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LIVRO_UNICO 2021

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Prévia do material em texto

Direito e legislação 
empresarial
Luiz Felipe Nobre Braga
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.
Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão 
e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e 
Responsabilidade Social
Camilla Veiga
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Luana Mercurio
Supervisão da Disciplina
Elaine Berini da Costa Oliveira
Revisão Técnica
Elaine Berini da Costa Oliveira
Marcilyanne Moreira Gois
Renata Morais dos Santos
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Braga, Luiz Felipe Nobre
B813l Legislação empresarial aplicada / Luiz Felipe Nobre Braga. – 
 Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
 192 p.
 
 ISBN 978-85-522-1676-6
 
 1. Direito empresarial. 2. Empresa. 3. Atividade 
 empresária. 4. Empresário Individual. 5. Sociedade 
 Empresária. 6. Tipos Societários. I. Título.
 
CDD 342.2
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
Sumário
Unidade 1
Direito e legislação empresarial ................................................................... 7
Seção 1
Introdução ao Direito Empresarial .................................................. 9
Seção 2
Direito e legislação empresarial ......................................................26
Seção 3
Falência e recuperação judicial da empresa ..................................41
Unidade 2
Direito e legislação trabalhista ...................................................................59
Seção 1
Os direitos dos trabalhadores na atualidade 
e a autonomia privada coletiva .......................................................61
Seção 2
Contrato, trabalho remunerado, jornada de trabalho 
e direito ao descanso ........................................................................75
Seção 3
Término do contrato de trabalho ...................................................88
Unidade 3
Direito e legislação tributária ..................................................................103
Seção 1
Legislação tributária e sistema tributário ...................................104
Seção 2
Responsabilidade e obrigação tributária ....................................119
Seção 3
Crédito tributário e sistema tributário diferenciado .................129
Unidade 4
Direito e legislação do consumidor ........................................................147
Seção 1
Introdução às relações de consumo ............................................148
Seção 2
Práticas abusivas e extinção do contrato de consumo ..............163
Seção 3
Responsabilidade nas relações comerciais de consumo ...........176
Palavras do autor
Olá, caro aluno! Agora começamos a nossa jornada em busca dos conhecimentos mais importantes no campo da legislação empresa-rial aplicada, a partir dos quais você poderá desenvolver suas ativi-
dades com rigor e devidamente ajustadas às normas jurídicas brasileiras. Os 
elementos que trataremos neste livro servirão para subsidiar a sua atuação 
profissional, considerando-se, para tanto, a gama de assuntos indispensáveis 
aos mais variados setores de atuação.
Na Unidade 1, apresentaremos e compreenderemos os fundamentais 
conceitos extraídos da legislação empresarial, caminhando desde os pontos 
introdutórios, a caracterização do empresário individual e da sociedade 
empresária, os tipos societários, as espécies de títulos de crédito, os direitos 
e deveres do credor e do devedor, até o estudo do proeminente tema da 
crise empresarial, por intermédio dos institutos da falência e da recupe-
ração judicial e extrajudicial, e os casos de desconsideração da personalidade 
jurídica. 
Na Unidade 2, interessam-nos as questões laborais envolvidas no 
cotidiano da atividade empresarial, a qual, naturalmente, demanda pela 
contratação de mão de obra. Para tanto, abordaremos o Direito e a Legislação 
Trabalhista, buscando suas principais leis e normas, inclusive sob a ótica do 
Direito Coletivo do Trabalho. Será discutida a questão da negociação coletiva, 
o acordo e a convenção coletiva, seguindo-se, a partir daí, para o estudo do 
contrato de trabalho e suas espécies, remuneração, jornada, horas extras, 
férias, descanso semanal remunerado, extinção do contrato de trabalho, 
aviso prévio e os demais direitos decorrentes da rescisão trabalhista. 
Na Unidade 3, nosso foco estará nas questões tributárias, de modo a 
permitir que você entenda os aspectos centrais do Direito e da Legislação 
Tributária do nosso país. Logo, partiremos desde as noções introdutórias 
para a compreensão do Sistema Tributário Nacional, conhecendo os tributos 
de competência de cada ente político. Estudaremos os tributos em espécie 
(impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e 
contribuições especiais), buscando uma visão adequada para o entendimento 
da incidência concreta do Direito Tributário. Nessa unidade, abordaremos o 
nascimento da relação jurídico-tributária, com o fato gerador, a obrigação 
tributária, a constituição do crédito tributário, sua extinção e exclusão. 
Também será apresentado o sistema diferenciado de tributação das micro-
empresas e empresas de pequeno porte, conhecido como SIMPLES. 
Na Unidade 4, partindo da premissa que é preciso conhecer as normas 
que revestem de proteção os consumidores e a segurança quanto ao forne-
cimento de bens e serviços no domínio da atividade empresarial, nosso 
estudo será finalizado no campo do Direito do Consumidor. Nessa unidade, 
conheceremos os tópicos mais relevantes da legislação consumerista brasi-
leira, como aqueles relacionados ao contrato de consumo e suas espécies, as 
questões da oferta e da publicidade, as cláusulas consideradas como abusivas, 
os bancos de dados e cadastro de consumidores, a extinção do contrato de 
consumo, a responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço, assim 
como a decorrente de vícios e suas consequências.
Como você pode notar, temos um caminho bem interessante pela frente, 
cujo objetivo principal, como já indicado, é o de municiá-lo com o instru-
mental jurídico para a sua própria atuação profissional. Com isso, certa-
mente você estará bem preparado para enfrentar os desafios do cotidiano. 
Portanto, preste bastante atenção e aproveite o material que foi especialmente 
desenvolvido para essa finalidade.
Bons estudos!
Unidade 1
Luiz Felipe Nobre Braga
Direito e legislação empresarial
Convite ao estudo
Caro aluno, a partir de agora iniciamos, efetivamente, os nossos estudos. 
Partindo do Direito e da Legislação Empresarial, nosso objetivo é fazê-lo 
compreender a dinâmica jurídica que circunda a atividade empresarial em 
nosso país. 
Você já deve estar imaginando que existe uma série de regras e procedi-
mentos para que uma determinada atividade possa ser prestada no nível da 
organização empresarial, não é mesmo? Poisbem, você tem toda a razão. 
O modelo jurídico brasileiro encontra-se baseado fortemente nas leis, então 
aprovadas pelo Congresso Nacional. A partir delas é que são estruturadas as 
condições que precisam ser atendidas para a prática empresarial organizada. 
Há uma grande preocupação do Estado brasileiro quanto à normatização 
básica da atividade empresarial, de modo que esta consiste em um importante 
fator de desenvolvimento econômico, seja no que se refere à geração de renda 
e emprego, até mesmo nas questões tributárias. Isso não significa, necessa-
riamente, que o Estado controla absolutamente a atividade empresarial, mas 
sim que há normas consideradas como indispensáveis para um mínimo de 
padronização e segurança jurídica, isto é, algo que indica o interesse de que 
as empresas e a atividade empresarial disponham de elementos de estabi-
lidade, os quais, inclusive, favorecem a adequada prestação de serviços e o 
fornecimento de bens no mercado.
O conhecimento das normas relacionadas ao chamado Direito 
Empresarial é de fundamental importância, pois é a partir delas que as ideias 
serão formatadas à luz do que a legislação brasileira considera como uma 
atividade organizada. O interesse dessa proteção legal, como você já pode 
imaginar, é, além daqueles que mencionamos, o de proporcionar tranqui-
lidade e segurança tanto para aqueles que empreendem, como para aqueles 
que desejam figurar como investidores, bem como para todos aqueles que 
trabalharão no nível da gestão empresarial, auxiliando e assessorando na 
tomada de decisões. Não é razoável conhecermos os direitos em uma e 
noutra situação, para que o emprego de recursos e de esforços valha à pena? 
Pois então, caro aluno, é partindo dessas premissas que iniciamos a nossa 
caminhada. Onde, afinal, podemos encontrar as normas de direito empre-
sarial que mais nos interessam? O que é um empresário individual e uma 
sociedade empresária? Quais são os tipos societários previstos na legis-
lação brasileira?
9
Seção 1
Introdução ao Direito Empresarial
Diálogo aberto
Caro aluno, a partir de agora iniciamos, efetivamente, os nossos estudos. 
Partindo do Direito e da Legislação Empresarial, nosso objetivo é fazê-lo 
compreender a dinâmica jurídica que circunda a atividade empresarial em 
nosso país. 
Você já deve estar imaginando que existe uma série de regras e procedi-
mentos para que uma determinada atividade possa ser prestada no nível da 
organização empresarial, não é mesmo? Pois bem, você tem toda a razão. 
O modelo jurídico brasileiro encontra-se baseado fortemente nas leis, então 
aprovadas pelo Congresso Nacional. A partir delas é que são estruturadas as 
condições que precisam ser atendidas para a prática empresarial organizada. 
Há uma grande preocupação do Estado brasileiro quanto à normatização 
básica da atividade empresarial, de modo que esta consiste em um importante 
fator de desenvolvimento econômico, seja no que se refere à geração de renda 
e emprego, até mesmo nas questões tributárias. Isso não significa, necessa-
riamente, que o Estado controla absolutamente a atividade empresarial, mas 
sim que há normas consideradas como indispensáveis para um mínimo de 
padronização e segurança jurídica, isto é, algo que indica o interesse de que 
as empresas e a atividade empresarial disponham de elementos de estabi-
lidade, os quais, inclusive, favorecem a adequada prestação de serviços e o 
fornecimento de bens no mercado.
O conhecimento das normas relacionadas ao chamado Direito 
Empresarial é de fundamental importância, pois é a partir delas que as ideias 
serão formatadas à luz do que a legislação brasileira considera como uma 
atividade organizada. O interesse dessa proteção legal, como você já pode 
imaginar, é, além daqueles que mencionamos, o de proporcionar tranqui-
lidade e segurança tanto para aqueles que empreendem, como para aqueles 
que desejam figurar como investidores, bem como para todos aqueles que 
trabalharão no nível da gestão empresarial, auxiliando e assessorando na 
tomada de decisões. Não é razoável conhecermos os direitos em uma e 
noutra situação, para que o emprego de recursos e de esforços valha à pena? 
Pois então, caro aluno, é partindo dessas premissas que iniciamos a nossa 
caminhada. Onde, afinal, podemos encontrar as normas de direito empre-
sarial que mais nos interessam? O que é um empresário individual e uma 
10
sociedade empresária? Quais são os tipos societários previstos na legislação 
brasileira? 
Praticar para aprender
Olá, caro aluno!
Aqui começaremos a tratar especificamente do conteúdo do nosso 
curso. Daqui em diante, iniciaremos o estudo dos aspectos primordiais que 
constituem o seu interesse no campo da Introdução ao Direito Empresarial. 
Para isso, caminharemos desde as noções basilares da legislação brasileira, 
indicando seus caminhos e apresentando seus conceitos, até a caracterização 
da empresa e da atividade empresarial, inclusive explorando os variados 
tipos societários existentes no direito brasileiro. 
Você deve entender, desde já, que o Direito Empresarial é uma realidade 
bastante presente no cotidiano da nossa sociedade e, assim, profundamente 
ligado às suas perspectivas profissionais. Portanto, é importantíssimo que 
você conheça os seus principais institutos, porque certamente lidará com 
essas inquietações que, afinal de contas, acometem muitas pessoas com 
espírito empreendedor. 
Imagine que você, juntamente com dois amigos que estão concluindo o 
curso de graduação, tiveram a ideia de empreender em uma loja de suple-
mentos alimentares no centro da cidade de Belvedere, um local bastante 
atrativo para comércio dessa natureza, tendo em vista a existência de uma 
academia recém-instalada nas proximidades. Cada um possui determinada 
quantia em dinheiro para investimento. O problema é que seus amigos não 
sabem ainda o que precisarão fazer para conseguirem realizar a ideia da loja 
de suplementos. Não pensaram se precisarão ou não constituir uma empresa, 
como ficará a questão do capital a ser oferecido por cada um para o objetivo 
comum, eventual divisão de participação e mesmo como será a adminis-
tração. Também têm muitas dúvidas sobre qual o tipo societário que deverão 
optar, até mesmo visando, lá na frente, a um sistema de tributação que seja 
mais favorável ao porte do negócio. Além disso, como funcionará o relacio-
namento jurídico do negócio (da loja) com a locação do ponto e com seus 
fornecedores? Como será que isso funciona? Na hipótese de você, na quali-
dade de administrador, ficar incumbido para resolver essas questões, quais 
seriam suas orientações?
Você já deve ter percebido que diversos são os conceitos e informações 
legais que permeiam as dúvidas dos seus amigos. Tais dúvidas são de extrema 
importância, pois a partir da resposta dada a eles poderemos falar em um 
negócio regular ou irregular, sob o ponto de vista legal, algo que poderá 
11
acarretar sérias consequências patrimoniais, inclusive pessoais para todos, 
frustrando, assim, a ideia original.
Ao longo do estudo a seguir, discutiremos todos os pontos relevantes 
para o deslinde dessas inquietações, que a partir de agora também podem ser 
origem das suas próprias dúvidas. 
Então, vamos lá!
Não pode faltar
Caro aluno, no trato das normas atinentes ao Direito Empresarial, a 
primeira fonte que nos surge, no Brasil, é o chamado Código Comercial, que 
é do ano de 1850. Aqui uma anotação precisa ser feita, de natureza termi-
nológica. Com o advento do Código Civil de 2002 (CC/02) não mais utili-
zamos a expressão “Direito Comercial”, contudo a expressão, hoje mais aceita 
e também utilizada pela legislação contemporânea, de “Direito Empresarial”. 
Isso se dá porque o Direito Empresarial é mais amplo que o Comercial, de 
modo que alcança a integralidade do exercício profissional em atividades 
econômicas organizadas, tanto para a produção, quanto para a circulação de 
bens e serviços. (TEIXEIRA, 2018). 
Apesar de o Código Civil de 2002 ser uma fonte privilegiadapara que 
consultemos as normas básicas da legislação empresarial, a possibilidade 
inicial para que ocorra a organização das atividades econômicas decorre 
da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88). É 
nesse documento jurídico, político e social que se encontram os principais 
elementos que caracterizam o Estado Democrático de Direito, o Estado 
brasileiro em si, com a previsão de direitos e garantias de várias espécies. 
Dentre eles, os mais importantes para o nosso estudo, neste momento, 
relacionam-se às liberdades econômicas (CRUZ, 2018; VIDO, 2019). Note 
que o texto da Constituição possui diversos princípios que animam, inspiram 
a legislação infraconstitucional (tanto o CC/02, como as demais leis relativas 
à matéria empresarial, como teremos oportunidade de ver em breve). É 
somente porque há a garantia de princípios ligados às liberdades econômicas 
e profissionais que, efetivamente, as empresas existem e se organizam desta 
ou daquela maneira, à luz dos critérios então esmiuçados pelas variadas 
legislações (FILKELSTEIN, 2016). 
Reflita
Os princípios jurídicos consistem em elementos que devem ser seguidos 
tanto na interpretação dos dispositivos legais quanto na aplicação do 
Direito, sendo o horizonte de compreensão para a concretização do 
12
Direito em sua materialização nas análises práticas e no cotidiano 
empresarial. Como é determinada, na prática, a aplicação de um 
princípio jurídico?
A atividade empresarial, de um modo amplo, acha-se conectada profun-
damente com os seguintes princípios: livre iniciativa (CRFB/88, art. 1º, IV e 
art. 170, caput); liberdade de concorrência (CRFB/88, art. 170, IV); função 
social da empresa (CRFB/88, art. 5º, XXII e art. 170, III) e liberdade de 
associação (CRFB/88, art. 5º, XVII e XX). Há também outros tantos princí-
pios elaborados pela doutrina especializada, como: preservação da empresa; 
autonomia patrimonial da sociedade empresária; subsidiariedade da respon-
sabilidade dos sócios pelas obrigações sociais e; limitação da responsabili-
dade dos sócios pelas obrigações sociais (CHAGAS, 2019).
Como você pode perceber, os princípios que se encontram ligados à 
atividade empresarial, seja do empresário ou da sociedade empresária, 
dizem respeito à ampla possibilidade de empreender no contexto da socie-
dade moderna. Algo que não é apenas fruto do desenvolvimento natural das 
sociedades capitalistas, mas tem a ver com a dinamização quanto à oferta 
de produtos e serviços, com a identificação de oportunidades de negócios 
e de desenvolvimento econômico e social. A liberdade empresarial, embora 
minimamente regulada quanto a alguns de seus aspectos constitutivos e 
formais, permite que a alocação de recursos movimente a economia de um 
país, gerando renda, emprego e mais oportunidades nas variadas cadeias 
produtivas. Os benefícios do empreendedorismo que se consolida na prática 
empresarial efetiva são muitos (VENOSA; RODRIGUES, 2017).
Agora que conhecemos um pouco sobre as fontes primordiais do Direito 
Empresarial, o que, afinal de contas, entende-se por empresário?
Segundo o art. 966 do CC/02, empresário é quem exerce profissional-
mente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens e serviços. Importante atentar para o fato de que algumas atividades 
estão expressamente excluídas do conceito de empresário, como aquelas 
referidas no parágrafo único do art. 966 do CC/02 em comento, que são os 
seguintes casos: quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colabora-
dores. Tais atividades, como visto, estão excluídas. No entanto, se tais ativi-
dades constituírem elemento de empresa, poderão estar incluídas no conceito 
de empresário (NEGRÃO, 2018). 
O conceito de empresário é aplicado tanto para a pessoa física quanto 
para a pessoa jurídica. Porém, caso a pessoa física esteja inserida na definição 
13
apresentada segundo o art. 966 do CC/02, isto é, que exerça profissional-
mente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens e serviços, o nome recebido será o de empresário individual. Por outro 
lado, caso seja uma pessoa jurídica que atue do mesmo modo, será chamada 
de sociedade empresária (que é gênero e comporta várias espécies que 
veremos em breve) ou uma empresa individual de responsabilidade limitada 
(EIRELI). Assim, temos que o conceito de empresário é, na verdade, um 
gênero, que comporta as seguintes espécies: empresário individual, sociedade 
empresária e EIRELI. O art. 966 do Código Civil analisa o empresário por 
um critério subjetivo, considerando, portanto, a atividade organizada para 
a circulação de bens ou serviços. Isso porque antigamente só se considerava 
efetivamente um empresário ou uma atividade empresarial quem desempe-
nhasse algumas das opções previstas no antigo Código Comercial. Mas, com 
o advento dos novos entendimentos e, sobretudo, da livre iniciativa e liber-
dade de concorrência, o critério objetivo não poderia mais ser utilizado. A 
característica agora é a de uma atividade organizada, que pode ser nos mais 
variados ramos, como, no exemplo da nossa situação problema, uma loja de 
suplementos alimentares. 
Logo, podemos perceber quais são os elementos formadores do critério 
legal para uma atividade empresária. Primeiro o profissionalismo, que tem 
como característica a habitualidade, isto é, a continuidade da atividade. Em 
segundo lugar, a atividade econômica, ou seja, a finalidade lucrativa do negócio 
(não se exige o lucro real, mas apenas a intenção de lucrar). Em terceiro, a 
organização, que se consubstancia na reunião articular dos chamados fatores 
de produção, sendo eles: mão de obra, capital, matéria-prima e tecnologia. 
Por fim, em quarto lugar, a produção ou circulação de bens e serviços.
Empresa é a atividade econômica organizada para produção ou circulação 
de bens e serviços, que é realizada, como vimos, pelo empresário individual, 
pela sociedade empresária ou pela EIRELI. 
Apesar de o conceito legal de empresa não excluir atividades ou pessoas, 
a lei acaba por fazer algumas ressalvas, como indicado no parágrafo único 
do art. 966 do CC/02. São aquelas atividades as quais, ainda que possuam 
interesse lucrativo, econômico, não articulam todos aqueles fatores de 
produção destacados. Assim, é o que acontece nos casos das profissões de 
natureza intelectual (científica, artística ou literária). O motivo pelo qual são 
excluídos do conceito de empresário se dá porque nesses casos a organização 
empresarial (que é aspecto fundamental para o conceito de empresário) 
assume uma posição secundária, de modo que o essencial aí será o caráter 
pessoal da prestação dos serviços (SANCHEZ, 2018).
14
Tal regra aplica-se tanto para as situações do profissional liberal, que é 
aquele que atua sozinho (um advogado, por exemplo), como no caso de uma 
sociedade uniprofissional (quando vários profissionais liberais se reúnem 
para a prestação dos seus serviços). Neste último caso, podemos chamar tais 
sociedades de sociedades comuns. Caso haja, futuramente, nesse exemplo, a 
organização dos fatores de produção, aí sim poderão ser consideradas como 
sociedades empresárias (TEIXEIRA, 2018).
Comece a notar que a diferença, inicialmente, entre um empresário 
individual e uma sociedade é o aspecto ligado à reunião e ao encontro de 
vontades. Obviamente que o empresário individual presta sozinho a ativi-
dade empresária e, como se pode perceber, a sociedade demanda um acordo 
de vontades tendentes a uma finalidade (empresarial, lucrativa). 
Assim, o art. 982 do CC/02 dispõe que:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, conside-
ra-se empresária a sociedade que tem por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário sujeito a 
registro, e simples as demais. 
Parágrafo único. Independentemente do seu objeto, 
considera-se empresária a sociedade por ações e, 
sociedade simples, a cooperativa. (BRASIL, 2002)
Como visto, a lei excluido âmbito da atividade empresária algumas situa-
ções, ligadas aos profissionais liberais. Porém, se o exercício dessas profissões 
(atividades) constituir elemento de empresa, isto é, quando a atividade não 
for o núcleo, mas sim algo complementar, que cede espaço a outras ativi-
dades maiores, com natureza empresarial, não haverá problema. O que não 
é possível é um profissional liberal empresário ou uma sociedade empre-
sária de profissionais liberais em que a atividade prestada (o objeto social) 
principal seja o próprio trabalho de natureza artística, literária e intelec-
tual, prestados diretamente e com pessoalidade. É o caso clássico quando 
tais atividades se acharem integradas em um objeto mais amplo, relativo à 
prática empresarial, como um veterinário que atende no seu consultório, 
que fica dentro de um pet shop, que também lhe pertence. Outro exemplo 
interessante, e hoje bastante comum, são as franquias que oferecem serviços 
odontológicos, caracterizadas por uma oferta para uma clientela indistinta, 
sem a pessoalidade típica do profissional liberal.
15
Exemplificando
Imagine que um dentista, um psicólogo e um advogado, que se conhecem 
desde os tempos da faculdade, finalmente estejam formados e, como 
estão no início de carreira, decidem dividir os custos de um local, para 
que possam atender os seus clientes. Como são profissionais liberais, eles 
não se enquadram, especificamente, no conceito estudado de empresário, 
motivo pelo qual não poderiam constituir uma sociedade empresária 
para efeito de promover seus serviços. Por outro lado, podem constituir 
uma sociedade simples apenas para efeito de regular eventuais obriga-
ções relacionadas ao local de trabalho, regulando situações negociais 
em comum entre eles e perante terceiros. Caso não optem por isso, será 
como uma sociedade despersonificada, em que as responsabilidades 
perante terceiros, caso assumidas, serão suportadas de maneira ilimi-
tada por cada um deles.
Adentrando um pouco no campo do empresário individual, é importante 
que você saiba que os requisitos para tanto estão elencados no art. 972 do 
CC/02. Já ficou claro que empresário individual é a pessoa física que organiza 
uma atividade empresarial. Basta que essa pessoa física (como você ou um 
daqueles amigos do nosso exemplo) esteja em pleno gozo da sua capaci-
dade civil e não tenha nenhum impedimento legal (como uma condenação 
criminal, ainda que temporária, ou até um médico com exercício simultâneo 
de empresa farmacêutica, um estrangeiro com visto provisório, condenado 
por crime falimentar ainda não reabilitado). 
Vale lembrar que, ocasionalmente, uma pessoa considerada como incapaz 
(um menor de 16 anos, por exemplo) não poderá se inscrever, inicialmente, como 
empresário. Apesar disso, uma pessoa eventualmente incapaz (seja qual for a causa 
da incapacidade) poderá continuar a atividade empresária nas hipóteses do art. 974 
do CC/02, isto é, quando a incapacidade for superveniente (ex.: começa como um 
empresário e é capaz, mas acontece uma incapacidade posterior ao registro, como 
um acidente que acomete a pessoa com um estado de impossibilidade de praticar 
por si só atos da vida civil) ou quando se dá o recebimento da empresa por herança, 
hipóteses essas que, havendo pessoa menor de idade (que é uma das causas de 
incapacidade) ou algum tipo de deficiência que impossibilite a pessoa de praticar 
atos da vida civil (que seria outra possibilidade), a empresa será conduzida pelo seu 
representante legal. 
No caso de o incapaz continuar a atividade empresária como empre-
sário individual, esta será a única hipótese na qual os bens particulares que 
porventura ele possua e que não tenham sido adquiridos com o exercício 
da empresa, ficarão resguardados, blindados (CC/02, art. 974, §2º). Como a 
16
incapacidade pode afetar o âmbito de possibilidades de ações da pessoa, ela 
será representada legalmente por uma outra, que agirá em seu nome e em seu 
interesse, como já mencionado. 
Além do mais, para ser um empresário individual, não há nenhum limite 
máximo ou mínimo definido pela lei em termos de investimento de capital. 
Ademais, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. O 
registro público mercantil é organizado por meio de dois órgãos e é regido 
pela Lei nº 8.934/94. O primeiro é o Departamento Nacional de Registro do 
Comércio (DNRC), que integra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio, sendo responsável pelo gerenciamento nacional do registro de 
empresas. O segundo órgão é a conhecida Junta Comercial existente nos 
Estados e Distrito Federal, sendo submetida ao DNRC e responsável pela 
concretização do registro empresarial, os arquivamentos (dos atos constitu-
tivos), autenticações das escriturações e emissão de certidões – são as Juntas 
Comerciais que, efetivamente realizam os registros. 
Importantíssimo saber que o empresário individual não conta com 
proteção patrimonial, isto é, o patrimônio da empresa acaba sendo o seu 
próprio, de modo que sua responsabilidade perante as obrigações que 
contrair é ampla e irrestrita – afinal, ele assume todos os riscos do negócio! 
Um traço característico da atividade empresarial é o de justamente dispor 
de um patrimônio que esteja separado da pessoa física do empresário ou dos 
sócios em uma sociedade empresária, só havendo que se falar na responsa-
bilidade patrimonial da pessoa física em algumas situações específicas, que 
trataremos futuramente no campo da desconsideração da personalidade 
jurídica (VIDO, 2019).
As atividades empresariais são constituídas como uma pessoa jurídica, 
apartada da figura dos seus sócios, porém integrada por eles. É o que costu-
meiramente falamos como “abrir uma empresa”. Trata-se de uma pessoa 
jurídica de direito privado, que irá adquirir, com o registro próprio (do 
Contrato Social na Junta Comercial), uma personalidade jurídica específica, 
autônoma. Daí, é a pessoa jurídica, a “empresa” que contrairá direitos e obriga-
ções negociais, respondendo, em princípio com seu próprio patrimônio. Os 
sócios, apenas eventualmente, serão chamados a arcar com as obrigações 
empresariais com seus patrimônios particulares. Com isso, pode-se refletir, 
caro aluno, sobre a existência de outras figuras empresariais que ofereçam 
outras possibilidades sobre a questão da responsabilidade patrimonial. Para 
que muitas pessoas pudessem sair da situação da informalidade, surgiu no 
Brasil a figura da empresa individual de responsabilidade limitada, que é, 
basicamente, a figura do empresário individual (embora também possa ser 
17
constituída por outra pessoa jurídica, uma sociedade limitada, por exemplo), 
que constituirá uma pessoa jurídica com patrimônio próprio e personali-
dade jurídica apartada do seu criador (NEGRÃO, 2018). A inovação trazida 
a partir da inserção da figura da empresa individual de responsabilidade 
limitada (EIRELI) certamente surtiu efeitos para além do específico campo 
do Direito Empresarial. A EIRELI tem o condão primordial de retirar da 
clandestinidade e assim regularizar a situação de milhões de profissionais que 
se mantinham à margem do sistema legal. Também é forçoso reconhecer os 
seus benefícios econômicos, sobretudo no que tange ao aumento do número 
de empresas ofertando bens e serviços, que, por sua vez, podem contribuir 
para alavancar o dinamismo do mercado quanto à concorrência, quanto à 
arrecadação tributária e, claro, quanto à valorização dos empreendimentos 
de pequeno porte. 
Como se deve notar, a EIRELI precisa observar os requisitos e parâme-
tros gerais das sociedades empresárias insertos nos artigos 966 e 1195 do 
CC/02, além dos 4 (quatro) específicos presentes no novo artigo 980-A. 
São eles: (I) possuir apenas um sócio detentor da integralidade do capital 
social; (II) capital social integralizado no ato de instituição da empresa e no 
montante equivalente de pelo menos 100 (cem) salários-mínimos; (III)a 
utilização da expressão “EIRELI” no nome empresarial, seja ao final da firma 
ou da denominação social (critério diferenciador das demais empresas); (IV) 
limitação à participação de cada pessoa em apenas uma empresa individual 
de responsabilidade limitada, isto é, quem for sócio de uma EIRELI pode 
ser sócio de outras empresas individuais ou ser sócio em empresas de outras 
espécies, contudo não mais do que uma EIRELI.
Pode-se notar com tranquilidade que a questão da responsabilização 
patrimonial do sócio na modalidade empresarial aqui tratada é limitada, isto 
é, seus bens pessoais não respondem pelas obrigações da empresa. A grande 
vantagem da EIRELI, com efeito, é a identificação separada dos patrimônios, 
elemento definitivo, insculpido no novel artigo 980-A do CC/02. Devemos 
perceber que apesar da separação patrimonial consagrada, a técnica da 
desconsideração da personalidade jurídica pode ser aplicada à EIRELI e, 
desta maneira, responsabilizar e atingir o patrimônio pessoal do adminis-
trador ou criador consoante a situação fática, justamente porque “aplicam-se 
à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras 
previstas para as sociedades limitadas” (§6º do art. 980-A do CC/02). 
Futuramente, estudaremos a desconsideração da personalidade jurídica, não 
se preocupe! Apreendemos que se trata de conclusão lógica, pois, com efeito, 
não haveria como vislumbrarmos hipótese em que, preenchidos os requi-
sitos, a EIRELI estivesse livre ou que pudesse esquivar-se da desconsideração 
18
da personalidade jurídica a fim de que o patrimônio do criador ou adminis-
trador respondesse por atos por estes praticados.
Quanto ao capital social, o entendimento é o de que somente fazem jus 
à limitação da responsabilidade os empreendimentos os quais demandem 
capital inicial superior a 100 (cem) salários mínimos. Destarte, a fixação do 
capital inicial mínimo também visou dificultar que a EIRELI fosse consti-
tuída para fraudar a legislação trabalhista, tal como vem sendo utilizado o 
regime jurídico do microempreendedor individual (MEI), previsto no art. 68 
da Lei Complementar nº 123/2006.
O nome empresarial é o elemento identificador do empresário ou da 
sociedade empresária (arts. 1.155 a 1.168 do CC/02). Da mesma maneira 
que ocorre com a sociedade limitada (art. 1.158 do CC/02). Porém, em vez 
de constar ao final a expressão “limitada” ou sua abreviatura (“Ltda.”), neces.-
sário que conste a expressão “EIRELI”, que é justamente a abreviatura de 
“empresa individual de responsabilidade limitada”.
A criação de uma empresa individual de responsabilidade limitada 
poderá ocorrer de duas maneiras, ou originariamente ou de modo derivado 
ou posterior. O § 3º do art. 980-A do CC/02 preceitua que a empresa indivi-
dual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração 
das quotas de outra modalidade societária em um único sócio, indepen-
dentemente das razões que motivaram tal concentração. Assim, a Instrução 
Normativa nº 118/2011 do Departamento Nacional de Registro de Comércio 
regulamenta especificamente a transformação de empresário individual em 
EIRELI e vice-versa.
Assimile
EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. Possui a 
vantagem da proteção patrimonial. Vale relembrar os requisitos para a 
sua constituição: (I) possuir apenas um sócio detentor da integralidade 
do capital social; (II) capital social integralizado no ato de instituição da 
empresa e no montante equivalente de pelo menos 100 (cem) salários-
-mínimos; (III) a utilização da expressão “EIRELI” no nome empresa -
rial, seja ao final da firma ou da denominação social (critério diferen-
ciador das demais empresas); (IV) limitação à participação de cada 
pessoa em apenas uma empresa individual de responsabilidade limitada, 
isto é, quem for sócio de uma EIRELI pode ser sócio de outras empresas 
individuais ou ser sócio em empresas de outras espécies, contudo não 
mais do que uma EIRELI.
19
Mas, ao lado do empresário individual e da EIRELI, também há no 
ordenamento jurídico brasileiro alguns tipos societários. Vamos conhecê-los?
Embora as sociedades sejam constituídas por meio de pessoas jurídicas, 
os conceitos não se confundem. Isso porque não é toda pessoa jurídica que 
será uma sociedade, bem como há casos de sociedades que não são constitu-
ídas por meio de uma pessoa jurídica. Curioso, não é? 
Quer dizer que o direito brasileiro segue o conceito tradicional de socie-
dade, isto é, a união entre duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, para a 
prática de atividades econômicas, cujo objetivo fundamental seja a obtenção 
de lucro, que será partilhado pelos sócios.
Há, portanto, aquelas sociedades que são personificadas (por meio de 
pessoa jurídica) e as não personificadas (que não têm personalidade própria, 
distinta dos sócios). 
Vale lembrar que a personalização da sociedade traz alguns benefícios, como: 
(I) titularidade para a celebração de negócios em nome próprio; (II) titularidade 
em processos judiciais (responde em nome próprio); (III) autonomia patrimonial 
(possui patrimônio próprio e destacado da figura dos sócios, pessoas físicas). Mas 
quando será que a sociedade adquire personalidade jurídica? Já demos algumas 
pistas ao longo da nossa caminhada. Segundo o art. 985 do CC/02, a sociedade 
adquire personalidade jurídica quando ela faz o registro do seu ato constitutivo no 
órgão próprio (Junta Comercial). 
Já as sociedades não personificadas, como você já sabe, não se constituem 
por meio de pessoa jurídica. Vamos conhecê-las?
Inicialmente, você deve conhecer a figura da sociedade em comum (art. 
986 do CC/02), que nada mais é do que uma sociedade formada por duas 
ou mais pessoas, com prática de atividade econômica e repartição dos resul-
tados, porém, sem que tenha havido o competente registro. Não se trata de 
uma sociedade ilícita, contudo, como não há pessoa jurídica, as obrigações 
eventualmente contraídas recairão sobre o nome dos sócios, os quais respon-
derão solidariamente pelas obrigações sociais. 
Em seguida temos a chamada sociedade em conta de participação (art. 991 
do CC/02), que é muito comum no ramo imobiliário. Nela, há a presença de 
duas figuras: o sócio ostensivo (podendo ser uma pessoa física ou jurídica, 
que exerce o objeto social da sociedade, possui responsabilidade exclusiva 
e age em seu nome individual) e o sócio oculto ou participante (que pode 
ser uma pessoa física ou jurídica, que somente participa dos resultados). O 
detalhe importante é que somente o sócio ostensivo é que responde perante 
terceiros, de maneira ilimitada. O patrimônio dessa sociedade é especial, 
20
o que também vale para a sociedade em comum, isto é, só gera efeito em 
relação aos próprios sócios. O patrimônio serve para o fim almejado pela 
sociedade e não para responder perante terceiros (como o patrimônio de 
uma sociedade personificada responderia). 
Vamos, agora, conhecer os tipos de sociedades personificadas? Essas 
podem ser: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; 
sociedade em comandita por ações; sociedade anônima e; sociedade limitada. 
A sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e a 
sociedade limitada encontram-se plenamente disciplinadas pelo CC/02. 
As sociedades anônimas estão reguladas pela Lei nº 6.404/76, lei esta que é 
aplicada, na sua maior parte, à sociedade em comandita por ações.
Vale lembrar que as sociedades personificadas podem ser de tipo simples 
ou empresária. As sociedades podem ser simples (CC/02, art. 997) porque o 
seu objeto é alguma atividade civil, que não é organizada de maneira empre-
sarial (com todos aqueles elementos vistos); havendo tal organização, será 
uma sociedade empresária (que necessariamente só poderá ser de algum 
dos tipos supra listados). Interessante notar que as regras para as socie-
dades simples, contidas no CC/02, aplicam-se de modo subsidiário às socie-
dades empresárias, quando lhes faltar normatização específica. A sociedadesimples (S/S) é interessante para quem não é empresário (se for atividade 
empresária não pode ser simples). Essa sociedade admite o chamado sócio de 
trabalho ou serviço (que não entra com dinheiro na sociedade, mas sim com 
o seu trabalho – algo que será impossível nas demais espécies). O registro 
da sociedade simples é feito no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas 
(e não na Junta Comercial). Desse modo, a sociedade simples é meramente 
contratual e seus regimes de constituição e dissolução estão todos no CC/02. 
O capital é dividido em quotas, que assegura direito de percepção de lucros 
e garante status de sócio, com poder de voto, fiscalização, participação nas 
deliberações etc. A responsabilidade dos sócios na sociedade simples perante 
a sociedade é subsidiária (caso haja uma cobrança perante a sociedade, esta 
é quem primeiro responde e, somente se não tiver patrimônio suficiente é 
que responderão os sócios de maneira pessoal), ilimitada (se a sociedade 
não tiver patrimônio, os sócios é que respondem) e proporcional (cada sócio 
responde com seu patrimônio pessoal na proporção da suas quotas sociais).
A sociedade em nome coletivo (art. 1.039 do CC/02), bastante difícil de ser 
encontrada na prática. Pode ser tanto empresária, quanto simples. O grande 
problema deste tipo societário é quanto à responsabilidade. Integrada por 
sócios pessoas físicas, todos respondem, solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. Porém, de acordo com o parágrafo único do art. 1.039 do 
CC/02, sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, 
21
no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a 
responsabilidade de cada um. Então, relativamente às obrigações da socie-
dade, externas, contraídas em nome desta, a responsabilidade dos sócios será 
ilimitada, de modo que, caso apareça uma dívida contra a sociedade, não 
restando patrimônio algum para saldá-la, os sócios responderão pessoal-
mente de maneira solidária (o credor poderá cobrar a totalidade da dívida 
de um ou de outro). Entre os sócios, por outro lado, poderá haver disposição 
diversa, uma repartição de responsabilidade que somente terá efeito entre 
eles. 
Na sociedade em comandita simples (art. 1.045 do CC/02) há dois tipos de 
sócios: os comanditados (pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitada-
mente pelas obrigações sociais) e os comanditários (obrigados somente pelo 
valor da sua quota, isto é, responsabilidade limitada). No contrato social de 
uma comandita simples as categorias são qualificadas. Os comanditados são 
aqueles que administram e têm poderes de gestão da sociedade. Já os coman-
ditários não decidem, pois são apenas sócios de investimento, sob a promessa 
de uma participação nos lucros. 
A sociedade limitada (Ltda), prevista a partir do art. 1.052 do CC/02, que 
é o tipo mais comum quando da constituição de uma pessoa jurídica com 
finalidades empresárias. Ela oferece menor burocracia e possui o diferencial 
da limitação da responsabilidade. Cada sócio terá a obrigação de integralizar 
sua parte para a formação do capital social, conforme a previsão em contrato 
social (de acordo com o que foi subscrito, isto é, comprometido por cada 
um dos sócios). Aqui não é possível a integralização com trabalho, serviço, 
mas apenas com patrimônio (dinheiro, bens). A responsabilidade dos sócios 
é subsidiária, limitada, solidária (apenas quanto à integralização do capital 
social). O limite da responsabilidade é o capital social. Logo, se surgir alguma 
cobrança contra a sociedade limitada e esta não detiver a integralidade do 
valor da dívida, o que eventualmente restar para pagamento não atingirá os 
patrimônios dos sócios. Para entender bem isso, consideremos o exemplo 
de haver uma execução judicial de uma dívida no valor de R$ 1.000.000,00 
contra a sociedade. Mas o capital social desta sociedade limitada fictícia é de 
apenas R$ 100.000,00. Indaga-se: se a execução conseguir alcançar esses R$ 
100.000,00 (que estão lá, integralizados na empresa), os outros R$ 900.000,00 
restantes da dívida, recairão sobre o patrimônio pessoal dos sócios? Não! 
Isso porque a responsabilidade dos sócios, como visto, é limitada ao valor do 
capital social. Agora, imagine que a sociedade tenha gasto todo o seu capital 
social, simplesmente sumiram aqueles R$ 100.000,00. Aparece uma cobrança 
judicial de R$ 1.000.000,00 contra a sociedade. Neste caso, o patrimônio dos 
sócios será atingido? Sim, mas apenas no limite do capital social, logo os R$ 
100.000,00 (o credor suportará um prejuízo com os outros R$ 900.000,00 
22
restantes). A responsabilidade é, ainda solidária, pela integralização do 
capital social. Isso significa, na segunda parte do exemplo, que se não houver 
capital disponível na sociedade para responder pelas obrigações contraídas 
pela sociedade, o eventual credor poderá cobrar, no limite do capital social 
da sociedade, a integralidade do valor de um ou de todos os sócios. É porque 
todos são responsáveis solidariamente pela integralização (o patrimônio 
efetivo disponível na sociedade) e a solidariedade é quando é possível cobrar 
toda uma dívida de um sócio, mesmo que ele tenha menos quotas sociais (na 
prática, esse sócio que acabará arcando com o prejuízo, cobrará os demais, 
proporcionalmente). 
Até agora vimos as sociedades compostas, sobretudo, por pessoas. Há 
dois tipos de sociedades, que veremos a partir de agora, caracterizadas 
justamente pela prevalência do capital. São as sociedades de capital, em que 
surgem as figuras das ações e dos os acionistas. Existe um órgão federal de 
regulamentação destes tipos societários, que é feito pela Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM). 
A sociedade anônima (S/A) é, regida pela Lei nº 6.404/76, assim, uma 
sociedade de capitais, cujo capital é dividido em ações, o que permite ampla 
negociação no mercado. A responsabilidade dos acionistas é limitada ao 
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. A sociedade anônima 
pode ser fechada (se não negociar valores mobiliários no mercado de 
capitais) ou aberta (caso realize a venda de valores mobiliários no mercado 
de capitais). O mercado de capitais é o local onde ocorre a negociação de 
valores mobiliários das sociedades anônimas de capital aberto. 
A sociedade em comandita por ações segue basicamente o que foi falado 
sobre a comandita simples, com a diferença de o tratamento ser por ações 
e não por quotas. Segue, igualmente, a lei da sociedade anônima, a Lei nº 
6.404/76. 
Estimado aluno, percorremos um bom caminho até aqui, não é mesmo? 
Aprendemos bastante e estamos na trilha do Direito Empresarial. Mas ainda 
há o que ser estudado! Vamos em frente!
Sem medo de errar
Muito bem! Agora que percorremos os principais tópicos introdutórios 
do Direito Empresarial, temos perfeitas condições de voltar a refletir sobre a 
situação prática que levantamos no início dessa seção, não é mesmo?
Se você se lembrar, falamos de um grupo no qual você pertence, no 
qual todos se conheceram ao longo da faculdade e quando estavam prestes 
23
a terminar, decidiram sair de seus empregos e formar uma empresa em 
conjunto. Afinal, de contas, esse era um sonho manifestado por vocês e, como 
têm um bom relacionamento, espírito de equipe e perfil empreendedor, nada 
mais razoável do que acreditar nesse sonho. 
A partir de então, pensaram em montar uma loja de suplementos alimen-
tares. Mas diversas dúvidas surgiram, pois não saberiam nem por onde 
começar, apesar de terem vagas ideias quanto às peculiaridades legais que 
envolvem uma atividade empresarial. 
Neste ponto, seus amigos indicaram você, na qualidade de administrador, 
para resolver esses problemas, indicando-lhes os caminhos adequados. 
Como é pretendido praticar uma atividade organizada, com todos os 
elementos característicos da atividade empresária, à luz da legislação em 
vigor, sobretudo porque visa à obtenção de lucros, chega-se à conclusão inicial 
de que a possibilidade se enquadra no perfilobjetivo adotado pelo Direito 
Empresarial (organização dos fatores de produção mais lucratividade). 
Seguidamente, você pôde perceber que, no caso apresentado, seria 
oportuna a constituição de uma sociedade personificada, do tipo limitada. 
Isso porque será possível que vocês iniciem um negócio devidamente prote-
gidos, relativamente aos seus patrimônios pessoais. Como cada um pode 
dispor de certa quantia em dinheiro para efeito de integralização do capital 
social, e sendo o valor suficiente para a abertura do negócio, é razoável que 
se elabore um contrato social, optando-se pela forma de administração da 
sociedade, que poderá ser livremente escolhida por vocês, distribuindo-se 
as quotas proporcionalmente à participação societária de cada um, isto é, 
proporcionalmente aos valores subscritos (prometidos em contrato) e 
também integralizados (efetivamente aportados na sociedade). 
Mas essa sociedade empresária do tipo limitada que, por enquanto, apenas 
existe no papel do contrato social, precisa nascer de algum jeito, certo? Nesse 
caso, deverá ser registrada na Junta Comercial do Estado, o que permitirá, 
posteriormente, que seja feita a inscrição na Receita Federal para obtenção 
de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e abertura de conta bancária 
em nome da sociedade.
Assim, pronta a sociedade e devidamente registrada, com o capital 
integralizado, podem iniciar os investimentos concretos para abrir a loja 
de suplementos alimentares. Lembrando que a partir da existência jurídica 
da sociedade, as obrigações relativamente à locação de um ponto e perante 
fornecedores e futuros clientes será por intermédio da própria sociedade, que 
poderá até mesmo contratar funcionários.
24
Faça valer a pena
1. O Direito Empresarial é ramo do Direito Privado Brasileiro que tem por 
função a normatização, por meio de regras e princípios, também extraídos da 
Constituição da República, de atividades de natureza econômica com finali-
dade lucrativa, oferecidas no âmbito dos mercados.
Assinale a alternativa correta quanto ao objeto do Direito Empresarial:
a. Regulamentar relações de consumo. 
b. Regulamentar capacidade civil.
c. Regulamentar as transações imobiliárias.
d. Regulamentar atividades econômicas organizadas. 
e. Regulamentar as locações civis.
2. A atividade empresarial é caracterizada por um certo grau de objeti-
vação e determinação quanto às suas finalidades e modo de funcionamento. 
Por tal motivo, o Código Civil de 2002 estabelece alguns requisitos para se 
considerar ou não uma atividade como empresária e, por conseguinte, quem 
poderá ser ou não considerado como empresário.
Assinale a alternativa correta quanto ao enquadramento no 
conceito de empresário:
a. Os incapazes. 
b. Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para 
a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
c. Quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística.
d. Os profissionais liberais. 
e. A associação sem fins lucrativos.
3. As sociedades personificadas apresentam vários tipos possíveis, que serão 
escolhidos conforme o melhor interesse dos eventuais sócios e as finalidades 
colimadas inicialmente.
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de sociedade cujas ações 
poderão ser negociadas no mercado de capitais.
25
a. Sociedade simples.
b. Sociedade em Comum.
c. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
d. Sociedade limitada.
e. Sociedade anônima.
26
Seção 2
Direito e legislação empresarial
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Agora que já conhecemos os requisitos legais para a constituição de uma 
empresa, podemos dar seguimento aos nossos estudos, adentrando, de vez, 
em um dos grandes temas do Direito Empresarial Aplicado, que é aquele 
relativo aos chamados títulos de crédito.
Conforme veremos ao longo desta seção, os títulos de crédito fazem parte 
do cotidiano empresarial e o conhecimento quanto aos princípios cambiais 
e às regras legais que os fundamentam é de nuclear importância para você, 
até mesmo porque, caro aluno, se o objetivo da empresa é a geração de lucro 
para os seus sócios, a garantia de recebimento de valores é algo relevante de 
ser observado.
Na realidade de uma empresa, não é apenas por meio do dinheiro em 
espécie que são pagos os produtos ou bens fornecidos ou em troca dos 
serviços eventualmente prestados.
Há, no Direito Brasileiro, uma gama de opções que funcionam como 
instrumentos de pagamento das obrigações civis. Tais instrumentos poderão 
tanto ser utilizados pelos consumidores e clientes perante a empresa, quanto 
pela própria empresa na negociação com seus fornecedores e demais 
contratantes. 
Considere, por exemplo, dois títulos de crédito de proeminente presença 
na prática empresarial – dois títulos típicos, aliás – que são o cheque e a 
duplicata. O que esses títulos representam? Qual é a forma correta de 
cobrá-los? Diante do inadimplemento, o que se deve fazer? Quais as regras 
de constituição de um título dessa natureza? E quanto à letra de câmbio e 
nota promissória, além de todos esses questionamentos, quais são as formas 
de vencimentos?
Se não bastasse, caro aluno, há outros títulos, conhecidos como atípicos, 
que precisam se revestir de alguns elementos legais para que tenham força 
executiva, isto é, para que possam ser cobrados extrajudicialmente ou 
judicialmente. 
Calma! Todas essas dúvidas serão resolvidas ao longo desta seção.
27
Vamos imaginar, para início de conversa, que a ideia de montar uma loja 
de suplementos, enfim, deu certo. A loja está funcionando a pleno vapor, os 
clientes estão aparecendo e alguns deles até podem ser considerados como 
fiéis e bons pagadores. Com isso, você, que está na qualidade de adminis-
trador da sociedade empresária, resolve que alguns clientes poderão pagar as 
mercadorias por meio de cheques, após a realização de um breve cadastro e 
consulta aos órgãos de proteção do crédito. Ocorre que alguns desses clientes 
começam a se tornar inadimplentes, comprometendo o fluxo de recebi-
mentos da empresa e causando um grande prejuízo. Alguns títulos, aliás, 
foram mal preenchidos ou faltam informações dos devedores. Inclusive, há 
cheques que foram apresentados para pagamento de maneira antecipada 
(antes do acordado com o cliente) e voltaram sem provisão de fundos. Na 
qualidade de administrador responsável pela empresa, você deverá articular 
uma solução para essa situação, que já se tornou generalizada. Nesse caso, 
como você deverá proceder? 
Antes de responder, note que precisamos apresentar alguns conheci-
mentos que ajudarão você a formular a melhor alternativa e, inclusive, ajudar 
a empresa a evitar passivos futuros relacionados aos títulos de crédito que 
passou a aceitar como pagamento de seus produtos.
Seja para corrigir a situação apresentada, seja para prevenir riscos de 
perda financeira futura, vamos caminhar pelo Direito Empresarial, desven-
dando mais esse horizonte do nosso entendimento.
Vamos lá! 
Não pode faltar
Olá! A partir de agora começaremos a estudar as espécies de títulos de 
crédito. 
Aqui, vamos nos concentrar nos principais, aqueles que mais aparecem 
no dia a dia. São eles: a letra de câmbio, a nota promissória (Decreto nº 
57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra); a duplicata (Lei nº 5.474/68); e o 
cheque (Lei nº 7.357/85).
Mas devemos nos lembrar que no Código Civil Brasileiro, a partir do 
artigo 887, há também um tratamento a respeito dos títulos de crédito. Por 
força do art. 903 do CC/02, somente na ausência de disposição diversa em 
lei especial é que os títulos de crédito serão regidos pelo Código Civil. Se 
há uma lei especial para determinado título, deveremos aplicar a respec-
tiva legislação. O Código Civil será aplicado quando tais leis não tratarem 
28
de algum tema, o que significa uma aplicação subsidiária (primeiro a lei 
especial, depois o CC/02).
Para que possamos bem compreender os títulos de crédito, como toda 
matéria do Direito, é preciso que você conheça algunsprincípios relacio-
nados a esta temática. São os chamados princípios cambiais ou cambiários. 
O primeiro deles é o chamado princípio da cartularidade, que vem da 
expressão “cártula”, segundo o qual o crédito encontra-se representado 
e materializado em um documento (um título). Um cheque ou uma nota 
promissória representam um crédito, inscrito em um documento, em um 
papel. Interessante mencionar que a transferência do título – pensemos em 
um cheque – é imprescindível que o documento físico, que materializa o 
crédito, seja efetivamente transferido, por exemplo, de uma pessoa para a 
outra. Essa ideia da transferência do título será importantíssima para que 
você possa, eventualmente, promover a execução judicial do título, por 
exemplo. É preciso, nesse caso, apresentar e portar o documento físico. Em 
alguns casos, no entanto, podemos falar em certa flexibilização do princípio 
da cartularidade. É o caso dos títulos de crédito eletrônicos. Vejamos sobre o 
assunto o art. 889, §3º do CC/02, segundo o qual autoriza-se que o título seja 
emitido dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente. 
A chamada duplicata virtual é um título de crédito eletrônico e constitui uma 
exceção ao princípio da cartularidade. 
Outro princípio é o da literalidade. Segundo este, somente possui validade 
para o Direito Cambiário aquilo que está literalmente escrito no respectivo 
documento (título). Então, se em um cheque lança-se o valor de cem reais, é 
este o valor que vale. 
Temos, ainda, o princípio da autonomia. As relações cambiais são consi-
deradas como autônomas e independentes entre si. Dessa maneira, eventual 
vício em uma relação atinente ao título não afetará outra. 
Exemplificando
Vamos supor, por exemplo, que Tácito esteja vendendo o seu carro por 10 
mil reais e Cícero aceita o preço. Mas Cícero quer dar uma nota promis-
sória com vencimento para dali a seis meses e já levar o carro, pois alega 
impossibilidade de pagamento no ato. Tácito acaba aceitando e entrega o 
carro para Cícero em troca da nota promissória, cujo pagamento deverá 
ocorrer dentro de seis meses, como combinado. A nota promissória é 
um título de crédito, como você já sabe, que estampa literalmente um 
crédito. Agora, Tácito é credor de Cícero. O que deu origem à emissão 
da promissória foi uma compra e venda do carro. Imagine que Cícero, 
eventualmente, alegue que o carro apresentou uma série de problemas e 
29
que não pagaria a nota promissória. Tácito diz que Cícero tem que pagar 
a nota promissória de qualquer jeito. Isso acaba se tornando um processo 
judicial movido por Tácito contra Cícero. Neste caso, como há uma 
relação direta entre os dois quanto à formação do título (compra e venda), 
Cícero poderá defender-se no processo alegando que o carro comprado 
apresenta defeitos e que, afinal, não é razoável que ele seja obrigado a 
pagar a nota promissória. Porém – e aqui está a questão da autonomia 
-, imagine que Tácito tenha transferido, de boa-fé, a nota promissória 
para uma outra pessoa, para Murilo. Entre Murilo e Cícero não há 
relação nenhuma. A pergunta aqui é: pode Murilo executar (cobrar) a 
nota promissória independentemente da questão dos problemas com o 
carro, segundo as alegações de Cícero? Sim! Isso se dá porque as relações 
cambiais são autônomas. A relação entre Cícero e Murilo (nova, decor-
rente da transferência) são autônomas. Murilo pode, enfim, cobrar 
tranquilamente de Cícero o valor da nota promissória.
Com isso, aprendemos que essa autonomia dos títulos de crédito também 
faz surgir a noção de abstração, isto é, a não vinculação a nada além do que 
está no documento, quando ocorre a transferência de boa-fé do título. 
Com tais princípios, estamos prontos para conhecer o conceito de título 
de crédito, dado pelo jurista Cesare Vivante (apud MAMEDE, 2019, p. 12), 
que é o “documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo 
nele mencionado”. Esse é o próprio conceito adotado pelo CC/02, em seu 
artigo 887, segundo o qual título de crédito é o “documento necessário ao 
exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei” (BRASIL, 2002).
Caro aluno, a partir de agora veremos a classificação dos títulos de crédito.
Quanto ao modelo, o título pode ser vinculado ou livre. Vinculado é o 
título que precisa observar alguns requisitos específicos exigidos pela legis-
lação, como a forma e a formatação. Há um padrão. Por exemplo, a dupli-
cata e o cheque são títulos vinculados (possuem forma adequada segundo o 
estipulado pelo Conselho Monetário Nacional). 
Já o título livre não precisa de nenhuma forma específica. A nota promissória é 
o grande exemplo. Qualquer pedaço de papel (que contenha as informações neces-
sárias) pode servir para uma nota promissória (NEGRÃO, 2018). 
Quanto às hipóteses de emissão, o título pode ser causal, que precisa de 
uma causa específica que dê razão para a sua emissão. É o caso da dupli-
cata, que só pode ser emitida em duas situações: compra e venda mercantil 
ou decorrente de prestação de serviço. Também pode ser limitado, que não 
30
precisa de causa específica; no entanto, podem haver algumas limitações. 
A letra de câmbio, por exemplo, não cabe no caso de uma compra e venda 
mercantil, pois para essa hipótese, segundo a legislação, é aplicável a dupli-
cata. Por último, o título pode ser não-causal, isto é, prescinde de uma causa 
determinada para sua emissão, como são os casos, no geral, das figuras da 
nota promissória e do cheque.
Quanto à estrutura, o título pode ser: ordem de pagamento e promessa 
de pagamento.
Quanto à ordem de pagamento, aparecem as figuras daquele que dá a 
ordem para o destinatário, que efetuará a ordem para o tomador ou benefici-
ário do título. A letra de câmbio, a duplicata e o cheque são exemplos. 
Promessa de pagamento, diferente da situação anterior, possui apenas 
duas figuras: o promitente ou subscritor (quem faz a promessa) e o tomador 
beneficiário (quem receberá a promessa, o credor). Exemplo é a nota 
promissória. 
Quanto à circulação, poderá ser: ao portador, nominativo, que pode ser à 
ordem ou não à ordem.
Ao portador é o título no qual não há identificação do beneficiário, ou 
seja, ele circula livremente, com a mera entrega do documento (juridica-
mente chamada de tradição, a entrega). Desde a Lei 8.021/90 não se admite 
mais título ao portador, salvo se a lei especial trouxer essa permissão. Do 
contrário, não é admitida (MAMEDE, 2019).
No título nominativo é identificado o beneficiário. Pode ser à ordem, 
quando sua transferência se dá por endosso e tradição. Nesse caso, quem 
endossa o título responde pelo pagamento, pela solvência do crédito.
Exemplificando
Se, por exemplo, Caio transfere e endossa um cheque para Mário e o 
cheque retorna sem provisão de fundos, Mário poderá propor uma 
ação judicial contra Caio, a fim de que este seja obrigado a responder 
pela dívida.
 Diferente é o título nominativo não à ordem, em que não há transfe-
rência por endosso, mas por mera cessão civil. Na cessão civil, quem trans-
fere não responde pelo pagamento do título.
31
Assimile
Endosso é a transferência do crédito a outra pessoa, com a tradição 
(entrega física) da posse da cártula. Endossante é quem transfere, e 
endossatário, quem recebe. Assim, há dois efeitos desse ato: transfere 
a titularidade do crédito, do endossante para o endossatário, e torna o 
endossante corresponsável pelo pagamento do título. 
O endosso pode ser dado no verso do título, bastando uma assinatura. 
Pode ser também no anverso (frente do título), mas neste caso precisará 
de uma assinatura e uma expressão de identificação (exemplo: endosso a 
Carlos; transfiro a Paulo).
O endosso pode ser em branco (quando não identifica o endossatário) ou 
em preto (que possui a identificação do endossatário). Se não colocar o 
nome de alguém na expressão “endosso a…”, está em branco, sem identi-
ficação do endossatário. Mas, se é colocado, porexemplo, “endosso a 
Carlos”, tem-se o endossatário identificado, em preto. 
Deve-se lembrar que o endosso parcial (quanto a apenas uma parte 
do valor que consta no título) é nulo. Somente é possível, portanto, o 
endosso total (isto é, da integralidade do valor que consta no título). 
Também há o chamado endosso impróprio. No endosso impróprio não 
ocorre a transferência do crédito, apenas do título. Pode ser de dois tipos: 
endosso-mandato e endosso-caução. No endosso-mandato, transfere-se 
o título para fins de cobrança. No endosso-caução, transfere-se o título 
para fins de garantia (TEIXEIRA, 2018).
O CC/02, no art. 921, faz menção a título nominativo, mas em um sentido 
adicional. Segundo esse dispositivo, o título nominativo é aquele emitido 
em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente, quer dizer, 
o nome do beneficiário não está escrito no título, porém deve aparecer no 
registro daquele que o emitiu. Como o CC/02 permite a criação de títulos de 
crédito atípicos, é possível que seja criado um título, que será registrado em 
livro próprio, com o nome do credor; quando este credor transferir o título 
para outrem, haverá o registro desta operação de transferência, com o nome 
daquele para quem se transferiu. É uma hipótese mais difícil de acontecer, 
todavia, possível.
Por fim, vale ressaltar que os títulos de crédito a serem estudados a 
seguir (letra de câmbio, nota promissória, duplicata e o cheque) são títulos 
executivos extrajudiciais, de acordo com o art. 784 do Código de Processo 
Civil Brasileiro. Quer dizer que, como títulos executivos extrajudiciais, os 
títulos de crédito têm à sua disposição um procedimento mais rápido para a 
cobrança judicial, desde que respeitados os respectivos prazos prescricionais 
u nas leis especiais de cada um. 
32
Agora que vimos as características gerais dos títulos de crédito, caminha-
remos para o estudo dos principais títulos. Vamos lá!
Estudaremos, agora, a letra de câmbio, regulada pelo Decreto nº 
57.663/66. Trata-se de um título resultante de relações de crédito entre duas 
ou mais pessoas, por meio do qual aquela designada como sacador determina 
a ordem de pagamento a uma outra pessoa, que é o sacado, seja em favor 
deste ou de terceira pessoa (que é o tomador ou beneficiário), relativamente 
ao valor previsto e nas condições especificadas. Suponha que a pessoa X está 
devendo certa quantia à pessoa Y. X emite uma letra de câmbio determi-
nando que Y o pague. Agora imagine que X esteja devendo a Z; X, então, 
emite uma letra de câmbio para que Y (que deve a X) pague diretamente a Z. 
O que precisamos saber é sobre os atos cambiais existentes no âmbito da 
letra de câmbio. O primeiro dele é o chamado saque, que é o ato de criação 
ou emissão de um título de crédito. Como a letra de câmbio é uma ordem 
de pagamento, há três figuras: quem dá a ordem; quem recebe a ordem; e 
o tomador beneficiário. Quem dá a ordem será chamado de sacador; quem 
recebe a ordem será chamado de sacado. Então, diante do último exemplo 
dado, o X será o sacador, que dá a ordem para o sacado, Y, pagar Z, que é 
o tomador beneficiário. Quando X emite essa ordem para Y, ele o procura 
e pergunta se concorda ou não com tal ordem. Nesse momento, surge um 
outro ato cambial importante, que é o chamado aceite.
O aceite nada mais é do que o ato pelo qual há concordância com uma 
ordem de pagamento dada, que é um ato privativo do sacado (ninguém mais 
pode aceitar, apenas ele). Se houver aceite, o sacado é aceitante. Na oportuni-
dade de o sacado efetuar o aceite, ele se torna o principal devedor do título. 
No exemplo dado, se Y der o aceite, ele se torna devedor principal do título, 
enquanto que o X, sacador, será corresponsável. Note, no entanto, que na 
letra de câmbio o aceite é facultativo. O sacado pode, assim, recusar o aceite. 
Porém, nessa situação, se houver a recusa do aceite, isso resultará em dois 
efeitos: vencimento antecipado do título; e o sacador se torna o devedor 
principal (FILKESTEIN, 2016).
O aceite poderá ser parcial. Nesse caso, poderá ser limitativo (quanto ao 
valor – o sacado não aceita o valor total inicialmente previsto, assumindo 
a obrigação principal em relação ao que ele efetivamente concordou) ou 
modificativo (quanto às condições do título, modificando, por exemplo, a 
data do vencimento antes estipulada). 
E quanto ao endosso, será que é possível na letra de câmbio? Será que é 
possível a transferência da letra de câmbio? Sim! Quem endossa, na letra 
33
de câmbio, é corresponsável pelo pagamento do título, pela sua solvência 
(SANCHEZ, 2018). 
Além disso, é possível aparecer a figura do aval, que segundo o art. 30 do 
Decreto nº 57.663, poderá ser total ou parcial, relativamente ao valor.
Assimile
Aval: trata-se de um ato cambiário resultante da manifestação unilateral 
de vontade, por meio da qual uma pessoa, física ou jurídica, chamada 
avalista, compromete-se a pagar determinado título de crédito, nas 
mesmas condições que o devedor originário ou codevedor do mesmo 
título, então, avalizado. O avalista é um garantidor do pagamento do 
título. 
Para que o aval seja dado em um título de crédito, duas opções são 
possíveis: uma assinatura simples no anverso do título, ou assinatura 
acompanhada de expressão identificadora no verso (ex. Avalizo a…; por 
aval a…).
Aval poderá ser em branco (sem identificação do avalizado) ou em preto 
(o avalizado está identificado).
O aval é um ato cambiário autônomo, que subsiste ainda que, por 
exemplo, o avalizado faleça, a empresa entre em falência, o avalizado 
seja incapaz etc. 
Como o avalista se compromete ao pagamento do título junto com o 
devedor do título, ele poderá ser executado diretamente pelo credor, 
não havendo o chamado benefício de ordem. 
Interessante que, se o avalista for casado, somente poderá prestar o aval 
com autorização do respectivo cônjuge, exceto no regime de separação 
total dos bens.
Quanto ao vencimento, a letra de câmbio pode ser: à vista (exigida a 
qualquer tempo); data certa (fixada, por exemplo, para dali a 20 dias); a certo 
termo de data (é o número de dias a partir de uma data inicial, por exemplo, 
20 dias a partir da emissão); a certo termo de vista (é o número de dias a 
partir da data do aceite) (SANCHEZ, 2018). 
Por fim, para executar o devedor principal e eventual avalista, na letra 
de câmbio, o prazo é de três anos (prazo prescricional) do vencimento; 
para codevedor ou avalista de codevedor, o prazo será de um ano contado 
do protesto.
Passamos, agora, a estudar a nota promissória. Trata-se de uma promessa 
pura e simples de pagamento feita pelo emitente a outra pessoa, beneficiário, 
34
de quantia determinada, em seu favor ou de outra pessoa, nas condições 
especificadas no título.
Assim como a letra de câmbio, a nota promissória também está discipli-
nada no Decreto nº 57.663/66.
Não há aceite na nota promissória, pois como é uma promessa não há 
ordem de pagamento.
Logo, o devedor principal é o emitente da nota, isto é, o subscritor – 
aquele que realiza a promessa de pagamento. 
O endosso é perfeitamente possível, nos mesmos moldes do que foi 
estudado quanto à letra de câmbio. Da mesma forma, as mesmas regras do 
aval, já estudadas, são aplicáveis à nota promissória. 
Quanto ao vencimento, poderá ser: à vista; data certa; a certo termo de 
data – seguem o já estudado. Mas, quanto ao vencimento à certo termo de 
vista, o prazo não será contado a partir do aceite, porque não há aceite na 
nota promissória, porém será contado a partir do visto. Exemplo: se K emitir 
uma nota promissória em nome de M, com vencimento a certo termo de 
vista, isto significa que M apresentará o título a K, que oporá o visto, a partir 
do qual correrá o prazo estipulado, portanto.
Quanto à prescrição para executar judicialmente a nota promissória, 
seguem-se os mesmos prazos da letra de câmbio (VENOSA; RODRIGUES, 
2017). 
Trataremos, a partir daqui, da duplicata, que está disciplinada na Lei nº 
5.474/68. É uma ordem de pagamentocausal, que resulta de uma compra e 
venda mercantil ou prestação de serviço. Há, assim, as figuras do sacador, 
sacado e do tomador beneficiário. Suponha que uma empresa vendeu certa 
mercadoria e precisa receber. O vendedor dá uma ordem de pagamento 
para que o devedor efetue o pagamento, mas é preciso que se emita uma 
fatura (uma nota fiscal). Para que o credor execute ou transfira essa fatura 
em um título de crédito é preciso duplicar as informações ali constantes em 
um título, que é justamente a duplicata (isso porque a fatura ou nota fiscal 
não reúne os elementos legais de um título de crédito, para que possa servir 
de base para um protesto ou uma execução, por exemplo). A duplicata (um 
espelho) contém todas as informações da fatura (que é elemento indispen-
sável) (VENOSA; RODRIGUES, 2017).
35
Reflita
Caso ocorra a perda ou o extravio de uma duplicata, seria possível a 
emissão de uma outra via? Em caso positivo, como seria chamada essa 
nova via?
Na duplicata, o aceite é obrigatório. O sacado, por conseguinte, está 
obrigado a dar o aceite. Somente em algumas hipóteses, segundo os art. 8º e 
21 da Lei nº 5.474/68, é que poderá haver recusa do aceite, quais sejam: em 
caso de avaria, não recebimento da mercadoria e em caso de não prestação do 
serviço; em caso de vício ou defeito de quantidade ou qualidade do produto 
ou serviço; e em caso de divergência quanto ao prazo, preço e condições de 
pagamento. 
Quanto ao endosso, o art. 25 da Lei nº 5.474/68 diz que se aplicam as 
mesmas regras já vistas da letra de câmbio. 
No que se refere ao aval, prevalece o entendimento de que se aplicam as 
mesmas regras da letra de câmbio. Já no que se refere ao vencimento, a dupli-
cata pode ser: à vista ou com data certa, apenas. 
Na execução judicial de uma duplicata, temos duas situações. Se houver 
aceite, tudo bem. Se não houver aceite, nas situações informadas (isto é, em 
caso de avaria, não recebimento da mercadoria e em caso de não prestação 
do serviço; em caso de vício ou defeito de quantidade ou qualidade do 
produto ou serviço; e em caso de divergência quanto ao prazo, preço e condi-
ções de pagamento), é preciso que haja uma cumulação de elementos: dupli-
cata, protesto e o comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação do 
serviço. 
O prazo prescricional para executar o devedor principal ou avalista é de 
três anos do vencimento. Se é para executar codevedor ou avalista, o prazo 
será de um ano a partir do protesto (VENOSA; RODRIGUES, 2017).
Assimile
Duplicata virtual: influenciada principalmente pelo desenvolvimento da 
eletrônica e da informática e a fim de viabilizar um procedimento célere, a 
duplicata vem sendo utilizada pelo meio eletrônico, sendo assim conhe-
cida como duplicata virtual. Para que o título surta efeito é necessária a 
data de emissão; indicação precisa dos direitos que confere e assinatura 
do emitente (assinatura digital). Esse modelo de título é caracterizado 
pelo lançamento em meio magnético. A duplicata é remetida a uma 
instituição financeira, que emite um boleto bancário e encaminha aos 
sacados, para que assim efetuem o pagamento. Portanto, não tem a 
36
necessidade da materialização da duplicata em papel. Existe o enten-
dimento dos Tribunais que não é necessário o título ser cartularizado, 
exatamente por ser considerado um documento eletrônico.
O aceite se dará pela assinatura eletrônica a qual fará a validação do 
próprio documento, conforme fundamentado pelo art. 8º da Lei nº 
9.492/97 cumulado com o art. 889, § 3º, do CC/02. Respeitados os requio-
sitos que a lei impõe, os títulos de crédito produzidos por meio eletrônico 
não perdem o caráter de título executivo extrajudicial, o que permite 
ao credor maior segurança no recebimento do seu crédito. Quanto à 
execução do título, é perfeitamente possível, contanto que devidamente 
acompanhada dos instrumentos de protesto e dos comprovantes de 
entrega da mercadoria e da prestação do serviço, o que assegura a execu-
tividade do título eletrônico.
Finalmente, vamos ao estudo do cheque, que está disciplinado na Lei nº 
7.357/85. Trata-se de um título de crédito pelo qual uma pessoa, emitente 
ou sacador (correntista), a partir de prévia provisão de fundos em poder 
de banco ou instituição financeira congênere, designado como sacado, dá 
contra este uma ordem incondicionada de pagamento à vista, em seu próprio 
benefício ou em favor de terceiro, designado tomador beneficiário (credor).
O cheque é ordem de pagamento à vista. Mas imagine que seja pós-da-
tado (usualmente pré-datado), para dali a cinco meses. Se o beneficiário 
apresentar o título imediatamente, o banco (sacado) pagará da mesma 
maneira, pois é título de crédito à vista. Ocorre, no entanto, que essa apresen-
tação antecipada é uma conduta desleal, pois o combinado foi outra data. Por 
tal motivo, segundo o Superior Tribunal de Justiça, caracteriza dano moral a 
apresentação antecipada do cheque (VIDO, 2019).
Como não há aceite no cheque, havendo fundo disponível e apresentado 
o cheque, o banco ou instituição financeira deverá pagá-lo.
Quanto ao endosso, segue as mesmas regras da letra de câmbio: assinatura 
no verso do cheque ou assinatura acompanhada de uma expressão identifica-
dora no anverso. Também poderá ser em preto (identificado) ou em branco 
(sem identificação). Ademais, não há limitação para o endosso. Igualmente, 
não é possível o endosso parcial, apenas total. 
O aval também será possível, total ou parcial. Será, como visto, no anverso 
(com simples assinatura) ou no verso (assinatura acompanhada de expressão 
identificadora). Será em preto ou em branco, nas regras já estudadas (VIDO, 
2019). 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/12076442/artigo-8-da-lei-n-9492-de-10-de-setembro-de-1997
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127096/lei-9492-97
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10680380/artigo-889-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10680267/parágrafo-3-artigo-889-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02
37
Importante quanto ao cheque é a questão da apresentação para o respec-
tivo pagamento. O prazo de apresentação será de 30 dias (se for da mesma 
praça) ou 60 dias (se for de praça diferente), contados da data da emissão. 
Se o cheque for oriundo de São Paulo, por exemplo, mas apresentado em 
Brasília (praças diferentes), o prazo é de 60 dias, portanto (CRUZ, 2018). 
O estudo dos prazos é para fins de contagem da prescrição, isto é, o tempo 
de que o credor dispõe para executar judicialmente o título. Mas atente-se: só 
é possível a execução do endossante se o cheque tiver sido apresentado dentro 
do prazo legal, segundo o art. 47, II, da Lei nº 7.357/85. Quanto ao emitente e 
seus avalistas, sem problema. A vedação da lei é quanto ao endossante. 
É possível que o credor apresente o cheque para pagamento e o banco 
(sacado) faça a devolução indevida do cheque, quando, por exemplo, ocorre 
um equívoco administrativo e o banco não verifica o saldo suficiente para 
a cobertura da ordem. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a simples 
devolução indevida do cheque caracteriza dano moral (NEGRÃO, 2018).
E a sustação do cheque? Tem-se a chamada contraordem ou revogação, 
que é dada pelo emitente e somente produz efeitos depois do prazo de 
apresentação do cheque. A outra modalidade de sustação é a oposição ou 
simplesmente sustação. Neste caso, tanto o emitente quanto o portador legiti-
mado terão tal possibilidade. Aliás, essa oposição poderá ocorrer até mesmo 
durante o prazo de apresentação, diferentemente da modalidade anterior.
Tema de relevância é a questão da execução do cheque por meio judicial. 
Nesse caso, o prazo prescricional é de seis meses contados do fim do prazo de 
apresentação para o ajuizamento da ação em face do emitente e seu avalista. 
Caso seja uma execução contra o endossante e seu avalista, o prazo será de 
seis meses a contar do protesto ou da declaração da

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