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Comunicação e Expressão

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FUNDAMENTOS 
DA LÍNGUA 
PORTUGUESA
Debbie Mello Noble
Aspectos estéticos, 
gramaticais, estilísticos 
e estruturais na 
produção de textos 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Conceituar os tipos de estilística (fônica, morfológica, sintática e se-
mântica) e seu uso na produção textual.
 � Selecionar os recursos estilísticos coerentes com o objetivo do texto 
(informar, persuadir, emocionar e etc.) e as funções da linguagem.
 � Aplicar os conceitos de concordância e regência (verbais e nominais) 
na produção de textos.
Introdução
Você já parou para pensar que existem muitos aspectos envolvidos na 
produção de textos escritos? Produzir um texto não é apenas redigir, 
mas sim planejar, refletir sobre o seu conteúdo e, além disso, contar com 
alguns recursos estilísticos.
Neste capítulo, você vai aprender a conceituar os tipos de estilística e a 
entender como são utilizados em um texto. Além disso, você vai aprender 
a selecionar os recursos estilísticos coerentes com o objetivo do texto 
que se quer produzir, bem como aplicar os conceitos de concordância 
e regência nos seus textos.
Tipos de estilística e seu uso 
na produção textual
A estilística é o estudo da expressividade de uma língua e a possibilidade de 
utilizar determinados recursos para conferir estilo a um texto. Mas o que é 
estilo no que diz respeito à língua? Muitos são os estudos sobre essa questão, 
e neste capítulo você conhecerá algumas visões sobre esta.
Estilo, no ponto de vista de Martins (1989), pode ser considerado tanto 
como uma escolha entre alternativas de expressão individual quanto estar 
ligado a uma época/gênero literário. Assim, é possível agrupar um conjunto de 
textos literários pelo estilo da época, auxiliando no agrupamento por escolas 
literárias, por exemplo. 
Para Guiraud (1970, p. 9), “Estilo é uma maneira de escrever e, por outro 
lado, é a maneira de escrever própria de um escritor, de um gênero, de uma 
época [...]”. A estilística, por sua vez, seria a ciência da expressão, ao mesmo 
tempo em que opera uma crítica aos estilos individuais. O autor explica que 
expressar o pensamento é utilizar o léxico e as estruturas gramaticais de cada 
língua. Da mesma forma, o estilo pode estar ligado à estética na literatura, 
tratando-se então de uma linguagem diferente da popular, cotidiana. 
A obra Quarto de despejo: diário de uma favelada de Carolina Maria de Jesus é um 
exemplo em que o estilo da autora foi respeitado pelos editores. O livro foi originado 
dos diários da autora, uma catadora de papel, moradora de uma favela em São Paulo. 
A linguagem é simples, comovente e envolve o leitor na difícil realidade vivida por 
Carolina e seus filhos. Os editores optaram por manter a escrita original de Carolina, 
por esse motivo muitos “erros ortográficos” podem ser encontrados no livro, porém 
são considerados marcas de estilo e autenticidade da obra.
O caso da obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada é um típico exemplo do 
que se convencionou chamar licença poética.
No Brasil, um dos mais relevantes estudos sobre o tema é o de Mattoso 
Câmara (1978), o qual se baseia nas funções da linguagem para desenvolver a 
estilística. A estilística foi dividida em três diferentes tipos por Matoso Câmara, 
sendo elas a estilística fônica, a sintática e a léxico-semântica. 
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos2
Estilística fônica
A estilística fônica, também denominada fonoestilística, é o tipo de estilística 
responsável pelo estudo da expressividade dos sons na língua. Em outras 
palavras, isso significa que é possível valer-se de figuras de linguagem que 
provocam um efeito sonoro no texto escrito. 
Uma das marcas mais comuns da estilística fônica está presente na alitera-
ção e na assonância, que são figuras de linguagem frequentemente utilizadas 
em poemas. Para Mattoso Câmara (1978) esses casos de estilística fônica são 
encontrados pelo acúmulo de palavras com um determinado som expressivo, 
atingindo “efeitos imitativos”. Como exemplo, o autor apresenta um poema 
de Cruz e Souza, poeta simbolista:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
O acúmulo de palavras com o mesmo som fica por conta da repetição do 
V, que confere musicalidade ao poema, cujo título é Violões que choram. No 
entanto, Mattoso Câmara (1978) faz uma crítica contundente ao uso repetitivo 
do V como único recurso estilístico nesta estrofe, uma vez que essa insistência 
poderia levar ao desaparecimento do som de violão pretendido pelo poeta.
A partir dessa análise realizada por Mattoso Câmara (1978), podemos 
entender que a estilística fônica não pode ficar apenas no uso de fonemas 
para contar com a sonoridade desejada pelo escritor. É preciso aliar os sons 
à imagem que se quer dar ao poema. 
Veja um exemplo do funcionamento do som em um poema de Manuel 
Bandeira:
Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?
3Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Aí seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
de cantar!
Oô...
Quando me prendero
no canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos4
Ôo...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente.
Fonte: Bandeira (1976).
Para Mattoso Câmara (1978), a motivação sonora, por vezes, justifica toda 
a rima. Em alguns casos, a motivação sonora dá sentido ao poema inteiro. No 
caso deste poema de Manuel Bandeira, a repetição do verso “Café com pão” 
sugere o som de um trem em movimento, assim como a repetição do verso 
“muita força/muita força” mais adiante. O poeta foca nos sons que quer con-
ceder ao seu poema, para criar a atmosfera desejada para o leitor ou ouvinte.
Estilística léxico-semântica
A estilística léxico-semântica pensa nas variadas maneiras de significação 
das palavras. Isso porque uma palavra não tem apenas um significado fixo 
colado a ela em uma língua. Assim, alguns fenômenos relacionados a isso 
fazem parte da estilística léxico-semântica, como a sinonímia, a polissemia 
e variadas figuras de linguagem.
Nesse sentido, Mattoso Câmara (1978) aponta a tonalidade afetiva como 
um desses fenômenos estilísticos, já que não se pode dizer que há uma única 
forma de compreensão de uma língua. Se a língua varia, há margem para uma 
“certa liberdade” no seu entendimento. Dessa forma, assim como há alguns 
significados relativamente gerais para as palavras, há também uma tonalidade 
afetiva que funciona coletivamente em relação às palavras. 
5Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Como exemplo, o autor apresenta algumas palavras que geram sensações 
agradáveis ou desagradáveis, como céu e mar – no primeiro caso – e abismo 
e medo – no segundo (MATTOSO CÂMARA, 1978). Essas sensações são, 
para o autor, de certa forma convencionais. Por esse motivo, podem ser empre-
gadas em determinados textos com a garantia de entendimento, podendo ser 
exploradas estilisticamente por quem os escreve. Ao mesmo tempo, podem ser 
utilizadas para gerar um efeito no leitor, como é o caso de adjetivos carregados 
de significado afetivo, como em A menina triste me comoveu (MARTINS, 
1989), ou outras palavras que já estão carregadas de julgamento pessoal, como, 
por exemplo, feio/belo; delicado/grosseiro; inteligente/estúpido. 
A gíria também ofereceinúmeras possibilidades expressivas com intensos 
traços afetivos, segundo Martins (1989). A gíria está ligada à linguagem oral 
e popular; porém, é muito utilizada na literatura justamente por possibilitar 
o aspecto afetivo. 
Em alguns casos da literatura, a gíria aparece como uma maneira de ca-
racterizar personagens de classes menos favorecidas, por exemplo nas obras 
que retratam a favela. Em outros casos, a gíria retrata o modo de falar dos 
personagens adolescentes.
Dentre os recursos léxicos de estilística, as figuras de linguagem são as 
mais comumente utilizadas. Nesse sentido, a linguagem figurada é a ressigni-
ficação de uma palavra ou expressão, ou seja, a utilização de maneira diferente 
de seu significado literal. Em geral, nas letras de música é possível perceber 
claramente diversos tipos de figura de linguagem.
Veja esta letra de música do Luan Santana:
1 “Um beijo fala mais que mil palavras
2 Um toque é bem mais que poesia
3 No seu olhar enxergo a sua alma
4 Sua fala é uma linda melodia”
Fonte: Santana (2010?).
No verso 1 temos um exemplo de personificação, pois o “beijo” é perso-
nificado ao se dizer que ele fala mais que mil palavras.
No verso 3 vemos uma metáfora, pois enxergar a alma é utilizado em um 
sentido figurado, ou seja, não literal, pois não é possível enxergar a alma de 
alguém. 
Outro importante recurso estilístico de léxico é a sinonímia. Apesar de 
podermos considerar que não há palavras que sejam sinônimos perfeitos de 
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos6
outras, a substituição de uma palavra por outra é muito comum na escrita. 
Isso porque é possível evitar repetições das mesmas palavras, bem como 
poder escolher aquela que melhor se ajusta ao texto e àquilo que o autor 
busca transmitir. 
Martins (1989) apresenta alguns casos em que se utiliza frequentemente 
um termo no lugar de outro:
 � quando tem a necessidade de um termo mais profissional que outro: 
barriga/abdômen; operação/cirurgia; beberrão/alcoólatra;
 � quando um termo é menos vulgar/coloquial que outro: grana/dinheiro; 
bate-boca/discussão; pão-duro/avarento; gringo/estrangeiro;
 � quando um termo é mais literário que outro: corcel/cavalo; pomo/fruto; 
pusilânime/covarde.
Estilística sintática
A estilística sintática, também chamada estilística da frase, é aquela que 
estuda os fenômenos estilísticos relativos à ordem da frase, tal como ruptura 
da ordem sintática.
Para compreender os recursos que podem ser utilizados estilisticamente no 
âmbito da frase, é preciso compreender um pouco melhor a sintaxe. A sintaxe 
é o modo como se relacionam, se combinam os elementos em uma frase, em 
uma determinada ordem. 
Segundo Martins (1989), o falante ou aquele que escreve um texto tem a 
possibilidade de escolher entre os tipos de frase possíveis, desde que obedeça 
a um determinado número de regras. A criatividade de uma frase, assim, está 
relacionada às possiblidades de escolha tanto dessa ordem dos elementos, 
quanto do léxico utilizado em uma frase. Dessa maneira, diz-se que o falante 
tem capacidade de produzir um número infinito de frases.
Nesse sentido, a estilística ligada à sintaxe observa os tipos de frase que 
se pode formar com a utilização de determinados recursos. A frase sempre 
exprime um sentido, pois as palavras e expressões sozinhas não o possuem, 
são dependentes do contexto frasal e textual. 
Martins (1989, p. 136) apresenta exemplos simples do funcionamento da 
estilística sintática. A autora traz um pequeno trecho do conto Entre a neve, 
de Eça de Queiroz, para demonstrar como se dão as possiblidades estilísticas 
em uma frase simples:
7Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
A neve caía, levemente.
A neve caía triste.
A neve caía, contínua, silenciosa.
No conto, afirma Martins (1989), o autor descreve em múltiplas construções 
o cair da neve, na qual morre um pobre lenhador. Ela observa que a existência 
ou não de pausa na frase acarreta diferenças nas construções, podendo se 
desdobrar em outras duas construções:
A neve caía levemente. / A neve caía, levemente.
A neve caía leve. / A neve caía, leve.
Por essa análise, podemos verificar que em uma frase simples há muitas 
possibilidades de construções diferentes. Por outro lado, ainda há as constru-
ções de frases complexas, que envolvem orações coordenadas e subordinadas. 
Nesse caso, o leque de possibilidades é ainda maior. 
Nesse sentido, Mattoso Câmara (1978) ressalta a necessidade de, além 
de possuir o conhecimento das normas de construção de uma frase, saber 
desmontar essa lógica, dando elasticidade às construções sintáticas, visto que 
só assim se atinge a uma expressão ampla de formulação verbal.
O discurso indireto livre é aquele em que a voz do narrador se mistura com 
outras vozes através das quais ele conta a história. Para entender a diferença do 
discurso indireto livre para o indireto, observe este exemplo de discurso indireto:
Minha mãe perguntou-lhe que maluquice era aquela de parecer que ia 
ficar desgraçado. Disse-lhe que deveria ser homem, pai de família [...]. (D.I)
Observe como o romance foi escrito por Machado de Assis com o discurso 
indireto livre:
Minha mãe foi achá-lo à beira do poço e intimou-lhe que vivesse. Que 
maluquice era aquela de parecer que ía ficar desgraçado [...]? Não, senhor, 
devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha. (D.I.L.)
Para Mattoso Câmara (1978), a construção sintática escolhida por Machado 
de Assis demonstra como se misturam o elemento individual e o coletivo em um 
texto. É possível perceber uma nítida alteração na construção da frase que utiliza 
o discurso indireto para aquele que utiliza o indireto livre. No indireto livre, o nar-
rador toma a voz do personagem ao invés de simplesmente contar o que este disse.
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos8
Recursos estilísticos e as funções 
da linguagem
A teoria de Roman Jakobson, nos anos de 1960, trouxe à tona o funcionamento 
da linguagem como uma ferramenta de comunicação. Apesar de muitos es-
tudos já combaterem essa corrente de pensamento, ainda hoje é importante 
entendermos as funções da linguagem, que auxiliam no entendimento do 
perfil de cada mensagem transmitida de um destinador a um destinatário.
A partir da função da linguagem identificada, seria possível, segundo 
Chalhub (1990), ampliar as possibilidades de interpretação. A autora coloca 
ainda que em uma mesma mensagem várias funções podem coexistir, porém, 
há a ênfase em uma delas, que acaba predominando.
Antes de ver os tipos de funções da linguagem, é preciso compreender o 
esquema comunicacional proposto por Jakobson conforme ilustrado na Figura 1.
Figura 1. Esquema comunicacional de Jakobson.
Fonte: Baseado no Modelo Comunicacional de Jakobson (1991).
meio meioMensagem
Referente
Emissor Receptor
Código
A partir do esquema básico comunicacional, Jakobson propõe as funções 
da linguagem, que, conforme a Figura 2, se entrelaçam aos elementos do 
esquema comunicacional. 
9Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Figura 2. As funções da linguagem a partir do esquema comunicacional de Jakobson.
Fonte: Baseado no Modelo Comunicacional de Jakobson (1991).
Código
Destinador Destinatário
Referente
(função conativa)(função expressiva)
(função metalinguística)
(função referencial)
(função poética)
(função fática)
Mensagem
Contato
Veja, a seguir, o detalhamento de algumas dessas funções e de que forma 
elas se relacionam com os recursos estilísticos.
Função referencial
A função referencial está ligada ao referente, ou seja, àquilo do que se fala. O 
objetivo do uso da função referencial é informar. Ela é comumente encontrada 
nos gêneros jornalísticos, no discurso científico e médico.
Assim, quando se escreve um texto para informar, escolhe-se preferencial-
mente a 3ª pessoa, buscando uma linguagem mais impessoal, maisobjetiva. 
Estilisticamente, o autor do texto normalmente utiliza-se de recursos le-
xicais, na escolha de palavras que contribuam para sua objetividade, bem 
como preocupa-se com a estruturação direta das frases (recursos sintáticos). 
Função emotiva
A função emotiva está diretamente ligada à figura do emissor. Ela aparece em 
mensagens emotivas que visam transparecer a emoção sentida por seu emissor. 
A linguagem é marcada pela 1ª pessoa e a estilística lexical é fundamental 
na escolha dos recursos que auxiliarão na intenção colocada pelo emissor. 
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos10
Ao contrário da função referencial, a função emotiva busca a subjetividade, 
que deve ficar marcada na linguagem. 
Função apelativa (ou conativa)
A função apelativa está ligada ao receptor, ou seja, busca não mais informar 
ou expressar emoções, como as anteriores, mas sim convencer, dirigir-se a 
alguém. Os exemplos mais puros de função apelativa em uma mensagem 
são os textos publicitários, uma vez que estes têm por objetivo fundamental 
convencer alguém de algo. 
Na linguagem, temos o uso de frases predominantemente do tipo impe-
rativa (faça isso, compre aquilo), que visa levar o leitor a acatar a mensagem 
da propaganda, por exemplo. 
Função poética
A função poética está ligada à mensagem transmitida, o que a domina é, 
substancialmente, a palavra. Nessa função, fica mais evidente o uso dos re-
cursos estilísticos lexicais, como as metáforas, pois a função poética aparece 
predominantemente em poemas e letras de música. Ao mesmo tempo, o poeta 
preocupa-se também com os recursos estilísticos fônicos (que aparecem nas 
assonâncias e aliterações, por exemplo) e os sintáticos, pois é preciso selecionar 
e combinar as palavras na construção de seus versos. 
Muitas vezes, a função poética e a função emotiva se confundem em poe-
mas, uma vez que elas estão relacionadas à subjetividade. Da mesma forma, 
nenhuma das outras funções aparece sozinha, elas sempre coexistem com a 
predominância de uma delas.
Aspectos gramaticais de concordância e 
regência na produção textual
Você já deve ter notado que a língua não pode ser equiparada a um conjunto 
de regras fixas. Ela não é, portanto, um sistema. A língua é interação, é a ex-
pressão da concepção de mundo de uma sociedade. Diante disso, percebemos 
que o próprio falante e outros fatores podem modificar a língua. 
11Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
É especialmente na fala que se observam essas variações, mas alguns 
registros escritos também marcam as inúmeras possibilidades, como visto 
anteriormente, ao estudar sobre a estilística. 
No entanto, na produção de um texto, alguns aspectos normativos devem 
ser observados para garantir a adequação e a padronização da língua. Nesse 
sentido, os principais aspectos gramaticais que demarcam a escrita culta é a 
regência e a concordância. 
Concordância verbal 
A concordância está ligada à relação entre mais de um termo na frase, podendo 
eles serem verbos e sujeito (concordância verbal) ou entre nomes (adjetivos, 
substantivos, pronomes – concordância nominal). 
Para realizar uma boa produção textual, é preciso aplicar algumas regras 
essenciais de concordância. Sabemos que há algumas regras simples que 
dificilmente são esquecidas, pois acabam sendo muito internalizadas pelo 
uso do cotidiano. Por exemplo: você pode até não se lembrar da regra de que 
o adjetivo deve concordar em gênero e número com um substantivo, porém, 
não irá errar a prática escrita da concordância: A casa bonita/ as casas bonitas. 
No entanto, outras regras são frequentemente esquecidas. 
A concordância verbal é a relação entre o sujeito e o verbo principal de 
uma oração. Veja agora algumas regras essenciais para nunca mais ter dúvidas 
na produção textual:
1. Verbo ser: 
a) Quando o verbo ser vem acompanhado de um adjetivo sem artigo, esse 
adjetivo fica sempre no masculino. 
Tranquilidade é necessário.
b) Quando o verbo ser vem acompanhado de um substantivo com artigo 
ou outra palavra que o modifique, o adjetivo concorda com o artigo. 
A tranquilidade é necessária.
2. Verbo de ligação + pronomes indefinido e demonstrativo como 
sujeito: o verbo concorda com o predicativo do sujeito quando o sujeito 
da oração for um pronome indefinido (tudo, todo, nada) ou um pronome 
demonstrativo neutro (isto, isso e aquilo).
Nem tudo são flores./ Nada são obstáculos para um grande atleta.
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos12
3. Verbo e pronome quem: quando o sujeito é o pronome relativo quem, 
o verbo pode tanto concordar com a palavra que antecede o pronome 
quanto ficar na 3ª pessoa do singular.
Fui eu quem abri a porta. / Fui eu quem abriu a porta.
Concordância nominal
Denomina-se concordância nominal a relação que se estabelece entre substan-
tivos e adjetivos, artigos, pronomes e numerais, sendo obrigatória a concor-
dância nesses casos. A concordância nominal diz respeito à flexão em gênero 
(masculino ou feminino) e em número (singular ou plural).
Veja alguns exemplos para não esquecer mais:
1. Um ou mais substantivos:
a) Quando há mais de um substantivo, o adjetivo deve concordar com 
aquele que está mais próximo:
Que bonita calça e sapato! 
Que bonito sapato e calça.
b) Quando há mais de um substantivo e o adjetivo está depois dos subs-
tantivos, deve concordar com aquele que está mais próximo ou com 
todos eles.
Que calça e sapato bonito! 
Que sapato e calça bonita! 
Que calça e sapato bonitos!
2. Substantivo e mais de um adjetivo: quando um substantivo vem 
acompanhado por mais de um adjetivo, a concordância varia:
a) pode-se colocar o substantivo e o artigo que o antecede no plural:
Eu adoro as comidas japonesa e havaiana.
b) pode-se colocar um artigo antes do último adjetivo: 
Eu adoro a comida japonesa e a havaiana.
13Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Quando você estiver produzindo seu texto e tiver dúvi-
das de concordância, acesse o link a seguir para utilizar a 
minigramática produzida pela USP.
https://goo.gl/zmjwgV
Regência verbal 
A regência está ligada com a relação entre as palavras de um enunciado. Serve 
para construir o sentido dos enunciados em um texto, selecionar e combinar as 
palavras, o que depende de um certo número de regras que, conforme você viu 
com a concordância, são utilizadas pelo falante muitas vezes sem perceber. No 
entanto, para garantir a excelência da produção textual, é importante conhecer 
algumas dessas regras, pois a fala acaba aceitando uma variação da norma 
que não se adequa à escrita culta. 
Assim, na combinação de palavras para a formação de um enunciado há 
vocábulos que exercem maior determinação sobre outros, como se fossem 
comandantes. Daí o nome regência: que é como se algumas palavras regessem 
as outras. 
A regência verbal é a relação que se estabelece entre o verbo e os demais 
termos de uma oração. Nesse caso, o verbo é o regente. Para percebermos 
a regência é preciso saber se o verbo é transitivo direto (sem preposição) ou 
indireto (com preposição), pois assim saberemos se há a necessidade ou não 
de preposição. 
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos14
Não há como aprender todas as regras de regência, pois são inúmeros os casos e, 
ainda, cada verbo e cada nome possui uma regência própria. Por isso, caso você possua 
dúvidas de regência, é interessante sempre consultar um dicionário e pesquisar pelo 
verbete em que há dúvidas. Por exemplo, se você tem dúvidas sobre a regência de 
um verbo, pesquise no dicionário se o sentido que está querendo utilizar consta como 
transitivo direto ou indireto. Um bom dicionário online é o dicionário Caldas Aulete, 
que tem como endereço eletrônico www.aulete.com.br.
O professor Celso Pedro Luft realizou um minucioso trabalho de pesquisa e reuniu 
vários dos principais verbose nomes nos dicionários: Dicionário prático de regência 
verbal e Dicionário prático de regência nominal, publicados pela editora Ática.
Veja no Quadro 1 alguns dos verbos que mais geram dúvidas na hora da 
escrita. 
Verbo Exemplos
ASSISTIR � Estar presente, vendo ou ouvindo algo. Transitivo indireto. 
Exemplo: Fui assistir ao espetáculo.
 � Presenciar um fato como observador. Transitivo indireto. 
Exemplo: Os brasileiros assistiam à crise.
 � Prestar ajuda a; dar assistência; socorrer. Transitivo direto. 
Exemplo: Organizaram-se para assistir os desabrigados. 
ESQUECER/
LEMBRAR
O verbo esquecer, e seu antônimo lembrar, possuem diferentes 
transitividades:
 � Perder da memória, da lembrança (alguém ou algo); não (se) 
lembrar. Transitivo direto. Ex.: Nunca esqueci o meu primeiro amor. 
 � Intransitivo. Exemplo: Viajou para esquecer.
 � Transitivo indireto. Exemplo: Não me esqueço da minha primeira 
boneca.
 � Distrair-se de; ignorar temporariamente, não atentar para. 
Transitivo direto. Exemplo: O presidente esqueceu o protocolo e 
aproximou-se da multidão.
Quadro 1. Verbos e seus exemplos de variações na regência verbal.
(Continua)
15Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Fonte: Adaptado de Caldas Aulete (2018).
Quadro 1. Verbos e seus exemplos de variações na regência verbal.
Verbo Exemplos
INFORMAR � Deixar alguém ciente de (fatos, notícias, acontecimentos); 
comunicar. Transitivo direto e indireto. Exemplo: O pai informou 
a família de suas novas decisões.
 � Tomar ciência de; inteirar (-se) de algo. Transitivo indireto. 
Exemplo: Informei-me sobre a história. 
 � Dar conhecimento de algo. Transitivo direto. Exemplo: O papel 
da imprensa é informar o leitor.
PREFERIR Escolher uma opção entre outras possíveis. Transitivo direto e 
indireto (prefiro isso a isso). Exemplo: Prefiro acordar cedo a pegar 
um ônibus lotado de manhã.
VISAR O verbo visar aceita as duas regências:
 � Ter algo como finalidade. Transitivo direto. Exemplo: A reunião 
visa escutar os condôminos.
 � Ter algo como finalidade. Transitivo indireto. Exemplo: Ela 
sempre visava a entender os outros.
(Continuação)
Regência nominal
Na regência nominal, os nomes (substantivos, adjetivos) regem os demais 
termos da oração. Ela é um mecanismo para marcar a relação entre as pa-
lavras do enunciado. A regência nominal funciona de forma muito parecida 
com a regência verbal. Isso porque ambas marcam a presença ou não de uma 
preposição em um enunciado. 
Na regência nominal, muitas vezes o uso da preposição ocorre de forma 
errônea. Veja a seguir alguns casos de regência nominal que geram frequentes 
dúvidas e entenda qual a preposição correta deve acompanhar cada um dos 
nomes:
1. Ter certeza de — quem tem certeza, tem certeza de algo.
2. Horror a — Tenho horror a baratas./ Medo de — Tenho medo de 
baratas.
3. Atenção a/ com/ para com — neste caso, qualquer uma das preposições 
sugeridas pode ser utilizada. — Tenha muita atenção ao volante/ Tenha 
muita atenção para com as crianças.
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos16
1. Sobre os tipos de estilística, 
é possível afirmar que:
a) A estilística sintática é aquela 
em que se pode escolher 
qualquer tipo de frase para 
utilizar em um texto.
b) O tipo de estilística 
responsável pelo estudo da 
expressividade dos sons na 
língua é a estilística lexical.
c) Ao usar a estilística fônica em 
um poema, o poeta pode 
fixar-se somente nos sons.
d) A estilística sintática pensa 
nas variadas maneiras de 
significação das palavras.
e) A tonalidade afetiva é um dos 
fenômenos pertencentes à 
estilística léxico-semântica.
2. Analise o poema abaixo, que 
possui muitos exemplos de 
recursos estilísticos, e assinale 
a alternativa correta:
Trem de Ferro
Café com pão 
Café com pão 
Café com pão 
Virge Maria que foi isto maquinista? 
Agora sim 
Café com pão 
Agora sim 
Voa, fumaça 
Corre, cerca 
Aí seu foguista 
Bota fogo 
Na fornalha 
Que eu preciso 
Muita força 
Muita força 
Muita força 
Oô... 
Foge, bicho 
Foge, povo 
Passa ponte 
Passa poste 
Passa pasto 
Passa boi 
Passa boiada 
[...]
Oô 
Menina bonita 
Do vestido verde 
Me dá tua boca 
Pra matá minha sede 
Ôo... 
Vou mimbora vou mimbora 
Não gosto daqui 
Nasci no sertão 
Sou de Ouricuri.
[...]
a) Um bom exemplo de recurso 
estilístico lexical é a repetição 
de sons em uma frase.
b) “Vou mimbora vou mimbora” 
é um exemplo de estilística 
sintática, pois há a escolha de 
um léxico próprio do sertão.
c) Nos versos abaixo, encontra-se 
um exemplo de recurso estilístico 
semântico: 
Menina bonita 
Do vestido verde 
Me dá tua boca 
Pra matá minha sede.
d) Em “Me dá tua boca / Pra 
matá minha sede” “me dá” 
é um exemplo de recurso 
estilístico fônico.
e) Um bom exemplo de recurso 
lexical são os versos abaixo: 
Passa ponte 
Passa poste 
17Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
Passa pasto 
Passa boi 
Passa boiada.
3. Assinale a alternativa correta em 
relação às funções da linguagem:
a) A função poética está ligada 
àquilo do que se fala.
b) A função poética e a emotiva 
são consideradas a mesma 
função, pois ambas estão ligadas 
à mensagem transmitida.
c) A função conativa é aquela que 
visa informar alguém sobre algo.
d) A função apelativa está 
ligada ao receptor, ou seja, 
dirige-se a alguém.
e) A função referencial usa frases 
predominantemente imperativas.
4. Assinale a alternativa que possui 
a correta correspondência entre 
os elementos comunicacionais de 
Jakobson e as funções da linguagem:
a) Mensagem — Função referencial.
b) Receptor — Função apelativa.
c) Emissor — Função conativa.
d) Mensagem — Função emotiva.
e) Receptor — Função poética.
5. Assinale a única alternativa correta 
em relação à regência dos verbos:
a) Assisti um espetáculo 
muito bom.
b) O povo assistiu calado o 
voto dos deputados.
c) A imprensa deve 
informar ao leitor.
d) Assistiram os menos favorecidos.
e) Não lembro do dia da consulta.
BANDEIRA, M. Antologia poética. 8. ed. Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976. Disponível em: 
<http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/jogo/tremdeferro.asp>. Acesso 
em: 10 mar. 2018.
CALDAS AULETE. Dicionário on-line. [S.l.]: Lexikon Editora Digital, 2018. Disponível em: 
<http://www.aulete.com.br/index.php>. Acesso em: 10 mar. 2018.
CHALHUB, S. Funções da linguagem. São Paulo: Ática, 1990.
GUIRAUD, P. A estilística. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1991.
MARTINS, N. S. Introdução à estilística. São Paulo: EDUSP, 1989. 
MATTOSO CÂMARA, J. Contribuição à estilística portuguesa. Rio de Janeiro: Ao Livro 
Técnico, 1978. 
SANTANA, L. Um beijo. [2010?]. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luan-
-santana/1780219/>. Acesso em: 10 mar. 2018.
Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos18
Leituras recomendadas
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de editoração. Brasília: 
EMBRAPA, 2018. Disponível em: <https://www.embrapa.br/manual-de-editoracao/
gramatica-e-ortografia/normas-gramaticais/concordancia-nominal>. Acesso em: 
10 mar. 2018.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Mini gramática. São Paulo: USP, 2018. Disponível em: 
<http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/minigramatica/mini/sejabemvindo.htm>. Acesso 
em: 10 mar. 2018.
19Aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos e estruturais na produção de textos
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