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Apostila - METODOLÓGIA CIÊNTIFICA UNINA

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1 
 
Disciplina: Metodologia Científica 
Autores: D.r Rodrigo Souza da Costa 
Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Rodrigo Souza da Costa 
 
 
 
 
 
Metodologia Científica 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Murillo Hochuli Castex 
 
Designer Instrucional 
Murillo Hochuli Castex 
 
Revisão Ortográfica 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
COSTA, Rodrigo Souza da. 
Metodologia Científica / Rodrigo Souza da Costa. – Curitiba: Faculdade UNINA, 
2020. 
57 p. [adaptado 58 p.] 
ISBN: 978-65-87972-90-9 
1.Metodologia Científica. 2. Normas. 3. Pesquisa. 
Material didático da disciplina de Metodologia Científica – Faculdade UNINA, 
2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Conhecimento, Ciência e o Método Científico .............................. 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 O que é conhecimento? ................................................................ 09 
 1.2 O que é Ciência? ........................................................................... 12 
 1.3 O que é o método científico? ......................................................... 14 
 1.3.1 A postura científica ..................................................................... 16 
 1.4 O que é a pesquisa científica? ....................................................... 16 
 1.4.1 Quais são os tipos de métodos científicos? ................................ 17 
 1.4.2 As limitações do processo científico ........................................... 19 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 19 
Aula 2 – O projeto de pesquisa científica .................................................... 20 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 20 
 2.1 Tipos de projetos ........................................................................... 21 
 2.2 Estratégias de pesquisa ................................................................ 22 
 2.3 Estratégia de pesquisa quantitativa ............................................... 23 
 2.3.1 Estratégias qualitativas .............................................................. 24 
 2.3.2 Estratégia de métodos mistos .................................................... 26 
 2.4 Tipos de trabalhos científicos ........................................................ 27 
 2.5 Etapas de um trabalho científico .................................................... 28 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 30 
Aula 3 – O planejamento da pesquisa científica ......................................... 31 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 31 
 3.1 Tema de pesquisa ......................................................................... 32 
 3.2 Problema de pesquisa................................................................... 33 
 3.3 Objetivos da pesquisa ................................................................... 35 
 3.4 Variáveis e categorias analíticas ................................................... 36 
 3.5 Base teórico-empírica ................................................................... 39 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 41 
Aula 4 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados .......... 42 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 42 
 4.1 A coleta de dados a partir do enfoque quantitativo ........................ 43 
 4.1.1 Principais escalas ...................................................................... 45 
 4.2 A coleta de dados a partir do enfoque qualitativo ........................... 47 
 
 
6 
 
 4.2.1 Principais técnicas de coleta dos dados qualitativos .................. 47 
 4.3 Análise dos dados ......................................................................... 49 
 4.3.1 Técnicas quantitativas de análise ............................................... 49 
 4.3.2 Técnicas qualitativas de análise ................................................. 50 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 52 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 58 
Índice Remissivo ........................................................................................ 54 
Referências ............................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
Nesta disciplina serão apresentadas reflexões acerca da essência do 
conhecimento e de suas bases metodológicas. Nesse sentido, buscar-se-á 
entender o conceito de metodologia, bem como as diferentes técnicas e 
aplicações do conhecimento científico. Os conhecimentos metodológicos aqui 
debatidos serão utilizados em diversas outras disciplinas e ao longo de todo o 
percurso acadêmico dos estudantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Conhecimento, ciência e o métodocientífico 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá, aluno. Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina de Metodologia 
Científica. A partir de agora, você conhecerá sobre os elementos que dão toda 
a base para tratarmos desse assunto. Vamos lá? 
Nesta primeira aula, vamos abordar sobre do que se tratam os 
conhecimentos científicos e teóricos, para entender isso, temos que saber 
diferenciar o que é ciência do que é senso comum. O entendimento dessa 
diferença é essencial para que você possa realizar seus trabalhos acadêmicos, 
evitando fazer as análises, tendo como base juízos de valores e enriquecer seu 
trabalho sabendo elaborar uma análise teórico-científica. 
A disciplina que se ocupa em estudar a forma como o conhecimento é 
construído é chamada de epistemologia. Com um entendimento adequado do 
que se trata a epistemologia, você poderá esclarecer o que é conhecimento e 
como ele é produzido. 
Para o objetivo da nossa disciplina, não se faz necessário fazermos um 
tratado epistemológico, porém, sugiro que, quando possível, busquem entender 
do que se trata essa área de estudos para aprofundar o seu entendimento. O 
que devemos entender, inicialmente, é como o conhecimento científico é 
construído. 
Assim, o conceito de conhecimento é essencial para a nossa disciplina. 
Como a disciplina de Metodologia Científica é a base para a produção do 
conhecimento, você deve saber responder à seguinte pergunta: o que é 
conhecimento? 
Temos que entender antecipadamente que a forma como o conhecimento 
é construído não é uniforme e não tem um padrão. Por isso, o conceito de 
“conhecimento” precisa ser entendido com maior profundidade; é isso que 
estudaremos nesta primeira aula. 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1.1 O que é conhecimento? 
 
A necessidade de conhecimento tem origem na busca constante do 
homem pela compreensão do seu mundo, com o objetivo de agir sobre ele e, por 
vezes, tentar transformá-lo. Entender o que é conhecimento é algo que se busca 
desde os filósofos da Antiguidade. Sócrates já questionava essa temática em 
diálogos com outros filósofos: 
 
“O que é conhecimento?” A ela pode-se acrescentar outras: Qual o 
significado de conhecimento? Quais os limites? Como se pode confiar 
que o que se conhece é de fato o que se deve saber? De onde o 
conhecimento provém? Qual o processo de conhecer? Do ponto de 
vista científico, como o conhecimento pode ser aceito ou validado? O 
conhecimento não é, definitivamente, algo que se pode obter saindo 
da ignorância para, finalmente, chegar ao saber (NAJMANOVICH; 
LUCANO, 2008). 
 
Percebemos com essas indagações de Sócrates que definir o 
conhecimento não é algo tão simples quanto parece inicialmente. Alguns vão 
dizer que o conhecimento seria uma capacidade naturalmente humana, mas, se 
entendermos dessa forma, estaríamos desconsiderando todo o contexto 
histórico, social, econômico, político e cultural, no qual cada geração de 
cientistas produziu conhecimento. 
No entanto, mesmo que seja necessário todo o entendimento sobre as 
discussões sobre definição do conhecimento para os filósofos da antiguidade. 
Temos que demarcar e definir, mesmo que de forma arbitrária, as definições de 
conhecimento. 
Você deve compreender, essencialmente, que o conhecimento comum 
(aquele que está vinculado a uma crença) é diferente do conhecimento científico. 
Quando estamos falando de conhecimento científico, temos que entender que 
ele depende de provas, argumentações, métodos e teorias, sendo racional e 
sistemático. 
Outro ponto que temos que analisar para saber se o conhecimento é, de 
fato, científico, recai sobre o fato que não estamos falando de um conhecimento 
individualmente validado, mas validado de forma coletiva, pela comunidade 
científica, ou seja, nossas opiniões, crenças e ideologias ao analisar um 
determinado fenômeno não podem ser consideradas como científicas. 
 
 
10 
 
 
O que é conhecimento? (O Pensador – Auguste Rodin, 1880) 
Fonte: https://www.discoverwalks.com/wp-content/uploads/2019/11/the-thinker-
489753_1920-1280x720.jpg 
 
Por isso, se faz necessário fazer uma distinção sobre os tipos de 
conhecimento, que podem ser divididos, ao menos, em cinco formas distintas 
(PENNA, 2000): 
 
i. Conhecimento Sensível: trata-se daquele que ocorre pelos 
sentidos e vai atingir o objeto na sua especificidade e 
concreticidade. Além disso, ele ocorre em dois momentos: o 
sensorial e o perceptivo; 
ii. Conhecimento Racional ou Intelectual: com esse conhecimento, 
se alcançam o geral e o abstrato. No entanto, não se consegue 
atingir o individual e o concreto. Isso porque a realidade é aquela 
possível e a forma de se processar o conhecimento é pela 
abstração; 
iii. Conhecimento Vulgar: esse tipo de conhecimento é atingido sem 
a utilização de controles metodológicos. Geralmente, ele é 
expresso na forma de opinião. Este tipo de conhecimento se trata 
de um obstáculo a ser superado (BACHELARD, 1996); 
iv. Conhecimento Científico: é caracterizado pelo rigor que se tem 
para o seu atingimento. Deve-se ressaltar que não se trata de um 
tipo de conhecimento que alcança uma verdade absoluta, mas que 
 
 
11 
 
pode assegurar sua condição pelo método que foi utilizado para a 
sua obtenção; 
v. Conhecimento Metafísico: este é um tipo de conhecimento que é 
possível a priori, como no caso em que se aceita que “todo efeito 
tem uma causa”. O conhecimento é certo e não depende dos 
sentidos. 
Importante 
Com isso, podemos dizer que conhecimento é o ato de 
conhecer, ou seja, enquanto relação que se estabelece entre o 
sujeito que conhece e o objeto exterior a ele (pessoa, fato e 
fenômeno). O produto do ato de conhecer ou o resultado deste 
ato, que consiste no saber adquirido e acumulado pelo homem. 
Tendo em mente essa definição, a principal distinção que temos 
que fazer é entre conhecimento científico e senso comum. 
 
Temos também que entender o que é senso comum, que tem como 
características ser valorativo, falível e inexato, este se trata de um conhecimento 
espontâneo, resultante das experiências vividas pelo homem ao enfrentar os 
problemas da vida diária. As principais características do senso comum referem-
se ao fato de que este é elaborado por meio da interação entre os indivíduos e, 
muitas vezes, herdado de gerações anteriores. 
Além disso, possui uma característica essencialmente empírica, pois se 
baseia na experiência cotidiana, sem planejamento rigoroso. Outra característica 
é a sua ingenuidade, pois não resulta de atitude crítica ou questionamento. Por 
fim, temos que compreender que o senso comum é subjetivo, pois depende de 
sensações e de juízos pessoais a respeito das coisas, com envolvimento das 
emoções e dos valores de quem observa. 
Quando falamos de senso comum, temos que entender que teoria e fato 
são opostos; isso quer dizer que o fato é fruto do acaso e a teoria é mera 
especulação, dessa forma, assim permanece até ser provada. Quando a prova 
é feita, a teoria se torna fato, que passa a ser considerado definitivo, 
inquestionável e autoevidente. 
 
 
 
 
12 
 
Pesquise 
Para aprofundar o seu conhecimento sobre os filósofos da 
ciência, leia o Dicionário de Filosofia, de J. Ferrater Mora. 
 
 
Já no conhecimento científico, teoria e fato são inter-relacionados. A 
teoria não é mera especulação, mas a relação é ordenada entre fatos, 
considerados observações empiricamente verificadas e significativas, ou seja, 
relevantes teoricamente, além de provisórias e questionáveis ou passíveis de 
reflexão. A ciência se refere à inter-relação constante entre teoria e fato, 
submetida à frequente crítica e questionamento, mediante testagem empírica. 
O conhecimento científico se trata do conhecimento preciso e organizado, 
resultante da descoberta de relações entre fatos e fenômenos materiais e 
mensuráveis. Ele possui linguagem própria e precisa, cujos conceitos são 
definidos de modo a evitar ambiguidades.Também apresenta um maior nível de objetividade, pois não depende de 
juízos pessoais e suas conclusões podem ser verificadas por qualquer outro 
membro da comunidade científica, mediante replicação. Tem objeto específico e 
campo delimitado de pesquisa. Busca explicar fatos e fenômenos com base em 
provas concretas obtidas pelo uso de métodos. 
 
1.2 O que é ciência? 
 
De forma elementar, podemos subdividir a ciência em: básica, aplicada e 
técnica, porém, para chegarmos nisso, temos que entender sobre a função da 
política científica em um país em desenvolvimento. A ciência deve fornecer uma 
análise sistemática de suas necessidades de desenvolvimento doméstico; uma 
pesquisa só será considerada científica se for objeto de investigação planejada, 
desenvolvida e redigida conforme as normas metodológicas consagradas pela 
ciência. 
 
 
 
13 
 
Importante 
Ciência pode ser definida como a forma de conhecer a realidade 
e gerar conhecimento, a pesquisa é o principal instrumento da 
ciência. A principal diferença da pesquisa científica para as 
demais é o método. 
 
No entanto, temos que ser críticos no que se refere à confusão que 
usualmente se faz entre a cientificidade e a política que se deve assumir em 
torno dela e a parte técnica e econômica que resulta de todo o processo. 
Temos que entender que a ciência é parte de uma cultura e que não se 
pode simplesmente ordenar que a produção científica seja feita de acordo com 
outros interesses (BUNGE, 1980). Essa confusão fica clara quando se colocam 
ciência e P&D (pesquisa e desenvolvimento) como sendo a mesma coisa. 
Com isso em mente, agora temos condições de diferenciar o que seria: 1) 
ciência básica; 2) ciência aplicada; 3) prática; 4) produção comercial. Nesse 
sentido, de forma muito coerente, o autor coloca que essa distinção não seria 
tão complicada, pois ciência básica tem como propósito o enriquecimento do 
conhecimento humano acerca de uma determinada área do conhecimento. 
Já a ciência aplicada se utiliza dos conhecimentos obtidos nas pesquisas 
básicas, ou seja, ela vai aplicar as mesmas técnicas e métodos da ciência básica 
para o entendimento de objetos de estudo mais particulares e, além disso, busca 
também gerar novos conhecimentos mais específicos em relação ao fenômeno 
estudado. 
Ainda existe a prática que não produz conhecimento e sim técnica, que 
será utilizada pelo praticante, dessa forma, para o praticante, a ciência não é um 
fim, mas um meio (BUNGE, 1980). Por fim, tem-se a produção comercial, que 
busca gerar instrumentos que beneficiarão a sociedade, no entanto, temos, por 
incrível que possa parecer, muita confusão entre produção industrial e produção 
científica. 
Há também que se pensar que se deve prezar pelo desenvolvimento de 
ciências correlatas, pois a multidisciplinaridade é uma atividade essencial para o 
desenvolvimento científico. Além disso, o intercâmbio, seja de pessoas ou de 
 
 
14 
 
informações e a colaboração internacional, auxilia o desenvolvimento, pois o 
nacionalismo e o isolamento conduzem à estagnação. 
Importante 
O desenvolvimento de uma comunidade depende da integração 
com sistemas superiores e que se deve realizar pela liberdade 
de troca de informações. 
 
 
1.3 O que é o método científico? 
 
Sobre a natureza da ciência e da pesquisa científica, temos que entender 
algumas questões. Primeiramente, sobre os modos de adquirir conhecimento, 
você tem que saber que as fontes devem ser confiáveis. No entanto, temos que 
tomar cuidado com a observação, pois não se trata de algo simples, pois sofre a 
influência do observador. 
Em relação à natureza geral da ciência, temos que compreender que a 
ciência se trata de um empreendimento preocupado exclusivamente com o 
conhecimento e a compreensão dos fenômenos naturais. Temos no método 
científico dois tipos de pesquisa: 1) experimental, que é quando se aplicam 
coisas diferentes a dois ou mais grupos e; 2) não-experimental, em que não há 
manipulação dos grupos, apenas observação. 
Para pesquisas experimentais, devemos tentar formar grupos iguais em 
condições que possam influenciar o resultado. Depois, aplicamos algum tipo de 
interferência ao grupo experimental e nada ao grupo controle. Fazemos um 
período de adaptação inicial com ambos os grupos (expostos ou não aos 
mesmos estímulos), seguido pelo período de experimentação no grupo 
escolhido para tal e, por fim, analisamos e comparamos os resultados. 
Já na pesquisa não experimental, não há tratamento diferenciado de 
grupos de sujeitos, ou seja, vamos pegar os grupos como eles são e estudamos 
a influência que sofrem de alguma determinada variável. Por exemplo, podemos 
analisar a correlação entre as variáveis tempo de amamentação e nível social. 
No entanto, precisamos tomar cuidado com as afirmações, pois o resultado 
 
 
15 
 
obtido somente é expressivo para a amostra estudada e possui pouca 
capacidade de generalização para uma população. 
Quando falamos do método científico, temos que entender como se dá a 
objetividade na pesquisa científica. Por definição, podemos dizer que 
objetividade se trata de um acordo entre especialistas relativo ao que se está 
observando, o que deve ser ou o que foi feito na pesquisa, ou seja, é quando 
temos uma concordância entre as observações feitas por pesquisadores 
diferentes. 
Dessa forma, o principal fator para satisfazer esse critério de objetividade 
recai sobre o fato de que quaisquer observadores, que tenham um mínimo de 
competência, estejam de acordo com os resultados obtidos. É a objetividade que 
vai auxiliar o pesquisador a diminuir sua influência (juízo de valor) sobre a 
pesquisa, realizando de tal forma que tenha condições de ser replicada por 
outros pesquisadores. 
Mas, por que precisamos ter o máximo de objetividade nas pesquisas? 
Isso tem a ver com a relação entre objetividade e explicação. Por si só, a 
objetividade tem pouca importância. Temos que entender que o objetivo básico 
da ciência e, consequentemente, de qualquer trabalho acadêmico, é a 
explicação de fenômenos e não, simplesmente, ser objetiva. 
Perceba que uma pesquisa altamente objetiva pode conter observações 
enganosas e conclusões falsas. Então, lembre-se: a objetividade é uma 
característica fundamental da pesquisa científica, mas precisa ter um poder de 
explicação para estar completa. 
Importante 
A objetividade é tanto uma característica quanto um 
procedimento. Isso se deve ao fato de que ela não é uma 
característica do pesquisador, mas se trata de um 
procedimento, um método; uma forma de direcionar qualquer 
assunto científico. 
 
Então, temos que entender do que se trata a abstração, ou seja, o 
afastamento do pesquisador da pesquisa. Parte do poder da ciência está sempre 
distante das preocupações comuns e do calor do relacionamento humano. Isso, 
 
 
16 
 
por definição, é parte da natureza da ciência, ou seja, sem abstração não há 
ciência. 
Você deve entender também que o processo científico possui um caráter 
empírico. Dentro da ciência, o empírico significa que somos guiados pelas 
evidências obtidas na pesquisa científica, que deve ser sempre sistemática e 
controlada. 
Porém, mesmo sendo empírica, isso não significa necessariamente que 
uma afirmação seja verdadeira. Se estivermos baseados em métodos científicos 
e nas evidências, provavelmente será mais verdadeira do que uma afirmação 
baseada inteiramente em crenças ou suposições. 
O objetivo essencial da ciência é possibilitar a geração de teoria. Teorias 
são tentativas sistemáticas de explicar os vários fenômenos, explicando a 
relação entre eles e uma série de outras variáveis. Além disso, as teorias buscam 
inventar e descobrir explicações válidas para determinados fenômenos. Lembre-
se: a preocupação da ciência recai única e exclusivamente sobre a 
compreensão e explicação dos fenômenos. 
 
1.3.1 A postura científica 
 
O conhecimento e o usodo instrumental metodológico são inúteis sem o 
rigor e a seriedade que o trabalho científico requer. O pesquisador deve estar 
imbuído de uma postura científica. Essa postura pode ser definida como a 
atitude ou disposição do pesquisador para buscar soluções para um problema, 
com o emprego de todos os métodos adequados. Nesse sentido, quando um 
problema é científico, deve-se refletir sobre um assunto que ainda não foi 
satisfatoriamente respondido. 
Pesquise 
Visite o site da ABNT (Associação Brasileira de Normas 
Técnicas) http://www.abnt.org.br para conhecer as normas 
atuais dos trabalhos científicos. Além disso, ela será usada 
ao longo desta disciplina. 
 
 
 
 
17 
 
1.4 O que é a pesquisa científica? 
 
O método científico é fundamentado pela verificação rigorosa e precisa de 
fatos e fenômenos por meio do uso de instrumentos e técnicas. Ele possui um 
objeto de investigação, ou seja, busca respostas para um problema de pesquisa, 
desde que esse problema seja formulado de forma que seja possível a sua 
verificação empírica, tendo como base um conhecimento prévio. 
Entretanto, como iniciamos uma pesquisa científica? Bom, primeiramente, 
temos que identificar uma dúvida e formular uma pergunta que ainda não tem 
resposta, ou seja, elaborarmos o problema de pesquisa. Após isso, tendo em 
mente que o conhecimento que já existe (em muitos casos, tendo como base o 
senso comum ou de pesquisas anteriores) é insuficiente ou inadequado para 
esclarecer essa dúvida, temos que reconhecer que se faz necessário obter uma 
resposta para essa dúvida. Assim, podemos buscar respostas com base em 
evidências que justifiquem a crença de que teremos uma resposta adequada, de 
preferência correta. 
Pesquise 
Busque a obra Fundamentos de Metodologia Científica, 
de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi e leia o 
capítulo: Ciência e conhecimento científico e métodos 
científicos. 
 
1.4.1 Quais são os tipos de métodos científicos? 
 
Vamos falar agora sobre os principais tipos de métodos científicos. O 
primeiro deles é o método indutivo, que pode ser definido como um processo 
pelo qual, a partir de dados ou observações particulares, chega-se a uma 
proposição geral, que antes não estava presente nas partes que foram 
pesquisadas. 
O foco do método indutivo é criar conclusões que sejam mais abrangentes 
do que as premissas nas quais foram baseadas. Esse tipo de método é utilizado 
quando esperamos que se tenha um certo nível de regularidade no 
acontecimento de determinados fenômenos e, dessa forma, poder-se inferir que 
 
 
18 
 
o futuro será como o passado, justificando isso pelas observações feitas no 
passado, ou seja, parte-se de uma observação particular, para inferir o geral e 
essa observação gera uma formulação teórica 
Existe também o método dedutivo, que pode ser definido como um 
processo pelo qual partimos de dados ou observações gerais e chegamos a uma 
proposição geral ou particular, que está contida (pelo menos de forma implícita) 
nas partes pesquisadas. Geralmente, utilizamos esse método quando 
esperamos que exista uma relação lógica entre os fenômenos. Diferente do 
método indutivo, neste caso, partimos de uma observação geral para explicar o 
particular, sendo baseado em premissas verdadeiras. 
Por fim, temos o método hipotético-dedutivo, que se trata de um 
processo de busca de solução provisória para um problema por meio de 
tentativas (formulação de hipóteses) e de eliminação de erros. Esse método não 
leva a uma certeza, pois a ciência começa e termina com problemas e, apenas 
assim, se renova e progride (POPPER, 2000). O esquema do argumento 
hipotético dedutivo funciona da seguinte forma: 
 
➢ Aparece um problema que, de forma geral, surge de conflitos ou 
lacunas encontradas no conhecimento já existente sobre um 
determinado tema, podendo ser teórico ou prático; 
➢ A solução para esse problema consiste em uma hipótese 
formulada, utilizando dedução de consequências, na forma de 
proposições que possam ser testadas; 
➢ Essa solução é analisada, com o intuito de eliminar erros, utilizando 
o falseamento (tentativas de refutação pela observação e 
experimentação); 
➢ Se a hipótese não supera os testes, ela será refutada exigindo sua 
reformulação. Se superar os testes, a hipótese é corroborada, 
trazendo uma resposta para o problema. 
 
A natureza científica busca argumentar as características que diferenciam 
o conhecimento científico dos demais tipos de conhecimento que vimos 
anteriormente. O processo científico vai trabalhar apenas com a realidade 
 
 
19 
 
empírica, ou seja, aquela sobre a qual se pode fazer experimentações e que se 
pode observar. 
Temos que saber também que qualquer teórica científica nada mais é do 
que uma busca pela sistematização do conhecimento, além disso, devemos 
compreender que as teorias são livres. No entanto, os critérios (procedimentos 
metodológicos) que utilizamos para a sua comprovação são rigorosos e não 
podemos nos deixar influenciar pelos sentimentos sobre os resultados. 
Na ciência, não há fato sem teoria e também não temos teoria sem fatos. 
Sobre isso, temos que diferenciar que teorias são conceitos, enquanto fatos são 
dados. São as teorias que organizarão e buscarão dar sentido aos fatos e esses 
fatos são a contraparte real da teoria, o que essa se propõe a explicar. 
Ví deo 
Assista ao filme Ponto de Mutação, baseado no livro de Fritjof 
Capra, em que um escritor, uma cientista desiludida e um ex-
candidato à presidência dos EUA, discutem sobre as bases da 
existência e da integração do pensamento e das ações 
humanas no contexto do desenvolvimento. 
 
1.4.2 As limitações do processo científico 
 
Para finalizar esta aula, temos que compreender que pesquisas científicas 
são objetivas e devem estar livres de opiniões e juízos de valor. Todas as 
conclusões que temos têm como base as observações de quem está realizando 
a pesquisa. Assim, uma vez elaborado o experimento, os resultados não podem 
ser influenciados pelos pesquisados e os questionamentos devem ocorrer pelo 
método utilizado. 
Em pesquisas científicas, definimos o problema, determinando quais os 
métodos e fontes de informação que utilizaremos, bem como os procedimentos. 
Depois disso, não cabe ao pesquisador qualquer outra tomada de decisão, pois 
ele não é mais o dono do resultado. 
 
 
 
 
 
20 
 
Conclusão da aula 1 
 
 Chegamos ao final da nossa primeira aula, em que vimos questões 
essenciais, como: o que é ciência, os diferentes tipos de conhecimento, o que é 
método e metodologia. Além disso, vimos que temos que ter discernimento para 
diferenciar, principalmente, os tipos de conhecimento e que o caminho para um 
maior desenvolvimento da sociedade passa pelo nível de conhecimento 
científico. Vimos também que o método científico é essencial para que possamos 
eliminar o senso comum das análises científicas, focando somente naquilo que 
efetivamente pode ser comprovado por métodos robustos e coerentes. 
Atividade de Aprendizagem 
Pesquise na internet trabalhos científicos (teses, 
dissertações, trabalhos de conclusão de curso e artigos 
científicos) que utilizaram o método quantitativo e o qualitativo 
de pesquisa e analise os tipos de conhecimentos gerados 
nesses trabalhos pesquisados. 
 
 
 
Aula 2 – O projeto de pesquisa científica 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá, aluno. Seja bem-vindo à nossa segunda aula da disciplina de 
Metodologia Científica. Nesta aula, a partir de agora, você verá sobre os fatores 
que estão envolvidos na realização de um projeto de pesquisa científica, mais 
especificamente, sobre a seleção de um projeto de pesquisa. Vamos lá? 
Os projetos de pesquisa se tratam dos planos e os procedimentos para a 
pesquisa que estão relacionados com todas as decisões que o pesquisador vai 
tomar para a sua execução. Então, temos que tratar desde suposições mais 
abrangentes até os métodos mais detalhadosde coleta e de análise dos dados. 
Nessa etapa, estão envolvidas diversas decisões, que envolvem qual 
projeto deve ser utilizado para se estudar um determinado tema. A informação 
 
 
21 
 
dessa decisão vai refletir todas as concepções que o pesquisador traz para o 
estudo, os procedimentos da investigação (também chamados de estratégias) e 
os métodos específicos de coleta e de análise e interpretação dos dados. 
A seleção de um projeto de pesquisa é também baseada na natureza do 
problema ou na questão de pesquisa que está sendo tratada, nas experiências 
pessoais dos pesquisadores e no público ao qual o estudo se dirige. 
Aqui apresentarei três tipos de projetos: qualitativos, quantitativos e de 
métodos mistos. Sem dúvida, as três abordagens não são tão distintas quanto 
parecem, inicialmente. As abordagens qualitativa e quantitativa não devem ser 
encaradas como extremos opostos ou dicotomias, pois, em vez disso, 
representam fins diferentes em um contínuo (NEWMAN; BENZ, 1998). 
Um estudo tende a ser mais qualitativo do que quantitativo ou vice-versa. 
A pesquisa de métodos mistos reside no meio deste contínuo, porque incorpora 
elementos das duas abordagens, qualitativa e quantitativa. A seguir, serão 
detalhados esses três tipos de pesquisa. 
 
2.1 Tipos de projetos 
 
Para começar, falaremos sobre a pesquisa qualitativa, ela se trata de 
um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os 
grupos atribuem a um problema social ou humano (STAKE, 2006). Em todo o 
processo de pesquisa, temos as questões e procedimentos metodológicos que 
serão realizados, bem como os dados que serão coletados e a análise desses 
dados elaborada a partir das peculiaridades de cada tema de pesquisa e as 
interpretações realizadas pelo pesquisador sobre o significado dos dados 
(CRESWELL, 2008). 
 
 
A elaboração do relatório qualitativo tem uma estrutura flexível. 
 
 
Os pesquisadores imersos nesse tipo de pesquisa apoiam uma maneira 
de encarar a pesquisa que está relacionada a um estilo indutivo, em que o foco 
 
 
22 
 
é no significado individual, bem como na importância da interpretação de uma 
situação complexa (STAKE, 2006). 
A pesquisa quantitativa, por sua vez, diz respeito a uma forma de 
realizar testes para teorias objetivas, em que se busca examinar a relação entre 
as variáveis (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). Essas variáveis podem ser 
mensuradas por instrumentos típicos, para que os dados numéricos possam ser 
analisados com a utilização de procedimentos estatísticos (STAKE, 2006). 
Em relação ao relatório qualitativo, ele tem uma estrutura fixa, em que 
temos introdução, literatura e teoria, métodos, resultados e discussão 
(CRESWELL, 2008). Da mesma forma que os pesquisadores qualitativos, os 
quantitativistas possuem algumas suposições sobre a testagem dedutiva das 
teorias, sobre a criação de proteções contra vieses, sobre o controle de 
explicações alternativas e sobre sua capacidade para generalizar e para replicar 
os achados (STAKE, 2006). 
Por fim, a pesquisa de métodos mistos se trata de uma abordagem de 
pesquisa que vai combinar as formas qualitativa e quantitativa (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012). Assim, ela possui suposições filosóficas que reforçam 
a utilização de abordagens qualitativas e quantitativas e a mistura das duas 
abordagens em um estudo. 
Importante 
Com isso, podemos inferir que se trata mais do que uma mera 
coleta e análise dos dois tipos de dados. Isso devido ao fato de 
que envolve também a utilização das duas abordagens em 
conjunto, de forma que a força geral da pesquisa seja maior do 
que a utilização isolada da pesquisa qualitativa ou quantitativa 
(CRESWELL, 2008). 
 
2.2 Estratégias de pesquisa 
 
Cabe ao pesquisador, não apenas eleger uma pesquisa qualitativa, 
quantitativa ou de métodos mistos para realizar, mas deve decidir também sobre 
qual o tipo de estudo dentro destas três escolhas (STAKE, 2006). Por definição, 
a estratégia de pesquisa trata dos tipos de projetos que irão proporcionar um 
 
 
23 
 
direcionamento particular para os procedimentos metodológicos de um projeto 
de pesquisa (CRESWELL, 2008). 
A disponibilidade de estratégias disponíveis para os pesquisadores 
aumentou substancialmente nos últimos trinta anos, sobretudo com o maior 
desenvolvimento da tecnologia da computação, que possibilitou um maior 
impulsionamento da análise dos dados (STAKE, 2006). 
Além disso, também aumentou a capacidade de analisarmos modelos 
com maiores níveis de complexidade, em que os pesquisadores conseguem 
articular novos procedimentos para realização das pesquisas (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012). 
 
2.3 Estratégia de pesquisa quantitativa 
 
Agora vou falar para você sobre a estratégia quantitativa. Desde o final do 
século XIX, temos as pesquisas quantitativas relacionadas à concepção pós-
positivista (STAKE, 2006). Nesta concepção, é muito comum a utilização de 
experimentos reais e os experimentos com menos nível de rigor (conhecidos 
como quase-experimentos), bem como os estudos de correlação e os 
experimentos de tema único (NEUMAN E MCCORMICK, 1995). 
 
 
Pesquisa quantitativa 
Fonte: https://www.abcdacomunicacao.com.br/wp-content/uploads/Pesquisas-1-
700x375.jpg 
 
https://www.abcdacomunicacao.com.br/wp-content/uploads/Pesquisas-1-700x375.jpg
https://www.abcdacomunicacao.com.br/wp-content/uploads/Pesquisas-1-700x375.jpg
 
 
24 
 
No entanto, a partir da virada do século XXI, as pesquisas quantitativas 
têm utilizado experimentos complexos, com muitas variáveis e múltiplas técnicas 
de tratamentos dos dados (STAKE, 2006). A estratégia quantitativa também tem 
utilizado modelos de equação estrutural elaborados, que incorporam caminhos 
causais e a identificação da “força” coletiva de múltiplas variáveis (HAIR JR. et 
AL, 2006). A partir de agora, focarei em duas estratégias mais utilizadas em 
pesquisas quantitativas: levantamentos e experimentos. 
Temos definido que a pesquisa de levantamento possibilita uma 
descrição numérica de tendências, atitudes ou opiniões em uma determinada 
população, utilizando-se de uma amostra para estudar essa população 
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). Esse tipo de pesquisa vai incluir os 
chamados estudos transversais e longitudinais, que usam questionários para a 
realização da coleta de dados, buscando uma generalização estatística, partindo 
de uma amostra para toda a população (BABBIE, 1990). 
Já a pesquisa experimental tem o objetivo de determinar se um 
tratamento específico influencia um resultado (STAKE, 2006). Essa influência 
será avaliada ao se proporcionar um tratamento específico a um grupo e 
negando a outro, para depois verificar como foram os resultados obtidos por 
ambos os grupos (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). 
As pesquisas experimentais abrangem os experimentos verdadeiros, com 
a qualificação aleatória dos indivíduos para as condições de tratamento, bem 
como os quase-experimentos, que utilizam projetos não-aleatórios (KEPPEL, 
1991). 
Pesquise 
Para entender melhor do que se trata uma pesquisa 
quantitativa, leia o artigo: Pesquisa Quantitativa em 
Finanças: Uma Análise das Técnicas Estatísticas 
Utilizadas por Artigos Científicos Publicados em 
Periódicos Qualificados no Triênio 2007 a 2009, 
disponível em: 
https://periodicos.ufsm.br/reaufsm/article/download/5851/pd
f 
 
 
 
 
25 
 
2.3.1 Estratégias qualitativas 
 
Em uma primeira análise, por não precisar tratar especificamente com 
variáveis numéricas, a pesquisa qualitativa foi tratada como uma estratégia mais 
simples e muito se discutia sobre a sua validade (de uma perspectiva positivista) 
enquanto estratégia de pesquisa. 
No entanto, com a evolução das formas de tratamento e análise de dados, 
essa “fama” dos estudos qualitativos está caindo. Temos vários pesquisadores 
que estão dedicados a tratar dos vários tipos e disponibilizando procedimentos 
completos sobreabordagens de investigação qualitativa, que buscam a análise 
de significados (WOLCOTT, 2001; STAKE, 2006). 
Temos autores que tratam sobre a prática de pesquisa dos pesquisadores 
que utilizam a análise de narrativa (CLANDININ; CONNELY, 2000), bem como 
o desenvolvimento de estratégias mais complexas, como a teoria fundamentada, 
também chamada de Grounded Theory (STRAUSS; CORBIN, 1998). Outras 
estratégias que valem ser mencionadas são os procedimentos etnográficos e os 
processos mais sistematizados de estudo de caso, propostos por Wolcott (1999) 
e Stake (1995), respectivamente. 
A etnografia se configura em uma estratégia de pesquisa em que o 
pesquisador analisa um grupo cultural que esteja intacto em seu ambiente 
natural durante um período prolongado, em que a coleta de dados ocorre 
essencialmente por dados de observação e entrevistas (CRESWELL, 2008). 
Este processo de pesquisa é mais flexível e se desenvolve de forma contextual, 
dando respostas para as realidades encontradas no campo de pesquisa 
(LECOMPTE; SCHENSUL, 1999). 
Já a teoria fundamentada é uma estratégia em que o pesquisador vai 
elaborar uma teoria geral, mais abstrata, a partir de um processo, ação ou 
interação fundamentada nos pontos de vista dos participantes (CHARMAZ, 
2006). Aqui temos a utilização de várias etapas de coleta de dados, bem como 
o refinamento e o relacionamento das categorias de informação (CHARMAZ, 
2006; STRAUSS; CORBIN, 1998). 
Temos também os estudos de caso, nos quais o pesquisador vai explorar 
de forma aprofundada de um programa, um evento, uma atividade, um processo 
de um ou mais indivíduos (YIN, 2006). Esses casos são relacionados de acordo 
 
 
26 
 
com o tempo e a atividade, o pesquisador vai realizar a coleta de informações 
detalhadas utilizando diversas técnicas de coleta de dados por período 
prolongado (STAKE, 2006). 
Também temos a pesquisa narrativa, que se trata de uma estratégia de 
investigação na qual quem está pesquisando vai investigar as vidas dos 
indivíduos, se utilizando destes para fazerem relatos sobre suas histórias de vida 
(STAKE, 2006). 
Em posse dessas informações, o pesquisador vai estabelecer uma 
cronologia da narrativa, de forma a recontar os eventos relatados (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012). Ao final do processo de pesquisa, a narrativa irá 
combinar as perspectivas sobre a vida do pesquisado, em conjunto com as 
impressões do pesquisador em uma narrativa colaborativa (CLANDININ; 
CONNELY, 2000). 
Pesquise 
Para entender melhor do que se trata uma pesquisa 
qualitativa, leia o artigo: Ações de cooperação, 
aprendizagem e estratégias organizacionais em redes 
interorganizacionais: estudo nos arranjos produtivos 
locais (APL) de software do Paraná, disponível em: 
http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/article
/download/2294/913 
 
2.3.2 Estratégia de métodos mistos 
 
Quando se fala das estratégias de métodos mistos, percebemos que elas 
não são tão conhecidas e utilizadas quanto as abordagens anteriores. A origem 
de se optar por utilizar métodos distintos se dá em 1959, quando Campbell e 
Fisk empregaram métodos múltiplos para investigar a validade de traços 
psicológicos (STAKE, 2006). Esses pesquisadores, em suas considerações 
metodológicas sobre a pesquisa realizada, buscaram incentivar outros em 
utilizar múltiplos métodos para investigar abordagens múltiplas em suas coletas 
de dados (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). 
Esse incentivo incitou os pesquisadores a realizarem uma combinação de 
métodos, com isso, foram associadas abordagens relativas aos métodos de 
 
 
27 
 
pesquisa de campo, tais como observações, entrevistas (característicos da 
pesquisa qualitativa) e levantamentos tradicionais (utilizados para levantamento 
de dados quantitativos). 
Nessa abordagem, os dados qualitativos e quantitativos podem ser 
agrupados e os resultados utilizados concomitantemente, como forma de 
reforçar a validade um do outro (STAKE, 2006). Já quanto aos procedimentos, 
nos métodos mistos temos o que se chama de abordagem sequencial, em que 
o pesquisador busca elaborar ou expandir o que foi levantado por um método 
com a utilização do outro método (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). 
Mas como isso pode ser feito? Bom, podemos iniciar a pesquisa com uma 
entrevista qualitativa, em que temos um objetivo mais exploratório do fenômeno 
analisado e dar continuidade com uma pesquisa de levantamento, tendo em vista 
uma maior possibilidade de generalização estatística dos resultados para a 
população analisada (STAKE, 2006; CRESWELL, 2008). 
Além disso, há a possibilidade de iniciarmos a pesquisa com um método 
quantitativo, em que vamos testar uma determinada teoria ou conceito e 
continuar a pesquisa utilizando uma abordagem qualitativa, para podermos 
explorar detalhadamente alguns casos selecionados (SAMPIERI; COLLADO; 
LUCIO, 2012). 
Pesquise 
Para entender melhor do que se trata uma pesquisa mista, 
leia o artigo: Abordagem Metodológica Qualitativo-
Quantitativa em Pesquisas na Área de Administração, 
disponível em: 
http://www.anpad.org.br/diversos/down_zips/7/enanpad200
3-epa-0249.pdf 
 
2.4 Tipos de trabalhos científicos 
 
Depois de sabermos sobre as abordagens de pesquisa, temos que 
conhecer quais são os tipos de trabalhos científicos com os quais podemos nos 
deparar ao longo de nossa trajetória acadêmica. Inicialmente, temos que saber 
que a forma como os trabalhos científicos são compostos, de maneira geral, 
 
 
28 
 
apresentará uma estrutura semelhante, distintas somente em relação ao objetivo 
que se pretende atingir com o trabalho. 
Por definição, trabalho científico trata das teses, dissertações e os 
trabalhos de conclusão de curso (ABNT, 2018). A seguir, serão apresentadas as 
definições formais sobre o que é cada um desses tipos de trabalho. 
 
➢ Tese: se trata de um documento que exibe o resultado de uma 
pesquisa em que o tema é único e bem limitado. Está sempre 
vinculada a um programa de doutoramento. “Deve ser elaborado 
com base em investigação original, constituindo-se em real 
contribuição para a especialidade em questão. É feita sob a 
coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção do título 
de doutor ou similar” (ABNT, 2018, p. 3); 
 
➢ Dissertação: se trata de um documento vinculado a um programa 
de mestrado, sempre orientado por um doutor e “que representa o 
resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo 
científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua 
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar 
informações” (ABNT, 2018, p. 2); 
 
➢ Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): esse é um documento 
que pode ter várias nomenclaturas e está relacionado à conclusão 
de cursos de graduação e especialização lato sensu. É o trabalho 
resultante de um estudo escolhido, obrigatoriamente relacionado 
ao curso que se está concluindo, sendo coordenado por um 
orientador. 
 
Deve-se sempre frisar as diferenças que temos entre essas três 
categorias de trabalhos. A diferença não está no procedimento metodológico 
utilizado, mas no aprofundamento e maturidade da pesquisa, quando levamos 
em conta fatores como o propósito, a abrangência e a originalidade (LUCKESI 
et al, 1986). 
 
 
 
29 
 
2.5 Etapas de um trabalho científico 
 
Agora vamos falar especificamente sobre as etapas que formam um 
trabalho científico. A primeira etapa é a introdução, que tem o objetivo de fazer 
as considerações preliminares sobre o trabalho para quem está lendo o texto, ou 
seja, devemos nos preocupar em situar o leitor em relação ao contexto 
pesquisado. Nesse momento, vamos informar ao leitor a contextualização sobre 
o tema e o problema de pesquisa, bem como a justificativa do trabalho. 
Importante 
A justificativa deve conter quais são as razões para a escolha 
do tema e do problema, ou seja, devemos mostrar para o leitor 
os porquês da realização da nossapesquisa. Ainda na 
introdução, devemos expor quais são os objetivos da pesquisa, 
que se trata dos propósitos do estudo e para que estamos 
pesquisando determinado tema. 
 
Após a introdução, temos o desenvolvimento do trabalho, que não se 
trata de um capítulo, mas de uma parte do trabalho, que é formado por diversos 
capítulos. Nesse tópico, temos todos os elementos textuais que vêm após a 
introdução e precedem a conclusão (VERGARA, 1997). Por isso, temos que 
avaliar a estrutura do trabalho dependendo de sua abordagem. Temos que 
verificar se é quantitativo ou qualitativo e se será teórico ou teórico-empírico. 
Quando elaboramos um trabalho teórico, a sessão sobre o 
desenvolvimento da pesquisa vai apresentar toda a discussão e análise sobre o 
tema, respaldado por autores que já trataram o assunto em questão. Não há uma 
limitação quanto à quantidade de capítulos e eles serão escritos de acordo com 
a necessidade para responder à pergunta de pesquisa formulada. 
Já quando o trabalho é do tipo do teórico-empírico, o desenvolvimento 
será constituído pelos capítulos que apresentam a base teórica, os 
procedimentos metodológicos utilizados para realização da pesquisa, a 
apresentação dos dados e, por fim, a discussão e análise dos resultados. 
A base teórica refere-se ao capítulo do trabalho que objetiva a 
apresentação, de forma aprofundada, de estudos e correntes teóricas já 
 
 
30 
 
elaboradas por outros pesquisadores e que vão reforçar os seus argumentos 
para responder à pergunta de pesquisa. 
Importante 
O escopo da sua base teórica vai depender da teoria que se 
pretende desenvolver e os fatos ou fenômenos que se pretende 
esclarecer. Lembrando que a base teórica deve estar 
relacionada sempre com os objetivos da pesquisa e o 
arcabouço epistemológico (que vimos na nossa primeira aula) 
que está seguindo. 
 
As fontes de pesquisa teórica são, basicamente, livros, artigos publicados 
em periódicos e outros trabalhos acadêmicos (ROESCH, 1999). Lembrando 
sempre que as fontes de pesquisa devem ser científicas e, dessa forma, artigos 
publicados em sites de notícia, blogs, revistas não acadêmicas etc., não se 
constituem como fontes de pesquisa teórica. 
A base teórica está presente em várias etapas de uma pesquisa e não 
somente na elaboração da proposta. Ela deve estar presente também durante a 
pesquisa e, invariavelmente, nas análises e discussões (ROESCH, 1999). Por 
isso, podemos inferir que a elaboração da base teórica vai acompanhar todo o 
processo de pesquisa. 
Em relação aos procedimentos metodológicos (erroneamente 
chamado de metodologia de pesquisa, pois não estamos fazendo estudo sobre 
o método), ele deve ser descrito em detalhes sobre como foram realizadas as 
etapas de pesquisa. 
Então, devemos falar sobre o tipo de abordagem que temos (teórica, 
teórica-empírica, qualitativa ou quantitativa), o tipo de estudo, bem como a 
população e a amostra pesquisada. Não devemos esquecer de detalhar quais 
foram as variáveis (no caso de trabalho quantitativo) ou categorias de análise 
(para trabalhos qualitativos) do nosso estudo e, também, quais foram as técnicas 
de coleta e análise de dados escolhidas. 
Também temos que discorrer sobre a descrição, a análise, a discussão 
e a interpretação dos resultados. Esta é uma parte do trabalho em que 
devemos retomar o nosso problema de pesquisa, realizando a análise e 
discussão de acordo com a base teórica que escolhemos. 
 
 
31 
 
Em estudos teóricos, essa etapa do trabalho tem como objetivo “explicar, 
discutir, criticar e demonstrar a pertinência desses conhecimentos e teorias no 
esclarecimento, solução ou explicação do problema proposto” (KÖCHE, 1997, p. 
146). Já em trabalhos do tipo teórico-empírico, nesta etapa vamos apresentar 
qual foi a realidade encontrada com a interpretação dos dados (VERGARA, 
1997). 
Aqui, podemos utilizar de recursos visuais para facilitar o entendimento do 
leitor sobre as explicações que estamos fazendo, podendo utilizar gráficos, 
tabelas, figuras, trechos de depoimentos e falas, sempre de acordo com a 
abordagem da pesquisa. 
A última etapa da pesquisa é a conclusão, que vai ser consequência de 
toda a nossa discussão e análise em relação ao tema de pesquisa e o problema 
proposto. Dessa forma, vale ressaltar que “só se pode concluir sobre aquilo que 
se discutiu, logo, tudo o que você apresentar na conclusão deverá ter sido 
discutido anteriormente” (VERGARA, 1997, p. 78). 
 
Conclusão da aula 2 
 
 Chegamos ao final de mais uma aula. Como principal dica de escrita 
desse capítulo, sempre coloco que devemos iniciar a conclusão realizando um 
resgate do nosso tema e do problema de pesquisa que direcionou a realização 
do trabalho. Em seguida, vamos realizar uma síntese do que discutimos para, 
enfim, podermos estabelecer algumas conclusões sobre o tema. É interessante 
também que você inclua algumas sugestões para pesquisas futuras, que 
possam reforçar o seu argumento futuramente e possibilitar maior 
desenvolvimento da teoria. 
Atividade de Aprendizagem 
Pesquise na internet exemplos de trabalhos realizados com 
as abordagens quantitativa, qualitativa e mista. Analise as 
principais distinções entre essas abordagens. 
 
 
 
 
 
32 
 
Aula 3 – O planejamento da pesquisa científica 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá, aluno. Nesta aula poderemos observar que a escolha do tema é o 
primeiro passo no planejamento da pesquisa, mas não o mais fácil. A dificuldade 
está em escolher um tema dentre os vários existentes que necessitam de 
pesquisa. Um assunto que necessite de melhores definições, melhor precisão e 
clareza pode ser um bom tema de pesquisa. Selecionar um tema equivale a 
eliminar aqueles que, por uma razão plausível, devem ser evitados e fixar-se 
naquele que merece prioridade (CERVO, BEVIAN, DA SILVA, 2012). Nesse 
sentido, é indispensável manter a preocupação com o tema, consultar 
bibliografia compatível, justificar o tema escolhido, compatibilizando com os 
problemas formulados. 
Mas o que é um tema de uma pesquisa? Trata-se de um recorte que o 
pesquisador faz do seu objeto (GOLDENBERG, 2007). É do que tratará ou 
versará o texto/trabalho (SEVERINO, 2002). De acordo com o dicionário 
Michaelis (1998), a pesquisa se trata de: “(1) Assunto de que se vai tratar num 
discurso. (2) Matéria de um trabalho literário, científico ou artístico”. 
As definições de tema em pesquisa científica não são exatamente 
precisas ao não deixarem claro o que é tema, sendo, portanto, mais adequado 
expor seu papel no trabalho científico e como se define um pesquisador por um 
determinado tema. Algumas técnicas especiais são sugeridas para facilitar a 
escolha do tema. O importante é não realizar a escolha sem critérios, pois eles 
servem de guia metodológico, orientando o estudante em direção ao estudo 
prioritário. 
 
3.1 Tema de pesquisa 
 
Primeiramente, deve-se delimitar o campo de estudo, dentro da respectiva 
ciência de que trata o trabalho científico. A formulação de questões de pesquisa 
pode se basear em razões intelectuais ou práticas (CERVO, BEVIAN, DA SILVA, 
2012). As razões intelectuais são baseadas no desejo de conhecer ou 
 
 
33 
 
compreender um assunto específico e as razões práticas são baseadas no 
desejo de conhecer para realizar algo melhor ou de maneira mais eficiente. 
O tema pode surgir de um interesse particular ou profissional, de algum 
estudo ou leitura e deve corresponder ao gosto do pesquisador, além de 
proporcionar experiências de valor e contribuir para o progresso da ciência. 
Deve-se levar em conta o material bibliográfico, que deve ser suficiente e estar 
disponível. 
Dentre os critérios para a escolha do tema, observam-se a viabilidade, 
operacionalidade, relevância, oportunidade e novidade. Pode-se dizer que um 
tema é importante se estiver ligado a uma questão teórica que vem merecendo 
atenção continuada na literatura especializada(CASTRO, 2006). O mais 
importante é o tema que, mais cedo ou mais tarde, vai desembocar em 
consequências teóricas ou práticas que afetem diretamente o bem-estar da 
sociedade. 
Importante 
Quanto à originalidade, é possível dizer que um tema original é 
aquele cujos resultados têm o potencial para surpreender e o 
fato de não ter sido verificado anteriormente, não confere 
necessariamente originalidade a um tema. O terceiro critério, 
não menos importante, é o da viabilidade, este é o conceito mais 
tangível, ou seja, o veredicto de inviabilidade é mais fácil de ser 
atingido com confiança, em contraste com os critérios de 
importância e originalidade. 
 
As variáveis que interferem no nível de viabilidade de um tema são: 
prazos, recursos financeiros, competência do pesquisador, disponibilidade 
potencial de informações, o estado da teorização a respeito e o apoio do 
orientador. Definido o tema de interesse no desenvolvimento de um projeto de 
pesquisa, passa-se à identificação de um possível problema de pesquisa. 
 
3.2 Problema de pesquisa 
 
Em um processo de investigação social, a primeira tarefa é identificar qual 
o problema a ser pesquisado. Tal escolha irá conduzir todas as indagações 
 
 
34 
 
seguintes. A formulação de um problema de pesquisa não é tarefa das mais 
fáceis. Alguns autores citam que um meio de formular um problema é começar 
com uma pergunta formulada de maneira provisória, ou seja, uma pergunta de 
partida, que poderá mudar de perspectiva ao longo do caminho. 
Importante 
Em se tratando de conhecimento científico, problema é qualquer 
questão não esclarecida e que se torna objeto de discussão, em 
qualquer domínio do conhecimento. 
 
Primeiramente, devemos nos atentar ao que não é problema de cunho 
científico. Exemplificando, o autor apresenta a seguinte expressão: como fazer 
para melhorar os transportes urbanos? O que pode ser feito para se conseguir 
melhor distribuição de renda? (KERLINGER, 1980). 
Tais problemas não podem ser pesquisados segundo métodos científicos, 
pelo menos sob a forma como são propostos (KERLINGER, 1980; STAKE, 
2006). A pesquisa científica não pode dar respostas a questões de “engenharia” 
e de valor, porque sua correção ou incorreção não é passível de verificação 
empírica (CRESWELL, 2008; GIL, 2008), ou seja, um problema é testável 
cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou 
manipuladas. Alguns exemplos são citados pelo autor, como: em que medida a 
escolaridade influencia a preferência político-partidária? A desnutrição contribui 
para o rebaixamento intelectual? Para o autor, tais problemas envolvem 
variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. 
Outro fator importante é a relevância do tema a ser estudado. Um 
problema será relevante em termos científicos à medida que conduzir à obtenção 
de novos conhecimentos (CRESWELL, 2008; GIL, 2008). Não há regras rígidas 
para a formulação do problema de pesquisa, porém, algumas recomendações 
baseadas em experiências de pesquisadores facilitam a formulação, sendo que 
o problema de pesquisa deve (GIL, 2008): 
 
a) Ser formulado com uma pergunta; 
b) Ser delimitado a uma dimensão viável; 
c) Ter clareza nos termos; 
 
 
35 
 
d) Ser preciso, deve ter os limites definidos; 
e) Apresentar referências empíricas; 
f) Conduzir a uma pesquisa factível; 
g) Ser ético. 
 
3.3 Objetivos da pesquisa 
 
Os objetivos, geral e específicos, expressam a finalidade de um trabalho 
e a meta que se pretende atingir ao final da pesquisa. Uma declaração de 
objetivo estabelece a intenção de todo o estudo da pesquisa. É a declaração 
mais importante de todo o estudo e precisa ser apresentada de maneira clara e 
específica. A partir daí, seguem-se todos os outros aspectos da pesquisa. 
Nos artigos de periódico, os pesquisadores escrevem a declaração de 
objetivo nas introduções; nas dissertações e nas propostas de dissertação, com 
frequência aparece como uma seção à parte (CRESWELL, 2008). 
A declaração de objetivo indica “por que você quer fazer o estudo e o que 
pretende atingir” (LOCKE et al, 2007, p.9). Infelizmente, os textos de redação de 
proposta dão pouca atenção à declaração de objetivo e aqueles que escrevem 
sobre o método com frequência a incorporam nas discussões sobre outros 
tópicos, como a especificação das questões ou hipóteses de pesquisa 
(CRESWELL, 2010). 
Podemos nos referir a essas questões dentro do contexto da questão e 
do objetivo da pesquisa. Outros autores a estruturam como um aspecto do 
problema de pesquisa (CASTETTER; HEISLER, 1977; WILKINSON, 1991). No 
entanto, um exame atento de suas discussões indica que ambos se referem à 
declaração de propósito como a ideia central e dominante do estudo 
(CRESWELL, 2008). 
Essa passagem é chamada de declaração de objetivo, por comunicar a 
intenção geral de um estudo proposto em uma sentença ou várias sentenças 
(CRESWELL, 2008). Nas propostas, os pesquisadores precisam distinguir 
claramente entre a declaração de objetivo, o problema de pesquisa e as 
questões de pesquisa (STAKE, 2006; CRESWELL, 2008). 
A declaração de objetivo apresenta a intenção do estudo, não o problema 
ou a questão que conduz à necessidade do estudo. O objetivo também não se 
 
 
36 
 
refere às questões de pesquisa, aquelas questões que a coleta de dados vai 
tentar responder (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012), em vez disso, a 
declaração de objetivo apresenta os objetivos, a intenção ou as principais ideias 
de uma proposta ou estudo. Essa ideia cria uma necessidade (o problema) e 
será refinada em questões específicas (STAKE, 2006). 
Importante 
A pesquisa científica só atinge seu objetivo se “todas suas 
fases, por mais difíceis e demoradas que sejam, forem vencidas 
e os pesquisados puderem dar uma resposta ao problema 
formulado” (FACHIN, 2001, p. 113). Assim, o objetivo consiste 
em resolver o problema formulado comprovando ou não a 
hipótese ou desenvolvendo a tese do estudo (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012). 
 
Os objetivos gerais indicam a dimensão mais ampla do problema, 
contextualizado no tema (BATISTA, 2008). Os objetivos específicos são a 
particularidade da pesquisa, o que será estudado em profundidade, sempre 
conectado ao objetivo geral. Ambos devem ser redigidos na forma infinitiva do 
verbo que o indica. 
Dessa forma, podemos dizer que o objetivo geral irá determinar o que se 
pretende realizar para obter respostas ao problema proposto, de um ponto de 
vista geral (DIEHL, 2004). Enquanto os objetivos específicos irão determinar os 
aspectos a serem estudados, necessários ao alcance do objetivo geral, é a 
definição daquilo que pode ser cobrado ao final do trabalho (verificável), são 
objetivos intermediários e instrumentais que, em um âmbito mais concreto, 
permitem atingir o objetivo geral. 
 
3.4 Variáveis e categorias analíticas 
 
O termo “variável” talvez seja o mais usado na linguagem da ciência 
comportamental e pode ser definido como um constructo, isto é, um conceito 
com significado especificado “construído”, dado por um pesquisador ou ainda ser 
um nome ou símbolo ao qual se atribuem valores (KERLINGER, 1996). 
 
 
37 
 
Reforçando a definição, podemos dizer que as variáveis são características 
observáveis de algo que pode apresentar diferentes valores (TRIVIÑOS, 1987). 
Em uma pesquisa, a variável independente é o antecedente, já a variável 
dependente é o consequente, ou seja, a variável independente é uma variável 
que se supõe influenciar outra variável, no caso a dependente, e a variável 
interveniente é a que estabelece a relação entre as duas variáveis (KERLINGER, 
1996). 
Além disso, variáveis independentes são variáveis que “provavelmente” 
causam, influenciam ou afetam resultados e variáveis dependentes são variáveis 
que dependem das variáveis independentes, ou seja, são os resultados da 
influência das variáveis independentes e a variável intervenienteé que vai 
mediar a influência de uma sobre a outra (CRESWELL, 2008). 
Com isso, podemos colocar que as variáveis podem ser diferenciadas de 
duas formas (STAKE, 2006; CREWELL, 2008): 1) ordem temporal: em que 
uma variável procede a outra no tempo, uma variável afeta ou causa outra 
variável/provável; 2) mensuração: observação do fenômeno. Na sequência, 
podemos verificar com mais detalhes a conceitualização de cada tipo de variável 
colocada anteriormente (CRESWELL, 2008): 
 
a) Variáveis independentes: são aquelas que (provavelmente) 
causam, influenciam ou afetam os resultados. Elas também são 
chamadas de variáveis de tratamento, manipuladas, 
antecedentes ou previsoras; 
b) Variáveis dependentes: são aquelas que dependem das 
variáveis independentes; elas são resultado ou os resultados da 
influência das variáveis independentes. Outros nomes para 
variáveis dependentes são variáveis de critério, de resultado e 
efeito; 
c) Variáveis intervenientes ou mediadoras: ficam entre as 
variáveis independentes e dependentes e medeiam os efeitos 
da variável independente sobre a variável dependente. Para 
exemplificar, podemos usar o seguinte exemplo: se alunos vão 
bem em um teste (variável dependente), o resultado pode ser 
devido ao preparo com estudo (variável independente) ou à 
 
 
38 
 
capacidade de organização de ideias no teste (variável 
interveniente). 
 
Em pesquisa científica, é imperioso que o pesquisador defina os conceitos 
e construtos sobre a forma das variáveis (MARKONI; LAKATOS, 2004). A partir 
disso, o que se busca é o estabelecimento de relações assimétricas entre as 
variáveis, que possam indicar se os fenômenos não são independentes entre si, 
e, também não se relacionam de forma mútua, mas que exercem influência um 
sobre o outro (GIL, 2003, p. 38). 
Sobre as relações assimétricas entre variáveis, podemos dizer “que uma 
variável (denominada independente) é essencialmente ‘responsável’ pela outra 
(considerada variável dependente)” (MARCONI; LAKATOS, 2004, p. 185). 
Nesse sentido, sobre variável independente e dependente, a discussão 
se dá sobre 
 
qual a variável independente (determinante) e qual a dependente 
(determinada), parece impor-se, pela lógica, o critério de 
suscetibilidade à influência, ou seja, seria dependente aquela variável 
capaz de ser alterada, influenciada ou determinada pela outra, que 
passaria, então, a ser considerada a independente ou casual 
(MARKONI; LAKATOS, 2004, p. 185). 
 
Por definição, a variável independente “é o fator, causa ou antecedente 
que determina a ocorrência do outro fenômeno, efeito ou ocorrência”, e a variável 
dependente “é o fator, propriedade, efeito ou resultado decorrente da ação da 
variável independente” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 83). 
Com isso, a variável independente é aquela que constitui a causa das 
variações, influenciando, determinando ou afetando os resultados da variável 
dependente. Por sua vez, a variável independente é aquela que influencia ou 
exerce influência nas alterações da variável dependente. 
A utilização de categorias de análise nada mais é que o mesmo conceito 
de “variável” aplicado a pesquisas que utilizem uma abordagem qualitativa. Isso 
devido ao fato de que a pesquisa qualitativa considera que há uma relação 
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o 
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em 
números (GIL, 2003). Dessa forma, a interpretação dos fenômenos e a atribuição 
 
 
39 
 
de significados são básicos no processo de pesquisa qualitativa e não requer o 
uso de métodos e técnicas estatísticas. 
Reforçando a ideia supracitada, a pesquisa qualitativa é utilizada para 
interpretar fenômenos que ocorrem por meio da interação constante entre a 
observação e a formulação conceitual, entre a pesquisa empírica e o 
desenvolvimento teórico e entre a percepção e a explicação, se apresentando 
como uma dentre as diversas possibilidades de investigação (BULMER, 1977). 
 
3.5 Base teórico-empírica 
 
Toda pesquisa científica deve partir de pressupostos teóricos sobre os 
quais o pesquisador embasará suas interpretações. Nenhuma pesquisa 
científica atualmente parte do que se pode chamar de “estaca zero”, pois 
pesquisas iguais, semelhantes ou mesmo complementares em certos aspectos 
da pesquisa pretendida, já foram realizadas. A busca por estas fontes 
bibliográficas é fator imprescindível para que não ocorra a duplicação de 
esforços, bem como a “descoberta” de ideias já elaboradas. 
A base teórico-empírica é, sem dúvida, uma das questões mais 
importantes de um projeto de pesquisa. Esta seção está relacionada com toda a 
fundamentação teórica que se adota para tratar do tema e do problema de 
pesquisa. O pesquisador deve estar ciente que será pela elaboração da base 
teórico-empírica com uma análise da literatura publicada que se poderá construir 
o quadro teórico e toda a estruturação conceitual que dará sustentação à 
pesquisa. 
A base teórico-empírica em uma pesquisa pode ter objetivos distintos, de 
acordo com a tipologia da pesquisa (LUNA, 1997). Abaixo seguem alguns dos 
objetivos que podem ser alcançados: 
 
➢ Verificar o “estado da arte”: o pesquisador procura mostrar pela 
análise da literatura já publicada o que já sabe sobre o tema, quais 
as lacunas existentes e como se encontram os principais entraves 
teóricos ou metodológicos; 
➢ Revisão teórica: insere-se o problema de pesquisa dentro de um 
quadro de referência teórica para explicá-lo; 
 
 
40 
 
➢ Revisão empírica: busca-se explicar como o problema vem sendo 
pesquisado do ponto de vista metodológico, procurando responder: 
quais são os procedimentos normalmente empregados no estudo 
desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que 
propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? 
➢ Revisão histórica: procura-se recuperar a evolução de um 
conceito, tema, abordagem ou outros aspectos, fazendo a inserção 
dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que 
explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças. 
 
Nesse sentido, a base teórico-empírica refere-se à fundamentação teórica 
que será adotada para tratar o tema e o problema de pesquisa (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012). Utilizando a análise da literatura publicada, você irá 
traçar um quadro teórico e fará a estruturação conceitual que dará sustentação 
ao desenvolvimento da pesquisa. 
Mas o que vem antes: o problema ou a literatura? Para descrever uma 
pesquisa, primeiramente discorre-se sobre o problema de pesquisa (STAKE, 
2006), porém, essa questão não existiria sem que o pesquisador tivesse uma 
mínima noção dos conceitos fundamentais relacionados à área pesquisada. 
Nesse sentido, a construção da base teórico-empírica servirá para clarificar o 
tema e proporcionar uma melhor definição do problema proposto (CRESWELL, 
2008). 
Outra questão seria em relação à fonte de pesquisas para definição da 
base teórico-empírica, de modo que uma revisão de literatura não deve ter como 
base apenas periódicos, pois o pesquisador deve levar em consideração o 
entendimento sobre o tema em outros contextos. Nesse sentido, uma fonte 
importante na busca por referencial teórico deve partir de dissertações, teses, 
relatórios governamentais, dentre outros (STAKE, 2006). 
A base teórico-empírica possui uma indiscutível importância para a 
pesquisa, seu encaminhamento e a formulação adequada do problema de 
pesquisa (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). Uma qualidade ruim da revisão 
da literatura compromete o estudo como um todo, uma vez que ela possui como 
objetivo auxiliar no caminho que o pesquisador irá trilhar, desde a definição do 
problema até a interpretação dos resultados (ALVES-MANZOTTI, 2005). 
 
 
41 
 
Importante 
Mesmo antes de um aprofundamento maior, se faz necessária 
uma revisão da literatura antecipada ao projetode pesquisa, 
auxiliando na formação dele e evitando repetições indesejáveis 
no projeto. 
 
Por mais que não existam muitos trabalhos sobre o assunto, o 
pesquisador deve aprofundar-se no assunto e buscar nos mais diversos meios 
de divulgação científica o tema escolhido, tanto nacionais quanto internacionais 
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). Uma das formas de se pesquisar sobre 
o tema escolhido é consultar as fontes, as referências que outros autores 
citaram. Ao consultar as diversas fontes e o autor deve atentar-se para sua 
origem, sua fonte e basear-se em fontes primárias, evitando citações de terceiros 
(ALVES-MANZOTTI, 2005). 
A base teórico-empírica é importante para a construção de um estudo, 
desde a formulação do problema até o embasamento do estudo, sendo essencial 
na construção do problema, de seus objetivos e como devem ser tratados. Desse 
modo, pode-se inferir que base teórico-empírica seria a construção de uma base 
conceitual organizada e sistematizada do conhecimento disponível pertinente a 
ser pesquisado. Aqui, verificam-se teorias, abordagens e outros estudos que 
possibilitem compreender o fenômeno de perspectivas diferentes. 
Pesquise 
Busque o livro Pesquisa Social: Métodos e técnicas, de 
Richardson et al e leia o capítulo: Roteiro de um projeto de 
pesquisa. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Nesta aula falou-se sobre as diversas características da pesquisa 
científica e o seu planejamento, comentando-se também sobre as características 
dos estudos mais desenvolvidos. Além disso, apresentou-se que cada tipo de 
pesquisa, independentemente de ser exploratória, descritiva, explicativa, 
 
 
42 
 
qualitativa, quantitativa, mista etc., essa pesquisa vai apresentar características 
peculiares e o seu planejamento será adequado e com a utilização de técnicas 
de coleta e de análise de dados. Isso é muito importante para que você defina a 
escolha do caminho adequado a seguir em suas pesquisas. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Reflita e responda o seguinte questionamento: é possível 
começar uma pesquisa científica sem considerar a base 
teórica e a contribuição do trabalho, bem como não determinar 
os procedimentos metodológicos que serão realizados? 
 
 
 
Aula 4 – Instrumentos e técnicas de coleta e análise de dados 
 
Apresentação da aula 4 
 
Olá, aluno. Nesta aula serão apresentados os instrumentos e técnicas 
mais utilizados na pesquisa científica para a realização da coleta e análise dos 
dados. Vamos lá? 
Como vimos até aqui, o processo para realização de uma pesquisa 
acadêmica é constituído por atividades que ajudam o pesquisador a responder 
à pergunta de pesquisa. Quando temos uma pesquisa científica, devemos 
sempre objetivar o entendimento de um determinado fenômeno e, para que isso 
seja possível, precisamos de informações. 
Porém, onde encontramos essas informações? Elas estão presentes nas 
pessoas, nos documentos analisados, bem como na sensibilidade do 
pesquisador. Para isso, devemos saber como obter essas informações. Dessa 
forma, devemos saber como abordar as pessoas, de forma que elas possam nos 
informar suas crenças, motivações e sentimentos em relação a um determinado 
fenômeno. 
A consulta de documentos também é muito importante e devemos saber 
quais documentos devem ser analisados, de forma a ter os dados necessários 
 
 
43 
 
para análise. Aqui, é importante também sabermos como registrar essas 
informações. Com isso, nesta nossa última aula vamos buscar responder as 
questões referentes ao tratamento dos dados, focando nos instrumentos e 
técnicas para análise dos dados. Tudo isso para que você tenha condições de 
obter, ao menos, os elementos básicos para poder realizar uma boa pesquisa. 
Inicialmente, temos que entender que, ao buscar essas informações que 
estão em lugares distintos, necessitamos de um planejamento sobre quais são 
as informações de que necessitamos. Além disso, temos que saber onde estão 
e como obtê-las. Por fim, devemos saber como tratar esses dados de forma que 
tenhamos maiores condições de analisá-los e chegar a conclusões que sejam 
coerentes. 
Importante 
Para realização da coleta de dados, pode-se utilizar 
questionários, entrevistas, observações e análise de 
documentos. Como visto na segunda aula, esses instrumentos 
de coleta podem ser aplicados de forma individual ou 
combinados, dependendo da abordagem da sua pesquisa. Já 
para a etapa de análise dos dados, temos várias técnicas, que 
vão desde a estatística descritiva, até a análise de conteúdo e 
de discurso (para abordagens quantitativas), mas, não temos 
apenas essas alternativas e, sobre isso, será comentado nas 
sessões a seguir. 
 
4.1 A coleta de dados a partir do enfoque quantitativo 
 
A coleta de dados, por definição, trata da elaboração de um planejamento 
sobre procedimentos metodológicos, que leva a alcançar dados que tenham um 
propósito específico (GIL, 2008). Este plano está direcionado para a 
determinação de algumas questões (CRESWELL, 2008): 
 
➢ As fontes de onde vamos obter os dados; 
➢ A localização dessas fontes; 
➢ O meio ou método (ou métodos) que vamos utilizar para coletar os 
dados; 
 
 
44 
 
➢ A forma como vamos preparar os dados para que possam ser 
analisados de maneira adequada. 
 
Neste plano, é necessário levar em consideração alguns fatores para 
direcionamento de nossas ações enquanto pesquisadores (SAMPIERI; 
COLLADO; LUCIO, 2012): 
 
➢ Das variáveis, conceitos ou atributos a serem medidos contidos na 
formulação e nas hipóteses ou diretrizes do estudo; 
➢ Das definições operacionais; 
➢ Da amostra e dos recursos disponíveis. 
 
É importante que todos os dados levantados sejam passíveis de 
mensuração, mas o que isso significa? Mensurar é realizar a atribuição de 
números, símbolos ou valores para as propriedades de objetos ou eventos 
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). 
Outra definição para mensuração é o processo de vincular conceitos 
abstratos com indicadores empíricos, que é realizado mediante um plano 
explícito e organizado para classificar ou quantificar os dados (STAKE, 2006). 
Quando determinamos o tipo de pesquisa que realizaremos, bem como 
sabemos quais as informações que precisam ser obtidas, precisamos tomar as 
decisões relacionadas às formas de mensuração. 
Um instrumento de pesquisa que esteja adequado vai registrar dados que 
possam ser observados ou inferidos, sempre levando em conta que esses dados 
estejam representando, de forma assertiva, as variáveis que estão relacionadas 
à pesquisa (CRESWELL, 2008). Mas quais são os requisitos de um instrumento 
de mensuração? Basicamente, ele deve possuir as seguintes características: 
confiabilidade, validade e objetividade (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2012). 
 
➢ Confiabilidade: nível em que o instrumento gera resultados 
consistentes e coerentes; 
➢ Validade: nível em que um instrumento mensura a variável que 
pretendemos medir; 
 
 
45 
 
➢ Objetividade: este é um padrão difícil de conseguir, principalmente 
quando falamos das Ciências Sociais e Humanas. No entanto, 
podemos dizer que a objetividade está relacionada ao nível em que 
o instrumento pode sofrer a influência das preferências e 
tendências dos pesquisadores ou daqueles que o aplicam e 
interpretam. A objetividade aumenta com a padronização da 
aplicação do instrumento e da avaliação dos resultados; assim 
como ao trabalhar com pessoal capacitado e experiente. 
 
Importante 
Vale ressaltar que a validade, a confiabilidade e a objetividade 
não devem ser tratadas de forma separada, pois sem alguma 
das três, o instrumento não é útil para realizar um estudo (GIL, 
2008). 
 
4.1.1 Principais escalas 
 
Agora vamos falar sobre as principais escalas que são utilizadas em 
instrumentos de coleta de dados quantitativos. Temos a escala nominal, que é 
aquela em que os números servem apenas para nomear, identificar ou 
categorizar dados sobre pessoas, objetos ou fatos

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