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apostila de Métodos de pesquisa

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Métodos de pesquisa: conceitos introdutórios
1.1 O que é o conhecimento?
Não podemos falar sobre os métodos de pesquisa, sem compreender o que é o conhecimento e suas respectivas características e tipologias. 
O conhecimento é a aquisição de uma noção nova ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. Portanto, origina-se nas experiências que se acumulam em nossa vida cotidiana, nos relacionamentos interpessoais, nas leituras de livros e na consulta a fontes diversas (ALYRIO, 2009). 
A produção de conhecimento ocorre a partir de três razões principais (SANTOS; KIENEN; CASTIÑEIRA, 2015):
· questionamentos: os indivíduos questionam porque querem saber e não se contentam com respostas prontas; 
· necessidades: a necessidade de sobrevivência levou os indivíduos a criarem ferramentas e mecanismos de produção de bens e sistemas de relações sociais;
· curiosidades: a curiosidade leva o indivíduo a explorar o desconhecido, a querer desvendar os mistérios da natureza.
Para Aranha e Martins (1992), o conhecimento é a relação que ocorre entre um sujeito e um objeto. Nesse sentido, de acordo com a Figura 1, todo conhecimento pressupõe dois elementos, que estão vinculados e se influenciam mutuamente: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido.
Como exemplo da relação apresentada na Figura 1, vamos pensar na seguinte situação:
· uma pesquisadora descobre que a babosa é uma planta medicinal e que poderá ser utilizada na indústria farmacêutica (transformação do sujeito);
· a babosa deixa de ser apenas uma “planta” e passa a ser considerada como um produto medicinal, com propriedade anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante (transformação do objeto).
Em suma, podemos definir o conhecimento como "um conjunto de saberes que uma pessoa construiu sobre um determinado objeto, coisa ou elemento, suficiente para identificar, manipular, transformar, questionar, afirmar, negar ou apresentar qualquer impressão a respeito dele, de forma consciente ou até mesmo intuitiva" (FRANZIN, 2013, p. 14).
1.1.1 O conhecimento popular
O conhecimento popular também é chamado de conhecimento vulgar ou senso comum.
Nessa tipologia, o sujeito desconhece as causas, motivos ou razões pelas quais um fenômeno ocorre. Portanto, os saberes são adquiridos na vida cotidiana, com base nas experiências (ALYRIO, 2009). O conhecimento popular também é construído a partir de tradições, ou seja, o sujeito desenvolve esse conhecimento a partir das experiências dos outros, sem avaliar os fundamentos ou a procedência das informações.
O conhecimento popular apresenta algumas características (LAKATOS; MARCONI, 2019), que o tornam falível e inexato:
· superficialidade, pois conforma-se com a aparência. Geralmente, é justificado com expressões do tipo: “porque o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
· subjetividade, considerando que é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos;
· padrão assistemático, uma vez que não há uma sistematização das ideias ou experiências, nem na forma de adquiri-las, nem na tentativa de validá-las;
· padrão acrítico, pois não há a pretensão de criticar os fenômenos.
O conhecimento popular, embora seja considerado de nível inferior em relação ao conhecimento científico (que é sistemático e verificável), não deve ser menosprezado (ALYRIO, 2009). Precisamos lembrar que o conhecimento popular, em muitas situações, constitui a base do saber e pode originar o conhecimento científico.
Vamos compreender melhor essa relação?
Assista ao vídeo sobre os pesquisadores que desenvolveram medicamentos a partir da sabedoria popular dos indígenas. Nele, é possível identificar o vínculo entre o conhecimento popular e o conhecimento científico.
1.1.2 O conhecimento religioso
O conhecimento religioso também é chamado de conhecimento teológico.
Os fundamentos dessa tipologia de conhecimento são baseados em dogmas (crenças ou doutrina estabelecidas em uma religião) e ritos, aceitos pela fé. Além disso, por não poderem ser provados ou criticados, são considerados a única fonte da verdade (SILVA; RIBEIRO, 2014). O conhecimento religioso apoia-se em doutrinas com proposições sagradas, reveladas pelo sobrenatural. Logo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (LAKATOS; MARCONI, 2019).
O conhecimento religioso apoia-se em algumas características (SILVA; RIBEIRO, 2014):
· o conhecimento é relacionado a algo oculto ou um mistério;
· existe a figura de um revelador, ou seja, alguém que manifesta esse conhecimento e pretende desvendá-lo (próprio homem ou Deus);
· o indivíduo que recebe e aceita a manifestação tem fé humana. 
O conhecimento religioso também está expresso em alguns livros sagrados, tais como o Veda (hindus), o Alcorão (muçulmanos), Talmud (judeus) e a Bíblia (cristãos). Os textos são interpretados por diversas seitas religiosas, por profundos conhecedores e também por indivíduos com menor domínio sobre o conteúdo apresentado nos livros sagrados (SILVA; RIBEIRO, 2014).
1.1.3 O conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico, também denominado de sistêmico, busca compreender as causas reais e profundas dos fenômenos, de forma global. Para tanto, deve ocorrer uma  interação simultânea entre as diversas variáveis ou elementos, com o objetivo de se obter uma percepção global de uma ação (SILVA; RIBEIRO, 2014).
Dentre as características do conhecimento filosófico, podemos destacar (LAKATOS; MARCONI, 2019):
· é valorativo e não verificável, uma vez que o seu ponto de partida são as hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação, nem confirmadas ou refutadas;
· é racional, por contemplar um conjunto de enunciados logicamente correlacionados;
· é sistemático, uma vez que as hipóteses visam às representações coerentes da realidade, buscando compreender a sua totalidade;
· caracteriza-se pelo esforço da razão para questionar os problemas humanos e discernir entre o certo e o errado, recorrendo exclusivamente à razão humana.
A partir dessas características, torna-se possível diferenciar o conhecimento popular e o conhecimento filosófico. Para tanto, vamos considerar a seguinte situação, que exemplifica essa distinção (ALYRIO, 2009):
· você leu nos jornais, nos últimos tempos, notícias sobre a corrupção envolvendo políticos no Brasil;
· a partir da leitura, você pensou que a corrupção nunca vai acabar e que todos os políticos são corruptos. Nesse caso, você está apenas reproduzindo ideias no nível do senso comum (conhecimento popular);
· você também poderá lançar um olhar mais crítico sobre as informações, buscando o debate e alguns questionamentos, tais como: O que é corrupção? O que é ética? O que faz as pessoas tomarem tal postura?;
· nesse último caso, você estará ampliando o seu ponto de vista e aprofundando o tema, caracterizando, assim, a construção do conhecimento filosófico.
Além de se diferenciar do conhecimento popular, o conhecimento filosófico também se diferencia do científico. Na visão filosófica, o objeto de análise são as ideias e suas relações, que não se resumem a realidades materiais e, portanto, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta. Já o conhecimento científico contempla fatos concretos e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, com o emprego de técnicas e recursos de observação (LAKATOS; MARCONI, 2019).
1.1.4 O conhecimento científico
O conhecimento científico, também denominado de analítico, não aborda apenas os fenômenos na sua manifestação global, mas sim, as causas dos referidos fenômenos, bem como a análise, explicação, indução ou predição de eventos futuros (SILVA; RIBEIRO, 2014)
Essa tipologia de conhecimento está vinculada à racionalidade testável e replicável, baseada em um conjunto de características, tais como o método, a lógica, a objetividade, a replicabilidade, a progressividade, a universalidade e a laicidade (SANTOS; KIENEN; CASTIÑEIRA, 2015).
O conhecimento científico apresenta algumas características que o diferenciam dos demais tipos de conhecimento já abordados neste curso (MALDANER,2015; GIL, 2019; LAKATOS; MARCONI, 2019):
· é racional e objetivo, uma vez que se alicerça em conceitos, juízos e raciocínios, com base na observação de fatos em detrimento de sensações, imagens, modelos de conduta ou caprichos do pesquisador;
· é fatual e real, porque parte e lida com os fatos e sempre volta a eles;
· é contingente, considerando-se que as proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecidas por meio da experiência;
· é verificável e aceito como válido, quando passa pela prova da experiência (ciências factuais) ou da demonstração (ciências formais);
· é geral, pois direciona-se, predominantemente, à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos, de acordo com as suas tipologias; 
· é metódico, pois contempla o planejamento das atividades a serem realizadas e o estabelecimento dos procedimentos para atingir os objetivos. Para tanto, deve basear-se em conhecimentos anteriores, em leis e princípios já estabelecidos e observar um método instituído previamente e a aplicação de normas e técnicas;
· é sistemático, por tratar de saberes ordenados logicamente, formando um sistema de ideias (teoria), em detrimento de conhecimentos dispersos e desconexos;
· é preditivo, uma vez que fundamenta-se em leis estabelecidas e em informações fidedignas sobre o estado ou o relacionamento dos fenômenos. Além disso, pela indução probabilística, pode prever ocorrências;
· é útil, por ser objetivo e buscar a verdade, criando ferramentas de observação e experimentação que permitem a conexão com a tecnologia;
· é falível, por não ser definitivo ou absoluto;
· é aproximadamente exato, ao se considerar que novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reestruturar as teorias existentes.
A partir das características citadas, percebe-se que o conhecimento científico não é algo “acabado”. Ao contrário, está sempre em construção, motivado por descobertas e discussões críticas (FRANZIN, 2013).
1.1.5 Comparativo entre os tipos de conhecimento
Até agora, em nosso curso, foram abordados quatro tipos tradicionais de conhecimento: popular, religioso, filosófico e científico. Veja, no Quadro 1, um resumo das principais diferenças entre essas classificações.  
Para auxiliar no comparativo e na diferenciação entre os tipos de conhecimento, vamos analisar alguns exemplos.
1. O médico Luiz Henrique acordou cedo, pois precisava realizar atendimentos em um hospital da cidade de Bela Vista. Ele aproveitou o tempo, durante o café da manhã, e realizou leituras de revistas especializadas em medicina, nas quais conheceu as últimas informações sobre as pesquisas de novos medicamentos para o tratamento de doenças reumáticas.
2. Antes de sair para o trabalho, Luiz Henrique leu algumas páginas da Bíblia e decidiu que, antes de chegar ao hospital, iria até a igreja do bairro, para fazer uma oração.
3. No caminho entre a igreja e o trabalho, o médico passou por uma livraria e um livro da vitrine chamou a sua atenção. Ele entrou no estabelecimento e, após folhear a obra "A república, de Platão", decidiu comprá-la.
4. Por fim, ao pagar o livro, recebeu R$ 13,00 de troco. O caixa comentou que Luiz Henrique deveria se cuidar, porque 13 é o número do azar. 
Realizando uma análise, percebemos exemplos de situações relacionadas ao conhecimento científico (item 1), ao conhecimento religioso (item 2), ao conhecimento filosófico (item 3) e ao conhecimento popular (item 4).  
Se você ficou com alguma dúvida, em relação às informações disponíveis no Quadro 1 ou nas situações descritas acima, retome as leituras sobre os tipos de conhecimento. Nelas, como você deve ter percebido, constam as explicações sobre as características de cada tipologia.
2.1 O que é pesquisa científica?
Agora que você já identificou as características do conhecimento, principalmente o científico, vamos compreender como ele é produzido.
Você sabia que a pesquisa é o caminho para se chegar à ciência e ao conhecimento?
Pode-se dizer que a atividade básica da ciência é a pesquisa (VERGARA, 2016). Por meio dela, se desenvolve um processo para inquirir os fenômenos, com o objetivo de compreendê-los e explicá-los (ALYRIO, 2009). Sendo assim, a geração de conhecimento ocorre a partir da confirmação, da complementação, da refutação ou da adição de informações vinculadas ao tema estudado (CAUCHICK-MIGUEL et al., 2017).
 
A pesquisa se estabelece como um procedimento racional e sistemático, que visa a fornecer respostas aos problemas que são propostos. Portanto, as pesquisas são desenvolvidas quando não temos informações suficientes para responder ao problema. Em algumas situações, as informações estão disponíveis, porém, de forma desordenada. Nesse caso, pesquisas também são necessárias para solucionar, adequadamente, o problema proposto (GIL, 2018).
Uma pesquisa deve ser desenvolvida com base nos conhecimentos disponíveis e com a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica (GIL, 2018). Em outras palavras, uma pesquisa representa o processo, a forma, a maneira, o caminho a ser seguido  para o alcance de respostas para uma dúvida sobre um problema ou um fato, obedecendo a princípios, normas e técnicas (ALYRIO, 2009).
Nesse contexto, uma pesquisa, para ser considerada científica, precisa ser realizada de maneira sistematizada. Para tanto, deve utilizar método próprio e técnicas específicas (ALYRIO, 2009).
Vamos compreender o que significa o método de pesquisa?
A palavra método origina-se do grego methodos e significa o “caminho para chegar a um fim”. Nesse sentido, refere-se ao conjunto de regras básicas para o desenvolvimento de uma investigação, com o objetivo de produzir novos conhecimentos ou ajustar e integrar conhecimentos já existentes. Pode-se entender o método científico como o conjunto de passos utilizados para a obtenção de um conhecimento confiável (GIL, 2019).
2.2 Requisitos da pesquisa científica
O desenvolvimento de uma pesquisa científica depende do atendimento de alguns requisitos básicos, que irão impactar na obtenção dos resultados e na resposta adequada ao problema proposto. Uma pesquisa conduzida com recursos amplos e adequados tem maior probabilidade de ser bem-sucedida, em comparação com outra em que os recursos disponíveis são deficientes (GIL, 2018).
Veja, na Figura 1, quais são os requisitos para o desenvolvimento da pesquisa científica. 
A partir das informações disponíveis na Figura 1, podemos destacar a qualificação intelectual e social do pesquisador, contemplando aspectos como o conhecimento do assunto a ser pesquisado, a curiosidade, a criatividade, a integridade intelectual, a sensibilidade social, a perseverança e a paciência (GIL, 2018).
Também é importante salientar que uma pesquisa necessita de recursos humanos, representados pelo(s) pesquisador(es) e sua(s) equipe(s). Além disso, a disponibilização de materiais, tais como equipamentos, livros e instrumentos, o pagamento da remuneração dos profissionais envolvidos e a contratação de serviços terceirados, relacionados à pesquisa, demandam a disponibilidade de recursos financeiros.  Portanto, o desenvolvimento da pesquisa científica, de forma bem-sucedida, dependerá da existência dos recursos anteriormente mencionados.
2.3 Finalidades da pesquisa científica
Chegou a hora de respondermos a seguinte pergunta:
Por que realizamos uma pesquisa científica?
As razões pelas quais a pesquisa científica é desenvolvida podem ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática (GIL, 2018). Essa classificação também ocorre em função do grau da aplicação mais ou menos imediata dos resultados (ALYRIO, 2009).
A pesquisa desenvolvida por razões predominantemente intelectuais e decorrente do desejo de conhecer, pela própria satisfação de conhecer, é denominada de pesquisa básica ou pura (GIL, 2018). Nessa tipologia, os resultados obtidos se situam em um futuro remoto, sem aplicação imediata (ALYRIO, 2009).
Veja alguns exemplos de pesquisa básica (ALYRIO, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2018):
·a descoberta de um novo material resistente ao fogo, à água, ao tempo, ainda não aplicável;
· a teoria da relatividade.
Já a pesquisa realizada por razões de ordem mais prática, decorrente do desejo de conhecer um objeto, com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz, denomina-se pesquisa aplicada (GIL, 2018). Nessa tipologia, há uma expectativa de utilização mais imediata dos resultados, visando a atender às exigências da vida moderna, por meio da busca de solução de problemas concretos (ANDRADE, 2018).  
Veja alguns exemplos de pesquisa aplicada (ALYRIO, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2018):
· estudos sobre como o óleo de cozinha pode ser transformado em biodiesel ou sabão doméstico;
· utilização da energia nuclear.
Embora exista essa classificação, as pesquisas básicas e aplicadas não são mutuamente excludentes. Pelo contrário, elas podem ser complementares. Uma pesquisa que aborda problemas práticos pode conduzir à descoberta de princípios científicos. Por outro lado, uma pesquisa básica pode originar conhecimentos passíveis de aplicação prática mais imediata (ANDRADE, 2018; GIL, 2018).
3.1 Por que classificamos as pesquisas?
O termo "classificar" significa agrupar, de acordo com características específicas.
Então, por que classificamos as pesquisas científicas?
Primeiramente, precisamos compreender que a classificação oportuniza uma melhor organização dos fatos e, como resultado, o seu entendimento. Assim, essa premissa também é importante para as pesquisas.  Com base em um sistema de classificação, é possível identificar semelhanças e diferenças entre as mais variadas modalidades de pesquisa. Por consequência, um pesquisador terá acesso a um conjunto de elementos que possibilitará a tomada de decisões sobre a sua aplicabilidade na solução dos problemas propostos para uma investigação (GIL, 2018).
As pesquisas se diferenciam entre si, a partir do enfoque dado pelos seus autores. Nesse sentido, existem diversos interesses, condições de realização, campos, metodologias, objetivos, objetos de estudo etc. (MARCONI; LAKATOS, 2018). Em decorrência desse cenário, a previsão e a provisão de recursos necessários (humanos, materiais e financeiros) são variadas. No entanto, quando um pesquisador rotula, ou seja, aplica um sistema de classificação em seu projeto de pesquisa, amplia-se a possibilidade de conferir maior racionalidade às etapas de execução. Por consequência, o estudo poderá ser desenvolvido em um menor período, com a utilização adequada e maximizada de recursos e com a obtenção de resultados mais satisfatórios (GIL, 2018).
3.2 Como podemos classificar as pesquisas?
As características das pesquisas científicas variam de acordo a área de estudo e a forma de aplicação. Essa multiplicidade traz como consequência a dificuldade de estruturar um sistema simples e único de classificação, que aborde todas as variações que precisam ser consideradas (COOPER; SCHINDLER, 2016).
Embora as pesquisas possam ser classificadas de diferentes maneiras, é relevante definir, previamente, os critérios de classificação adotados (GIL, 2018). Neste curso, exploraremos o seguinte sistema de classificação (Figura 1):
 primeiro critério, proposto na Figura 1, trata-se da classificação segundo as finalidades da pesquisa. Lembre-se que ele já foi estudado no tópico 2.3 do Módulo 2.
3.2.1 Classificação segundo a área de conhecimento
Um dos critérios para a classificação das pesquisas está embasado nas áreas de conhecimento (GIL, 2018).
No Brasil, adota-se a categorização elaborada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Essa instituição, criada em 1951 e vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, tem como principais atribuições fomentar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação e promover a formação de recursos humanos qualificados para a pesquisa.
O sistema de classificação proposto pelo CNPq é uma importante ferramenta para a definição de políticas de pesquisa e para a concessão de financiamentos (GIL, 2018). 
Inicialmente, as pesquisas são classificadas, pelo CNPq, em sete grandes áreas ou especialidades de conhecimento:
· Ciências Agrárias
· Ciências Biológicas
· Ciências da Saúde
· Ciências Exatas e da Terra
· Engenharias
· Ciências Humanas
· Ciências Sociais Aplicadas
· Linguística, Letras e Artes
As grandes áreas ou especialidades são subdivididas em áreas, que representam conjuntos de conhecimentos inter-relacionados, reunidos conforme a natureza dos objetos de investigação com vistas ao ensino, pesquisa e aplicações práticas. Essas áreas, por sua vez, são subdivididas em subáreas, estruturadas em função dos objetos de estudo e dos procedimentos metodológicos. Finalmente, as subáreas são divididas em especialidades, que correspondem à caracterização temática das atividades de pesquisa e ensino (GIL, 2018).
Acesse aqui a tabela de áreas de conhecimento, que apresenta as subdivisões descritas anteriormente.
Vamos identificar, conforme a tabela proposta pelo CNPq, como ocorre esse processo de classificação e subdivisões, por meio do exemplo disponível da Figura 1:
3.2.2 Classificação segundo os objetivos gerais
De acordo com os objetivos gerais, as pesquisas podem ser classificadas como exploratórias, descritivas e explicativas.
As pesquisas exploratórias visam a proporcionar maior familiaridade com o problema, para torná-lo mais explícito e/ou para construir hipóteses (GIL 2018). Geralmente, são desenvolvidas quando os dados sobre o tema, o problema ou o contexto de pesquisa são insuficientes ou pouco sistematizados.
Essa tipologia de pesquisa pode ser considerada, em muitas situações, a primeira fase de um processo de investigação mais longo, no qual o estudioso irá examinar um conjunto de fenômenos, buscando situações ainda desconhecidas e que possam embasar um estudo mais elaborado (WAZLAWICK, 2014). Em suma, a pesquisa exploratória, na maioria das situações, constitui uma etapa preliminar ou preparatória para outro tipo de pesquisa (ANDRADE, 2018). Por conseguinte, seu planejamento tende a ser flexível, para que se identifique os mais variados aspectos relacionados ao fenômeno estudado. Geralmente, o levantamento bibliográfico, as entrevistas com pessoas que tiveram experiência prática com o assunto e a análise de exemplos que estimulem a compreensão são as formas aplicadas para coletar os dados nesse tipo de pesquisa (GIL, 2018).
As pesquisas descritivas buscam obter dados consistentes sobre determinada realidade, sem a existência de inferência do pesquisador ou de tentativas de obter teorias que expliquem os fenômenos (WAZLAWICK, 2014). Portanto, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, ou seja, estudados sem uma manipulação mais direta do pesquisador (ANDRADE, 2018).
Essa tipologia de investigação visa à descrição das características de determinada população ou fenômeno, além de possibilitar a identificação de possíveis relações entre variáveis (GIL, 2018). Também caracteriza-se pelo levantamento de dados e pela aplicação de questionários e entrevistas (WAZLAWICK, 2014). Alguns exemplos de pesquisas descritivas são (ANDRADE, 2018; GIL, 2018):
· a análise das características de um grupo, tais como a distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc.;
· o estudo do nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade registrado etc.; 
· as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade; 
· pesquisas mercadológicas e comerciais, tais como aceitação de novas marcas, novos produtos ou embalagens;
· pesquisas de opinião, socioeconômicas e psicossociais.
As pesquisas explicativas visam a analisar os dados observados e identificar as suas causas ou explicações, os seja, os fatores que determinam esses dados (WAZLAWICK, 2014). Nesse sentido, o propósito geral é o estudo dosfenômenos privilegiando a avaliação das suas causas. As pesquisas explicativas são as que mais aprofundam o conhecimento da realidade, porque a sua finalidade é explicar a razão e o porquê das coisas (GIL, 2018). Portanto, são consideradas uma tipologia de pesquisa mais complexa (WAZLAWICK, 2014) e delicada, em decorrência do risco mais elevado de cometer erros (GIL, 2018).
Basicamente, o conhecimento científico é produzido a partir dos resultados dos estudos explicativos. No entanto, as pesquisas exploratórias e descritivas também são importantes, porque, geralmente, constituem as etapas prévias para que seja possível obter explicações científicas. Portanto, uma pesquisa explicativa pode ser uma continuação de outra descritiva, uma vez que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno necessita que este esteja descrito e detalhado de forma adequada.
 um quadro comparativo com as características das pesquisas exploratórias, descritivas e explicativas.
3.2.3 Classificação segundo a abordagem metodológica
De acordo com a abordagem metodológica e a natureza dos dados, as pesquisas podem ser classificadas como qualitativas, quantitativas ou mistas.
As pesquisas qualitativas caracterizam-se pelo uso de dados qualitativos, objetivando estudar a experiência das pessoas e ambientes sociais complexos, de acordo com a perspectiva dos próprios atores sociais (GIL, 2019). Nesse sentido, a pesquisa qualitativa abrange um conjunto de práticas interpretativas e materiais que permitem que um estudioso analise os fatos em seus contextos naturais e que entenda ou interprete os fenômenos em termos dos sentidos que as pessoas lhe atribuem (DENZIN; LINCOLN, 2017). Além disso, nessa tipologia de pesquisa, a verdade não é comprovada de forma numérica ou estatística, mas a partir de uma análise detalhada, abrangente, consistente e coerente dos fatos e significados sociais (MICHEL, 2015). A pesquisa qualitativa se estabelece como um método exploratório, que permite identificar variáveis que não podem ser medidas facilmente ou elencadas com base em informações predeterminadas na literatura (CRESWELL, 2014).
Dentre as práticas vinculadas à pesquisa qualitativa, pode-se citar as notas de campo, entrevistas, conversas, fotografias, gravações e anotações pessoais (DENZIN; LINCOLN, 2017). Portanto, o pesquisador necessita, efetivamente, participar, compreender e interpretar os fenômenos pesquisados (MICHEL, 2015).
As pesquisas quantitativas caracterizam-se pelo uso de números e medidas estatísticas para a descrição de populações e fenômenos e a verificação da existência de relação entre variáveis (GIL, 2019). O enfoque quantitativo parte do pressuposto de que problemas, opiniões e informações serão entendidos mais claramente se traduzidos em números e, por conseguinte, quantificados (MICHEL, 2015). Nesse sentido, é possível, por meio da abordagem quantitativa, mensurar as relações entre variáveis, em termos de associação ou causa e efeito, ou avaliar o resultado de algum sistema (ROESCH, 2013). Logo, na pesquisa quantitativa, o pesquisador tem a possibilidade de descrever, explicar e predizer fenômenos (MICHEL, 2015).
 um quadro comparativo com as características das pesquisas quantitativas e qualitativas.
Além disso, assista ao vídeo que detalhada cada uma dessas abordagem.
3.2.4 Classificação segundo os métodos empregados
A avaliação da qualidade dos resultados de uma pesquisa depende da identificação de como os dados foram obtidos, analisados e interpretados. Considerando que os ambientes em que ocorre a pesquisa são diversificados e que essa multiplicidade também ocorre em relação aos métodos e técnicas utilizadas para coleta e análise dos dados, torna-se difícil estabelecer um sistema de classificação que contemple todos esses elementos (GIL, 2018). 
Uma possibilidade de aplicação de critério de classificação, nesse contexto, é analisar o delineamento da pesquisa (GIL, 2018). O delineamento estabelece a estrutura conceitual na qual o estudo é conduzido, determinando os parâmetros para a coleta, mensuração e análise dos dados, além do planejamento e da operacionalização geral da investigação (KOTHARI, 2004). Espera-se, a partir do delineamento e da concepção da pesquisa, obter as informações e os procedimentos necessários para resolver o problema proposto (MALHOTRA, 2019).
Podemos verificar os mais variados delineamentos de pesquisa, não sendo possível criar um sistema que contemple essa multiplicidade. Tendo isso em vista, neste curso, vamos adotar o sistema e as definições propostas por Gil (2018), que estabeleceu uma sistemática baseada no ambiente de pesquisa, na abordagem teórica e nas técnicas de coleta e análise de dados.
3.2.4.1 Pesquisa bibliográfica e documental
Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida a partir de materiais já publicados, impressos ou não, tais como livros, revistas, jornais, teses, dissertações, anais de eventos e artigos científicos. A partir dessa tipologia de pesquisa, é possível fornecer a fundamentação teórica para uma investigação, identificar o estágio atual de determinado conhecimento, analisar os diversos posicionamentos sobre determinado assunto e acessar informações sobre uma gama ampla de fenômenos. No entanto, um pesquisador deve observar criteriosamente os materiais utilizados em uma investigação bibliográfica, atentando para as condições de coleta e análise dos dados e possíveis incoerências ou contradições dos estudos utilizados.
Algumas fontes de materiais para a realização de pesquisas bibliográficas são o Catálogo de Teses e Dissertações e o Portal de Periódicos, ambos gerenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 
Pesquisa documental: assim como a pesquisa bibliográfica, também se utiliza de dados já existentes. No entanto, a principal diferença está na natureza das fontes. Na pesquisa documental, ocorre uma multiplicidade em relação à utilização de documentos, valendo-se de fontes elaboradas com finalidades diversas, tais como documentos institucionais, de empresas, órgãos públicos e outras organizações; documentos pessoais, como cartas e diários; material elaborado para fins de divulgação, como fôlderes , catálogos e convites; documentos jurídicos, como certidões, escrituras, testamentos e inventários; documentos iconográficos, como fotografias, quadros e imagens; e registros estatísticos. 
Como parâmetros, as fontes documentais são baseadas em materiais internos às organizações e as fontes bibliográficas são obtidas em bibliotecas ou bases de dados.
3.2.4.2 Pesquisa experimental
Pesquisa experimental: nessa tipologia, o pesquisador determina um objeto de estudo, seleciona as variáveis capazes de influenciá-lo e define as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Logo, o pesquisador atua ativamente, em detrimento de uma observação passiva. No modelo tradicional de pesquisa experimental, o pesquisador manipula, no mínimo, um fator que julgue responsável pela ocorrência do fenômeno que está sendo estudado.
3.2.4.3 Ensaio clínico, estudo de coorte e caso-controle
Ensaio clínico: nessa tipologia, adotada no campo da saúde, o investigador aplica um tratamento (intervenção) e observa os efeitos. Seu objetivo principal é responder questões relacionadas à eficácia de novas drogas ou tratamentos, caracterizando-se como estudos experimentais ou quase-experimentais. 
Estudo de coorte: muito utilizado na pesquisa nas ciências da saúde, essa tipologia de estudo observacional refere-se a um grupo de pessoas que têm uma ou várias características comuns, formando uma amostra a ser acompanhada por determinado período de tempo, com o objetivo de se observar e analisar os acontecimentos. Nesse sentido, os estudos de coorte podem ser prospectivos ou retrospectivos. 
Estudo caso-controle: muito utilizado nas ciências da saúde, essa tipologia refere-se aos estudos que objetivam identificar situações que se desenvolveram naturalmente e atuar sobre elas, como se estivessem submetidas a controles. Osestudos de caso-controle se diferenciam dos estudos de coorte e dos ensaios clínicos, pois são retrospectivos, ou seja, partem de um consequente (uma doença, por exemplo) para o antecedente (fator de risco).
3.2.4.4 Levantamento
Levantamento: muito utilizado nas ciências sociais, caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se pretende conhecer. Portanto, é útil para estudos que buscam identificar opiniões e atitudes dos indivíduos. Após a coleta dos dados, que ocorre, geralmente, pela aplicação de questionários, realiza-se uma análise quantitativa.
3.2.4.5 Estudo de caso
Estudo de caso: refere-se ao estudo profundo e exaustivo de um ou poucos casos, com o objetivo de conhecê-los de maneira ampla e detalhada. São muito utilizados em pesquisas relacionadas às ciências sociais, com alguns propósitos, tais como explorar situações da vida real, nas quais os limites não estão claramente definidos; preservar o caráter único do objeto estudado; descrever a situação do contexto no qual está sendo desenvolvida a investigação; formular hipóteses; desenvolver teorias; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações complexas.
3.2.4.6 Pesquisa-ação e pesquisa participante
Pesquisa-ação: nessa tipologia de pesquisa, busca-se diagnosticar um problema em uma situação específica, visando a alcançar algum resultado prático. Portanto, ocorre uma associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes são envolvidos de maneira cooperativa e participativa.
Pesquisa participante: trata-se de um modelo de pesquisa no qual a população não é considerada passiva, envolvendo-se no planejamento e na condução da investigação. Além disso, envolvem-se na determinação do problema proposto, com o suporte de especialistas, e na busca de soluções adequadas.
3.2.4.7 Grounded theory, pesquisa fenomenológica e etnográfica
Grounded theory: também chamada de teoria fundamentada em dados, visa a facilitar a explicação da realidade social a partir da construção de teorias indutivas, baseadas na análise sistemática dos dados. Nesse sentido, a partir de procedimentos diversos, reúne um volume de dados referente ao fenômeno estudado. Na sequência, após compará-los, codificá-los e extrair suas regularidades, finaliza-se o processo com as teorias que emergiram da análise. 
Pesquisa fenomenológica: refere-se a uma descrição de experiências vividas da consciência, a partir da exposição de suas características empíricas e da consideração no plano da realidade essencial. Portanto, a partir da sua realização, busca-se descrever e interpretar os fenômenos, através da consciência do sujeito. 
Pesquisa etnográfica: é o tipo de pesquisa tradicionalmente aplicada para descrever os elementos de uma cultura específica, tais como comportamentos, crenças e valores. Suas informações, coletadas mediante trabalho de campo e por meio de entrevistas em profundidade, análise de documentos e observação participante, servem para estudar organizações e sociedades complexas.
3.2.5 Classificação segundo a dimensão de tempo
De acordo com a dimensão de tempo, as pesquisas podem ser classificadas como transversais ou longitudinais.
As pesquisas transversais envolvem a coleta de informações de uma amostra de elementos da população uma única vez (MALHOTRA, 2019), representando uma fotografia de determinado momento (COOPER; SCHINDLER, 2016).
As pesquisas longitudinais envolvem uma amostra fixa de elementos da população medida repetidamente. Portanto, a amostra permanece a mesma ao longo do tempo, possibilitando o acompanhamento de possíveis mudanças (COOPER; SCHINDLER, 2016; MALHOTRA, 2019). Apesar de as pesquisas longitudinais serem relevantes, por permitirem a comparação e acompanhamento de situações e a avaliação histórica dos dados, elas demandam maior orçamento e disponibilidade de tempo (COOPER; SCHINDLER, 2016).
3.3 Sistema de classificação das pesquisas
4.1 Quais são os elementos de um projeto de pesquisa?
Como você já conhece as características e a classificação das pesquisas científicas, vamos identificar, neste último módulo do curso, quais são os elementos de um projeto de pesquisa.
Assim como no sistema de classificação, não existem regras fixas para a elaboração e o desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Nesse contexto, a estrutura de uma investigação é determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado, pelo estilo dos autores e pela área de conhecimento (GIL, 2018). 
Embora não exista uma padronização definida, é importante que os elementos de um projeto de pesquisa contemplem (GIL, 2018):
· as informações sobre como a pesquisa será processada;
· os recursos que devem ser alocados para atingir os objetivos;
· o detalhamento suficiente para proporcionar a avaliação do processo de pesquisa.
A partir disso, os seguintes elementos de um projeto de pesquisa (MATTAR, 2017; GIL, 2018) serão abordados neste módulo:
1. seleção do tema;
2. formulação do problema e objetivos;
3. levantamento das hipóteses;
4. procedimentos metodológicos;
5. cronograma da execução da pesquisa;
6. definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a serem alocados;
7. referências.
4.1.1 Seleção do tema
O tema representa o assunto que se deseja desenvolver na pesquisa científica. A sua escolha pode se originar da experiência pessoal ou profissional do pesquisador, de estudos e leituras, da observação de situações, da descoberta de resultados divergentes entre trabalhos ou da analogia com temas de estudo de diferentes áreas científicas (MARCONI; LAKATOS, 2017).
Para definir o tema de investigação, o pesquisador pode realizar alguns questionamentos iniciais (ALYRIO, 2009):
· Sobre o que eu devo falar?
· Será que eu tenho condições de abordar o assunto?
· Onde irei achar informações sobre esse assunto?
· O material de pesquisa é acessível?
Além disso, a escolha do tema precisa considerar fatores internos e fatores externos. Dentre os fatores internos, podemos ressaltar (ALYRIO, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2017):
· as inclinações e aptidões do pesquisador que está desenvolvendo o trabalho científico;
· o assunto ser compatível com as qualificações pessoais do pesquisador, pois vários temas necessitam de preparo científico e/ou habilidades específicas;
· a relevância do estudo para um grupo de pessoas ou para a sociedade em geral;
· o atendimento de exigências de tempo, de trabalho ou de recursos econômicos.
Em relação aos fatores externos, destacam-se (ALYRIO, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2017):
· a disponibilidade de tempo para realizar o estudo, de forma completa e aprofundada;
· a existência de um suporte bibliográfico suficiente e disponível;
· a oportunidade de consultar especialistas da área, que poderão orientar na escolha da documentação específica e na sua análise e interpretação.
Além de escolher o assunto, o pesquisador deverá delimitá-lo, ou seja, demarcar e estabelecer limites (ALYRIO, 2009), para que o tema não seja muito amplo e pouco focado. Nesse caso, o apoio de um profissional orientador e o próprio desenvolvimento da pesquisa contribuirão para a delimitação (MATTAR, 2017).
4.1.2 Formulação do problema e objetivos
O vídeo que você assistiu no tópico 4.1.1 mencionou algumas informações sobre a formulação do problema de pesquisa.
A formulação do problema está diretamente relacionada ao tema proposto. Nesse sentido, espera-se que o problema represente uma dificuldade específica com a qual o pesquisador se defronta e, por conseguinte, pretende resolver por intermédio da investigação. Para ser científico, um problema de pesquisa deve contemplar os seguintes critérios (MARCONI; LAKATOS, 2017):
· ser enunciado em forma de pergunta;
· corresponder, harmonicamente, a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos (de conteúdo e metodológicos);
· basear-se em uma questão científica, ou seja, apresentar a relação de, pelo menos, duas variáveis;
· ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica;
· ser empiricamente verificável.
O problema de pesquisatambém pode ser apresentado sob a forma de objetivos ou propósitos do estudo (GIL, 2018), sendo esses divididos em (MALDANER, 2015; MATTAR, 2017):
· gerais: se referem às expectativas do pesquisador em relação aos resultados do estudo. Portanto, devem apresentar, de forma clara, o que se pretende com a pesquisa;
· específicos: subdivisões do objetivo geral, que deverão contemplar o levantamento dos componentes do problema, a transformação de cada um dos aspectos em um objetivo, a verificação da suficiência dos objetivos específicos propostos e a escolha da melhor sequência lógica.
Gil (2018, p. 13) apresenta um exemplo de problema de pesquisa e a sua posterior apresentação em forma de objetivos do estudo:
Problema de pesquisa: 
· Com que barreiras sociais se deparam as mulheres para ascender a funções gerenciais no setor bancário no Estado de Minas Gerais na segunda década do século XXI?
Objetivos:
· Verificar o nível de participação das mulheres em funções gerenciais no setor bancário do Estado de Minas Gerais na segunda década do século XXI.
· Identificar barreiras sociais à ascensão de mulheres a funções gerenciais nesse setor.
· Verificar a existência de relação entre a participação de mulheres em funções gerenciais e características das instituições bancárias que as empregam.
4.1.3 Levantamento das hipóteses
A hipótese é uma suposição, resposta ou explicação provisória do problema de pesquisa (ALYRIO, 2009; GIL, 2018). Também se refere, de forma simplificada, a uma expressão verbal que pode ser definida como verdadeira ou falsa e submetida a testes (GIL, 2018).
As hipóteses representam uma construção intelectual a priori do pesquisador, baseada em conhecimentos prévios sobre o assunto investigado. Nesse sentido, o trabalho posterior da pesquisa será confirmar ou negar (refutar) a hipótese (MALDANER, 2015).
Veja um exemplo apresentado por Gil (2018, p. 16):
Problema de pesquisa:
· Que fatores contribuem para o consumo de cerveja por estudantes universitários? 
Hipóteses de pesquisa:
· Estudantes ansiosos tendem a consumir mais cerveja.
· Estudantes do sexo masculino são mais propensos ao consumo.
· A proximidade de bares próximos à escola é um fator que estimula um maior consumo.
· Estudantes dos cursos noturnos tendem a consumir mais cerveja que os dos cursos matutinos. 
Lembre-se que essas afirmações podem ser verdadeiras ou falsas e testadas a partir de procedimentos específicos. Portanto, essas suposições são consideradas hipóteses, pois são possíveis respostas ao problema de pesquisa.
4.1.4 Procedimentos metodológicos
Um projeto de pesquisa também  inclui a descrição dos métodos ou procedimentos que serão utilizados (MATTAR, 2017). A escolha dos métodos deve estar embasada nas características gerais da investigação, principalmente no que se refere ao problema e aos objetivos do estudo. 
Nesse sentido, o pesquisador deverá detalhar as atividades práticas que serão realizadas para a coleta, a análise e a interpretação dos dados, em convergência com os propósitos do estudo (MALDANER, 2015). Espera-se, em um projeto de pesquisa, identificar uma explicação minuciosa, rigorosa e exata das ações desenvolvidas relacionadas ao método do estudo (MORAES, 2015). Portanto, o pesquisador deverá descrever, por exemplo:
· a classificação da pesquisa segundo o seu objetivo (exploratória, descritiva e/ou explicativa) - ver tópico 3.2.2 do curso;
· a classificação da pesquisa segundo a abordagem metodológica (qualitativa, quantitativa ou mista) - ver tópico 3.2.3 do curso;
· o(s) método(s) empregado(s) - ver tópico 3.2.4 do curso;
· a dimensão de tempo empregada no estudo (transversal ou longitudinal) - ver tópico 3.2.5 do curso;
· os instrumentos utilizados para a coleta de dados (questionário, entrevista etc.), quando aplicável;
· quem serão os participantes do estudo, quando aplicável;
· as formas de tabulação e tratamento dos dados;
· as características da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho;
· outras informações pertinentes ao delineamento do estudo.
4.1.5 Cronograma
Além dos aspectos científicos da pesquisa, é importante nos lembrarmos dos aspectos administrativos, tais como o tempo e os custos envolvidos (GIL, 2018). A organização das etapas da pesquisa e a previsão do tempo necessário para a execução podem ser previstas em um cronograma. A sua elaboração estará condicionada às características do estudo e aos critérios determinados pelo autor do trabalho (MORAES, 2015). 
O estabelecimento de um cronograma é importante, pois permite prever e acompanhar o tempo necessário e disponível para cada atividade vinculada à conclusão da pesquisa. Além disso, embora o cronograma possa ser ajustado, é relevante que o tempo de cada etapa seja controlado, para evitar que as últimas fases da pesquisa (análise dos dados e redação do relatório, por exemplo) sejam realizadas às pressas e com pouca qualidade (MATTAR, 2017).
Perceba que o cronograma disponível na Figura 1 apresenta as várias etapas de uma pesquisa, a previsão do tempo necessário para se passar de uma fase para outra e a indicação de atividades que são desenvolvidas simultaneamente.
4.1.6 Definição dos recursos
Como vimos no tópico 2.2 do curso, os recursos humanos, materiais e financeiros são requisitos importantes para o desenvolvimento de pesquisas. Portanto, um projeto deve contemplar o detalhamento dos recursos necessários, bem como um orçamento. 
Os gastos relacionados à pesquisa devem ser estimados de acordo com os itens necessários para cada etapa da investigação (itens de despesa, com a indicação das quantidades, do custo unitário e do custo total). Os itens previstos no orçamento poderão ser agrupados nas seguintes seções (ALYRIO, 2009; GIL, 2018):
· gastos com pessoal, tais como a remuneração do coordenador do projeto e demais pesquisadores;
· material permanente: são aqueles que possuem durabilidade prolongada e permanecem após a finalização do projeto (despesas com aquisição de máquinas, equipamentos hospitalares, equipamentos para acampamento, computadores, impressoras, móveis, livros etc.);
· materiais de consumo: são aqueles que não possuem durabilidade prolongada e são consumidos durante a realização da pesquisa (papel, tinta para impressora, canetas, material para fotografia e filmagem, material de proteção, material de limpeza, combustível etc.);
· diárias, despesas com alimentação e hospedagem dos pesquisadores  envolvidos na execução do projeto;
· passagens e despesas com locomoção;
· outros serviços, tais como frete, conservação e adaptação de bens imóveis, serviços de comunicação e divulgação, despesas com congressos, simpósios, conferências, publicações ou exposições etc.
4.1.7 Referências
Para finalizar, vamos conversar sobre um importante elemento dos projetos e dos relatórios de pesquisa: a indicação das referências.
De acordo com Mattar (2007), o pesquisador deverá listar as referências utilizadas na elaboração do projeto e poderá mencionar, inclusive, as referências a serem consideradas no futuro. É importante salientar que a relação das referências poderá ser atualizada constantemente, incluindo publicações recentes, indicações de especialistas e outros materiais identificados a partir de leituras.
As referências a serem utilizadas em um projeto de pesquisa podem ser classificadas de acordo com a tipologia do documento (DE SORDI, 2017):
· textos científicos, tais como artigos publicados em revistas científicas e em livros organizados com base em coletâneas de artigos científicos;
· textos acadêmicos, como livros que atendem a fins didáticos;
· textos jornalísticos publicados em mídias de comunicação, como as revistas comerciais e jornais diários;
· textos de entidades sociais e empresariais, desenvolvidos por organizações objetivando justificar, descrever ou auxiliar no uso de seus produtos ou serviços. Alguns exemplos dessa categoria são: relatórios, manuais ou revistas; documentos de trabalho e do governo; e documentos publicados por fontes distintas dos canais comerciais ou acadêmico-científico.

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