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Metodologia cientifica -ICC (baseado no edital)

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Metodologia cientifica - ICC
1. Introdução à metodologia da ciência e do conhecimento científico
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo fornecer respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Trata-se, portanto, de definição inadequada para os tempos atuais, visto ser possível tratar de conhecimentos que não são considerados científicos, como o conhecimento vulgar, o religioso e, em certa acepção, o filosófico.
Uma definição mais contemporânea de ciência é, pois, a que a considera como uma forma especial de conhecimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada – se possível, com auxílio da linguagem matemática –, leis que regem os fenômenos. Embora sendo as mais variadas, essas leis apresentam vários pontos em comum: são capazes de descrever séries de fenômenos; são comprováveis por meio da observação e da experimentação; são capazes de prever – pelo menos de forma probabilística – acontecimentos futuros.
Pode-se definir ciência mediante a identificação de suas características essenciais. Assim, a ciência pode ser caracterizada como uma forma de conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento científico é objetivo porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do pesquisador. É racional porque se vale sobretudo da razão, e não de sensação ou impressões, para chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo. É verificável porque possibilita demonstrar a veracidade das informações. Finalmente, é falível porque, ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar.
A partir dessas características torna-se possível, em boa parte dos casos, distinguir entre o que é e o que não é ciência. Há situações, entretanto, em que não se torna possível determinar com toda clareza se determinado conhecimento pertence à ciência ou à filosofia. Essas situações ocorrem sobretudo no domínio das ciências humanas, o que é compreensível, visto que há autores que incluem a filosofia no rol dessas ciências.
2. As diferentes formas de conhecimento científico
Todavia, num primeiro momento, podem-se classificar as ciências em duas grandes categorias: formais e empíricas. Ciências formais são, pois, as que tratam de entidades ideais e de suas relações, sendo a Matemática e a Lógica Formal as mais importantes. Considere-se, por exemplo, que a Matemática trata do estudo das grandezas, entidades que só existem em nível conceitual. Ciências empíricas, por sua vez, são as que tratam de fatos e de processos. Seus objetos derivam da observação e da experiência. Incluem-se nesta categoria ciências como a Física, a Química, a Biologia e a Psicologia.
As ciências empíricas podem ser classificadas em naturais e sociais. Entre as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Astronomia e a Biologia. Entre as ciências sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia e a História. A Psicologia, a despeito de apresentar algumas características que a aproximam das ciências naturais, constitui também uma ciência social. Isto porque, ao tratar do estudo do comportamento humano, trata-o sobretudo a partir da interação entre os indivíduos.
Verificamos, dessa forma, que o conhecimento científico se diferencia do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico).
Trujillo Ferrari (1974, p. 11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:
Para Nascimento e Sousa (2015, p. 47), haveria ainda o conhecimento artístico, que os autores definem como:
Trata-se de um saber de ordem valorativa, individual e subjetivo quanto à vinculação com a realidade, pois é baseado na emotividade e na intuição de cada indivíduo. Origina-se na inspiração do sujeito para perceber o significado e o sentido do fenômeno observado, porquanto a percepção depende do liame estabelecido entre o indivíduo e a obra observada, o que é próprio da apreciação da beleza.
Por não obedecer nem à lógica nem a critério científico, ele é assistemático. É um tipo de conhecimento que se apoia em aspectos estéticos e, por isso, não goza de comprobabilidade. E, como se trata de um conhecimento intuitivo, pode favorecer a observação de aspectos da realidade que a ciência comumente desconhece.
3. O conhecimento científico.
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo” (TRUJILLO FERRARI, 1974, p. 14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas por meio da razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, visto que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por isso, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o ser humano, por exemplo, pode tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, com base no senso comum ou na experiência cotidiana; pode analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
4. Tema, Delimitação e Problema de Pesquisa. Elaboração da Pergunta de Pesquisa.
Tema: Tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de definir adequadamente um tema pode perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser frequentemente revisto. Escolher o tema significa:
a)Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe elaborar um trabalho científico.
b)Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.
O assunto escolhido deve ser exequível e adequado em termos tanto dos fatores externosquanto dos internos ou pessoais. A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade e a determinação para prosseguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo devem ser levados em consideração. As qualificações pessoais, em termos de background da formação universitária, também são importantes. A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram publicados estudos deve ser evitada, pois uma nova abordagem torna-se mais difícil. O tema deve ser preciso, bem determinado e específico. Responde à pergunta: O que será explorado?
Delineamento: O delineamento refere-se à estratégia global adotada pelo pesquisador para integrar os diferentes componentes do estudo da pesquisa maneira coerente e lógica, garantindo o efetivo tratamento do problema e a consecução de seus objetivos. Constitui o modelo para a coleta, análise e interpretação dos dados. Deve, portanto, ser elaborado de forma a possibilitar uma abordagem ordenada dos procedimentos a serem adotados ao longo do processo de pesquisa. O conceito de delineamento de pesquisa está longe de ser tratado uniformemente pelos pesquisadores de língua portuguesa. O que se propõe usualmente nos manuais de pesquisa corresponde à tradução do termo inglês design, que tem sido utilizado com muitos significados, tais como esboço, desenho, plano, projeto, planejamento, propósito e intenção. Com efeito, todos estes significados têm algo a ver com o delineamento da pesquisa. Não pode, porém, o delineamento ser entendido apenas como um plano geral da pesquisa. Não é algo que se efetiva com uma simples proposta de pesquisa, pois requer o exame crítico das informações necessárias para que se possa dar respostas significativas ao problema proposto. O efetivo delineamento da pesquisa só ocorre após a consecução de seu marco teórico, que implica a clara formulação do problema e definição dos objetivos, o estabelecimento de um sistema conceitual, a construção de hipóteses, quando for o caso, e o estabelecimento de relações entre as variáveis. O delineamento pesquisa refere-se à estratégia determinada para integrar os diferentes componentes do estudo de forma coerente e lógica, garantindo a efetiva abordagem do problema de pesquisa. Como indica Yin (2014), o delineamento da pesquisa lida com um problema lógico, não com um problema logístico. Constitui, portanto, o modelo para a coleta, medição, análise e interpretação dos dados. Sua função é garantir que as evidências obtidas permitam a resolução do problema da forma mais inequívoca possível. Sua efetivação requer:
1.Identificação clara do problema e justificativa de sua relevância.
2.Revisão da literatura associada à área em que se insere o problema.
3.Especificação dos objetivos, hipóteses ou questões de pesquisa.
4.Identificação dos dados requeridos e dos procedimentos para sua obtenção.
5.Descrição dos métodos de análise e interpretação dos dados.
Problema de Pesquisa: A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa. Para ser cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo das seguintes questões:
a)Pode o problema ser enunciado em forma de pergunta?
b)Corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos (de conteúdo e metodológicos)? Esses interesses estão harmonizados?
c)Constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relacionam-se entre si pelo menos duas variáveis?
d)Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?
e)Pode ser empiricamente verificado em suas consequências?(SCHRADER, 1974, p. 20).
5. Projeto de Pesquisa e suas etapas: Problematização, Justificativa, Relevância, Objetivos, Revisão de Literatura, Metodologia.
Justificativa: É o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? De suma importância, em geral é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidade(s) que vai(ão) financiá-la. Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Deve enfatizar.
a)O estágio em que se encontra a teoria relativa ao tema.
b)As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer:
•Confirmação geral.
•Confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa.
•Especificação para casos particulares.
•Clarificação da teoria.
•Resolução de pontos obscuros etc.
c)Importância do tema do ponto de vista geral.
d)Importância do tema para os casos particulares em questão.
e)Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto.
f)Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc.
A justificativa não apresenta citações de outros autores. Difere da teoria de base, que vai servir de elemento unificador entre o concreto da pesquisa e o conhecimento teórico da ciência na qual se insere. Portanto, quando se trata de analisar as razões de ordem teórica ou se referir ao estágio de desenvolvimento da teoria, não se pretende explicitar o referencial teórico que se irá adotar, mas apenas ressaltar a importância da pesquisa no campo da teoria. Deduz-se dessas características que, para a redação da justificativa, ao conhecimento científico do pesquisador soma-se boa parte de criatividade e capacidade de convencer.
Objetivos: Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. Deve partir, afirma Ander-Egg (1978, p. 62), “de um objetivo limitado e claramente definido, sejam estudos formulativos, descritivos ou de verificação de hipóteses”. O objetivo torna explícito o problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. Para Ackoff (1975, p. 27), “o objetivo da ciência não é somente aumentar o conhecimento, mas o de aumentar as nossas possibilidades de continuar aumentando o conhecimento”. Os objetivos podem definir “a natureza do trabalho, o tipo de problema a ser selecionado, o material a coletar” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2014, p. 75). Podem ser intrínsecos ou extrínsecos, teóricos ou práticos, gerais ou específicos, a curto ou de longo prazo. Respondem às perguntas: Por quê? Para quê? Para quem?
Revisão de Literatura: A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet. Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica. Tanto é que, na maioria das teses e dissertações desenvolvidas atualmente, um capítulo ou seção é dedicado à revisão bibliográfica, que é elaborada com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica é o fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem tem, no entanto, uma contrapartida que pode comprometer em muito a qualidade da pesquisa. Pode ocorrer que os dados disponibilizados em fontes escritas tenham sido coletados ou processados de forma inadequada. Assim, um trabalho fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo a ampliar esses erros. Para reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente. A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo,desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, artigos científicos impressos ou eletrônicos, material cartográfico e até meios de comunicação oral: programas de rádio, gravações, audiovisuais, filmes e programas de televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma.
Metodologia: A especificação da metodologia da pesquisa é a que abrange maior número de itens, pois responde, a um só tempo, às questões como?, com quê?, onde?, quanto? Corresponde aos seguintes componentes:
6. Tipos de pesquisa; local e período do estudo; população, amostra e amostragem; critérios de inclusão, exclusão e perda; protocolo de coleta e análise de dados; interpretação dos resultados.
Tipos de pesquisa:
Segundo sua finalidade: A primeira, denominada pesquisa básica, reúne estudos que tem como propósito preencher uma lacuna no conhecimento. A segunda, denominada pesquisa aplicada, abrange estudos elaborados com a finalidade de resolver problemas identificados no âmbito das sociedades em que os pesquisadores vivem.
· Pesquisa básica pura. Pesquisas destinadas unicamente à ampliação do conhecimento, sem qualquer preocupação com seus possíveis benefícios.
· Pesquisa básica estratégica. Pesquisas voltadas à aquisição de novos conhecimentos direcionados a amplas áreas com vistas à solução de reconhecidos problemas práticos.
· Pesquisa aplicada. Pesquisas voltadas à aquisição de conhecimentos com vistas à aplicação numa situação específica.
· Desenvolvimento experimental. Trabalho sistemático, que utiliza conhecimentos derivados da pesquisa ou experiência prática com vistas à produção de novos materiais, equipamentos, políticas e comportamentos, ou à instalação ou melhoria de novos sistemas e serviços.
Quanto ao objetivo:
As pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado. 
As pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis. São em grande número as pesquisas que podem ser classificadas como descritivas e a maioria das que são realizadas com objetivos profissionais provavelmente se enquadra nesta categoria. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. 
As pesquisas explicativas têm como propósito identificar fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência de fenômenos. Estas pesquisas são as que mais aprofundam o conhecimento da realidade, pois têm como finalidade explicar a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo, constitui o tipo mais complexo e delicado de pesquisa, já que o risco de cometer erros eleva-se consideravelmente.
Quanto a Abordagem:
ENFOQUE QUANTITATIVO: Utiliza a coleta de dados para testar hipóteses, baseando-se na medição numérica e na análise estatística para estabelecer padrões e comprovar teorias.
ENFOQUE QUALITATIVO: Utiliza a coleta de dados sem medição numérica para descobrir ou aprimorar perguntas de pesquisa no processo de interpretação. Ao contrário da maioria dos estudos quantitativos, em que a clareza sobre as perguntas de pesquisa e as hipóteses devem vir antes da coleta e da análise dos dados, nos estudos qualitativos é possível desenvolver perguntas e hipóteses antes, durante e depois da coleta e da análise dos dados.
População, amostra e amostragem: A amostragem só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto é, não abrange a totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma parte dessa população. O problema da amostragem é, portanto, escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais representativa possível do todo e estabelecida com base nos resultados obtidos relativos a essa parte. Por meio dela, podem-se inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se esta fosse investigada. O conceito de amostra é que a ela constitui uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo.
Critérios de inclusão, exclusão e perda: A experiência acumulada dos pesquisadores clínicos permite estabelecer alguns princípios que podem ser utilizados na definição de critérios de inclusão e de exclusão com vistas a maximizar a influência da intervenção. Assim, incluir participantes com alto risco para o desfecho contribui para a diminuição do número de sujeitos necessários. Incluir apenas participantes que já têm a doença também. Mas limitar a participação a indivíduos que já têm a doença ou apresentam maior risco de contraí-la também apresenta desvantagens, principalmente a de tornar impossível a generalização dos resultados para populações de menor risco. Sem contar que a identificação do nível de risco dos participantes poderá exigir coleta de dados e medições capazes de tornar o processo mais complexo, demorado e custoso.
Protocolo de coleta e análise de dados: A coleta de dados é a etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de efetuar a coleta dos dados previstos. É tarefa cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se espera. Exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, além do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior. Outro aspecto importante é o entrosamento das tarefas organizacionais e administrativas com as científicas, obedecendo aos prazos estipulados, aos orçamentos previstos, ao preparo do pessoal. Quanto mais planejamento, menos desperdício de tempo haverá no trabalho de campo propriamente dito, facilitando a etapa seguinte. Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é sua análise e interpretação, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa. Para Best (1972, p. 152), a análise e interpretação “representa a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de investigação”. A importância dos dados está não em si mesmos, mas em proporcionarem respostas às investigações.
Análise e interpretação são duas atividades distintas, mas estreitamente relacionadas e, como processo, envolvem duas operações:
1.Análise (ou explicação): é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. Essas relações podem ser “estabelecidas em função de suas propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de correlações, de análise de conteúdo etc.” (TRUJILLO FERRARI, 1974, p. 178). Em síntese, a elaboração da análise, propriamente dita, é realizada em três níveis:
a)Interpretação: verificação das relações entre as variáveis independente e dependente, e da variável interveniente (anterior à dependente e posterior à independente), a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno (variável dependente).
b)Explicação: esclarecimento sobre a origem da variável dependente e necessidade de encontrar a variável antecedente (anterior às variáveis independente e dependente).
c)Especificação: explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis independente e dependente são válidas (como, onde e quando).
Na análise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados decorrentesdo trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas para suas indagações, e procura estabelecer relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são comprovadas ou refutadas, mediante a análise.
2.Interpretação: é a atividade intelectual que procura dar significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significa a exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas também faz ilações mais amplas dos dados discutidos.
Na interpretação dos dados da pesquisa, é importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e acessível.
Dois aspectos são importantes:
a)Construção de tipos, modelos, esquemas. Após os procedimentos estatísticos realizados com as variáveis e a determinação das relações permitidas ou possíveis, de acordo com a hipótese ou problema, é chegado o momento de utilizar conhecimentos teóricos, a fim de obter os resultados previstos.
b)Relação com a teoria. Esse problema aparece desde o momento inicial da escolha do tema; é de ordem metodológica e pressupõe uma definição em relação às alternativas disponíveis de interpretação da realidade social.
Para proceder à análise e interpretação dos dados, devem-se levar em consideração dois aspectos:
a)Planejamento bem elaborado da pesquisa, para facilitar a análise e a interpretação.
b)Complexidade ou simplicidade das hipóteses ou dos problemas, que requerem abordagem adequada, mas diferente; a primeira exige mais tempo, mais esforço, sendo mais difícil sua verificação; na segunda, ocorre o contrário.
Mesmo com dados válidos, é a eficácia da análise e da interpretação que determina o valor da pesquisa
Interpretação dos resultados: A fase de interpretação dos resultados corresponde à parte mais importante do relatório. É aí que são transcritos os resultados, agora sob a forma de evidências para a confirmação ou refutação das hipóteses. Estas se dão segundo a relevância dos dados, demonstrados na parte anterior. Quando os dados são irrelevantes, inconclusivos, insuficientes, não se pode nem confirmar nem refutar a hipótese, e tal fato deve ser apontado não apenas sob o ângulo da análise estatística, mas também correlacionado com a hipótese enunciada.
7. Aspectos éticos da pesquisa: Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e científicos pertinentes.
III.1 - A eticidade da pesquisa implica em:
a) respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida;
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos;
c) garantia de que danos previsíveis serão evitados; e
d) relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio humanitária.
III.2 - As pesquisas, em qualquer área do conhecimento envolvendo seres humanos, deverão observar as seguintes exigências:
a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades concretas de responder a incertezas;
b) estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou pressupostos adequados à área específica da pesquisa;
c) ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio;
d) buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ou desconfortos previsíveis;
e) utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas, especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa;
f) se houver necessidade de distribuição aleatória dos participantes da pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar que, a priori, não seja possível estabelecer as
vantagens de um procedimento sobre outro, mediante revisão de literatura, métodos observacionais ou métodos que não envolvam seres humanos;
g) obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/ou seu representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua natureza, impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori;
h) contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir(em) capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto proposto;
i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da pesquisa, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros;
j) ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos com autonomia plena. Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa quando a informação desejada possa ser obtida por meio de participantes com plena autonomia, a menos que a investigação possa trazer benefícios aos indivíduos ou grupos vulneráveis;
k) respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas envolverem comunidades;
l) garantir que as pesquisas em comunidades, sempre que possível, traduzir-se-ão em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentir após sua conclusão. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tal benefício às pessoas e/ou comunidades;
m) comunicar às autoridades competentes, bem como aos órgãos legitimados pelo Controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa, sempre que estes puderem contribuir para a melhoria das condições de vida da coletividade, preservando, porém, a imagem e assegurando que os participantes da pesquisa não sejam estigmatizados;
n) assegurar aos participantes da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa;
o) assegurar aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, tratamento, assistência integral e orientação, conforme o caso, enquanto necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento;
p) comprovar, nas pesquisas conduzidas no exterior ou com cooperação estrangeira, os compromissos e as vantagens, para os participantes das pesquisas e para o Brasil, decorrentes de sua realização. Nestes casos deve ser identificado o pesquisador e a instituição nacional, responsáveis pela pesquisa no Brasil. Os estudos patrocinados no exterior também deverão responder às necessidades de transferência de conhecimento e tecnologia para a equipe brasileira, quando aplicável e, ainda, no caso do desenvolvimento de novas drogas, se comprovadas sua segurança e eficácia, é obrigatório seu registro no Brasil;
q) utilizar o material e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento do participante;
r) levar em conta, nas pesquisas realizadas em mulheres em idade fértil ou em mulheres grávidas, a avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho de parto, o puerpério, a lactação e o recém-nascido;
s) considerar que as pesquisas em mulheres grávidas devem ser precedidas de pesquisas em mulheres fora do período gestacional, exceto quando a gravidez for o objeto fundamental da pesquisa;
t) garantir, para mulheres que se declarem expressamente isentas de risco de gravidez, quer por não exercerem práticas sexuais ou pôr as exercerem de forma não reprodutiva, o direito departiciparem de pesquisas sem o uso obrigatório de contraceptivos; e
u) ser descontinuada somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS que a aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício de seus participantes.

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