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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO BIBLIOTECONOMIA - 2º PERÍODO DISCIPLINA FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROFESSORA SOLANGE MADALENA SOUZA MACEDO GRADUANDO YAGO HENRIQUE ANDRADE ALMEIDA ENUNCIADO TRABALHO FINAL INDIVIDUAL DA DISCIPLINA – ELABORAÇÃO DE UM ENSAIO Orientações gerais: Valor do trabalho: 30 pontos Forma de fazer: individual Data limite para entrega: 11/11/19 (via Moodle) Objetivo: Apresentar a compreensão do aluno em torno dos conteúdos tratados na disciplina que envolvem os Fundamentos da Ciência da Informação, identificando as relações com o seu curso e campo de atuação. Como deverá ser feito: O aluno deverá construir um pequeno texto, demonstrando a sua compreensão dos Fundamentos da Ciência da Informação. O ensaio deve contemplar: 1. Breve perspectiva histórica da Ciência da Informação, apontando os aspectos que contribuíram para o desenvolvimento de seus fundamentos; 2. Suas principais teorias e contribuições para consolidação enquanto campo de conhecimento. 3. As relações que foram possíveis da área de Ciência da Informação com o seu curso e campo de atuação, ou seja, qual foi o diálogo possível com a Biblioteconomia Apresentação: digitado, com espaçamento 1,5. Tamanho: mínimo 5 (cinco) páginas. RESUMO Este ensaio trata dos Fundamentos da Ciência da Informação, tema abordado como disciplina no curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais. O objetivo deste trabalho é apresentar os fatos históricos que contribuíram para o desenvolvimento dos alicerces da área, os seus fundamentos, as principais teorias que consolidaram esse campo do conhecimento e evidenciar as relações que a Ciência da Informação tem para com a Biblioteconomia. A metodologia empregada foi a revisão bibliográfica das obras propostas na disciplina. Os resultados foram o levantamento e explicação das cinco dimensões que fizeram a CI ser possível e também as seis teorias que a permeiam. As conclusões são que a Biblioteconomia se deu e se dá como um alicerce para a CI e para uma melhor integração e um melhor diálogo entre a Biblioteconomia e a CI se faz necessário a formação de mais bibliotecários na pós-graduação. ENSAIO INTRODUÇÃO Tendo em vista que a Ciência da Informação (CI) emergiu a menos de um século atrás, se faz necessário levantar quais são as bases dessa área para se ter uma visão ampla e esclarecida sobre o que ela se constitui. As razões do seu surgimento, os fatores históricos que fomentaram a área, seus alicerces (teorias) principais e os objetivos que visa no mundo, são fatores importantes para estabelecer essa discussão. Basta ver que o surgimento de disciplinas e programas de pós-graduação sobre a CI em escolas de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia são manifestações claras de que essa área vem tomando espaço e pode ser mais vista e valorizada. Sendo assim, de acordo com a demanda explicitada na disciplina de Fundamentos da Ciência da Informação de se fazer um ensaio sobre a Ciência da Informação, objetiva-se aqui demonstrar quais foram os fatos históricos que consolidaram a área. Explicar as teorias que ela se norteia e apontar quais é a relação que a CI estabeleceu e estabelece com a Biblioteconomia. Para esse levantamento foi feito uma revisão bibliográfica tendo como base a bibliografia da disciplina Fundamentos da CIência da Informação, do curso de Biblioteconomia, da Escola de CIência da Informação (ECI), pertencente a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). PERSPECTIVA HISTÓRICA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO De acordo com Araújo (2017) a constituição da CI se deu por muitos fatores diferentes, em conjunturas específicas, variando tempo e espaço. Eles foram agrupados pelo professor em cinco dimensões, sendo que cada um delas será descrita a seguir. O surgimento da bibliografia e da Documentação No século XV surgiu a bibliografia. A bibliografia se ocupava majoritariamente de listar os itens existentes em um determinado acervo e pôde também ser empregada em empreitadas com objetivos maiores como uma bibliografia universal. Considerando-se que a orientação custodial, aquela que visava a guarda, preservação e promoção de acesso restrito às obras, sendo tudo isso possibilitado através da criação e manutenção de coleções, já não estava mais em voga. Surgiu então a orientação pós-custodial devido aos avanços tecnológicos e a uma maior liberdade ao acesso, que visava não mais essa tratativa tradicional que é a custodial, mas sim, uma viabiliza-se o acesso e propagação adequada da informação. O processo de revitalização da bibliografia se deu principalmente por Paul Otlet e Henri La Fontaine (ARAÙJO, 2017) que promoveram eventos como a I Conferência de Bibliografia e com a criação do Instituto Internacional de Bibliografia. Outro fator importante para o surgimento da CI foi a criação da Documentação, que está diretamente ligada a bibliografia. Otlet considerou a necessidade de um tratamento técnico adequado aos documentos e visando tal fenômeno definiu o conceito de documento como qualquer objeto que passe informação independente do suporte que esteja inserida. Relação institucional com a Biblioteconomia Devido a determinadas demandas de bibliotecários de bibliotecas universitárias e especializadas, começou a ser discutido a diferença no tratamento dos documentos por parte dessas bibliotecas para outras como as bibliotecas públicas e escolares. Como o usuário dessas unidades de informação são diferentes, a demanda de informação deles também era. Assim sendo, um tratamento técnico adequado em determinados documentos se fazia presente. Esse impasse entre as áreas foi mais uma das dimensões que fomentaram o surgimento da CI. Atuação dos “primeiros cientistas da informação” Em razão do tratamento técnico da informação e do despreparo por parte de alguns bibliotecários, certas demandas de informação não eram atendidas. Como citado no tópico acima, essas informações muitas vezes vinham de um público acadêmico que buscava informações muito específicas. O que levou a uma adaptação por parte de profissionais de diferentes áreas sobre a forma de prover essa informação. Engenheiros, químicos, físicos e diversos profissionais começaram a ocupar os serviços de referência de obras. Esta situação durou demasiadamente e esses profissionais começaram a se denominar cientistas da informação. Esta adaptação também se dá como uma dimensão para a consolidação da CI. O incremento tecnológico Nos anos 90 surgiu o microfilme, uma nova forma de armazenar os documentos que ocupava menos espaço. Essa nova tecnologia levou a discussões sobre a desassociação do conteúdo do documento e do seu suporte físico, legitimando discursos de que tal prática poderia ser viável, pois facilitaria a disseminação da informação sem impactar sobre o seu documento original. Logo após esse período de discussões o Boom Informacional ocorreu devido ao número excessivo de informação promovida pelomaior acesso aos computadores. Ao existir tanta informação o processo de recuperação dessas informações se torna mais árduo, o que levou a necessidade da automação da recuperação da informação por parte de máquinas. Mais tarde, a recuperação da informação foi considerada o núcleo duro da CI devido a sua complexidade. Teoria Matemática da Informação Uma das primeiras formas de teorizar o processo infocomunicacional foi a criação da Teoria Matemática da Informação de Claude Shannon e Warren Weaver. Teoria essa que vê a informação como um processo mecânico onde existe um emissor que passa um mensagem para um receptor, e esse processo pode falhar porque pode haver ruído no decorrer dele. A problemática dessa teoria é que ela inviabiliza a subjetividade dos sujeitos envolvidos no processo infocomunicacional e por isso reduz o objeto da CI a um processo técnico. Ela é dada como uma das primeiras teorias mas, não atual. Essas são as cinco dimensões que possibilitaram a CI existir. TEORIAS DA CI Tendo como base o artigo de Araújo (2009) as teorias que permeiam a CI são: teoria matemática, teoria sistêmica, teoria crítica, teorias da representação, os estudos em comunicação científica e os estudos de usuários. Pelo fato de que a teoria matemática já foi abordada no tópico acima, da-se aqui ênfase ao restante das teorias. Teoria sistêmica Foi originada por Bertalanfy, tem origens na biologia. O todo é maior do que as partes e as partes compõem o todo. Privilegia a lógica de ciclo. Foi bem adotada pelas ciências sociais, em especial pela Administração. Na Ci ela tem duas grandes manifestações, a primeira foi a respeito das funções da informação na sociedade, levando em conta as instituições que promovem informação e os seus serviços interativos dentro da sociedade. A segunda se relaciona com o desenvolvimento das teorias sobre os sistemas da informação e também com os processos que são necessários para o bom funcionamentos deles, englobando os conceitos de entrada, processamento e saída. Esta teoria defende que as partes do sistema tem que ser independentes e ter funções próprias, ela se assemelha a quinta lei de Ranganathan (ARAÚJO, 2009) de que a biblioteca é um organismo vivo. Teoria crítica É uma teoria pautada nas ciências humanas, em especial na História e na Filosofia. Ela não segue a lógica positivista e sim põe em pauta o tempo todo a realidade fundamentada nela mesma. Na CI ela se manifesta principalmente associada à lógica marxista, tendo em cheque os conflitos advindos pelo que é denominado informação na sociedade. Buscando explicá-los na sua historicidade. Teoria da representação É uma teoria intimamente ligada a Biblioteconomia e as suas questões de representação adequada da informação. Sofreu grande influência do bibliotecário Ranganathan ao pontuar como se deve representar os documentos para uma maior utilidades destes. Assim questões como aquisição, descrição e classificação são trabalhadas por estas teorias. Produção e comunicação científica A problemática da produção e comunicação científica teve surgimento no bojo da Segunda Guerra e da Guerra Fria. Tendo em vista que a informação começou a ser considerada valiosa para o desenvolvimento tecnológico. Assim sendo, a informação no meio científico teve destaque porque explicitava o fluxo dessa produção de conhecimento. Termos como gatekeepers e colégios invisíveis foram cada vez mais sendo disseminados. Deu-se o nome de Gestão da Informação e do Conhecimento para a parte da CI que se ocupa de estudar esses processos. Os Estudos de Usuários Teve-se início aqui a discussão dos sistemas pautados nas demandas dos usuários, passou-se a se considerar o sujeito dentro do processo informacional como agente ativo. Um paradigma presente aqui é o cognitivo. CONCLUSÃO: AS RELAÇÕES DA CI E DA BIBLIOTECONOMIA Como foi possível observar no decorrer deste ensaio, a Biblioteconomia foi um dos alicerces fundadores da Ciência da Informação, mesmo que este processo de alicerçamento seja dado de forma indireta. Toda a questão do paradigma físico adveio da Biblioteconomia e mais tarde da Arquivologia. Otlet é considerado como precursor da CI em algumas obras (ARAÚjO, 2009). Os desafios enfrentados pelas escolas de Biblioteconomia é se integrar da forma mais apropriada a essa disciplina emergente, viabilizando assim não só um tratamento físico ou técnico da informação. Mas, também social, histórico e antropológico. Sem desconsiderar as inúmeras oportunidades advindas das inovações técnicas e tecnológicas providas pela CI. Assim sendo, necessita-se dos novos bibliotecários que eles também se empenhem em se tornar cientistas da informação, possibilitando uma relação mais amigável entre as áreas que tanto se relacionam em diversas medidas. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carlos A. A. Uma história intelectual da ciência da informação em três tempos. RACIn, João Pessoa, v. 5, n. 2, p. 10-29, jul./dez. 2017. ARAUJO, Carlos Alberto Ávila. Correntes teóricas da ciência da informação. Ci. Inf., Brasília , v. 38, n. 3, p. 192-204, Dec. 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652009000300013 &lng=en&nrm=iso>. access on 13 Oct. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-19652009000300013.
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