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Rio 26 de setembro de 2011 - Julian Chediak

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Rio, 26 de setembro de 2011 
Direito Societário I
Na aula passada foi discutida a questão do preço de emissão das ações. Dependendo do preço de emissão, pode-se prejudicar os demais acionistas. O parágrafo 1º do artigo 170 fala que não se pode simplesmente diluir os demais acionistas, deve-se fazer uma nova emissão de ações somente com base nos três critérios citados no parágrafo. Vimos como se calcula a previsão de rentabilidade (fluxo de caixa descontado). 
Falaremos hoje sobre resgate, amortização e reembolso. São os artigos 44 e 45 da lei das S.A. São mecanismos que possibilitam a retirada de circulação das ações ou, ao menos, a obtenção do capital investido.
Deve estar previsto no estatuto se as ações serão resgatas ou não. O resgate depende da concordância dos acionistas prejudicados. O resgate retira as ações definitivamente as ações de circulação, reduzindo o capital ou não. É importante no artigo 44 o seu parágrafo 6º, que indica que deve existir Assembléia para fins específicos do resgate em casos não previstos estatutariamente. Se uma classe de ações for ser resgatada e isso não estava presente no estatuto, será necessária a aprovação de pelo menos metade dos acionistas. No resgate as ações deixam de existir. 
O mais comum, porém, é que o resgate esteja previsto no estatuto. Nesse caso, a ação torna-se um meio termo entre um título de renda fixa e um título de renda variável (é um título híbrido). Devemos ler os demais parágrafos desse artigo. Deve ocorrer sorteio caso o resgate não abarque a totalidade das ações. 
O resgate deve ocorrer apenas mediante Assembléia da classe e espécie de ações que se pretenda como objeto de resgate. O parágrafo que indica isso, parágrafo 6º do artigo 44, foi inserido apenas em 2001. Ele apenas consolidou um entendimento que já era enormemente majoritário. 
Já a amortização sempre gera redução do capital do social – é um adiantamento de parcela da liquidação da ação. Na prática, ninguém amortiza ações. A amortização está citada no parágrafo 2º do artigo 44. Pode-se ter uma ação completamente amortizada? Teoricamente sim, e a ação que receber esse tratamento terá o nome de ação de fruição – é aquela que recebeu 100% de sua amortização. As amortizações totais também inexistem na prática. O resgate se diferencia da amortização porque no caso da amortização a ação continua a existir. 
Na sociedade limitada, para sair da sociedade deve-se pedir a resolução da sociedade com relação a um sócio. Já na sociedade anônima, o acionista em regra não pode se retirar da sociedade pedindo de volta o que se integralizou – deve-se vender suas ações. O mesmo não ocorre na sociedade anônima. Antigamente, a sociedade anônima precisava de unanimidade para muitas operações. Isso deixava a sociedade engessada. A regra básica atualmente, portanto é o princípio da maioria – considerado melhor para a sobrevivência e funcionamento das S.A. 
Existem certas deliberações tão graves e tão relevantes no curso de uma sociedade anônima que permitem a saída do sócio dissidente, mesmo no caso das S.A. A efetiva mudança do objeto social, por exemplo, dá ensejo à retirada do sócio, e, dessa forma, do reembolso. Alterações que transformam a relação entre os sócios não ensejo ao acionista dissidente para pedir o reembolso. Não podemos confundir o reembolso com o resgate. O dissidente pode, também, preferir ficar na Companhia. As hipóteses de reembolso devem obrigatoriamente estar previstas na lei.
O valor das ações é pago no caso do reembolso. O valor das ações, nesse caso, está no artigo 45 parágrafo 1º. A regra é que o valor patrimonial, também conhecido como valor de livros, seja utilizado. Mas a lei indica que o estatuto social pode estipular, previamente, outro valor para o reembolso das ações. Esse valor pode ser o valor econômico (valor de perspectiva de rentabilidade – utilização do fluxo de caixa descontado).
Quais seriam as hipóteses de recesso (direito de reembolso por parte do acionista)? São as hipóteses previstas no artigo 137. Devemos ler essas hipóteses. O acionista pode dissentir mesmo sem comparecer à assembléia ou sem ter direito a voto – dissentir é meramente não concordar. Existem casos que em que os preferencialistas terão direito a uma Assembléia de Preferencialistas para acatarem ou não. 
Existem algumas particularidades quanto ao direito de recesso. O acionista para exercer o direito de recesso deve exercê-lo dentro do prazo decadencial contido no inciso IV do artigo 137 (30 dias da publicação da Ata de Assembléia Geral). 
A Companhia pode vir a voltar atrás quanto a uma deliberação para evitar a dissidência de acionistas.
A dissolução parcial de sociedade anônima é importante. Em uma sociedade anônima não há, em geral, possibilidade de exigir reembolso. O Tribunal de Justiça de São Paulo entende que há possibilidade jurídica do pedido quanto ao pedido de resolução da sociedade com relação à um sócio na sociedade anônima. Chediak é contrário, indicando a impossibilidade jurídica do pedido (não existe embasamento legal para ela). O STJ, porém, apesar de não ter consolidado esse entendimento, vem indicando que é possível a resolução. O STJ defende que esse pedido pode ser feito somente em situações muito peculiares – como a companhia que não distribui lucro há muito tempo (a companhia não estiver atingindo a sua finalidade). 
Para aula que vem: ler a respeito de debêntures e o conceito de valor mobiliário.

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