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[11692 - 33040]empreendedorismo-capitulo3

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Capítulo 3
A Empresa – Constituição legal 1
Seção 1
O que é uma empresa?
Ao falarmos a respeito do empreendedorismo, é preciso entender o que é 
uma empresa, quais são seus elementos principais e sua finalidade. Para um 
empreendedor, a empresa é o centro de suas atenções. Seus esforços concentram-
se no planejamento, fundação e gerenciamento de um negócio/empresa. 
De acordo com Franco (1991), empresa é toda entidade constituída sob qualquer 
forma jurídica para exploração de uma atividade econômica, seja mercantil, 
industrial, agrícola ou de prestação de serviços, podendo ou não visar ao lucro.
A partir de uma noção mais aprofundada sobre a natureza dos negócios e a percepção das 
diferenças mais importantes entre tipos de empresas, você poderá tomar decisões melhores, 
projetar sua empresa e, assim, aumentar as chances de ter um negócio de sucesso.
Uma empresa pode ser classificada mediante o tipo de atividade econômica 
que desenvolve. Dessa maneira, temos, então, três setores específicos para 
classificar as atividades empresariais. São estes:
 • Setor Primário: São as empresas que obtêm seus recursos a partir 
da natureza e do meio ambiente, como as empresas agrícolas, 
pecuárias e pesqueiras;
1 HEERDT, Ana Paula Szpoganicz. Empreendedorismo. Palhoça: UnisulVirtual, 2019.
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Capítulo 3 
 • Setor Secundário: Essas são empresas que se dedicam em 
transformar esses recursos naturais, como as grandes indústrias, as 
empresas de construção civil e as mineradoras
 • Setor Terciário ou Terceiro Setor: São as empresas que exercem 
atividades ligadas à prestação de serviços ou ao comércio.
A empresa também pode ser classificada quanto à sua constituição jurídica, 
pois existem empresas individuais (pertencem apenas a uma pessoa) e empresas 
que são criadas por várias pessoas, como uma sociedade, que também podem 
ser anônimas, de responsabilidade limitada e de economia social (as chamadas 
cooperativas), entre outras.
Outro modo de classificar uma empresa é quanto ao capital gerido. As 
empresas que têm o capital particular são as privadas. Já as que possuem o 
capital derivado do Estado são as empresas públicas. Também existem as 
mistas, as quais o capital é partilhado por particulares e pelo Estado.
Uma empresa surge a partir de uma ideia de negócio, que serve como base para 
o desenvolvimento do modelo de negócio e do plano de negócio. Dessa forma, 
a ideia escolhida tem importância fundamental e deve estar alinhada ao perfil do 
empreendedor e do tipo de organização que será estruturada. 
Seção 2
Tipos de Constituição de empresas
Antes de falarmos sobre os diferentes tipos de empresas, temos que saber que 
é o Novo Código Civil Brasileiro de 2002, no livro II – Do Direito da Empresa - a 
partir do seu art. 966 , que trata do direito de empresa, e que adota definições e 
tipos de sociedades para constituição de empresas no país.
Ao se preparar para constituir um negócio, o empreendedor precisa analisar e 
estudar qual o tipo mais adequado, pois para cada um existem direitos e deveres. 
Existem diversas possibilidade de se constituir a empresa, como veremos a 
seguir, mas lembre-se de sempre procurar uma boa assessoria contábil e jurídica, 
pois existem muitos detalhes que não podem ser esquecidos.
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Empreendedorismo 
2.1 Empresário Individual
O empresário exerce em nome próprio uma atividade empresarial ( art. 966 do 
Código Civil). Atua individualmente, sem sociedade, para produção de bens e de 
serviços. Sua responsabilidade é ilimitada (responde com seus bens pessoais 
pelas obrigações assumidas com a atividade empresarial). 
Ele se equipara a uma pessoa jurídica, portanto, é obrigatória a inscrição na 
Receita Federal pelo cadastro de pessoas jurídicas, e os tributos incidentes são 
os mesmos para qualquer tipo de sociedade.
O empresário pode exercer atividade industrial, comercial ou prestação de 
serviços. Mas não pode ser enquadrado nesta categoria o prestador de serviços 
que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, 
como: médicos, engenheiros, arquitetos, psicólogos, entre outros. Esses atuarão 
individualmente como autônomos (pessoa física com registro na Prefeitura 
Municipal) ou como sócios, por meio da constituição de uma Sociedade Simples.
Esses profissionais poderão ser empresários caso o exercício da profissão 
intelectual tenha elemento de empresa. Elemento de empresa: exercício 
profissional de uma atividade econômica organizada (organização dos fatores 
de produção = capital, trabalho, natureza e tecnologia). Trata-se de empresa 
entregando produtos e serviços, diferentemente do serviço pessoal intelectual. 
Exemplos: Médico = Hospital; Engenheiro = Construtora etc.
2.2 MEI - Microempreendedor Individual
Esta categoria foi criada pela Lei Complementar nº 128, de 2008, e abriga, como 
pessoa jurídica, o empreendedor individual, que trabalha por conta própria e 
resolve se formalizar enquanto pequeno empresário. Há uma lista de profissões 
que podem ser enquadradas nesse regime, como ambulantes, cabeleireiras, 
borracheiros, editores de jornais e revistas, mecânicos e várias outras, que podem 
ser consultadas no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). 
Para ser enquadrado como MEI, tem que ter receita bruta anual até um valor 
definido naquele ano e ser optante pelo Simples Nacional e SIMEI. 
Verificar anualmente as informações referentes na Receita Federal - Secretaria 
Executiva do Comitê Gestor do Simples Nacional, pois esse valor sempre altera 
ano a ano.
O MEI paga os seus tributos dentro de certas especificidades e está dispensado 
de escrituração contábil, mas lhe é assegurado alguns benefícios previdenciários, 
enquanto Contribuinte Individual 
http://www.portaldoempreendedor.gov.br
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Capítulo 3 
O registro do MEI é gratuito e pode ser efetuado pela Internet, pelo site www.
portaldoempreendedor.gov.br, onde é possível verificar as atividades permitidas 
e obter maiores informações. Vale lembrar que no caso de início de atividades 
no próprio ano-calendário, o limite de receita bruta acima mencionado será 
proporcional ao número de meses de atividade.
2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI
Esta tipologia EIRELI é bastante recente, ela surgiu com o advento da Lei 
12.441/2011, possibilitando uma nova modalidade empresarial, além da figura do 
empresário individual. 
Essa modalidade é uma representação jurídica que possibilita uma atuação 
individual, na qual apenas o titular, que é o único dono, sem sócios, possui 
responsabilidade limitada com as obrigações de uma empresa.
A responsabilidade do empresário é limitada ao capital social (valor do 
investimento, em dinheiro ou bens). 
Há a obrigatoriedade de integralizar o capital social em, no mínimo, 100 salários 
mínimos. Essa configuração protege o patrimônio pessoal do empresário por 
meio da separação patrimonial. A EIRELI, portanto, é uma pessoa jurídica, com 
patrimônio próprio, não se confundindo com a pessoa física do empreendedor e 
seu respectivo patrimônio.
O empresário titular da EIRELI poderá responder com seu patrimônio pessoal por 
obrigações da empresa, nas mesmas hipóteses previstas para as Sociedades Limitadas.
2.4 Sociedade Empresarial
Segundo Dornelas, a Sociedade Empresarial tem por objetivo o exercício de 
atividade própria de empresário, ou seja, atividade econômica organizada para 
a produção ou circulação de bens e serviços. Ela é considerada pessoa jurídica. 
(2005, p. 212), e o representante legal da empresa passa a ser o administrador. 
Os tributos existentes sobre essa pessoa jurídica são os mesmos existentes 
para qualquer outro tipo de sociedade, podendo variar nas esferas municipais, 
estaduais e federais, de acordo com o ramo de atividade, o faturamento e o 
regime jurídico.
Conforme o previsto na legislação (arts. 967/983 do Código Cível), a sociedade 
empresarial deve ser registrada,obrigatoriamente, no Registro Público de 
Empresas Mercantis, na Junta Comercial do seu estado de origem.
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei12441_2011.htm
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei12441_2011.htm
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Empreendedorismo 
As Sociedades Empresárias poderão adotar uma das espécies de sociedade 
existentes (S/A, Sociedade Limitada – Ltda. etc.), conforme podemos ver nos 
arts.1039 a 1092 do Código Civil.
 • Sociedade em Nome Coletivo;
 • Sociedade em Comandita Simples;
 • Sociedade Limitada;
 • Sociedade Anônima;
 • Sociedade em Comandita por Ações.
A espécie de sociedade empresarial mais adotada no Brasil é a Sociedade Limitada 
(LTDA.), por ser mais simples e pela proteção ao patrimônio pessoal dos sócios. É 
caracterizada pela pessoa jurídica, que possui patrimônio próprio, não se confundindo 
com a pessoa física dos sócios e seus respectivos patrimônios. Todavia, os sócios 
podem responder com seus bens pessoais, nos casos de comprovação de má-fé, 
sonegação fiscal, confusão patrimonial, estelionato, fraude contra credores, entre outros. 
2.5 Sociedade Simples
A Sociedade Simples, conforme regulamentada pelos arts. 981 e 982 do Novo 
código Civil, é uma pessoa jurídica para a prestação de serviços de profissão 
intelectual, de natureza científica, artística ou literária, sem elemento de empresa, 
formada por pessoas que exercem profissão de médicos, dentistas, engenheiros, 
arquitetos etc. Constituída por pessoas que reciprocamente se obrigam a 
contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividades econômicas e 
partilha, entre si dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário. 
É vedado o enquadramento das empresas com atividade de comércio e indústria 
neste modelo de sociedade.
A responsabilidade dos sócios é ilimitada e os sócios poderão responder, ou 
não, subsidiariamente pelas obrigações sociais, conforme o que for previsto no 
Contrato Social. 
Para esse tipo de sociedade, a inscrição deve ser feita no Registro Civil, ou seja, 
no cartório, no local da sua sede, e não na Junta Comercial, como é feito nas 
sociedades empresárias ( art. 998 Novo Código Civil). 
Os tributos existentes sobre essa pessoa jurídica são os mesmos existentes para 
qualquer outro tipo de sociedade, podendo variar nas esferas municipais, estaduais 
e federais, de acordo com o ramo de atividade, o faturamento e o regime jurídico.
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Capítulo 3 
2.6 Asssociação
A associação é uma entidade de direito privado, dotada de personalidade jurídica 
e caracteriza-se pelo agrupamento de pessoas para realização e consecução 
de objetivos e ideias comuns, sem finalidade econômica, isto é, sem interesse 
de lucros. Toda a renda proveniente de suas atividades deve ser revertida para o 
cumprimento dos seus objetivos estatutários.
Sua finalidade pode ser altruística – como uma associação beneficente que 
atende a uma comunidade sem restrições qualificadas – ou não altruística, no 
sentido em que se restringe a um grupo seleto e homogêneo de associados.
O Código Civil (Lei nº 10.406/02) define as associações como a união de pessoas 
que se organizam para fins não econômicos (art. 53). E a Constituição Federal 
garante o direito à livre associação, mas proíbe o exercício de determinadas 
atividades descritas em lei, tais como as atividades de caráter paramilitar.
Para que a associação adquira existência formal perante a lei (que chamamos 
de personalidade jurídica), é necessário o registro de seu estatuto social, e de 
sua ata de constituição e eleição da primeira diretoria, no Cartório de Títulos e 
Documentos de Pessoas Jurídicas.
Esses documentos são os necessários para a simples existência da associação, 
no entanto, para o exercício de suas atividades, ela necessitará de diversos outros 
documentos como a inscrição municipal, e o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – 
o CNPJ, que corresponde ao CPF da pessoa física. Ainda, podem ser exigidos outros 
cadastros municipais, estaduais e federais para que a entidade esteja habilitada a 
prestar serviços em áreas específicas, como educação, saúde e assistência social.
2.7 Fundação
O Código Civil (Lei nº 10.406/02) dispôs no seu art. 62 que para criar uma 
fundação o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, uma dotação 
(doação) especial de bens livres, ou seja, de um patrimônio, por escritura pública 
ou testamento, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, 
a maneira de administrar. Deve servir a fins de utilidade pública, tais como: 
educacionais, religiosos, culturais, assistenciais, entre outros.
As fundações podem ser constituídas por indivíduos, por empresas, ou pelo 
poder público. Nesse último caso, temos as fundações públicas, pertencentes 
ao primeiro setor. É importante que exista uma declaração de vontade clara do 
instituidor para a constituição da fundação, especificando os bens destinados a 
formar seu patrimônio e os seus fins. Esse patrimônio precisa ser suficiente para 
garantir que a fundação cumpra suas finalidades. Assim, fundação é a instituição 
que se forma pela destinação de um patrimônio para servir a certo fim de utilidade 
pública ou atuar em benefício da sociedade.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
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Empreendedorismo 
2.8 Autônomo
Conforme previsto no parágrafo único do art. 966 do Novo Código Civil, é todo 
aquele que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. 
Ele deve ser exclusivamente prestador de serviços e não possuir CNPJ. O 
profissional autônomo formaliza suas atividades mediante registro na prefeitura 
municipal, além da obtenção do devido alvará e da inscrição no INSS como tal.
Nas operações ou atividades realizadas, o profissional é tributado mensal ou 
anualmente pelo Imposto sobre Serviços ( ISS) e pelo Imposto de Renda pessoa física.
Seção 3
Propriedade Intelectual
As primeiras concessões e garantias sobre direito de propriedade intelectual surgem 
com o desenvolvimento das indústrias, que, cada vez mais aprimoradas, passaram a 
agregar valor aos seus produtos, em decorrência da evolução do modo de produção 
da época. “Como resultado disso, era visível a necessidade da criação de leis 
que protegessem esses processos e garantissem a exclusividade aos inventores, 
dando a esses o direito de exploração econômica, protegendo os proprietários dos 
processos produtivos”. (ALMEIDA, DEL MONDE, PINHEIRO, 2013)
No Brasil, infelizmente, os empreendedores ainda não costumam pensar na 
proteção de suas ideias. No entanto, existem diversas formas legais, como 
veremos na sequência, e que podem auxiliar na proteção contra a concorrência.
Segundo Hermann (2011, p. 104): 
A expressão “Propriedade Intelectual” abrange os direitos 
relativos às invenções em todos os campos da atividade 
humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos 
industriais, às marcas industriais, de comércio e de serviço, 
aos nomes e denominações comerciais, à proteção contra a 
concorrência desleal, às obras literárias, artísticas e científicas, às 
interpretações dos artistas intérpretes, às execuções dos artistas 
executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, 
bem como aos demais direitos relativos à atividade intelectual no 
campo industrial, científico, literário e artístico.
São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos 
autorais e os direitos de propriedade industrial (marcas, patentes e know-how).
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Capítulo 3 
No Brasil, a propriedade intelectual encontra-se assegurada pela Constituição 
Federal de 1998 e está incluída entre direitos e garantias fundamentais, presente 
no Art. 5º incisos XXVII a XXIX.
A convenção da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, ligada as 
Nações Unidas(OMPI) de 1979 em seu art. 2º. VIII define como conceito de 
Propriedade Intelectual: 
o direito que o autor/inventor possui sobre sua criação, fruto 
de sua atividade intelectual. Englobam hoje as invenções, 
os modelos de utilidade, as marcas industriais, os desenhos 
industriais, os softwares (programas de computador), as obras 
intelectuais (literárias, científicas e artísticas), e as cultivares, as 
descobertas científicas à proteção contra a concorrência desleal, 
enfim, consciente ou inconscientemente nos deparamos com a 
propriedade intelectual a todo instante. 
A OMPI é uma das 16 agências da ONU que se dedica à constante atualização 
e proposição de padrões internacionais de proteção às criações intelectuais em 
âmbito mundial. 
Foi assinada em Estocolmo em 14 de julho de 1967, e modificada em 28 de 
setembro de 1979.
De acordo com s considerações de HERMANN a respeito de propriedade 
intelectual (2011, p. 105), temos que:
Quando você lê um livro, embora esteja de posse de um 
papel, o conteúdo é de propriedade do autor ou da editora 
que o imprimiu. Isso se aplica à música, a todas as outras 
manifestações de arte e também ao software. Na prática, tudo 
o que está coberto por uma patente, um copyright ou um direito 
autoral é propriedade intelectual. 
O Programa de Proteção à Propriedade Intelectual tem o objetivo 
de impedir que sejam cadastrados ou vendidos, por meio do 
Mercado Livre, produtos que violem algum Direito de Propriedade 
Intelectual, seja direito de autor, patentes, marcas, modelos e/ou 
desenhos industriais.
[...]
As culturas que prestigiam o engenho, a criatividade e o 
progresso têm todos os motivos para dar o devido valor à 
propriedade intelectual. Para que os pioneiros dessa cultura 
possam seguir explorando, pensando e criando as próximas 
grandes invenções, eles têm que saber que tudo o que eles 
descobrem, inventam ou criam está coberto pela lei. 
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Empreendedorismo 
3.1 Propriedade Industrial
Os avanços do processo informacional e tecnológico, que levaram à reprodução 
em série de produtos a serem comercializados, fizeram com que a discussão 
em decorrência do direito de propriedade industrial adquirissem cada vez mais 
espaço, ganhando, inclusive, destaque internacional, o que levou a acordos, 
convenções e tratados internacionais entre países, com o objetivo de garantir 
esses direitos no âmbito internacional, como podemos perceber por meio da 
regulação da própria ONU (Organizacão das Nações Unidas) , além de buscar 
unificar a forma como os países signatários deveriam tratar o tema.
Nesse contexto, a importância do registro da propriedade industrial se faz 
necessário para que as invenções sejam protegidas juridicamente, a fim de evitar 
que tais inventos venham a ser utilizados por terceiros sem a devida autorização, 
garantindo o reconhecimento do criador quanto às suas invenções. O registro 
confere proteção legal ao inventor, e sanções àqueles que as utilizarem sem 
consentimento do titular, conforme previsto em lei.
Os direitos de propriedade industrial visam à proteção não apenas dos produtos, 
mas também dos serviços relacionados às invenções e também às marcas. 
 No Brasil, a lei que regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial 
é a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, chamada de Lei de Propriedade 
Industrial (LIP). Visa à proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, 
considerando o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e 
econômico do País e engloba, entre várias modalidades, as marcas e patentes. 
Não no sentido de restringir esse uso somente a brasileiros, mas no sentido de 
que uma vez que algo seja criado, desenvolvido ou melhorado, o reconhecimento 
seja dado a quem realmente foi pioneiro naquele produto ou serviço.
Esta lei diz o seguinte: Art.2° - A proteção dos direitos relativos à propriedade 
industrial, considerado o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e 
econômico do País, efetua-se mediante: 
I. concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; 
II. concessão de registro de desenho industrial; 
III. concessão de registro de marca; 
IV. repressão às falsas indicações geográficas; 
V. repressão à concorrência desleal.
Ressalta-se que o art. 2º da LPI (Lei da Propriedade Industrial) não esgota a 
totalidade dos objetos da Propriedade Industrial, previstos em outras legislações 
nacionais mais atualizadas e vinculadas a determinados segmentos.
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Capítulo 3 
Além disso, temos o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, criado 
em 1970, cujas atribuições consistem no “aperfeiçoamento, disseminação e 
gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade 
intelectual para a indústria”. (INPI, 2016). Entre os serviços prestados pelo órgão 
estão o registro de marcas e patentes.
3.2 Patente
Uma patente é um monopólio da exploração comercial de uma invenção, cuja 
principal finalidade é a de atribuir garantia jurídica de exclusividade ao seu inventor, 
uma vez que a patente pode ser considerada como uma forma de recompensa pela 
criatividade técnica de seu inventor. Essa exploração comercial pode ser mediante 
a licença do seu invento para terceiros, ou ainda a cessão onerosa da patente 
concedida para determinada indústria capaz de reproduzir o processo .
É importante salientar que, não é o produto que é protegido, mas sim o processo 
produtivo para se chegar ao produto. Dessa forma, caso um terceiro consiga chegar 
ao resultado da patente, ou seja, o produto, mediante a aplicação de um processo 
diverso, esse não estará infringindo o direito de exclusividade de exploração da patente 
concedida ao seu titular.
Ela é concedida pelo governo e limitado no tempo (tipicamente em torno de vinte 
anos), em troca da revelação do seu funcionamento. O dono de uma patente 
pode licenciar sua invenção para outros usarem, sob condições, em troca do 
pagamento de royalties. Todavia, pode se recusar a dar essa permissão, e 
processar por danos qualquer um que use sua invenção indevidamente. 
A patente é a proteção concedida ao inventor para exploração econômica da 
sua invenção, seja mediante a licença de seu invento para terceiros, ou ainda 
a cessão onerosa da patente concedida para determinada indústria capaz de 
reproduzir o processo.
A patente, assim como os direitos autorais, que veremos a seguir, possui 
similaridade em alguns aspectos como o da impossibilidade de atribuição de 
invenção a uma pessoa jurídica. Em ambos, apenas pode ser considerado como 
inventor uma pessoa física, uma vez que a invenção protegida pela patente é 
fruto da capacidade intelectual de um indivíduo, o que não pode ser auferido da 
pessoa jurídica. Porém, assim como nos direitos autorais, é possível que uma 
pessoa jurídica seja titular dos direitos de uma patente, bastando o seu inventor 
transferir tal titularidade para a empresa em questão.
59
Empreendedorismo 
A Lei de Propriedade Industrial estabelece como patenteável, em seu art. 8°, “a 
invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação 
industrial”. Dessa forma, para que uma invenção seja suscetível ao registro de 
patente, deve conter características mínimas de inovação, produção inventiva 
e possibilidade de aplicação em processo produtivo de larga escala, caso 
contrário, o seu pedido de registro restaria prejudicado. 
A necessidade de aplicação industrial se explica pelo fato de que o processo 
produtivo protegido pela patente deve ser capaz de produzir os resultados 
esperados em larga escala, caso contrário, tal processo perderia o caráter 
industrial e se assemelharia a um processo artesanal, podendo ser considerado 
inclusive como criação suscetível a proteção de direitos autorais, e não por 
uma patente. Dessa forma, se não houver a possibilidade de reprodução dos 
resultados em larga escala, não estamos falando de patente. 
Legalmente uma patente apenas tem validade em seu paísde origem e para 
garantir-se em outros países é necessário fazer o registro neles também.
Desde 1970, segundo Hermann (2011, p. 107), isso pode ser feito:
por uma patente internacional, resultado do Tratado de 
Cooperação em Matéria de Patentes (PCT). Esse tratado tem 
como objetivo desenvolver o sistema de patentes e de transferência 
de tecnologia. Prevê basicamente meios de cooperação entre os 
países industrializados e os em desenvolvimento, e o depósito 
internacional de um pedido de patente. 
Uma patente internacional tem validade nos mais de 100 países 
signatários desses tratados. Evidentemente, há muito interesse 
atualmente na proteção de propriedade industrial em nível 
mundial, e países exportadores de tecnologia são os principais 
defensores dessa proteção. 
Os donos das patentes geralmente são empresas muito grandes, capazes de 
sustentar na justiça longas ações contra seus desafetos. E elas lidam com áreas 
socialmente sensíveis. Em ambos os casos, a justificativa mais comum oferecida 
para a cobrança dos “royalties” é que elas precisam recuperar seus grandes 
investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Exemplos 
disso seriam os grandes laboratórios farmacêuticos.
60
Capítulo 3 
Transgênicos: exemplo de invenções que são protegidas por patentes.
Os transgênicos resultam de experimentos da engenharia genética, nos quais 
o material genético é movido de um organismo a outro, visando à obtenção de 
características específicas. 
Em programas tradicionais de cruzamentos, espécies diferentes não se cruzam entre 
si. Com essas técnicas transgênicas, materiais gênicos de espécies divergentes 
podem ser incorporados por uma outra espécie de modo eficaz. 
O organismo transgênico apresenta características impossíveis de serem obtidas por 
técnicas de cruzamento tradicionais. Por exemplo, genes produtores de insulina humana 
podem ser transfectados em bactérias Escherichia coli. Essa bactéria passa a produzir 
grandes quantidades de insulina humana que pode ser utilizada com fins medicinais. 
A alteração genética é feita para tornar plantas e animais mais resistentes e, com 
isso, aumentar a produtividade de plantações e criações. A utilização das técnicas 
transgênicas permite a alteração da bioquímica e do próprio balanço hormonal do 
organismo transgênico. Hoje muitos criadores de animais, por exemplo, dispõe de 
raças maiores e mais resistentes a doenças, graças a essas técnicas. 
Os transgênicos já são utilizados inclusive no Brasil. Mas ainda não existem pesquisas 
apropriadas para avaliar as consequências de sua utilização para a saúde humana e 
para o meio ambiente. 
Pesquisas recentes na Inglaterra revelaram aumento de alergias com o consumo de 
soja transgênica. Acredita-se que os transgênicos podem diminuir 
ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, impedindo assim o tratamento e 
agravando as doenças infecciosas. Alergias alimentares também podem acontecer, 
pois o organismo pode reagir da mesma forma que diante de uma toxina. Outros 
efeitos desconhecidos a longo prazo podem incluir o câncer. 
Fonte: Ambiente Brasil (2000). Apud Hermann, 2011; p. 107.
3.3 Marca registrada 
A Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996) define marca como “aquela usada 
para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de 
origem diversa”.
A marca, segundo Hermann (2011, p. 109),
caracteriza-se por sinais ou símbolos que têm por objetivo 
identificar a origem do produto e estabelecer uma distinção 
entre produtos ou serviços quando tiverem finalidade idêntica 
ou semelhante. Além disso, a marca auxilia na preservação do 
sucesso comercial de algumas empresas que investem não 
somente na qualidade de seu produto, como também em todo 
complexo mercadológico utilizado para colocá-la no mercado. 
61
Empreendedorismo 
A marca registrada constitui um elemento fundamental para o lançamento de um 
produto e conquista de um mercado, uma vez que nela se apoiam as campanhas 
publicitárias. Em muitos casos, a marca passa a ser o bem mais valioso, podendo 
ser superior aos ativos tangíveis da empresa. Por esse motivo, as marcas são 
utilizadas de forma estratégica, buscando o empresário utilizá-la como forma de 
destaque perante os seus concorrentes.
É importante o registro da marca pelo seu titular, pois irá garantir o direito de 
explorá-la comercialmente ou impedir que outros o façam. Assim, o uso de uma 
marca registrada por terceiros só poderá ocorrer mediante autorização de seu 
titular, desde que esteja com um registro necessariamente vigente. O prazo de 
vigência de registro de uma marca é de 10 (dez) anos, contados da data de sua 
concessão, podendo ser prorrogado.
A confiança que se deposita na marca registrada garante: 
 • ao consumidor a certeza de que estará adquirindo um produto 
dentro de sua expectativa de qualidade; 
 • ao dono da marca a certeza de que estará sendo preferencialmente 
identificado pelos clientes. 
3.4 Direito autoral 
Ainda seguindo a apresentação de Hermann (2011) sobre direito administrativo, 
temos que:
Com o surgimento da internet e do acesso praticamente livre à informação, os 
direitos autorais passaram a ser tratados como fator de conhecimento essencial 
para todos aqueles que criam e fazem a gestão de conteúdo, seja no meio 
acadêmico, profissional ou intelectual.
Trata-se do direito do autor, do criador, do tradutor, do pesquisador, do artista, de 
controlar o uso que se faz de sua obra. Consolidado na Lei no 9.610, garante ao 
autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. 
A nova Lei do Direito Autoral, Lei no 9.610, foi criada em 
19 de fevereiro de 1998 representa um avanço importante na regulamentação 
dos direitos do autor, em sua definição do que é permitido e proibido a título de 
reprodução e as sanções civis a serem aplicadas aos infratores. 
62
Capítulo 3 
De acordo com o disposto no artigo 28 da Lei do Direito Autoral, cabe ao autor o 
direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. O 
artigo 29 dispõe que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização 
da obra por quaisquer modalidades, dentre elas a reprodução parcial ou integral. 
A lei de direitos autorais estabelece em seu art. 7° que o programa de computador, 
comumente conhecido como software, também é suscetível à proteção concedida 
às obras intelectuais, porém, este recebeu um tratamento diferenciado, tendo sido 
regulamentado por lei específica (Lei 9.609/1998 – Lei de Software).
A pirataria intelectual (utilização e reprodução não autorizadas de obras intelectuais 
marcas, patentes e obras literárias, artísticas e científicas) com finalidade de lucro, 
gera bilhões de prejuízos aos titulares dos direitos e aos mercados estabelecidos. 
Fonte: Hermann, (2011, p.110 e 111)
3.5 Know – how
O know-how é o conhecimento técnico que determinada indústria, empresa ou 
até mesmo um prestador de serviços possui sobre a produção de um produto, 
o desenvolvimento de um serviço ou de alguma técnica aplicável no mercado 
em que atua, ou seja, é o seu ativo intangível, podendo o seu titular explorar 
economicamente esse conhecimento, sendo possível, inclusive a cessão ou 
transferência dessa exploração para terceiros.
A exploração econômica do know-how se faz por intermédio de um contrato, 
uma vez que o objeto da contratação não é palpável, sendo denominado esse 
instrumento como contrato de transferência de tecnologia ou know-how. As 
partes contratantes poderão estar localizadas dentro ou fora do Brasil, e em 
ambos os casos o contrato terá validade; entretanto, quando a parte que cede a 
tecnologia está localizada fora do Brasil, o contrato de transferência de tecnologia 
necessariamente deverá ser registrado, o que pode ser feito perante o INPI.
63
Empreendedorismo 
Seção 4
Plano de negócios
Lembramos que o plano de negócios é complementar ao Canvas,ele se 
configura numa cartilha completa e de grande importância, que descreve um 
empreendimento e o modelo de negócios que viabiliza a empresa.
Segundo Chiavenato (2007), plano de negócios (Business Plan), também 
chamado “plano empresarial”, é uma descrição detalhada de todos os aspectos 
de um novo empreendimento, e projeta aspectos mercadológicos, operacionais e 
financeiros dos negócios. 
O plano de negócios é uma ferramenta de gestão que visa a facilitar a exposição das 
ideias do empreendedor e, principalmente, que demonstre a viabilidade e probabilidade 
de sucesso do negócio. O plano de negócios se aplica tanto no lançamento de novos 
empreendimentos quanto no planejamento de novos produtos, processos, serviços, 
negócios em empresas já consolidadas no mercado.
Com o Plano de Negócios é possível: identificar os riscos e propor planos para 
minimizá-los e até mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes e fracos em 
relação à concorrência e ao ambiente de negócio em que você atua; conhecer 
seu mercado e definir estratégias de marketing para seus produtos e serviços; 
analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliar investimentos, retorno 
sobre o capital investido; enfim, você terá um poderoso guia que norteará todas 
as ações de sua empresa.
Portanto, deve ficar claro que o conceito básico do plano de negócios é o planejamento.
Segundo o professor Dornelas (2013), a cultura de planejamento ainda não está 
totalmente difundida no Brasil, ao contrário de outros países, como, por exemplo, 
os Estados Unidos, onde o Plano de Negócios é o passaporte e o pré-requisito 
básico para a abertura e gerenciamento do dia a dia de qualquer negócio, 
independente de seu tipo ou porte. Mas essa situação tem mudado rapidamente 
nos últimos anos, devido a vários fatores, principalmente pelo fato de muitas 
instituições, bancos, órgãos governamentais (MCT, BNDES, CNPQ etc.) estarem 
exigindo o Plano de Negócios como base para a análise e concessão de crédito, 
financiamento e recursos às empresas, entidades etc.
O Plano de Negócios é um documento de caráter sigiloso e confidencial. É preparado 
pela administração da empresa, contendo descrição detalhada do passado, presente e 
futuro da organização. 
64
Capítulo 3 
Resumindo: o plano de negócios é uma ferramenta que pode ser aplicada tanto na 
construção de um novo empreendimento como no planejamento de empresas maduras.
4.1 Como deve ser escrito um Plano de Negócios?
Essa tarefa não é para ser realizada somente por pessoas especializadas, pelo 
contrário, você que é candidato a empreendedor tem a obrigação de fazê-lo. Para 
isso, você deve estar atento para algumas orientações, que certamente irão lhe 
ajudar a cumprir essa etapa tão importante no planejamento do seu empreendimento. 
De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2009, p. 10):
Informações são a matéria-prima de qualquer plano de negócio, 
portanto, pesquise e procure conhecer tudo sobre o seu setor. 
Informações podem ser obtidas em jornais, revistas, associações, 
feiras, cursos, junto a outros empresários do ramo, na Internet ou 
com clientes e fornecedores potenciais. 
Lembre-se de que um plano de negócio é uma trilha e não trilho, 
e não deve ser encarado como um instrumento rígido, portanto, é 
preciso acompanhá-lo permanentemente. Um plano de negócio é 
feito no papel e “a lápis”, pois está sujeito a correções. 
O plano de negócio fala por você. Quanto melhor sua aparência e 
quanto mais claras as ideias, melhores serão os resultados. Além 
disso, procure fazê-lo bem-feito e organizado. Assim, você irá 
tornar mais fácil sua utilização e sua consulta.
 Um plano de negócio pode ser usado para se conseguir 
novos sócios e investidores, para estabelecer parcerias com 
fornecedores e clientes ou mesmo apresentado a bancos para 
a solicitação de financiamentos. Entretanto, lembre-se de que o 
maior usuário do seu plano é você mesmo. 
Um bom plano de negócio permite identificar e restringir seus 
erros ainda no papel, em vez de cometê-los no mercado. 
No quadro abaixo você encontrará resumidamente as principais etapas que 
deverão estar presentes num plano de negócios:
65
Empreendedorismo 
Figura 3.1 - Etapas para preparação de um plano de negócios 
Fonte: Adaptado de: Chiavenato, 2007, p.134. 
4.2 Estrutura do plano de negócios
O plano de negócios deve ser elaborado seguindo algumas regras básicas, mas 
que não são estáticas, pelo contrário, devem ser atualizadas, periodicamente, 
pois permitem ao empreendedor enfatizar mais um aspecto do que outro, 
conforme sua necessidade ou objetivo.
Não existe uma estrutura ideal ou quantidade exata de páginas para o Plano de 
Negócios. O que se recomenda é escrevê-lo de acordo com as necessidades do 
público-alvo para o qual você pretende apresentá-lo. Uma empresa de serviços é 
diferente de uma empresa que fabrica produtos ou bens de consumo, por exemplo.
Se o leitor for um gerente de banco ou um investidor, por exemplo, ele dará 
mais ênfase à parte financeira do plano. Se for uma instituição de fomento ou 
governamental, a que o demonstrativo se refere, provavelmente enfocará o porquê 
de você estar requisitando a quantidade de recursos solicitada, em que aplicará 
66
Capítulo 3 
e como a empresa retornará o capital investido. Se for um parceiro, atentará mais 
para a sua análise de mercado e oportunidades de grandes lucros. Se for um 
fornecedor, vai querer saber com mais detalhes sobre a saúde financeira de sua 
empresa, sua carteira de clientes, o crescimento do seu negócio. 
Assim, qualquer Plano de Negócios deve possuir um mínimo de seções que 
proporcionam um entendimento completo do negócio. Essas seções são 
organizadas de forma a manter uma sequência lógica que permita a qualquer 
leitor do Plano de Negócios entender como sua empresa é organizada, seus 
objetivos, seus produtos e serviços, seu mercado, sua estratégia de marketing e 
sua situação financeira. (Hermann, 2011, p. 119-120)
Mesmo com as particularidades de cada ideia de negócio, os formatos dos planos 
de negócio respeitam uma sequência de certo modo convergente. Seus elementos 
costumam ser os mesmos e envolvem questões estratégicas e operacionais. Há 
uma certa padronização visando a facilitar o entendimento do documento pelos 
públicos acostumados à análise de novos negócios (bancos, investidores etc.) 
E assim sendo pode ser interessante construir um ou outro plano, dependendo do 
que se pleiteia como veremos abaixo;
 • Plano de Negócios Completo. É utilizado quando se pleiteia uma 
grande quantidade de recursos financeiros, ou seja, quando é 
necessário apresentar uma visão completa do empreendimento. 
 • Plano de Negócios Resumido. É utilizado quando se pretende 
apresentar algumas informações resumidas a um investidor, por 
exemplo, com o objetivo de chamar a atenção desse para que ele 
lhe solicite um Plano de Negócios completo. Deve apresentar os 
objetivos macros do negócio, investimentos, mercado e retorno sobre 
o investimento, focando as informações específicas requisitadas.
 • Plano de Negócios Operacional. É muito importante para ser 
utilizado internamente na empresa pelos diretores, gerentes e 
funcionários. É excelente para alinhar os esforços internos em 
direção aos objetivos estratégicos da organização. 
4.2.1 Estrutura sugerida para pequenas empresas segundo Dornelas (2005) 
1. Capa
A capa, apesar de não parecer, é uma das partes mais importantes do Plano de 
Negócios, pois é a primeira coisa que é visualizada por quem o lerá, devendo, 
portanto, ser feita de maneira limpa e com as informações necessárias e pertinentes. 
Assim, deve conter:
67
Empreendedorismo 
 • Nome da empresa
 • Endereço
 • Telefone
 • E-mail
 • Logotipo (se a empresa tiver)
 • Nomes, cargos, endereços e contatos dos proprietários da empresa
 • Mês e ano que o plano foi desenvolvido
2.Sumário 
O Sumáriodeve conter o título de cada seção do Plano de Negócios e a página 
respectiva onde se encontra, bem como os principais assuntos relacionados em 
cada seção.
3.Sumário Executivo
O Sumário Executivo é a principal seção do seu Plano de Negócio. Através do 
Sumário Executivo é que o leitor decidirá se continuará ou não a ler o seu 
Plano de Negócios. Portanto, deve ser escrito com muita atenção, revisado 
várias vezes e conter uma síntese das principais informações que constam em 
seu Plano de Negócios e explicitar qual o objetivo do Plano de Negócios em 
relação ao leitor ex: requisição de financiamento junto aos bancos, capital de 
risco, apresentação da empresa para potenciais parceiros ou clientes etc.). 
O Sumário Executivo deve ser a última seção a ser escrita, pois depende de todas 
as outras seções do plano para ser feita.
4.Análise Estratégica
Nesta sessão, é onde você define os rumos de sua empresa, sua situação atual, 
suas metas e objetivos de negócio, bem como a descrição da visão e missão de 
sua empresa. É a base para o desenvolvimento e implantação das demais ações 
de sua empresa.
5. Descrição da Empresa 
Deve descrever sua empresa, seu histórico, crescimento/faturamento dos últimos 
anos, sua razão social, impostos, estrutura organizacional, localização, parcerias, 
serviços terceirizados etc.
6. Produtos e Serviços
Deve descrever quais são seus produtos e serviços, como são produzidos, ciclo 
de vida, fatores tecnológicos envolvidos, pesquisa e desenvolvimento, principais 
clientes atuais, detém marca e/ou patente de algum produto etc.
68
Capítulo 3 
7. Plano Operacional
Esta seção deve apresentar as ações que a empresa está planejando em seu 
sistema produtivo e o processo de produção.
8. Plano de Recursos Humanos
Aqui são apresentados os planos de desenvolvimento e treinamento de pessoal 
da empresa, bem como o nível educacional e a experiência dos profissionais.
9. Análise de Mercado
Deverá demonstrar que conhece muito bem o mercado consumidor do seu 
produto/serviço (por meio de pesquisas de mercado), como está segmentado, 
as características do consumidor, análise da concorrência, a sua participação no 
mercado e a dos principais concorrentes, os riscos do negócio etc.
10.Plano de Marketing
Apresenta como você pretende vender seu produto/serviço e conquistar seus 
clientes, manter os interesses deles e aumentar a demanda. Deve abordar seus 
métodos de comercialização, diferenciais do produto/serviço para o cliente, 
política de preços, projeções de vendas, canais de distribuição e estratégias de 
promoção/comunicação e publicidade.
11.Plano Financeiro
A seção de finanças deve apresentar em números todas as ações planejadas 
de sua empresa e as comprovações, por meio de projeções futuras (quanto 
precisa de capital, quando e com que propósito), de sucesso do negócio. Deve 
conter itens como fluxo de caixa com horizonte de 3 anos, balanço patrimonial, 
demonstrativo de resultados, ponto de equilíbrio, necessidades de investimentos, 
lucratividade prevista, prazo de retorno sobre o investimento, etc.
12. Anexo 
Deve conter todas as informações que você julgar relevantes para o melhor 
entendimento de seu Plano de Negócios. Por isso, não tem limites de páginas ou 
exigências a serem seguidas. A única informação que você não pode deixar de 
incluir é o currículo dos sócios da empresa. Você poderá anexar ainda fotos dos 
produtos, catálogos, estatuto social, folders etc.
4.5 Quem é o Público alvo do Plano de Negócios
O público alvo pode ser toda a rede de relacionamentos construída pelo 
empreendedor ou pelo intraempreendedor, pois ele pode ser destinado 
unicamente para a troca de informações com outras pessoas, as quais podem 
ajudar o empreendedor a gerir o seu empreendimento. 
69
Empreendedorismo 
Além disso, alguns dos possíveis contatos, para quem você vai apresentar o 
Plano de Negócios do seu empreendimento, podem ser: 
 • Incubadoras de empresas: com o objetivo de se tornar uma empresa 
incubada. 
 • Sócios potenciais: para convencimento em participar do 
empreendimento e estabelecer acordos e direção. 
 • Parceiros: para estabelecimento de estratégias conjuntas. 
 • Bancos: para captação de financiamentos. 
 • Intermediários: pessoas que ajudam a vender o seu negócio, se for o caso. 
 • Investidores: empresas de capital de risco, pessoas jurídicas e 
outros interessados. 
 • Especialistas em marketing: para desenvolver planos de marketing. 
 • Fornecedores: para compra de mercadorias e matéria-prima com 
crédito facilitado.
 • Gente talentosa: que você deseja contratar para fazer parte da sua 
empresa. 
 • A própria empresa: para comunicação interna com os empregados. 
 • Os clientes potenciais: para vender o produto/serviço. 
E cada um desses destinatários irá avaliar o plano de maneira distinta e com graus 
de exigências diversos:
Os agentes financeiros estarão interessados, principalmente, na capacidade de o novo 
empreendimento pagar a dívida, incluindo juros dentro de um prazo determinado. 
Os bancos querem fatos com uma análise objetiva da oportunidade comercial e de 
todos os riscos em potencial no novo empreendimento. 
Os investidores, por sua vez, em especial os investidores de risco, têm 
necessidades diferentes, uma vez que estão fornecendo grandes somas de capital 
para patrimônio líquido (equidade) e para as despesas esperadas. Colocam, 
com frequência, mais ênfase no caráter do empreendedor do que os agentes 
financeiros, e quase sempre dedicam muito tempo para verificação do histórico do 
empreendedor. Esses investidores também exigirão altas taxas de retorno e estarão 
focalizados no mercado e nas projeções financeiras durante o período considerado 
crítico de cinco a sete anos. 
Fonte: Heermann (2011, p. 121-122)
70
Capítulo 3 
4.6 Como vender seu Plano de Negócios
Quando você tiver terminado a elaboração do Plano de Negócios certamente irá 
apresentá-lo para parceiros ou investidores, conforme já analisamos acima os 
potenciais públicos-alvo. 
E visando à implementação do empreendimento descrito no Plano de Negócios, 
você deverá estar preparado para responder as seguintes questões: 
 • Qual a competência da equipe que vai administrar o empreendimento?
 • Qual o potencial do mercado-alvo? 
 • Qual o grau de inovação do produto ou serviço? 
 • Há viabilidade econômica na proposta que você está apresentando? 
 • Foi elaborado um estudo demonstrando projeções financeiras realistas? 
 • Qual é o seu negócio? 
 • Qual o seu produto/serviço? 
 • Onde está o seu mercado/clientes? 
 • A equipe administrativa está comprometida com a execução do projeto?
Vender o Plano de Negócios significa que você preparou um documento muito 
bem elaborado e está à procura de recursos, sejam eles físicos, financeiros ou 
humanos para implementar ou incrementar o seu empreendimento. Você despertou 
o interesse de investidores e agora teve a oportunidade de convencê-los de que o 
seu negócio pode ser muito rentável e tem um grande futuro pela frente. 
Nesse caso, apresente o projeto verbalmente, em aproximadamente 3 minutos e, em 
seguida, faça uma apresentação visual em aproximadamente 15 minutos. O objetivo é 
causar impacto no tomador de decisões do grupo de investidores. (Hermann, 2011. p. 124)
Seção 5
Por que as empresas quebram?
Empreender não é fácil, abrir e manter um negócio no Brasil não é uma tarefa 
simples. O fato é que empresas nascem e, infelizmente, morrem, com frequência.
O grande índice de mortalidade acontece principalmente porque, quando o 
empreendedor abre uma empresa, ele normalmente tem aptidão em uma ou duas 
áreas do negócio, como produzir bem um produto ou ser um excelente vendedor. 
Mas as outras áreas da empresa ficam descobertas. Quando você abre uma 
empresa e não tem muitos recursos, você tem que entender um pouco de tudo, 
como contabilidade, impostos, leis, marketing, gestão de pessoas etc.
71
Empreendedorismo 
Os empresáriosque conseguem sobreviver aos primeiros anos do negócio 
apontam que a falta de capacidade empreendedora, falta de planejamento, falha 
na logística operacional e as incompetências gerenciais como motivos para as 
quebras constantes. Mas além desses aspectos, observa-se, principalmente, a 
contribuição dos seguintes fatores para o fechamento prematuro de empresas:
5.1 Ausência de estudo de Mercado
Antes de investir, o empreendedor deve fazer um rigoroso estudo do mercado, 
identificando os futuros clientes e suas necessidades, apresentando soluções 
reais para elas, bem como conhecer os serviços e preços praticados pela 
concorrência. Dessa forma, ele será capaz de desenvolver seu diferencial para se 
destacar no mercado.
5.2 Capital inicial insuficiente
Buscar recursos iniciais junto aos bancos pode ser a sentença de extinção da empresa. 
Nos primeiros meses, a lucratividade pode não ser alta o suficiente para compensar 
essas dívidas, gerando juros, e isso dificultará bastante ficar no orçamento.
Ao calcular o capital inicial, leve em consideração todos os recursos essenciais 
para dar início às atividades, que vão desde a aquisição de mercadorias e 
máquinas, até mesmo gastos com a decoração da loja. Manter um capital de 
giro para as despesas dos primeiros meses também é uma boa forma para evitar 
futuras dores de cabeça.
5.3 Desconhecimento dos custos do negócio
Por inexperiência ou por falta de conhecimento do mercado, muitos 
empreendedores não conseguem enxergar todos as despesas que terão durante 
as suas atividades, como por exemplo: Gastos com o 13º de funcionários 
e o FGTS que devem ser levados em consideração na hora de contratar. 
Recomenda-se, portanto, a formação de uma reserva de contingência para que o 
empreendedor não seja pego desprevenido.
Outra despesa importante para se levar em consideração é a carga tributária que 
recairá sobre o negócio. 
5.4 Finanças pessoais associadas às finanças da empresa
Apesar de ser uma ideia bastante simples, muitos empresários iniciantes 
têm dificuldade de dissociar uma coisa com a outra. Para evitar essa junção 
é importante definir um salário (pró-labore) para os sócios de acordo com a 
lucratividade da empresa.
72
Capítulo 3 
Vale lembrar que o pró-labore só existe quando o sócio trabalha na empresa. 
Quando não for esse o caso e o sócio atue apenas como investidor, deve ser feita 
uma distribuição dos lucros. Porém, é muito importante lembrar que nem todo 
o lucro deve ser repartido entre os sócios pois uma parte deve se reinvestida na 
empresa para que essa desenvolva e cresça.
5.5 Falta de planejamento
O principal problema dos empreendedores iniciantes é a falta de planejamento. E 
isso se torna uma questão bastante complexa e que engloba praticamente todos os 
aspectos da empresa. Por isso as ferramentas já estudadas e o plano de negócios 
deve ser um dos primeiros objetivos de quem pretende se tornar um empreendedor.
5.6 Excesso de Burocracia
Infelizmente, essa ainda é uma realidade e vocês puderam perceber quando 
estudaram sobre a constituição de um negócio. Para ter uma empresa de 
sucesso, o empreendedor precisa aprender a driblar esses problemas. Saber 
quais são os tributos a serem pagos, prazos para liberação de alvarás e 
quais as certidões necessárias para seu negócio funcionar, são pré-requisitos 
indispensáveis. Procure sempre um contador para te ajudar com toda a 
documentação necessária para que o processo não se estenda por muito tempo.
Segundo dados do SEBRAE, abrir uma empresa no Brasil leva, em média, 53 
dias. É um dos processos mais longos do mundo! Somente a burocracia fiscal 
consome 2,6 mil horas por ano, em média, segundo pesquisa do Banco Mundial. 
Esses números mostram uma verdade que está na boca do povo: o Brasil é um 
país extremamente burocrático.
5.7 Falta de Capital de Giro
Um dos grandes vilões que levam pequenas e médias empresas à falência é a 
falta do capital de giro, ou seja, uma reserva financeira mínima que garante que 
as atividades continuem em momentos mais críticos. E essa precaução serve 
também para as empresas que apresentam lucro, pois o faturamento é sempre 
variável e pode ocorrer algumas instabilidades que atinjam o equilíbrio financeiro. 
Por isso, um capital de giro deve ser sempre acompanhado e bem gerenciado.
73
Empreendedorismo 
5.8 Falta de cuidado com o estoque
 Muitos empresários enxergam o estoque de produtos como um custo, porém, 
ele deve ser visto como um investimento. Ele é o dinheiro da empresa convertido 
em mercadorias e precisa de um tratamento diferenciado para não gerar gastos 
desnecessários. Ao gerir esse investimento é importante saber qual a demanda do seu 
mercado, sem ser pessimista demais ou otimista em excesso. Além disso, é preciso 
ter uma margem de segurança, caso surja um crescimento inesperado na demanda.
5.9 Desconhecimento do Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa trata do controle das entradas e saídas de recursos financeiros 
no caixa da empresa, é uma forma de representação das receitas e despesas de 
um empreendimento. Conhecendo bem, é possível saber onde está o ponto de 
equilíbrio da empresa e, assim, saber como melhor administrar as suas contas a 
pagar e a receber, cobrando clientes que estejam devendo e pedindo mais prazo 
ou condições favoráveis para fornecedores.
O número de brasileiros empreendendo no Brasil cresce a cada ano, principalmente 
quando falamos de Micro e Pequenas Empresas. Porém, esses negócios estão sendo 
muitas vezes construídos sem o devido conhecimento, como observamos acima, e não 
sobrevivendo aos 5 primeiros anos. Portanto, seja diferente, pense diferente, e não faça 
parte desta estatística!!!
Tenho certeza de que depois desses estudos, você ficará precavido, e antes de 
aplicar suas economias em algo incerto irá colocar suas ideias no papel para 
depois transformá-las em realidade.

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