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PAPER - O BIBLIOTECÁRIO NA ERA DA TECNOLOGIA - Módulo III - Turma FLC4191BIB

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1 Acadêmicos do Curso de Graduação em Biblioteconomia 
2 Professora tutora externa do Curso de Graduação em Biblioteconomia 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso FLC4191BIB – Prática do Módulo III - 27/05/2021 
O BIBLIOTECÁRIO NA ERA DA TECNOLOGIA: 
As Competências e Desafios do Profissional da Biblioteconomia Frente 
aos Novos Paradigmas Tecnológicos 
 
 
Beatriz Blank Kruger¹ 
César Augusto Weber¹ 
Jaqueline Duarte Zoltowski¹ 
Naides Fabiane Specht Kafer¹ 
Raimundo Manaia Matos¹ 
Professora Mônica Valério Barreto² 
 
 
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
“A palavra ‘biblioteca’ tem sua origem do grego, biblíon (livro) e teke (caixa, depósito), 
portanto um depósito de livros” (HOUAISS, 2001). Desde o início, as bibliotecas têm sido usadas 
como um local onde se armazenam livros. Mas nem sempre foram somente livros os materiais que 
preenchiam as bibliotecas - já foram usados materiais como placas de argila, rolos de papiro, pedra 
e pergaminho. Os bibliotecários realizavam o papel de meros guardiões destes suportes, sem uma 
real preocupação com o conhecimento que eles continham. 
Antes da era tecnológica, as atividades dos bibliotecários estavam direcionadas 
principalmente em manter o acervo da biblioteca, que era a única fonte de consulta. Atualmente, os 
bibliotecários continuam centrados na preservação da informação, independentemente do suporte 
em que esteja disponível, mas utilizando as tecnologias para facilitar a reprodução dessas 
informações na variedade de formatos, fornecendo um volume maior de dados e de acessos pelos 
leitores. 
Segundo estudo realizado por Cury; Ribeiro e Oliveira (2001), o bibliotecário entende-se 
como uma interface entre o usuário e a informação, sendo um facilitador em seu acesso. Isto é 
facilmente percebido no atendimento aos usuários presenciais. Em contrapartida: 
 
[...] o usuário remoto possui independência de recursos tecnológicos e conhecimentos 
suficientes que lhe permitem ter acesso à informação desejada. Com o advento da Internet, 
cada vez mais o usuário é colocado em contato com a interface amigável isto quase sempre 
na forma de softwares facilitadores de busca e acesso à informação. O universo de mídias e 
informação estão à disposição dos usuários no conforto de sua casa. Desta forma 
necessitam cada vez menos do bibliotecário para conduzi-los pelos caminhos e sendas dos 
catálogos, redes, bancos de dados, etc. enfim, daquele que conecta o usuário ao mundo 
informacional [...] (CURY, RIBEIRO, OLIVEIRA, 2001, p. 94). 
 
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Segundo as reflexões de Morigi e Souto (2005), as recentes tecnologias de comunicação têm 
influenciado nas formas de sociabilidade entre os bibliotecários e os seus leitores e trouxeram 
impactos significativos para as bibliotecas, já sendo entendidas por alguns bibliotecários como 
elementos facilitadores na execução das tarefas cotidianas do seu trabalho. Por seu lado, os 
frequentadores tanto de bibliotecas físicas quanto virtuais veem nas tecnologias de informação e 
comunicação um elemento imprescindível no processo de busca das informações e do 
conhecimento, tornando-os mais independentes nas suas leituras e investigações. 
Essa passagem para era digital fez com que as bibliotecas se transformassem em centros 
dinâmicos de informação. Os bibliotecários passaram a atender melhor as necessidades dos leitores, 
mantendo-se em constante atualização e acompanhando a evolução das tecnologias. Assim, 
proporcionam aos seus frequentadores serviços de qualidade, através de um acesso atualizado e 
democrático da informação, como comentaremos neste texto. 
Assim, o trabalho ora apresentado busca entender a relação entre o bibliotecário e as tecnologias 
da informação em constante desenvolvimento, traçando um paralelo entre os novos espaços de 
trabalho para este profissional e as novas competências necessárias à sua atuação diante dos novos 
cenários tecnológicos. 
 
 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Como procedimento metodológico, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando como 
referencial a literatura já publicada acerca do assunto. É importante ressaltar que as referências 
utilizadas são de suma importância ao tema escolhido neste trabalho, uma vez que buscam 
fortalecer as discussões aqui apresentadas de forma a dialogar com diversos autores sobre o tema 
pesquisado. Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61) afirmam que a pesquisa bibliográfica “constitui 
o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da 
arte sobre determinado tema”. 
Durante a pesquisa, foram consultadas diversas fontes, entre livros, artigos e periódicos, a fim 
de comparar as opiniões de seus autores. Foi perceptível, já numa primeira inspeção às fontes 
consultadas, que o próprio objeto-suporte da informação sofreu importantes mudanças ao longo da 
história, desde as rudimentares placas de argila da antiguidade até os modernos ipads e smartphones 
dos dias atuais. Da mesma forma, houve uma importante mudança no perfil dos seus usuários, e por 
consequência, na forma como o profissional da biblioteconomia atua, tanto em relação aos suportes 
da informação, quanto na sua relação com estes usuários. A figura a seguir retrata bem essa 
evolução. 
 
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Figura 1: A evolução do livro 
Fonte: Blog Aliança Francesa Belo Horizonte, 2018. 
Disponível em: https://aliancafrancesabh.com.br/blog/2018/10/22/a-evolucao-do-livro/ 
 
 Além de retratar a evolução geral do suporte físico da informação, a figura acima também 
nos leva à reflexão, ainda que de forma inconsciente, sobre o momento da ruptura entre o suporte 
físico e a informação propriamente dita. Esta ruptura é expressa na figura acima através da imagem 
do leitor segurando um ipad, o qual pode facilmente ser substituído hoje em dia por um smartphone 
ou outra tecnologia similar. 
Antes do advento das mídias removíveis, o conhecimento estava fortemente atrelado ao seu 
suporte físico: para obter o conhecimento contido em um livro, pergaminho ou placa de argila, era 
necessário ter acesso à obra original, ou uma reprodução da mesma. Essa realidade se manteve 
mesmo após a invenção do computador, pois ainda não era possível transferir a mesma obra (ou 
uma cópia exatamente idêntica à original) de um suporte para outro (neste caso, de um computador 
para outro). Com o surgimento das mídias removíveis – disquetes, fitas cassete, CDs, DVDs, 
 
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pendrives e outros, essa reprodução fidedigna e intercambiável tornou-se possível. Todavia, a mídia 
removível não poderia ser considerada como um suporte da informação, uma vez que necessitava 
de uma máquina para efetuar a reprodução do seu conteúdo, seja um computador, um aparelho de 
DVD ou até mesmo um aparelho de som automotivo, no caso de músicas, por exemplo. 
A internet, por sua vez, permitiu que a informação fosse transplantada diretamente de um 
suporte eletrônico para outro, sem a necessidade de uma mídia removível intermediária. Na 
verdade, quase isso, uma vez que mesmo a mais moderna tecnologia de armazenamento em nuvem 
ainda necessita de servidores físicos para armazenar as gigantescas quantidades de informação que 
são transmitidas e intercambiadas a cada instante. Estes servidores, por sua vez, servem como um 
substituto eficiente às mídias removíveis. 
Nesse contexto, é necessário que o profissional da biblioteconomia entenda e esteja sempre 
em sintonia com essas mudanças, para que possa atuar como mediador entre o usuário e a 
informação que ele busca, a despeito de onde ela se encontra. “A informação não é avaliada pelo 
suporte físico, mas sim pela sua utilidade, e ela agora pode ser reprocessada ao gosto do freguês.” 
(SILVA; ABREU 1999, p. 102 apud MORIGI; SOUTO 2005 p. 194). Este entendimento é 
reforçado por Rodrigues (2009), ao afirmar que: 
 
Não mais importa a que suporte físico a informação encontra-se vinculada, o que importaagora é a rapidez e exatidão que o usuário conseguirá satisfazer suas necessidades 
informacionais. Quanto mais rápido a informação for disponibilizada, maior será o grau de 
satisfação do cliente e essa agilidade é atingida com a inserção da informática nos serviços 
bibliotecários. Hoje, o objetivo da biblioteca é disponibilizar a informação, não importa o 
suporte que ela esteja (RODRIGUES, 2009, p. 4). 
 
Quanto à trajetória histórica e os limites do campo de atuação do profissional bibliotecário, 
Guimarães (1997) nos leva à seguinte reflexão: 
 
O bibliotecário tem sua trajetória marcada por estereótipos, não tendo sua importância 
reconhecida pela sociedade, sendo conhecido apenas por organizar os livros na estante, não 
tendo sua função social destacada. Se antes a atividade do bibliotecário podia ficar restrita 
aos limites físicos de uma biblioteca e de uma coleção, agora o uso difundido da tecnologia 
a serviço da informação transpõe barreiras físicas e institucionais (GUIMARÃES, 1997, p. 
126). 
 
Partindo desse pressuposto, percebemos que o bibliotecário está muito além de um mero 
guardião da memória documental ou da preservação de acervo. O profissional Bibliotecário é 
aquele que precisa acompanhar, dominar, e ter uma postura de eterno aprendiz, renovando seus 
conhecimentos além daqueles referentes à biblioteconomia. Afinal, de acordo com as definições de 
Silva e Pinheiro (2008), a produção do conhecimento é uma atividade dinâmica e evolutiva, 
direcionada pela produção e pelo fluir de informação, até que esta se transforme em conhecimento. 
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Assim, o bibliotecário torna-se uma peça fundamental no girar da grande roda do conhecimento, 
pois é ele quem impulsiona, incentiva e direciona a busca pela informação e a sua transformação em 
conhecimento. 
 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Os diversos autores pesquisados convergem em suas opiniões para uma visão em comum: o 
perfil do profissional de biblioteconomia vem mudando, na prática, diante da nova tecnologia na 
realidade atual, visto que esse novo paradigma possibilita ao bibliotecário processar as informações 
com mais agilidade e rapidez, substituindo trabalhos que eram feitos de forma manual por sistemas 
mais avançados e muito mais rápidos e precisos. 
Diante desse novo padrão, o bibliotecário necessita estar atento para essas mudanças e 
desenvolver habilidades múltiplas em tempos curtos, exigindo assim, um perfil mais ativo e 
dinâmico. Ele precisa ser flexível às mudanças, apropriando-se das novas tecnologias para 
reinventar as práticas bibliotecárias, com maior preocupação para com o usuário e suas 
necessidades. A falta de atualização deste profissional frente ao novo paradigma tecnológico 
incorrerá, fatalmente, na sua obsolescência e na incapacidade de tornar-se um gestor eficiente de 
informação e de contribuir para a disseminação do conhecimento. O bibliotecário que não 
acompanha as mudanças tecnológicas do mundo contemporâneo estará fadado a passar seus dias 
como um mero guardião de livros empoeirados. 
Muitos ainda são os desafios enfrentados pelo profissional da Biblioteconomia, não apenas 
com relação à sua adaptação e evolução frente aos novos cenários tecnológicos, mas também à 
forma como atualmente são vistos e representando perante a sociedade em geral. Assim como os 
suportes de informação sofreram importantes e decisivas atualizações ao longo da história, do 
mesmo modo, o estigma do velho bibliotecário, ultrapassado, mero guardião de livros, precisa ser 
superado, atualizado, substituído, para encaixar-se nestes novos paradigmas tecnológicos. 
Finalmente, para que obtenha êxito em sua missão, o Bibliotecário também precisa estar 
ciente das suas limitações: ele não é, nunca foi, e nunca deverá ser visto como um detentor de 
conhecimentos e verdades absolutas, cujas orientações infalíveis devem ser seguidas à risca. Em 
vez disso, ele, deve ver a sim mesmo como um tutor, um mentor, e acima de tudo, um eterno 
incentivador do usuário na sua busca pelo conhecimento. 
 
 
 
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4. REFERÊNCIAS 
 
AMARAL, João J. F. Como fazer uma pesquisa bibliográfica. 2007. Disponível 
em:<http://www1.eeg.uminho.pt/economia/caac/pagina%20pessoal/Disciplinas/disciplinas%20200
9/ecp/ECP%202009/TRABALHOS/bibliografia.pdf >. Acesso em: 15 mai. 2009. 
 
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto. Metodologia Científica. 6. ed. São 
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
 
CURY, Maria Catarina; RIBEIRO, Maria Solange Pereira; OLIVEIRA, Nirlei Maria. Bibliotecário 
Universitário: representações sociais da profissão. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 11, n. 
1, p. 86-98, 2001. 
 
GUIMARÃES, J.A.C. Moderno Profissional da Informação: elementos para sua formação no 
Brasil. Transiformação, Campinas, v.9 n. 1, p. 124-137, 1997. 
 
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 
 
MORIGI, Valdir José; SOUTO, Luzane Ruscher. Entre o Passado e o Presente: As Visões de 
Biblioteca no Mundo Contemporâneo. Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v.10, n.2, p. 
189-206, jan./dez., 2005. 
 
RODRIGUES, Anielma Maria Marques. Automação: a inserção da biblioteca na tecnologia da 
informação. Biblionline, João Pessoa, v. 5, n. 1/2, 2009. 
 
SILVA, Edna Lúcia da; PINHEIRO, Liliane Vieira. A Produção do Conhecimento em Ciência da 
Informação no Brasil: Uma Análise a Partir dos Artigos Científicos Publicados na Área. Intexto, 
Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 19, p. 1-24, julho/dezembro 2008.

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