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Disputa de Terras em MS

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Prévia do material em texto

● Pergunta 1
● 0 em 1 pontos
●
Leia os diferentes depoimentos, cujas fontes foram
omitidas propositadamente. Os testemunhos tratam
da questão fundiária, seguidos de artigos da
Constituição da República Federativa do Brasil
(1988).
Depoimento 1 – proprietário de uma fazenda em Mato
Grosso do Sul
A minha propriedade foi conseguida com muito
sacrifício pelos meus antepassados. Não admito
invasão. Essa gente não sabe de nada. Estão
sendo manipulados pelos comunistas. Minha
resposta será à bala. Esse povo tem que saber que
a Constituição do Brasil garante a propriedade
privada. Além disso, se esse governo quiser as
minhas terras para a reforma agrária, terá que
pagar, em dinheiro, o valor que eu quero.
Depoimento 2 – integrante do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Sempre lutei muito. Minha família veio para a
cidade porque fui despedido quando as máquinas
chegaram lá na usina. Seu moço, acontece que eu
sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando
é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico
mais. Eu quero um pedaço de terra, custe o que
custar. Hoje eu sei que não sou sozinho. Aprendi
que a terra tem um valor social. Ela é feita para
produzir alimento. O que o homem come vem da
terra. O que é duro é ver que aqueles que possuem
muita terra e não dependem dela para sobreviver
pouco se preocupam em produzir nela.
Depoimento 3 – professor indígena kaiowá
O que a gente sente é tristeza – me dizia [...] um
professor indígena do tekoha Guaivyry. – Vocês
chegaram aqui em cima dessa terra, dessa nossa
casa, a gente chama tekoha
porque quer ver ela demarcada. Ñande ypy tekoha
[“nossa terra original”], ñanderamoi ñoñotyhague
[“o lugar onde foram enterrados nossos
antepassados”]. Cemitério é sinônimo de tekoha
porque para o Kaiowá a morte tem significado! O
branco não entende, essa é a essência do humano.
A gente precisa da terra pra cuidar da morte,
precisa lembrar do parente.
Art. 184 – Compete à União desapropriar por
interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua
organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os
seus bens.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2020]. Disponível
em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituiçao.htm. Acesso em: 13 jan. 2021.
Em disputa de terras, em Mato Grosso do Sul (MS),
três depoimentos foram destacados: o de um
fazendeiro, o de um integrante de do MST e o de
um professor indígena do coletivo kaiowá. A partir
da leitura dos testemunhos e dos artigos da
Constituição Federal, julgue os itens a seguir.
I. A Constituição do país garante o direito à
propriedade privada. Portanto, invadir terras e
ocupá-las sem a devida observação desse preceito
constitucional é crime, ferindo o direito de possuir
propriedades e nelas empreender como assim o
desejar.
II. O MST é um movimento controlado por partidos
políticos de esquerda cujo objetivo é a
desestabilização do governo pela invasão de terras,
em especial aquelas que contribuem,
decididamente, pelo desenvolvimento econômico
do país.
III. As terras são fruto do árduo trabalho das
famílias que a possuem, sendo passadas
exclusivamente de geração para geração,
principalmente aquelas que atendem à noção de
função social da propriedade.
IV. A intensa mecanização do campo, visando ao
abastecimento dos mercados internacionais e o
nacional, torna possível que um proprietário rural
venha a se tornar um empresário do agronegócio,
importante segmento econômico brasileiro e líder
nas exportações.
V. Para as populações indígenas, a terra não é algo
que pode ser “possuído”, sendo um bem
intransferível, completamente fora da lógica
mercantilista Ocidental. Ela tem atributos sagrados
e compõe parte da cosmologia que liga os vivos
aos deuses e ancestrais. Nesse sentido, falar em
propriedade, mesmo que voltada à subsistência de
famílias camponesas, podendo vir a ser transferida
em um documento de compra e venda, é uma
noção estranha ao universo coletivista de várias
etnias indígenas.
Está correto o que se afirma em:
Resposta
Selecionada:
Apenas I
e V.
Resposta Correta: I, IV e V.
Comen
tári
o
da
res
post
a:
Resposta incorreta: toda terra
no nosso país deve
atender ao dispositivo
constitucional, que
objetiva torná-la uma
propriedade privada.
Existem terras passadas
por herança, mas essa
não é a única forma de se
aquisição. Além disso, as
terras herdadas não
atendem unicamente à
função social da
propriedade. Os
movimentos sociais que
lutam pela reforma
agrária no nosso país, em
especial o MST, não
constituem em braço de
ação social de partidos de
esquerda, embora
algumas campanhas
políticas declarem
abertamente apoiar
algumas iniciativas. O
objetivo do movimento é
a luta pela terra, que deve
ser democratizada e
atender a interesses
sociais da maioria dos
brasileiros, voltada à
produção agrícola que
satisfaça o mercado
interno e os interesses
dos pequenos
proprietários rurais.
●
Pergunta 2
● 1 em 1 pontos
●
Leia a seguir duas afirmações do Barão de
Montesquieu (1689-1755) a respeito da escravidão,
extraídas de seu livro O espírito das leis:
“[...] A escravidão não é boa por natureza; não é útil
nem ao senhor, nem ao escravo: a este porque
nada pode fazer por virtude; àquele, porque contrai
com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se
acostuma insensivelmente a faltar contra todas as
virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro,
colérico, voluptuoso, cruel.”
“[...] Se eu tivesse que defender o direito que
tivemos de tornar escravos os negros, eis o que eu
diria: tendo os povos da Europa exterminado os da
América, tiveram que escravizar os da África para
utilizá-los para abrir tantas terras. O açúcar seria
muito caro se não fizéssemos que escravos
cultivassem a planta que o produz.”
(MONTESQUIEU, 1997)
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo:
Nova Cultural, 1997.
Agora, analise as afirmações a seguir.
I. A despeito de um amplo e poderoso fundamento
moral e ético, alguns valores são desconsiderados
em razão da influência e do poder econômico,
relativizando as experiências humanas que
desqualifica ao mesmo tempo que explora.
II. O convívio com os europeus foi positivo tanto
para as populações indígenas quanto para os
segmentos afrodiaspóricos. Esse relacionamento
atualizou suas civilizações na história da
humanidade, tornando-as parte significativa dos
principais eventos da principal civilização do globo,
a europeia, e seu esforço de propagar os valores
humanos por todo o planeta.
III. A escravidão indígena, amplamente praticada
entre os séculos XVI e XVIII, e a africana, comum a
todo o período colonial e no Império, eram
indefensáveis do ponto de vista filosófico, restando
argumentos econômicos para sua relativização e
aceitação, mesmo no alvorecer do século das
luzes.
IV. Os desígnios econômicos das nações surgidas
do colonialismo, tanto na Europa como nas
Américas, a partir do fim do século XVIII e no XIX,
justificavam a contínua servidão de descendentes
das populações ameríndias e a escravidão de
africanos e seus descendentes, abrindo amplas
possibilidades para uma cruel exploração do
homem por seu semelhante.
V. O preconceito e o racismo contra membros de
coletividades indígenas ou descendentes
afrodiaspóricos foi controlada, até os nossos dias,
pela moral religiosa e pelas discussões filosóficas,
em especial aquelas do Iluminismo sobre a
natureza de todos os seres humanos,
independentemente se estes nasceram sob o jugo
da escravidão ou vivenciarem sua “liberdade
natural”.
Está correto o que seafirma em:
Resposta
Selecionada:
I, III e
IV.
Resposta Correta: I, III e
IV.
Coment
ário
da
resp
osta
:
Resposta correta:
independentemente dos
valores que surgiram com
o Iluminismo, os quais,
com as revoluções
burguesas, seriam a base
jurídica das novas
nações do Ocidente, os
fundamentos morais e
éticos eram
reconhecidamente
escamoteados diante das
prerrogativas
econômicas, o que
terminava por justificar a
servidão e a tutela
indígenas e a contínua
escravidão africana e de
seus descendentes.
●
Pergunta 3
● 1 em 1 pontos
●
As organizações não governamentais (ONGs),
articuladas a outras entidades, como sindicatos e
comunidades eclesiais com base na Igreja Católica,
realizam inúmeros tipos de atividades e ações.
Analise as afirmações a seguir, que tratam dessas
organizações.
I. Pressionam governos, instituições e empresas na
função de agentes mediadores; interagem com a
opinião pública, intermedeiam discussões e atuam
na divulgação de conhecimento científico nas áreas
em que trabalham.
II. Constituem parte do chamado terceiro setor,
agindo tanto como fiscais das atividades do Estado
e como da iniciativa privada. Na área indigenista,
atuam na promoção do debate acerca dos coletivos
indígenas, de sua diversidade e de sua inestimável
importância enquanto atores sociais portadores de
direitos específicos – entre eles, o direito à
diferença e às suas territorialidades ancestrais.
III. Agem de forma participativa no quadro político
mundial pressionando empresas e Estado em prol
de seus objetivos específicos. Atuam, por exemplo,
nas áreas de patrimônios ecológicos, direitos da
criança, educação e pesquisa, defesa das
populações vulneráveis, divulgação da ciência e da
tecnologia etc.
IV. Com fins lucrativos, voltam-se ao
desenvolvimento socioeconômico, político e ou
cultural dos grupos que as organizam,
esquecendo-se das populações que pretendem
atender.
Está correto o que se afirma em:
Resposta
Selecionada:
I, II e
III.
Resposta Correta: I, II e
III.
Comen
tári
o
da
res
post
a:
Resposta correta: as ONGs,
parte do universo do
terceiro setor, são
entidades sem fins
lucrativos voltadas ao
atendimento, execução e
prestação de serviços em
áreas de interesse
público, mas sem a
efetiva participação do
Estado. Elas revelam
uma importante atuação
da sociedade civil
organizada em prol dos
mais variados interesses
públicos e sociais. No
caso das entidades
indigenistas, elas atuam
como interlocutoras,
assessoras jurídicas e
promotoras de suas
causas, de modo a levar
ao conhecimento público
os dilemas e desafios que
acometem os mais
diferentes povos
indígenas brasileiros.
Também operam como
entidades que
pressionam governos e
empresas a
desenvolverem atividades
mais responsáveis frente
à comunidade, com o uso
consciente dos recursos e
pensando no
desenvolvimento
sustentável das
populações vulneráveis.
●
Pergunta 4
● 1 em 1 pontos
●
No início do século XIX, o naturalista e médico alemão
Carl von Martius (1794-1868) viajava pelo Brasil
recém-independente. Em suas viagens, ele
observou a fauna e a flora brasileiras e, como era
de costume naquele século, realizou observações
sobre das populações indígenas com as quais se
deparou. Refletindo a respeito o homem americano
original, von Martius afirmara:
Permanecendo em grau inferior de humanidade,
moralmente, ainda na infância, a civilização não o
altera, nenhum exemplo o excita e nada o
impulsiona para um nobre desenvolvimento
progressivo [...]. Esse estranho e inexplicável
estado do indígena americano, até o presente, tem
feito fracassarem todas as tentativas para
conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e
torná-lo um cidadão satisfeito e feliz. (VON
MARTIUS, 1982, p. 20)
MARTIUS, C. von. O estado do direito entre os
autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo:
Itatiaia/Edusp, 1982.
Com base na reflexão de von Martius a respeito
das populações indígenas brasileiras no século
XIX, é correto afirmar que o médico:
Respost
a
Selec
ionad
a:
entendia que as
populações indígenas
tinham uma história que
era impossível determinar,
dado o seu estado
selvagem e bruto, e
desconsiderava os
diferentes patrimônios
étnicos-culturais dessas
sociedades, reforçando a
ideia da inevitabilidade de
sua extinção e a
importância da missão
civilizatória europeia em
deter, ao menos em parte,
tal processo.
Respost
a
Corre
ta:
entendia que as
populações indígenas
tinham uma história que
era impossível
determinar, dado o seu
estado selvagem e
bruto, e desconsiderava
os diferentes
patrimônios
étnicos-culturais dessas
sociedades, reforçando
a ideia da
inevitabilidade de sua
extinção e a importância
da missão civilizatória
europeia em deter, ao
menos em parte, tal
processo.
Comen
tário
da
resp
osta
:
Resposta correta: Carl
Friedrich Philipp von
Martius (1794-1868) era
um cientista de sua
época. Seguidor da
taxonomia de Lineu,
acreditava na diferença
entre as “raças”
humanas, entendo-as em
um processo hierárquico
no qual as populações
nativas americanas
ocupavam a base de uma
longa jornada. Todavia,
diferentemente de outros
povos, dada a violência
da conquista americana,
Martius também
percebera ser impossível
entender a origem do
homem americano e
acreditava em sua
inevitável extinção.
●
Pergunta 5
● 1 em 1 pontos
●
Leia o texto a seguir, acerca do impacto das atividades
do garimpo ilegal nas terras dos yanomami do fim
dos anos de 1970 até a década de 1990.
“[...] Tuberculose, malária e, menos dramática, mas
inexorável, oncocercose, são doenças que mutilam
ou matam, destroçando o equilíbrio demográfico de
regiões inteiras. Por essas ondas de choque a
tragédia yanomami ampliava-se a cada nova pista,
a cada novo barranco, a cada novo acampamento
garimpeiro. Não há comunidades imunes, nem as
que ficam do outro lado da fronteira, em solo
venezuelano. Com um efeito de metástase, o
impacto da atividade garimpeira corrói artérias,
veias e capilares da grande cadeia orgânica que é
a sociedade yanomami. Nos dois primeiros anos de
atividade garimpeira, estima-se que cerca de mil e
quinhentos, ou 12,5% da população yanomami
estimada no Brasil, morreram em consequência
imediata da corrida do ouro. Se pensarmos em
termos de proporção, isso equivale a cerca de 14,4
milhões de brasileiros, ou seja, uma hecatombe
nacional. E hecatombe foi exatamente o que
viveram os yanomami no Brasil nas vésperas do
século XXI.” (RAMOS, 2008, p. 113)
RAMOS, A. R. O paraíso ameaçado: sabedoria
yanomami versus insensatez predatória. Antípoda:
Revista de Antropologia & Arqueologia,
Bogotá-Colômbia, n. 7, jul.-dez. 2008. Disponível
em:
http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S1900-54072008000200006&lng=en&nrm=is
o. Acesso em: 12 jan. 2021.
Agora, analise as afirmações a seguir.
I. A destruição dos modos de vida de um povo,
incapacitando sua relação com seu território, com
profundos impactos sobre seu ser cultural, é
etnocídio, tal qual definido pelo antropólogo Pierre
Clastres em suas discussões a respeito de
coletivos indígenas sul-americanos diante da forma
de organização política predominante no Ocidente,
o Estado.
II. A invasão sistemática de terras indígenas,
mesmo aquelas já devidamente reconhecidas e
http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072008000200006&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072008000200006&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072008000200006&lng=en&nrm=iso
demarcadas, por setores da sociedade nacional
mais abrangente revela a fragilidade das políticas
públicas indigenistas e ambientais, deixando, por
assim dizer, um “espaço vazio” na atuação de um
sem-número de atores sociais. Quer
propositadamente, quer inadvertidamente, essa
falta de cuidado contribui para a disseminação de
doenças, muitas delas letais para as populações
indígenas, tal qual ocorrera nas antigas reduções
dos padres jesuítas e de outros religiosos nos
séculos XVI e XVII.
III. As guerras de extermínio e de escravidão
ficaram no turbulento passado dospovos indígenas
e de sua história de relacionamento com o
processo de expansão da civilização Ocidental.
IV. Os setores que atuam nessas frentes de
expansão, seja em áreas indígenas ou em outros
territórios, geralmente precários e vulneráveis,
terminam, inadvertidamente, contribuindo para o
conflito e a morte de indígenas. Todavia, tais
setores têm pouca relação com grandes empresas
e os circuitos mais “modernos” do capitalismo
global, sendo considerados ‘párias’ em relação às
atividades econômicas e interesses hegemônicos
desse sistema globalizado.
V. A ação do Estado nacional brasileiro diante da
violência contra populações indígenas, envolvendo
os mais diferentes atores sociais, oscila entre o
ambíguo, o desestruturado e a omissão pura e
simples, sendo parte integrante da continuidade do
genocídio e do etnocídio dos coletivos indígenas
em nosso país.
Está correto o que se afirma em:
Resposta
Selecionada:
I, II e
V.
Resposta Correta: I, II e
V.
Coment
ário
da
resp
osta
:
Resposta correta: a violência
da qual os coletivos
indígenas são alvo
mostra a sistemática
ausência do Estado
brasileiro, de todos os
poderes e níveis da
federação. Essa falta de
cuidado, ambígua e
desestruturada, também
pode ser vista como
omissão diante das
agressões de inúmeros
setores, desde empresas
sediadas no exterior até
as que atendem ao
agronegócio, de
atividades extrativistas
ilegais a lobbies
de conglomerados
interessados na
exportação de
commodities
e matérias-primas, chaves
para a economia
capitalista globalizada.
●
Pergunta 6
● 1 em 1 pontos
●
Atualmente, há diversas polêmicas em relação à
demarcação de territórios indígenas. Novos
instrumentos legais trouxeram insegurança jurídica
no tratamento da temática indígena no que diz
respeito ao reconhecimento, demarcação e
homologação de suas terras. É correto afirmar que:
Respost
a
Selec
ionad
a:
a Constituição Federal,
por meio do entendimento
de que as terras
tradicionalmente
ocupadas e pleiteadas
pelas populações
indígenas são
imprescindíveis à
continuidade de seu modo
de vida, define os
processos de delimitação
dos territórios,
necessários à reprodução
física e cultural nos
marcos da própria
Constituição.
Respost
a
Corre
ta:
a Constituição Federal,
por meio do
entendimento de que as
terras tradicionalmente
ocupadas e pleiteadas
pelas populações
indígenas são
imprescindíveis à
continuidade de seu
modo de vida, define os
processos de
delimitação dos
territórios, necessários
à reprodução física e
cultural nos marcos da
própria Constituição.
Comen
tário
da
resp
osta
:
Resposta correta:
independentemente de
qualquer ação no
Supremo Tribunal Federal
(o chamado “marco
temporal”, por exemplo),
o que orienta a legislação
indigenista é a
Constituição Federal,
que, nos artigos 231 e
232, reconhece as
especificidades e
necessidades das
populações indígenas,
inclusive estabelecendo
diferentes atores sociais
– do poder público, da
sociedade civil
organizada e das
populações indígenas –
como proponentes de
ações que visam ao
reconhecimento e à
efetiva demarcação de
terras indígenas.
●
Pergunta 7
● 1 em 1 pontos
●
Leia o trecho a seguir.
“[...] Entre os Guarani-mbya foi possível observar que a
relação que estabelecem entre ambiente e espaço
está intimamente ligada a categorias e conceitos
específicos implicados com uma dinâmica de
controle social e apreensão territorial que extrapola
os limites físicos das aldeias e mesmo de um
complexo regional geográfico. Pesquisas
localizadas em algumas aldeias ou regiões,
abrangendo aspectos econômicos, fundiários e
culturais relativos aos grupos locais Guarani, têm
sido produzidas. Mas, para verificar como os
Guarani, enquanto sociedade, operam suas
concepções geográficas e espaciais, é preciso
observar como eles pensam e exercem sua
ocupação em áreas e circunstâncias diversas.
Especialmente no caso dos Guaranimbya, porque
os grupos familiares que vão se compondo vão
agregando pessoas de regiões, de origens e de
vivências diversas, as quais ampliam suas
reflexões a partir das condições locais de
existência. Portanto, foram realizados
levantamentos em aldeias e regiões de aspectos
relativos ao meio físico e social diversificados, a fim
de observar como as comunidades compõem seu
espaço e se constituem em tekoa (aldeias) – lugar
onde podem realizar seu modo de ser. (LADEIRA,
2008, p. 24)
LADEIRA, M. I. Espaço geográfico guarani-mbyá:
significado, constituição e uso. São Paulo:
Eduem/Edusp, 2008.
Tendo como base seus conhecimentos e nossas
discussões, assinale a alternativa correta em
relação aos coletivos guarani Ñandeva e Mbyá,
localizados no litoral paulista, no Parque do
Jaraguá e na Zona Sul do município de São Paulo.
I. Não há nenhuma ligação mística-cosmogônica
entre os guaranis do litoral de São Paulo e os
remanescentes da Mata Atlântica e da Serra do
Mar, sendo que tais populações ali se encontram
por força de aldeamentos que ocorreram sob a
supervisão de autoridades civis e eclesiásticas
desde os tempos coloniais.
II. As populações ou coletivos guaranis são “índios
estrangeiros”, oriundos das nações vizinhas, que
objetivam ganhos materiais dada a legislação
indígena brasileira, a mais avançada da região.
III. No litoral paulista e em outras regiões onde há
tekoás ou tekoha guarani, há uma íntima ligação
entre os seres humanos, os territórios sagrados e
sua incessante busca pela Terra sem males.
IV. Há uma relação profunda entre as matas
remanescentes da Mata Atlântica, a Serra do Mar e
o litoral paulista, onde os guaranis buscam exercer
seu nhandereko
ou modo de vida.
Está correto o que se afirma em:
Resposta
Selecionada:
III e
IV.
Resposta Correta: III e
IV.
Coment
ário
da
resp
osta
:
Resposta correta: Yvy
marãey, a Terra sem
males, é um tema
recorrente na cosmovisão
guarani. Essa ideia
promove parte
significativa dos
movimentos
populacionais e o
estabelecimento de
comunidades desde o fim
do século XIX no litoral
paulista, onde a Serra do
Mar e a floresta litorânea
remanescente, a Mata
Atlântica, compõem parte
importantíssima de sua
relação sagrada com os
ancestrais e a vida na
Terra.
●
Pergunta 8
● 0 em 1 pontos
●
Considere a definição de um dos mais importantes
conceitos das ciências humanas e sociais, a noção
de cultura, presente na obra Cultura, um conceito
antropológico, de Roque de Barros Laraia (2001).
Agora, analise as afirmações a seguir.
I. A cultura, um fenômeno humano, está presente nas
mais diferentes sociedades no tempo e no espaço.
É impossível para os demais seres vivos animais
desenvolver a faculdade de simbolizar e transmitir
esses símbolos com a mesma complexidade e
diversidade com que o fazem os diferentes seres
humanos.
II. A cultura é um fenômeno variado nas diversas
sociedades humanas, daí sua principal
característica: sua diversidade. Seu grau de
originalidade e de síntese, com sua consequente
pluralidade, depende da forma como foi elaborada
e recriada, ao longo do tempo e do espaço, em
diferentes sociedades, naquilo que chamamos de
ação do homem em transformar a natureza (ação
antrópica).
III. A cultura é um fenômeno que varia conforme o
favorecimento de características biológicas e
geográficas, que determinam, por assim dizer,
diferentes sociedades e etnias. Desse modo, a
diversidade cultural e a existência de culturas
superiores e inferiores dependem da maior
capacidade de simbolizar e internalizar o meio
ambiente por meio da capacidade criadora da
espécie humana.
IV. A cultura, mesmo sendo universal, manifesta-se
em cada sociedade de maneira particular, sendo
constituída por sistemas simbólicos que variam.
Todavia, esse sistema simbólico universal – e, em
sua manifestação, diverso –ocorre em um ser vivo
dotado de unidade biológica, o gênero homo
sapiens sapiens. Por isso, ao nascer, todo ser
humano está biologicamente apto para ser
socializado em qualquer cultura humana, não
importando se o seu processo de socialização
tenha sido iniciado em uma sociedade ameríndia,
africana ou no Ocidente.
Estão corretas:
Resposta
Selecionada:
III e IV.
RespostaCorreta: I, II e
IV.
Comen
tário
da
resp
osta
:
Resposta incorreta: os
fenômenos culturais não
são decorrentes de
características genéticas
ou biológicas de qualquer
natureza, tampouco são
transmitidos pelo
“sangue”, sendo mais
fruto de aprendizagem e
contínuo
condicionamento dentro
de um universo simbólico
de prescrições inerentes
a qualquer grupo
humano. A diversidade
cultural é a forma como
esses elementos
simbólicos se
materializam nos
diferentes espaços que
os homens transformam
por meio de seu trabalho,
ou ainda, de forma
diversa ao longo da
história das diferentes
sociedades humanas.
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Pergunta 9
● 0 em 1 pontos
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Observe a imagem a seguir. Trata-se de um selo
comemorativo emitido nos anos 1970 pelo governo
militar do Brasil.
Fonte: spatuletail, Shutterstock, 2021.
A partir da observação dos elementos do selo e de
seus conhecimentos a respeito da temática
indígena em nosso país, pode-se afirmar que a
comemoração em função da qual o selo foi emitido
tem relação com:
Resposta
Seleci
onada
:
o fato de que os militares
estão comemorando o
Dia do Índio, com
destaque à etnia
yanomami, uma das
principais guardiãs das
fronteiras brasileiras com
países limítrofes.
Resposta
Corret
a:
o fato de que os
militares brasileiros
comemoravam o país
que “ia para frente”,
que se desenvolvia e
deixava para trás seu
passado colonial.
Comen
tário
da
resp
osta
:
Resposta incorreta: não
havia, na concepção
militar e autoritária do
país, a exaltação da
sociodiversidade
brasileira e a defesa dos
territórios ancestrais
indígenas. Sua
demarcação e gestão
autônoma só foram
garantidas, na forma da
lei, pela Constituição de
1988, com a
redemocratização de
nosso país. A
comemoração do dia do
índio ou de qualquer
outra festividade cívica
com essa característica
(como o 13 de maio) só
ocorria de forma genérica
e exaltando os valores da
mestiçagem e da
“democracia racial”,
bases da construção de
um imaginário nacional
autoritário e hierárquico.
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Pergunta 10
● 0 em 1 pontos
●
Em 1906, há a criação do Ministério da Agricultura,
Indústria e Comércio, o MAIC. Naquela época, foi
idealizada a criação de um serviço, dentro desse
ministério, que contemplasse a temática dos
autóctones ou silvícolas, como eram chamadas as
populações indígenas naquele momento. O
objetivo era retirar de agentes privados e das
missões religiosas a prerrogativa do contato,
assimilação e gestão dessas populações pelo
Estado nacional. Diante das discussões a respeito
das possibilidades de assimilação e civilização
dos indígenas, surgiu uma figura paradigmática
na história do indigenismo oficial brasileiro, o
Marechal Cândido Rondon. O órgão criado e a
ação indigenista naquele momento foram
definidos como:
Respost
a
Selec
ionad
a:
Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), atual Funai,
que objetivava a
pacificação dos “índios
bravos” e sua
miscigenação com
outras populações
indígenas já
aculturadas e
suficientemente
assimiladas que viviam
junto à civilização.
Respost
a
Corre
ta:
Serviço de Proteção
ao Índio (SPI), atual
Funai, cujo objetivo
era fixar o indígena à
terra e protegê-lo com
o trabalho agrícola,
de maneira a
aumentar as
possibilidades de sua
inserção na
civilização.
Comen
tári
o
da
res
pos
ta:
Resposta incorreta: embora
houvesse inúmeras
tendências de que o
indígena fosse utilizado
como “guardiães” das
fronteiras nacionais,
nenhum desses
projetos foi realizado,
pois se pensava que
por meio do trabalho –
em especial, o agrícola
– fosse possível a
progressiva
incorporação do
indígena na sociedade,
em um processo que o
faria abandonar seus
hábitos selvagens e
tribais por meio da
valorização de seu
trabalho. Naquele
momento, não havia a
percepção de que as
populações indígenas
compusessem uma
experiência
civilizacional humana
distinta daquela
observada no Ocidente
e nas regiões que o
europeu colonizou,
tampouco que essas
populações deveriam
ser protegidas e, ao
mesmo tempo,
deixadas em territórios
onde pudessem
perpetuar seu antigo
modo de vida, sua
língua – enfim, sua
cultura –, uma vez que
havia a nítida ideia de
que esses costumes
seriam inferiores aos da
sociedade brasileira.

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