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DOENÇAS ORIFICIAIS

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Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
Doenças orificiais 
 
Damos este nome aos problemas que ocorrem no 
ânus, como hemorroidas, fissura, fístula, abscesso 
e outras condições do tipo. 
 
Anatomia do Reto 
O reto é a porção final do trago gastrointestinal, 
sendo dividido do canal anal pela linha pectínea. 
Essa divisão é importante, já que é onde diversas 
mudanças histológicas, fisiológicas e da própria 
anatomia ocorrem. Assim, é a linha pectínea que 
irá delimitar a divisão entre o epitélio colunar 
simples proximal e o epitélio estratificado distal, a 
inervação visceral proximal e a inervação 
somática distal. É nessa região que iremos 
encontrar as colunas retais, compostas pelas 
criptas (criptas de Morgagni), no interior das quais 
os ductos excretores das glândulas anais se 
abrem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em relação a vascularização dessa região, 
teremos o plexo venoso superior, encontrado 
acima da linha pectínea, responsável pela 
drenagem sanguínea do reto; e o plexo venoso 
inferior, responsável pela drenagem sanguínea do 
canal anal, sendo eles os responsáveis pela 
principal doença que iremos estudar neste 
material. 
Sendo um órgão responsável pelo 
armazenamento e posterior excreção de tudo 
que não fora absorvido da digestão, junto com as 
bactérias, essa região possui uma grande rede 
muscular para manter o tônus funcionante. Assim, 
teremos os músculos esfíncteres externo e interno, 
sendo o primeiro composto por fibras estriadas 
voluntárias, enquanto o segundo é composto por 
fibras lisas involuntárias. 
 
 
 
 
Hemorroida 
 
As doenças hemorroidárias são compostas por 
estruturas vasculares anormais no canal anal, 
decorrentes de um canal de tecidos conjuntivos 
arteriovenosos que drena para as veias 
hemorroidas superior e inferior. São formadas a 
partir de coleções de sinusoides submucosos, 
fibrovasculares e arteriovenosas. As principais 
características da doença incluem sangramento, 
prurido anal, prolapso e dor devido a trombose. 
 
São veias ao redor do ânus que se inflamam ou 
dilatam. Durante o trânsito intestinal, elas se 
dilatam, aumentando a pressão e causando 
coceira, dores e sangramento no momento de 
evacuar. É uma doença hereditária, mas que 
pode ser causada por constipação intestinal, 
prisão de ventre e por maus hábitos, incluindo 
sedentarismo e obesidade. 
 
Hemorroidas surgem de um plexo de vasos 
arteriovenosos dilatados em conjunto com o 
tecido conjuntivo que o cerca. 
Hemorroidas internas surgem do plexo venoso 
superior. Suas três localizações primárias (lateral 
esquerda, anterior direita e posterior direita) 
correspondem aos ramos finais das veias 
hemorroidárias médias e superiores. O epitélio 
colunar sobrejacente é visceralmente inervado; 
portanto, essas hemorroidas não são sensíveis a 
dor, toque ou temperatura. 
Hemorroidas externas surgem do plexo venoso 
inferior. Eles são cobertos pelo epitélio escamoso 
modificado, que contém numerosos receptores 
somáticos de dor, tornando as hemorroidas 
externas extremamente dolorosas na trombose. 
Hemorroidas internas e externas se comunicam e 
drenam para as veias pudendas internas e, 
finalmente, para a veia cava inferior. 
O desenvolvimento de hemorroidas sintomáticas 
tem sido associado ao avanço da idade, diarreia, 
gravidez, tumores pélvicos, repouso prolongado, 
esforço, constipação crônica e pacientes em uso 
de anticoagulação e terapia antiplaquetária, 
embora não esteja claro se a associação é 
causal. 
 
As hemorroidas podem ser classificadas de 
acordo com: 
 
Localização 
 Internas: localizadas na submucosa anorretal 
acima do ligamento de Parks. São próximas ou 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
acima da linha pectínea. Os tecidos acima da 
linha pectínea recebem inervação visceral, 
menos sensível a dor e irritação. 
 Externas: localizadas abaixo do ligamento de 
Parks. Estão distais ou abaixo da linha 
pectínea, onde os tecidos são inervados por 
fibras somaticamente e, portanto, são mais 
sensíveis a dor e irritação. 
 Mistas: cobrem a linha pectínea e geralmente 
são tratadas da mesma maneira que as 
hemorroidas externas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo a evolução das hemorroidas internas e 
partes internas das hemorroidas mistas 
 Grau I: apresenta congestão e 
intumescimento dos mamilos hemorroidários, 
podendo ocorrer sangramento sem haver 
exteriorização. Não geram um prolapso 
abaixo da linha pectínea 
 Grau II: ocorre prolapso dos mamilos 
hemorroidários quando ocorre aumento da 
pressão intrabdominal, recolhendo-se 
espontaneamente após a cessação do 
esforço, principalmente defecatorio. Pode 
ocorrer sangramento. 
 Grau III: ocorre prolapso dos mamilos 
hemorroidários com maior facilidade, com 
retorno à parte interna lentamente e com 
auxílio de manobras manuais. 
 Grau IV: mamilos hemorroidários 
permanentemente exteriorizados, com lesões 
em revestimento mucoso, macerações e até 
erosões e podem ser estranguladas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Hemorroida interna 
As hemorroidas internas tornam-se sintomáti cas 
quando sua estrutura de suporte entra em 
uma espécie de “colapso ”, e o coxim 
vascular prolapsa. 
A hemorroida interna é encontrada com maior 
frequência em indivíduos com constipação que 
apresentam normalmente fezes endurecidas 
As hemorroidas internas provocam sangramento 
indolor. 
Um gotejamento após o término da 
evacuação também é descrito . 
O diagnóstico é reali zado através da anuscopia 
ou mesmo da retossigmoidoscopia 
 
O tratamento tem como base o grau da 
doença hemorroidária. Pacientes com hemorroi 
das de primeiro grau habitualmente respondem 
apenas à manipul ação dietética. Uma dieta 
rica em fibras ( 20 a 30 g/di a) é introduzida de 
forma gradual, e o paciente deve ser 
recomendado a ingerir líquidos (seis a oito 
copos d ’água ao dia). 
A ligadura elástica é a abordagem inicial para 
os casos de doença de segundo grau; nestes 
indivíduos, a fotocoagulação pode ser 
empregada para manejar o sangramento. 
Hemorroidectomia é possível em casos de 
hemorroidas de grandes dimensões, como a de 
terceiro grau 
A fotocoagulação com raios infravermelhos 
emprega radiação para coagular tecidos , 
levando à fibrose. 
A hemorroida de quarto grau é tratada com 
cirurgia 
 
Outras indicações de intervenção cirúrgica na 
doença hemorroidária incluem hemorroidas, de 
qualquer grau, complicadas por 
estrangulamento, fissura, ulceração ou fístulas. 
A técnica cirúrgica mais empregada é a 
hemorroidectomia aberta ( Milligan- Morgan). 
 
 Hemorroida externa e plicoma anal 
O plicoma é visível na margem anal e 
geralmente representa tecido cutâneo 
redundante e residual, de corrente de episódi 
os passados de inflamação e edema do plexo 
hemorroidário externo. Tipicamente é 
observado em adultos jovens e de meia -
idade. A hemorroida externa usualmente não 
causa sintomas; sangramento não ocorre, pois 
o plexo hemorroidário externo é recoberto por 
epitéli o escamoso. Durante a higiene da 
região perianal , alguns pacientes se queixam 
de irritação local, prurido, às vezes dor discreta, 
ou sensação incômoda de tecido redundante. 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
O tratamento das hemorroidas externas 
usualmente não é cirúrgico 
 
O evento inflamatório que complica as 
hemorroidas externas é a trombose . O quadro 
clínico é de congestão, edema e dor, 
acometendo o plexo hemorroidário externo. A 
dor é aguda, latejante ou em queimação, de 
intensidadecrescente e associada à sensação 
de plenitude anal . Caso o paciente se 
apresente nas primeiras 72 horas do início dos 
sintomas, o tratamento consiste em incisão e 
evacuação do trombo hemorroidário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clínica e diagnostico 
 
Aproximadamente 40% dos indivíduos com 
hemorroidas são assintomáticos. Os pacientes 
sintomáticos geralmente buscam tratamento 
para hematoquezia, dor associada a hemorroidas 
trombosadas, prurido perianal ou solo fecal. 
O sangramento da hemorroida é quase sempre 
indolor e geralmente está associado a um 
movimento intestinal, embora possa ser 
espontâneo. O sangue é tipicamente vermelho 
vivo e reveste as fezes no final da defecação ou 
pode pingar no vaso sanitário. Ocasionalmente, o 
sangramento pode ser abundante e pode ser 
exacerbado pelo esforço. Em casos raros, a perda 
crônica de sangue pode causar anemia por 
deficiência de ferro com sintomas associados de 
fraqueza, dor de cabeça, irritabilidade e graus 
variáveis de fadiga e intolerância ao exercício. 
 
Hemorroidas sintomáticas devem ser suspeitas em 
pacientes com sangue vermelho brilhante por 
reto, prurido anal e/ou início agudo de dor 
perianal. O diagnóstico é estabelecido pela 
exclusão de outras causas de sintomas 
semelhantes e pela visualização de hemorroidas. 
O diagnóstico do nosso paciente será baseado na 
anamnese e nos achados do exame físico. 
 
Os principais sintomas são prolapso e o 
sangramento. Com a evolução da patologia 
podem ocorre dor em pontada, ardência, 
sensação de pressão retal, secreção fecal e 
sangue nas roupas. Assim como dificuldade para 
defecar, exteriorização com redução espontânea 
ou manual, sensação de evacuação incompleta. 
 
O paciente poderá apresentar uma história de 
sangramento da hemorroida, sendo 
caracterizado pela passagem indolor de sangue 
vermelho brilhante pelo reto com um movimento 
intestinal. A defecação dolorosa não está 
associada a hemorroidas, sendo o sangramento 
quase sempre indolor e geralmente está 
associado a um movimento intestinal, embora 
possa ser espontâneo, como já vimos. 
Poderemos ter também como positivo na história 
do paciente: 
 Incontinência fecal leve, secreção de muco, 
umidade ou sensação de plenitude na área 
perianal devido a uma hemorroida interna e 
prolapso. 
 Irritação ou coceira na pele perianal. 
 Pacientes com vazamento podem limpar 
agressivamente, irritando o períneo e também 
permitindo o contato de material fecal com a 
pele desnudada. 
 
Sangramento vermelho vivo em gotejamento. 
 
O exame físico deve ser realizado 
detalhadamente, com inspeção, palpação, 
toque retal, manobras de esforço e 
retossigmoidoscopia. 
 
Como complicações são citadas as tromboses, 
estrangulamentos, hemorragias, ulcerações com 
infecções secundárias e abscessos. 
 
Tratamento 
 
O tratamento das hemorroidas depende mais do 
conjunto de sintomas de cada paciente e dos 
achados objetivos ao exame proctológico. 
Portanto, apenas as hemorroidas sintomáticas 
precisam ser tratadas. 
Uma vez feito o diagnóstico de hemorroida 
sintomática, o tratamento dependerá do grau e 
da extensão da lesão. As opções incluem: 
 Tratamento clínico; 
 Tratamento conservador (nível ambulatorial); 
 Tratamento cirúrgico. 
 
Tratamento Clínico 
Quando a doença hemorroidária é tratada logo 
no início, pode-se evitar a cirurgia. Neste caso, 
tratamento no consultório, uso de pomadas e 
supositórios ou a simples regularização do hábito 
intestinal podem ser suficientes para controlar a 
doença. 
 Modificação dos hábitos alimentares 
 Maior ingestão de líquidos e de fibras 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
 Regularização do hábito intestinal 
 Medicamentos como por exemplo pomadas 
de proctil e xiloproct duas vezes ao dia 
 Orientações higiênicas (abolição do papel 
higiênico) 
 Banhos de assento com água morna A água 
morna, aplicada na região anal, diminui, 
significativamente, a pressão de repouso do 
canal anal provocada por espasmo 
esfincteriano, consequentemente, diminuindo 
o sintoma de dor anal. 
 Radiofrequência por ablação 
 Hemorroidectomia 
 
Fissura anal 
 
Uma fissura é uma ferida ou um pequeno corte no 
revestimento do canal anal, trazendo dor ou 
sangramento durante a evacuação. Ela pode se 
apresentar de forma aguda ou crônica e é 
causada por traumas, como a passagem de fezes 
duras, secas e/ou muito grandes e sexo anal, por 
exemplo. Outros sintomas são desconforto anal ao 
sentar, dor ao evacuar, coceira e ardência, 
irritação e uma pequena rachadura visível na pele 
ao redor do ânus. 
 
A fissura anal é afecção benigna comum que 
acomete ambos os sexos e todas as faixas etárias. 
Caracteriza-se por lesão ulcerada no anoderma 
do canal anal, que raramente ultrapassa a linha 
pectínea e a anocutânea. Geralmente aparece 
na região posterior do canal anal. 
 
A fissura anal é considerada uma espécie de 
úlcera longitudinal localizada no canal anal 
 
A causa da fissura anal pode ser multifatorial. A 
passagem de fezes grandes e duras, dieta pobre 
em fibra, cirurgia anal prévia, trauma e infecção 
podem ser fatores contributivos. O aumento das 
pressões do canal anal em repouso e a diminuição 
do fluxo de sangue anal na linha média posterior 
também foram postulados como causa. Essas 
possibilidades levaram à introdução de várias 
abordagens médicas. 
 
A constipação crônica, com passagem de 
fezes endurecidas e consequente trauma local, 
é relatada pela maiori a dos pacientes, 
contudo, em alguns indivíduos, a fissura se 
estabelece após episódios de diarreia intensa. 
 
O principal sintoma é a dor anal precipitada 
pela evacuação. Muitos pacientes relatam dor 
intensa, como uma “lâmina cortante ” ou em 
queimação, que pode persistir por horas após o 
ato de defecar. “Sangue vivo” pode ser 
observado no papel sanitário ou sobre as fezes. 
 
No exame físico notamos muitas vezes um 
plicoma anal edemaciado e doloroso situado 
distalmente à fissura. Durante a fase aguda, o 
toque retal não é recomendado, pois agrava 
o espasmo muscular e causa uma dor descrita 
como “insuportável ” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As fissuras anais crônicas apresentam uma 
tríade de achados relacionada à fibrose em 
suas margens , sendo descrita pela presença 
de ulceração 
profunda ( fissura propriamente dita), 
endurecimento das bordas , aumento de 
tecido no nível da linha denteada ( papilas 
hipertrofiadas) e plicoma anal sentinela, 
edemaciado, e distal à margem anal. 
 
Clinica e diagnostico 
 
Sintomas: Dor anal intensa , aguda e penetrante 
durante ou após a defecação, podendo irradiar 
para região genital, costas e membros inferiores, 
podendo manter-se por horas após a evacuação. 
Sangramento, rutilante, durante a evacuação, 
podendo acontecer no papel higiênico ou 
depositado nas fezes. 
 
Exame físico: o exame digital do ânus é muito 
doloroso. Pode-se observar a presença de papila 
hipertrófica (tumoração tipo dedo de luva em 
canal anal) e o espasmo esfincteriano , que 
acontece pela dor. 
 
Diagnóstico diferencial: pensar em Fissura anal 
sifilítica primária, ulcerações anais por Doença 
Inflamatória Intestinal e lesão Herpética. 
 
Tratamento 
 
Tratamento clínico 
Quando a fissura anal é tratada logo no início, 
pode-se evitar a cirurgia. Neste caso, tratamento 
no consultório, uso de pomadas e supositórios ou 
a simples regularização do hábito intestinal 
podem ser suficientes para controlar a doença. 
 Modificação dos hábitos alimentares 
 Maior ingestão de líquidos e de fibras 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
 Regularização do hábito intestinal 
 Medicamentos (proctyl e xiloproctduas vezes 
ao dia) 
 Bloqueadores de canais de cálcio em gel 
(nifedipina, diltiazem) 
 Bloqueadores de canais de cálcio orais 
(nifedipina, diltiazem) 
 Orientações higiênicas (abolição do papel 
higiênico) 
 Banhos de assento com água morna 
 O padrão ouro para fissuras é cirúrgico com 
esfincterotomia lateral interna. 
 
Abcesso anorretal 
 
O abscesso anal ou perianal é causado pela 
formação de uma cavidade repleta de pus na 
pele da região ao redor do ânus, provocando 
sintomas como dor (principalmente ao evacuar 
ou sentar), sangramento ou eliminação de 
secreção amarelada e surgimento de um caroço 
doloroso na área. 
 
Praticamente toda doença supurativa anorretal 
resulta de infecção de glândulas localizadas nas 
criptas anais ( glândulas de Chiari ). 
O abscesso traz como consequência o 
surgimento de uma fístula anal (fistula-in-ano). 
Tanto é assim que abscessos e fIstulas são 
considerados fases distintas de um mesmo 
processo. 
 
Quanto à localização, os abscessos anorretais 
podem ser classificados em simples ou 
complexos. Os primeiros são os abscessos ditos 
perianais; já os complexos são aqueles que 
envolvem outros planos anorretais e , 
tipicamente, se encontram associados a fístulas 
complexas. 
 
Os abscessos anorretais são divididos de 
acordo com sua localização anatômica em: 
isquiorretal, interesfincteriano, 
supraelevador/pelvirretal (superior ao músculo 
elevador do ânus) e intermuscular ou 
submucoso. O mais comum é o perianal ( 40 a 
50% dos casos) e o menos frequente é o sub 
mucoso, representando 0,5 a 3% dos casos. 
O abscesso perianal é extremamente doloroso, 
apresentando hiperemia e um abaulamento 
pequeno localizado na margem anal . O toque 
retal é muito doloroso e eventualmente se 
palpa certo empastamento o canal anal. 
 
O abscesso isquiorretal está localizad o entre o 
canal anal e parte inferior do reto, 
medialmente, e parede pélvica, lateralmente. 
Alguns pacientes relatam desconforto anal , 
sensação de peso no reto, febre e mal-estar 
geral . O exame pode revelar induração nas 
nádegas, portanto, distante da borda anal . O 
toque retal é menos doloroso que nos 
abscessos perianais. 
 
O abscesso interesfincteriano pode ser 
assintomático, sendo reconhecido apenas 
através de métodos de imagem como a 
Ultrassonografia ( USG) , a Tomografia 
Computadorizada ( TC) ou a Ressonância 
Magnética ( RM) . Em alguns casos sintomáticos, 
encontra - se dor de caráter latejante, que se 
assemelha a da fissura. Nesses pacientes, o 
toque retal é doloroso, não havendo 
abaulamento, empastamento ou descarga na 
anuscopia. A dor persistente após tratamento 
adequado de uma fissura coexistente deve 
levantar suspeita de um abscesso 
interesfincteriano subjacente não diagnosticado. 
 
Os abscessos supraelevadore s são geral mente 
ocasionados por processos infecciosos em 
cavidade peritoneal ( apendicite , diverticulite 
, salpingite e tc.) . Muitas vezes, dor em andar 
inferior do abdome e urgência miccional são 
sintomas que desviam a atenção do cirurgião 
para uma possível doença anal . 
 
O abscesso submucoso ( intermuscular) é 
encontrado no plano submucoso , sendo 
ocasionado pela extensão de uma coleção 
interesfincteriana em direção da luz intestinal . 
Os pacientes se queixam de dor intensa. O 
exame proctológico é extremamente doloroso 
notando-se certo empastamento ou 
abaulamento no canal anal . A anuscopia 
nem sempre é possível devido à dor; 
 
O tratamento dos abscessos anorretais é 
eminentemente cirúrgico e consiste em 
drenagem. Os antibióticos usados de forma 
isolada não são adequados . Nos abscessos 
superficiais, a drenagem poderá ser feita em 
caráter ambulatorial . Na presença de sintomas 
sistêmicos (febre alta) ou em abscessos de 
localização alta, a abordagem no centro 
cirúrgico torna- se mandatória. 
Devem ser usados antibióticos de amplo espectro 
(gram positivo e gram negativo). 
 
Complicação: fistula, síndrome de fournier 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
Fistula anorretal 
 
A fístula anal é uma ferida que se forma entre o 
final do intestino e a pele do ânus, criando um 
pequeno túnel que provoca sintomas como dor, 
vermelhidão, sangramento e secreção aquosa 
com pus. Geralmente, o problema surge após um 
abscesso anal, mas também pode ser causado 
por doenças inflamatórias do intestino, como 
doença de Crohn ou diverticulite, por exemplo. 
Na maioria dos casos, a solução é cirúrgica. 
Algumas situações podem exigir exames como 
ultrassonografia ou ressonância magnética, antes 
da operação. 
 
O abscesso anorretal é condição 
predisponente à formação de uma fistula. 
 
A fístula anal pode-se desenvolver em 
aproximadamente 40% dos pacientes durante a 
fase aguda de sepse ou mesmo ser descoberta 
em seis meses após a terapia inicial. As fístulas são 
categorizadas pela classificação de Parks: 
 
 
 
 
 
 
A fístula anal mais comum é uma fístula 
interesfincteriana. Mais frequentemente, a fístula 
atravessa diretamente para baixo até a margem 
do ânus. Em alguns casos, no entanto, o trajeto 
pode-se dirigir para cima na parede retal (trajeto 
cego alto), com ou sem uma abertura perineal. 
Nas fístulas transesfincterianas, o trajeto viaja 
através do esfíncter externo e para a fossa 
isquiorretal, terminando na pele perineal. Se 
passar através do músculo em um nível baixo, a 
fístula não será complicada e o tratamento 
relativamente simples; no entanto, se envolver os 
dois terços superiores do esfíncter, a reparação é 
mais complicada. Deve-se ter cuidado na 
exploração dessas fístulas para evitar punção 
inadvertida do reto baixo, criando uma fístula 
extraesfincteriana baixa. As fístulas 
supraesfincterianas são raras e podem ser difíceis 
de tratar. Com essas fístulas, o trajeto está acima 
de todos os músculos importantes para a 
continência. Além disso, a fístula pode ter uma 
extensão adicional para a pelve, paralela ao reto 
(trajeto cego alto). 
Finalmente, uma fístula extraesfincteriana é 
também rara e resulta muitas vezes de uma lesão 
iatrogênica. Ela viaja desde a pele perineal até a 
parede retal acima do elevador do ânus. O trajeto 
está completamente fora do aparelho 
esfincteriano. O tratamento envolve com 
frequência a necessidade de colostomia. 
 
Drenagem de secreção seropurulenta com 
odor fétido pela região perianal é o principal 
sintoma apresentado pelos pacientes. Irritação 
e prurido anais são também observados. 
 
O exame proctológico é realizado sob 
anestesia. A palpação nos revela um peque no 
nódulo na parede do canal anal , que 
representa a abertura interna do trajeto fistuloso. 
anuscopia seguida da passagem de uma 
sonda através da abertura interna 
habitualmente define a anatomia anômala. 
 
Tratamento 
 
O tratamento adequado e apropriado depende 
da classificação correta da fístula e da 
identificação das aberturas interna e externa, da 
direção do trajeto e da quantidade de músculo 
envolvido. O tratamento cirúrgico continua sendo 
a primeira modalidade de tratamento para as 
fístulas não relacionadas a doença inflamatória 
intestinal. O exame sob anestesia permite uma 
avaliação anorretal completa e classificação 
adequada da doença. O exame digital pode 
revelar um nódulo palpável na parede do canal 
anal, uma indicação da abertura primária. Uma 
sonda podeser colocada gentilmente desde a 
abertura externa da pele até a abertura interna 
do canal anal. 
O tratamento das fístulas simples (aquelas com 
envolvimento mínimo do complexo esfincteriano – 
fístulas transesfincterianas baixas, fístulas 
interesfincterianas) é frequentemente realizado 
através da abertura do trajeto por fistulotomia. 
Dependendo do comprimento e profundidade do 
trajeto, pode ser marsupializado para promover a 
cicatrização. As taxas de recorrência e 
incontinência são em geral baixas, mas altamente 
dependentes da decisão e experiência do 
operador. A regra de Goodsall é útil para prever a 
anatomia das fístulas simples. Se a exploração 
direta não conseguir identificar a abertura interna, 
a injeção de uma mistura de azul de metileno e 
peróxido de hidrogênio pode ajudar a identificá-
la. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – ambulatório cirurgia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tratamento das fístulas anais é cirúrgico e 
tem como objetivos eliminar a fístula, prevenir 
sua recorrênci a e preservar a continência . 
A fistulotomia é o procedi mento usualmente 
empre gado nas fístul as interesfincterianas e 
transesfincterianas baixas. 
 
As fístulas complexas frequentemente requerem 
mais do que uma simples fistulotomia para serem 
resolvidas. Existe uma variedade de técnicas para 
o seu tratamento, o que mais uma vez é 
dependente da classificação e identificação 
precisa do orifício interno. Para fístulas que 
envolvem mais de 30% do esfíncter, aquelas distais 
à linha pectínea, ou fístulas transesfincterianas 
altas, um sedenho de drenagem (sutura ou 
elástico) é colocado de forma frouxa através do 
trajeto para facilitar a drenagem de qualquer 
sepse e preservar o esfíncter. Este pode ser 
convertido a um sedenho cortante, que é 
periodicamente apertado em intervalos regulares 
para cortar lentamente através do músculo 
esfincteriano envolvido e promover fibrose para 
evitar a ruptura do esfíncter e resultante 
incontinência. As taxas de sucesso são variáveis e 
vão de 60% a 100%; muitos pacientes acabam por 
ter algum nível de incontinência, mais 
frequentemente para gases do que para líquidos 
ou sólidos. 
Outros métodos de fechamento de fístulas no 
contexto de doença complexa incluem o uso de 
material biológico para promover o fechamento 
de fístulas sem divisão de qualquer músculo 
esfincteriano (cola de fibrina ou plug anal 
derivado do porco). Ambos os produtos 
promovem a cicatrização do trajeto através do 
fornecimento de uma matriz extracelular que 
serve como infraestrutura, permitindo o 
crescimento interno do tecido hospedeiro para 
incorporação e remodelação. A cola de fibrina 
contém fibrinogênio de plasma humano e 
trombina. A cola de fibrina é injetada para o 
interior do trajeto da fístula anal, começando na 
abertura interna e preenchendo o trajeto de 
dentro para fora. Uma revisão abrangente da 
literatura reportou que os resultados de sucesso 
com a cola de fibrina são variáveis e vão de 14% 
a 60%.32 
O plug anal de fístula bioprotético também está 
disponível para servir de matriz ao crescimento 
interior do tecido e para obliterar o trajeto da 
fístula. É inserido no interior da fístula e depois 
fixado na abertura interna. A abertura externa é 
alargada e deixada aberta a fim de permitir a 
drenagem. Ao longo do tempo, o tecido irá 
crescer para o interior do tampão e substituir a 
matriz, obliterando o trajeto da fístula. Existem 
dados limitados sobre o sucesso dessa 
abordagem, mas a sua baixa morbidade e baixo 
risco tornam-na uma opção atrativa em pacientes 
com fístulas complexas. 
As fístulas altas ou outras fístulas persistentes 
podem ser tratadas com um retalho por avanço 
mucoso, constituído pela mucosa, submucosa e 
músculo circular para cobrir o orifício interno. 
 
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