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ARTIGO - POVO INDIGENA XUCURU

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POVO INDIGENA XUCURU 
 
RESUMO: Esse artigo teve por escopo analisar os povos indígenas Xukurus, com 
seus aspectos históricos, formação e desenvolvimento dos direitos humanos na 
atualidade, e especificando a aplicabilidade dos direitos humanos na formação 
política e social do xucuru. Considerando os objetivos desse artigo, a forma mais 
adequada para a solução dos problemas propostos será a pesquisa bibliográfica. 
Que, ocorre quando elaborada a partir de material já publicado, constituído 
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material 
disponibilizado na Internet. Pode-se concluir que os Xukurus lutaram muito para 
conseguirem demarcar suas terras e para reconquistarem sua identidade. 
Atualmente possui população de aproximadamente nove mil indígenas, distribuídos 
em suas aldeias. Esse processo de recuperação não foi fácil, ocorrendo diversas 
conturbações, com assassinatos e perseguições aos chefes das aldeias. 
 
Palavras-Chave: Povo. Xucuru. Direitos Humanos. 
 
ABSTRACT: This article was scope to analyze indigenous peoples Xukurus, with its 
historical aspects, training and development of human rights today, and specifying 
the applicability of human rights in political and social formation Xucuru. Considering 
the objectives of this article, the most appropriate way to solve the problems 
proposed to be literature. That occurs when drawn from previously published 
material, primarily of books, journal articles and currently available material on the 
Internet constituted. It can be concluded that Xukurus fought hard to get demarcate 
their land and regain their identity. Currently has a population of approximately nine 
thousand Indians spread in their villages. This recovery process was not easy, 
occurring several conurbations, with murder and persecution of village chiefs. 
 
Key-words: People. Xucuru. Human Rights. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os índios Xukurus, possuem diversos projetos, dentre eles destaca-se o 
Futuro do Povo Xukuru do Ororubá, que versa em um empreendimento da etnia com 
o intuito de possibilitar o direito de permanecer dentro do Território Indígena e o 
fortalecimento da identidade cultural e própria dos índios através da reprodução da 
organização sociopolítica e cultural. Esses projeto possui grandes diretrizes de como 
os Xukuru anseiam caminhar em direção ao desenvolvimento harmonioso e voltado 
para a conservação do seu território hoje demarcado. 
Os povos Xukurus estão se reorganizando, resgatando a identidade dessa 
etnia que antes viviam subjugados em seu próprio território. Atualmente, esse povo 
possui uma visibilidade conquistada na sociedade, conquistando ainda garantias 
politicas para que sejam consolidados seus ideais, sendo essa conquista um 
referencial para outros povos indígenas no país. 
Diante disso, esse artigo tem por objetivo analisar os povos indígenas 
Xukurus, demonstrando os aspectos históricos dessa etnia; delineando a formação e 
desenvolvimento dos direitos humanos na atualidade; especificando a aplicabilidade 
dos direitos humanos na formação política e social do xucuru. 
A metodologia pautou-se em uma de pesquisa descritiva, para levantar os 
dados necessários para a consecução da pesquisa. A pesquisa empregará 
inicialmente o método dedutivo, mas todo o seu núcleo estará vinculado ao método 
indutivo, pois a coleta de dados, através do exame do repertório doutrinário e 
jurisprudencial contribuirá para a aferição dos resultados que se esperam, quando 
se cumprirem os objetivos propostos. 
 
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DOS ÍNDIOS XUKURU DO ORORUBÁ 
 
Na Serra do Ororubá está a área indígena Xukuru, uma área total de 27.550 
hectares, distribuídas em três regiões socioambientais denominadas de Serra, 
Ribeira do Ipojuca e Agreste, existindo nessa região um total de 24 aldeias. A 
distribuição dessa região foi realizada pelos índios Xukuru, buscando respeitar a 
diversidade geoclimática e socioeconômica de cada um. 
A colonização realizada por Portugal na região habitada pelos índios Xukuru 
não foi aceita por estes, pelo fato de não aceitarem serem escravos dos 
portugueses, muito menos queriam ver suas terras invadidas por esses estrangeiros, 
constituindo um movimento, em conjunto com outras tribos indígenas, movimento 
este conhecido como Confederação do Cariri, iniciada em 1713, durando 30 anos de 
lutas (ALMEIDA, 1997). 
Os primeiros habitantes da Serra do Ororubá foram os Xukuru, sendo 
estabelecido como Vila somente no ano de 1762, recebendo nomeação de Cimbres. 
Contudo, no ano de 1879 foi oficialmente decretada o aniquilamento do aldeamento, 
pela alegação de não existirem mais índios Xukuru naquele lugar, prevalecendo 
somente caboclos, bem como, o colonizador tinha por prioridade a promoção do 
crescimento do Município de Pesqueira. 
Para Gaspar (2003) no início do século XX, a imprecisão dos limites do 
Território Indígena comprometeu drasticamente a existência da etnia. Após esse 
período, os Xukuru passaram então a continuar vivendo perambulando pela Serra 
do Ororubá. 
Com isso, nessa época os Xukurus passaram por processos discriminatórios 
e de exclusão, fazendo com que estes iniciassem a retomada de suas terras, 
através de movimentos de mobilização (SILVA, 2007). Somente após o ano de 1988 
é que as mobilizações de retomada das áreas abertas e que eram fazendas naquela 
época foram retomadas. No ano de 1989 foi realizada a identificação e a delimitação 
do Território Indígena. Contudo, somente em 2001 foi publicado o decreto de 
homologação das terras Xukuru (NEVES, 2007). 
Convém ressaltar que os indígenas criaram no decorrer de sua história, 
táticas políticas no intuito de combater e resguardar a identidade étnica. Assim, essa 
etnia passa a resgatar seus aspectos culturais, procurando um fortalecimento 
político. 
Em meados dos anos de 1970, devido ao grande desenvolvimento do 
latifúndio, os indígenas demandaram para a submissão ao trabalho assalariado 
dentro das fazendas que estavam localizadas em suas próprias terras. Já nos anos 
de 1980, houveram alterações nas relações de trabalho existente entre agricultores 
indígenas e fazendeiros/posseiros, que ocasionaram na proibição dos índios de 
cultivarem produtos peculiares de sua cultura alimentar, priorizando-se o plantio de 
capim para alimentação do gado (FELIX, 2007). 
Com relação à organização sociopolítica e cultural do povo Xukuru, 
essencialmente no tocante a reprodução biocomunal, há um destaque para a 
repartição das famílias nas aldeias segundo a organização adequada da etnia e as 
características ambientais. 
O Território Indígena compreende três distintas Regiões Socioambientais: (a) 
Agreste, é que área montanhosa, muito seca, com grande volume de pedras e 
escassos terrenos próprios para a agricultura, prevalecendo nesse local a pecuária e 
a criação de caprinos; (b) Serra, é uma região bastante fértil, nessa região há dois 
brejos de altitudes, possuindo reservatórios naturais e cursos de águas quase 
perenes, secando somente em estiagens bastante prolongadas; e (c) Ribeira do 
Ipojuca, é um local com terras necessariamente áridas pelo fato das secas 
recorrentes. Essa região está inserida na bacia hidrográfica do Rio Ipojuca e possuía 
a Barragem de Pão-de-Açúcar, onde a água armazenada é utilizada exclusivamente 
para a irrigação agrícola. Até os anos 1980, antes do represamento do Rio Ipojuca, 
este não era perene. 
No tocante a reprodução da autoconsciência e da conduta humana, as 
memórias, tradição e saber Xukuru estão concebidos pelo aspecto do formato do 
cacique e do pajé, que representam uma demonstração política deveras importante 
na etnia. Esses índios Xukuru entendem que a natureza é sagrada, pelo fato de 
prover toda a força que alimenta a vida, devendo ser compartilhada de maneira 
coletiva, para que possa ser garantida a qualidade de vida da atual geração e da 
futura. 
Ressalta-se que a natureza é imaginadapor Tamain, manifestação divina 
feminina e Tupã, manifestação divina masculina. Essas divindades estão 
demonstradas no Toré que é uma dança típica dos índios exercitada em todas as 
comunidades, não só para a diversão, mas como representação de uma maneira de 
comunicação que serve para o fortalecimento étnico e político, bem como, significa a 
difusão de traços culturais e o engrandecimento político da etnia. 
Outro fator importante da etnia é a terra, que concebe um espaço 
extraordinário de interação do índio com seus deuses, tradição e com a principal 
fonte de alimento e de vida. Isso ocorre pelo fato da economia indígena ser 
fundamentada necessariamente na produção agrícola, seguida pela pecuária 
leiteira, o artesanato e o turismo religioso. 
 
3 FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
A fundamentação filosófica, dos direitos fundamentais da pessoa humana, 
tem sua origem no mundo antigo, marcado pelo valores humanistas ocidental como 
judaico-cristão e grego-romano e pelo humanismo oriental, através das tradições 
hindu, chinesa e islâmica. 
Os fundamentos filosóficos estão baseados em três concepções dos direitos 
da pessoa humana: 
 
a) Concepção idealista: na qual os direitos do homem obedecem uma 
ordem transcendental, supra-estatal, sendo-o pela força da natureza 
humana ou a ele inerente, nascendo livres, iguais, pelas obra e graça do 
“espírito santo” ou como expressão da razão natural, sem dependência 
da relação de indivíduo com o Estado. 
b) Concepções positivistas: tem de haver o reconhecimento e legitimação 
do Estado, reconhecendo através de sua ordem jurídica positiva. 
Somente existindo e reconhecendo o direito do homem pelo poder 
público, através do processo legislativo de legitimação, estando escrito e 
validado em lei. 
c) Concepção crítico-materialista: esta concepção é ligada pelas lutas 
sociais, que, para eles, era o fundamento das declarações de direitos e 
constituições dos séculos XVIII e XIX, meramente formais então. Era 
avesso ao pensamento liberal, procuravam conquistas político-sociais, 
coletivas e não individuais (DORNELES, 1989, p. 24). 
 
As gerações dos direitos humanos, também vieram contribuir para sua 
formulação, sendo que a primeira geração, dos direitos individuais: a partir do século 
XVI, fora formulada uma moderna doutrina sobre os direitos naturais, preparando o 
terreno para a formação do Estado Moderno e sua transição de feudal para social-
burguês, explicando racionalmente o ser humano. 
No século XVII, deu-se o aparecimento do modelo jusnaturalista moderno, por 
Thomas Habbes, onde o Estado político seria explicado como o produto de uma 
construção racional através da vontade expressa dos indivíduos. Outro inglês, John 
Locke, desenvolveu outra teoria, a da liberdade natural, onde a verdadeira liberdade 
decorreria do exercício do direito a propriedade individual, na qual havia uma relação 
contratual entre estes, tendo a propriedade, a livre iniciativa econômica e uma certa 
margem de liberdades políticas e de segurança pessoal garantidas pelo poder 
público, tornando inalienável este direito adquirido (BALLESTRERI, 1999). 
Este princípio satisfaz primariamente às necessidades burguesas, usando as 
aspirações das amplas massas populares contra os privilégios da aristocracia, e 
contra os despotismos dos Estados Absolutistas, com base na filosofia iluminista e 
na tradição doutrinaria liberal, requerendo a abstração plena do exercício do Estado. 
A segunda geração dos direitos humanos, ocorreu nos primeiros setenta anos 
do século XIX, marcados pela consolidação do Estado Liberal e pelo 
desenvolvimento da economia industrial ameaçada pela ação restauradora dos 
privilégios do antigo regime e pela massa popular empobrecida, expropriada e 
insatisfeita, pelas conquistas não a eles alcançadas. Contexto industrial estes 
formador deu-a nova classe, o proletariado. 
Este perfil das sociedades europeias do século XIX, aliado as crescentes 
lutas sociais urbanas, possibilitou o desenvolvimento da crítica social, das ideias 
socialistas, de organização sindicais e políticas das classes operarias e dos demais 
setores populares (BALLESTRERI, 1999). 
Surgem então as criticas de Karl Marx, sobre o alcance dos direitos humanos 
enquanto produto de enunciados formais de caráter individualistas, através de 
análises das declarações americanas e francesas. 
Contribuíram também para uma maior intervenção estatal em questões 
sociais, a encíclica papal renum novarum de 1891, a Revolução Russa de 1917, a 
constituição da República de Wesmar na Alemanha, em 1919, e a criação da O.I.I. 
pelo tratado de Versalhes de 1919, que deixaram de atender os direitos de forma 
individual para a coletiva. Aparecendo a expressão “direitos sociais, econômicos e 
culturais” (DORNELES, 1989). 
Podemos citar entre os direitos fundamentais de natureza social, econômica e 
cultural; direito ao trabalho, direito a organização sindical, direito à previdência social 
em caso de velhice, invalidez, incapacidade para o trabalho, aposentadoria, doença, 
direito à greve, direito à saúde, a educação gratuita, remuneração digna as 
condições de trabalhar e sua família, a férias remunerada, estabilidade no emprego, 
segurança do trabalhador, a serviços públicos, a moradia digna, ao acesso à cultura, 
a proteção à infância, ao lazer e outros que até então não possuíam 
(BALLESTRERI, 1999). 
Prevendo mecanismos adequados para a viabilização de suas condições de 
satisfação, sendo o Estado o agente promotor de garantias e direitos sociais. 
A terceira geração, diz respeito aos direitos dos povos ou da solidariedade, 
ampliando o conteúdo conquistado pelas lutas sociais e transformações 
socioeconômicas e políticas marcante às sociedades nos últimos trezentos anos, 
expressando os anseios de toda humanidade. 
Os direitos dos povos desenvolveu-se a partir do pós-guerra, no contexto da 
guerra fria, de eminência de um genocídio nuclear. Deu-se em um conjunto dos 
direitos individuais e coletivos, pelo impulso econômico vivido, pelas descobertas 
tecnológicas e uso de fontes naturais. E junto com suas necessidades básicas, que 
deu-se o aparecimento do: 
 
o Direito à paz – referencia a tensão da guerra fria. 
o Direito ao desenvolvimento e o direito à autodeterminação dos povos – 
em contrapartida ao desenvolvimento imposto pelos países 
desenvolvidos, em busca de seus modelos do desenvolvimento próprios. 
o Direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado – diz 
respeito ao risco corrido pela natureza e pelo próprio homem, com a 
destruição ambiental. 
o Direito a utilização do patrimônio comum da humanidade – refere-se a 
direito a utilização comum e solidária da biodiversidade (DORNELES, 
1989, p. 33). 
 
Com o advento da internacionalização dos direitos humanos, veio a 
preocupação com sua efetivação, reconhecimento e proteção frente aos Estados. As 
relações entre indivíduos, Estados e grupos de ordem internacional vieram a 
valorizar o tema dos direitos e garantias da pessoa humana. 
Necessitando a criação então de mecanismo e instrumentos que, 
controlassem as ações dos Estados e assegurassem seu respeito as pessoas que o 
habita, chocado assim estes com as soberania nacional deste Estado gozador de 
liberdade interna então. 
Destacando alguns destes mecanismos como a: Declaração Americana 
Universal dos Direitos do Homem; Convenção Americana de Direitos Humanos; 
Declaração Universal dos Direitos dos Povos e ainda documentos como Declaração 
dos Direitos da Criança, datado de 1959, Declaração Eliminadora de Qualquer 
Forma de Discriminação Racial e Declaração da Eliminação da Discriminação da 
Mulher (BALLESTRERI, 1999). 
No Brasil, como no resto da América Latina, há existe uma arraizada tradição 
cultural de valorização dos princípios de direitos humanos. Com o advento ditadura 
de políticas autoritárias, as liberdade democrática viram-se limitadas,justificadas 
pela doutrina de segurança nacional, com base das ações das forças 
conservadoras, que visavam a proteção contra um inimigo invisível, um levante 
comunista. Viu-se então a identificação do estado com a nação, este com o dever de 
manter a ordem social. 
Do outro lado, estavam os defensores dos direitos humanos, que procuravam 
intervir positivamente no jogo político, então vigente, questionando as formas 
autoritárias do poder contemporâneo, procurando ampliar o leque da liberdade e de 
exercício efetivo da cidadania coletiva. 
Assim, os direitos humanos aparecem nesse contexto político como um meio 
de fazer política, de intervir positivamente no jogo político, confrontando o exercício 
de seu poder criando alternativas ao poder estabelecido, a partir de um ponto de 
vista popular, através de ações que traduzem o caráter essencialmente político dos 
direitos humanos (BALLESTRERI, 1999). 
 
4 APLICABILIDADE DOS DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLÍTICA E 
SOCIAL DO XUCURU NA FAZENDA CANTO 
 
Os Xucurus estão organizados em grupos familiares, que conforme estes são 
oriundos de um único tronco em comum. Estas redes de famílias são bastante 
extensas com influência mútua e separações. No presente estão difundidos em sete 
aldeias existentes em Palmeira dos Índios e uma aldeia em Caldas, localizada no 
Sul de Minas Gerais. Essa etnia se separou depois das dissidências na Fazenda 
Canto, oriundas no seio da família Celestino. Esta dissidência acabou por originar a 
formação da aldeia Mata da Cafurna e a aldeia da Fazenda Pedrosa, na Bahia de 
onde o grupo liderado por José Sátiro mudou-se para Caldas, no sul de Minas. 
Essa divisão dos índios Xukuru ocorreu principalmente pelo homicídio de 
João Celestino empreendido por José Sátiro do Nascimento (atual cacique da AI 
Fazenda Pedrosa) proporcionando a divisão dos Xucuru da Fazenda Canto em três 
grupos políticos ultimamente localizados em diversas áreas. Como consequência, 
atualmente o grupo possui diferentes situações históricas, principalmente em 
contextos organizacionais e relacionais. Contudo, permanecem fazendo uso do 
mesmo etnônimo indígena. Sobre a unidade étnica Xucuru é satisfatório ressaltar 
alguns dados importantes sobre essa questão que é bastante complexa e relativa. 
(MARTINS, 1994). 
Na Mata da Cafurna, existe um sigilo quando se tenta aproximar das origens 
do dissidio. Os motivos são demonstrados em pequenas frases, quase 
monossilábicas, relatando tão somente a “a disputa pelo poder fez as famílias se 
separarem”. Demonstraram ainda os índios que a convivência com a família 
Celestino não é fácil, por isso ocorreram esses dissídios. A aldeia foi formada pelo 
fato do Antonio Celestino ter brigado com seu irmão Manoel Celestino, saindo da 
Fazenda Canto, indo morar em outro lugar, formando nova tribo. 
Segundo Silva Martins (1994, p. 36) “a comunidade indígena é constituída por 
aproximadamente 120 famílias, com aproximadamente 700 pessoas que fazem 
parte do um mesmo tronco”. As famílias que fazem parte da Aldeia Mata da Cafurna 
passaram a convivem nesse local a convite do Senhor Antonio Celestino e de seu 
cônjuge Marlene Santana, sendo em sua maioria, descendentes de diversas famílias 
apontadas pelos Xucurus como as primeiras formadoras do seu povo na Fazenda 
Canto. 
Nos dias atuais, os Santana e os Celestinos ainda vivem em conflito, mas a 
família Celestino é demonstrada pelos seus como possuidora de grande poder entre 
os Xucurus, poder esse que ocasiona o surgimento de problemas de relacionamento 
entre as aldeias, contudo, mesmo com essa situação de conflito, vem ocorrendo 
também momentos de alianças, como ocorreu nas retomadas territoriais. Existe 
ainda entre os membros dessa família que visualizam os mais famosos personagens 
da etnia. 
Na Assembleia organizada pelos Xukurus, em sua VII Assembleia Anual, as 
discussões consentiram a sistematização de determinadas falas que marcam o que 
esses sujeitos ponderaram ser "impedimentos" à realização do Projeto Xukuru do 
Ororubá e suas propostas de superação. 
Dentre os impedimentos, destaca-se a poluição do espaço e o uso de 
técnicas agrícolas idênticas aquelas que os fazendeiros da região, igualando à 
questão da agricultura baseada em agrotóxicos. Para tais circunstâncias, as 
propostas de superação assinalam para a necessidade de meditação sobre tais 
práticas, com vistas ao enfrentamento dessa temática, com a qualificação de 
pessoas para novos projetos agrícolas, inclusive com a possibilidade de introdução 
de agricultura orgânica. 
Na reprodução ecológico-política, a etnia Xukuru possui uma organização 
estabelecida pelo Conselho de Liderança, que é constituído pelo cacique, pajé e 
representantes das aldeias; a Associação Xukuru, a Assembleia Xukuru, o Conselho 
de Professores e de Saúde indígena, Pós-Assembleia dos Jovens. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A conquista igualdade, e de cidadania, é encontrada na lei, havendo o pleno 
exercício dos direitos pela população brasileira, dentre essa população, estão os 
índios Xukurus, que estão apoiados pelos Direitos Humanos, resgatando suas 
identidades e terras antes roubadas. 
Com isso, os Xukurus passaram por violentos processos de demarcação de 
terras, possuindo atualmente uma população de aproximadamente nove mil 
indígenas, distribuídos em suas aldeias. Esse processo de recuperação não foi fácil, 
ocorrendo diversas conturbações, com assassinatos e perseguições aos chefes das 
aldeias. 
Destaca-se que os projetos desenvolvidos pelos Xukurus ressalvam a terra, 
devendo ser aproveitada de maneira coletiva e sustentável, na probabilidade de 
diminuir a desigualdade social. Os lideres indígenas destacam a necessidade de 
uma maior participação da etnia e para isso, é necessário que sejam adotadas 
estratégias de incorporação, no cotidiano indígena, do "bem viver" através de uma 
"mudança de mentalidade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, E. A. (Org.). Xukuru filhos da mãe natureza: uma história de resistência 
e luta. Olinda: Centro Luiz Freire, 1997. 
 
BALLESTRERI, Ricardo. Cidadania e Direitos Humanos: um sentido para a 
educação. Rio Grande do Sul: Pater, 1999. 
 
DORNELES, João Ricardo. O que São Direitos Humanos. São Paulo, Brasiliense, 
1989. 
 
FELIX, C. E. Uma escola para formar guerreiros. Irecê: Print Fox, 2007. 
 
GASPAR, L. Índios Xucuru. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. Disponível 
em: 
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=arti
cle&id=646&Itemid=1. Acesso em: 25.nov.2013. 
 
MARTINS, Silvia Aguiar Carneiro. Os Caminhos da Aldeia... Índios Xucuru-Kariri 
em Diferentes Contextos Situacionais. 154 p. Dissertação de Mestrado. 
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 1994. 
 
NEVES, R. C. M. Resistência e estratégias de mobilização entre os Xukuru. In: 
ATHIAS, R. Povos indígenas de Pernambuco: identidade, diversidade e conflito. 2. 
ed. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2007. p. 113-136. 
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=646&Itemid=1
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=646&Itemid=1

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