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HIDROGEOGRAFIA Professor Me. Rodrigo Batista de Oliveira GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Rodrigo Batista de. Hidrogeografia. Rodrigo Batista de Oliveira. (Reimpressão revista e atualizada) Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. Reimpresso em 2021. 176 p. “Graduação - EaD”. 1. Hidrogeografia. 2. Geografia. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0272-0 CDD - 22 ed. 658.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Coordenador de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Isabela Agulhon Ventura Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Victor Augusto Thomazini Revisão Textual Maraisa Daiana da Silva Talita Dias Tomé Ilustração André Luís Onishi Bruno Cesar Pardinho Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Rodrigo Batista de Oliveira Possui graduação em Geografia (Licenciatura) pala (UEM) Universidade Estadual de Maringá (2007) e graduação em Geografia (bacharelado) pela (UEM) Universidade Estadual de Maringá (2008). Especialista pela FAFIMAN em Meio Ambiente e Recursos Hídricos (2009). Mestre em Geografia pela (UEM) Universidade Estadual de Maringá (2012). Professor do Colégio SESI Maringá e do Curso de Licenciatura em Geografia do Núcleo de Educação a Distância (EAD) do Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR). Têm experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Física, atuando principalmente nos seguintes temas: Bacias Hidrográficas, Dinâmica Ambiental, Educação Ambiental, Geologia Básica, Pedologia, Fisiologia da Paisagem e ensino de Geografia. A U TO R SEJA BEM-VINDO(A)! O objetivo da Hidrogeografia é o estudo da circulação da água no Planeta, bem como as principais consequências causadas pelo consumo humano. Esse estudo é feito a partir da análise em várias escalas, seja na esfera global com oceanos e mares, regional com as bacias hidrográficas e as locais com o estudo de fundo de vales. Os fenômenos hidroge- ográficos tornam-se visíveis em diferentes escalas de tempo: milenar, centenária, anual, mensal, diária e horária. Os métodos quantitativos, em concomitância com os qualitati- vos, são, assim, essenciais nesta disciplina. Caro(a) aluno(a), apesar de a água doce ser um recurso sem fim, grande parte dela não está disponível. Como muitos países retiram mais do que necessitam acabam pressio- nando os ecossistemas. Quando os rios não são mais suficientes para suprir o uso de água para a irrigação, a água é captada em reservatórios subterrâneos, reduzindo o nível do lençol freático. Quanto maior é o volume de captação em relação à disponibilidade de água renovável, maior estresse hídrico tende a ocorrer. Nos últimos anos a questão ambiental, principalmente o uso dos recursos hídricos, tem sido o foco da atenção de diversos profissionais de diferentes áreas, pois, no ímpeto de ver saciadas todas as suas necessidades, o homem passou a explorar a natureza de for- ma predatória e agora surge a necessidade de se estabelecer um desenvolvimento que possibilite proteger e explorar de forma racional os recursosda natureza. Um desenvol- vimento sustentável no qual o crescimento econômico esteja em sincronia com o meio ambiente, preservando a vida em todas as suas dimensões. Nesse viés, vários estudos têm sido desenvolvidos relacionando as questões ambientais à hidrogeografia e as bacias hidrográficas, por esta configurar uma unidade dinâmica do ponto de vista hidrológico, geomorfológico e histórico, no sentido de ocupação e ordenamento territorial. Devido essas características, as bacias hidrográficas são consi- deradas como unidades básicas por serem unidades integrativas e com expressividade e importância espacial. Os dados estabelecidos a partir de estudos hidrogeográficos são determinantes para a interpretação da dinâmica do relevo e, consequentemente, da análise evolutiva da paisagem. Portanto, entender a dinâmica hídrica e a dinâmica da paisagem envolve a identificação de diversos atributos que também compõem o ambiente, não apenas os aspectos de ordem física, mas também o componente humano atrelado ao socioeconô- mico, com o fim de exercerem influência na paisagem ao imprimir mudanças na mesma. Assim sendo, caro(a) aluno(a), este Livro de Hidrogeografia foi dividido em 5 unidades. A unidade I apresenta a análise das águas superficiais continentais e oceânicas, o estudo e análise do ciclo hidrológico, a distribuição de maneira qualitativa e quantitativa da água doce no planeta, a dinâmica da geomorfologia fluvial e as formas do relevo, a morfolo- gia e distribuição das águas oceânicas e, por fim, trata das Águas Glaciais. Na unidade II analisamos a dinâmica das águas subterrâneas, as características dos aquí- feros profundos/lençóis freáticos, o processo de Infiltração, de circulação e distribuição das águas e, por fim, a classificação das águas subterrâneas. APRESENTAÇÃO HIDROGEOGRAFIA A unidade III teve como objetivo o estudo das Bacias hidrográficas, do planejamento territorial e da gestão ambiental. Além disso, trata da análise de como se constroem os padrões de drenagens e morfologia de canais fluviais, a definição e delimitação de bacia hidrográfica, a utilização prática do modelo de fragilidade potencial natu- ral, a verificação da lei nacional das águas, análise da legislação federal e o estudo dos comitês de Bacias hidrográficas no Brasil. A unidade IV traz uma análise de como se distribui a hidrografia brasileira, sua dis- tribuição e delimitações, bem como trata sobre o potencial energético brasileiro. E, para finalizar, a unidade V fala sobre o uso e distribuição dos Recursos Hídricos, bem como a demanda e crise hídrica, os impactos antrópicos em recursos hídricos superficiais e subterrâneos. `Portanto, caro(a) aluno(a), o livro propõe o estudo e análise dos aspectos que cir- cunscrevem a ciência hidrogeografia, possibilitando a melhor representação das di- ferentes formas e feições físicas das águas superficiais e subterrâneas. Cabe a você, profissional da Geografia, dominar e compreender os espaços geográficos ocupa- dos pelos recursos hídricos, seu consumo e produção. Espero que este livro possa contribuir para sua formação. Boa Leitura APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I ÁGUAS SUPERFÍCIAIS CONTINENTAIS E OCEÂNICAS 15 Introdução 16 Ciclo Hidrológico 20 Abundância e Distribuição da Água Doce no Planeta 24 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo 34 Morfologia e Distribuição das Águas Oceânicas 36 Águas Glaciais 41 Considerações Finais UNIDADE II ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 51 Introdução 52 Aquíferos Profundos 55 Infiltração, Circulação e Distribuição das Águas 61 Classificação das Águas Subterrâneas 63 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III BACIAS HIDROGRÁFICAS, PLANEJAMENTO TERRITORIAL E GESTÃO AMBIENTAL 73 Introdução 74 Definição e Delimitação de Bacias Hidrográficas 77 Padrões de Drenagens e Morfologia de Canais Fluviais 84 O Modelo de Fragilidade Potencial Natural 92 Lei Nacional das Águas: Análise da Legislação Federal 96 Os Comitês de Bacias Hidrográficas 99 Considerações Finais UNIDADE IV HIDROGRAFIA BRASILEIRA 107 Introdução 108 As Regiões Hidrográficas do Brasil 134 Potencial Energético Brasileiro 139 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V RECURSOS HÍDRICOS 149 Introdução 150 Demanda e Crise Hídrica 154 Impactos Antrópicos em Recursos Hídricos Superficiais 157 Impactos Antrópicos em Recursos Hídricos Subterrâneos 161 Considerações Finais 167 CONCLUSÃO 169 REFERÊNCIAS 175 GABARITO U N ID A D E I Professor Me. Rodrigo Batista de Oliveira ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Objetivos de Aprendizagem ■ Demonstrar o Ciclo Hidrológico e suas principais características. ■ Apresentar a abundância e distribuição da água doce no planeta. ■ Compreender a morfologia e distribuição das águas oceânicas, geomorfologia fluvial e as águas glaciais. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ciclo hidrológico ■ Abundância e distribuição da água doce no planeta ■ Geomorfologia fluvial e as formas do relevo ■ Morfologia e distribuição das águas oceânicas ■ Águas Glaciais INTRODUÇÃO Caríssimo(a) aluno(a), por se tratar de um “artigo” de suma importância para a sobrevivência das espécies animais e vegetais, a água vem se tornando foco de trabalho e estudo de diversos profissionais, pois nos últimos anos estamos vivenciando um momento crítico no que diz respeito ao aumento do consumo e a preocupação em como gerenciamos pois trata pois se trata vital à sobrevi- vência da espécie humana. A água é o elemento constituidor da hidrosfera, distribuído em três locais principais: oceanos, continentes e atmosfera. Portanto, nessa primeira unidade estudaremos o ciclo hidrológico e as muitas teorias que tentam explicar como surgiu a água no planeta, bem como sua distribuição espacial. Nesse contexto, veremos que as atividades humanas para a produção de bens e a consequente poluição têm ameaçado a disponibilidade da água, que é um recurso limitado, para o consumo. Estudaremos, também, nessa unidade, a geomorfologia fluvial, formas do Relevo e tectônica de placas, informações que nos dará a base teórica para as unidades subsequentes, por tratarem de assuntos que possibilitam uma melhor análise dos processos hidrodinâmicos. Caro(a) aluno(a), outro aspeto muito relevante quando falamos de hidro- grafia é o Sistema Glacial, ou águas glaciais (água no estado sólido), formados por geleiras nas quais o gelo apresenta movimento. Nesse sistema, comumente, o gelo acumula-se mais rapidamente do que o derretimento a cada ano. É nesse sistema que se concentra a maior parte da água doce do planeta, daí a necessi- dade de um olhar diferenciado da morfologia das regiões glacias. Desta forma, certamente essa unidade I de estudo lhe possibilitará uma melhor visão com relação à morfologia dos corpos de água, distribuição, uso e consumo da água, em seus diferentes estados, seja ele gasoso na atmosfera, líquidos nos oceanos, mares, rios e lagos e sólido nas geleiras, pois a análise e domínio desse conteúdo é próprio do professor de Geografia. 15 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I CICLO HIDROLÓGICO Caro(a) aluno(a), muitas teorias tentam explicar como surgiu a água no planeta. Uma das mais aceitas pelos cientistas afirma que esse recurso natural teria se ori- ginado durante o processo de formação da Terra. Segundo essa teoria, há mais de 3 bilhões de anos, as rochas que estavam se consolidando na superfície da Terra liberaram uma grande quantidade de gases. A combinação destes gases teria originado vapor d’água, que sucessiva- mente transformava-se em chuva e novamente em vapor. Ou seja, a água da chuva evaporavaem função das altas temperaturas, antes mesmo de chegar ao solo extremamente quente. Esse ciclo de evaporação e precipitação teria gerado um grande dilúvio, uma vez que gigantescas quantidades de vapor se acumularam na atmosfera sob forma de nuvens tão densas que, por um longo período (aproximadamente 100 milhões de anos), impediram que a luz do sol atingisse a superfície do pla- neta, o que potencializou o resfriamento do planeta. Com o passar do tempo, a águas provenientes dessas precipitações se acumularam nas partes mais baixas do relevo, originando lagos, mares e oceanos. A água da chuva também teria provocado o intemperismo químico, que desagregou as rochas, formando os solos. Esse processo liberou nos ambientes inúmeros elementos químicos, dentre eles uma enorme quantidade de cristais de sal que acabaram escoando para o mar, tomando-o salino. De maneira geral todos os tipos de rochas têm na sua composição química diferentes tipos de sais, com a chuva esses sais são transportados pelos rios e depositados no mar, assim salinizando a água do mar. 17 Ciclo Hidrológico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O ciclo hidrológico, também conhecido como ciclo da água, tem início com a energia térmica solar incidindo sobre a superfície terrestre. A água, então, é trans- ferida da superfície terrestre para a atmosfera, passando do estado líquido para o gasoso. Isso ocorre pela evaporação da água de rios, lagos e oceanos, pela transpi- ração de plantas e dos animais (efeito conhecido como evapotranspiração) e pela passagem direta da água da condição sólida para a de vapor, processo chamado sublimação. Desta forma, o ciclo hidrológico é composto por precipitação, inter- ceptação vegetal, infiltração, evaporação e transpiração e escoamento superficial. De acordo com Machado (2010, p. 74): No mecanismo natural do ciclo hidrológico, como uma das funcionali- dades da Terra, deve-se entender que a água é o elemento constituidor da hidrosfera, distribuído em três reservatórios principais: oceanos, continentes e atmosfera. A integração entre estes se dá por meio de uma circulação contínua que é responsável pela renovação da água no planeta denominado de ciclo da água ou ciclo hidrológico. De tal modo, a água é componente fundamental da dinâmica da natureza, além de garantir a vida no planeta, tem uma enorme mobilidade, devido aos seus esta- dos sólido, líquido e gasoso. A constante mudança da água de um estado para o outro gera o ciclo hidrológico. (Figura 1). O intemperismo químico é a mudança na estrutura química dos minerais componentes das rochas que provoca um processo de decomposição. A magnitude deste processo está associada com a temperatura, umidade e vegetação, com ocorrência mais frequente nas áreas intertropicais. Fonte: Teixeira (2003). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Figura 1: Ciclo Hidrológico Ainda de acordo com Machado: O movimento contínuo e dinâmico que transporta água de um lugar para outro é mantido pela energia solar e pela gravidade por meio da evaporação, transpiração, sublimação, condensação, precipitação, infil- tração, escoamento superficial, de acordo com as leis físicas que diri- gem essa ciclicidade. Os fenômenos que permitem o ciclo hidrológico é a coexistência dos três estados (sólido, líquido, gasoso), os quais impli- cam em transferências contínuas de um estado para outro. Por ser des- sa forma, o principio dos processos que desencadeiam esse movimento da água, tem início a partir da energia solar que incide sobre a Terra. (MACHADO, 2010, p. 74). A Precipitação, depois de condensada a partir do vapor de água contida na atmosfera, cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva, granizo, neve. No ciclo hidrológico, a chuva pode ser identificada pelo volume total, pela dura- ção e pela intensidade. Sendo que o volume total da precipitação se mede em milímetros, enquanto que a duração se dá pelo período de tempo que a preci- pitação ocorre e a intensidade se dá na quantidade de milímetros mais o tempo de precipitação. 19 Ciclo Hidrológico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A interceptação vegetal refere-se à parte da água da chuva retida pela copa das árvores ou absorvida pelas raízes das plantas, que retorna para a atmos- fera em forma de transpiração ou evaporação. A infiltração é o fluxo de água da superfície terrestre que penetra o solo. A água infiltra-se por debaixo da terra, formando um aquífero ou lençol freático (fluxo sub-superficial). Além disso, pode escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou oceano (fluxo super- ficial), reiniciando o clico. A quantidade e a velocidade com a qual a água circula nas diferentes fases do ciclo hidrológico são influenciadas por diversos fatores, entre eles a cobertura vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo, geologia e ação antrópica. A alteração produzida pelos seres humanos sobre os ecossistemas pode modi- ficar parte do ciclo hidrológico, tanto na quantidade quanto na qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Entre as ações humanas prejudiciais estão o aterramento de áreas alagáveis, desmatamento, a alteração da rede de drenagem natural (rios), a impermeabili- zação do solo causado pelo asfaltamento e cimento, o que dificulta a penetração da água da chuva, entre outras ações. A urbanização, de maneira geral, provoca alterações no ciclo hidrológico. De acordo com Machado (2010), o ciclo hidro- lógico responsável pela renovação da água no planeta é de suma importância à manutenção das florestas e seus respectivos ecossistemas, a fim de prosseguir com o equilíbrio dinâmico natural no planeta Terra. O impacto decorrente da alteração do uso do solo reflete-se em todos os componentes do ciclo hidrológico, como no escoamento superficial, na re- carga dos aquíferos, na qualidade da água e no transporte de sedimentos. Fonte: MMA (2006). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I ABUNDÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA DOCE NO PLANETA Caríssimo(a) aluno(a), as águas cobrem cerca de 70% de toda a superfície do planeta terra. Desse montante, aproximadamente, 97,5% é água salgada e ape- nas 2,5% doce. Do total de água doce, cerca de 1% está disponível ao consumo humano e o restante se encontra em geleiras, nas neves eternas das montanhas e em subsolos congelados. Porém a utilização desse recurso não é igual em todo o planeta, como afirma ANA (2009): Em muitos países em desenvolvimento, a irrigação é responsável por mais de 90% da água extraída das fontes disponíveis. Na Inglaterra, onde há chuvas abundantes o ano todo, a água usada na agricultura res- ponde por mais de 1% do uso humano. Em contrapartida, no mesmo continente, a água usada para irrigação na Espanha, Grécia e Portugal excedem 70% do uso total. [...] no entanto precisamos de mais água para produzir alimentos para os 3 bilhões de novos habitantes que o planeta Terra terá nas próximas décadas. A produção mundial de ali- mentos no futuro está ameaçada pela crescente competição pela água e pelas práticas de irrigação. (ANA, 2009, p. 9). África Américas Ásia Europa Oceania Brasil 18% considerando as contribuições oriundas de território estrangeiro 9,7% 39,6% 31,8% 15% 3,9% 12% do total mundial Brasil América Central América do Norte América do Sul 6,5% 32,2% 61,3% 34,9% do total das Américas 56,9% do total da América do Sul 267.310 m3/s (8.430 km3/ano) Produção hídrica brasileira com contribuição externa: Distribuição da Água Doce Super�cial no Continente Americano Produção hídrica brasileira sem contribuição externa: Distribuiçãodos Recursos Hídricos no Brasil Águas Doces Super�ciais no Brasil 179.516 m3/s (5.661 km3/ano) Norte 68% Centro-Oeste 16% Nordeste 3% Sudeste 7% Sul 6% 21 Abundância e Distribuição da Água Doce no Planeta Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . África Américas Ásia Europa Oceania Brasil 18% considerando as contribuições oriundas de território estrangeiro 9,7% 39,6% 31,8% 15% 3,9% 12% do total mundial Brasil América Central América do Norte América do Sul 6,5% 32,2% 61,3% 34,9% do total das Américas 56,9% do total da América do Sul 267.310 m3/s (8.430 km3/ano) Produção hídrica brasileira com contribuição externa: Distribuição da Água Doce Super�cial no Continente Americano Produção hídrica brasileira sem contribuição externa: Distribuição dos Recursos Hídricos no Brasil Águas Doces Super�ciais no Brasil 179.516 m3/s (5.661 km3/ano) Norte 68% Centro-Oeste 16% Nordeste 3% Sudeste 7% Sul 6% Figura 2: Dados da distribuição da água doce no mundo. Fonte: ANA (2009, p. 5). A distribuição de água doce no planeta é considerada desigual. Alguns países se encontram em regiões muito secas, como no norte da África e no Oriente Médio. Contudo, outros países dispõem desse recurso com abundância. O Brasil é deten- tor de 12% da reserva hídrica do planeta, mas esse recurso não está presente de forma equilibrada na distribuição do território. Em seguida vem o continente americano que detém 39,6% e a Ásia com 31,8%. A Europa fica com 15% e o continente africano com apenas 9,7% das reservas hídricas (figura 2). Com o aumento da população mundial, do processo de urbanização, irriga- ção, da produção industrial e da atividade econômica em geral, o abastecimento de água doce no planeta fica ameaçado. As atividades domésticas, como banhos demorados, lavagem de calçadas e o vazamento na rede de fornecimento con- tribuem, e muito, para o risco de escassez de água potável. Para a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água para o consumo e higiene. No Brasil, esse número chega a 250 litros por dia. O desperdício estimado para torneira gotejando é de 46 litros por dia. Escovar os dentes por 5 minutos com a torneira entreaberta leva ao gasto de 12 litros de água. A limpeza de calçadas por 30 minutos gasta 280 litros, a limpeza de louça 110 litros, a lavagem de carro, em 30 minutos, necessita, em média, de 560 litros e o banho demanda 144 litros de água para cada 15 minutos. ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Com o desperdício se evidencia outra problemática com o uso da água, pois em grandes cidades, onde ocorre alta concentração populacional, a água potável é captada cada vez mais longe, o que encarece o abastecimento, fazendo com que este recurso não seja disponibilizado para toda a população. É grande o número de pessoas que não têm acesso à água tratada, um problema de saúde pública, que provoca inúmeras doenças. Mais de 3 bilhões de pessoas sofrerão a escassez de água em 2025, de acordo com os dados de 2009 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O acesso à água será, provavelmente, uma das causas de guerras na África até 2030, principalmente em regiões pobres que compartilham rios e bacias hidrográficas. Segundo o 3º Relatório das Nações Unidas sobre o desenvolvimento mundial dos Recursos Hídricos, em março de 2009 “o aumento cada vez maior do consumo de água vai exigir que os países estabeleçam políti- cas públicas para regular seu uso”. Fonte: Ana (2009). O Mundo não está “ficando sem água” o problema é que a água não está sempre disponível quando e onde o homem precisa. O clima, variações sa- zonais, secas e enchentes contribuem para as condições locais extremas. A água não está distribuída igualmente em todo o globo. Menos de 10 paí- ses concentram 60% do suprimento global de água doce disponível: Brasil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, EUA, Índia, Colômbia e a República demo- crática do Congo. Fonte: ANA (2009). 23 Abundância e Distribuição da Água Doce no Planeta Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Porém, notamos no mundo alguns casos de mudança nesse panorama como afirma ANA (2009): Em 2002, 83% da população mundial – por volta de 5,2 bilhões de pessoas tinham acesso a fontes adequadas de água doce. Alguns países africanos têm obtido rápido progresso na cobertura de água potável. Por exemplo, a Tanzânia possuía uma cobertura de somente 38% em 1990, mas passou a 73% em 2002; a Namíbia possuía 58% de cobertura em 1990 e em 2002 80% (ANA, 2009, p. 27). Contudo, mesmo com alguns sinais de mudança nesse cenário, ainda é necessá- ria a contribuição dos governos e da sociedade civil na busca de soluções para a crise da água. Reduzir o consumo e tratar a água já utilizada (Água de Reuso), tornando-a potável, poderiam ser algumas das ações que auxiliariam na solu- ção dessa problemática. Um dos maiores vilões dos desperdícios de águas encontrados nas residên- cias brasileiras é o banho, chegando a atingir aproximadamente 78% de todo o consumo doméstico. Fonte: ANA (2010). Litosfera Astenosfera Manto superior Manto inferior Figura 3: Astenosfera Fonte: http://imgarcade.com/1/manto-terrestre/. ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I GEOMORFOLOGIA FLUVIAL E AS FORMAS DO RELEVO Caro(a) aluno(a), para uma melhor análise e compreensão das dinâmicas hídri- cas das águas continentais (Geomorfologia Fluvial), faz-se necessário os estudos das formas do relevo, pois é sobre os diferentes tipos de relevo que se cons- troem padrões de drenagem distintos, que serão estudados com mais afinco na Unidade III desse livro. A crosta oceânica e continental e a parte superior do manto terrestre formam a litosfera (do grego, lithos, “pedra”). Logo abaixo dessa camada encontra-se a astenos- fera, onde ocorrem movimentos que arrastam a litosfera, provocando sua ruptura em placas, chamadas de tectônicas (figura 3). Hoje sabe-se que a litosfera é constitu- ída por cerca de 12 placas tectônicas (figura 4). Francis Bacon (1561-1626), filósofo inglês, levantou em 1620 a hipótese de uma possível união continental pretérita ao observar o encaixe do contorno da África e da América do Sul. Contudo, no início do século XX, o pesquisador alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) estava estudando as características climáticas do oce- ano Atlântico. Seus trabalhos apontavam que certos fósseis vegetais e animais encontrados em esca- vações no continente africano eram similares aos fósseis encon- trados na América do Sul, especialmente no território brasileiro. Ao aprofundar suas pesquisas, Wegener descobriu fósseis de plantas tropicais em regiões extrema- mente geladas do Hemisfério Norte (Figura 4). Figura 4: Limites das Placas Tectônicas Fonte: Placas... (online). 25 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Em posse dessas informações, começou-se a questionar como essas espécies teriam se distribuído por dois continentes diferentes. Nesse momento era importante entender como se deu a disseminação dessas plantas e animais em ambientes fisicamente tão distantes. Foi então que Wegener observou que os contornos continentais da América do Sul e da África sugeriam um possível encaixe, ou seja, que, em algum período pretérito, esses dois continentes foram uma única massa continental. Desta forma, ele passou a acreditar que em algum momento da evolução do planeta os atuais continentes não se encontravam nessa posição. Paraele, todas as massas continentais do planeta estiveram unidas em um só continente denominado Pangeia (pan = a “todos” e gea “terra”) e foram se separando lenta- mente, ao longo de milhares de anos. Assim foi proposta pela primeira vez, em 1912, em um evento científico, a teoria que passou a ser conhecida como Deriva Continental (figura 5). Podemos definir fósseis como: sinais, restos e marcas de seres vivos, seja animal ou vegetal que viveram em um período de tempo distintos do atual. Porém devido a fatores e condições favoráveis conservaram-se até o presen- te momento. Fonte: Teixeira (2003) . ©shutterstock ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Figura 5: Deriva Continental Nas décadas de 1940 e 1950, com os avanços tecnológicos (potencializados pela Segunda Guerra Mundial), muitas pesquisas foram desenvolvidas no oceano Atlântico. A descoberta da dorsal meso-oceânica no Atlântico, denominada dorsal Meso-atlântica, contribuiu efetivamente para se consolidar a teoria da tectônica de placas. Essa cadeia de montanha tem aproximadamente 84.000 km de comprimento por 1.000 km de largura (figura 6). Figura 6: Dorsal Meso-Atlântica 27 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Ao longo dessa formação foi identificada uma importante atividade magmática e a formação de rochas mais recentes (inferiores a 185 milhões de anos) do que as encontradas próximas ao continente africano e sul-americano, indicando, assim, um movimento de afastamento das placas. A teoria defendida por Wegener, confirmada somente no final da década de 1970, respondeu algumas perguntas dos cientistas, especialmente no que diz res- peito à origem das grandes cadeias de montanhas, como o Himalaia e os Andes e que estão localizados exatamente nos limites das placas tectônicas. Quando as placas se movimentam, chocam-se ou afastam-se, liberando grande quantidade de energia, ocasionando abalos sísmicos (terremotos) e vulcanismos. A liberação dessa energia também pode gerar dobramentos da crosta terrestre, ocasionando, assim, o surgimento das grandes cadeias montanhosas ao longo desse limite de placas tectônicas. Portanto, as placas tectônicas, continentais e oceânicas, são formadas por diferentes tipos de rochas, com diferentes idades, espessuras etc. A crosta continental vem sendo formada há pelo menos 3,96 bilhões de anos e possui grande diversidade de rochas. Já a crosta oceânica possui mais homo- geneidade que as rochas e é bem mais recente. A crosta oceânica do Atlântico possui, apenas, cerca de 180 milhões de anos. O estudo da tectônica de placas foi fundamental também para uma melhor análise e compreensão dos mecanismos de formação e modelagem dos diferen- tes tipos de relevo. Segundo Ross (2005): A superfície da Terra é o rígido suporte de apoio à sobrevivência dos homens de dos demais seres vivos. A parte superior da crosta terrestre ou litosfera que determina que a superfície da Terra é um dos com- ponentes do estrato geográfico, ao lado das massas líquidas, da baixa atmosfera e da biota. (ROSS, 2005 p. 17). Ainda de acordo com Ross (2005): Na superfície da Terra ou muito próxima dela, no interior da litosfe- ra, encontram-se os recursos minerais e energéticos que alimentam as complexas organizações econômicas. Aí também estão os solos, as águas continentais e oceânicas, as formas dos relevos e a atuação cli- mática que em conjunto facilitam ou não a ocupação e organização do espaço físico-territorial para as práticas agrícolas, as instalações de complexos industriais, implementação de cidades e os núcleos de colo- nização. (ROSS, 2005 p. 17). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Caro(a) aluno(a), nesta complexa relação, superfície da terra e ocupação humana, se faz necessário o melhor conhecimento das dinâmicas da crosta terrestre e suas diferentes modelagens, pois elas têm influência direta na dinâmica dos corpos líquidos, que sobre elas e interna a elas se desenham. (Figura 7). Deste modo, podemos diferenciar na superfície terrestre grande variedade de formas de relevo, como planícies extensas, montanhas elevadas e grandes depres- sões. Tais formas resultam da ação conjunta e antagônica dos agentes internos e externos de modelagens das formas do relevo. Os agentes internos, ou endógenos, estão relacionados com a dinâmica interna da crosta terrestre. O movimento das placas tectônicas e as atividades vulcâni- cas criam novos materiais rochosos, elevando parte da crosta terrestre e dando origem às cordilheiras, também conhecidas como cadeias orogenéticas. Porém, os agentes externos, ou exógenos, estão relacionados ao clima e seus principais elementos: precipitação e temperatura. Figura 7: Camadas da Terra. Fonte: adaptado de Infoescola. 29 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O intemperismo, a erosão e a deposição atuam na crosta terrestre, destruindo formas de relevo (erosão eólia) e ao mesmo tempo construindo outras (depósi- tos de matérias pela ação do vento, formando dunas). Ambos elementos atuam de modo diverso em cada parte da crosta, de acordo com as diferentes zonas climáticas. Comumente, os agentes internos são responsáveis pela criação de relevo, sobre- tudo do material rochoso, e os agentes externos por seu desgaste. Em ambientes tropicais úmidos, por exemplo, a chuva e os rios desempenham um papel funda- mental nos desgastes das rochas e na erosão e sedimentação proveniente dessa ação. Deste modo, os agentes internos são responsáveis pela existência de grandes formas dos relevos terrestres, como as cadeias orogenéticas e fossas abissais. Eles atuam na formação dos relevos terrestre principalmente por meio da movimen- tação e do choque das placas tectônicas. Algumas montanhas têm apenas origem vulcânica, sendo formada pelo acúmulo de materiais expulsos, provenientes de partes profundas da crosta terrestre, como piroclastos e lava. O raio médio da Terra (6.371 km), a crosta ou litosfera corresponde a valores médios de 40 km, com aproximadamente 70 km, nas partes mais espessas e 5 km nas menos espessas. Estes valores, comparado com a espessura média do manto (da ordem de 2.870 km) e ao raio médio do núcleo (3.840 km), são poucos significativos. Fonte: Ross (2005). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Os agentes externos operam pelo processo de degradação e agradação. Esses pro- cessos ocorrem em conjunto e simultaneamente, originando diferentes formas do relevo. A degradação é um conjunto de processos responsáveis pela destruição do material construído pelos agentes internos. O principal processo de degrada- ção do relevo é: o intemperismo, que transforma a rocha, química e fisicamente, em material friável (que se fragmenta facilmente). Já no processo de agradação, esses fragmentos de rochas denominados de seixo, areia, silte e argila são carregados e depositados em outras áreas. Isso ocorre mediante a ação do vento, dos rios e do gelo, que funcionam como agen- tes transportadores e essa forma de transporte dos fragmentos é comumente chamada de erosão. Quando o agente transportador perde energia, diminuindo sua capacidade de carregar e mover sedimentos, ocorre o processo de sedimen- tação ou deposição. Assim, caro(a) aluno(a), a atuação de ambos agentes, são responsáveis por gerar diferentes formas do relevo na crosta terrestre. As principais formas do relevo continental são as montanhas, os planaltos, as planícies e as depressões.As montanhas constituem as porções mais elevadas do relevo. Quando agrupa- das, formam as cordilheiras e os maciços. As montanhas criadas mais recentemente no tempo geológico (período ter- ciário há cerca de 65 milhões de anos) costumam ser mais altas, com vertentes (declives) mais íngremes e maior dissecação dos vales fluviais. Já as montanhas mais antigas, datadas do Arqueano e do Proterozoico (em torno de 4,5 bilhões e 600 milhões de anos atrás), geralmente apresentam, em virtude do maior tempo de atuação dos processos erosivos, menores altimetrias e vertentes mais suaves (figura 8). Essa dinâmica é recorrente em clima tropical muito comum no terri- tório brasileiro ex. Serra do Mar. Ross (2003). O processo de orogênese (do grego, oros, “montanha”) é o resultado dos movimentos horizontais da crosta terrestre (placas tectônicas) que dão ori- gem às cordilheiras, como Andes e Himalaia. Fonte: Ross (2003). 31 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Éon Era Período Época Milhões de anos Acontecimentos Fa ne ro zo ic o Ce no zo ic a Quaternário Holoceno 0.01 - Formação das atuais civilizações e construção do tempo histórico. Pleistoceno 1.8 - Surgimento do homem. Terciário Neógeno Plioceno 5.3 - Primeiros Hominídeos. Mioceno 24 - Formação dos atuais continentes / Deriva. Paleógino Oligoceno 33 - Surgimento das padrarias e dos campos. Eoceno 54 - Primeiros Roedores e Baleias. Paleoceno 65 - Domínio dos mamíferos na Terra. M es oz oi ca Cretáceo 142 - Extinção dos Dinossauros e de outras formas de vida. - Surgimento das aves e dos mamíferos. Jurássico 206 - Início da fragmentação dos continentes (Pangeia). Triássico 248 - Origem dos Dinossauros. Pa le oz oi ca Permiano 290 - União entre Gondwana e Laurásia na Formação do continente Pangeia. Carbonífero 354 - Surgimento e difusão dos répteis. Devoniano 417 - Primeiras formas de vegetação e origem das bacias sedimentares. Siluriano 443 - Primeiros animais terrestres. Ordoviciano 495 - Glaciação e surgimento dos primeiros peixes. Cambriano 545 - Primeiros animais invertebra-dos e algas marinhas. ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Pr ot er oz oi co 2.500 -Primeiras Formas de Vida. A rq ue an o 4.500 -Origem e formação da Terra. -Origem e formação das rochas e primeiras formas de relevo. Figura 8: Tabela Geológica Fonte: adaptado de Teixeira (2003). Os Planaltos são superfícies mais ou menos planas, situadas em diferentes alti- tudes e delimitadas por escarpas íngremes. A origem dos planaltos pode ser diversa. Por isso podem ser chamadas de planaltos de erosão, planalto vulcâ- nico e planalto tectônico. Um exemplo de planalto no Brasil é o planalto Central, localizado no território do estado de Goiás, de Minas Gerais, do Tocantins, de Mato Grosso, e de Mato Grosso do Sul. As Planícies são caracterizadas por formas planas ou pouco inclinadas, em que predominam os processos de deposição de sedimentos (agradação), como supracitado. Elas podem ser classificadas em planícies marítimas (ou costeira) e continentais. Ross (2005) define como planícies as formas do relevo que: Correspondem geneticamente às áreas essencialmente planas geradas por deposição de sedimentos recente de origem marinha, lacustre ou fluvial. Nessa categoria encontram-se grandes unidades, como, as pla- nícies do rio Amazonas, Guaporé, Araguaia e Paraguai, as planícies da lagoa dos Patos e Mirim e inúmeras outras pequenas planícies e tabu- leiros ao longo do litoral brasileira, bem como no interior do território. E estão geralmente associadas aos depósitos do Quaternário, principal- mente do Holoceno. (ROSS, 2005 p. 64). Caro(a) aluno(a), as depressões são regiões geográficas mais baixas que as áreas a sua volta (depressão relativa) ou mais baixas que o nível do mar (depressão absoluta). 33 Geomorfologia Fluvial e as Formas do Relevo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O processo de morfogênese das depressões pode estar associado aos agen- tes internos – como cratera de vulcões desativados – ou aos agentes externos – como é o caso da Depressão Periférica Paulista, formada pelas ações erosivas dos rios em rochas com resistência relativamente baixa (figura 9). Figura 9: As macroformas do Relevo Fonte: adaptado de Geografia para todos (online). Deste modo, as análises das formas dos relevos são essenciais para uma melhor visualização de como se dá os processos hídricos sobre os substratos rochosos (relevo) e suas morfogêneses ao longo dos períodos geológicos. Assim, Ross (2005) definiu esse intervalo de 30 a 40 km, entre a superfície rochosa e a mais alta camada da atmosfera como espaço vital, já Grigoriev (1968) denomina como estrato geográfico, definindo como palco em que as sociedades humanas se orga- nizam, se reproduzem e promovem grandes mudanças na natureza. Rochas Magmáticas Rochas Sedimentares Serra Montanha Depressão Formas de relevo Planalto Planície Escarpa Oceano Vale ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I MORFOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS OCEÂNICAS Calcula-se que a área da crosta terrestre recobertas por oceanos chegue a aproxi- madamente 70% do total da superfície da Terra, o Oceano Pacífico se apresenta como o maior corpo aquoso, com superfície de aproximadamente 180 milhões de km², ou seja, 53% das áreas de oceanos, contudo o Oceano Atlântico repre- senta 23% da área total, segundo Teixeira (2000). Assim como as formas do relevo se apresentam na superfície da terra, ela também está presente no fundo oceânico, porém com diferenciação na sua morfogênese, devido aos processos erosivos que são atuantes na formação desses contextos geomorfológicos. De acordo com Ross (2005), Os dois terços da superfície da terra submersa na água oceânica eram praticamente desconhecidas até duas décadas atrás. As pesquisas geo- lógicas e de oceanografia física permitiram grandes avanços no conhe- cimento a respeito do relevo, da litologia e da dinâmica geotectônica do fundo oceânico (ROSS, 2005 p. 28). Assim sendo, as principais formas do relevo encontradas, no fundo oceânico, são: a plataforma continental, o talude continental, a planície abissal, a fossa oce- ânica e a cordilheira oceânica. A plataforma continental, ou margem continental, é a continuação da mar- gem dos continentes submersas pelas águas oceânicas. Corresponde aos terrenos submarinos que margeiam os continentes, os quais apresentam profundidade modesta e estão diretamente ligados às áreas da crosta continental ou siálica, que se encontram abaixo da lamina d’água. Desta forma, é possível encontrar, nessas áreas, rochas continentais, ou seja, metamórficas e ígneas, muito antigas, cober- tas por rochas sedimentares de idades variadas (ROSS, 2005). Ainda de acordo com Ross (2005): A plataforma continental é caracterizada, quanto a sua gênese, pelo fato de corresponder a uma continuidade dos continentes (crosta continen- tal) que se encontra submersa. Sua profundidade média está em torno de 200 m, entretanto os valores reais variam de 0 a 500 m de profundi- dade e a faixa varia de poucos quilômetros a duas ou mais centenas de quilômetro, isto quando a crosta continental mergulha suavemente sob as águas oceânicas. (ROSS, 2005 p. 29). 35 Morfologia e Distribuição das Águas Oceânicas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O talude continental é uma construção sedimentar que inclina em direção ao fundo oceânico. De acordocom Teixeira (2000), O Taludo Continental constitui uma unidade de relevo [...] que se incli- na acentuadamente (1:40) rumo aos fundos do oceânicos, até a profun- didade da ordem de 3,000 metros, o relevo do taludo não é homogêneo, ocorrendo quebras de declividade e também frequentes, cânions e vales submersos. Os cânions são vales aprofundados, erodidos sobre a plata- forma continental externa e o taludo continental, atingindo, por vezes, até a elevação continental. (TEIXEIRA, 2000 p. 264). A planície abissal é uma área profunda e relativamente plana que se estende da base das elevações continentais até os relevos íngremes das cordilheiras oceâ- nicas. Apresenta profundidade média entre 4.600 e 5.500 metros. Essas áreas podem ser consideradas as maiores extensões de relevos do fundo de todos os oceanos, que localmente são interrompidos pela a presença de montes subma- rinos, ou ainda por montanhas submarinas (figura 10). Fossa oceânica, ou fossa abissal, é uma profunda depressão formada abaixo da plataforma continental em zonas de subducção (movimento de deslizamento de uma placa sob outra, em áreas de convergências) de placas tectônicas. Teixeira (2000) classifica essas áreas como depressões alongadas e estreitas, com laterais de altas declividades (figura 10). Por fim, a cordilheira ou dorsal oceânica, são feições longas e contínuas, formadas pelas zonas divergentes de placas tectônicas. Na região central das cor- dilheiras, existem intensas atividades tectônicas (vulcanismos e abalos sísmicos). Ainda de acordo com Teixeira (2000), as Cordilheiras Oceânicas podem ser classificada como: Compartimento fisiográfico construído predominantemente pelos processos vulcânicos e tectônicos de formação de crosta oceânicas, relacionadas aos movimentos das placas e superpostas por processos deposicionais de oceano profundo. [...] as Cordilheiras Oceânicas são feições longas e continuas, fraturadas com escarpamento ladeados pe- las planícies abissais. [...] as regiões centrais das cordilheiras oceânicas apresentam as porções de maiores atividades vulcânicas dos fundos oceânicos atuais, com fraturamentos de diques e soleiras de basaltos, além de atividades hidrotermais. (TEIXEIRA, 2000 p. 266). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Figura 10: Relevo Oceânico. Fonte: http://incomciencia.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html ÁGUAS GLACIAIS Os sistemas glaciais, ou águas glaciais (água no estado sólido), são formados por geleira. São sistemas de gelo em movimento, onde, comumente, este acumula-se mais rapidamente do que o derretimento a cada ano. Podemos classificá-las em continentais e alpinas. Assim, as geleiras continentais são massas de gelo (calo- tas), com espessuras de até 3500 metros, que recobrem boa parte das regiões polares. Contudo, as geleiras alpinas ocorrem em vales elevados de cadeias de montanhas, as principais formas encontradas são os Alpes, Andes. O processo de movimentação é lento por se tratar de uma deformação plás- tica ou por deslizamento da base sobre um nível aquoso, como no caso de geleiras em que o processo se dá em temperaturas próximas do ponto de fusão. Figura 11: Formação Alpina 37 Águas Glaciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Para a formação (gênese) das geleiras são necessárias temperaturas baixas e pre- cipitação em forma de neve. Nos locais onde a temperatura não possibilita que o derretimento de gelo ocorra, em nenhuma época do ano, mesmo em quantida- des ínfimas, as precipitações de neve resultam na acumulação. Contudo, em áreas onde a amplitude térmica é mais acentuada, a temperatura resulta em fusão de parte da neve acumulada, na estação anterior, assim a morfogênese das geleiras depende de valores elevados de precipitação e temperatura. No sistema glacial terrestre, quanto mais baixa as latitudes, maior a altitude mínima necessária para a formação das geleiras. Assim, essa altitude mínima é conhecida como linha de neve, e oscila do nível do mar em áreas de clima polar até acima de 5.000 metros nas regiões de clima equatorial em geleiras de forma- ção alpina. As geleiras alpinas propiciam fluxo mais rápido de massa de gelo que as continentais, na ordem de dezenas de metros ao ano, pois está associada às decli- vidades elevadas das encostas onde se constituíram (figura 11). Comumente, geleiras menores encontram-se nas cabeceiras dos vales glaciais, com diâmetro de até 1 km, em forma de semicírculos, designadas geleiras em circo. Nas áreas de baixas e médias latitudes, geleiras do tipo alpino se restringem às porções elevadas dos vales, contudo, nas altas latitudes, as geleiras podem atingir as regiões mais baixas das cadeias de montanhas, for- mando as geleiras de Piemonte. As geleiras, nos dias atuas, cobrem cerca de 10% da superfície emersas da Terra e constituem um elemento extremamente importante na constituição física do planeta. Fonte: Teixeira (2000) Figura 12: Solos Permafrost ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I De acordo com Teixeira (2000): O manto de gelo da Antártica, cerca de 14 milhões de km² de área, notabiliza-se por conter 91% do gelo de água doce e 75% da água doce do mundo. Em vários locais, sua espessura supera os 4,000 metros. A morfologia do manto caracteriza-se pela presença de domos, regiões de topografia arredondadas, mais salientes, a partir das quais o gelo flui radicalmente pela gravidade. (TEIXEIRA, 2000 p. 218). Desta forma, a velocidade de fluxo, (movimento) do gelo em geleiras continentais, é inferior às que ocorrem nas geleiras de formação alpina, da ordem de alguns metros por ano, já que o fluxo é determinado primordialmente por diferenças de espessura entre a área cores (centrais) e as bordas, apresentam interferência apenas no local da declividade. Desta forma, o modelo de fluxo de massas carac- terístico nas geleiras continentais é de dispersão radial, ou seja, o fluxo ocorre da área central mais elevada, para as periferias mais baixa. As plataformas formadas por gelo flutuante, com dezenas de centenas de metros chegando, a quilômetros de espessura, são classificadas como os icebergs que por sua vez se desprendem e estão ligadas a geleiras continentais. A frag- mentação do gelo ocorre de fraturas internas, em contato com a ação das marés, deste modo suas extremida- des se desprendem do gelo flutuante, neste caso os icebergs são relativa- mente pequenos. Teixeira, (2000). Outro mecanismo de acúmulo de gelo ocorre pela ação do congelamento Circo é uma espécie de bacia ou concavidade limitada no seu lado proxi- mal contra as paredes rochosas abruptas. Em alguns casos, os circos contêm massa de gelo circunscrita a eles, de extensão limitada, desligadas das gelei- ras de vale, as chamadas geleiras de circo. Fonte: Teixeira (2000). 39 Águas Glaciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . permanente da água exigente nos solos, formando o Permafrost. Por mais que ocorram movimentos contínuos, a posição que se localiza em frente às geleiras modifica-se pouco, assim o acúmulo nas regiões de sua gênese é contrabalan- çada pelos processos de ablação, primeiramente pelo derretimento nas regiões limítrofes das geleiras, latitudes ou altitudes mais baixas (figura 12). Deste modo, caro(a) aluno(a), as geleiras movimentam-se dos locais que preva- lecem a acumulação para áreas em que sobressai a ablação. A linha que separa essas duas áreas é determinada como linha de equilíbrio, definida com base nas médias de precipitação e ablação distribuídas ao longo das estações do ano. A cabeceira da geleira, onde ocorre a ablaçãopor completo, é designada de ter- minus. Com o movimento das massas de gelo, ocorre o processo de erosão do substrato rochoso, arrebatando blocos de diversos tamanhos e promovendo abra- são pela raspagem de blocos contra a parte superior da rocha. Ablação são todos os processos no quais o gelo ou água são desprendidos por uma geleira. Podendo ser caracterizada como derretimento, evapora- ção, avalanche. Fonte: Teixeira (2003). Os processos de erosão glacial ocorrem sob as massas de gelo, sendo, por- tanto, de difícil observação e estudo, e seu conhecimento é ainda incom- pleto. Fonte: Teixeira (2000). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I As morfologias dos vales, escavados por geleiras, apresentam fundo plano e late- rais mais elevadas, com as transectas em forma de “U”. Contudo, posterior ao ciclo do degelo, o fundo dos vales de geleiras tributárias se-encontra em cotas altimétricas mais elevadas que o fundo do vale principal, designados como vales suspensos, e a drenagem desses vales após o degelo passam a formar corredei- ras e cachoeiras para encontrar o rio do vale principal. Esse processo caro(a) aluno(a), gera a erosão glacial, que, por sua vez, dá ori- gem a partículas de tamanhos diversos, e o transporte dessas partículas é feito sem nenhum tipo de seleção. Deste modo, o transporte leva desde fragmen- tos pequenos, como silte, gerados pelo atrito de rochas com o substrato e dos próprios clastos ou fragmentos constituintes de sedimentos, transportados até grandes blocos extraídos do substrato. Desse modo, os fragmentos transportados pelas geleiras são classificados como detritos subglaciais e a acumulação desses materiais formam as morenas basais. Os materiais, como os detritos contidos nas geleiras, são denominados de englaciais, contudo, o material adicionado à superfície da geleira por desliza- mento, são as supraglaciais que geram as morenas laterais e centrais. As morenas laterais têm sua origem no contato entre a geleira e a encosta do vale, já as morenas centrais têm origem na ligação entre as morenas laterais quando uma geleira tributária, como supracitado, aporta em uma principal. A velocidade máxima acontece na própria linha de estabilização, assim, acima dela, a geleira tende a acelerar o processo e, abaixo, tende a desacelerar. Como o gelo não é fixo, estático, essas velocidades geram diferenças na espessura do manto do gelo, ocorrendo uma variação e gerando um componente vertical na velocidade do fluxo (gravidade), caracterizada como uma convergência des- cendente acima da linha de equilíbrio e ascendente abaixo da linha de equilíbrio. Neste processo de movimento de massa, os sedimentos depositados a partir do gelo são designados como depósitos glaciogênicos primários e apresentam má sele- ção granulométrica, pois os fragmentos da geleira são depositados em conjunto. 41 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O processo de escoamento do degelo se dá através da infiltração por fraturas e canais intermitentes, acumulando-se em lagos subglaciais ou reservatórios, onde é comum a ocorrência de túneis escavados no gelo. A morfologia desses túneis tende à retilinização, pois os meandros no gelo são impedidos pelas paredes de gelo e, assim, alinham-se conforme a direção do fluxo da água. Assim sendo, ao longo do tempo as geleiras tendem a avançar e recuar, dependendo do paleoclima estabelecido em um determinado tempo geológico, evidenciado nos ciclos astronômicos que faz com que a energia do Sol absor- vida pela Terra mude em períodos de dezenas de milhares de anos, contudo suas morfologias, como supracitado, mantêm-se basicamente a mesma. CONSIDERAÇÕES FINAIS Caríssimo(a) aluno(a), a existência de todas as formas de vida no planeta Terra tem vínculo direto com a água e a atmosfera, que, por sua vez, permitiu a forma- ção das primeiras chuvas. Essa concentração das águas das chuvas possibilitou o surgimento dos primitivos oceanos, rios, lagos e, por consequência, o apare- cimento dos seres vivos. A granulometria ou análise granulométrica é um estudo da classificação e distribuição dos diferentes tamanhos de grãos de solo ou rocha e a determi- nação das dimensões dos agregados e partículas e suas taxas de ocorrência. Fonte: Teixeira (2003). ÁGUAS SUPERFICIAIS, CONTINENTAIS E OCEÂNICAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Portanto, nesta unidade I, tivemos o objetivo de demonstrar inicialmente o ciclo hidrológico que é descrito como elemento de movimentação das águas no intervalo entre a atmosfera e a superfície da Terra. Posteriormente foi apre- sentado a importância da água e sua distribuição, uma vez que as águas cobrem cerca de 70% de toda a superfície do planeta terra. Desse montante aproxima- damente 97,5% é salgado e apenas 2,5% doce. Outro fato, abordado nesta unidade, foi a distribuição das águas oceânicas e as formas do relevo, seus estudos são fundamentais para uma melhor análise e compreensão das dinâmicas hídricas das águas continentais, assim se faz neces- sário esboçar as morfologias dos relevos, pois sobre os diferentes tipos de relevo que se constroem padrões de drenagem distintos, e são fundamentais para o entendimento das unidades posteriores a essa. Por fim, foi descrito a formação (gênese) das geleiras, às quais são necessá- rias temperaturas baixas e precipitação em forma de neve. A temperatura resulta em fusão de parte da neve acumulada na estação anterior e a morfogênese das geleiras, depende de valores elevados de precipitação e temperatura. A importância em estudar as águas glaciais se dá pela capacidade de con- centração de água doce no seu estado sólido, que chega a representar 99% do total disponível no planeta. Deste modo, espero que essa unidade possibilite uma visão sistêmica do uso, distribuição da água no planeta Terra contribuindo de forma efetiva na sua formação profissional, sobre o prisma da disciplina de Hidrogeografia que é atributo natural do professor de Geografia dominar. 43 1. As placas litosféricas podem ser de natureza oceânica ou mais comumente composta de porções de crosta continental e crosta oceânica. Como exemplo desse tipo de placa, podemos citar as Placas Sul-Americana, Africana e Norte-A- mericana. TEIXEIRA W. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. p. 102. A dinâmica interna da Terra tem o papel de modelador do relevo, assim como as formas do relevo se apresenta na superfície da terra ela também está presente no fundo oceânico, porém com diferenciação na sua morfogênese, devido aos processos erosivos. Pode-se dizer que os processos erosivos atuam como: a. Forma de diferenciar na superfície terrestre grande variedade de formas de relevo, como planícies, montanhas e grandes depressões. b. Processos erosivos (agentes internos ou endógenos) estão relacionados com a dinâmica externa da crosta terrestre. c. Modelador das placas tectônicas e as atividades vulcânicas que criam novos materiais rochosos, dando origem depressões. d. Forma de deposição de sedimentos que atuam na crosta terrestre, destruin- do formas de relevo (erosão hídrica). e. Elementos, chuva e vento atuam de modo diverso em cada parte da crosta, de acordo com as diferentes altitude. 2. O ciclo hidrológico pode ser determinado como elemento de movimentação das águas, no intervalo entre a atmosfera e a superfície da Terra. Assim, o ciclo hidrológico: I. É influenciado por diversos fatores, entre eles a cobertura vegetal, altitude, topografia, temperatura, tipo de solo, geologia e ação antrópica. II. O ciclo hidrológico pode sofrer alteração produzida pelos seres humanos so- bre os ecossistemas. III. Com a urbanização, de maneira geral, provoca alterações que atingetodas as áreas urbanizadas do planeta. IV. Responsável pela renovação da água no planeta é de suma importância a manutenção apenas das florestas Estão corretas as afirmativas: a. I. b. I e II. c. I e III. d. II e IV. e. III e IV. 3. O manto de gelo da Antártica, cerca de 14 milhões de km² de área, notabiliza-se por conter 91% do gelo de água doce e 75% da água doce do mundo. Em vários locais, sua espessura supera os 4,000 metros. TEIXEIRA W. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. p. 218. Analisando as afirmativas a seguir, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) A velocidade de fluxo (movimento) do gelo em geleiras continentais é inferior às que ocorrem nas geleiras de formação alpina. ( ) O modelo de fluxo de massas característico nas geleiras continentais é de dispersão radial. ( ) As plataformas continentais são formadas por gelo, com dezenas de me- tros de espessura. ( ) Gelo é fixo, contudo a movimentação gera diferença na espessura do manto do gelo. a. F F F F. b. V F V V. c. V V V V. d. F V V F. e. V V F F. 45 4. Ao longo do tempo as geleiras tendem a avançar e recuar, dependendo do pa- leoclima estabelecido em um determinado tempo geológico, evidenciado nos ciclos astronômicos que faz com que a energia do Sol absorvida pela Terra mude em períodos de dezenas de milhares de anos, contudo suas morfologias man- têm-se basicamente a mesma. Assim sendo: a. O processo de escoamento do degelo se dá através da infiltração por fraturas e canais. b. O gelo é fixo, estático, as velocidades de movimentação geram diferenças no manto do gelo. c. As morenas laterais têm sua origem no contato entre a geleira e o fundo do vale no leito do rio. d. Os materiais como os detritos contidos nas geleiras são denominados de su- praglaciais. e. O material adicionado à superfície da geleira por deslizamento é as subgla- ciais que geram as morenas laterais e centrais. 5. Por se tratar de um elemento de suma importância para a sobrevivência das es- pécies animais e vegetais, a água vem se tonando foco de trabalho e estudo de diversos profissionais, pois nos últimos anos estamos vivenciando um momento crítico no que diz respeito ao consumo crescente. Desta forma elabore uma resposta argumentativa na qual conte quais os problemas que a sociedade enfrentaria numa possível falta de água no planeta. O presente artigo mostra que a escassez de água é um problema cada vez mais severo em todo o mundo, devido a fatores como o consumo excessivo de água bruta, as mu- danças climáticas, a poluição da água e o consumo insustentável dos recursos hídricos. Sob essas condições, formas tradicionais ou alternativas de recursos hídricos, tais como a água pluvial, estão sendo consideradas como opções atrativas para reduzir o consumo de água potável. Neste contexto, este artigo descreve o cenário de disponibilidade de água na região Amazônica, Noroeste do Brasil, e avalia o potencial da economia de água potável para o setor residencial em 40 cidades da região. Os resultados indicam que o potencial da economia de água potável varia entre 21 e 100%, dependendo da demanda de água potável verificada nas 40 cidades, com potencial médio de 76%. A principal conclusão desta pesquisa é que, se houvesse um programa do governo para promover a economia de água potável por meio da utilização da água pluvial, haveria significativa economia de água potável e, consequentemente, a preservação dos recur- sos hídricos na Amazônia, Fonte: Lima (2016). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A Última Gota Vanessa Barbosa Editora: Planeta Sinopse: O livro A Última Gota trata do episódio da falta d’água e os problemas decorrentes que afetam a sua oferta e distribuição, em qualidade e quantidade, nas grandes áreas urbanas do Brasil. A autora relata que parte da explicação da crise hídrica é “suja e mal cheirosa”. Ainda descreve que pleno século XXI, admitimos e deixamos de tratar 4 litros de cada 10 litros de água de esgoto coletado, conhecida como água de reuso, que é derramado “in natura” em corpos hídricos em suas diversas escalas desde rios, lagos, mares e comprometendo a qualidade das águas e gerando uma conta “salgada” para a saúde pública. Desta forma, já que sem água não se vive, água suja mata! Isto é ou não é a última gota? São indagações que a autora do livro “A Última Gota” nos deixa para refletir sobre o atual contexto do uso da água. Reúso de Água Pedro Caetano Sanches Mancuso; Hilton Felício dos Santos Editora: Manole Sinopse: O livro trata de um trabalho realizado ao longo de dez anos, a partir de esforções de duas instituições, a Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, que uniram Professores, Técnicos e profissionais de renome nacional e internacional para realizar os estudos que deram base para formulação do livro Reúso de Água. O livro tem o objetivo de trazer atualização metodológica e técnica sobre a reutilização da água. Quem ficou responsável pela produção do material foram os professores: Pedro Caetano Sanches Mancuso e Hilton Felício dos Santos. Deste modo, caro(a) aluno(a), esse material é considerado fundamental para quem atua e tem responsabilidade nas áreas do saneamento básico, meio ambiente e recursos hídricos, bem como profissionais que se interessam pela temática. Acesse esse material em nosso portal na biblioteca Pearson, disponível em: <http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/ publications/9788520414507/pages/1>. MATERIAL COMPLEMENTAR A água é considerada o sistema fundamental de suporte a vida no planeta Terra. É considerado mais forte que um projétil de arma de fogo. “Um vidro a prova de bala impede a passagem de um projétil calibre 50, contudo pode-se desgastá-lo com um jato de água” facilmente. Parece que ela nunca é suficiente sempre tem mais a nos mostrar. Desta forma cara (a) aluno (a) no documentário você irá descobrir mais sobre a água, em Como Tudo Funciona, suas peculiaridade e curiosidades que vai além do senso comum. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jA1vpNRZ3q8>. O presente trabalho faz um paralelo aos debates a respeito do aquecimento global, uma intrigante hipótese científica vem sendo debatida nas geociências, denominada Snowball Earth, que discute a possibilidade de o planeta Terra ter estado totalmente coberto por gelo. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/71/04-paulocesar.pdf>. U N ID A D E II Professor Me. Rodrigo Batista de Oliveira ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreende a dinâmica dos aquíferos profundos. ■ Demonstrar o mecanismo de Infiltração, circulação e distribuição das águas. ■ Assimilar o processo de classificação das águas subterrâneas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Aquíferos profundos ■ Infiltração, circulação e distribuição das águas ■ Classificação das águas subterrâneas INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a) as águas subterrâneas nem sempre são apropriadas para o con- sumo. O volume das águas encontradas próximos à superfície, as quais formam os lenções freáticos, não só é pequena como podem estar contaminadas. Essas águas, bastante exploradas, podem conter toxinas tanto da agricultura como das atividades industriais. Os reservatórios subterrâneos, localizados a centenas de metros de profundidade, apresentam enormes quantidades de volume de água (centenas de milhares de km³), são denominados de aquíferos e normalmente não sofrem a contaminação predatória do ser humano. Deste modo a unidade II desse livro foi dividida em três partes para um melhor entendimento do tema, na primeira parte foi apresentado, inicialmente, as características dos aquíferos profundos. A segunda parte trabalha com o processo de infiltração, circulação e distribuição das águas subterrâneas. Demonstraremos os principais aquíferos do mundo, porém nossa ênfase está no aquífero Guarani, localizado justamente numa dasáreas de maior concentração populacional e de maior consumo de água do país. As águas desse aquífero também ocupam tre- chos do subsolo da Argentina, Paraguai e do Uruguai. A terceira parte da unidade consiste na classificação das águas subterrâneas. O aquífero livre (freático) localiza-se mais próximo à superfície, no contato da zona saturada com a zona não saturada. O Aquífero confinado ou artesiano consiste em um aquífero inteiramente carregado (saturado) de águas, no qual as extremidades superiores e inferiores são impermeáveis, limitado por rochas com baixo potencial de permeabilidade, como rochas vulcânicas maciças e argila. Por fim, será debatido sobre as águas que recarregam os aquíferos, os quais em sua maioria tem origem nas chuvas, a qual cai na superfície do terreno e infiltra nas áreas que afloram as formações geológicas. 51 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Sete Quedas Rio Verde Ms. Acervo Pessoal ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II AQUÍFEROS PROFUNDOS Caríssimo(a) aluno(a), podemos classificar aquíferos como todo arranjo geoló- gico que tem capacidade de armazenar água. Dessas áreas podem ser extraídos volumes significativos de água para o consumo humano. Uma característica bem singular das águas subterrâneas é que nem todas as formações geológicas têm capacidade de armazenar água. Deste modo, Caraballo e Xavier classificam um aquífero como: Toda formação geológica capaz de armazenar e transmitir água subter- rânea, podendo essa ser extraída por meio de poços de captação. Nem todas as formações geológicas são capazes de transmitir e armazenar água, sendo que algumas dessas podem conter água e não as transmitir em condições naturais, o que impossibilita sua exploração, esses por sua vez são chamados de aquedutos (argila). Outras formações, no entanto, não são capazes nem de armazenar e nem de transmitir águas subterrâ- nea, são impermeáveis e são denominados aquífugos (exemplo: granito, gnaisse). E por último encontramos os pequenos aquíferos (exemplo: limo, limo arenoso) que são formações semipermeáveis que transmitem água de forma lenta, se sustentando em uma maior dificuldade de extra- ção da mesma mediante captação, mas que, no entanto, são importantes para o abastecimento dos aquíferos subjacente devido a possibilidade de filtração vertical ou drenagem.(CARABALLO & XAVIER, 2012 p. 20). Para um melhor entendimento do que são os aquíferos, é necessário entender que as águas subterrâneas se encontram abaixo da superfície terrestre, preen- chendo os vazios existentes entre os solos através de seus grãos. Contudo, nas rochas, os aquíferos também se localizam nas fissuras, que podem ser racha- duras, formando espaços vazios por onde a água flui. As saturações das rochas Figura 1: Rocha Vulcânica Figura 2: Rocha Sedimentar 53 Aquíferos Profundos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . permitem o depósito, circulação e extração de água, denominadas de aquíferos. Na maioria das vezes os aquíferos possuem uma grande capacidade de armaze- namento de água. Assim, se faz necessário determinar qual material de origem (rochas) se apresenta no local. As rochas são classificadas em ígneas, sedimentares e metamórficas: as rochas ígneas, ou vulcânicas, são os basaltos, granitos, diabásios etc. Sua mor- fogênese está associada à consolidação do magma, material expelido pelos vul- cões, sendo eles de superfície em forma de cone, ou fissural por fratura na crosta terrestre através dos diques (figura 1). Os aquíferos que se localizam sobre as áreas sedimentares são considerados os melhores aquíferos, assim as rochas que compõem as bacias sedimentares são: aglomerados, arenitos, argilitos, folhe- lhos etc. Essas rochas, caro(a) aluno(a), são formadas por fragmentos originários da erosão (química e física), transportados e depositados em locais propícios, normalmente em bacias sedimentares (figura 2). Teixeira, (2003). As rochas metamórficas, também denominadas de cristalinas ou embasa- mento cristalino, apresentam características bem singulares, uma vez que a água subterrânea tem ocorrência nas suas fraturas ou fissuras. Podemos classificá-las em: metassedimentos, metacalcários, mármores, gnaisses, xistos etc. Sua gênese está associada à transformação de outras rochas sob ação da temperatura e pressão em locais originários de encontro de placas tectônicas (figura 3) (Teixeira, 2003). Figura 3: Rocha Metamórfica Figura 4: Classificação dos aquíferos de acordo com o tipo de porosidade da rocha Fonte: IRITANI 2012 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II A maneira como as rochas se cons- tituem e se organizam, no ambiente natural, influencia diretamente no armazenamento e qualidade das águas subterrânea. Assim, existem três formas básicas de ocorrência de água no subsolo ou classificação dos aquíferos de acordo com o tipo de porosidade da rocha. A primeira forma é o Aquífero Fissural, que ocorre nas rochas com fraturas, fazendo-se presente nas descontinuidades, como falhas e fraturas. Comumente se apresenta em rochas metamórficas e ígneas (vulcânicas). (figura 4). A segunda forma, os Aquíferos Cársticos, ocorre nas superfícies com fraturas, além das descontinuidades da superfície rochosa, ocorre também a dissolução ao longo dos planos das fraturas, por conta da ocorrência de minerais solúveis nas rochas de origem calcárias. Por fim, as rochas de origem sedimentar apresen- tam os Aquíferos Granulares, em que a água é armazenada nos grãos da rocha nos espaços existentes entre eles (figura 4). 55 Infiltração, Circulação e Distribuição das Águas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Desse modo, de maneira geral, as superfícies sedimentares apresentam os melho- res aquíferos, representando aproximadamente 4.130.000 km², ou seja, 48% do território nacional brasileiro. Nos locais de ocorrência de rochas cristalinas ou terrenos cristalinos, apresentam-se os Aquíferos Cársticos e Fissural que repre- sentam cerca de 4.380.000 km2, 52% do território brasileiro. Ferreira (2007). INFILTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS Caro(a) aluno(a), os poros são espaços vazios existentes abaixo da superfície da terra onde a água da chuva percorre e circula entre os grãos que compõem os solos e as rochas de origem sedimentar. Contudo, isso não é padrão quando fala- mos de rochas, pois em alguns tipos de rochas a água circula através das fraturas, como supracitado. Quando ocorre o processo de infiltração no solo, a água se De modo geral, declives acentuados favorecem o escoamento superficial direto, diminuindo a infiltração. Superfícies suavemente onduladas permi- tem o escoamento superficial menos veloz, aumentando a possibilidade de infiltração. Fonte: Teixeira (2003). O lençol freático é um lençol d’água que apresenta pressão normal, acom- panha normalmente as anomalias do terreno, se forma em profundidade relativamente pequena, é muito utilizado de forma doméstica como poços cacimba. Fonte: o autor. ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II concentra em uma região do terreno denominada de zona não saturada (ZNS) também conhecida como aeração, como o nome diz, são áreas com presença de ar e parcialmente preenchida por água. Uma parte do líquido aquoso (precipitação) infiltrado é absorvido por raízes de plantas/seres vivos e retorna para a atmosfera em forma de evapotranspiração, como descrito na unidade I. O restante da água, com a força da gravidade,
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