou que os fiscais do IBAMA não apreenderam peixes nem petrechos de pesca não autorizados na posse do condenado. De acordo com o relator, ministro Luís Roberto Barroso, não há ilegalidade flagrante ou abuso de poder que autorize a imediata aplicação do princípio da insignificância penal no caso concreto, “especialmente porque o direito penal não deve passar o sinal errado de que os crimes ambientais são menos importantes do que outros”. Para ele, na hipótese, a insignificância penal da conduta funcionaria como “um indesejável incentivo à prática de novos delitos”. O ministro acolheu a linha do parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) segundo o qual o princípio da insignificância é inaplicável, considerando que a conduta descrita nos autos é potencialmente lesiva ao meio ambiente. A PGR considerou que, ao contrário do que fora alegado no HC, a falta de apreensão de peixes ou petrechos pelos fiscais não é suficiente para concluir pela inexpressividade da lesão jurídica provocada. “O paciente, pescador profissional, foi flagrado junto a outros três indivíduos, por três vezes consecutivas, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de arrasto de fundo”, verificou. Ainda nos termos do parecer, como registrado pelas instâncias ordinárias, a pesca em local proibido caracteriza atividade predatória que acarreta sérios danos aos ciclos de reprodução da espécie “e culmina por lesionar, em cadeia, todo o ecossistema”. “Por sua vez, o uso de rede de arrasto pode causar impactos ambientais relevantes na medida em que implica a captura de grandes quantidades de espécies – visadas e não visadas pelo agente –, bem como na destruição de vegetação aquática submersa, principalmente em se tratando de leitos de águas rasas, como é o caso do Estuário Lagoa dos Patos”, avaliou. [4: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=347409. ] 
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método nãopermitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
Resumindo, em prova de primeira fase, se a alternativa afirmar que é possível, de acordo com o recente entendimento dos Tribunais Superiores, a aplicação do princípio da insignificância, julgue como CORRETO! Está é, ainda, a posição que prevalece. A decisão acima colacionada (HC 137652) é isolada.
OBS: A maioria das infrações penais previstas nesta lei é de menor potencial ofensivo. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a instauração de ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da independência das instâncias penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
4. Desconsideração da personalidade jurídica
Prevista no artigo 4° Lei nº 9.605/98. Para a doutrina majoritária, esse artigo não se aplica na esfera penal, constituindo ofensa ao princípio da intranscendência e da personalidade da pena. A ideia de desconsiderar a personalidade jurídica é transferir responsabilidades e se aplica nos casos em que a pessoa jurídica é um anteparo para a prática de atos. A aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no Direito Ambiental filia-se a teoria menor[footnoteRef:5]. [5: (MPE-SC – Promotor de Justiça/2016): Segundo a Lei n. 9.605/98: poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente; a pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Gabarito: correto.] 
*#OLHAOGANCHO com Civil/Processo Civil: O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida? 
 Código Civil: NÃO
 CDC: SIM 
 Lei Ambiental: SIM 
 CTN: SIM
5. Regras gerais de aplicação de pena
 
1) Agravantes, atenuantes e circunstâncias judiciais: Previsão no artigo 6° da Lei nº 9.605/98. A Lei nº 9.605/98 traz um sistema de aplicação de pena próprio e especial em relação ao Código Penal. Para a doutrina, essas são as circunstâncias judiciais que devem ser analisadas na primeira fase de aplicação da pena. No inciso II, a lei fala que o juiz deve considerar se o réu tem bons ou maus antecedentes ambientais, ou seja, que não necessariamente envolvem a condenação por crime ambiental. 
O art. 14 traz ainda circunstâncias atenuantes de pena[footnoteRef:6]. A hipótese do inciso IV é chamada por Damásio de Jesus de delação premiada ambiental. Da mesma forma, há previsão de circunstâncias agravantes específicas[footnoteRef:7]. Merece destaque a reincidência em crime ambiental. Apesar de hipótese de reincidência específica, não se exige que os crimes sejam apenas os previstos na Lei n.º 9.605/98. Os crimes devem ter natureza ambiental. [6: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. ] [7: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração:
 a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
] 
 
2) Requisitos específicos para substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: No CP é admitida a substituição da pena privativa de liberdade de crimes com pena de até 4 anos (nos crimes dolosos). No caso de crimes dolosos aqui, a pena deve ser inferior a 4 anos. Trata-se de um descompasso entre a Lei nº 9.605 e o Código Penal. No CP existe uma vedação da substituição de pena para os reincidentes específicos, o que não existe nesta Lei, embora isso constitua circunstância judicial desfavorável. A reincidência nos crimes ambientais, por si só, não é suficiente para impedir que o agente tenha direito à substituição de pena. 
	CP, ART. 44
	LCA, ART. 7º
	Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
	Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
6. Penas RESTRITIVAS DE DIREITO aplicáveis às pessoas FÍSICAS
Assim como no CP, as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade para as pessoas físicas, tendo a mesma duração da pena constituída. Essa regra só não vai valer para a pena de interdição temporária de direitos, que tem um prazo diferenciado.
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância,trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
7. Penas aplicáveis às pessoas JURÍDICAS 
É possível aplicar todas, apenas uma, ou uma em vez de outra pena prevista no art. 21. A diferença entre a suspensão de atividade e a interdição de estabelecimento, obra ou atividade é que na primeira proíbe-se o exercício daquela atividade durante um determinado período sem, entretanto, intervir fisicamente no estabelecimento. A proibição de contratar com o poder público normalmente vem associada no bojo de crimes que envolvam as relações com o poder público, mas isso não é uma obrigação. 
Vejamos tais penalidades:
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
a) Multa: O quantitativo da multa será determinado pela gravidade da conduta e pela situação financeira da empresa, por aplicação dos arts. 18 e 6º, III, da LCA. Se aplicada no patamar máximo, e revelar-se ineficaz, poderá ser aumentado em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida[footnoteRef:8]. [8: (PC-DF - Delegado de Polícia/2015): No que se refere ao poder de polícia ambiental, aos crimes e às infrações administrativas contra o meio ambiente, assinale a alternativa correta conforme disposto na Lei n.º 9.605/1998.
a) A multa diária pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, mas a multa simples, não.
b) Na aplicação e gradação da penalidade, a autoridade competente observará, entre outros aspectos, os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental, assim como a sua situação econômica, no caso de multa.
c) Apenas os funcionários dos órgãos ambientais integrantes do Sisnama designados para as atividades de fiscalização dispõem de competência para a lavratura do auto de infração e para a instauração de processo administrativo.
d) Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instrumentos, utilizados na prática da infração ambiental não podem ser destruídos ou inutilizados, mas devem, sim, ser doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.
e) Embora a legislação não admita que qualquer pessoa possa, constatando infração ambiental, dirigir representação às autoridades competentes, os cidadãos podem fazer comunicado ao Ministério Público para que seja apurado o cometimento de infração penal.
Gabarito: B] 
b) Penas Restritivas de Direito: No que diz respeito às penas restritivas de Direito, estas se dividem em:
	PENA
	CRITÉRIO DE APLICAÇÃO
	DURAÇÃO MÁXIMA
	Suspensão parcial ou total de atividades
	Desobediência às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente (§1º)
	Prazo máximo da PPL
	Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade
	Quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida ou com violação de disposição legal ou regulamentar
	Prazo máximo da PPL
	Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
	
	Dez anos (§3º)
c) Prestação de serviços a comunidade
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Importante: Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Aprofundamento: Teoria da Dupla Imputação ou teoria das imputações paralelas
No Brasil, existe a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais? Sim.
O art. 225, § 3º, CF/88 prevê o seguinte:
Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
A Lei n. 9.605/98, regulamentando o dispositivo constitucional, estabeleceu:
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Mesmo com essa previsão expressa na CF/88 e na Lei n. 9.605/98, surgiram quatro correntes para explicar a possibilidade (ou não) de responsabilização penal da pessoa jurídica, também em relação a sua responsabilização ou não quando a pessoa física não fosse responsabilizada. Vejamos:
1ª CORRENTE:
NÃO. A CF/88 não previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas apenas sua responsabilidade administrativa. É a corrente minoritária.
Os defensores desta primeira corrente fazem a seguinte interpretação do § 3º do art. 225 da CF/88: os infratores pessoas físicas estão sujeitos a sanções penais e os infratores pessoas jurídicas a sanções administrativas. Assim, quando o dispositivo constitucional fala em sanções penais ele está apenas se referindo às pessoas físicas. Adotam essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto Bitencourt, José Cretela Jr.
2ª CORRENTE:
NÃO. A ideia de responsabilidade da pessoa jurídica é incompatível com a teoria do crime adotada no Brasil. É a posição majoritária na doutrina.
Conforme explica Silvio Maciel, esta segunda corrente baseia-se na Teoria da ficção jurídica, de Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas são puras abstrações, desprovidas de consciência e vontade (societas delinquere non potest). Logo, “são desprovidas de consciência, vontade e finalidade e, portanto, não podem praticar condutas tipicamente humanas, como as condutas criminosas.” (Meio Ambiente. Lei 9.605, 12.02.1998. In: GOMES, Luiz Flávio; CUNHA, Rogério Sanches (Coord.). Legislação Criminal Especial. São Paulo: RT, 2009, p. 691).
As pessoas jurídicas não podem ser responsabilizadas criminalmente porque não têm capacidade de conduta (não têm dolo ou culpa) nem agem com culpabilidade (não têm imputabilidade nem potencial consciência da ilicitude).
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni, René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado, Alberto Silva Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto Delmanto, LFG, entre outros.
3ª CORRENTE:
SIM. É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais porque assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que não haja responsabilização de pessoas físicas.
O principal argumento desta corrente é pragmático e normativo: pode haver responsabilidade penal porque a CF/88 assim determinou. Vale ressaltar que o § 3º do art. 225 da CF/88 não exige, para que haja responsabilidade penal da pessoa jurídica, que pessoas físicas sejam também, obrigatoriamente, denunciadas.
ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO E ATUAL DA JURISPRUDÊNCIA.
4ª CORRENTE:
SIM. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto com uma pessoa física. Era a antiga posição do STJ. 
Conclusão #IMPORTANTE
Segundo o entendimento atual da jurisprudência, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudêncianão mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (lnfo 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rei. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (lnfo 714).
Responsabilização penal da pessoa jurídica de direito público
Divergente na doutrina: Para a corrente defendida por Nucci, Paulo Affonso Leme Machado e Luiz Flávio Gomes, seria perfeitamente possível. Se a lei não fez essa distinção não cabe ao intérprete fazer. 
De outro lado, Édis Milaré, Wladimir e Gilberto Passos de Freitas entendem que isso não seria possível, pois na verdade, o Estado estaria punindo a si mesmo, havendo uma confusão. Ademais, as penas que usualmente são aplicadas às pessoas jurídicas são penas de multa e penas restritivas de direitos, inviáveis para determinadas pessoas jurídicas. Por via oblíqua, estar-se-ia aplicando uma multa ao próprio contribuinte, à própria população, que é aquela pra quem se pretende garantir um meio ambiente saudável e equilibrado. 
OBS: Não há decisões judiciais a esse respeito, mas é importante conhecer esses dois posicionamentos.
8. Ação Penal
A ação penal na lei dos crimes ambientais é pública incondicionada sempre, conforme preleciona o art. 26 da Lei 9.605/98. 
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada[footnoteRef:9]. [9: 03. (FCC - TJRR - Juiz Substituto/2015): Nas infrações penais previstas na Lei de Crimes Ambientais Lei n° 9.605/98, a ação penal é:
a) pública incondicionada, pública condicionada à representação ou privada, a depender do tipo penal.
b) pública incondicionada.
c) pública incondicionada ou pública condicionada à representação, a depender do tipo penal.
d) pública incondicionada ou privada, a depender do tipo penal.
e) pública condicionada à representação ou privada, a depender do tipo penal
Gabarito: B] 
9. Medidas despenalizadoras: Importante!
Como há vários crimes de menor potencial ofensivo previstos na Lei n.º 9.605/98, alguns admitem transação penal e outros a suspensão condicional do processo. A lei em exame traz, entretanto, algumas regras específicas nos artigos 27 e 28. A regra aqui prevista difere um pouco da prevista na Lei nº 9.099/95, na medida em que para a transação penal é exigida uma prévia composição do dano ambiental atestada pelo laudo competente, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo. [footnoteRef:10] [10: Atenção para a atuação da DPU: o réu não pode deixar de ser beneficiado quando demonstrado que não possui condições de compor os danos.] 
Nos crimes apenados com pena mínima até 1 ano é admissível a suspensão condicional do processo (sursis processual), que nada mais é do que um acordo celebrado entre o Ministério Público e a parte que está sendo denunciada para que o processo fique suspenso durante um período no qual a pessoa cumprirá algumas condições legais (art. 89 da Lei 9099). Cumpridas as condições, o processo é extinto sem apreciação do mérito.
 O art. 28 da Lei nº 9.605 aduz que são aplicadas as disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, entretanto, traz algumas modificações relativas à comprovação da reparação do dano. Normalmente quem constata a reparação do dano são as autoridades locais, estatuais ou o IBAMA. Somente após a constatação é que é possível a declaração de extinção da punibilidade, ressalvada a impossibilidade de reparação. Caso o agente não repare o dano e não comprove a impossibilidade de fazê-lo, o benefício da suspensão condicional do processo é revogado e o processo retoma seu curso regular. 
Neste microssistema dos crimes ambientais, se o laudo não comprovar a reparação completa do dano, o prazo de suspensão pode ser prorrogado justamente para viabilizar a reparação. Finda a prorrogação é realizado um novo laudo que objetiva constatar a reparação do dano. 
Importante: outra particularidade diz respeito à suspensão da pena (sursis – art. 77 do CP) que tem prazo diferenciado, conforme preleciona o art. 16: a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos[footnoteRef:11]. [11: (FCC – TJPI – Juiz Substituto/2015): Nos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais − Lei Federal n° 9.605/1998, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação à pena:
a) restritiva de direito não superior a dois anos. 
b) privativa de liberdade não superior a dois anos. 
c) privativa de liberdade não superior a três anos. 
d) privativa de liberdade não superior a um ano. 
e) privativa de liberdade ou restritiva de direito não superior a dois anos. 
Gabarito: C] 
10. Regras de prescrição
No caso das pessoas físicas, as regras prescricionais são as mesmas previstas no Código Penal. 
Para as pessoas jurídicas, a prescrição em abstrato será calculada da mesma forma que é feito nos casos de pessoas físicas. No caso de pena de multa, como não há regra especial na Lei 9.605, deve o operador recorrer ao art. 114 do CP, que prevê o prazo de 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; ou no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. 
11. Competência
A proteção do meio ambiente constitui-se em um interesse da União, tanto que a sua proteção é também competência do ente federal, nos termos do art.23, VI, da CF/88. Ocorre que, em regra, este interesse é genérico, de forma que a competência, na maioria dos crimes ambientais é da Justiça Estadual. Somente haverá competência da Justiça Federal se, no caso concreto, for comprovado o interesse direto e específico da União ou de suas entidades.
Exemplos:
- Crime ambiental cometido em terras tradicionalmente ocupadas por indígenas;
- Crime praticado contra animais em lista de extinção do IBAMA;
- Delito perpetrado no interior de Área de Proteção Ambiental instituída pelo IBAMA;
- Delito praticado em águas da união.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A atividade de fiscalização ambiental exercida pelo IBAMA, ainda que relativa ao cumprimento do art. 46 da Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico, mediato ou indireto da União , para os fins do art. 109, IV, da Constituição. (HC 81916/PA, STF). 
ESPIADA NO DIZER O DIREITO #AJUDAMARCINHO:
Análise de alguns casos concretos
1) Crimes contra a fauna
Em regra, a competência será da Justiça Estadual. Está cancelada a súmula 91 do STJ, que dizia o seguinte: "Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna."
2) Crime ambiental apurado a partir de auto de infração lavrado pelo IBAMA
Muitos crimes ambientais são descobertos e processados a partir de um auto de infração administrativa, que é lavrado pelos órgãos de fiscalização ambiental. Ex: o IBAMA constata um ilícito ambiental, multa o infrator e remete os autos do processo administrativo para o Ministério Público.
O simples fato de o auto de infração ter sido lavrado pelo IBAMA não faz com que, obrigatoriamente, este crime seja julgado pela Justiça Federal. Isso porque a competência para proteger o meio ambiente é comum, de forma que o IBAMA atua e pune mesmo se a infração ambiental for de âmbito local (e não regional ou nacional). Assim, a atuação administrativa não vincula a competência jurisdicional para apurar o crime.
3. Na hipótese, verifica-se que o Juízo Estadual declinou de sua competência tão somente pelo fato de o auto de infração ter sido lavrado pelo IBAMA, circunstância que se justifica em razão da competência comum da União para apurar possível crime ambiental, não sendo suficiente, todavia, por si só, para atrair a competência da Justiça Federal. (...) STJ. 3ª Seção. CC 113.345/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/8/2012.
A atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio ambiente também não atrai a competência da Justiça Federal para processamento e julgamento de ação penal referente a delitos ambientais.
STJ. 3ª Seção. CC 97.372/SP, Rel. Min. Celso Limongi(Des. Conv. do TJ/SP), julgado em 24/3/2010.
3) Crime praticado em rio interestadual, se isso puder causar reflexos em âmbito regional ou nacional.
Os rios interestaduais, ou seja, os rios que banhem mais de um Estado, são considerados bens da União (art. 20, III, da CF/88).
Logo, se o crime ambiental é praticado em rio interestadual, a competência é da Justiça Federal, com base no art. 109, IV, da CF/88, desde que isso possa causar reflexos em âmbito regional ou nacional. Ex: derramamento de óleo às margens do Rio Negro.
STJ. 3ª Seção. CC 145.420/AM, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/08/2016.
Cabe à Justiça Federal o julgamento de crime ambiental praticado no Rio Amazonas, pois se cuida de Rio interestadual e internacional, afetando, assim, os interesses da união.
STJ. 6ª Turma. RMS 26.721/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/04/2012.
Mas atenção. Se o crime for praticado em parte de um rio interestadual, mas sem possibilidade de gerar reflexos regionais ou nacionais, a competência será da Justiça Estadual. É o caso, por exemplo, de um pequeno pescador que pratica pesca ilegal em parte do rio interestadual. Como neste caso não há reflexos em âmbito regional ou nacional, a competência será da Justiça Estadual.
(...) 3. Assim sendo, para atrair a competência da Justiça Federal, o dano decorrente  de  pesca  proibida  em  rio interestadual deveria gerar reflexos  em âmbito regional ou nacional, afetando trecho do rio que se  alongasse  por mais de um Estado da Federação, como ocorreria se ficasse  demonstrado que a atividade pesqueira ilegal teria o condão de  repercutir  negativamente sobre parte significativa da população de  peixes  ao  longo do rio, por exemplo, impedindo ou prejudicando seu período de reprodução sazonal.
4.  Situação  em  que os danos ambientais afetaram apenas a parte do rio próxima ao Município em que a infração foi verificada, visto que a  denúncia  informa  que  apenas  dois  espécimes,  dentre os 85 Kg (oitenta  e  cinco  quilos)  de  peixes  capturados,  tinham tamanho inferior  ao  mínimo permitido e os apetrechos de pesca apresentavam irregularidades  como falta de plaquetas de identificação, prejuízos que não chegam a atingir a esfera de interesses da União. (....)
STJ. 3ª Seção. CC 146.373/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/05/2016.
4) Crime praticado em mar territorial e em terreno de marinha
O mar territorial e os terrenos de marinha também são bens da União (art. 20, VI e VII, da CF/88). Logo, os crimes ambientais ali praticados são de competência da Justiça Federal porque a jurisprudência considera que há interesse direto e específico da União.
Obs.: o crime será de competência da Justiça Federal mesmo que ainda não tenha havido demarcação oficial do terreno de marinha.
STJ. 5ª Turma. RHC 50.692/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2016.
5) Crime cometido dentro ou no entorno de unidade de conservação federal
Trata-se de competência da Justiça Federal considerando que há, no caso, interesse direto e específico da União.
STJ. 3ª Seção. CC 100.852/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 28/04/2010.
6) Extração ilegal de recursos minerais
O crime de extração ilegal de recursos minerais, previsto no art. 55 da Lei nº 9.605/98, é considerado um crime ambiental.
A competência para julgá-lo é da Justiça Federal, não importando o local em que tenha sido cometido. Assim, mesmo que os recursos tenham sido extraídos ilegalmente de uma propriedade particular, a competência continua sendo da Justiça Federal.
A razão para isso está no fato de que os recursos minerais são bens de propriedade da União (art. 20, IX, da CF/88), razão pela qual atrai o art. 109, IV. Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. CC 116.447/MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 25/05/2011.
7) Crime praticado contra áreas ambientais classificadas como patrimônio nacional
O art. 225, § 4º da CF/88 prevê que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são "patrimônio nacional".
A expressão "patrimônio nacional" não significa dizer que tais áreas sejam consideradas como "bens da União". Não o são.
Assim, os crimes cometidos contra a Floresta Amazônica, contra a Mata Atlântica, etc. (ex: desmatamento) são, em regra, de competência da Justiça Estadual.
Não há se confundir patrimônio nacional com bem da União. Aquela locução revela proclamação de defesa de interesses do Brasil diante de eventuais ingerências estrangeiras. (...)
STJ. 3ª Seção. CC 99.294/RO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/08/2009.
8) Crime ocorrido em área de assentamento do INCRA
Embora a pulverização do agrotóxico tenha ocorrido em escola localizada em área de assentamento de responsabilidade do INCRA, autarquia federal, não há diretamente qualquer interesse, direito ou bem da União, de suas autarquias ou empresas públicas envolvidos, sendo, se existente, meramente reflexo o interesse do INCRA. Logo, a competência é da Justiça Estadual.
STJ. 3ª Seção. CC 139.810/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 26/08/2015.
Animais silvestres, em extinção, exóticos ou protegidos por compromissos internacionais
O STF decidiu que: Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
STF. Plenário. RE 835558-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/02/2017 (repercussão geral).
Obs1: nem todo crime ambiental de caráter transacional será de competência da Justiça Federal.
Obs2: nem todo crime que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil será de competência da Justiça Federal.
	Compete à JUSTIÇA FEDERAL julgar crime ambiental que envolva...
	·       animais silvestres;
·       animais ameaçados de extinção;
·       espécimes exóticas; ou
·       animais protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil
	... desde que haja caráter transnacional.
Caráter transnacional
Para que o crime seja de competência da Justiça Federal é necessário que, além de ele envolver os animais acima listados, exista, no caso concreto, um caráter transnacional na conduta.
Diz-se que existe caráter transnacional (também chamado de "relação de internacionalidade") quando:
• iniciada a execução do crime no Brasil, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro; ou
• iniciada a execução do crime no estrangeiro, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no Brasil.
Se ocorrer uma dessas duas situações há caráter transnacional na conduta.
Os crimes ambientais podem ser divididos: 
a) Crimes ambientais contra a fauna: (a súmula 91, STJ, que diz ser competência da JF, foi cancelada; até 2000, entendia-se que os animais da fauna nacional eram bens da União, mas os crimes contra a fauna nacional são de competência da justiça estadual). O IBAMA possui uma lista de animais em extinção. Os crimes cometidos contra esses animais são de competência da JF para julgamento, de acordo com a jurisprudência, apesar do cancelamento da súmula. (interesse da União em preservar os animais e animais sob tutela do IBAMA - CC 37.137/MG).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIADOTRF5: “compete à justiça federal, dado o manifesto interesse do IBAMA, o processamento e julgamento de ação penal cujo objeto é suposta prática de crime ambiental que envolve animais em perigo de extinção (STJ,CC 37137/mg, Min. Felix Fischer, julgamento unânime da terceira seção, em 12 de março de 2003). (RESE - Recurso em Sentido Estrito Número do Processo: 0020042-26.2000.4.05.8300, 2008)
b) Crimes contra a flora: a regra é a competência da Justiça Estadual, salvo se for unidade de conservação federal (bem da União). A competência será da Justiça Federal nos crimes ambientais previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução no país, o resultado tenha oudevesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; crimes ambientais cometidos a bordo de navios ou aeronaves.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: “Apenas o fato de ser de propriedade da Marinha do Brasil, o produto tóxico transportado, sem observância das normas de segurança (art. 56 da Lei n. 9.605/1998), não tem o condão de deslocar a competência da ação penal para a Justiça Federal, já que o bem jurídico tutelado é o meio ambiente. STJ, AgRg no CC 115.159-SP, 2012. STJ – Info 499”
*#OLHAOGANCHO: O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT (Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa). STJ. 6ª Turma. REsp 1.439.150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 05/10/2017 (Info 613).
BÔNUS:
- PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E CAMPO ELETROMAGNÉTICO
 
Legitimidade dos limites fixados pela Lei 11.934/2009
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral) (Info 829).
Esclarecimento: As redes elétricas geram campos eletromagnéticos que podem fazer mal à saúde humana, causando desde incômodos, como insônia, ansiedade, alergias, pele seca, até males ainda mais graves, como arritmias, pressão alta e até câncer. Por essa razão, foi editada a Lei nº 11.934/2009, que estabelece limites à exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. O legislador adotou como parâmetro os limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Uma associação de moradores de São Paulo ajuizou ação civil pública pedindo que a concessionária de energia elétrica "Eletropaulo Metropolitana – Eletricidade de São Paulo S.A" fosse obrigada a reduzir o campo eletromagnético na sua linha de transmissão localizada nas proximidades deste bairro. A autora afirmou que os níveis do campo eletromagnético poderiam causar danos à saúde humana e ao meio ambiente e pediu que a concessionária adotasse os mesmos parâmetros que são previstos na legislação da Suíça. 
A ACP proposta invocou dois fundamentos jurídicos para que o pleito fosse acolhido: a) o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo isso essencial à sadia qualidade de vida da população (art. 225 da CF/88). b) o princípio da precaução. A questão chegou até o Supremo. 
O STF acolheu o pedido da autora? É necessário que sejam adotados limites mais rigorosos, como o da legislação suíça, para os campos eletromagnéticos? Os níveis impostos pela Lei nº 11.934/2009 são insuficientes para a proteção da saúde humana? A Lei nº 11.934/2009 é inconstitucional por não proteger suficientemente a saúde humana? 
NÃO. No caso em questão, o STF entendeu não ser necessária a adoção de critérios mais rigorosos no que tange ao controle dos campos eletromagnéticos. Entre o princípio da precaução, fornecimento de energia elétrica e o direito à saúde, prevaleceu o entendimento de que o princípio da precaução não poderia gerar temores infundados. O Estado deve agir de forma proporcional. 
OBS: Recomenda-se a leitura da decisão para maior aprofundamento.
2. CRIMES EM ESPÉCIE
2.1. CRIMES CONTRA A FAUNA
2.1.1. Art. 29 - Caça
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.[footnoteRef:12] [12: #FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPU – 2017 (CESPE).] 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;
II - em período proibido à caça;
III - durante a noite;
IV - com abuso de licença;
V - em unidade de conservação;
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Na modalidade matar é crime material. Na modalidade guardar ou manter em cativeiro é crime permanente. 
Trata-se do crime de abate de animais da fauna silvestre que traz várias formas equiparadas. Os núcleos verbais são autoexplicativos. Vale observar que este é um tipo misto alternativo, portanto, se a pessoa pratica mais de uma conduta no mesmo contexto fático, incidirá num único crime.
O artigo fala em espécimes, o que dá a entender que o objeto material deste crime é uma pluralidade de animais. Não é este, entretanto, o entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do tema. É que no parágrafo terceiro há a definição do que são os espécimes da fauna silvestre, indicando que a redação foi feita para abranger uma série de espécies, mas não necessariamente para indicar que, num mesmo contexto fático, a pessoa deve apanhar, perseguir ou matar mais de um animal. A jurisprudência é tranquila no sentido de que apenas um animal morto ou que seja objeto de caça já permite a configuração do crime. Se o animal for objeto das atividades de pesca, o crime será outro, conforme preleciona o §6° deste artigo. 
Mesmo a caça esportiva sem autorização configura o crime, conforme redação do artigo. Frise-se que este tipo é exclusivamente doloso, não admitindo modalidade culposa. O parágrafo 4° traz algumas causas de aumento de pena. Há casos em que as agravantes genéricas são iguais às causas de aumento previstas nos tipos. Nestas hipóteses, deve-se atentar para o bis in idem. Tratamento dado à caça de natureza famélica ou o abate de animal para defesa? O artigo 37 traz algumas hipóteses de exclusão da ilicitude. 
Ainda com relação ao crime do art. 29, o seu §1° traz algumas figuras equiparadas. Nas figuras dos incisos I e II, a finalidade é a proteção da reprodução das espécies. A figura do inciso III traduz uma situação de exploração comercial (conduta posterior aos atos de abate), que é igualmente vedada pela lei. Este crime é especial em relação à receptação. Este crime se configura em algumas exposições ou feiras livres, em que são expostos a venda animais irregularmente capturados no meio ambiente. Assim, mesmo que o animal tenha sido caçado vivo, há crime. Haverá igualmentecrime naquelas hipóteses em que se identifica o transporte ilegal.
2.1.2. Art. 30 – Exploração irregular de peles e couros de anfíbios e répteis e art. 31 – Introdução irregular de espécime animal no país
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Ambos os crimes são de competência da justiça federal em razão do caráter internacional. Estes crimes tratam do comércio com o requisito da internacionalidade, portanto só incidem no caso de exportação. Se, por outro lado, um agente vende peles e couros de anfíbios, por exemplo, trata-se do crime do §1°, inciso III do art. 29. Se o agente exportar pele ou couro de mamífero, este não incidirá nas penas do art. 30[footnoteRef:13]. [13: (CESPE – DPU – Defensor Público de Segunda Categoria/2015): Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes 
contra a administração pública, aos crimes de tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.
Exportar para o exterior peles e couros de mamíferos, em estado bruto, sem a autorização da autoridade competente caracteriza crime ambiental, devendo o autor desse crime ser processado e julgado pela justiça federal.
Gabarito: Errado. Prestem atenção que nessa linda, maravilhosamente super bem elaborada questão. O examinador trata de pele de mamífero. Nesse caso, não se aplica o disposto no art. 30.] 
A introdução de animais, assim como a de plantas, está sujeita a uma série de regulamentações de diversos órgãos, o que faz do art. 31 uma norma penal em branco que precisa ser complementada por esses atos normativos que exigem pareceres técnicos e licença para essas finalidades. Ademais, no caso do artigo 31, a tentativa é possível, quando obstada pela autoridade nacional.
2.1.3. Art. 32 – Maus Tratos
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Animal silvestre: É o que vive naturalmente fora do cativeiro. 
Animal doméstico: São os animais que apresentam certa dependência com o homem. Apto ao convívio com os seres humanos.
Animal domesticado: É o animal silvestre que foi adaptado a vida em cativeiro. 
Animal nativo: Animal silvestre encontrado em determinado meio nacional. Ex: Lobo guará. 
Animal exótico: Animal silvestre que não é encontrado no meio nacional: Ex: Canguru.
Este é um crime muito comum e trata da prática de maus-tratos a animais. O tipo penal se divide em 4 condutas reprimíveis: atos de abuso, maus-tratos (práticas cruéis), ferir e mutilar. Trata-se de crime comum que veio para revogar o art. 64 da Lei de Contravenções Penais. A conduta, de acordo com o parágrafo primeiro, não é permitida em nenhuma hipótese, nem mesmo para fins didáticos ou científicos.
O parágrafo segundo traz regra de causa de aumento da pena semelhante àquela dos crimes preterdolosos. O resultado aqui é claramente imputado a título de culpa. Há muita jurisprudência sobre esse crime tanto no STF quanto no STJ, em especial na festa da “farra do boi” nos estados da Região Sul e em brigas de galo, que ainda representam alguma manifestação cultural. A competência, via de regra, é da justiça estadual, ainda que os animais pertençam a espécies exóticas, já que, na verdade, a lesão está sendo causada diretamente ao animal.
Crítica: A pena do crime é baixíssima.
*#OLHAOGANCHO #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA:
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não possa ser permitida.  A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
*#NOVIDADELEGISLATIVA #ATUALIZAOVADEMECUM #IMPORTANTE[footnoteRef:14]: EC 96/2017 [14: Mais informações em: http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html. ] 
Houve a chamada reação legislativa com a promulgação da EC 96/2017: Veja a íntegra do § 7º que foi inserido pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88: 
Art. 225. (...) § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
#OLHAOGANCHO: Efeito Backlash: A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina de “efeito backlash”. Em palavras muito simples, efeito backlash consiste em uma reação conservadora de parcela da sociedade ou das forças políticas (em geral, do parlamento) diante de uma decisão liberal do Poder Judiciário em um tema polêmico.
#POLÊMICA: A EC 96/2017 é inconstitucional? Este será um belíssimo e imprevisível debate. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.
#RELEMBRAR: Com essa novidade cabe relembrar as conclusões do STF na ADI 5105 sobre reação legislativa (Info 801):
a) O STF não subtrai ex ante a faculdade de correção legislativa pelo constituinte reformador ou legislador ordinário. Em outras palavras, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial.
b) No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.
c) No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima.
A novel legislação que frontalmente colida com a jurisprudência (leis in your face) se submete a um controle de constitucionalidade mais rigoroso. Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovarque as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.
#SELIGANOSINÔNIMO #VAICAIRNASUAPROVA: Reação retrógrada ou reação legislativa ou leis in your face.
#AJUDAMARCINHO: A grande dúvida será a seguinte: a proibição de que os animais sofram tratamento cruel, prevista no art. 225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60, § 4º, IV)? Penso que sim. Conforme já explicado, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira geração, não podendo ser abolido nem restringido, ainda que por emenda constitucional. Resta saber, no entanto, como o STF entenderá o tema após o backlash, considerando que a primeira decisão foi extremamente apertada.
2.1.4. Art. 33 – Perecimento de espécies da fauna aquática
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público;
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
E o que seria o ato de pesca? O art. 36 traz a definição: Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
2.1.5. Art. 34 – Pesca predatória
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
A Competência é, em regra, da Justiça Estadual. Será da JF quando ocorrer em lagos, rios ou quaisquer correntes de água de propriedade da União. Alguns exemplos:
a) Em rio interestadual, ou seja, aquele que banha mais de um Estado-membro;
b) Em lago ou usina hidrelétrica formado por rio ou rios interestaduais;
c) Em rios que sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham;
d) No mar territorial brasileiro;
e) No interior da estação ecológica Carijós. 
f) No entorno da estação ecológica Taim, que é UC federal.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Pessoa presa sem peixes, mas com equipamentos, em local onde a pesca é proibida comete crime?
A Lei de Crimes Ambientais tipifica a pesca ilegal, nos seguintes termos: "Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:" Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe, mas portando consigo equipamentos de pesca, em um local onde esta atividade é proibida, ela poderá ser absolvida do delito do art. 34 da Lei de Crimes com base no princípio da insignificância?
A 2ª Turma do STF possui decisões conflitantes sobre o tema: SIM. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). NÃO. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845). STF. 2ª Turma. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016 (Info 845).
*Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602). A intervenção do Direito Penal deve ser sempre a ultima ratio, somente atuando quando os demais ramos do Direito não forem suficientes. Trata-se do princípio da intervenção mínima. Neste caso específico, embora a pesca tenha ocorrido numa Estação Ecológica, a conduta em si não causou lesão ao bem jurídico, pois o único bagre encontrado com o denunciado no momento da autuação estava vivo e, por isso, foi devolvido ao rio. O denunciado foi multado, de forma que o Direito Administrativo sancionador já cumpriu, de forma adequada e proporcional, a função de punir o agente pela inobservância da norma legal. Dessa forma, deve-se reconhecer que não houve crime diante da ausência de lesividade ao bem jurídico protegido pela norma incriminadora (art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98).
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
* #AJUDAMARCINHO #CUIDADO #SELIGANAPOLÊMICA: Obs: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova. 
* #APROFUNDANDO:
1) A jurisprudência entende que, em tese, é possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais.
2) Na prática, a esmagadora maioria dos julgados do STF e STJ nega a incidência do princípio da insignificância para o delito do art. 34 da Lei nº 9.605/98: (...) Esta Corte entende ser possível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado (AgRg no REsp 1558312/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 02/02/2016). Na espécie, contudo, é significativo o desvalor da conduta, a impossibilitar o reconhecimento da atipicidade material da ação ou a sua irrelevância penal, ante o fato de o recorrente ter sido surpreendido com considerável quantidade de pescado em período no qual, sabidamente, é proibida a pesca, demonstrando a relevância do dano causado e o risco criado à estabilidade do meio ambiente pela prática notadamente ilícita. (...) STJ. 5ª Turma. RHC 59.507/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/05/2017.
3) Apesar de não ser comum, a jurisprudência já reconheceu a aplicação do princípio da insignificância para o delito do art. 34. Veja: Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).
2.1.6. Art. 35 – Pesca mediante explosivos, substancias tóxicas ou assemelhados
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:
Pena- reclusão de um ano a cinco anos.
2.1.7. Art. 37 – Exclusão do crime
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
2.2. CRIMES CONTRA A FLORA
2.2.1. Art. 38 – Destruição, dano ou utilização de floresta de preservação permanente
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 38-A.  Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:        (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.       (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Parágrafo único.  Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.  
Só haverá crime se for área de preservação permanente (APP). O delito deste artigo é especial em relação ao previsto no art. 39. 
As condutas típicas do art. 38-A são idênticas, a diferenciação se dá por trazer como objeto material o bioma, primário ou secundário da mata atlântica.
E o que seria área de preservação permanente?
Dispõe a Lei 12.651/12:
Art. 6o  Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público; 
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
 IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.     
2.2.2. Art. 39 – Corte de árvore em floresta de preservação permanente
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Também trata de APP, porém, o tipo penal é menos abrangente, tendo em vista que engloba somente o corte de árvores. É crime material, consumando-se com o corte. Não admite modalidade culposa. 
2.2.3. Art. 40 – Dano a unidades de conservação de proteção integral 
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Trata-se de crime comum. Consuma-se com a ocorrência do dano. Pode ser praticado na modalidade omissiva.
E o que seria Unidade de Conservação?
Não confundir com APP. Dispõe a Lei 9985/00:
Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
2.2.4. Art. 41 – Incêndio em mata ou floresta
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Incêndio é entendido como o fogo descontrolado e de proporções em ambiente arbóreo protegido pela lei ambiental. Assim, se o fogo tomar proporções singelas e for controlado não haverá crime. Mata é o conjunto de árvores de porte médio. Floresta é a formação arbórea densa. 
Se não for ateado fogo em mata ou floresta o fato é atípico. O crime consuma-se com o incêndio, independentemente da ocorrência de dano. A diferença entre o crime de incêndio do CP e este é que o do CP tutela a incolumidade pública, razão pela qual o CP exige que exposição a perigo de vida, físico, ou ao patrimônio de terceiro. 
2.2.5. Art. 42 – Soltar balões
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Só é punido na modalidade dolosa. Trata-se de crime de perigo.
2.2.6. Art. 44 – Extração de minerais de floresta de domínio público ou de preservação permanente
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
O tipo subjetivo é o dolo, que resta caracterizado de forma induvidosa se a conduta se prolonga no tempo. 
2.2.7. Art. 45 – Transformação da madeira de lei em carvão
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
É tipo misto alternativo. Somente prevê a modalidade dolosa. 
2.2.8. Art. 46 – Comércio ou industrialização irregular de produtos vegetais
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
O delito é de ação multiplica ou de conteúdo variado, exigindo a finalidade comercial ou industrial. Na forma derivada do parágrafo único, a ausência de licença constitui elemento normativo do tipo.
2.2.9. Art. 48 – Impedimento ou dificultação de regeneração das florestas ou vegetação
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Antes da LCA a conduta era punível como contravenção penal. 
É crime comum. Na modalidade omissiva, só pode responder aquele que possui o papel de garantidor em virtude da lei, ou de outra forma assumiu o compromisso de evitar o resultado ou criou o risco de sua ocorrência. Poderá ser tanto crime permanente como crime instantâneo de efeitos permanentes. É inepta a denúncia que não indica a forma de vegetação que teve sua regeneração impedida ou dificultada.

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