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49 Capítulo 3 A Empresa – Constituição legal 1 Seção 1 O que é uma empresa? Ao falarmos a respeito do empreendedorismo, é preciso entender o que é uma empresa, quais são seus elementos principais e sua finalidade. Para um empreendedor, a empresa é o centro de suas atenções. Seus esforços concentram- se no planejamento, fundação e gerenciamento de um negócio/empresa. De acordo com Franco (1991), empresa é toda entidade constituída sob qualquer forma jurídica para exploração de uma atividade econômica, seja mercantil, industrial, agrícola ou de prestação de serviços, podendo ou não visar ao lucro. A partir de uma noção mais aprofundada sobre a natureza dos negócios e a percepção das diferenças mais importantes entre tipos de empresas, você poderá tomar decisões melhores, projetar sua empresa e, assim, aumentar as chances de ter um negócio de sucesso. Uma empresa pode ser classificada mediante o tipo de atividade econômica que desenvolve. Dessa maneira, temos, então, três setores específicos para classificar as atividades empresariais. São estes: • Setor Primário: São as empresas que obtêm seus recursos a partir da natureza e do meio ambiente, como as empresas agrícolas, pecuárias e pesqueiras; 1 HEERDT, Ana Paula Szpoganicz. Empreendedorismo. Palhoça: UnisulVirtual, 2019. 50 Capítulo 3 • Setor Secundário: Essas são empresas que se dedicam em transformar esses recursos naturais, como as grandes indústrias, as empresas de construção civil e as mineradoras • Setor Terciário ou Terceiro Setor: São as empresas que exercem atividades ligadas à prestação de serviços ou ao comércio. A empresa também pode ser classificada quanto à sua constituição jurídica, pois existem empresas individuais (pertencem apenas a uma pessoa) e empresas que são criadas por várias pessoas, como uma sociedade, que também podem ser anônimas, de responsabilidade limitada e de economia social (as chamadas cooperativas), entre outras. Outro modo de classificar uma empresa é quanto ao capital gerido. As empresas que têm o capital particular são as privadas. Já as que possuem o capital derivado do Estado são as empresas públicas. Também existem as mistas, as quais o capital é partilhado por particulares e pelo Estado. Uma empresa surge a partir de uma ideia de negócio, que serve como base para o desenvolvimento do modelo de negócio e do plano de negócio. Dessa forma, a ideia escolhida tem importância fundamental e deve estar alinhada ao perfil do empreendedor e do tipo de organização que será estruturada. Seção 2 Tipos de Constituição de empresas Antes de falarmos sobre os diferentes tipos de empresas, temos que saber que é o Novo Código Civil Brasileiro de 2002, no livro II – Do Direito da Empresa - a partir do seu art. 966 , que trata do direito de empresa, e que adota definições e tipos de sociedades para constituição de empresas no país. Ao se preparar para constituir um negócio, o empreendedor precisa analisar e estudar qual o tipo mais adequado, pois para cada um existem direitos e deveres. Existem diversas possibilidade de se constituir a empresa, como veremos a seguir, mas lembre-se de sempre procurar uma boa assessoria contábil e jurídica, pois existem muitos detalhes que não podem ser esquecidos. 51 Empreendedorismo 2.1 Empresário Individual O empresário exerce em nome próprio uma atividade empresarial ( art. 966 do Código Civil). Atua individualmente, sem sociedade, para produção de bens e de serviços. Sua responsabilidade é ilimitada (responde com seus bens pessoais pelas obrigações assumidas com a atividade empresarial). Ele se equipara a uma pessoa jurídica, portanto, é obrigatória a inscrição na Receita Federal pelo cadastro de pessoas jurídicas, e os tributos incidentes são os mesmos para qualquer tipo de sociedade. O empresário pode exercer atividade industrial, comercial ou prestação de serviços. Mas não pode ser enquadrado nesta categoria o prestador de serviços que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como: médicos, engenheiros, arquitetos, psicólogos, entre outros. Esses atuarão individualmente como autônomos (pessoa física com registro na Prefeitura Municipal) ou como sócios, por meio da constituição de uma Sociedade Simples. Esses profissionais poderão ser empresários caso o exercício da profissão intelectual tenha elemento de empresa. Elemento de empresa: exercício profissional de uma atividade econômica organizada (organização dos fatores de produção = capital, trabalho, natureza e tecnologia). Trata-se de empresa entregando produtos e serviços, diferentemente do serviço pessoal intelectual. Exemplos: Médico = Hospital; Engenheiro = Construtora etc. 2.2 MEI - Microempreendedor Individual Esta categoria foi criada pela Lei Complementar nº 128, de 2008, e abriga, como pessoa jurídica, o empreendedor individual, que trabalha por conta própria e resolve se formalizar enquanto pequeno empresário. Há uma lista de profissões que podem ser enquadradas nesse regime, como ambulantes, cabeleireiras, borracheiros, editores de jornais e revistas, mecânicos e várias outras, que podem ser consultadas no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). Para ser enquadrado como MEI, tem que ter receita bruta anual até um valor definido naquele ano e ser optante pelo Simples Nacional e SIMEI. Verificar anualmente as informações referentes na Receita Federal - Secretaria Executiva do Comitê Gestor do Simples Nacional, pois esse valor sempre altera ano a ano. O MEI paga os seus tributos dentro de certas especificidades e está dispensado de escrituração contábil, mas lhe é assegurado alguns benefícios previdenciários, enquanto Contribuinte Individual http://www.portaldoempreendedor.gov.br 52 Capítulo 3 O registro do MEI é gratuito e pode ser efetuado pela Internet, pelo site www. portaldoempreendedor.gov.br, onde é possível verificar as atividades permitidas e obter maiores informações. Vale lembrar que no caso de início de atividades no próprio ano-calendário, o limite de receita bruta acima mencionado será proporcional ao número de meses de atividade. 2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI Esta tipologia EIRELI é bastante recente, ela surgiu com o advento da Lei 12.441/2011, possibilitando uma nova modalidade empresarial, além da figura do empresário individual. Essa modalidade é uma representação jurídica que possibilita uma atuação individual, na qual apenas o titular, que é o único dono, sem sócios, possui responsabilidade limitada com as obrigações de uma empresa. A responsabilidade do empresário é limitada ao capital social (valor do investimento, em dinheiro ou bens). Há a obrigatoriedade de integralizar o capital social em, no mínimo, 100 salários mínimos. Essa configuração protege o patrimônio pessoal do empresário por meio da separação patrimonial. A EIRELI, portanto, é uma pessoa jurídica, com patrimônio próprio, não se confundindo com a pessoa física do empreendedor e seu respectivo patrimônio. O empresário titular da EIRELI poderá responder com seu patrimônio pessoal por obrigações da empresa, nas mesmas hipóteses previstas para as Sociedades Limitadas. 2.4 Sociedade Empresarial Segundo Dornelas, a Sociedade Empresarial tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário, ou seja, atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Ela é considerada pessoa jurídica. (2005, p. 212), e o representante legal da empresa passa a ser o administrador. Os tributos existentes sobre essa pessoa jurídica são os mesmos existentes para qualquer outro tipo de sociedade, podendo variar nas esferas municipais, estaduais e federais, de acordo com o ramo de atividade, o faturamento e o regime jurídico. Conforme o previsto na legislação (arts. 967/983 do Código Cível), a sociedade empresarial deve ser registrada,obrigatoriamente, no Registro Público de Empresas Mercantis, na Junta Comercial do seu estado de origem. http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei12441_2011.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei12441_2011.htm 53 Empreendedorismo As Sociedades Empresárias poderão adotar uma das espécies de sociedade existentes (S/A, Sociedade Limitada – Ltda. etc.), conforme podemos ver nos arts.1039 a 1092 do Código Civil. • Sociedade em Nome Coletivo; • Sociedade em Comandita Simples; • Sociedade Limitada; • Sociedade Anônima; • Sociedade em Comandita por Ações. A espécie de sociedade empresarial mais adotada no Brasil é a Sociedade Limitada (LTDA.), por ser mais simples e pela proteção ao patrimônio pessoal dos sócios. É caracterizada pela pessoa jurídica, que possui patrimônio próprio, não se confundindo com a pessoa física dos sócios e seus respectivos patrimônios. Todavia, os sócios podem responder com seus bens pessoais, nos casos de comprovação de má-fé, sonegação fiscal, confusão patrimonial, estelionato, fraude contra credores, entre outros. 2.5 Sociedade Simples A Sociedade Simples, conforme regulamentada pelos arts. 981 e 982 do Novo código Civil, é uma pessoa jurídica para a prestação de serviços de profissão intelectual, de natureza científica, artística ou literária, sem elemento de empresa, formada por pessoas que exercem profissão de médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos etc. Constituída por pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividades econômicas e partilha, entre si dos resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de empresário. É vedado o enquadramento das empresas com atividade de comércio e indústria neste modelo de sociedade. A responsabilidade dos sócios é ilimitada e os sócios poderão responder, ou não, subsidiariamente pelas obrigações sociais, conforme o que for previsto no Contrato Social. Para esse tipo de sociedade, a inscrição deve ser feita no Registro Civil, ou seja, no cartório, no local da sua sede, e não na Junta Comercial, como é feito nas sociedades empresárias ( art. 998 Novo Código Civil). Os tributos existentes sobre essa pessoa jurídica são os mesmos existentes para qualquer outro tipo de sociedade, podendo variar nas esferas municipais, estaduais e federais, de acordo com o ramo de atividade, o faturamento e o regime jurídico. 54 Capítulo 3 2.6 Asssociação A associação é uma entidade de direito privado, dotada de personalidade jurídica e caracteriza-se pelo agrupamento de pessoas para realização e consecução de objetivos e ideias comuns, sem finalidade econômica, isto é, sem interesse de lucros. Toda a renda proveniente de suas atividades deve ser revertida para o cumprimento dos seus objetivos estatutários. Sua finalidade pode ser altruística – como uma associação beneficente que atende a uma comunidade sem restrições qualificadas – ou não altruística, no sentido em que se restringe a um grupo seleto e homogêneo de associados. O Código Civil (Lei nº 10.406/02) define as associações como a união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (art. 53). E a Constituição Federal garante o direito à livre associação, mas proíbe o exercício de determinadas atividades descritas em lei, tais como as atividades de caráter paramilitar. Para que a associação adquira existência formal perante a lei (que chamamos de personalidade jurídica), é necessário o registro de seu estatuto social, e de sua ata de constituição e eleição da primeira diretoria, no Cartório de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. Esses documentos são os necessários para a simples existência da associação, no entanto, para o exercício de suas atividades, ela necessitará de diversos outros documentos como a inscrição municipal, e o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – o CNPJ, que corresponde ao CPF da pessoa física. Ainda, podem ser exigidos outros cadastros municipais, estaduais e federais para que a entidade esteja habilitada a prestar serviços em áreas específicas, como educação, saúde e assistência social. 2.7 Fundação O Código Civil (Lei nº 10.406/02) dispôs no seu art. 62 que para criar uma fundação o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, uma dotação (doação) especial de bens livres, ou seja, de um patrimônio, por escritura pública ou testamento, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrar. Deve servir a fins de utilidade pública, tais como: educacionais, religiosos, culturais, assistenciais, entre outros. As fundações podem ser constituídas por indivíduos, por empresas, ou pelo poder público. Nesse último caso, temos as fundações públicas, pertencentes ao primeiro setor. É importante que exista uma declaração de vontade clara do instituidor para a constituição da fundação, especificando os bens destinados a formar seu patrimônio e os seus fins. Esse patrimônio precisa ser suficiente para garantir que a fundação cumpra suas finalidades. Assim, fundação é a instituição que se forma pela destinação de um patrimônio para servir a certo fim de utilidade pública ou atuar em benefício da sociedade. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm 55 Empreendedorismo 2.8 Autônomo Conforme previsto no parágrafo único do art. 966 do Novo Código Civil, é todo aquele que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Ele deve ser exclusivamente prestador de serviços e não possuir CNPJ. O profissional autônomo formaliza suas atividades mediante registro na prefeitura municipal, além da obtenção do devido alvará e da inscrição no INSS como tal. Nas operações ou atividades realizadas, o profissional é tributado mensal ou anualmente pelo Imposto sobre Serviços ( ISS) e pelo Imposto de Renda pessoa física. Seção 3 Propriedade Intelectual As primeiras concessões e garantias sobre direito de propriedade intelectual surgem com o desenvolvimento das indústrias, que, cada vez mais aprimoradas, passaram a agregar valor aos seus produtos, em decorrência da evolução do modo de produção da época. “Como resultado disso, era visível a necessidade da criação de leis que protegessem esses processos e garantissem a exclusividade aos inventores, dando a esses o direito de exploração econômica, protegendo os proprietários dos processos produtivos”. (ALMEIDA, DEL MONDE, PINHEIRO, 2013) No Brasil, infelizmente, os empreendedores ainda não costumam pensar na proteção de suas ideias. No entanto, existem diversas formas legais, como veremos na sequência, e que podem auxiliar na proteção contra a concorrência. Segundo Hermann (2011, p. 104): A expressão “Propriedade Intelectual” abrange os direitos relativos às invenções em todos os campos da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, de comércio e de serviço, aos nomes e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal, às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes, às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, bem como aos demais direitos relativos à atividade intelectual no campo industrial, científico, literário e artístico. São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos autorais e os direitos de propriedade industrial (marcas, patentes e know-how). 56 Capítulo 3 No Brasil, a propriedade intelectual encontra-se assegurada pela Constituição Federal de 1998 e está incluída entre direitos e garantias fundamentais, presente no Art. 5º incisos XXVII a XXIX. A convenção da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, ligada as Nações Unidas(OMPI) de 1979 em seu art. 2º. VIII define como conceito de Propriedade Intelectual: o direito que o autor/inventor possui sobre sua criação, fruto de sua atividade intelectual. Englobam hoje as invenções, os modelos de utilidade, as marcas industriais, os desenhos industriais, os softwares (programas de computador), as obras intelectuais (literárias, científicas e artísticas), e as cultivares, as descobertas científicas à proteção contra a concorrência desleal, enfim, consciente ou inconscientemente nos deparamos com a propriedade intelectual a todo instante. A OMPI é uma das 16 agências da ONU que se dedica à constante atualização e proposição de padrões internacionais de proteção às criações intelectuais em âmbito mundial. Foi assinada em Estocolmo em 14 de julho de 1967, e modificada em 28 de setembro de 1979. De acordo com s considerações de HERMANN a respeito de propriedade intelectual (2011, p. 105), temos que: Quando você lê um livro, embora esteja de posse de um papel, o conteúdo é de propriedade do autor ou da editora que o imprimiu. Isso se aplica à música, a todas as outras manifestações de arte e também ao software. Na prática, tudo o que está coberto por uma patente, um copyright ou um direito autoral é propriedade intelectual. O Programa de Proteção à Propriedade Intelectual tem o objetivo de impedir que sejam cadastrados ou vendidos, por meio do Mercado Livre, produtos que violem algum Direito de Propriedade Intelectual, seja direito de autor, patentes, marcas, modelos e/ou desenhos industriais. [...] As culturas que prestigiam o engenho, a criatividade e o progresso têm todos os motivos para dar o devido valor à propriedade intelectual. Para que os pioneiros dessa cultura possam seguir explorando, pensando e criando as próximas grandes invenções, eles têm que saber que tudo o que eles descobrem, inventam ou criam está coberto pela lei. 57 Empreendedorismo 3.1 Propriedade Industrial Os avanços do processo informacional e tecnológico, que levaram à reprodução em série de produtos a serem comercializados, fizeram com que a discussão em decorrência do direito de propriedade industrial adquirissem cada vez mais espaço, ganhando, inclusive, destaque internacional, o que levou a acordos, convenções e tratados internacionais entre países, com o objetivo de garantir esses direitos no âmbito internacional, como podemos perceber por meio da regulação da própria ONU (Organizacão das Nações Unidas) , além de buscar unificar a forma como os países signatários deveriam tratar o tema. Nesse contexto, a importância do registro da propriedade industrial se faz necessário para que as invenções sejam protegidas juridicamente, a fim de evitar que tais inventos venham a ser utilizados por terceiros sem a devida autorização, garantindo o reconhecimento do criador quanto às suas invenções. O registro confere proteção legal ao inventor, e sanções àqueles que as utilizarem sem consentimento do titular, conforme previsto em lei. Os direitos de propriedade industrial visam à proteção não apenas dos produtos, mas também dos serviços relacionados às invenções e também às marcas. No Brasil, a lei que regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial é a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, chamada de Lei de Propriedade Industrial (LIP). Visa à proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerando o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País e engloba, entre várias modalidades, as marcas e patentes. Não no sentido de restringir esse uso somente a brasileiros, mas no sentido de que uma vez que algo seja criado, desenvolvido ou melhorado, o reconhecimento seja dado a quem realmente foi pioneiro naquele produto ou serviço. Esta lei diz o seguinte: Art.2° - A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: I. concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; II. concessão de registro de desenho industrial; III. concessão de registro de marca; IV. repressão às falsas indicações geográficas; V. repressão à concorrência desleal. Ressalta-se que o art. 2º da LPI (Lei da Propriedade Industrial) não esgota a totalidade dos objetos da Propriedade Industrial, previstos em outras legislações nacionais mais atualizadas e vinculadas a determinados segmentos. 58 Capítulo 3 Além disso, temos o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, criado em 1970, cujas atribuições consistem no “aperfeiçoamento, disseminação e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria”. (INPI, 2016). Entre os serviços prestados pelo órgão estão o registro de marcas e patentes. 3.2 Patente Uma patente é um monopólio da exploração comercial de uma invenção, cuja principal finalidade é a de atribuir garantia jurídica de exclusividade ao seu inventor, uma vez que a patente pode ser considerada como uma forma de recompensa pela criatividade técnica de seu inventor. Essa exploração comercial pode ser mediante a licença do seu invento para terceiros, ou ainda a cessão onerosa da patente concedida para determinada indústria capaz de reproduzir o processo . É importante salientar que, não é o produto que é protegido, mas sim o processo produtivo para se chegar ao produto. Dessa forma, caso um terceiro consiga chegar ao resultado da patente, ou seja, o produto, mediante a aplicação de um processo diverso, esse não estará infringindo o direito de exclusividade de exploração da patente concedida ao seu titular. Ela é concedida pelo governo e limitado no tempo (tipicamente em torno de vinte anos), em troca da revelação do seu funcionamento. O dono de uma patente pode licenciar sua invenção para outros usarem, sob condições, em troca do pagamento de royalties. Todavia, pode se recusar a dar essa permissão, e processar por danos qualquer um que use sua invenção indevidamente. A patente é a proteção concedida ao inventor para exploração econômica da sua invenção, seja mediante a licença de seu invento para terceiros, ou ainda a cessão onerosa da patente concedida para determinada indústria capaz de reproduzir o processo. A patente, assim como os direitos autorais, que veremos a seguir, possui similaridade em alguns aspectos como o da impossibilidade de atribuição de invenção a uma pessoa jurídica. Em ambos, apenas pode ser considerado como inventor uma pessoa física, uma vez que a invenção protegida pela patente é fruto da capacidade intelectual de um indivíduo, o que não pode ser auferido da pessoa jurídica. Porém, assim como nos direitos autorais, é possível que uma pessoa jurídica seja titular dos direitos de uma patente, bastando o seu inventor transferir tal titularidade para a empresa em questão. 59 Empreendedorismo A Lei de Propriedade Industrial estabelece como patenteável, em seu art. 8°, “a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial”. Dessa forma, para que uma invenção seja suscetível ao registro de patente, deve conter características mínimas de inovação, produção inventiva e possibilidade de aplicação em processo produtivo de larga escala, caso contrário, o seu pedido de registro restaria prejudicado. A necessidade de aplicação industrial se explica pelo fato de que o processo produtivo protegido pela patente deve ser capaz de produzir os resultados esperados em larga escala, caso contrário, tal processo perderia o caráter industrial e se assemelharia a um processo artesanal, podendo ser considerado inclusive como criação suscetível a proteção de direitos autorais, e não por uma patente. Dessa forma, se não houver a possibilidade de reprodução dos resultados em larga escala, não estamos falando de patente. Legalmente uma patente apenas tem validade em seu paísde origem e para garantir-se em outros países é necessário fazer o registro neles também. Desde 1970, segundo Hermann (2011, p. 107), isso pode ser feito: por uma patente internacional, resultado do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT). Esse tratado tem como objetivo desenvolver o sistema de patentes e de transferência de tecnologia. Prevê basicamente meios de cooperação entre os países industrializados e os em desenvolvimento, e o depósito internacional de um pedido de patente. Uma patente internacional tem validade nos mais de 100 países signatários desses tratados. Evidentemente, há muito interesse atualmente na proteção de propriedade industrial em nível mundial, e países exportadores de tecnologia são os principais defensores dessa proteção. Os donos das patentes geralmente são empresas muito grandes, capazes de sustentar na justiça longas ações contra seus desafetos. E elas lidam com áreas socialmente sensíveis. Em ambos os casos, a justificativa mais comum oferecida para a cobrança dos “royalties” é que elas precisam recuperar seus grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Exemplos disso seriam os grandes laboratórios farmacêuticos. 60 Capítulo 3 Transgênicos: exemplo de invenções que são protegidas por patentes. Os transgênicos resultam de experimentos da engenharia genética, nos quais o material genético é movido de um organismo a outro, visando à obtenção de características específicas. Em programas tradicionais de cruzamentos, espécies diferentes não se cruzam entre si. Com essas técnicas transgênicas, materiais gênicos de espécies divergentes podem ser incorporados por uma outra espécie de modo eficaz. O organismo transgênico apresenta características impossíveis de serem obtidas por técnicas de cruzamento tradicionais. Por exemplo, genes produtores de insulina humana podem ser transfectados em bactérias Escherichia coli. Essa bactéria passa a produzir grandes quantidades de insulina humana que pode ser utilizada com fins medicinais. A alteração genética é feita para tornar plantas e animais mais resistentes e, com isso, aumentar a produtividade de plantações e criações. A utilização das técnicas transgênicas permite a alteração da bioquímica e do próprio balanço hormonal do organismo transgênico. Hoje muitos criadores de animais, por exemplo, dispõe de raças maiores e mais resistentes a doenças, graças a essas técnicas. Os transgênicos já são utilizados inclusive no Brasil. Mas ainda não existem pesquisas apropriadas para avaliar as consequências de sua utilização para a saúde humana e para o meio ambiente. Pesquisas recentes na Inglaterra revelaram aumento de alergias com o consumo de soja transgênica. Acredita-se que os transgênicos podem diminuir ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, impedindo assim o tratamento e agravando as doenças infecciosas. Alergias alimentares também podem acontecer, pois o organismo pode reagir da mesma forma que diante de uma toxina. Outros efeitos desconhecidos a longo prazo podem incluir o câncer. Fonte: Ambiente Brasil (2000). Apud Hermann, 2011; p. 107. 3.3 Marca registrada A Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996) define marca como “aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa”. A marca, segundo Hermann (2011, p. 109), caracteriza-se por sinais ou símbolos que têm por objetivo identificar a origem do produto e estabelecer uma distinção entre produtos ou serviços quando tiverem finalidade idêntica ou semelhante. Além disso, a marca auxilia na preservação do sucesso comercial de algumas empresas que investem não somente na qualidade de seu produto, como também em todo complexo mercadológico utilizado para colocá-la no mercado. 61 Empreendedorismo A marca registrada constitui um elemento fundamental para o lançamento de um produto e conquista de um mercado, uma vez que nela se apoiam as campanhas publicitárias. Em muitos casos, a marca passa a ser o bem mais valioso, podendo ser superior aos ativos tangíveis da empresa. Por esse motivo, as marcas são utilizadas de forma estratégica, buscando o empresário utilizá-la como forma de destaque perante os seus concorrentes. É importante o registro da marca pelo seu titular, pois irá garantir o direito de explorá-la comercialmente ou impedir que outros o façam. Assim, o uso de uma marca registrada por terceiros só poderá ocorrer mediante autorização de seu titular, desde que esteja com um registro necessariamente vigente. O prazo de vigência de registro de uma marca é de 10 (dez) anos, contados da data de sua concessão, podendo ser prorrogado. A confiança que se deposita na marca registrada garante: • ao consumidor a certeza de que estará adquirindo um produto dentro de sua expectativa de qualidade; • ao dono da marca a certeza de que estará sendo preferencialmente identificado pelos clientes. 3.4 Direito autoral Ainda seguindo a apresentação de Hermann (2011) sobre direito administrativo, temos que: Com o surgimento da internet e do acesso praticamente livre à informação, os direitos autorais passaram a ser tratados como fator de conhecimento essencial para todos aqueles que criam e fazem a gestão de conteúdo, seja no meio acadêmico, profissional ou intelectual. Trata-se do direito do autor, do criador, do tradutor, do pesquisador, do artista, de controlar o uso que se faz de sua obra. Consolidado na Lei no 9.610, garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. A nova Lei do Direito Autoral, Lei no 9.610, foi criada em 19 de fevereiro de 1998 representa um avanço importante na regulamentação dos direitos do autor, em sua definição do que é permitido e proibido a título de reprodução e as sanções civis a serem aplicadas aos infratores. 62 Capítulo 3 De acordo com o disposto no artigo 28 da Lei do Direito Autoral, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. O artigo 29 dispõe que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra por quaisquer modalidades, dentre elas a reprodução parcial ou integral. A lei de direitos autorais estabelece em seu art. 7° que o programa de computador, comumente conhecido como software, também é suscetível à proteção concedida às obras intelectuais, porém, este recebeu um tratamento diferenciado, tendo sido regulamentado por lei específica (Lei 9.609/1998 – Lei de Software). A pirataria intelectual (utilização e reprodução não autorizadas de obras intelectuais marcas, patentes e obras literárias, artísticas e científicas) com finalidade de lucro, gera bilhões de prejuízos aos titulares dos direitos e aos mercados estabelecidos. Fonte: Hermann, (2011, p.110 e 111) 3.5 Know – how O know-how é o conhecimento técnico que determinada indústria, empresa ou até mesmo um prestador de serviços possui sobre a produção de um produto, o desenvolvimento de um serviço ou de alguma técnica aplicável no mercado em que atua, ou seja, é o seu ativo intangível, podendo o seu titular explorar economicamente esse conhecimento, sendo possível, inclusive a cessão ou transferência dessa exploração para terceiros. A exploração econômica do know-how se faz por intermédio de um contrato, uma vez que o objeto da contratação não é palpável, sendo denominado esse instrumento como contrato de transferência de tecnologia ou know-how. As partes contratantes poderão estar localizadas dentro ou fora do Brasil, e em ambos os casos o contrato terá validade; entretanto, quando a parte que cede a tecnologia está localizada fora do Brasil, o contrato de transferência de tecnologia necessariamente deverá ser registrado, o que pode ser feito perante o INPI. 63 Empreendedorismo Seção 4 Plano de negócios Lembramos que o plano de negócios é complementar ao Canvas,ele se configura numa cartilha completa e de grande importância, que descreve um empreendimento e o modelo de negócios que viabiliza a empresa. Segundo Chiavenato (2007), plano de negócios (Business Plan), também chamado “plano empresarial”, é uma descrição detalhada de todos os aspectos de um novo empreendimento, e projeta aspectos mercadológicos, operacionais e financeiros dos negócios. O plano de negócios é uma ferramenta de gestão que visa a facilitar a exposição das ideias do empreendedor e, principalmente, que demonstre a viabilidade e probabilidade de sucesso do negócio. O plano de negócios se aplica tanto no lançamento de novos empreendimentos quanto no planejamento de novos produtos, processos, serviços, negócios em empresas já consolidadas no mercado. Com o Plano de Negócios é possível: identificar os riscos e propor planos para minimizá-los e até mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes e fracos em relação à concorrência e ao ambiente de negócio em que você atua; conhecer seu mercado e definir estratégias de marketing para seus produtos e serviços; analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliar investimentos, retorno sobre o capital investido; enfim, você terá um poderoso guia que norteará todas as ações de sua empresa. Portanto, deve ficar claro que o conceito básico do plano de negócios é o planejamento. Segundo o professor Dornelas (2013), a cultura de planejamento ainda não está totalmente difundida no Brasil, ao contrário de outros países, como, por exemplo, os Estados Unidos, onde o Plano de Negócios é o passaporte e o pré-requisito básico para a abertura e gerenciamento do dia a dia de qualquer negócio, independente de seu tipo ou porte. Mas essa situação tem mudado rapidamente nos últimos anos, devido a vários fatores, principalmente pelo fato de muitas instituições, bancos, órgãos governamentais (MCT, BNDES, CNPQ etc.) estarem exigindo o Plano de Negócios como base para a análise e concessão de crédito, financiamento e recursos às empresas, entidades etc. O Plano de Negócios é um documento de caráter sigiloso e confidencial. É preparado pela administração da empresa, contendo descrição detalhada do passado, presente e futuro da organização. 64 Capítulo 3 Resumindo: o plano de negócios é uma ferramenta que pode ser aplicada tanto na construção de um novo empreendimento como no planejamento de empresas maduras. 4.1 Como deve ser escrito um Plano de Negócios? Essa tarefa não é para ser realizada somente por pessoas especializadas, pelo contrário, você que é candidato a empreendedor tem a obrigação de fazê-lo. Para isso, você deve estar atento para algumas orientações, que certamente irão lhe ajudar a cumprir essa etapa tão importante no planejamento do seu empreendimento. De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2009, p. 10): Informações são a matéria-prima de qualquer plano de negócio, portanto, pesquise e procure conhecer tudo sobre o seu setor. Informações podem ser obtidas em jornais, revistas, associações, feiras, cursos, junto a outros empresários do ramo, na Internet ou com clientes e fornecedores potenciais. Lembre-se de que um plano de negócio é uma trilha e não trilho, e não deve ser encarado como um instrumento rígido, portanto, é preciso acompanhá-lo permanentemente. Um plano de negócio é feito no papel e “a lápis”, pois está sujeito a correções. O plano de negócio fala por você. Quanto melhor sua aparência e quanto mais claras as ideias, melhores serão os resultados. Além disso, procure fazê-lo bem-feito e organizado. Assim, você irá tornar mais fácil sua utilização e sua consulta. Um plano de negócio pode ser usado para se conseguir novos sócios e investidores, para estabelecer parcerias com fornecedores e clientes ou mesmo apresentado a bancos para a solicitação de financiamentos. Entretanto, lembre-se de que o maior usuário do seu plano é você mesmo. Um bom plano de negócio permite identificar e restringir seus erros ainda no papel, em vez de cometê-los no mercado. No quadro abaixo você encontrará resumidamente as principais etapas que deverão estar presentes num plano de negócios: 65 Empreendedorismo Figura 3.1 - Etapas para preparação de um plano de negócios Fonte: Adaptado de: Chiavenato, 2007, p.134. 4.2 Estrutura do plano de negócios O plano de negócios deve ser elaborado seguindo algumas regras básicas, mas que não são estáticas, pelo contrário, devem ser atualizadas, periodicamente, pois permitem ao empreendedor enfatizar mais um aspecto do que outro, conforme sua necessidade ou objetivo. Não existe uma estrutura ideal ou quantidade exata de páginas para o Plano de Negócios. O que se recomenda é escrevê-lo de acordo com as necessidades do público-alvo para o qual você pretende apresentá-lo. Uma empresa de serviços é diferente de uma empresa que fabrica produtos ou bens de consumo, por exemplo. Se o leitor for um gerente de banco ou um investidor, por exemplo, ele dará mais ênfase à parte financeira do plano. Se for uma instituição de fomento ou governamental, a que o demonstrativo se refere, provavelmente enfocará o porquê de você estar requisitando a quantidade de recursos solicitada, em que aplicará 66 Capítulo 3 e como a empresa retornará o capital investido. Se for um parceiro, atentará mais para a sua análise de mercado e oportunidades de grandes lucros. Se for um fornecedor, vai querer saber com mais detalhes sobre a saúde financeira de sua empresa, sua carteira de clientes, o crescimento do seu negócio. Assim, qualquer Plano de Negócios deve possuir um mínimo de seções que proporcionam um entendimento completo do negócio. Essas seções são organizadas de forma a manter uma sequência lógica que permita a qualquer leitor do Plano de Negócios entender como sua empresa é organizada, seus objetivos, seus produtos e serviços, seu mercado, sua estratégia de marketing e sua situação financeira. (Hermann, 2011, p. 119-120) Mesmo com as particularidades de cada ideia de negócio, os formatos dos planos de negócio respeitam uma sequência de certo modo convergente. Seus elementos costumam ser os mesmos e envolvem questões estratégicas e operacionais. Há uma certa padronização visando a facilitar o entendimento do documento pelos públicos acostumados à análise de novos negócios (bancos, investidores etc.) E assim sendo pode ser interessante construir um ou outro plano, dependendo do que se pleiteia como veremos abaixo; • Plano de Negócios Completo. É utilizado quando se pleiteia uma grande quantidade de recursos financeiros, ou seja, quando é necessário apresentar uma visão completa do empreendimento. • Plano de Negócios Resumido. É utilizado quando se pretende apresentar algumas informações resumidas a um investidor, por exemplo, com o objetivo de chamar a atenção desse para que ele lhe solicite um Plano de Negócios completo. Deve apresentar os objetivos macros do negócio, investimentos, mercado e retorno sobre o investimento, focando as informações específicas requisitadas. • Plano de Negócios Operacional. É muito importante para ser utilizado internamente na empresa pelos diretores, gerentes e funcionários. É excelente para alinhar os esforços internos em direção aos objetivos estratégicos da organização. 4.2.1 Estrutura sugerida para pequenas empresas segundo Dornelas (2005) 1. Capa A capa, apesar de não parecer, é uma das partes mais importantes do Plano de Negócios, pois é a primeira coisa que é visualizada por quem o lerá, devendo, portanto, ser feita de maneira limpa e com as informações necessárias e pertinentes. Assim, deve conter: 67 Empreendedorismo • Nome da empresa • Endereço • Telefone • E-mail • Logotipo (se a empresa tiver) • Nomes, cargos, endereços e contatos dos proprietários da empresa • Mês e ano que o plano foi desenvolvido 2.Sumário O Sumáriodeve conter o título de cada seção do Plano de Negócios e a página respectiva onde se encontra, bem como os principais assuntos relacionados em cada seção. 3.Sumário Executivo O Sumário Executivo é a principal seção do seu Plano de Negócio. Através do Sumário Executivo é que o leitor decidirá se continuará ou não a ler o seu Plano de Negócios. Portanto, deve ser escrito com muita atenção, revisado várias vezes e conter uma síntese das principais informações que constam em seu Plano de Negócios e explicitar qual o objetivo do Plano de Negócios em relação ao leitor ex: requisição de financiamento junto aos bancos, capital de risco, apresentação da empresa para potenciais parceiros ou clientes etc.). O Sumário Executivo deve ser a última seção a ser escrita, pois depende de todas as outras seções do plano para ser feita. 4.Análise Estratégica Nesta sessão, é onde você define os rumos de sua empresa, sua situação atual, suas metas e objetivos de negócio, bem como a descrição da visão e missão de sua empresa. É a base para o desenvolvimento e implantação das demais ações de sua empresa. 5. Descrição da Empresa Deve descrever sua empresa, seu histórico, crescimento/faturamento dos últimos anos, sua razão social, impostos, estrutura organizacional, localização, parcerias, serviços terceirizados etc. 6. Produtos e Serviços Deve descrever quais são seus produtos e serviços, como são produzidos, ciclo de vida, fatores tecnológicos envolvidos, pesquisa e desenvolvimento, principais clientes atuais, detém marca e/ou patente de algum produto etc. 68 Capítulo 3 7. Plano Operacional Esta seção deve apresentar as ações que a empresa está planejando em seu sistema produtivo e o processo de produção. 8. Plano de Recursos Humanos Aqui são apresentados os planos de desenvolvimento e treinamento de pessoal da empresa, bem como o nível educacional e a experiência dos profissionais. 9. Análise de Mercado Deverá demonstrar que conhece muito bem o mercado consumidor do seu produto/serviço (por meio de pesquisas de mercado), como está segmentado, as características do consumidor, análise da concorrência, a sua participação no mercado e a dos principais concorrentes, os riscos do negócio etc. 10.Plano de Marketing Apresenta como você pretende vender seu produto/serviço e conquistar seus clientes, manter os interesses deles e aumentar a demanda. Deve abordar seus métodos de comercialização, diferenciais do produto/serviço para o cliente, política de preços, projeções de vendas, canais de distribuição e estratégias de promoção/comunicação e publicidade. 11.Plano Financeiro A seção de finanças deve apresentar em números todas as ações planejadas de sua empresa e as comprovações, por meio de projeções futuras (quanto precisa de capital, quando e com que propósito), de sucesso do negócio. Deve conter itens como fluxo de caixa com horizonte de 3 anos, balanço patrimonial, demonstrativo de resultados, ponto de equilíbrio, necessidades de investimentos, lucratividade prevista, prazo de retorno sobre o investimento, etc. 12. Anexo Deve conter todas as informações que você julgar relevantes para o melhor entendimento de seu Plano de Negócios. Por isso, não tem limites de páginas ou exigências a serem seguidas. A única informação que você não pode deixar de incluir é o currículo dos sócios da empresa. Você poderá anexar ainda fotos dos produtos, catálogos, estatuto social, folders etc. 4.5 Quem é o Público alvo do Plano de Negócios O público alvo pode ser toda a rede de relacionamentos construída pelo empreendedor ou pelo intraempreendedor, pois ele pode ser destinado unicamente para a troca de informações com outras pessoas, as quais podem ajudar o empreendedor a gerir o seu empreendimento. 69 Empreendedorismo Além disso, alguns dos possíveis contatos, para quem você vai apresentar o Plano de Negócios do seu empreendimento, podem ser: • Incubadoras de empresas: com o objetivo de se tornar uma empresa incubada. • Sócios potenciais: para convencimento em participar do empreendimento e estabelecer acordos e direção. • Parceiros: para estabelecimento de estratégias conjuntas. • Bancos: para captação de financiamentos. • Intermediários: pessoas que ajudam a vender o seu negócio, se for o caso. • Investidores: empresas de capital de risco, pessoas jurídicas e outros interessados. • Especialistas em marketing: para desenvolver planos de marketing. • Fornecedores: para compra de mercadorias e matéria-prima com crédito facilitado. • Gente talentosa: que você deseja contratar para fazer parte da sua empresa. • A própria empresa: para comunicação interna com os empregados. • Os clientes potenciais: para vender o produto/serviço. E cada um desses destinatários irá avaliar o plano de maneira distinta e com graus de exigências diversos: Os agentes financeiros estarão interessados, principalmente, na capacidade de o novo empreendimento pagar a dívida, incluindo juros dentro de um prazo determinado. Os bancos querem fatos com uma análise objetiva da oportunidade comercial e de todos os riscos em potencial no novo empreendimento. Os investidores, por sua vez, em especial os investidores de risco, têm necessidades diferentes, uma vez que estão fornecendo grandes somas de capital para patrimônio líquido (equidade) e para as despesas esperadas. Colocam, com frequência, mais ênfase no caráter do empreendedor do que os agentes financeiros, e quase sempre dedicam muito tempo para verificação do histórico do empreendedor. Esses investidores também exigirão altas taxas de retorno e estarão focalizados no mercado e nas projeções financeiras durante o período considerado crítico de cinco a sete anos. Fonte: Heermann (2011, p. 121-122) 70 Capítulo 3 4.6 Como vender seu Plano de Negócios Quando você tiver terminado a elaboração do Plano de Negócios certamente irá apresentá-lo para parceiros ou investidores, conforme já analisamos acima os potenciais públicos-alvo. E visando à implementação do empreendimento descrito no Plano de Negócios, você deverá estar preparado para responder as seguintes questões: • Qual a competência da equipe que vai administrar o empreendimento? • Qual o potencial do mercado-alvo? • Qual o grau de inovação do produto ou serviço? • Há viabilidade econômica na proposta que você está apresentando? • Foi elaborado um estudo demonstrando projeções financeiras realistas? • Qual é o seu negócio? • Qual o seu produto/serviço? • Onde está o seu mercado/clientes? • A equipe administrativa está comprometida com a execução do projeto? Vender o Plano de Negócios significa que você preparou um documento muito bem elaborado e está à procura de recursos, sejam eles físicos, financeiros ou humanos para implementar ou incrementar o seu empreendimento. Você despertou o interesse de investidores e agora teve a oportunidade de convencê-los de que o seu negócio pode ser muito rentável e tem um grande futuro pela frente. Nesse caso, apresente o projeto verbalmente, em aproximadamente 3 minutos e, em seguida, faça uma apresentação visual em aproximadamente 15 minutos. O objetivo é causar impacto no tomador de decisões do grupo de investidores. (Hermann, 2011. p. 124) Seção 5 Por que as empresas quebram? Empreender não é fácil, abrir e manter um negócio no Brasil não é uma tarefa simples. O fato é que empresas nascem e, infelizmente, morrem, com frequência. O grande índice de mortalidade acontece principalmente porque, quando o empreendedor abre uma empresa, ele normalmente tem aptidão em uma ou duas áreas do negócio, como produzir bem um produto ou ser um excelente vendedor. Mas as outras áreas da empresa ficam descobertas. Quando você abre uma empresa e não tem muitos recursos, você tem que entender um pouco de tudo, como contabilidade, impostos, leis, marketing, gestão de pessoas etc. 71 Empreendedorismo Os empresáriosque conseguem sobreviver aos primeiros anos do negócio apontam que a falta de capacidade empreendedora, falta de planejamento, falha na logística operacional e as incompetências gerenciais como motivos para as quebras constantes. Mas além desses aspectos, observa-se, principalmente, a contribuição dos seguintes fatores para o fechamento prematuro de empresas: 5.1 Ausência de estudo de Mercado Antes de investir, o empreendedor deve fazer um rigoroso estudo do mercado, identificando os futuros clientes e suas necessidades, apresentando soluções reais para elas, bem como conhecer os serviços e preços praticados pela concorrência. Dessa forma, ele será capaz de desenvolver seu diferencial para se destacar no mercado. 5.2 Capital inicial insuficiente Buscar recursos iniciais junto aos bancos pode ser a sentença de extinção da empresa. Nos primeiros meses, a lucratividade pode não ser alta o suficiente para compensar essas dívidas, gerando juros, e isso dificultará bastante ficar no orçamento. Ao calcular o capital inicial, leve em consideração todos os recursos essenciais para dar início às atividades, que vão desde a aquisição de mercadorias e máquinas, até mesmo gastos com a decoração da loja. Manter um capital de giro para as despesas dos primeiros meses também é uma boa forma para evitar futuras dores de cabeça. 5.3 Desconhecimento dos custos do negócio Por inexperiência ou por falta de conhecimento do mercado, muitos empreendedores não conseguem enxergar todos as despesas que terão durante as suas atividades, como por exemplo: Gastos com o 13º de funcionários e o FGTS que devem ser levados em consideração na hora de contratar. Recomenda-se, portanto, a formação de uma reserva de contingência para que o empreendedor não seja pego desprevenido. Outra despesa importante para se levar em consideração é a carga tributária que recairá sobre o negócio. 5.4 Finanças pessoais associadas às finanças da empresa Apesar de ser uma ideia bastante simples, muitos empresários iniciantes têm dificuldade de dissociar uma coisa com a outra. Para evitar essa junção é importante definir um salário (pró-labore) para os sócios de acordo com a lucratividade da empresa. 72 Capítulo 3 Vale lembrar que o pró-labore só existe quando o sócio trabalha na empresa. Quando não for esse o caso e o sócio atue apenas como investidor, deve ser feita uma distribuição dos lucros. Porém, é muito importante lembrar que nem todo o lucro deve ser repartido entre os sócios pois uma parte deve se reinvestida na empresa para que essa desenvolva e cresça. 5.5 Falta de planejamento O principal problema dos empreendedores iniciantes é a falta de planejamento. E isso se torna uma questão bastante complexa e que engloba praticamente todos os aspectos da empresa. Por isso as ferramentas já estudadas e o plano de negócios deve ser um dos primeiros objetivos de quem pretende se tornar um empreendedor. 5.6 Excesso de Burocracia Infelizmente, essa ainda é uma realidade e vocês puderam perceber quando estudaram sobre a constituição de um negócio. Para ter uma empresa de sucesso, o empreendedor precisa aprender a driblar esses problemas. Saber quais são os tributos a serem pagos, prazos para liberação de alvarás e quais as certidões necessárias para seu negócio funcionar, são pré-requisitos indispensáveis. Procure sempre um contador para te ajudar com toda a documentação necessária para que o processo não se estenda por muito tempo. Segundo dados do SEBRAE, abrir uma empresa no Brasil leva, em média, 53 dias. É um dos processos mais longos do mundo! Somente a burocracia fiscal consome 2,6 mil horas por ano, em média, segundo pesquisa do Banco Mundial. Esses números mostram uma verdade que está na boca do povo: o Brasil é um país extremamente burocrático. 5.7 Falta de Capital de Giro Um dos grandes vilões que levam pequenas e médias empresas à falência é a falta do capital de giro, ou seja, uma reserva financeira mínima que garante que as atividades continuem em momentos mais críticos. E essa precaução serve também para as empresas que apresentam lucro, pois o faturamento é sempre variável e pode ocorrer algumas instabilidades que atinjam o equilíbrio financeiro. Por isso, um capital de giro deve ser sempre acompanhado e bem gerenciado. 73 Empreendedorismo 5.8 Falta de cuidado com o estoque Muitos empresários enxergam o estoque de produtos como um custo, porém, ele deve ser visto como um investimento. Ele é o dinheiro da empresa convertido em mercadorias e precisa de um tratamento diferenciado para não gerar gastos desnecessários. Ao gerir esse investimento é importante saber qual a demanda do seu mercado, sem ser pessimista demais ou otimista em excesso. Além disso, é preciso ter uma margem de segurança, caso surja um crescimento inesperado na demanda. 5.9 Desconhecimento do Fluxo de Caixa O fluxo de caixa trata do controle das entradas e saídas de recursos financeiros no caixa da empresa, é uma forma de representação das receitas e despesas de um empreendimento. Conhecendo bem, é possível saber onde está o ponto de equilíbrio da empresa e, assim, saber como melhor administrar as suas contas a pagar e a receber, cobrando clientes que estejam devendo e pedindo mais prazo ou condições favoráveis para fornecedores. O número de brasileiros empreendendo no Brasil cresce a cada ano, principalmente quando falamos de Micro e Pequenas Empresas. Porém, esses negócios estão sendo muitas vezes construídos sem o devido conhecimento, como observamos acima, e não sobrevivendo aos 5 primeiros anos. Portanto, seja diferente, pense diferente, e não faça parte desta estatística!!! Tenho certeza de que depois desses estudos, você ficará precavido, e antes de aplicar suas economias em algo incerto irá colocar suas ideias no papel para depois transformá-las em realidade.
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