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Ciência e Crime - Psiquiatria caso Lázaro

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PSIQUIATRIA E CRIME 
Criminoso ou Loucos
Caso Lázaro
Ciro Mendes Vargas
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Medicina como Ciência
Manutenção e restauração da saúde 
Tratar, diagnosticar e prevenir doenças
Como o corpo funciona
Como a mente funciona
Medicina e Suas Atuações
Assistência
Pesquisa
Política / Social
Legal / Pericial
Psiquiatria
A psiquiatria é um ramo especializado da medicina que se ocupa do diagnóstico, tratamento e prevenção de distúrbios mentais.
Base Organicista e Psicológica.
CID-10 e DSM – V.
Psiquiatria
Psiquiatria Forense
Área de atuação que utiliza a ciência médico-psiquiátrica para o esclarecimento de questões afeitas ao Direito e à aplicação da Justiça.
As atuações psiquiátricas podem responder questões relacionadas à diversas áreas do Direito.
Psiquiatria Forense
Psiquiatria Forense Criminal
A psiquiatria em auxílio à justiça
Lida com questões legais que têm interface com a psiquiatria em geral
Objetivo: informar da melhor maneira para dar subsídio às decisões judiciais e auxiliar em investigações policiais
Psiquiatria e crime 
Infelizmente é uma combinação comum
Portadores de transtornos psiquiátricos apresentam mais chances de se envolverem em crimes
Envolvem-se em crimes: Indivíduos não diagnosticados, com sintomas insuficientes para se fechar um diagnóstico ou com transtornos de personalidade (aparentemente sem quadro psiquiátrico)
População carcerária com alta prevalência de transtornos mentais
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O mecanismo psiquiátrico na motivação criminal
Alterações psiquiátricas comumente estão presentes em diversos tipos de motivação criminal
Presentes desde crimes mais comuns como os passionais
Em destaque naqueles mais “cruéis”, “bizarros", desprovidos de lógica óbvia e que geram repulsa
Evidenciar a participação de mecanismos psiquiátricos na motivação criminal não significa justificar os crimes cometidos
Não se trata de uma discussão de capacidade de entendimento e determinação
Trarei alguns exemplos “baseados em casos reais” para exemplificar e farei considerações sobre o caso Lázaro
O objetivo é demonstrar a atuação da psiquiatria como ciência na investigação criminal, porém não esgotar o assunto
Casos
“Baseados em casos reais”
Caso 1
MAG, feminina, 43 anos, comparece à perícia psiquiátrica à pedido do juiz. É ré em caso de homicídio. 
No autos constam vários relatos indicam que a periciada estava dirigindo o um veículo prata que fechou o automóvel da vítima em rua do centro. Saindo o acusado homicídio do carro conduzido por ela e efetuando cinco disparos na vítima que veio a óbito no local. Periciada refere que apresenta quadro de transtorno bipolar, alcoolismo e dependência química. Nega ter participado da ação. 
Exame psíquico: choro compulsivo em diversos momentos da entrevista, humor ansioso e depressivo.
Caso 2
LFP, masculino, 26 anos, comparece à perícia psiquiátrica à pedido do juiz. É réu em caso de homicídio. 
Casou-se e teve uma filha. Trabalhava em uma empresa e sempre promoveu boas condições para a família. Havia mobilhado toda sua casa e cuidava muito bem de sua filha. Sempre foi seu “xodó”, “cuidava melhor que a mãe”. 
Divórcio por pedido da esposa. Desemprego. Alcoolismo.
Posteriormente, parou de beber e passou a ser membro assíduo da igreja. Começou a dizer que as pessoas estavam falando dele e de sua situação. Esse pensamento progrediu em intensidade (pensamento fixo).
Caso 2
Passou a ficar retraído e grande parte de seu dia permanecia dentro de casa. Esse comportamento progressivamente piorou. Desconfiança em relação a todos, inclusive com a própria mãe, com quem convivia em casa.
Insone, andava constantemente de um lado ao outro durante dia e noite, quase não conversava, mas ainda acusava a mãe de falsidade e dizia que ela estava falando dele para os outros. A comunicação dele regrediu, em poucos dias, para mussitações e mutismo. Ficou inapetente por vários dias. 
Pegou um facão, ficou escondido trás da porta do quarto e tentou atacar a mãe. Ela correu e chamou os irmãos para intervirem na situação, já que estava claro que o periciado não estava bem.
Ao chegarem na casa no outro dia, o encontraram sentado com uma bíblia aberta em sua mão, em péssima condição de higiene, aéreo, sem conversar, com olhar perdido e, quando tentavam abraçá-lo, jogava os braços para trás. Seus familiares foram procurar ajuda médica, porém não foram atendidos no CAPS da cidade.
Caso 2
Trouxeram sua filha de dois anos e três meses para “animá-lo”, mas a pegou no colo por pouco tempo, “de maneira estranha” e a colocou novamente no chão. O dia se seguiu até que, por volta do meio-dia, o periciado se levantou, pegou uma foice e foi ao encontro de sua mãe para agredi-la. Sua mãe, assustada, correu; pegou a neta no colo e se virou. Foi quando ocorreu o golpe de foice, acertando o cabo no ombro da mãe e a lâmina na cabeça da criança.
Seus irmãos chegaram e tentaram controlá-lo, mas ele lutava agressivamente. Agrediu uma tia que havia chegado na casa para ajudar e entrou em luta física com policiais que haviam chegado para detê-lo.
Exame: havia defecado e urinado em sua roupa. Perplexo, em mutismo, com mussitações em alguns momentos, pouco cooperativo. Embotamento afetivo. Psicomotricidade com presença de maneirismos e estereotipias, principalmente faciais. Momentos em que fica estático (flexibilidade cérea)
Caso Lázaro
Considerações
Lázaro Barbosa de Sousa
32 anos, masculino, casado e pai de dois filhos, passagens por homicídio, estupro e três fugas de penitenciárias. “Pai dedicado”.
Foi capturado em 2007 sob acusação de um duplo homicídio no município Barra dos Mendes -Bahia. Após dez dias preso fugiu.
Em 2009, o criminoso migrou para Brasília, onde ficou em reclusão no Complexo Penitenciário da Papuda (CPP). Os ilícitos atribuídos a ele era porte ilegal de arma de fogo, estupro e roubo.
O mesmo presídio emitiu em 2013 um laudo psicológico informando que Lázaro era um "psicopata imprevisível". O diagnóstico foi elaborado a partir da conduta agressiva e impulsiva, assim como pela instabilidade emocional e falta de controle e equilíbrio do preso.
No ano seguinte, em 2014, a Justiça autorizou a conversão da prisão de Lázaro para o regime semiaberto. Porém, em 2016, ele voltou a sumir do radar das forças de segurança. Em 2018 foi novamente preso por porte ilegal de arma de fogo, homicídio qualificado, roubo e estupro. Em julho do mesmo ano, escapou da detenção.
Lázaro Barbosa de Sousa
8 de abril de 2020 roubo mediante restrição da liberdade de quatro idosos e emprego de arma branca durante tentativa de latrocínio em uma chácara em Santo Antônio do Descoberto. Na ocasião, uma das vítimas chegou a ser atingida na cabeça com golpes de machado.
26 de abril no Sol Nascente – DF levou uma mulher para um matagal e a estuprou enquanto o marido e o filho dela ficaram trancados no quarto.
17 de maio, ele esteve na mesma região e ameaçou populares com arma de fogo e faca. As vítimas foram obrigadas a ficarem peladas das 19h até meia-noite, o suspeito prendeu homens no quarto e as ordenou que as mulheres preparassem e servissem um jantar.
Lázaro Barbosa de Sousa
9 de junho, invadiu uma chácara em Ceilândia e matou quatro pessoas de uma mesma família. A mulher foi ferida com cortes profundos e provavelmente estuprada antes de ser morta.
10 de junho, ele rendeu o caseiro de uma chácara e a filha dele próximo ao imóvel dos empresários. Ele ordenou que a mulher preparasse o almoço enquanto ele acompanhava um telejornal. No mesmo dia, voltou a entrar sem permissão em uma casa e fez três pessoas reféns. Duas delas foram obrigadas a fumar maconha.
Foragido em região rural de Cocalzinho – GO. Invasões, reféns (família forçada a ficar nua em riacho), conflito armado com policial.
Pontos Importantes
Relato de isolamento desde a infância. Morava no “mato”.
Relatos de cultos satânicos.
Crimes:
Vários crimes (ações antissociais)
Múltiplos homicídios
Meios cruéis
Sadismo e Frieza
Narcisismo ou senso de grandiosidade
Ausência de remorso
Ausência de medo
ClassificaçõesAssassino:
Serial Killer
Mass Murder
Spree Killer
Diagnóstico:
Psicopata (constructo – aspecto da personalidade ou violência/antissocial)
Transtorno de Personalidade Antissocial
Outro quadro psiquiátrico 
Psicopata
Frieza ou Falta de Empatia
Superficialidade Emocional
Ausência de Remorso
Narcisismo ou Senso de Grandiosidade
Sedutor e Manipulador
Impulsividade
Necessidade de Estimulação
Versatilidade Criminal
Violência Instrumental
Psicopata
“Psicopatas entre nós” e criminosos
Origem
Genética
Fatores Perinatais
Fatores Nutricionais
Fatores Sociofamiliares
Violências na Infância
Outras Doenças psiquiátricas
Outros Fatores Orgânicos
Alterações Psiquiátricas no Cérebro
Psicopata – Vias Monoaminérgicas
MAO-A
Psicopata – Vias Monoaminérgicas
Psicopata – Regiões Cerebrais
Psicopata – Regiões Cerebrais
Psicopata – Regiões Cerebrais
Características Afetivas
Características Cognitivas e Psicomotoras
Córtex pré-frontal
Região Orbito Frontal
Caso Lázaro
Suposições por suas características
Narcisismo ou senso de grandiosidade
Ausência de remorso
Ausência de medo
Impulsividade
Agressividade
Planejamento
Considerações Caso Lázaro
É realmente organizado?
Está realmente “em si”?
É perigoso?
Ele entende a “maldade” do que ele faz?
Considerações Finais
Importância da participação da psiquiatria na criminologia
Ressalto que a participação de mecanismos psiquiátricos na motivação criminal não significa justificar os crimes cometidos
As considerações sobre o Caso Lázaro foram feitas através de informações indiretas
Obrigado!
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