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Resumo - N1 - DIREITO DE POSSE E PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS

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INTRODUÇÃO 
Ações possessórias nos artigos 554 a 568, especificamente no Capítulo III do Título III, (“Dos procedimentos especiais”) do Livro I da Parte Especial da novel legislação, em três seções.
As ações possessórias objetivam a tutela jurídica da posse, seja de bens móveis ou imóveis. Nas referidas ações não se pleiteia a propriedade, mas sim a efetiva posse daquele que a detém e, ainda, quem possivelmente ofendeu o direito daquele, devendo o mesmo ser restituído ao seu devido titular.
Cumpre informar que o termo “possuidor” é tratado no artigo 1196 do Código Civil de 2002, conforme transcrito abaixo:
“Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
A rigor, são três as espécies de ações possessórias disciplinadas pelo Código de Processo Civil: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório. As quais correspondem, respectivamente, aos diferentes graus de ofensa à posse: esbulho, turbação e ameaça.
POSSE X PROPRIEDADE
Propriedade é uma coisa; posse, outra, completamente diferente. Sobre a conceituação da posse, deve-se lembrar de duas teorias clássicas relacionadas à matéria, intitulada teoria subjetiva, desenvolvida por Savigny, e teoria objetiva, da autoria de Ihering.
De acordo com Savigny - teoria subjetiva, no que se refere ao elemento corpus, para afirmarmos que o autor é possuidor, exige-se a demonstração do exercício de poder físico sobre a coisa. Possuidor é aquele que mantém contato físico direto com a coisa. Já quanto ao animus, exige que o possuidor tenha a intenção de se tornar proprietário da coisa.
De acordo com a teoria objetiva, desenvolvida por Ihering e adotada tanto pelo CC de 1916 (art. 485) como pelo de 2002 (art. 1196), possuidor é aquele que se comporta como se proprietário fosse, no que se refere ao elemento animus, não exigindo a lei à demonstração de que tenha vontade de ser proprietário. Deve apenas cuidar da coisa como se estivesse integrada ao seu domínio. No que se refere ao elemento corpus, a lei não exige o contato físico com a coisa, mas apenas a demonstração de que está inserida no poder socioeconômico do possuidor.
Sendo assim, o ajuizamento da ação possessória exige o preenchimento dos requisitos listados no art. 561 do Código de Processo Civil de 2016, entendidos como essenciais, com destaque da demonstração da posse anterior.
POSTULAÇÃO INCORRETA E CONSEQUÊNCIAS PROCESSUAIS
A propositura da ação possessória, quando o autor não é possuidor, mas, tão somente, proprietário do bem, resulta em extinção do processo sem a resolução do mérito, com fundamento no art. 485 do Novo Código de Processo Civil. Se o autor não é possuidor do bem objeto do litígio, não pode propor ação possessória, mas sim ação petitória, geralmente reivindicatória.
Devemos observar que a fungibilidade prevista no art. 554 do Novo CPC é restrita às ações possessórias. O código não prevê a fungibilidade também em relação à ação petitória ou de domínio ou ação de rescisão contratual.
PROPOSITURA DA AÇÃO
Embora a ação possessória seja fundada em direito pessoal, no tocante a competência, o CPC a equipara às ações fundadas em direito real. Desta forma, a ação deve ser proposta perante o foro de situação do bem, tratando-se de possessória imobiliária, sendo hipótese de competência absoluta, inderrogável pela vontade das partes. Já no caso de bem acessório em pedido de rescisão contratual, prevalecerá a cláusula de eleição de foro.
DEFESA DO RÉU
Tanto no rito comum como no rito especial, só se admite a apresentação da contestação, como modalidade única de defesa, podendo o réu suscitar quaisquer das preliminares relacionadas no art. 337, bem como reconvir, na própria contestação (art. 343), pela previsão do NCPC.
Na contestação da ação possessória o réu deve demonstrar que o autor não preencheu os requisitos relacionados no art. 561 NCPC, requerendo a improcedência da ação ou dos pedidos, ou a extinção do processo sem a resolução de mérito, considerando que a posse é fundamento da ação
RECONVENÇÃO
Em regra a reconvenção não é admitida na ação possessória, em decorrência de sua natureza dúplice, permitindo que o réu se defenda e ataque ao mesmo tempo na contestação.
PRODUÇÃO DE PROVAS
A ação possessória é rica em fatos. Por conta disso, quase sempre exigem esclarecimentos através da produção de prova testemunhal, circunstância que resulta no alongamento do processo.
A audiência de instrução e julgamento é quase sempre designada nas ações possessórias, considerando a abundância de fatos discutidos nesse tipo de ação, recomendando a lei que seja colhida prova oral em um único dia, evitando seu fracionamento, o que pode fundamentar alegação de infração aos princípios legais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório.
SENTENÇA
Como sabemos, o processo de conhecimento é encerrado através da prolação de sentença, que produz coisa julgada após sua reapreciação, se for o caso.
No caso das ações possessórias, advertimos que a interposição do recurso de apelação impede a instauração da execução, mesmo que provisória, já que a ação possessória não está inserida na relação constante do § 1º do art. 1012, na qual o recurso de apelação é recebido apenas no efeito devolutivo, autorizando a instauração da execução fundada em título provisório, com fundamento no art. 520 e seguintes da Lei Processual.
NOÇÕES GERAIS SOBRE POSSE
O Código Civil de 2002 adota a teoria objetiva, extraída do art. 1196, o qual dispõe que “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
AÇÕES POSSESSÓRIAS TÍPICAS
São chamadas dessa forma porque encerram a tutela de um possuidor contra algum fato que ofenda a relação possessória existente. São as ações de manutenção de posse, reintegração de posse e interdito proibitório e o cabimento de cada uma delas será determinado pelo tipo de ofensa perpetrada ao direito do possuidor.
· MANUTENÇÃO DE POSSE: quando ocorre turbação (quando o possuidor apesar de continuar possuindo a coisa, perde parte do poder), consiste no embaraço ao livre exercício da posse.
· REINTEGRAÇÃO DE POSSE: quando possuir sofrer esbulho, ou seja, quando houver sido desapossado por terceiro, perdendo a disponibilidade sobre a coisa. Saliente-se, por ser relevante, que não é necessário o desapossamento da integralidade da coisa para fins de configuração do esbulho.
· INTERDITO PROIBITÓRIO: será cabível quando se estiver diante de ameaça ao exercício da posse. A ameaça é caracterizada quando há fundado receio de que a posse seja turbada ou esbulhada. Sempre será processado pelo rito especial, haja vista que a ameaça de ofensa há de ser necessariamente atual.
Perda da pretensão possessória e a caducidade do direito ao rito especial
O direito de propriedade de inegável caráter relativo se sujeita à prescrição. Devido a falta de disposição específica para ações dessa natureza, deve-se aplicar o prazo prescricional ordinário previsto no art. 205 do CPC, qual seja, dez anos.
As ações possessórias típicas também estão sujeitas à prescrição. O prazo de prescrição é de dez anos, consoante disposto no art. 205 do CPC. Essas ações apresentam, ainda, uma peculiaridade: o art. 924 do CPC traz prazo decadencial de ano e dia, contando da turbação ou esbulho, para que o possuidor possa se valer do rito especial.
OUTROS MEIOS PARA A TUTELA DA POSSE
Existem litígios que envolvem proteção à posse sem que se possa, propriamente, cogitar de esbulho, turbação ou ameaça, mas da existência de relação jurídica que autoriza a tutela possessória, razão pela qual não se poderá manejar a ação possessória. Para a proteção da posse nesses casos, o ordenamento jurídico oferece formas diferenciadas de tutela.
· AÇÃO DE IMISSÃO: natureza petitória e visa proteger a posse daquele que adquire a propriedade, mas em virtude da recalcitrância do alienante, por exemplo, não consegue investir na posse.
· AÇÃO REIVINDICATÓRIA: naturezapetitória e é meio idôneo para que o proprietário invoque o seu direito à posse. Busca-se recuperá-la, diferentemente da imissão, onde se tenciona a investidura inicial.
· NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA: O objetivo é impedir o prosseguimento de obra prejudicial à estrutura ou finalidade do prédio contíguo.
· EMBARGOS DE TERCEIRO: utilizada quando a ofensa à posse não decorre de atos materiais, mas de ordem judicial.
· AÇÃO DE DESPEJO: instrumento hábil à recuperação da posse direta, cedida a terceiro por meio de contrato de locação.
23/08/2021
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
O que é a posse? A posse se caracteriza por ser o poder de fato exercido por alguém (há a possibilidade do exercício pluralizado da posse) sobre um bem material, corpóreo. O Código Civil trata no artigo 1.196 do conceito de possuidor.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
O Código Civil adota a teoria Objetiva de Ihering como a mais adequada relativa à posse. Para Ihering, somente o “corpus” (poder de fato sobre a coisa) seria necessário para a existência da posse, não sendo necessário o “animus” que a teoria de Savigny coloca como pilar da possibilidade de expressão possessória.
· Posse Direta e Indireta.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
· A posse direta seria a de quem exerce o poder de uso (poder de fato sobre a coisa). 
Exemplo - poderia ser citado a situação do locatário em relação ao locador; o locatário exerce o poder de uso, está ocupando o imóvel e exerce a posse, nesse caso, a direta.
· A posse indireta é aquela exercida por quem detém todos os outros direitos, a não ser o de uso (já que esse é exercido em nome do possuidor direto). Trata-se do verdadeiro proprietário do bem, que possui uma ampla gama de poderes relacionados à propriedade e sobre eles tem poder de decisão. 
Exemplo - novamente, utiliza-se o exemplo da locação, porém, quem exerce a posse indireta é o locador, que detém os poderes de gozo, disposição e o direito de reaver a coisa, mas não o de uso.
A possibilidade da proteção possessória do possuidor direto contra o indireto, é referente a um dos efeitos da posse. Quem tem sua posse turbada, esbulhada ou ameaçada tem o direito de fazer uso dos interditos possessórios para proteger ou reaver a sua posse; as ações possessórias podem ser: o interdito possessório (em caso de ameaça, concreta, iminente à posse), a manutenção de posse (em caso de turbação, uma dificuldade no exercício total da posse) e a reintegração de posse (em caso de esbulho, perda total da posse em face do esbulhador).
Portanto, não há necessidade de ser proprietário do bem para poder se proteger em caso de agressão à posse, pois à ela é concedida diversos efeitos jurídicos particulares, sendo um deles a proteção possessória. Podendo assim, o possuidor direto (quem detém o poder de fato), em situação de posse justa, em caso de ameaça de turbação ou esbulho, ajuizar ação possessória contra terceiros, e até mesmo contra o possuidor indireto. A recíproca também é verdadeira, desde que a posse do primeiro se torne injusta, o proprietário poderá fazer uso dos interditos possessórios.
O artigo 1.198 trata de algumas hipóteses de detenção no Direito Civil. A detenção é a posse desqualificada, na qual há poder de fato, físico sobre a coisa, porém, está tipificado na lei como situação de mera detenção. O caput traz o caso do fâmulo da posse, que ocorre quando alguém sob dependência de outrem, conserva a posse em nome deste ou em cumprimento de ordens ou instruções suas. Como exemplo temos o caseiro da fazenda, que sob dependência financeira e ordens do patrão, ocupa imóvel alheio, porém, somente como mero detentor.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
O Código Civil prevê no artigo 1.208 outros tipos de detenção, sendo elas: os atos de mera permissão ou tolerância, os atos violentos ou clandestinos (enquanto não cessada a violência ou clandestinidade) e a ocupação de bens públicos (previsto no artigo 102 do CC).
· Os atos de mera permissão ou tolerância não ensejam a posse - são casos de mera detenção.
Exemplo - pode ser citado o uso de uma estrada de fazenda vizinha para chegar a sua própria. 
· A aquisição da posse por meios violentos ou clandestinos - não resultam na posse, enquanto não findados os atos violentos ou clandestinos. Após o fim desses, a posse será injusta, resultando no direito legítimo do possuidor esbulhado de ajuizar interditos possessórios para reaver sua posse.
· A ocupação de bens públicos - resulta em mera detenção, não importando o período de tempo de ocupação do imóvel, não ensejando, inclusive, usucapião.
POSSE EXCLUSIVA, COMPOSSE E POSSES PARALELAS
a) Posse Exclusiva - é aquela que é exercida por um único possuidor.
b) Composse - é uma situação na qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. A composse poderá ser simples ou plural.
A composse em caso de duas ou mais pessoas, poderá ser exercida desde que nenhuma pessoa exclua os atos possessórios da outra (Art. 1.199, CC/02). O mesmo se aplica a um casal.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
· Composse pro diviso - pelo compossuidor exercer a “posse sobre a coisa certa, lugar determinado, a composse subsiste de direito, mas não de fato”. Na posse pro indiviso, o compossuidor não exerce posse sobre trecho do imóvel, assim, a composse existe de direito e de fato.
O possuidor deve ser respeitado na porção da coisa que ocupa, inclusive pelos outros compossuidores. Em se tratando da posse pro indiviso, o compossuidor pode permanecer no trecho não utilizado pelos compossuidores, contanto que não os exclua do exercício de seus direitos possessórios
· Composse pro indiviso - A composse pro indiviso é aquela em que os possuidores exercem de maneira indistinta, simultaneamente, os atos de posse sobre todo o bem. A composse pro diviso se refere à situação em que os possuidores tem direito à posse de todo o bem e delimitam as áreas para o seu exercício, ou seja, as áreas de uso de cada um.
· 
c) Posse Paralelas - ocorre quando várias pessoas detém a posse sobre a mesma coisa, porém essas posses são obtidas de formas distintas. Sobreposição de posses, divididas em direta e indireta.
Exemplo - o contrato de locação. Nele, há aquele que age como possuidor direto - locatário -, que de fato exerce poderes diretos sobre a coisa tutelada, e aquele que age como possuidor indireto - locador -, que também é possuidor, por ser o legítimo proprietário do bem.
Com base nessa breve instrução, surge-nos a seguinte pergunta: poderia o possuidor indireto interpor alguma medida possessória em desfavor do possuidor indireto?
A resposta, evidentemente, é positiva. Isso se dá na medida em que, havendo um contrato regido a interesses distintos, não podem as partes descumpri-lo. Assim, caso o possuidor indireto tente invadir o imóvel objeto da locação, o locatário pode muito bem interpor uma medida possessória a fim de garantir a sua posse justa e de boa-fé.
POSSE JUSTA E INJUSTA
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
· Posse justa: A posse será justa quando for obtida de forma legal, sem que para isso seja empregado violência ou qualquer tipo de ameaça.
· Posse Injusta: será por outro lado posse injusta aquela adquirida por meio do uso da força ou ameaça (violência),ardil (clandestinidade) ou abuso da confiança (precariedade).
POSSE VIOLENTA, CLANDESTINA E PRECÁRIA
· Posse Violenta: a que se adquire por ato de força, seja ela natural ou física, seja moral ou resultante de ameaças que incutem na pessoa sério receio. A violência estigmatiza a posse, independentemente de exercer-se sobre a pessoa do espoliado ou preposto seu, como ainda do fato de emanar do próprio espoliador ou de terceiro.
· Posse Clandestina: clandestina é a posse que se adquire por via de um processo de ocultamento. Contrapõe-se a que é tomada de forma pública e aberta. Segundo Caio Mário é um defeito relativo que só pode ser acusado pela vítima contra o esbulhador. Assim, perante outras pessoas esta posse produz efeitos normais.
· Posse Precária: é, por exemplo, a do fâmulo da posse, isto é, daquele que recebe a coisa com a obrigação de restituir e arroga-se na qualidade de possuidor, abusando da confiança, ou deixando de devolvê-la ao proprietário, ou ao legítimo possuidor. Este vício inicia-se no momento em que o possuidor precarista recusa atender à revogação da autorização anteriormente concedida.
· Esbulho a céu aberto - também terá praticado esbulho.
· Esbulho - é a retirada de um bem que está sob a posse ou propriedade de alguém. Ou seja, o detentor do bem perde a posse que exercia sobre ele.
CESSAÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA CLANDESTINIDADE
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelida.
A CONVERSÃO DA POSSE INJUSTA EM JUSTA
Segundo Caio Mário a posse injusta não se pode converter em justa quer pela vontade ou pela ação do possuidor, quer pelo decurso do tempo.
No entanto, nada impede que uma posse inicialmente injusta venha a tornar-se justa, mediante a interferência de uma causa diversa, como seria o caso de quem tomou pela violência comprar do esbulhado, ou de quem possui clandestinamente herdar do desapossado.
Reversamente, a posse de início escorreita entende-se assim permanecer, salvo se houver mudança na atitude do possuidor como é o exemplo do locatário (possuidor direto) que se recusa a restituir o bem ao locador. Nesse caso, no momento da recusa à posse justa, converte-se em injusta.
O CARÁTER RELATIVO DA POSSE INJUSTA
Segundo Caio Mário e Gustavo Tepedino os vícios da posse assumem caráter relativo, ou seja, só podem ser alegados pelo possuidor agredido em face do agressor, não produzindo, então, efeitos erga omnes. Desse modo, por mais estranho que possa parecer, impõe-se aos terceiros o respeito à posse do esbulhador, ao qual será concedida a tutela possessória, mesmo que esta tenha sido adquirida de forma injusta.
A TRANSMISSÃO DA POSSE VICIADA
Nos termos do art. 1.203 do Código Civil a posse transmite-se com todos os seus atributos positivos e negativos. Nesse sentido, salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Desse modo, a posse adquirida de maneira violenta, clandestina ou precária, manterá, em regra, estas mesmas características, salvo prova em contrário.
POSSE DE BOA E DE MÁ-FÉ
Uma vez reconhecido o vício, conclui-se que se trata de defeito objetivo relativo à posse. Contudo, podem existir vícios de natureza subjetiva, que permitem distinguir a posse em de boa e de má-fé.
- A posse de boa-fé - é aquela em que o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa possuída. A boa-fé é concebida de modo negativo, como ignorância, e não como convicção
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
É a consciência do possuidor (elemento subjetivo) no momento que toma posse, se este considera que tal posse é livre de qualquer vício e a tomou de forma legal, ele estaria agindo de boa-fé.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Não há coincidência necessária entre a posse justa e a de boa-fé. A transmissão dos vícios de aquisição permite que o possuidor de boa-fé tenha posse injusta, se adquiriu de quem a obteve pela violência, clandestinidade ou precariedade. Do mesmo modo, alguém pode possuir de má-fé, embora não tenha praticado violência, clandestinidade ou precariedade. 
O título é tratado pela doutrina como a forma pela qual é transmitida a posse ou a detenção da posse, logo, se o adquirente da coisa a fez com título, presume-se que ele agiu de boa-fé, o título seja justo quando aquele que o transmitiu tenha capacidade para tal ato.
POSSE COM JUSTO TÍTULO
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Em suma, posso ter posse de boa-fé sem justo título, mas tendo justo título há uma presunção relativa de boa-fé.
POSSE NOVA E POSSE VELHA
Dispõe o art. 1.211 - “A posse pode ser força nova e força velha, sendo a posse nova caracterizada por um lapso temporal menor de um ano e um dia e a posse velha por um lapso temporal maior que um ano e um dia.”
Nos casos de posse velha, não há possibilidade de que seja concedida a Tutela Antecipada de Reintegração de Posse.
· A posse nova - é a obtida em menos de um ano.
· A posse velha - é aquela em que o possuidor tenha a coisa em seu domínio por mais de um ano, ou seja, um ano e um dia, essa distinção traz alguns efeitos práticos, em caso de posse velha não caberá ação de reintegração de posse e sim ação real complexa, além disso o esbulho será cessado e para todos os efeitos aquele que tenha o domínio da coisa será considerado possuidor.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse às normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
POSSE NATURAL E POSSE CIVIL OU JURÍDICA
Posse natural - é aquela em que o possuidor detém a coisa, o simples fato de ter a coisa consigo o torna possuidor.
 
Posse civil ou jurídica - é a que se transmite ou adquire mediante título, como por exemplo, na tradição ficta.
POSSE AD INTERDICTA E AD USUCAPIONEM
Posse Ad Interdicta - é aquela que pode ser obtida por meio de interditos possessórios, verdadeiras ações civis que visam garantir ou devolver a posse a quem sofrer ameaça sobre a mesma, para que uma posse possa ser considerada ad interdicta, é preciso que ela seja justa. Para ela existir basta que o possuidor demonstre os elementos essenciais da posse, corpus e animus, e a moléstia, mas não conduz à usucapião, como no caso do locatário.
A posse Ad Usucapionem - é aquela que é obtida por meio do lapso temporal, assim, ao final de dez anos, aliado ao ânimo de dono, o exercício contínuo e da forma mansa e pacífica, além do justo título e da boa-fé, o possuidor fará jus a usucapião ordinária (Art. 1.242, CC/02), caso tal fato se estenda por mais quinze anos, aí teremos a usucapião extraordinário, independentemente de título de boa-fé (Art. 1.238, CC*/02).
Aqui será necessário o preenchimento de vários requisitos além dos elementos essenciais à posse: boa-fé; decurso do tempo suficiente à aquisição; posse mansa e pacífica;que se funde em justo título, salvo no caso de usucapião extraordinário; que seja como animus domini, tendo o possuidor a coisa como sua.
· Usucapião Ordinário - depende da existência de um justo título e de boa-fé. Também exige a comprovação de posse mansa e pacífica, sem oposição do proprietário, de maneira contínua e ininterrupta por prazo igual ou superior a 10 (dez) anos. O prazo do usucapião ordinário poderá ser diminuído para 05 (cinco) anos na hipótese do imóvel ter sido adquirido onerosamente e caso o registro tenha sido cancelado e se o possuidor tiver efetuado investimentos (econômico e social) no imóvel e/ou tiver construído no imóvel usucapiendo sua moradia habitual.
· Extraordinário - não depende de justo título ou prova de boa-fé. Depende de posse, sem oposição ou violência, ininterrupta pelo prazo igual ou superior a 15 (quinze) anos. O prazo será reduzido para 10 (dez) anos caso o possuidor tenha constituído no imóvel sua moradia habitual ou nele tenha realizado obras de caráter produtivo.
POSSE “PRO DIVISO” E POSSE “PRO INDIVISO”
A posse pro indiviso - é aquela em que o possuidor detém a posse de determinada parte da coisa de forma ideal.
Quando os compossuidores exercem poderes apenas sobre uma parte definida da coisa. Cada um pode utilizar interditos no caso do outro atentar contra o exercício da posse.
A posse pro diviso - é aquela em que ele tem determinada parte de fato.
Ocorre quando os possuidores exercem simultaneamente os poderes de fato sobre a coisa, como utilizar ou explorar o bem comum.
ACESSÃO DAS POSSES
A posse pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende, por seu representante ou por terceiro sem procuração.
Pode haver acessão de posse. A acessão pode resultar de sucessão universal, quando a posse do sucessor continua a do antecessor. Pode, ainda, decorrer de sucessão singular e, neste caso, a soma das posses é facultativa (CC, arts. 1.206 e 1.207). No primeiro caso haverá sucessão; no segundo, união. Na sucessão causa mortis a título singular também haverá união. A sucessão de posses é imperativa; a união, facultativa.
A soma de posses é exercida para o fim de se adquirir a propriedade pela usucapião e só é possível se elas forem contínuas e pacíficas. A posse se transmite com as mesmas características, quando houver o união.
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
São elas:
Reintegração de posse: a reintegração de posse, também chamada de ação de esbulho possessório, é uma ação judicial que visa devolver a posse de um bem para alguém, visto que essa pessoa perdeu, por algum motivo, a posse. Logo, nesse caso, tanto você (possuidor indireto) quanto o inquilino (possuidor direto) poderão requerer a reintegração de posse do bem. Portanto, é importante ressaltar que tanto o possuidor indireto quanto o possuidor direto podem requerer a ação de reintegração de posse completa do bem em questão.
Manutenção de posse: as ações de manutenção de posse têm como objetivo proteger a sua posse de alguma perturbação ou algo que venha a atrapalhar a continuação dela. Ou seja, seu objetivo é proteger a posse da turbação. Assim, para ajuizar uma ação de manutenção de posse você precisa cumprir alguns requisitos.
Pelo registro, no caso do possuidor ser também proprietário. Outros meios de prova são, ainda, conversas (whatsapp, e-mail ou outros canais similares), e prova testemunhal. Se a prova for suficiente, é cabível o pedido de liminar inaudita altera pars para determinar a manutenção da posse.
Interdito proibitório: o interdito proibitório é uma ordem judicial que visa repelir algum tipo de ameaça à posse de determinado possuidor, garantindo a ele a devida segurança para impedir que se concretize tal ameaça, acompanhada de pena ou castigo para a hipótese de falta de cumprimento dessa ordem. Ele é utilizado para fazer cessar a ameaça ao exercício da posse de alguém.
São requisitos para o deferimento do interdito proibitório da posse:
· Ameaça de moléstia
· Probabilidade de que venha a se efetivar
13/09/2021 - AÇÃO PETITÓRIA

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