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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA E MICROBIOLOGIA DISCIPLINA: PARASITOLOGIA GERAL ATLAS DE PARASITOLOGIA HELLEN SOARES TERESINA – PI JULHO/ 2021 2 Sumário AULA 1: AMEBÍASE ............................................................................................................................ 3 AULA 2: GIARDÍASE ........................................................................................................................... 5 AULA 3: TRICOMONÍASE .................................................................................................................... 6 AULA 4: LEISHMANIOSE ..................................................................................................................... 7 AULA 5: DOENÇA DE CHAGAS ............................................................................................................ 8 AULA 6: MALÁRIA.............................................................................................................................. 9 AULA 7: TOXOPLASMOSE ...................................................................................................................11 AULA 8: ESQUISTOSSOMOSE..............................................................................................................13 AULA 9: TENÍASE E CISTICERCOSE........................................................................................................15 AULA 10: ASCARIDÍASE.......................................................................................................................17 AULA 11: ENTEROBIOSE......................................................................................................................19 AULA 12: TRICURIOSE.........................................................................................................................20 AULA 13: ESTRONGILOIDÍASE..............................................................................................................22 AULA 14: ANCILOSTOMOSE................................................................................................................23 AULA 15: MIÍASES...............................................................................................................................25 AULA 16: ECTOPARASITOS..................................................................................................................27 3 Roteiro de aulas práticas AULA 1: Amebíase - Agente etiológico: Entamoeba histolytica Trofozoíto Cisto A Entamoeba histolytica pode se apresentar na forma de trofozoíto ou cisto dependendo da fase em que se encontra. Em forma de trofozoíto, também é chamada de forma vegetativa, medindo de 20 até 40 μm, podendo chegar até 60 μm nas formas obtidas de lesões tissulares; em culturas ou disenterias, eles medem entre 20 e 30 μm. O trofozoíto geralmente contém um único núcleo, apresenta-se pleomórfico, ativo, alongado, com emissão contínua e rápida de pseudópodes, grossos e hialinos; costuma apresentar movimentos direcionais. Em casos de disenteria é provável encontrar eritrócitos no citoplasma, o qual se apresenta em ectoplasma, claro e hialino, e endoplasma, finamente granuloso, com vacúolos e restos de substâncias alimentares. O núcleo é bem visível e destacado, normalmente é esférico; a membrana nuclear é bastante delgada e a cromatina justaposta internamente a ela é formada por pequenos grânulos, uniformes no tamanho e na distribuição, remetendo um aspecto de anel, sendo comparado a uma aliança de brilhante; na parte central do núcleo é encontrado o cariossoma, também denominado endossoma, assemelhando-se a uma roda de carroça. Já os cistos são esféricos ou ovais, apresentando um tamanho entre 8 e 20 μm de diâmetro. Em preparações a fresco aparecem como corpúsculos hialinos e claros, seus núcleos são pouco visíveis. Entretanto, quando corados os núcleos se tornam bem visíveis e variam em uma quantidade de um a quatro, com uma cor castanho-escuro; a membrana nuclear é mais escura devido ao revestimento da cromatina; o cariossoma é Cariossoma Núcleo Eritrócito Núcleo Cariossoma Corpo cromatoide 4 pequeno e está localizado no centro do núcleo. Quando os cistos apresentam corpos cromatoides, estes se apresentam na forma de bastonetes ou charutos, com pontas arredondadas. No citoplasma dos cistos também podem ser encontradas reservas de glicogênio chamadas de “vacúolos de glicogênio”. 5 AULA 2: Giardíase - Agente etiológico: Giardia lamblia/ Giardia duodenalis/ Giardia intestinalis A Giardia apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. O trofozoíto é encontrado no intestino delgado, sendo a forma responsável pelas manifestações clínicas na infecção. Quanto às suas características morfológicas tem formato de pêra, simetria bilateral, mede 20 μm de comprimento por 10 μm de largura e apresenta quatro pares de flagelos (um anterior, um posterior, um ventral e um caudal). A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa, conhecida como disco ventral. Abaixo do disco, na face ventral, é possível observar a presença de uma ou duas formações paralelas, em formato de vírgula, denominadas corpos medianos. No interior do trofozoíto são encontrados dois núcleos idênticos do ponto de vista morfológico e genético. O cisto é a forma responsável pela transmissão do parasito, ou seja, é a forma infectante. Ele é oval ou elipsoide, com aproximadamente 12 μm de comprimento por 8 μm de largura e apresenta uma parede externa glicoproteica. Internamente, no citoplasma, é possível visualizar dois ou quatro núcleos, número variável de axonemas e no polo oposto aos núcleos, os corpos escuros na forma de meia-lua. Trofozoíto Cisto Flagelo anterior Corpos medianos Disco ventral Núcleo com cariossoma central Flagelo Posterior Flagelo caudal Flagelo ventral Núcleo Axonema 6 AULA 3: Tricomoníase - Agente etiológico: Trichomonas vaginalis O Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa, o parasito é tipicamente elipsoide, piriforme ou oval, medindo em média 9,7 μm de comprimento por 7,0 μm de largura, além disso, apresenta somente o estágio de trofozoíto. Essa espécie possui quatro flagelos anteriores livres e desiguais em tamanho, membrana ondulante e a costa, que se origina do complexo citossomal. O axóstilo é uma estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior e conecta-se anteriormente a uma pequena estrutura em forma de crescente, a pelta. O aparelho parabasal consiste em um corpo em forma de “V”, associado a dois filamentos parabasais, ao longo dos quais se dispõem o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas achatadas. O núcleo é elipsoide próximo a extremidade anterior, com uma dupla membrana nuclear e frequentemente apresenta um pequeno nucléolo. O Trichomonas vaginalis tem como habitat o trato urogenital. Flagelo anterior Corpo parabasal e aparato de Golgi Membrana Ondulante Flagelo posterior Axóstilo Núcleo 7 AULA 4: Leishmaniose - Agente etiológico: Leishmania sp. A forma promastigota é alongada em cuja região anterior emerge um flagelo. O núcleo assemelha-se ao existente na forma amastigota e está localizado na porção média do corpo. O cinetoplasto situa-se na região anterior, podendo variar sua posição. Quanto ao tamanho das formas promastigotas é variável,medindo entre 16 até 40 mm de comprimento por 1,5 até 3 mm de largura, incluindo o flagelo que frequentemente é maior que o corpo. A forma amastigota é tipicamente ovoide ou esférica. O cinetoplasto está localizado na maioria das vezes próximo ao núcleo e tem formato de um bastão pequeno. Essa forma não apresenta flagelo livre e seu tamanho varia entre 1,5 até 3 mm por 3 até 6,5 mm. As formas amastigotas são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário do hospedeiro vertebrado, principalmente macrófagos residentes na pele, enquanto as formas promastigotas são encontradas no tubo digestivo dos flebotomíneos livres ou aderidas ao epitélio intestinal. É importante destacar que a infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado infectado. Promastigota Amastigota Flagelo Cinetoplasto Núcleo Corpúsculo basal Axonema Núcleo Cinetoplasto Corpúsculo basal Axonema 8 AULA 5: Doença de Chagas - Agente etiológico: Trypanossoma cruzi As formas amastigotas são encontradas intracelularmente nos hospedeiros, enquanto as formas tripomastigotas são encontradas extracelularmente, e essas formas são infectantes para células in vitro e para vertebrados. À microscopia eletrônica em todas as formas evolutivas do Trypanossoma cruzi observa-se uma organela especial denominada cinetoplasto, que constitui uma mitocôndria modificada, rica em DNA. No hospedeiro invertebrado são encontradas inicialmente formas arredondadas com flagelo circundando o corpo, denominadas esferomastigotas presentes no estômago e intestino do triatomíneo; formas epimastigotas presentes em todo o intestino e reproduzidas em meio a cultura celular e tripomastigotas no reto. Lembrando que o tripomastigota constitui a forma mais natural de infecção para o hospedeiro vertebrado. Amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas interagem com células do hospedeiro vertebrado e apenas as epimastigotas não são capazes de nelas se desenvolver e multiplicar. Epimastigota Tripomastigota Amastigota Núcleo Cinetoplasto Membrana ondulante Flagelo Cinetoplasto Núcleo Flagelo Membrana ondulante Núcleo Cinetoplasto 9 AULA 6: Malária - Agente etiológico: Plasmodium sp. Os plasmódios variam individualmente em tamanho, forma e aparência, conforme seu estágio de desenvolvimento e suas características específicas. As formas evolutivas extracelulares capazes de invadir as células hospedeiras são: esporozoítos, merozoítos e oocineto, as quais possuem um complexo apical formado por organelas conhecidas como roptrias e micronemas. Quando observados por microscopia eletrônica, estas formas do parasito apresentam uma membrana externa simples e uma membrana interna dupla, a qual é fenestrada e incompleta, principalmente na extremidade anterior, onde está localizado o complexo apical O esporozoíto é alongado, medindo cerca de 11 μm de comprimento por 1 μm de largura e apresenta um único núcleo central, sua estrutura interna é semelhante nas diferentes espécies de plasmódios, sendo a sua membrana formada por duas camadas, Aparelho de Golgi Núcleo Retículo Endoplasmático Mitocôndria Microtúbulos Complexo Apical Esporozoíto Anéis Polares Microtúbulos Apicoplasto Mitocôndria Núcleo Retículo Endoplasmático Aparelho de Golgi Micronema Merozoíto Roptrias Roptrias Oocineto Grânulos densos Micronemas Núcleo 10 com a camada mais externa formada principalmente pela proteína CS, a qual participa de diversas interações celulares durante o ciclo vital do parasito. Os merozoítos são células similares e capazes de invadir somente hemácias. Apresentam uma estrutura semelhante à dos esporozoítos, porém menores e arredondados, com 1 a 5 μm de comprimento por 2 μm de largura e tendo uma membrana externa composto por três camadas. O oocineto tem uma forma alongada de aspecto vermiforme, móvel, com comprimento entre 10 e 20 μm, contendo núcleo volumoso e excêntrico. 11 AULA 7: Toxoplasmose - Agente etiológico: Toxoplasma gondii O T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos, células (exceto em hemácias) e líquidos orgânicos. As formas infectantes que o parasito apresenta durante o ciclo Retículo endoplasmático Membrana plasmática Membrana Interna Micronemas Grânulos densos Roptrias Conóide Microtúbulos Apicoplasto Mitocôndria Núcleo Taquizoíto Bradizoítos Oocisto Corpo residual Núcleo Esporozoíto Esporocisto Parede do oocisto 12 biológico são: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos. Essas três formas apresentam organelas citoplasmáticas características do Filo Apicomplexa que constituem o complexo apical: conoide, anel polar, microtúbulos subpeculiares, roptrias, micronemas, e grânulos densos. O taquizoíto é a forma encontrada durante a fase aguda da infecção. Apresenta- se com a forma aparente de uma banana ou meia-lua, com uma das extremidades mais afilada e a outra arredondada, medindo cerca de 2 x 6 μm, com o núcleo em posição mais ou menos central. É uma forma móvel, de multiplicação rápida, encontrada dentro do vacúolo parasitóforo em várias células, bem como em líquidos orgânicos e excreções. O bradizoíto é encontrado em vários tecidos, geralmente durante a fase crônica da infecção. São encontrados dentro do vacúolo parasitóforo de uma célula, cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual. Além disso, se multiplicam lentamente dentro do cisto. O oocisto é a forma de resistência que possui parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais de felídeos não imunes e eliminados imaturos junto com as fezes, eles são esféricos e medem cerca de 12,5 x 11,0 μm e após a esporulação no meio ambiente contém dois esporoscistos, com quatro esporozoítos cada. 13 AULA 8: Esquistossomose - Agente etiológico: Shistosoma mansoni Macho Fêmea Ventosa Oral Esôfago Testículos Ceco Intestinal Boca Ventosa Ventral Poro Genital Vesícula seminal Canal Ginecóforo Intestino Ventosa Oral Boca Ventosa Ventral Vulva Faringe Útero Ovário Glândulas vitelinas Ovo Oótipo Ovário Ovos em diferentes estádios: I – 1º estádio II – 2º estádio III – 3º estádio IV – 4º estádio V – 5º estádio Miracídio Terebratorium Glândula de penetração Glândulas adesivas Células flama Túbulos excretores Poro excretor Células flama Cercária Ventosa oral Poro oral Ceco Glândula de penetração Ventosa ventral Primórdio genital Ductos das glândulas de penetração 14 A morfologia do S. mansoni macho, em fase adulta, se caracteriza por apresentar um tamanho em cerca de 1 cm, cor esbranquiçada com tegumento recoberto de minúsculas projeções. Além disso, apresenta o corpo dividido em duas porções: anterior, onde encontra-se a ventosa oral e ventral, e a porção posterior, onde se localiza o canal ginecóforo. A fêmea do S. mansoni mede cerca de 1,5 cm e tem cor mais escura devido ao ceco com sangue semi-digerido, com tegumento liso. Em sua porção anterior encontra-se a ventosa oral e o acetábulo, e logo depois a vulva, o útero (com um ou dois ovos) e o ovário. E sua metade posterior é preenchida pelas glândulas vitogênicas e pelo ceco. O ovo mede cerca de 150 μm de comprimento por 60 de largura, com um formato oval, apresentado um espículo na parte mais larga. Quando está maduro é notório um miracídio formado, devido a transparência de sua casca, sendo importante destacar que o ovo maduro é a forma usualmente encontradanas fezes. O miracídio apresenta forma cilíndrica, com dimensões médias de 180 μm de comprimento por 64 μm de largura, seu sistema excretor é composto por células flama que estão em um número de quatro, apresentando-se em pares, e o seu sistema nervoso é muito primitivo. As cercarias apresentam um comprimento total de 500 μm, cauda bifurcada medindo 230 por 50 μm e corpo cercariano com 190 por 70 μm. Verifica-se um sistema excretor constituído de quatro pares de células flama. Além disso, observa-se duas ventosas, sendo a ventral a mais desenvolvida, e é principalmente através dela que a cercaria fixa-se na pele do hospedeiro no processo de penetração. 15 AULA 9: Teníase e Cisticercose - Agente etiológico: Taenia saginata e Taenia solium A T. saginata e T. solium apresentam corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. São de cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada de difícil visualização. Na T. saginata, o escólex é quadrangular, sem rostro e sem acúleos; os proglotes apresentam ramificações uterinas muito numerosas, do tipo dicotômico e saem ativamente no intervalo das defecações; o cisticerco não apresenta acúleos; e não foi comprovada a capacidade de levar à cisticercose humana. Na T. solium, o escólex é globoso, com rostro e com dupla fileira de acúleos; os proglotes apresentam ramificações uterinas pouco numerosas, do tipo dendrítico e saem passivelmente com as fezes; o cisticerco apresenta acúleos; e foi comprovada a capacidade de levar à cisticercose humana. Quanto aos ovos, eles são indistinguíveis. Tanto a T. saginata quanto a T. Rostelo Escólex (cabeça) Ventosa Proglote imaturo Proglote maduro Testículo Vagina Poro Genital Útero Proglote Ovário Gancho Glândula de germinação Colo Canal espermático Verme adulto Ganchos Ventosas Escólex Colo Taenia solium Taenia saginata Cisticercos Rostro Ventosa Colo Vesícula Forma encontrada nos tecidos 16 solium, na fase adulta, vivem no intestino delgado humano, já o cisticerco da T. solium é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e acidentalmente em humanos. O cisticerco da T. saginata é encontrado nos tecidos dos bovinos. 17 AULA 10: Ascaridíase - Agente etiológico: Ascaris lumbricoides As formas adultas do A. lumbricoides são longas, robustas, cilíndricas, com as extremidades afiladas. O macho, verme adulto, apresenta cor leitosa e mede cerca de 20 a 30 cm de comprimento por 2 a 4 mm de largura. A boca é contornada por três fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios. O reto é encontrado próximo a extremidade posterior. Apresenta um testículo filiforme e enovelado, e dois espículos iguais que funcionam como órgãos acessórios da cópula. A extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é o caráter sexual externo que o diferencia da fêmea, a qual mede cerca de 30 a 40 cm de comprimento por 3 a 6 mm de largura. A fêmea apresentar cor, boca e aparelho digestivo semelhantes aos do macho. Apresentam dois ovários filiformes e enovelados que continuam como ovidutos, diferenciando em úteros. Além disso, sua extremidade posterior é retilínea. Os ovos são originalmente brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes, medem cerca de 50 x 60 μm, são ovais e com cápsula espessa em razão da membrana mamilonada. Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, e em casos de infecções intensas ocupam toda Fêmea Macho Útero Esôfago Vulva Ovário Intestino Esôfago Intestino Testículo Cloaca Papilas Espículas Canal deferente Ânus Oviduto 18 a extensão do intestino delgado, lembrando que podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal, e o seu ciclo biológico é monoxênico. 19 AULA 11: Enterobiose - Agente etiológico: Enterobius vermicularis O E. vermiculares apresenta dimorfismo sexual, com algumas características comuns para os dois sexos como cor branca e filiformes. A boca é pequena, seguida de um esôfago claviforme, terminando em um bulbo cardíaco. A fêmea mede cerca de 1 cm de comprimento por 0,4 mm de diâmetro, apresenta cauda pontuda e longa, a vulva que abre na porção média anterior e uma curta vagina que se comunica com os dois úteros. O macho mede cerca de 5 mm de comprimento por 0,2 mm de diâmetro, tem cauda recurvada em sentido ventral, com espículo e apresenta um único testículo. O ovo mede cerca de 50 μm de comprimento por 20 μm de largura, apresenta um formato semelhante a letra D, pois tem um lado convexo e outro côncavo, além disso, possui membrana dupla, lisa e transparente. Os machos e as fêmeas vivem no ceco e apêndice, sendo as fêmeas encontradas na região perianal. O ciclo biológico desses parasitos é monoxeno, sendo importante destacar que após a cópula, os machos são eliminados juntamente com as fezes e morrem, enquanto a fêmea repleta de ovos se desprende do ceco em direção ao ânus, sendo o prurido anal a alteração mais intensa e frequente. Fêmea Macho Boca Vesícula Esôfago Bulbo esofágico Intestino Vulva Reto Ânus Útero Vesícula Boca Esôfago Bulbo esofágico Cloaca Espícula Intestino Testículo 20 AULA 12: Tricuriose - Agente etiológico: Trichuris trichiura O T. trichiura adulto mede cerca de 3 a 5 cm de comprimento, sendo os machos menores que as fêmeas. A boca é localizada na extremidade anterior, sendo essa estrutura simples e sem lábios, podendo ser observado um pequeno estilete, seguido por um longo e delgado esôfago, o qual ocupa cerca de 2/3 do comprimento total do verme, e a superfície ventral esofagiana apresenta a Camada Bacilar, estrutura que pode estar associada à regulação osmótica e iônica. Já na parte posterior, encontra-se o sistema reprodutor simples e o intestino, que termina no ânus. O macho apresenta testículo único e espículo, sendo esta região curvada. Na fêmea é possível observar o ovário, seguido do útero, o qual contém muitos ovos não embrionados. Os ovos medem cerca de 50-54 μm de comprimento por 22 mm de largura, tem formato elíptico com poros salientes e transparentes, preenchidos por material lipídico. Esses vermes adultos são encontrados Fêmea Macho Testículo Cloaca Espículo Ducto ejaculatório Canal deferente Intestino Anel nervoso Boca Ovário Oviduto Intestino Úteros Vagina Vulva Anel nervoso Esôfago Boca 21 no intestino grosso de humanos, quando infectados e apresentam ciclo monóxeno. Essa infecção é mais prevalente em região de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias, fatores que contribuem para a contaminação ambiental e para a sobrevivência dos ovos do parasito. 22 AULA 13: Estrongiloidíase - Agente etiológico: Strongyloides stercoralis Fonte: Livro do Neves. A fêmea parasita possui corpo cilíndrico com aspectos filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada, medindo de 1,7 a 2,5 mm de comprimento por 0,03 a 0,04 mm de largura. Apresenta cutícula transparente e fina, levemente estriada no sentido transversal em toda a extensão do corpo e não há receptáculo seminal. A fêmea que coloca de 30 a 40 ovos por dia é ovovivípara, pois elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado, a larva rabditoide que é libertada ainda no interior do hospedeirotorna-se a forma evolutiva de fundamental importância no diagnóstico. A fêmea de vida livre possui aspecto fusiforme com extremidade anterior arredondada e posterior afilada, medindo de 0,8 a 1,2 mm de comprimento por 0,05 a 0,07 mm de largura. Apresenta cutícula fina e transparente com finas estriações e receptáculo seminal. O macho de vida livre possui aspecto fusiforme com extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente, medindo cerca de 0,7 mm de comprimento por 0,04 mm de largura. Os ovos são elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos do ancilostomídeos, podem ser observados nas fezes de indivíduos com diarreia grave ou após a utilização de laxantes. As larvas rabditoides originárias das fêmeas parasitas são praticamente indistinguíveis das originadas de vida livre. As larvas filarioides são longas correspondendo à metade do comprimento da larva, esta é a forma infectante do parasito. Fêmea parasita Fêmea de vida livre Macho de vida livre Larva rabditóide Larva filarióide Ovo embrionado Ovo larvado an = ânus; bo = boca; ca = cauda entalhada; cl = cloaca; ep = espículo; es = esôfago; in = intestino; ov = ovário; pg = primórdio genital nítido; te = testículo; ut = útero divergente; vb = vestíbulo bucal curto; vu = vulva. 23 AULA 14: Ancilostomose - Agente etiológico: Ancylostoma duodenale/ Ancylostoma ceylanicum/ Necator americanus Cápsula bucal Intestino Testículo Vesícula seminal Ducto ejaculatório Espículo Cloaca Bursa copulatória Ovário Vulva Útero Ovijetor Macho Fêmea Ancylostoma duodenale A. duodenale A. ceylanicum Necator americanus Extremidade posterior da fêmea de A. duodenale Extremidade posterior da fêmea de N. americanus Extremidade posterior do macho de N. americanus 24 A A. duodenale, adulto macho e fêmea, são cilindriformes, com a extremidade anterior curvada dorsalmente, cápsula bucal grande e profunda, com dois pares de dentes ventrais na margem interna da boca e um par de dentes triangulares subventrais no fundo da boca. A fêmea é maior que o macho e apresenta a extremidade posterior afilada. A A. ceylanicum adulto tem morfologia semelhante a A. duodenale, diferindo por apresentar dois pares de dentes da cápsula bucal formados por um dente grande e um dentículo. O N. americanus adulto tem forma cilíndrica, com extremidade cefálica bem recurvada dorsalmente, cápsula bucal profunda margeada por duas lâminas cortantes, seminulares, de situação subventral e duas outras lâminas cortantes subdorsais, além de um dente longo situado no fundo da cápsula bucal que é sustentado por uma placa subdorsal e duas lancetas triangulares subventrais. O macho é menor que a fêmea. Os ancilostomídeos apresentam ciclo biológico direto, não necessitando de hospedeiros intermediários. 25 AULA 15: Miíases - Agente etiológico: Cochliomuia sp. / Dermatobia hominis Existem várias classificações para miíases conforme a localização, biologia da mosca e o tipo do tecido em que ocorre. A espécie Cochliomyia hominivorax, é conhecida como mosca-varejeira, ela é robusta medindo cerca de 8 mm de comprimento, possui cor verde com reflexos azul-metálico em todo o tórax e abdome, o mesonoto apresenta Cochliomyia Sarcophagidae Larva de C. hominivorax Larva de C. macellaria Mosca hematógafa, veiculando ovos de Dermatobia hominis 26 três faixas negras, olhos de cor avermelhada, o resto da cabeça amarelo-brilhante, pernas alaranjadas e é a mosca causadora de miíase primária desde o sul dos EUA até o norte do Chile e Argentina. As mascos da família Sarcophagidae são de médias a grandes, medindo cerca de 6 a 10 mm de comprimento, apresentam cor acinzentada, mesotórax possui três faixas negras longitudinais e abdome axadrezado. A Dermatobia hominis é uma mosca robusta, medindo cerca de 12 mm de comprimento, a cabeça apresenta a parte superior e os olhos marrons, enquanto a parte ventral é castanha, tórax acinzentado com manchas longitudinais, indistintas e de cor escura. É importante pontuar que as larvas de moscas que completam seu ciclo ou pelo menos parte do seu desenvolvimento normal dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro vertebrado podem ser classificadas como causadoras de miíases. 27 AULA 16: Ectoparasitos (Pulgas e piolhos) - Agente etiológico: Yersinia pestis (Peste Bubônica) Ctenocephalides felis felis - fêmea Xenopsylla cheopis - macho A = sensilium B = espermateca C = tíbia posterior D = peças bucais E = ctenídeo genal F = olho G = cerdas pós-antenais H = ctenídeo pronotal A = sensilium B = órgão copulador C = peças bucais D = antena E = cerdas pós-antenais F = sutura mesopleural Ctenocephalides sp. Xenopsylla cheopis Fêmea do Ctenocephalides sp. Pulex irritans Macho do Ctenocephalides sp. 28 As pulgas são insetos pequenos que medem de 1 a 3 mm, de cor castanho-escuro e corpo achatado lateralmente. Os machos se diferem das fêmeas por apresentar um tamanho menor e pela morfologia dos órgãos genitais. As pulgas adultas são hematófagas obrigatórias, alimentando-se diretamente nos capilares, cada espécie tem um hospedeiro próprio, daí a possibilidade de transmissão da peste e outras doenças ao homem. A Pulex irritans que mais frequentemente ataca o homem, é cosmopolita e muito encontradiça em casas velhas e antigos cinemas, sua picada pode causar pulicose. A Xenopsylla cheopis é a pulga dos ratos domiciliares e comensais, é cosmopolita e a principal espécie transmissora da peste bubônica e tifo murino entre roedores domiciliares, podendo depois passar para o homem. A Ctenocephalides sp. são as pulgas de carnívoros e frequentemente podem ser encontradas parasitando indiferentemente cães e gatos. Os piolhos são insetos pequenos, sem asas, achatados dorsoventralmente e com o aparelho bucal picador-sugador, a cabeça é mais estreita que o tórax, no tarso nota-se uma garra que se opõe a tíbia, formando uma pinça, com a qual o inseto se fixa ao pelo ou fibra. Em Pediculus, o corpo é aproximadamente 2-3 vezes mais longo do que largo e os três pares de pernas são de mesmo comprimento e largura, em contraposição à Pthirus. Nos dois gêneros, macho e fêmea podem ser Diferenciação morfológica entre Pulicidae e Tungidae Pulex irritans Tunga penetrans Ovo (lêndea) “Pediculus capitis” fêmea Pthirus pubis fêmea Piolho 29 diferenciados pela extremidade abdominal que é arredondada nos machos e provida de uma reentrância nas fêmeas.
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