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MEMÓRIA, MÚSICA E CULTURA NEGRA – INDICAÇÃO DE ATIVIDADE SOBRE “HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA”. RESUMO: Proposta de atividade pedagógica a partir da Lei Nº10369. Plano de aula desenvolvido para uma turma de 8º ano, trabalhando questões como memória e resistência negra à escravidão e suas permanências e influências na cultura afro- brasileira contemporânea. DANIELLE FREIRE DA SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Rio de Janeiro, 2021. Contexto Histórico-social: A temática da cultura popular, cultura afro-brasileira e as manifestações artísticas são temas amplamente discutidos e relacionados no âmbito dos debates de cultura e resistência negra e popular. As rodas de Jongo, calangos e as festas de Folia de Reis aqui exemplificados são exemplos dessas manifestações artísticas de cultura popular. Historicamente, as festas negras ocuparam um espaço fundamental na luta dos escravizados libertos tornando-se espaços de sociabilidade e resistência. Nas fazendas produtoras de cana-de-açúcar e café surgiu o Jongo ou caxambu, descrito por Toninho, oriundo da comunidade Jongueira de São José da Serra, como proveniente de África, que foi reinserido no Brasil transformando-se na maneira como os escravizados teciam as suas relações de sociabilidade. A experiência do negro no Brasil se dava através do trabalho escravizado e eram os cânticos, o batuque e o Jongo que permitia o alívio da rotina escrava. Era a partir da dança de roda, da música e dos cânticos que os laços se reconstituíam, tanto no campo espiritual e religioso, com a ancestralidade, quanto da materialidade, dos diversos povos bantus que sofreram a mesma desterritorialização. No pós-abolição essa perspectiva ainda se torna presente, porém de maneira ressignificada, tornando-se um espaço de visibilidade e reconhecimento de sua presença em termos culturais, musicais e religiosos, resistindo dia após dia às constantes tentativas de “apagamento” de sua cultura dentro de uma lógica racista e elitista, que ainda condena a história e cultura negra e popular. Características principais: Presença forte da cultura material e costumes africanos, como a presença de tambores e batuques. Esses elementos reforçam o simbolismo dos tambores para esses grupos, possuindo inclusive forte importância religiosa. Valorização da ancestralidade e da oralidade. Esses dois elementos são característicos do acervo cultural dos diversos povos bantus escravizados, que se inseriram tanto no caso aqui trabalhado, quanto na tradição das religiões de matriz africana. Importância dos núcleos familiares e dos laços de sociabilidade com a comunidade. Esses aspectos estão relacionados, sobretudo, com da forma como as comunidades jongueiras se organizavam tradicionalmente, em torno de uma ancestralidade ou linhagem. É observado nas relações mantidas nos núcleos de convivência, um grande respeito à figura das pessoas mais velhas, detentoras de sabedoria adquirida ao longo do tempo. Esse respeito se faz presente nas rodas de jongo, na medida em que os mais novos pedem “permissão” para entrar na roda. A transmissão em si dessa cultura aos mais novos, torna legítima a ideia de que os praticantes entendem a importância de suas práticas. PLANO DE ATIVIDADE – Turma de 8º ano Objetivo geral e Justificativa: Compreender e discutir a História e cultura afro-brasileira e suas manifestações artísticas. A valorização de culturas tradicionalmente silenciadas nos currículos é compreendida como importante estratégia de combate às desigualdades historicamente perpetuadas em nossa sociedade, visando empreender uma reeducação das relações étnico-raciais. Procedimentos Metodológicos: Primeiro momento: Aula expositiva sobre História e Cultura afro-brasileira. Penetrar na problemática da diáspora africana durante o tráfico transatlântico de escravizados. Trabalhar esta categoria analítica como um lugar de redefinição identitária, apesar e a partir da migração forçada e da desterritorialização. Trazer o Jongo como exemplo da maneira como, apesar do contexto de escravidão, esses seres humanos reinventaram práticas e construíram novas formas de viver, reconfigurando, portanto, identidades. Detalhar suas características principais e contextualizá-lo historicamente a partir do texto elaborado no início desta exposição. Recurso didático: relato de Toninho, oriundo da comunidade Jongueira de São José da Serra. - 20 a 30 min. Segundo momento: Usar o filme Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, Memória e Poesia como recurso didático para caracterizar em termos artísticos, identitários e de memória as festas negras para as comunidades. 50 min. 40 minutos para exibição do documentário e 10 últimos minutos de debate mediado, buscando, junto aos alunos, estabelecer conexões entre os depoimentos explicitados no documentário, com as características principais da manifestação artística abordada, bem como com a exposição da aula anterior. Terceiro momento: Convite aos alunos para uma visita da turma a Casa do Jongo da Serrinha, comunidade tradicional de Jongueiros no bairro de Madureira. Referências: MATTOS, Hebe. ABREU, Martha. Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, Memória e Poesia. Rio de Janeiro: LABHOI, 2008. RORIZ AGUIAR, Maria Lívia. História do Jongo – da África até o Brasil. Apontamentos sobre a historiografia de uma prática comunicacional. IV Encontro Sudeste de História da Mídia – Alcar Sudeste, 2016. ANEXOS: Imagem I: Imagem II: (Roda de Caxambu Michel Tannus em Porciúncula) Relato a ser trabalhado como fonte e procedimento didático: “(...) porque o Jongo ele foi criado assim: no tempo da escravidão, então negro vinha lá de fora da África e quando chegava ao Brasil eles faziam tudo para poder trocar, tirar parentesco, grau de parentesco. Cada um levava para um lugar aí até com língua diferente (...) até dialeto não falava mesmo (...) para poder complicar a convivência deles na comuni...nas fazendas. E no Jongo, os negros se organizaram através do cântico. Então, começaram a cantar... e cantando eles se conheciam, através do canto e daquilo foi surgindo algum namoro, nas lavouras de café. E passaram a um confiar no outro.” (apud. RORIZ AGUIAR, 2016, p. 5) Documentário a ser exibido: Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, Memória e Poesia. Documentário de Hebe Mattos e Martha Abreu (UFF, 2008). Em: https://youtu.be/DB_AHH3xXYQ https://youtu.be/DB_AHH3xXYQ
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