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RESUMO Curso - Introdução ao Direito do Consumidor - Universidade Curso SENADO FEDERAL

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Estudo - Introdução ao Direito do
Consumidor - SENADO
Introdução ao Direito do Consumidor
 
http://www.miguelreale.com.br/   
Homem, História e Consumo - https://youtu.be/PGjsUoBPCrQ
Loja fisica e internet preços diferentes?
Introdução ao Direito do Consumidor 
objetivos:
codigoProtecaoDefesaConsumidor.… 516 kB
Identificar os principais fatos que contribuíram para o surgimento do direito do 
consumidor;
diferenciar relação jurídica e relação de consumo;
conceituar e identificar os principais atores e objetos da relação de consumo;
apontar casos em que se aplica o Código do Direito do Consumidor;
identificar os tipos de responsabilidades civis nas relações de consumo e suas 
principais diferenças;
conceituar e diferenciar “fato” de “vício” do produto e do serviço;
identificar a figura dos responsáveis pelo fato e pelo vício do produto e do serviço, 
entendendo os seus alcances;
reconhecer as hipóteses de exclusão da responsabilidade civil nas relações de 
consumo;
identificar a origem da publicidade e seu contexto atual;
diferenciar as formas de publicidade ilícita;
reconhecer os aspectos importantes sobre vinculação da oferta;
relacionar a teoria à prática a partir dos exemplos e de jurisprudência atualizada;
conceituar e identificar as práticas abusivas;
informar o tipo de cobrança admitida pelo Código de Defesa do Consumidor;
http://www.miguelreale.com.br/
https://youtu.be/PGjsUoBPCrQ
Esperamos que você aprecie este curso de Direito do Consumidor (parceria ILB e ANATEL) 
e que ele lhe seja útil na melhoria da qualidade de sua atividade profissional. Aproveite 
seu tempo!
Módulo I – Aspectos introdutórios.
Unidade 1 – Origem do Direito do Consumidor (breve histórico).
Unidade 2 – Os principais agentes da relação de consumo.
Unidade 3 – Aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
 
O TELEFONE
“Honrado Senhor Diretor da Companhia Telefônica,
Quem vos escreve é um desses desagradáveis sujeitos chamados assinantes; e do tipo 
mais baixo: dos que atingiram essa qualidade depois de uma longa espera na fila.
 
Não venho, senhor, reclamar de nenhum direito. Li o vosso Regu lamento e sei que não 
tenho direito a coisa alguma, a não ser pagar a conta. Esse Regulamento, impresso na 
página 1 de vossa interessante Lista (que é meu livro de cabeceira), é mesmo uma leitura 
que reco mendo a todas as almas cristãs que tenham, entretanto, alguma propensão para 
o orgulho ou soberba. Ele nos ensina a sermos humildes; ele nos mostra quanto nós, 
assinantes, somos desprezíveis e fracos.
conceituar os mecanismos de captação de informações dos consumidores;
identificar como é tratada a questão da dívida discutida em juízo;
apontar a finalidade e o período em que pode ser consignado o nome do consumidor 
em banco de dados de Sistema de Proteção ao Crédito;
distinguir o contrato clássico do contrato de consumo;
identificar as características dos contratos nas relações de consumo;
compreender a importância da função social dos contratos;
identificar cada hipótese legal exemplificativa das cláusulas abusivas e assim traçar 
a noção necessária para reconhecê-las;
visualizar as situações práticas da proteção contratual através dos exemplos e de 
jurisprudência atualizada;
identificar os meios de acesso do consumidor à justiça e
diferenciar ação coletiva de ação individual.
Introdução ao Direito do Consumid… 159 kB
Aconteceu por exemplo, senhor, que outro dia um velho amigo deu-me o prazer de me 
fazer uma visita. Tomamos uma modesta cer veja e falamos de coisas antigas – mulheres 
que brilharam outrora, ma drugadas dantanho, flores doutras primaveras. Ia a conversa 
quente e cordial ainda que algo melancólica, tal soem ser as parolas vadias de cumpinchas 
velhos – quando o telefone tocou. Atendi. Era alguém que queria falar ao meu amigo. Um 
assinante mais leviano teria chamado o amigo para falar. Sou, entretanto, um severo 
respeitador do Regu lamento; em vista do que comuniquei ao meu amigo que alguém lhe 
queria falar, o que infelizmente eu não podia permitir; estava, entretan to, disposto a 
tomar e transmitir qualquer recado. Irritou-se o amigo, mas fiquei inflexível, mostrando-
lhe o artigo 2 do Regulamento, segun do o qual o aparelho instalado em minha casa só 
pode ser usado pelo assinante, pessoas de sua família, seus representantes ou 
empregados.
 
Devo dizer que perdi o amigo, mas salvei o Respeito ao Regula mento; ‘dura lex sed lex’; 
eu sou assim. Sei também (artigo 4) que se minha casa pegar fogo terei de vos pagar o 
valor do aparelho – mesmo que esse incêndio (artigo 9) for motivado por algum circuito
organi zado pelo empregado da Companhia com o material da Companhia. Sei finalmente 
(artigo 11) que se, exausto de telefonar do botequim da esquina a essa distinta 
Companhia para dizer que meu aparelho não funciona, eu vos chamar e vos disser, com 
lealdade e com as únicas expressões adequadas, o meu pensamento, ficarei eternamente 
sem te lefone, pois o uso de linguagem obscena configurará motivo suficiente para a 
Companhia desligar e retirar o aparelho.
 
Enfim, senhor, eu sei tudo; que não tenho direito a nada, que não valho nada, não sou 
nada. Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge. 
Isso me trouxe, é certo, um certo sossego ao lar. Porém amo, senhor, a voz humana; sou 
uma dessas criaturas tristes e sonhadoras que passa a vida esperando que de repente a 
Rita Hayworth me telefone para dizer que o Ali Khan morreu e ela está ansiosa para 
gastar com o velho Braga o dinheiro de sua herança, pois me acha muito simpático e 
insinuante, e confessa que em Paris muitas vezes se escondeu em uma loja defronte do 
meu hotel só para me ver entrar ou sair.
Confesso que não acho tal coisa provável: o Ali Khan ainda é moço, e Rita não tem meu 
número. Mas é sempre doloroso pensar que se tal coisa me acontecesse eu jamais saberia 
– porque meu apare lho não funciona. Pensai nisso, senhor: um telefone que dá sempre si- 
nal de ocupado – ‘cuém cuém cuém’ – quando na verdade está quedo e mudo na modesta 
sala de jantar. Falar nisso, vou comer; são horas. Vou comer contemplando tristemente o 
aparelho silencioso, essa esfin ge de matéria plástica; é na verdade algo que supera o 
rádio e a televi são, pois transmite não sons nem imagens, mas sonhos errantes no ar.
 
Mas batem à porta. Levanto o escuro do magro bife e abro. Céus, é um empregado da 
Companhia! Estremeço de emoção. Mas ele me estende um papel: é apenas o cobrador. 
Volto ao bife, curvo a cabeça, mastigo devagar, como se estivesse mastigando meus 
pensamentos, a longa tristeza de minha humilde vida, as decepções e remorsos. O 
telefone continuará mudo; não importa: ao menos é certo, senhor, que não vos 
esquecestes de mim."
Março de 1951
 
A crônica acima, de Rubem Braga, destaca a relação entre a prote ção do consumidor e as 
telecomunicações. Nela, verifica-se a angústia de um consumidor em relação ao serviço 
prestado por um fornecedor.
A Revolução Industrial e o surgimento do consumidor
De tempos em temposo ser humano identifica que possui características que o 
inserem em um grupo específico capaz de lhe atribuir direitos e deveres no 
exercício das atividades a ele inerentes.Assim, as cidades foram criadas e logo seus 
habitantes foram alçados ao status de cidadãos. Depois, a esses foi impingido o 
pagamento de tributos, tornando-se contribuintes.
Após a Primeira Revolução Industrial, surge a criação de produtos de massa e 
em série e, com ela, o consumidor.
Os EUA e a Carta de Direitos do Consumidor
Emergindo como potência industrial, os Estados Unidos da América foram o palco inicial 
das discussões sobre a proteção ao consumidor. Partindo de pequenas leis esparsas e 
passando por leis antitrustes, já no início do século XX, foram criadasinstituições com o 
fim de controlar o comércio de certos produtos,como a Federal Trade Comission 
(FTC), em 1914, e a Food and Drug Administration (FDA),em 1931.
Porém, foi em 1962 que o presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy, 
apresentou, em famoso discurso (versão em inglês), osquatro direitos básicos do 
http://www.presidency.ucsb.edu/ws/?pid=9108#axzz1lc7aJCig
consumidor: o direito à segurança, o direito de ser informado, o direito de 
escolha e o direito de ser ouvido,formando, assim, o que ficou conhecido como A Carta 
de Direitos do Consumidor. Mais tarde, em 1985, a esses foram acrescidos, pela 
Organização das Nações Unidas (ONU),os direitos à satisfação de necessidades 
básicas, à efetiva compensação, à educação e ao meio ambiente saudável.
O Brasil e a Constituição de 1988
No Brasil, já se reconhecia aproteção ao consumidor na Lei Delegada nº 4, de 1962, 
objetivando assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do povo. 
Nadécada de 70, algumas instituições de defesa do consumidor foram criadas 
tanto no âmbito estadual como no nacional, entre elas o Conselho de Defesa do 
Consumidor (CONDECOM), no Rio de Janeiro; a Associação de Defesa do 
Consumidor (ADOC), em Curitiba; a Associação de Proteção ao Consumidor 
(APC), em Porto Alegre; e a Associação Nacional de Defesa do Consumidor 
(ANDEC).
Com a ditadura militar chegando ao fim na década de 80, o anseio por umanorma sólida
de amparo ao consumidor tomava força.E, assim, reconhecendo adefesa do 
consumidor como um direito fundamental,a Constituição da República Federativa do 
Brasil, promulgada em 1988, determinou, em seuart. 5º, inciso XXXII, que “o Estado 
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Não fosse o bastante, e com o 
claro intuito de não permitir qualquer descuido infraconstitucional, inseriu-se, no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias, o art. 48, com o mandamento: “O Congresso 
Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código 
de defesa do consumidor”.
Você sabia quea defesa do consumidor foi também incluída pela Constituição de 
1988 entre os princípios gerais da Ordem Econômica?Está no art. 170,V:
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V - defesa do 
consumidor;(...)".
"O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção". Adam Smith
codigoProtecaoDefesaConsumidor.… 516 kB
Os principais agentes da relação de consumo
Em que consiste uma relação de consumo?
A relação de consumo consiste numarelação jurídica regulada pelo direito do 
consumidor. A relação jurídica é oliame existente entre sujeitos de direito diante 
de um objeto discutido.Uma relação é considerada específica quando determinada 
norma jurídica aplica-se sobre a mesma.
Quais são os agentes da relação de consumo?
Os agentes da relação de consumo são os sujeitos de direito da relação jurídica de 
consumo e estão definidos no Código de Defesa do Consumidor. Primeiramente, 
apresentaremos os conceitos legais dos principais agentes da relação de consumo.
Conceitos de consumidor
Quais são os conceitos de consumidor?
O CDC optou por definir osconceitos de consumidor nos artigos 2º, 17 e 29, e 
fornecedor no artigo 3º. Vejamos:
Art. 2°Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único.Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
 
Art. 3°Fornecedor étoda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade 
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços.
 
§ 1°Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
 
§ 2°Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Glossário:  Os entes despersonalizados estão elecandos no artigo 12 do Código 
de Processo Civil Brasileiro, sendo eles a massa falida, o espólio, a herança 
jacente, a herança vacante, a sociedade irregular e ocondomínio edilício(As 
partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, 
salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras 
partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e 
gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos ...)
Conceito de relação jurídica de consumo
Qual é o conceito de relação jurídica de consumo?
Percebe-se, portanto, 
que o conceito de 
consumidor paira pelo 
destino pelo qual um 
produto ou serviço é 
adquirido, seja por 
pessoa física ou 
jurídica, desde que o 
faça para uso próprio e 
não faça parte das ações 
intermediárias da cadeia 
de produção.
A aquisição do produto ou utilização do serviço como destinatário final torna-se 
uma das principais características para identificação da relação jurídica de 
consumo, assim como a vulnerabilidade do consumidor que passa a ser outra 
característica necessária para que a relação de consumo se complete.
Ressalte-se, ainda, queprodutos adquiridos, mesmo utilizados para a produção, 
podem caracterizar a relação jurídica de consumo, desde que disponíveis no 
mercado de consumo.
Como podemos identificar o consumidor?
Diante do conceito de relação jurídica de consumo, que acabamos de estudar, 
determinaram-se as teorias consolidadas para definição de consumidor.
Podem-se distinguir as teorias:
Finalista, que analisa caso a caso aidentificação do consumidor como destinatário 
final, sem que haja a continuidade da atividade econômica; e
Maximalista, que aplica indistintamente o CDC quando daaquisição de um produto ou 
serviço, não importando se haverá uso particular ou profissional do bem.
A teoria finalista sofreu uma mutação ao ser minorada a sua aplicação, denominada por 
Cláudia Lima Marques como finalismo aprofundado. Esse finalismo aparenta-se mais 
propício para determinar a relação de consumo, na medida em que relativiza e analisa a 
hipótese concreta, desconsiderando a qualidade das partes e vislumbrando apenas o 
contrato firmado, desde que presentes a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica. 
Vejamos o que escreve a autora:
 
“É uma interpretação finalista mais aprofundada e madura, que deve ser saudada. 
Emcasos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua 
produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização mista, 
principalmente na área dos serviços, provada a vulnerabilidade, concluiu-se pela 
destinação final de consumo prevalente”. (2009, p.73).
Essa posição está sendo adotada pelo STJ com muita parcimônia e tem demonstrado onde 
se pode verificar a relação jurídica de consumo.
E os consumidores equiparados?
No conceito de consumidor, há, ainda, afigura 
dos consumidores equiparados, que não são 
configurados como destinatários finais, mas se 
materializam nesta condição por uma situação 
de fato comum. Assim, para efeito de proteção 
legal, o CDC equipara a consumidor: 
a) ospotencialmente consumidores(art. 2º, 
parágrafo único do CDC);
b) aspessoas que sofrem com algum tipo de 
dano, sendo vítimas de acidente de 
consumo(art. 17 do CDC); e
c) os que sofrem algum tipo deprática abusiva, 
diante de determinadas estratégias 
comerciais ou de marketing (art. 29 do CDC).
E como identificar o fornecedor na relação de consumo?
Arelação de consumo não se completa sem a presença do fornecedor,cujo conceito 
torna-se primordial para identificá-la. Desta forma,o fornecedor caracteriza-se 
por desempenhar uma determinada atividade na cadeia de 
produção ou na prestação do serviço descritono artigo 3º do CDC. 
Ora, apessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, ainda 
que sem personalidade jurídica, pode ser enquadrada como fornecedor desde 
que desempenhe uma das atividades delineadas no referido artigo, com 
profissionalidade e lucro.Atividade essa queo particular comum não se enquadra
quando exerce a mesma ação do artigo 3º do CDC, haja vista não praticá-la como 
atividade profissional ou habitual.
Essas características tornam fácil a identificação de casos em quese poderia excluir a 
qualidade de fornecedor, como nos casos em que na relação jurídica não há lucro 
(cooperativa habitacional), ou nos casos de vendas eventuais entre pessoas 
físicas ou venda de objetos desvalorizados para o desempenho da sua 
atividade.Assim como entidades associativas ou condomínios cujo interesse principal 
restringe-se à esfera de associados ou condôminos.Lembre-se, ainda, daaplicação do 
CDC nas atividades bancárias. O CDC é claro quanto à sua aplicabilidade.
Há associações, 
entretanto, que detêm 
a característica de 
fornecedor por 
condicionarem a 
prestação de serviços 
de assistência médica, 
mediante o pagamento 
de mensalidade.
Síntese
Por fim, mas não menos 
importante, a 
completude da relação 
de consumo dá-se com 
a entrega de um 
produto ou a 
prestação de um 
serviço, desde que 
presentes os agentes 
que estudamos. O 
produto caracteriza-se 
pela atividade 
desenvolvida pelo 
fornecedor com 
profissionalidade e 
habitualidade. Nesse 
sentido, veja-se o que 
descreve Antonio 
Hermann V. Benjamin 
(2009, p.82):
“Quanto ao fornecimento 
de produtos, o critério 
caracterizador 
édesenvolver 
atividades tipicamente 
profissionais, como a 
comercialização, a 
produção, a 
importação, indicando 
também a necessidade 
de certa habitualidade, 
como a transformação, 
a distribuição de 
produtos. Essas 
características vãoexcluir 
da aplicação das normas 
do CDC todos os 
contratos firmados entre 
dois consumidores, não 
profissionais, que são 
relações puramente civis 
às quais se aplica o 
CC/2002.A exclusão 
parece correta, pois o 
CDC, ao criar direitos 
para os consumidores, 
cria deveres, e amplos, 
para os fornecedores.”
 Osserviços, por sua vez, são identificados quando colocados à disposição do 
consumidor, mediante remuneração.OCDC exige, portanto, apenas a remuneração na 
identificação do serviço.
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor
Na unidade anterior vimos as definições dos agentes da relação de consumo, o que vai 
nos ajudar a compreender a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
 Vamos iniciar com o exemplo de Cláudia Lima Marques (2009, p. 68/69) para delimitar tal 
relação. Vejamos:
 “(...) se dois civis, duas vizinhas amigas, contratam (compra e venda de uma joia 
antiga), nenhuma delas é consumidora, pois falta o fornecedor (o profissional, o 
empresário);são dois sujeitos 'iguais', regulados exclusivamente pelo Código Civil. 
Sendo assim, à relação jurídica de compra e venda da joia de família aplica-se o Código 
Civil,a venda é fora do mercado de consumo.Se dois comerciantes ou empresários 
contratam (compra e venda de diamantes brutos para lapidação e revenda), o mesmo 
acontece: sãodois 'iguais', dois profissionais, no mercado de produção ou de 
distribuição, são dois sujeitos iguais regulados pelo Código Civil(que regula as 
obrigações privadas, empresariais e civis) e pelas leis especiais do direito comercial, 
direito de privilégio dos profissionais, hoje empresários.Já o ato de consumo é 
um ato misto entre dois sujeitos diferentes, um civil e um 
Recentemente tem-se 
tratado da questão dos 
serviços gratuitos 
oferecidos ao 
consumidor e que, 
embora denominados 
gratuitos, são pagos 
sem a percepção do 
consumidor. Por isso, a 
jurisprudência tem 
identificado essas 
situações como 
relação de consumo.
empresário, cada um regulado por uma lei (Código Civil e Código 
Comercial), e a relação do meio e os direitos e deveres daí 
oriundos é que é regulada pelo CDC. É direito especial subjetivo e relacional.” 
Por fim, a jurisprudência tem identificado os casos de aplicação do CDC:
· às entidades de previdência privada - Súmula 321; 
· aos contratos de arrendamento mercantil - Condomínio e Concessionária;
· aos contratos do sistema financeiro de habitação - Sistema Financeiro.
 
Não se aplica o CDC nos casos de:
 
Serviço notarial
Condomínios e condôminos;
Locação;
Contratos de crédito educativo;
Benefícios previdenciários.
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL182YjJjNGE2NmQyMDhhODY0NjUxNTMxYTdlNjNmZTBmOC5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL19lMjE1ZmYyZDJiN2ZhMmQyOTgxYjViZTVjMTAwNmJiMS5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL184MDk0YzFlZjIyYzA5NzZiZThkYmNhNzgyOWE0ZDIzMi5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL18zNWNlNzJhMzhiYmFkMzVmMWRjOTg4YTg1ZDcxOTFlMS5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL18zNWNlNzJhMzhiYmFkMzVmMWRjOTg4YTg1ZDcxOTFlMS5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL19jM2QxY2ExMGRhZDljNWIxZmJhYTM4MmY2MmM4NTBlZC5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL184OGMzODU5ZDljMDRmNzZlYTU4ZGMyNzFiMTExZTkzMS5kb2M=
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Módulo II – A responsabilidade civil nas relações de consumo.
Unidade 1 – A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.
Unidade 2 – A nova disciplina do vício.
Unidade 3 – As responsabilidades subsidiária do comerciante e solidária do fornecedor.
Unidade 4 – Excludentes de Responsabilidade Civil.
A Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo
A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço
Com o zelo de não permitir qualquer descuido infraconstitucional, foi elaborado o 
código de defesa do consumidor (CDC), que prevê duas espécies de 
responsabilidade civil nas relações de consumo, vejamos:
- a primeira, pelo fato do produto ou serviço, com regramento previsto nos 
arts. 12 a 17;
- e a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 
a 25.
Condominio.doc 24 kB
CondominioeCondominos.doc 25 kB
ServNotatorial.doc 26 kB
beneficiosprevidenciarios.doc 28 kB
creditoeducativo.doc 648 kB
locaçao.doc 26 kB
sistemafinanceiro.doc 24 kB
sumula321.doc 23 kB
Introdução ao Direito do Consumid… 191 kB
Antes de estabelecer as principais diferenças entre as modalidades de 
responsabilidades, vejamos o que o CDC versa sobre a matéria:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importadorrespondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
Fato e vício
Vamos entender primeiramente o que caracteriza o fato
Fato significa ocorrência, acontecimento, evento. O CDC fala em fato 
acompanhado de defeito; é, portanto, o fato que apresenta um defeito 
causador de um dano.
Como diferenciar “fato” de “vício”?
No vício, o problema encontrado no produto ou no serviço frustra o 
consumidor tão somente pelo erro encontrado neles próprios, acarretando o 
mau ou impossível funcionamento. No fato do produto ou do serviço, por outro 
lado, este “erro” é externalizado, saindo do domínio do produto ou serviço para 
atingir a esfera particular do consumidor, causando-lhe um dano material, físico ou 
moral.
Sérgio Cavalieri Filho (2011, p.208) define que:
“Apalavra-chave neste ponto é o defeito. Ambos decorrem de um defeito do 
produto ou do serviço só que no fato do produto ou do serviço o defeito é tão grave 
que provoca um acidente que atinge o consumidor, causando-lhe dano material ou 
moral. O defeito compromete a segurança do produto ou serviço. Vício, por sua vez, é 
defeito menos grave, circunscrito ao produto ou serviço em si; um defeito que lhe é 
inerente ou intrínseco, que apenas causa o seu mau funcionamento ou não 
funcionamento”.
Fato x Vício
Vejamos como é fácil identificar quando se lida com o vício e quando é o fato que 
atinge o consumidor, por meio dos seguintes exemplos:
1. O seu refrigerador parou de gelar
Vício: Foi inserido pouco gás refrigerante no refrigerador de ar, que, por isso, para 
de gelar.
Fato: Ao invés do gás refrigerante normal, foi colocado um gás letal no refrigerador 
de ar, intoxicando as pessoas que ali estavam.
2. Um cosmético que promete eliminar rugas
Vício: Simplesmente não faz qualquer efeito.
Fato: O cosmético que promete eliminar rugas causa dilacerações na pele.
3. Um carro cujo motor esquenta demais
Vício: O motor do carro esquenta demais e para de funcionar.
Fato: O motor do carro esquenta demais e pega fogo.
4. Serviço de limpeza contratado
Vício: A empresa que deixa partes sujas.
Fato: O mesmo serviço de limpeza usa um produto que causa fortes náuseas nas 
pessoas que ali habitam.
Estando clara a noção de fato, é hora de conhecer os possíveis responsáveis.
Fato x Vício
 
Observe a foto ao lado 
- um carro que 
esquenta demais e 
pega fogo. 
Trata-se de vício ou de 
fato?
Nesse ponto, em vez de simplesmente imputar a responsabilidade aos fornecedores, 
quis o CDC restringir os personagens. Então, de acordo com seu art. 12, são 
responsáveis pelo fato do produto e do serviço:
A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço é objetiva e solidária:
 
Em todos os casos, concorre solidariamente o fabricante da peça ou do componente 
do produto fabricado, produzido, construído ou importado.
o fabricante - aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos 
industrializados;
o produtor - aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos não 
industrializados;
o construtor, nacional ou estrangeiro - aquele que introduz produtos imobiliários no 
mercado de consumo, através de fornecimento de bens ou serviços;
o importador - aquele que faz circular produto estrangeiro dentro do país.
Objetiva, porque independe da demonstração de culpa (imprudência, imperícia ou 
negligência) do responsável. Basta, portanto, a demonstração de que houve um 
dano, e o nexo causal entre este e o defeito no produto ou serviço que o gerou. 
Assim, a simples colocação no mercado de determinado produto, ou prestação de 
serviço, ao consumidor, já é suficiente para ensejar a responsabilização.
Solidária, uma vez que havendo mais de um responsável pela colocação do 
produto, ou serviço, defeituoso à disposição dos consumidores, todos podem ser 
demandados, e a responsabilidade de um não exclui a do outro.
jurisprudenciaFatodoServico.pdf 25 kB
Atenção
Logo se percebe a 
ausência do 
comerciante, contudo 
sua exclusão não é 
absoluta, há exceção, 
conforme se verificará 
mais à frente.
Profissionais liberais
Haveria alguma diferença no entendimento das responsabilidades dos 
profissionais liberais?
“Art. 14 (...)
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa.”
O CDC incluiu a possibilidade de responsabilização dos profissionais liberais 
(médicos, advogados, dentistas etc.), conforme o § 4º do art. 14, acima descrito. 
Entretanto, nesse caso em particular, há uma quebra da regra da objetividade e, 
assim, sua responsabilização será verificada mediante verificação de culpa. Em 
outras palavras, não basta o dano e o nexo causal com o defeito no serviço do 
profissional liberal: há que se verificar a existência de negligência, imperícia ou 
imprudência do profissional, com o fim de responsabilizá-lo pessoalmente.
Há, na doutrina, quem defenda que o termo “fato” do produto e do serviço não 
sinônimo de acidente de consumo e que, portanto, assim não deveria ser tratado, 
como define Rizzato Nunes (2011, p.317), quando afirma que “Diga-se, de qualquer 
maneira, que se tem usado tanto “fato” do produto e do serviço, quanto “acidente 
de consumo”, para definir o defeito. Porém, o mais adequado é guardar a expressão 
“acidente de consumo” para as hipóteses em que tenha ocorrido mesmo um 
acidente: queda de avião, batida do veículo por falha do freio, quebra da roda 
gigante no parque de diversões, etc., e deixar fato ou defeito para as demais 
ocorrências danosas.”
Fato do produto pode ser explicado  pelo "erro" apresentado no produto ou no 
serviço, que extrapola o simples problema de funcionamento, causando ao 
consumidor um dano material, físico ou moral.
A nova disciplina do vício
Vamos relembrar.
ProfissionaisLiberais.pdf 12 kB
Na unidade anterior, vimos que  o Código de Defesa do Consumidor (CDC)  prevê 
duas espécies de responsabilidade civil nas relações de consumo:
- a primeira, pelo fato do produto ou serviço; e
- a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 a 25, 
que veremos a seguir.
Então, analisemos o que o CDC versa sobre a matéria:
“Art. 18. Osfornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveisrespondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade 
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou 
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, 
com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, 
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”
Vício
O que é o vício do produto e serviço?
Quando falamos em vício do produto ou do serviço, estamos nos referindo a 
qualquer problema relacionado ao produto ou ao serviço que, de alguma forma, 
prejudique sua funcionalidade e os tornem imperfeitos para o fim ao qual se 
destinam.
No vício, ao contrário do que vimos em relação ao fato, a falha não extrapola a 
esfera do produto ou serviço. Não atinge pessoalmente a figura do 
consumidor, de forma a lhe causar um dano material, físico ou moral. É a falha 
sem acidentes ou consequências graves.
 Pode-se dizer que o fato é um vício com algo a mais?
 
Sim, esse algo a mais seria o dano pessoal. Diz-se também que todo fato por 
origem é um vício, uma vez que para gerar o dano ao consumidor, o produto 
ou serviço tem necessariamente que apresentar uma falha antecessora e 
causadora do dano. Já a recíproca, obviamente, não é verdadeira.
Tipos de vícios
Quais são os tipos de vícios?
Além dos “vícios ocultos” previstos no Código Civil de 1916 pelos chamados 
“vícios redibitórios”, o CDC inovou acrescentando os “vícios de qualidade” e 
“vícios de quantidade”, ainda que aparentes ou de fácil constatação, quando 
tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou 
lhe diminuam o valor.
Acrescente-se, ainda, 
que o CDC facultou ao 
consumidor uma gama 
de possibilidades de 
reparação mais 
abrangente que o 
Código Civil, incluindo 
a substituição do 
produto por outro da 
mesma espécie, em 
perfeitas condições 
de uso; a restituição 
imediata da quantia 
paga, 
monetariamente 
atualizada, sem 
prejuízo de eventuais 
perdas e danos, o 
abatimento 
proporcional do 
preço, a 
complementação do 
peso ou medida.
Vejamos os seguintes tipos de vícios:
1. Vícios redibitórios
Os vícios redibitórios  são os defeitos ocultos da coisa, que fazem com que o 
negócio jurídico de compra e venda não produza um dos efeitos ao qual se destina, 
qual seja a perfeição do bem alienado.
Além da exigência de que o vício seja oculto, nos vícios redibitórios a coisa 
recebida deve originar-se de uma relação contratual e possuir defeito grave e 
contemporâneo à celebração do contrato.Anova disciplina do vício derrubou 
essas amarras. A responsabilização quanto ao vício, como previsto no CDC, 
independe de um contrato entre as partes, não há distinção quanto à 
gravidade, e pode ocorrer antes, durante ou depois da realização do negócio.
2. Vícios de qualidade 
Exemplos: comprar um cavalo manco ou estéril; alugar uma casa que tem 
muitas goteiras; receber em pagamento um carro cujo motor aquece nas 
subidas.
3. Vícios de quantidade
Nos produtos ou serviços em que a prestação pode ser quantificada, o consumidor 
recebe menos do que o que lhe foi ofertado. Decorrem das disparidades com as 
indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, que se dá 
quando a perda de certo conteúdo durante o processo distributivo já é esperada 
como consequência natural do produto.
jurisprudenciaViciosDeQualidadeDo… 28 kB
Apresentam-se nos 
produtos ou serviços 
com erros que 
diminuem as funções 
ou o valor que é 
normal se esperar 
deles. A qualidade 
que se encontra é 
inferior à 
corretamente 
presumida pelo 
consumidor. 
Exemplos: televisão 
cujo som não funciona, 
carro com problemas 
de aquecimento, ferro 
de passar roupa que 
esquenta pouco, roupa 
descosturada, serviço 
de limpeza mal 
executado, prazo de 
validade vencido etc.
Ainda, produtos com peso ou, quando divisíveis, em número menor que o 
anunciado. Está diretamente ligado ao dever do fornecedor de informar.
Nesta unidade, vimos que vício do produto e do serviço pode ser caracterizado 
por qualquer problema relacionado a eles que, de alguma forma, prejudique 
sua funcionalidade e os tornem imperfeitos para o fim ao qual se destinam. 
Ainda aqui, percebemos o alcance do Código de Defesa do Consumidor, que 
permitiu ao consumidor uma gama de possibilidades de reparação , mostrando-
se bem mais abrangente e pormenorizado que o Código Civil.
As responsabilidades subsidiária do comerciante e solidária do 
fornecedor
 Agora que já identificamos as diferenças entre fato e vício do produto e do serviço, 
vamos estudar os principais conceitos e a abrangência das responsabilidades dos 
agentes da relação de consumo.
Iniciaremos por conhecer as responsabilidades subsidiárias do comerciante.
Por responsabilidade subsidiária, para efeito do estatuído no CDC, entenda-se 
aquela em que B passa a ser responsável quando A não pode ser identificado. 
Já na responsabilidade solidária, tanto A quanto B são responsáveis, e é uma 
faculdade do consumidor escolher se vai demandar A, B ou ambos. Vejamos:
“Art. 13.O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando:
 
Exemplos: frango congelado cuja quantidade de água eleva o peso real do 
produto; vidro de mostarda de 200ml que só tem 150ml; caderno de 100 páginas 
com apenas 80; serviço de tevê por assinatura que retira canais de sua 
programação sem o prévio aviso ao consumidor etc.
jurisprudenciaViciosDeQuantidadeD… 22 kB
 I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados;
  II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador;
 III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.”
Com a imputação da responsabilidade subsidiária do comerciante, o CDC previne 
duas situações que poderiam gerar falhas no processo de responsabilização pelo 
fato:
Vamos agora à responsabilidade solidária do fornecedor:
“Art. 18.  Os fornecedores  de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam 
o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, 
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,podendo o consumidor exigir 
a substituição das partes viciadas.” (Grifos nossos.)
 
Com a retirada do comerciante da regra de responsabilização porque com isso evita-
se que ele pague por erro que não cometeu. O que se quer nos casos em que a 
segurança do consumidor está sob risco é punir e educar aquele que de fato deu 
causa para a ocorrência do dano.
1.
Ao prever a responsabilidade do comerciante nos casos em que os 
responsáveis originários não puderem ser identificados com precisão. Nada 
mais justo. Afinal, ao colocar o produto em circulação sabendo que o 
responsável pela sua fabricação, construção, produção ou importação não 
pode ser identificado com clareza, o comerciante assume o risco e atrai 
para si, então, essa responsabilização. É como se o comerciante dissesse: 
“Ok, esse produto não é identificável, mas eu o garanto”.
2.
jurisprudenciaResponsabilidadeSubsi… 13 kB
→ Consulte: CDC - arts. 7º, parágrafo único; 19; 25, §§ 1º e 2º; 28, § 3º; e, 34. 
No vício do produto ou serviço, a solidariedade é a regra. Porém, há duas 
exceções. São elas:
1.      Produtos in natura, isto é, produtos artesanais, que não sofreram processo de 
industrialização. Nesse caso, quando não identificado claramente o seu produtor, 
o responsável será o fornecedor imediato. - Art. 18, § 5º do CDC. 
2.        Produtos pesados ou medidos na presença do consumidor utilizando 
instrumento (balança, trena etc.) não aferido segundo os padrões oficiais. 
Igualmente, responsabilidade do fornecedor imediato. - Art. 19, § 2º do CDC.
O termo 
“solidariamente” que 
remete diretamente ao 
princípio da 
solidariedade, em que 
mais de uma pessoa 
pode ser titular de um 
direito ou dever, está 
presente, no CDC, em 
vários artigos além do 
acima citado, ao 
imputar 
responsabilidade 
comum àquelas 
pessoas que 
contribuíram para a 
colocação, no mercado, 
de produto ou serviço 
defeituoso.
http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/992576/mod_book/chapter/73833/codigoProtecaoDefesaConsumidor.pdf
Exemplo:
João compra um carro e ao dirigi-lo à noite percebe que os faróis subitamente se 
apagam e voltam a acender algum tempo depois. João, nesse caso, pode demandar 
o fabricante do carro, assim como aquele que fornece a peça para o fabricante e, 
ainda, tendo ocorrido somente o vício e não o fato, o comerciante que vendeu o 
carro para João. Caso seja impossível identificar o fabricante do carro e o fornecedor 
da peça, João pode demandar o comerciante inclusive quando o defeito gerou um 
dano passível de configuração do fato do produto, como já vimos na 
responsabilidade subsidiária do comerciante.
Nesta unidade pudemos perceber a diferença entre a responsabilidade 
subsidiária e a solidária. Exemplificando, à luz do CDC, a primeira é aquela em que 
B passa a ser responsável quando A não pode ser identificado, e a segunda, 
tanto A quanto B são responsáveis e é uma faculdade do consumidor escolher 
se vai demandar A, B ou ambos.
Excludentes de Responsabilidade Civil
Entendendo a responsabilidade subsidiária do comerciante e a solidária do 
fornecedor, passaremos, agora, aos casos de exclusão da responsabilidade do 
fornecedor, de acordo com o CDC.
Analise atentamente o caput do art. 12 do CDC e seu § 3º:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação 
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento 
de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos.
(...)
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importadorsó não será 
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
jurisprudenciaResponsabilidadeSolid… 16 kB
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
Exclusão da responsabilidade do fornecedor
 
Como se percebe, são três as hipóteses de exclusãoda responsabilidade do 
fornecedor:
1.  Quando provar que não colocou o produto no mercado:  Naturalmente, 
estando o produto no mercado presume-se que o fornecedor o colocou. Cabe, 
porém, a este, rebater essa presunção, quando puder demonstrar através de provas 
que não foi o responsável. Tal situação pode ocorrer quando, por exemplo, há 
produtos falsificados em circulação ou quando o fornecedor foi vítima de furto ou 
roubo de produto ainda incompleto para ser colocado no mercado.
2.  Inexistência do defeito: Ainda que posto em circulação normal, o fornecedor 
prova que na verdade não há defeito. Aqui, sendo provado que o defeito 
inexiste, o próprio fato gerador da responsabilidade é fulminado. Trata-se do 
caso em que há uma percepção equivocada por parte do consumidor quanto ao 
defeito questionado. É o caso,por exemplo, da pessoa que pensa ter passado 
mal por causa da ingestão de um queijo, quando percebe que este se encontra 
mofado. Eis que o fornecedor demonstra que o bolor encontrado nesse queijo 
não só é tolerado como desejado, que é uma característica intrínseca daquele 
tipo de queijo e que o passar mal do consumidor, portanto, não teve qualquer 
ligação com um defeito naquele laticínio,sendo tal defeito, assim, inexistente.
3.  Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro:  Igualmente à inexistência do 
defeito, mais uma vez, caso provada pelo fornecedor a culpa exclusiva do 
consumidor ou de terceiro, o fato gerador da responsabilidade, qual seja, o defeito, 
é desconstituído. Pois se há culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, não há o 
que se falar em defeito do produto. Este foi posto em circulação pelo fornecedor em 
sua perfeição; porém, ao alcançar seu destinatário (o consumidor) ou o terceiro, 
estes provocam o problema, seja por descuido, mau uso ou até mesmo 
intencionalmente. Tal condição pode ser verificada, por exemplo, quando a 
despeito de aviso claro no medicamento sobre a posologia, o indivíduo toma o 
dobro da dose recomendada. Ou seja, não há defeito no medicamento e sim 
culpa exclusiva daquele que tomou dose superior à que se indicou.
Módulo III – Publicidade no direito do consumidor.
Unidade 1 – A publicidade na sociedade brasileira atual.
Unidade 2 – A publicidade ilícita: publicidade enganosa e publicidade abusiva.
Unidade 3 – Força vinculante da publicidade para o fornecedor.
Publicidade no Direito do Consumidor
jurisprudenciaExcludentesDeRespons… 19 kB
Introdução ao Direito do Consumid… 182 kB
Síntese
Constatado o vício ou 
fato do produto ou 
serviço, verificamos que 
as hipóteses nas quais 
o fornecedor é eximido 
de responsabilidade 
são: quando ele provar 
que não colocou o 
produto no mercado, 
quando da inexistência 
do defeito ou quando 
provada a culpa do 
consumidor ou de 
terceiro.
Vimos, nas unidades anteriores, os conceitos básicos que norteiam as relações de 
consumo, bem como as responsabilidades dos seus principais agentes.
Nesta unidade vamos conhecer um pouco sobre a área da comunicação que guarda 
relação direta com as relações de consumo: a publicidade.
Não há como falar em publicidade como a conhecemos hoje sem iniciar pela 
própria história do consumo. O mesmo motor impulsionador deste, traduzido pela 
revolução industrial e a massificação da produção, dá o norte para o que chamamos 
atualmente de publicidade.
Quando surgiu a publicidade?
Embora existam registros de publicidade ao longo dos séculos, foi no século XIX, 
após a Revolução Industrial, que criou-se, para o fornecedor em escala, a 
necessidade de propagar e incentivar o consumo de suas mercadorias. A 
simples colocação dos itens no mercado não era mais garantidora de um 
consumo que se equilibrasse com a produção. Assim, surge a publicidade como 
é conhecida hoje, a mais importante ferramenta de incentivo ao consumo.
Publicidade
Qual é o significado da palavra publicidade?
Publicidade, analisando o termo ao pé da letra, significa aquilo que é público, 
destinado ao povo ou colocado para o conhecimento de todos. Porém, no 
mundo das mercadorias e do consumo,publicidade é o mesmo que fomentar a 
venda de produtos. Hoje, invade as nossas vidas por diversos meios, com 
abordagem desde a mais tranquila, que se resume a mostrar os benefícios de 
determinado aparelho; passando pela mais contundente, que quer fazer o 
consumidor acreditar que sua vida ficará melhor com aquilo que se pretende 
vender; até as de cunho agressivo, que têm o claro condão deincutir na mente 
das pessoasque o seu produto é absolutamente necessário,que sem ele ou não 
se vive ou se vive muito mal.
Quando a publicidade surgiu no Brasil?
Em nosso País, já se coletam traços da publicidade, como a conhecemos hoje, a 
partir do século XIX. Anúncios de venda de escravos, imóveis, carroças, 
artesanato e serviços de profissionais liberais eram corriqueiros em cartazes, 
folhetos e painéis em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nesta cidade, em 1821, 
nasceu o primeiro jornal diário do Brasil. O Diário do Rio de Janeiro era um jornal 
dedicado aos anúncios de negócios.
Desse período em diante a publicidade tomou corpo e passou a fazer parte do dia a 
dia dos brasileiros, aproveitando a chegada dos vários meios que passaram a lhe 
dar suporte, como os outdoors, as placas de publicidade, o rádio, o cinema, a 
televisão, entre outros. Com a evolução tecnológica, tornava-se cada vez maior 
a abrangência que um produto poderia conquistar.
Até o final da década de 1970 não existia no Brasil qualquer dispositivo que ao 
menos monitorasse o crescimento da iniciativa publicitária. Foi quando, ainda no 
regime militar, aprovou-se o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária 
(CBAP),  editado em 5 de maio de 1980; e, em seguida, foi fundado o  Conselho 
Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). http://www.conar.org.br/ 
Tanto o Código quanto o Conselho tinham a função de zelar pela ética na 
publicidade. O CBAP, embora desempenhando função pública, tem natureza 
privada, por ter sido criado e assinado por associações ligadas ao exercício da 
publicidade.
CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTO-REGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA e SEUS 
ANEXOS - CONAR
Código Brasileiro de Auto-Regulam… 261 kB
http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_consumidor/legislacao/leg_constituicao_federal_leis/leg_cf_Codigos/leg_cf_c_conar/CodigoAuto-Regulamenta%C3%A7%C3%A3oPublicit%C3%A1ria.htm
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
Atividade publicitária
Quais são os limites para a atividade publicitária?
Com a chegada do Código de Defesa do Consumidor, a questão dos limites para a 
atividade publicitária enfim encontra amparo legal na forma de proteção aos 
direitos do consumidor. Desde então, a convivência entre o CBAP e o CDC é 
harmoniosa, e ambos, o primeiro pela via privada e o segundo pela previsão legal, 
se prestam a regular o trabalho publicitário e proteger o consumidor. O ponto de 
partida é distinto mas o objetivo acaba se desenhando em uma comunhão de 
interesses.
O CDC elenca uma série de princípios que devem ser verificados em relação à 
publicidade:
princípio da identificação da mensagem publicitária (art. 36);
princípio da vinculação contratual da publicidade (art. 30);
princípio da veracidade (art. 37, § 2°);
princípio do ônus da prova a cargo do fornecedor (art. 38);
princípio da transparência da fundamentação da publicidade (art. 36, parágrafo 
único);
princípio da correção do desvio publicitário (art. 56, XII).
Síntese
A publicidade ilícita: Publicidade Enganosa e Publicidade Abusiva
Na unidade passada, vimos a origem da publicidade e os princípios elencados pelo 
CDC para proteção ao consumidor.
Nesta, vamos conhecer as formas de publicidade ilícita e diferenciá-las. Mas, 
primeiro, procuremos entender o que significam os termos publicidade e 
propaganda, muito usados nos meios de comunicação.
Publicidade x Propaganda
Muito se confunde publicidade com propaganda, como se fossem sinônimos. Não o 
são:
A publicidade é caracterizada pelo intuito comercial,nasce e finaliza com o 
escopo negocial.
Como vimos, a 
publicidade surgiu no 
século XIX, após a 
Revolução Industrial, 
como forma de 
incentivar o consumo 
e equilibrar a 
produção. O Código 
de Defesa do 
Consumidor prevê uma 
série de princípios que, 
além de regular o 
trabalho publicitário, 
destinam-se à proteção 
do consumidor.
Publicidade Enganosa
Publicidade enganosa no CDC
O princípio da veracidade da publicidade encontra respaldo legal no artigo 37, § 1º, 
do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É  enganosa  qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter 
publicitário,inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo 
por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer 
outros dados sobre produtos e serviços.
(...)
 § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por 
omissão quandodeixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
O que é a publicidade enganosa?
Por publicidade enganosa entenda-se aquela que tem como característica induzir 
o consumidor em erro. O intuito desse tipo de publicidade é o de iludir, burlar, 
lograr, embaçar, esconder, disfarçar. Enfim, criar no imaginário das pessoas um 
cenário a respeito do produto que não corresponde à sua realidade, utilizando-
se para tal de informação errônea a respeito da natureza, características, 
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados 
sobre produtos, como bem elencado pelo CDC.
Não se deve confundir publicidade enganosa com publicidade falsa
É possível que uma mensagem publicitária seja enganosa ainda que não possua 
qualquer elemento de falsidade. Nesse sentido, por exemplo, um premiado 
anúncio comercial veiculado na televisão pela Folha de São Paulo na década de 80 
trazia um filme onde se via círculos pretos e brancos na tela enquanto uma voz 
calma e determinada narrava os grandes feitos de um homem. 
A propaganda tem por fim ideais, geralmente com fins humanitários, 
religiosos, políticos ou cívicos.
Com o passar do tempo, os pontos iam se modificando, até que se percebia que era 
uma fotografia muito próxima da lente de filmagem, que ia se distanciando 
lentamente e prometia, então, mostrar a figura tão festejada pela voz de fundo.
 
Em meio ao rufar de tambores, eis que aparece a foto de Adolf Hitler, responsável 
pelo holocausto, um dos piores momentos da história humana. No fim, com essa 
imagem, a voz concluía: “É possível contar um monte de mentiras, dizendo só a 
verdade...”Uma aula sobre publicidade enganosa!
Elemento criativo e fantasioso da publicidade
Igualmente equivocado seria levar o princípio da veracidade da publicidade, 
consagrado no art. 37 do CDC, às últimas consequências, não permitindo a 
liberdade criativa do publicitário. Assim, quando aquilo que não é verdadeiro 
sai do campo da realidade para adentrar o espaço da fantasia, não teremos aí 
uma publicidade enganosa.Um tapete que voa, o motor de um carro 
composto por pôneis ou um animal falante não têm o condão de ludibriar 
o consumidor, pois nesses casos a criação não tem o objetivo de informar, 
mas tão somente de atrair a atenção das pessoas.O elemento fantasioso é 
evidente o suficiente para desconfigurar a indução ao erro.
Tipos de publicidade enganosa:
*Ver jurisprudência por Comissão 
Exemplo: Produto anunciado afirma que tira riscos da pintura dos carros quando, na 
verdade, o máximo que pode fazer é limpar a área onde aplicado.
**Ver jurisprudência por Omissão
Por comissão (ou por ação): o anunciante induz o consumidor em erro fazendo 
declaração falsa sobre o produto ou serviço.
JurisprudenciaPorComissao.doc 24 kB
Por omissão: o anunciante induz o consumidor em erro deixando de informar 
algo essencial referente ao produto ou serviço.
JurisprudenciaPorOmissao.doc 24 kB
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL185MDk3MmU3N2ExNzdjYzVmMmRhNmNkYzRlNTgyYzExZS5kb2M=
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL182YjU3MDNiZjIyN2I5NTJiNzM0MTgzNzBjYmVhNjhiNi5kb2M=
Essencial
No caso da omissão, a questão que aqui se enfrenta é lidar com a subjetividade do 
termo “essencial”.
Mas afinal, o que é essencial?
Como bem ilustra Rizzato Nunes (2011. p. 555), “constrói-se um conceito de 
essencial naquilo que importa à publicidade. E, nessa linha, é de dizer que 
essencial será aquela informação ou dado cuja ausência influencie o 
consumidor na sua decisão de comprar, bem como não gere um 
conhecimento adequado do uso e consumo do produto ou serviço 
'realmente', tal como são”.
No que se refere à conduta omissiva, cabe salientar que ela ocorre não por qualquer 
omissão. Não é a falta de informação sobre condições que já são de domínio 
público. Por exemplo, não é preciso informar que o carro anunciado precisa de 
combustível para cumprir o seu objetivo de transporte.
Exemplo de omissão: Uma televisão é anunciada com grande chamariz para sua 
característica de conectividade à Internet sem o uso de fios, em que o consumidor 
poderá navegar pela rede mundial, assistir a vídeos diretamente na tela da tevê, 
consultar seus e-mails etc. Entretanto, omite que  para tornar isso possível o 
consumidor terá que comprar outro aparelho, um dispositivo específico, 
responsável justamente pela conectividade sem fio.
Importante! Na
publicidade enganosa,
para fins do art. 37 do
CDC, a intenção é
irrelevante. A questão da
boa ou má-fé do
anunciante não interfere
na caracterização da
publicidade enganosa.
Enganosidade potencial
O CDC não exige a ocorrência do dano em concreto aos consumidores para a 
configuração da publicidade enganosa. A simples detecção da enganosidade, 
ainda que não amparada em caso de lesão real a consumidor, é o suficiente 
para o enquadramento na proibição do art. 37 do CDC. Diz-se, portanto, que se 
pune a capacidade em abstrato de induzir em erro. Isto posto, trata-se de 
matéria que pode ser denunciada por qualquer pessoa, independente da 
condição ou não de consumidora daquele produto.
Vamos, agora, conhecer a outra forma de publicidade ilícita, conforme aponta 
o Código de Defesa do Consumidor: a Publicidade Abusiva
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
(...)
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidadediscriminatória de qualquer natureza, a 
que incite à violência,explore o medo ou a superstição, se aproveite da 
deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores 
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de 
forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
A publicidade abusiva 
não se sustenta no erro 
ou na tentativa de 
induzi-lo, mas sim nos 
meios escusos, 
contrários à ética, 
utilizando-se da 
suscetibilidade dos 
consumidores para 
"empurrar" aquilo 
que se quer vender.
 
São, por exemplo, os anúncios que denigrem a imagem de certo grupo de 
pessoas, que veiculem mensagens racistas, comerciais que incitem um 
comportamento não tolerado, como o de agressão ao meio ambiente, que se 
aproveitem do poder de julgamento ainda em formação das crianças para 
incutir um desejo pelo produto ou ainda que promovam uma conduta que 
pode pôr em perigo sua saúde ou segurança.
Solidariedade na publicidade enganosa e abusiva
Há solidariedade entre o fornecedor do produto (anunciante) e o veículo de 
comunicação onde o anúncio é realizado?
A matéria não é pacífica. Há corrente doutrinária, liderada por Nelson Nery Junior e 
Paulo Jorge Scartezzini Guimarães, que entende haver sim a solidariedade entre tais 
personagens. De outro lado, Zelmo Denari e Rizzato Nunes defendem justamente o 
contrário, alegando que, como o próprio nome diz, as empresas contratadas para 
propagar as mensagens publicitárias são meros  veículos  e não possuem o 
conhecimento da matéria, apenas reproduzem informações que lhes são 
repassadas.
Na jurisprudência,igualmente, encontramos ambas as posições, o que pode ser 
confirmado da leitura dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça.
Já Sérgio Cavalieri Filho defende uma terceira linha de pensamento, que, em regra, 
adota a posição de que não há solidariedade, exceto quando houver dolo ou 
culpa da empresa de comunicação. E, desse modo, afirma: “Em situações de 
patente publicidade enganosa ou quando a empresa de comunicação está 
Exemplo: Comercial de marca de roupa que mostra policiais militares do Rio de 
Janeiro revistando mulheres de forma abusiva. Tal publicidade existiu e foi 
considerada abusiva uma vez que incitava a violência, mostrava as mulheres como 
objetos e agredia a imagem da cidade. A marca chegou a pedir desculpas e retirou a 
campanha publicitária.
JurisprudenciaSolidariedadePropaga… 23 kB
http://www17.senado.gov.br/file/file/download/file/dXBsb2FkL2NvbXBvc2VyL18zMDMyMGYyYTA2N2E3ZTYwNDJiMDZiYjA1YTNmNGMwZi5kb2M=
ciente da incapacidade do anunciante de cumprir o prometido, não há como 
deixar de reconhecer a responsabilidade do veículo de comunicação por 
violação ao dever de vigilância sobre os anúncios que veicula".
Força vinculante da publicidade para o fornecedor
Estudamos na unidade anterior as formas de publicidade ilícita, quais sejam, a 
publicidade enganosa que induz o consumidor ao erro, e a abusiva, caracterizada 
pelo uso de mensagem inescrupulosa e ofensiva. Tratamos, ainda, neste módulo das 
origens da publicidade, bem como das diferenças entre publicidade e propaganda. 
Síntese
Como visto, a 
publicidade enganosa 
se resume ao uso de 
meios que induzem 
ao erro para 
convencer o 
consumidor a 
comprar um 
determinado produto 
ou contratar um 
serviço. A publicidade 
abusiva, por sua vez, 
caracteriza-se pelo 
uso de mensagem 
inescrupulosa e 
ofensiva para atingir 
seus meios.
Vamos, então, tratar sobre a vinculação da oferta, que chamamos de força 
vinculante.
Ao disciplinar a oferta em seção própria inaugurada pelo art. 30 e esmiuçada pelos 
artigos seguintes, o CDC inovou ao vincular o anunciante à oferta que este 
realiza. É o que chamamos de princípio da vinculação.
Em comparação com a prescrição do direito privado, na forma do art. 427 do 
Código Civil, o CDC diferencia-se na medida em que impede que o fornecedor 
venha a evadir-se de sua responsabilidade impondo limites e condições 
atrelados à sua oferta. Observe:
“Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos 
ou apresentados,obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e 
integra o contrato que vier a ser celebrado.”
Qual a relação entre o princípio da vinculação e o marketing?
O princípio da vinculação guarda estreita relação com o que nos acostumamos a 
chamar de “marketing”. Por “marketing” entenda-se o conjunto de estratégias e 
ações que provêm o desenvolvimento, o lançamento e a sustentação de um 
produto ou serviço no mercado consumidor.
Como podemos entender o termo “informação”, no artigo 30 do CDC?
O caput do art. 30 do CDC distingue informação de publicidade, acentuando, com 
isso, o alcance da vinculação à publicidade e, ao mesmo tempo, não descuidando de 
dar previsão a toda informação veiculada no interesse de alcançar o consumidor, 
ainda que não faça parte de uma peça publicitária propriamente dita.
Informação, para os fins que aqui se discute, é toda manifestação do fornecedor 
que não seja considerada anúncio.
Como entender o termo “suficientemente precisa”?
Por “suficientemente precisa” é de se conceber que o simples exagero não é 
suficiente para vincular o fornecedor. Os casos em que o anúncio promete, por 
exemplo, “a melhor pizza do bairro” ou “o melhor óleo de motor do mercado” 
não contêm precisão suficiente para gerar a obrigação do fornecedor. 
Entretanto, caso este utilize o mesmo expediente para algo que pode 
ser aferido com certa tranquilidade, como “o melhor preço da cidade” 
ou “o café mais barato do Brasil”, a vinculação passa a ser possível.
E se o fornecedor recusar-se a cumprir sua oferta ou mesmo se este sequer 
possui os meios para o seu cumprimento?
Preceitua o CDC, em seu art. 35, que:
“Art. 35.Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre 
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou 
publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.”
E em sites de Internet que promovem a compra coletiva?
Nos dias atuais, tem sido cada vez mais comum a oferta de produtos e serviços por 
meio de sítios na Internet que promovem a compra coletiva, opção em que, ao 
alcançar certo número de interessados de fato, o produto ou serviço anunciado é 
vendido por um preço normalmente abaixo do valor de mercado.
Com isso as queixas têm aumentado, e muitas vezes o fornecedor (ou a empresa 
por trás do sítio) que ofereceu o produto ou serviço não possui mais o produto em 
estoque. Ambos podem ser responsabilizados. Nesses casos, a restituição, nos 
moldes do inciso III, aparece como alternativa justa e viável.
E no ramo imobiliário?
Na seara imobiliária são facilmente detectáveis os exemplos da vinculação, quando 
no objetivo de atrair o cliente, o empreendedor ou vendedor promete mundos e 
fundos em relação ao acabamento do imóvel, sem honrar com suas promessas no 
momento da entrega das chaves.
Tendo por base o princípio da boa-fé objetiva, em que o fornecedor deve se
portar no sentido de cumprir os deveres anexos de lealdade, proteção, 
informação, confiança e cooperação, resta subentendido que a oferta integrará o 
contrato firmado, independentemente de estar ou não contida nas cláusulas escritas 
deste.
Como o consumidor deve se prevenir?
Desse modo, de nada adianta ao fornecedor prometer e depois escusar-se de sua 
responsabilidade alegando que aquilo não fora pactuado, uma vez que não consta 
da redação. E, por isso, é importante que o consumidor guarde toda peça de 
publicidade onde constem as ofertas, com o fim de facilitar a comprovação do 
que ocorreu.
E quando há erro ou engano na publicidade?
Cumpre diferenciar a oferta daqueles casos em que é latente que o preço foi 
veiculado com base em erro.
Exemplo: Se um aparelho de TV específico tem o valor médio de mercado de R$ 
5.000,00, uma oferta dele por R$ 50,00, ou seja, 1% do valor real, é provavelmente 
um erro de digitação ou de entendimento de quem se responsabilizou pela edição 
da publicidade.
Utilizando o mesmo exemplo, se a mesma TV é ofertada por R$ 4.500,00, é razoável 
entender que se trata de uma oferta com desconto de 10% do valor normal.
Nesse último caso, não poderá o fornecedor se eximir do cumprimento da oferta.
Agora que você está apto a identificar a origem da publicidade e seu contexto atual, 
pronto para diferenciar as formas de publicidade ilícita, reconhecer as forças 
vinculantes da propaganda para o fornecedor e como o consumidor pode se 
preservar, siga em frente!
Módulo IV – As práticas abusivas.
Unidade 1 – As práticas abusivas e o Código de Defesa do Consumidor.
Unidade 2 – Venda casada.
Unidade 3 – Recusa de contratar pelo fornecedor.
nidade 4 – Execução de serviço sem orçamento prévio.
Unidade 5 – Cobrança de dívidas.
Módulo IV - As Práticas Abusivas
As práticas abusivas e o CDC
Vimos, nas unidades anteriores, como diferenciar publicidade de propaganda e a 
identificar suas práticas ilícitas. Vamos, agora, especificar algumas das práticas abusivas 
previstas no Código de Defesa do Consumidor.
 O que são as práticas abusivas?
As práticas abusivas dizem respeito a toda atitude contrária ao senso comum que 
afronta quaisquer benefícios ou direitos do consumidor, despreza o costume 
comercialou se utiliza do abuso de direito.
Os fornecedores deveriam agir corretamente para não se enquadrarem no rol 
exemplificativo do artigo 39 do CDC, ou seja, nos seguintes quesitos:
 
Das Práticas Abusivas
ForcaVinculanteDaPublicidadeParaFo… 17 kB
Introdução ao Direito do Consumid… 164 kB
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de 
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas 
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua 
idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus 
produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as 
partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no 
exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo 
com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas 
não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade 
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 
Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se 
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços;
XI - (Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em 
inciso  XIII, quando da converão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999);
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a 
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério;
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente 
estabelecido.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao 
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, 
inexistindo obrigação de pagamento.
Venda casada
Na unidade anterior, vimos o conceito de práticas abusivas e os exemplos previstos 
no art. 39 do CDC. Vamos, nesta unidade, conhecer a primeira das quatro práticas 
que mais causa danos ao consumidor, prevista no inciso I. A saber: a venda casada.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de 
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
(...)
Síntese
O Código de Defesa do 
Consumidor elenca, em 
seu art. 39, diversas 
práticas que afrontam 
o consumidor, 
desprezam o costume 
comercial ou se 
utilizam do abuso de 
direito.
Como o CDC entende a venda casada?
 O CDC explica a “venda casada” como sendo condicionar o fornecimento de um 
produto ou serviço, ao fornecimento de outro. A melhor maneira de entender a 
venda casada consiste nos exemplos que o dinamismo das ofertas e inserção 
de marketing têm a oferecer aos consumidores, sejam na forma de serviços, nas 
gôndolas de supermercados, nos restaurantes etc. Resta saber até que ponto 
podem os comerciantes se utilizar das chamadas vendas casadas para que 
assim sejam consideradas.
Exemplos de venda casada
Supermercado - Vejamos o mais simples exemplo do supermercado, quando 
vincula um certo produto a determinada quantidade, como nas promoções "leve 3, 
pague 2". A venda casada se configuraria caso o supermercado não oferecesse o 
produto isolado, ainda que por preço maior. A venda casada ilegal ocorre quando 
o consumidor não tem a opção de comprar somente um produto. Colocar preço 
especial para quem leva mais do mesmo produto não é venda casada.
Telefonia móvel e fixa  - Serve de exemplo a vinculação do valor de um telefone 
móvel a determinado plano de serviço, desde que fidelize junto à prestadora de 
telefonia. Não há obrigação de oferecer esse aparelho pelo melhor preço ofertado 
para todos, independente do plano; o que não pode é a prestadora não dar ao 
cliente a opção de comprar o produto sem fidelização, ainda que seja mais caro.
 Ver legislação (art. 40 da Resolução 477, de 07/08/2007, que trata do Regulamento 
de Serviço Móvel Pessoal).
Quanto aos serviços, caso uma determinada prestadora de telefonia ofereça um 
pacote com linha telefônica, internet e televisão a cabo, por um valor promocional: 
trata-se de venda casada?
Existindo a opção de contratar qualquer uma dessas opções em separado, não 
há o que falar em venda casada. Mais difícil é separar os serviços de telefonia 
fixa e internet banda larga, principalmente quando esta última é prestada via 
ADSL, que necessita da linha telefônica fixa para funcionar. Ainda assim, é
direito do consumidor receber esses serviços isoladamente, caso assim queira.
http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=51775&assuntoPublicacao=Regulamento%20do%20Servi%E7o%20M%F3vel%20Pessoal%20-%20SMP&caminhoRel=Cida&filtro=1&documentoPath=biblioteca/resolucao/2002/anexo_res_316_2002.pdf
A seguinte decisão revela essa mesma orientação: “Apelação cível.  AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. CONTRATO DE FIDELIZAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL. 
VALIDADE. OPÇÃO DE COMPRA CONCEDIDA AO CONSUMIDOR.
1. A estipulação de multa de fidelização em contrato telefônico, por si só, não é nula, 
desde que a contrapartida de sua estipulação prime pelo equilíbrio contratual. 
(Precedentes).
telefoniaMovel.pdf 34 kB
A realidade é que 
atualmente a 
necessidade de 
inclusão digital induz 
o consumidor, carente 
de informação e em 
posição vulnerável, a 
consumir dois 
serviços quando 
queria somente um.
Para refletir
Você já percebeu que 
as lojas de telefone 
celular sempre têm 
dois preços para os 
celulares: um valor para 
aquisição no plano pré-
pago e outro para o 
pós-pago. Você nunca 
se perguntou por quê?
http://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/992580/mod_book/chapter/73871/telefoniaMovel.pdf
2. A  multa prevista no contrato tem natureza jurídica de cláusula penal e objetiva 
prefixar o valor das perdas e danos sofridos pela operadora, no caso de o assinante 
infringir o prazo de fidelidade.
3. O consumidor pode comprar ou não o aparelho celular, com ou sem desconto. Se 
com desconto, em contrapartida, fica vinculado à operadora pelo prazo de 
carência estipulado no contrato, salvo, dentre outras, nas hipóteses de fortuito, 
extravio ou furto do aparelho, casos em que se admite a rescisão do negócio 
jurídico, sem ônus para o consumidor.
4. Recurso conhecido e desprovido, sentença mantida. (TJDFT - 
20060111303538APC, Relator JOÃO BATISTA TEIXEIRA, 3ª Turma Cível, julgado em 
09/02/2011, DJ 17/03/2011, p. 182).
Serviços bancários - Nos serviços bancários, também se condicionam a abertura 
de conta ou a aquisição de empréstimo a outros serviços, cuja vinculação não 
tem nenhuma explicação para tais contratações, senão onerar o consumidor. 
Ver legislação.
Ver jurisprudência: para terminar e aguçar ainda mais o seu interesse, vamos 
conhecer o voto do acórdão, com o intuito de aprofundar sobre o significado da 
prática abusiva de venda casada.
Vejamos também os exemplos colacionados pelo Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal e Territórios em obra disponibilizada em seu site sobre o CDC.
STJ - Jurisprudência do STJ.pdf 125 kB
Síntese
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre=Resp+804202+Nancy+sfh+negociais&b=ACOR
Na unidade anterior, vimos o conceito de “venda casada”, a primeira dasquatro 
práticas que mais causam danos ao consumidor. Agora estudaremos a “recusa de 
contratar pelo fornecedor”. Vejamos o CDC, art. 39: 
Das Práticas Abusivas
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas:
(...)
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de 
suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;   
          (...)
A vedação à recusa em vender ou fornecer um produto ao consumidor, conforme o 
artigo citado, revela que o intuito do fornecedor deve ser oferecer seu produto ou 
serviço e se inserir no mercado. Não se poderia imaginar sua atuação de forma 
diferente, já que está obrigado a vender o produto ou prestar o serviço se assim for 
solicitado.
Tal regra não pode ser analisada sem a vinculação da oferta, prevista no art. 30 do 
CDC, pela mesma razão aqui explicitada. Confira:
 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada 
por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços 
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se 
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
 
Como vimos, o CDC 
explica o termo "venda 
casada" como sendo o 
condicionamento do 
fornecimento de um 
produto ou serviço, ao 
fornecimento de outro, 
sendo essa prática 
considerada abusiva.
Ora, a oferta nada mais significa que atrair o consumidor a determinado 
estabelecimento, faltando motivos ao fornecedor para se recusar a oferecer o 
produto ou serviço ofertado. Aliás, a oferta sugere que o consumidor compre o 
produto ou contrate o serviço, ainda que tal venda não seja feita no 
estabelecimento, como a possibilidade de compra pela Internet, por exemplo.
O motorista de táxi, pelo CDC, não poderia se recusar em fazer uma corrida, ainda 
que a distância seja pequena, segundo exemplo colocado pela nossa doutrina.
Vale recordar outra prática abusiva, cujo assunto está interligado com a recusa de 
contratar do fornecedor.
Trata-se do art. 39, inciso IX, que veda recusar a venda de bens ou a prestação 
de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto 
pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais. Nessa 
situação, por pronto pagamento entenda-se a moeda brasileira e não o cheque, 
haja vista que o cheque se trata de uma ordem de pagamento, e sua efetivação 
como preço dar-se-á apenas com a sua compensação.
Síntese
Conforme o art. 39 do 
CDC, é considerada 
prática abusiva a 
recusa ao 
atendimento às 
demandas dos 
consumidores, assim 
como descumprir 
oferta veiculada e 
recusar a venda de 
bens ou a prestação de 
serviços diretamente a 
quem se disponha a 
adquiri-los mediante 
pronto pagamento.
Execução de serviço sem orçamento prévio
Vistas duas das práticas abusivas consideradas pelo CDC (venda casada e 
recusa de contratar pelo consumidor), vamos entender a terceira: 
execução de serviço sem orçamento prévio.
. O CDC e a execução de serviço sem orçamento prévio:
O Código de Defesa do Consumidor veda também a feitura de um determinado
serviço sem que o consumidor saiba quanto vai despender e se o mesmo 
autorizou a realização do serviço. Veja a redação do artigo 39, inciso VI:
“VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as 
partes;”
Esse artigo deve ser analisado juntamente com o artigo 40, que trata 
especificamente da questão do orçamento prévio:
“Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor 
orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e 
equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as 
datas de início e término dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 
dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e 
somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da 
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.”
Basta que o orçamento esteja feito?
Vale mencionar que a simples elaboração do orçamento não viabiliza a realização 
do serviço: é necessário que haja autorização expressa do consumidor.
Assim também entende o STJ, quando adota os posicionamentos abaixo transcritos 
sobre o tema. Observe:
“O art. 39, VI, do Código de Defesa do Consumidor, determina que o serviço 
somente pode ser realizado com a expressa autorização do consumidor. Em 
consequência, não demonstrada a existência de tal autorização, é imprestável a 
cobrança, sendo devido, apenas, o valor autorizado expressamente pelo 
consumidor." 
“Se o consumidor deixa de impugnar os valores cobrados pelos serviços 
prestados, não discordando, por conseguinte, do montante da dívida, não se 
há falar em prática abusiva pelo fornecedor, mesmo que ausente o orçamento 
prévio. 
ExecucaoDoServicoSemOrcamentoPr… 33 kB
Síntese
Como vimos no art. 
39, inciso VI, o CDC 
veda a execução de 
um determinado 
serviço sem que o 
consumidor tenha 
conhecimento do 
valor que será 
cobrado e sem sua 
autorização expressa. 
Porém, esse artigo 
deve ser analisado 
juntamente com o art. 
40, que trata 
especificamente da 
questão do 
orçamenteo prévio.
Cobrança de dívidas
Finalizaremos o módulo com a última prática abusiva relacionada pelo Código: 
a forma de cobrança de dívidas.
Primeiramente, observemos como o assunto está normatizado pelo CDC:
“Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto 
a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, 
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao 
consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no 
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – 
CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. (Incluído pela Lei nº 
12.039, de 2009)”
Há de se esclarecer que causar vexame, transtorno ou medo gera uma 
situação muito constrangedora para qualquer ser humano, ainda que 
seja devedor. 
Exemplo: Pode-se ilustrar essa situação por meio do filme “Os delírios de consumo 
de Becky Bloom”, cuja protagonista tem compulsão por compras, e gasta muito em 
cartões de crédito. No decorrer da história, com uma dívida de milhares de dólares, 
um determinado cobrador liga e manda correspondências continuamente para a 
sua casa. Impossibilitada de pagar, a protagonista inventa mil desculpas. Até que, 
por força do destino, ela consegue o emprego de consultora de economia pessoal 
numa revista e ganha prestígio nacional. Mas o cobrador continua a persegui-la.
Quer saber o final dessa história de cobrança que causa vexame? Procure assistir ao 
filme, que além de tudo proporciona boas risadas.
Então, como podem ser cobradas as dívidas, na prática?
Existem formas específicas de se proceder à cobrança de dívidas: a judicial e a 
extrajudicial.
Vamos entendê-las:
Cobrança judicial: possui todo um rito próprio, que foi modificado para inserir 
como principal forma de pagamento o dinheiro, tornando-se mais fácil sua utilização.
Cobrança extrajudicial: não possui rito ou forma previamente delineado, e é onde 
por vezes a criatividade de cobradores chega ao inadmissível e à ilegalidade, 
tantas são as maneiras inventadas para que o devedor seja compelido a 
efetuar o pagamento.
Síntese
Como vimos, a 
cobrança de dívidas 
de consumidores deve 
respeitar normas 
estabelecidas pelo 
CDC, para evitar 
constrangimentos aos 
devedores. Os abusos 
comumente são

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