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EMPREENDEDORISMO-VERSÃO 2020

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10 EMPREENDEDORISMO 
Esta disciplina abordará os conceitos de empreendedorismo, sua importância e aplicação no campo pessoal e profissional.
10.1 Empreendedorismo
Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship. Popularizou-se a partir da importação do inglês, cuja origem vem de entrepreneur, palavra francesa que era usada no século XII para designar aquele que incentivava brigas. No final do século XVIII, passou a indicar a pessoa que criava e conduzia projetos e empreendimentos. Nessa época, de acordo com Cantillon, que lhe deu o significado atual, o termo se referia a pessoas que compravam matérias-primas (geralmente um produto agrícola) e as vendiam a terceiros, depois de processá-las, identificando, portanto, uma oportunidade de negócios e assumindo riscos.
No entanto, a raiz da palavra empreendedor remete-nos há 800 anos, ainda com o verbo francês entreprendre, que significa “fazer algo”. Uma das primeiras definições da palavra “empreendedor” foi elaborada no início do século XIX pelo economista francês J.B. Say, como aquele que “transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento”. Entre os economistas modernos, quem mais se debruçou sobre o tema foi Joseph Schumpeter, que teve grande influência sobre o desenvolvimento da teoria e prática do empreendedorismo. Em seus estudos, ele o descreve como a “máquina propulsora do desenvolvimento da economia. A inovação trazida pelo empreendedorismo permite ao sistema econômico renovar-se e progredir constantemente”. De acordo com Schumpeter, “sem inovação, não há empreendedores, sem investimentos empreendedores, não há retorno de capital e o capitalismo não se propulsiona”.
Podemos afirmar, entretanto, que o seu conceito ainda está numa fase pré-paradigmática; não existe ciência que o defina de forma definitiva. Na verdade, o que se tem é um conceito variável de acordo com pessoa que responde à pergunta. Fernando Dolabella (1999) define o empreendedor como sendo alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade. Não o sonho freudiano. Mas no sentido do sonho que se sonha acordado. Ou seja, empreender é agir, é buscar o sonho, é conceber o futuro. Mas é preciso que este futuro que a pessoa concebe tenha congruência com o seu eu. E aí entra o papel da educação, que é estabelecer a congruência para que o sonho possa ser realizado. Esta congruência diz respeito à factibilidade, à acessibilidade... O sonho é acessível, é ponderável.
Mesmo assim, ao serem analisadas as várias definições existentes para o termo, é possível perceber que alguns aspectos sempre estão presentes em todas elas, principalmente no que diz respeito ao comportamento empreendedor, tais como:
1- Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;
2- Utilização de recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico;
3- Saber os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
Ou seja, o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem; se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização. De outra forma, pode-se definir o empreendedor como sendo a pessoa que toma a iniciativa de combinar recursos físicos e humanos para produzir bens ou serviços em uma empresa com ou sem fins lucrativos. O empreendedor é uma pessoa inovadora, que tenta introduzir novos produtos, serviços, técnicas de produção e até mesmo novas formas de organização, tomando as decisões que irão nortear o futuro do negócio, assumindo não só os riscos pessoais, mas também aqueles dos investidores e de todos os envolvidos em seu negócio.
A definição de empreendedorismo consubstancia nas características daquele que tem habilidade para criar, renovar, modificar, implementar e conduzir empreendimentos inovadores. De fato, pode-se afirmar que empreendedorismo quer dizer pelo menos três coisas:
1. A capacidade individual de empreender - isto é, a capacidade de tomar a iniciativa, buscar soluções inovadoras e agir no sentido de encontrar a solução para problemas econômicos ou sociais, pessoais ou de outros, por meio de empreendimentos;
1. O processo de iniciar e gerir empreendimentos - isto é, o conjunto de conceitos, métodos, instrumentos e práticas relacionadas com a criação, implantação e gestão de novas empresas ou organizações. Neste sentido, o empreendedorismo é uma disciplina a ser ensinada;
1. O movimento social de desenvolvimento do espírito empreendedor - isto é, um movimento social para a criação de emprego e renda, que recebe o incentivo dos governos e instituições de diferentes tipos.
Na verdade, nos estudos e pesquisas realizados até hoje sobre o fenômeno do empreendedorismo observa-se que não há consenso entre os estudiosos e pesquisadores a respeito da exata definição do conceito de empreendedor. Segundo alguns autores, as dificuldades encontradas para o estabelecimento desta conceituação são decorrentes de concepções errôneas, postuladas, principalmente, pela mídia e o senso comum que, obscurecem e distorcem alguns conceitos.
Desde o início dos anos 80, mais de 300 livros e 100 artigos são publicados a cada ano, em uma centena de revistas, dentre as quais umas 20 são especializadas em empreendedorismo e em Pequenas e Médias Empresas (PME).
À primeira vista, este campo do conhecimento traduz uma excepcional diversidade conceitual. Desde o princípio dos anos 80 diversos estudiosos analisam documentos, então disponíveis, que levam a selecionar mais de 1000 publicações, resultando em uma centena de definições sobre o empreendedor e o empreendedorismo. Na verdade, se se dedicasse a um estudo mais profundo sobre o tema, revelar-se-ia numa diversidade de definições. De fato, a análise do conteúdo das definições demonstra a influência das disciplinas de base na conceituação do empreendedor. Aqui cabe a pergunta: que conceituação seria a mais adequada? Esta variou ao longo das últimas décadas, em decorrência da existência de diversas correntes de pensamento. No começo, porém, por volta do início do século XVIII, aflorou a escola do "pensamento econômico", que foi a primeira a usar o termo empreendedorismo. Sendo assim, torna-se necessário estabelecer uma definição objetiva para que se possam desenvolver pesquisas metodológicas mais precisas a respeito.
Estudos mostram que a palavra empreendedor foi utilizada pela primeira vez na língua francesa no início do século XVI, para designar os homens envolvidos na coordenação de operações militares. Mais tarde, por volta de 1765 o termo começou a ser utilizado na França para designar aquelas pessoas que se associavam com proprietários de terras e trabalhadores assalariados. Contudo, este termo era utilizado também nessa época, para denominar outros aventureiros tais como construtores de pontes, empreiteiros de estradas ou arquitetos.
Mais tarde, por volta de 1800 o economista francês Jean Batist Say utilizou novamente o termo empreendedor em seu livro Tratado de Economia Política. O empreendedor, como definiu Say, é o responsável por "reunir todos os fatores de produção... e descobrir no valor dos produtos... a reorganização de todo capital que ele emprega, o valor dos salários, o juro, o aluguel que ele paga, bem como os lucros que lhe pertencem". O mesmo autor apresentou alguns requisitos necessários para ser empreendedor, tais como:
1. Julgamento, perseverança e um conhecimento sobre o mundo, assim como sobre os negócios;
1. Posse sobre a arte da superintendência e da administração.
Contudo, foi a Inglaterra o país que mais dedicou esforços para definir explicitamente a função do empreendedor no desenvolvimento econômico. Dentre os ilustres teóricos que ofereceram uma grande contribuição para o entendimento do fenômeno do empreendedorismo ressaltam-se Adam Smith e Alfred Marshall.
Adam Smith caracterizou o empreendedor como um proprietário capitalista, um fornecedor de capital e, ao mesmo tempo, um administrador que se interpõe entre o trabalhador e o consumidor. Oconceito de Smith refletia uma tendência da época de considerar-se o empreendedor como alguém que visava somente produzir dinheiro.
Entretanto, o empreendedor foi caracterizado pelo economista inglês Alfred Marshall como alguém que se aventura e assume riscos, que reúne capital e o trabalho requerido para o negócio e supervisiona seus detalhes, caracterizando-se pela convivência com o risco, a inovação e a gerência do negócio.
Somente em 1911, com a publicação da obra Teoria do Desenvolvimento Econômico de Joseph A. Schumpeter, a conotação de empreendedor adquiriu um novo significado. Segundo este autor: "o empreendedor é o responsável pelo impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros".
Posteriormente, o empreendedor começou a despertar interesse e ser estudado por pesquisadores de vários ramos de atividade da ciência, como a psicologia, administração, economia, sociologia, entre outras, que se dedicaram a pesquisar o empreendedor, seu papel, suas características, ocasionando o surgimento de uma variedade de definições como as que se seguem.
Para Peter Drucker (1987, p. 25 apud SANTOS; MARINHO; MAC-ALLISTER, 2009), os empreendedores são pessoas que inovam. "A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente".
Low e MacMillan acreditam que, os "empreendedores são indivíduos que tomam iniciativa, identificam e criam oportunidades de negócios, através da reunião e coordenação de combinações de novas pesquisas".
Para Amit, "os empreendedores são indivíduos que inovam, identificam e criam oportunidades de negócios, montam e coordenam novas combinações de recursos (funções de produção) para extrair os maiores benefícios de suas inovações".
Embora nos estudos e pesquisas relacionados com o empreendedor haja muitas diferenças e disparidades a respeito das exatas definições, pode-se perceber que há um consenso entre os estudiosos de que o que distingue o empreendedor das outras pessoas é a maneira como ele percebe a mudança e lida com as oportunidades.
No Século XVII, os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, onde o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como geralmente os preços eram prefixados, quaisquer lucros ou prejuízos eram exclusividade do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor como aquele que assumia riscos, do capitalista, aquele que fornecia o capital.
Século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo. Um exemplo foi o caso das pesquisas referentes aos campos elétricos, de Thomas Edison, que só foram possíveis com o auxílio de investidores que financiaram os experimentos.
E, finalmente, no final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem, e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista.
"Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões", segundo o conceito do teórico L.J. Filion (1911). Com base nesta definição, o diretor da Escola de Administração de Mauá-SP e consultor de empresas, Hazime Sato, afirma que o empreendedor é um agente de mudanças e inovações, que identifica oportunidades e busca recursos para transformar conhecimento em riqueza. Assim, segundo ele, o instrumento específico do espírito empreendedor é a inovação, a busca deliberada e organizada de mudanças, as fontes das oportunidades que tais mudanças podem oferecer.
Transformar conhecimento, nascido de um sonho e da identificação de uma oportunidade, em riqueza, por meio da realização da visão concebida a partir do sonho, é uma jornada de muito trabalho que requer do empreendedor diversas características comportamentais.
O Escritor Fernando Dolabela, 59 anos, é um daqueles que faz questão de demonstrar a paixão que devota ao estudo do empreendedorismo, tema dos nove livros que já escreveu. O primeiro deles, O Segredo de Luiza, de 1999, tornou-se um dos mais vendidos do Brasil na área de negócios. Dois livros seus deram origem a métodos que estão se difundindo pelo Brasil: Pedagogia Empreendedora, de 2003, que inspirou o programa homônimo que já treinou 10 mil professores em 123 escolas, com reflexos no ensino de 300 mil alunos com idade entre 4 e 17 anos; e A Oficina do Empreendedor, de 1999, que gerou o método que já foi apresentado a 3.500 professores de 350 instituições de ensino superior. Curiosamente, o administrador Fernando Dolabela pretende – e de certo modo está conseguindo – mudar um paradigma educacional do qual não tem boas lembranças. “Eu era o pior aluno da classe no melhor colégio de Minas”, diverte-se, ao falar de sua inadaptação às regras da escola. Para Dolabela, o empreendedor é um rebelde, um inconformado – alguém que propõe o novo. Um perfil que ele não vê emergir das escolas e das famílias brasileiras. “A criança e o adulto aprendem uma só coisa: mandar currículo” (DOLABELA, s.d.).
Para ele, um empreendedor:
1. É um sonhador, mas realista;
1. Cultiva a imaginação e sabe definir visões do que quer;
1. É orientado para resultados, para o futuro;
1. Tem a percepção e a capacidade de descobrir nichos;
1. Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos;
1. Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização;
1. Considera o fracasso um resultado normal, aprende com os próprios erros;
1. Traduz seus pensamentos em ações;
1. Sabe fixar metas e alcançá-las;
1. Tem forte intuição;
1. Tem alto comprometimento: acredita no que faz;
1. Dedica-se intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar resultados;
1. Sabe buscar, utilizar e controlar recursos;
1. Aceita o dinheiro como uma medida de seu desempenho;
1. Estabelece e cultiva "redes de relações" internas e externas.
Deste modo, configura-se que a ação empreendedora começa com um indivíduo que tem motivação para colocar em prática seus conhecimentos e competências. Seu diferencial é sua habilidade de envolver outras pessoas, compor uma equipe de indivíduos com outros conhecimentos e competências que irão tornar sua ideia realidade.
O empreendedorismo nada mais é do que um sentimento de paixão pela inovação. É enxergar oportunidades naquilo que muitas pessoas não veem, é ter um sonho, saber a sua viabilidade, acreditar que é possível transformar ideias em oportunidades, ousar e fazer o uso constante, ou seja, o exercício da criatividade e pensar como retorno em algo benéfico para si e também para sociedade.
Para o autor norte-americano Jefrey Timmons, "O empreendedorismo é uma revolução silenciosa que será, para o século XXI, o mesmo que a Revolução Industrial foi para o século XX". Isso sugere uma boa reflexão.
10.1.1 Classificação dos Empreendedores
De certa forma, e segundo alguns autores, os empreendedores classificam-se em:
1. empreendedores iniciais: são aqueles cujos empreendimentos têm até 42 meses de vida, três anos e meio, período que a literatura considera capital para a sobrevivência de um empreendimento. Esses empreendedores compõem uma taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), de origem inglesa, Total Entrepeneurial Activity, e subdividem-se em dois tipos:
a) nascentes: aqueles à frente de negócios em implantação – busca de espaço, escolha de setor, estudo de mercado, etc., que, se chegaram a gerar remuneração, o fizeram por menosde três meses;
b) novos: seus negócios já estão em funcionamento e geraram remuneração por pelo menos em três meses.
1. empreendedores estabelecidos: aqueles à frente de empreendimentos com mais de 42 meses. Com o propósito de estabelecer o perfil das pessoas envolvidas na criação de negócios, os empreendedores identificados na pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) são classificados segundo variáveis demográficas, como gênero, idade, renda familiar e escolaridade.
Para configurar um perfil sobre a mentalidade empreendedora, todos os informantes do GEM, empreendedores ou não, respondem a questões relativas a atitudes diante do risco de abrir um negócio, à imagem do empreendedor, à percepção de boas oportunidades no mercado, entre outras.
Além de categorizar os empreendedores de acordo com suas características pessoais e o estágio de seus negócios, o GEM classifica-os segundo a motivação para empreender:
1. empreendedores por oportunidade: são motivados pela percepção de um nicho de mercado em potencial.
1. empreendedores por necessidade: são motivados pela falta de alternativa satisfatória de ocupação e renda.
10.1.2 Circunstâncias que dão Origem ao Empreendedor
Muito se fala que, quando se estuda o surgimento dos empreendedores, pode-se observar que há um mito de que não é possível desenvolver o empreendedorismo; deve-se nascer empreendedor. Muitos estudiosos verificam que isso não é verdade, tomando-se por base uma análise mais criteriosa dos vários empreendimentos existentes, independentemente de sua etapa evolutiva. Assim, verifica-se, a partir dos estudos realizados, que existem várias circunstâncias que dão origem a um empreendimento e ao surgimento de um empreendedor, que podem ou não se relacionar aos traços de personalidade, que são:
1. O empreendedor nato – esta figura é a personalização integral do empreendedor que, normalmente, desde cedo, por motivos próprios ou influências familiares, demonstra traços de personalidade comuns do empreendedor. O desenvolvimento de tal vocação tem forte relação com o tipo de autoridade familiar e o ambiente motivacional familiar, tais como escala de valores e percepção de negócios;
1. O herdeiro – pode ou não possuir as características do empreendedor. Se empreendedor por afinidade e vocação, dá continuidade ao empreendimento em que se encontra desde cedo em treinamento, o que é muito comum. Não tendo características empreendedoras, mas “treinado”, por imposição, desde cedo, pode vir a ser um problema para a continuidade da empresa;
1. O funcionário da empresa – podendo possuir características de empreendedor, sente ao longo da carreira em desequilíbrio e falta de reconhecimento entre suas contribuições e recompensas, ou então falta de interesse em suas ideias ou interferência da burocracia da empresa. Frustrado em suas necessidades de realização pessoal, em algum momento de carreira decide partir para um negócio próprio;
1. Excelentes técnicos – com características de empreendedor, dispõe do conhecimento, de know-how, sobre algum produto ou serviço e, uma vez possuidor de experiência no ramo, decide iniciar um negócio próprio.
1. Vendedores – usualmente, entusiasmado pela dinâmica de suas funções quotidianas, como conhece o mercado e tem experiência do ramo, inicia um negócio próprio em indústria, comércio ou serviços.
1. Opção ao desemprego – uma modalidade de empreendimento arriscada que, por questões circunstanciais, finda por ser adotada. Pode ter dois desdobramentos: 1) com características empreendedoras, há possibilidade de sucesso; e 2) sem características empreendedoras, tem chance de sucesso, dependendo de como a oportunidade é encarada.
1. Desenvolvimento paralelo – o funcionário, como alternativa futura, tendo características empreendedoras, estrutura-se entre amigos ou familiares e desenvolve um negócio derivado de sua experiência ou não, ou associa-se a outro ramo de atividades como sócio capitalista.
1. Aposentadoria– com experiência adquirida, e devido à idade precoce com que o mercado marginaliza as pessoas, inicia um negócio próprio, usualmente em comércio ou serviços, se não for oriundo da área de vendas ou produção.
10.1.3 Características dos Empreendedores
Algumas pessoas já nascem com maior qualificação para o empreendedorismo. Outras não têm tantos talentos inatos, mas isso não quer dizer que não possam aprender e desenvolver esses talentos. Esse desenvolvimento é fundamental para toda pessoa que almeja implantar e gerir um pequeno negócio. Pode-se perguntar, então, em primeiro lugar: O que torna uma pessoa empreendedora? Quais são os elementos essenciais da capacidade empreendedora? Evidentemente, essas não são perguntas fáceis de responder. Porém, os diversos estudiosos do assunto reconhecem que os empreendedores têm algumas características básicas:
1. Iniciativa- são pessoas que não ficam esperando que os outros (o governo, o empregador, o parente, o padrinho) venham resolver seus problemas. Pessoas que começam coisas novas. A iniciativa, enfim, é a capacidade daquele que, tendo um problema qualquer, age: arregaça as mangas e parte para a solução;
1. Autoconfiança- o empreendedor tem autoconfiança. Se não tivesse, seria difícil tomar a iniciativa. A crença em si mesmo faz o indivíduo arriscar mais, ousar, oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais empreendedor;
1. Aceitação do risco - o empreendedor aceita riscos. Ainda que muitas vezes seja cauteloso e precavido contra o risco, a verdade é que ele o aceita em alguma medida;
1. Sem temor do fracasso e da rejeição - o empreendedor fará tudo o que for necessário para não fracassar, mas não é atormentado pelo medo paralisante do fracasso. Pessoas com grande amor próprio e medo do fracasso preferem não tentar correr o risco de não acertar - ficam, então, paralisadas;
1. Decisão e responsabilidade - o empreendedor não fica esperando que os outros decidam por ele. Ele toma decisões e aceita a responsabilidade que estas acarretam;
1. Energia- é necessária uma dose de energia para se lançar em novas realizações, que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O empreendedor dispõe dessa reserva de energia, vinda provavelmente de seu entusiasmo e motivação;
1. Automotivação e entusiasmo - pessoas empreendedoras são capazes de automotivação relacionada com desafios e tarefas em que acreditam. Não necessitam de prêmios externos, como compensação financeira. Igualmente, por sua motivação, são capazes de entusiasmarem-se com suas ideias e projetos;
1. Controle- o empreendedor acredita que sua realização depende de si mesmo e não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê como capaz de controlar a si mesmo e de influenciar o meio, de tal modo que possa atingir seus objetivos;
1. Voltado para equipe - o empreendedor em geral não é um fazedor, no sentido obreiro da palavra. Ele cria equipe, delega, acredita nos outros, obtém resultados por meio de outros;
1. Otimismo- o empreendedor é otimista, o que não quer dizer sonhador ou iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, acredita na possibilidade de solução dos problemas, acredita no seu potencial de desenvolvimento; e,
1. Persistência- o empreendedor, por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas possibilidades, é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar adequadamente.
Além destas, outras características também merecem destaque:
1. São visionários: eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais importante, eles têm a habilidade de implementar seus sonhos;
1. Sabem tomar decisões: eles não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator-chave para o seu sucesso;
1. São indivíduos que fazem a diferença: os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade;
1. Sabem explorar ao máximo as oportunidades: para a maioria das pessoas,as boas ideias são daqueles que as veem primeiro, por sorte ou acaso. Para os empreendedores, as boas ideias são geradas daquilo que todos conseguem ver, mas não identificam algo prático para torná-la em oportunidade, por meio de dados e informações. O empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, criando mercado com uma oportunidade identificada. O empreendedor é aquele que cria um equilíbrio encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. O empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta;
1. São determinados e dinâmicos: eles implementam suas ações com total comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma vontade ímpar de fazer acontecer. Mantêm-se sempre dinâmicos e cultivam certo inconformismo diante da rotina;
1. São dedicados: eles se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu negócio, comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e até mesmo com a própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente. São incansáveis e loucos pelo trabalho;
1. São otimistas e apaixonados pelo que fazem: eles adoram o trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível que os mantêm cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os os melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem como ninguém como fazê-lo. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso;
1. São independentes e constroem o próprio destino: eles querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem ser independentes, em vez de empregados, querem criar algo novo e determinar os próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio patrão e gerar empregos;
1. Ficam ricos: ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios;
1. São líderes e formadores de equipes: os empreendedores têm um senso de liderança incomum. E são respeitados e adorados por seus funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los, formando um time em torno de si;
1. São bem relacionados: os empreendedores sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe;
1. São organizados: os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros de forma racional, procurando o melhor desempenho para seu negócio;
1. Planejam, planejam, planejam: os empreendedores de sucesso planejam cada passo desde seu rascunho do plano de negócios, até a apresentação do plano a investidores, definição das estratégias de marketing do negócio, etc., sempre tendo como base a forte visão de negócio que possuem;
1. Possuem conhecimento: são sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem quanto maior o domínio sobre um ramo de negócio, maior a sua chance de êxito;
1. Assumem riscos calculados: talvez esta seja a característica mais conhecida dos empreendedores;
1. Criam valor para a sociedade: os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criar valor para a sociedade, com geração de empregos, dinamizando a economia, e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.
10.1.4 Sonho dos Empreendedores
O empreendedor sonha em:
1. Ter o seu próprio negócio: todo indivíduo tem o objetivo de tornar-se independente, não necessitando de terceiros para se manter;
1. Independência financeira: a independência financeira é outro ponto que se pode enumerar, como sonho do empreendedor. Estar seguro financeiramente, sem medo do desemprego, sem necessitar de um salário fixo;
1. Não ter chefe: tornar-se dono do seu próprio negocio, em consequência não ser subordinado alguém;
1. Melhorar o padrão de vida: o empreendedor também sonha em adquirir cada vez um melhor padrão de vida, usufruir bens particulares que na situação de empregado torna-se muito difícil;
1. Liderar sua própria equipe: como empreendedor não ser mais liderado, mas passar a ser o cabeça da equipe;
1. Tornar-se um grande empresário: sem dúvida, o maior sonho do empreendedor é tornar-se bem-sucedido em seu próprio negócio, rompendo as barreiras da competitividade, até conseguir alcançar a estatura de um grande empresário.
10.1.5 Conhecimentos dos Empreendedores
Para operar uma empresa com sucesso, o empreendedor deve possuir alguns conhecimentos que são diferenciados em cada etapa na qual a empresa se encontra. Apesar desta diferenciação, é possível fazer uma descrição dos principais conhecimentos, necessários para o empreendedor. São os seguintes:
1. Conhecimento dos aspectos técnicos relacionados com o negócio: é imprescindível que o empreendedor tenha conhecimento a respeito do produto que pretende produzir e/ou a respeito do serviço que pretende prestar. Consequentemente, o empreendedor deve pesquisar objetivamente informações, procurando obter o máximo de dados possíveis, para transformar estes dados em novos mercados, técnicas, produtos e serviços. Estes conhecimentos incluem vendas, custos, processos de fabricação, meios de produção, gerenciamento, dentre outros. Caso o empreendedor não tenha estes conhecimentos, deve procurar desenvolvê-los rapidamente ou buscar alguém que os possua;
1. Experiência na área comercial: as funções da área comercial dizem respeito ao enfoque empresarial voltado ao atendimento das necessidades do cliente. Incluem distribuição do produto, publicidade, pesquisa de mercado e definição e novos produtos. Esta experiência pode ser adquirida mediante vivência prática ou a partir de informações obtidas em publicações especializadas, em centros de ensino ou mesmo mediante referências de outros empresários;
1. Escolaridade: o empreendedor deve possuir um nível de escolaridade mínimo, que lhe permita responder de maneira adequada às exigências impostas por seu negócio, visto que uma elevada escolaridade ou uma baixa escolaridade pode prejudicar o andamento das atividades. Isto significa que, os conhecimentos devem ser buscados e utilizados à medida que cada empreendimento exigir;
1. Experiência empresarial: a experiência é um fator diferenciador. O fato de o empreendedor já ter vivenciado algumas experiências na área empresarial, torna-se importante, à medida que estas lhe proporcionam um conhecimento prévio mais profundo e abrangente a respeito do funcionamento de uma empresa, podendo facilitar a resolução de problemas emergentes;
1. Formação complementar: relaciona-se com a aquisição de informações ou com o aprimoramento dos conhecimentos que o empreendedor já possui. Este pode partir de um interesse particular ou de uma necessidade gerada pelo próprio negócio. Contudo, há conhecimentos que aparentemente não têm nenhuma relação com a vida da empresa e que podem ter participação decisiva no êxito empresarial. É o caso, por exemplo, do aprendizado de grupos esportivos, associações, agremiações, viagens, dentre outros;
1. Conhecimento de gente: esse é outro erro muito comum dos empreendedores – não saber ou não se interessar por gente. Herança da Era Industrial. Para montar um empreendimento há alguns anos, era necessário saber fazer alguma coisa. Manusear e manipular eram mais importantes do que comunicar e se relacionar. As habilidades técnicas eram mais importantes do que as habilidades humanas. Hoje, é fundamental conhecer a natureza humana, quer seja para lidar melhor com o cliente, quer seja para preparar uma equipe de trabalho;
1. Conhecimento de negócio: esse é um dos principais erros dos novos empreendedores – sair por aí oferecendo um serviço ou um produto a quem se interesse por comprá-los. Poucos conseguem conceber um negócio interessante na forma de produtos e serviços. Poucos focam um público-alvoa quem o negócio deve ser direcionado. Conhecimento de negócio é fundamental para começar a carreira de empreendedor com o pé direito;
1. Conhecimento do mercado: o mercado possui suas leis próprias, por meio da dinâmica da oferta e da demanda. O comportamento da oferta e da demanda é, por sua vez, influenciado pelas ações dos agentes econômicos – empresas, famílias, governo, instituições financeiras, etc. Compreender o sistema econômico é uma maneira de fazer com que o novo empreendimento interaja positivamente com as forças econômicas;
1. Conhecimentos sobre o mundo: o Planeta Terra virou um mundo pequeno. A globalização uniu os mercados. Se antes era difícil viajar para o exterior, hoje é muito raro algum empreendedor que já não tenha saído do País. É claro que o conhecimento do mundo não se consegue apenas viajando. TVs a cabo, Internet, revistas, etc. ajudam a compreender o mundo. A compreensão do mundo contribui na ampliação da compreensão da humanidade, dos hábitos, dos costumes e ajuda a perceber tendências e oportunidades.
10.1.6 Habilidade dos Empreendedores
O sucesso de uma empresa também depende das habilidades do empreendedor, que correspondem às facilidades para utilizar as capacidades. São inúmeras as habilidades necessárias para a operação de uma empresa de pequena dimensão. Algumas mais importantes são:
1. Identificação de novas oportunidades: relaciona-se com a habilidade de perceber o que os outros não percebem e de visualizar muito mais longe que os demais. O indivíduo que possui esta habilidade está sempre atento às informações que possam aumentar conhecimento relativo ao seu empreendimento, para que possa criar, implantar e desenvolver novas soluções. O processo de identificação de novas oportunidades depende fortemente da criatividade e da capacidade de pensar inovadoramente;
1. Valoração de oportunidades e pensamento criativo: é a habilidade de atribuir valor àquilo que se apresenta como uma oportunidade. A avaliação crítica é essencial para distinguir entre boas oportunidades e a ilusão das outras. Não basta perceber o que os outros não percebem. É necessário atribuir valor àquilo que se apresenta como uma boa oportunidade;
1. Comunicação persuasiva: é a habilidade de convencer os outros a respeito da pertinência de uma ideia. A comunicação pode ocorrer de diversas formas como: visual, comunicação não verbal (por meio de gestos, etc.), comunicação oral ou escrita. Os empreendedores geralmente começam com apenas uma ideia na cabeça. Para transformar esta ideia em realidade precisam, primeiramente, convencer os amigos, parentes e patrocinadores, a acreditar e investir em seu novo negócio. Mais tarde, porém, quando estiver à frente de sua empresa, o empreendedor deverá persuadir as pessoas a fazerem o que ele acredita que é importante;
1. Negociação: é a habilidade de convencer os outros, por meio da comunicação, a respeito da pertinência de uma ideia. Os empreendedores geralmente começam com apenas uma ideia na cabeça, e para transformá-la em realidade precisam primeiramente convencer os amigos, parentes e patrocinadores, a acreditarem e investirem em seu novo negócio;
1. Aquisição de informações: é a habilidade de coletar, reunir e agrupar informações. A questão da informação revela-se como um fator diferenciador no desempenho geral da empresa. A posse de informações sobre mercados, processos gerenciais e avanços tecnológicos, entre outros, apresenta-se intrinsecamente relacionada com a posição comparativamente mais sólida e saudável que o empreendimento venha a adquirir;
1. Resolução de problemas: é a habilidade para utilizar sistematicamente operações mentais, a fim de encontrar respostas para enfrentar os desafios e superar os obstáculos. Há vários processos envolvidos na criação e desenvolvimento de um novo empreendimento, criando um conjunto único de problemas, desafios e crises. Cabe ao empreendedor a tarefa de encontrar o melhor estilo, que lhe proporcione a forma ideal de revolucionar e gerar soluções inovadoras.
Na verdade há uma variada gama de habilidades que possibilitam o empreendedor obter sucesso junto a sua empresa. As citadas acima se constituem num exemplo de classificação comumente utilizado pelos autores, o que não esgota de maneira alguma o assunto.
10.1.7 Empreendedorismo e Liderança nas Empresas
A quantidade de empreendedores no Brasil é muito grande e isso é muito bom. Geralmente estas pessoas começam um negócio quando conhecem muito bem um produto, um segmento de mercado ou um determinado setor de empresas; ou ainda porque estão com alguma reserva financeira disponível, porque querem ser seus próprios patrões ou estão tendo dificuldades de voltar ao mercado de trabalho. Muitas vezes se esquecem de que terão de ser bons líderes para conseguir fazer o negócio crescer, senão correm o risco de ter uma empresa com um só funcionário: o proprietário.
Ser líder é diferente de ser administrador, gerente ou chefe. Liderar é lidar com pessoas; administrar é lidar com recursos, papéis, coisas, processos. Um chefe pode ser nomeado numa hierarquia, independentemente de possuir ou não as qualidades necessárias. Você pode ser um gerente e não conseguir ser o líder da equipe e pode ser o líder da equipe sem ser o chefe.
Um bom líder precisa possuir várias virtudes, entre elas: competência (conhecimento, habilidades e atitude/ação), ética (integridade e honestidade), entusiasmo, empatia, autoconfiança, sensibilidade, humildade, imparcialidade, saúde, autoconhecimento, motivação e inteligência acima da média. É fundamental que goste de se relacionar com pessoas, que saiba ouvir e que seja observador.
O empreendedor precisa atentar para o fato de que a presença de um líder é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. O ideal é que procure desenvolver habilidades de liderança caso não seja um líder nato. É necessário que tenha alguém para conduzir o grupo de onde está até onde precisa estar, para fazer com que a equipe faça voluntariamente o que precisa ser feito, para extrair o melhor de cada colaborador e com isso conseguir obter os resultados positivos.
Os pequenos empresários costumam cometer alguns erros na administração de seus negócios, muitos por falta de liderança. Dentre eles citam-se:
1. Não se conhecem suficientemente para saber as competências que lhes falta para buscar treinamento ou pessoas com tais capacidades;
1. Não conhecem o ponto de equilíbrio de seu negócio e gastam mais do que podem;
1. Contratam pessoas que não são adequados às funções. Não é proibido contratar amigo ou parente, mas é proibido contratar gente incompetente para a função;
1. Adiam decisões que precisam ser tomadas rapidamente;
1. Não suprem seus colaboradores e a si mesmos com os treinamentos necessários; 
1. Não têm uma política de treinamentos;
1. Assumem compromissos que não têm capacidade de cumprir; e,
1. Esquecem-se de que os clientes são o maior patrimônio das empresas. Todos os colaboradores na organização precisam “servir” o cliente e não “servir” o patrão. Sem clientes o negócio está fadado ao fracasso.
Assim sendo, ser líder é difícil, mas é bom. Para se tornar um bom líder, é preciso procurar estar preparado, ser proativo e ser reflexivo. É importante ainda se autoavaliar, procurar melhorar continuamente e ter entusiasmo e otimismo.
Outro problema que acontece é que algumas vezes o empreendedor transfere toda a responsabilidade de liderança para o gerente de sua empresa. Quanto mais delega atribuições, mais o líder penetra na essência de sua função: que não é "fazer", e sim "fazer os outros fazerem". Agora, o empresário não pode ignorar que quando ele delega continua com a responsabilidade pelo êxito ou fracasso do empreendimento. Por isso, ele precisa acompanhar aqueles que recebem a tarefa, pedir que prestem contas temporariamente e não só no final do ano, e controlar o uso de todos os recursos, inclusive os recursos humanos. Se o gerente não tiver sucesso, ele será o culpado: ou por ter contratado errado ou por não ter treinado da maneira corretaou ainda por não ter controlado suficientemente.
10.1.8 O Intraempreendedorismo
Pode-se afirmar que o intraempreendedorismo é um sistema revolucionário para acelerar as inovações dentro de grandes empresas, mediante melhor uso dos seus talentos empreendedores. Os intraempreendedores são os integradores que combinam os talentos dos técnicos e dos elementos de marketing, estabelecendo novos produtos, processos e serviços. Assim, é importante fomentar as iniciativas inovadoras e empreendedoras dentro das corporações, tanto como vantagem competitiva junto ao mercado ou como fator de retenção de talentos.
A organização que busca usufruir os benefícios que o empreendedorismo corporativo pode trazer tem que implementar programas internos de suporte ao empreendedorismo. Este programa deve enfocar o desenvolvimento de funcionários, a estrutura organizacional e seus processos, além do seu direcionamento estratégico. Percebe-se que essas ações requerem profunda mudança no estilo de vida das organizações. Elas devem indicar um novo perfil de talentos, aliado a uma cultura corporativa, a um formato organizacional e a um estilo diferenciado de gestão.
Com o objetivo de atrair e manter as pessoas criativas e implementar novas ideias, as organizações devem reconhecer os complicados processos pelos quais a inovação ocorre, bem como certas características sobre os intraempreendedores. Para tal fim, foi criado o Instituto Brasileiro de Intraempreendedorismo (IBIE), entidade brasileira dedicada ao estudo, à aplicação e disseminação dos conceitos de inovação e intraempreendedorismo no País.
Ou seja, o intraempreendedor é aquele profissional que a partir de uma ideia, e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalha, dedica-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não é necessário deixar a empresa onde trabalha, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma ideia transformada em realidade. E como saber se uma pessoa é ou não um intraempreendedor?
Algumas características estão presentes nos intraempreendedores, que podem diferenciá-los dos demais funcionários, tais como:
1. Tem visão sistêmica: não tem olhos apenas para o seu departamento, mas consegue visualizar a companhia como um todo. Atribui significado pessoal a tudo o que faz – tanto pelo trabalho como pela empresa onde atua. Isso inclui acreditar no negócio e ter a sensação de que a experiência está valendo a pena;
1. Tem capacidade de implementar as ideias: implanta projetos com começo, meio e fim. Não basta ser um poço de ideias, é preciso implementá-las;
1. É persistente: faz de tudo para que os projetos e negócios deem certo. Tem capacidade de encontrar saídas para os obstáculos que apareçam;
1. É proativo e se antecipa ao futuro: faz as coisas antes mesmo de ser solicitado ou forçado pelas circunstâncias. Consegue antecipar a necessidade e vai além do preestabelecido.
O ambiente intraempreendedor possui as seguintes características:
1. A organização opera nas fronteiras da tecnologia;
1. Novas ideias são encorajadas;
1. A tentativa e o erro são estimulados;
1. Os fracassos são permitidos;
1. Não há parâmetros para a oportunidade;
1. Os recursos estão disponíveis e acessíveis;
1. Abordagem de equipe multidisciplinar;
1. Longo horizonte de tempo;
1. Programa voluntário;
1. Sistema de compensações apropriado;
1. Patrocinadores e defensores disponíveis; e,
1. Apoio da alta administração.
Portanto, para que se desenvolva e estabeleça o intraempreendedorismo, é necessário que haja o comprometimento da alta administração, ou seja, que os gerentes apoiem fortemente o intraempreendedorismo na organização.
Dentre as características de liderança individuais que constituem um intraempreendedor de sucesso encontram-se:
1. Entender o ambiente;
1. Ser visionário e flexível;
1. Criar opções administrativas;
1. Estimular o trabalho em equipe;
1. Incentivar a discussão aberta;
1. Construir uma coalizão de defensores; e,
1. Persistir.
Portanto, o intraempreendedor tem um complicadíssimo desafio à frente de uma nova célula de negócios: deve impedir que esta seja contaminada pelos velhos e nocivos hábitos de gestão vigentes na empresa-mãe e, ao mesmo tempo, manter a coesão interna, bem como as diretrizes e os compromissos gerais da organização. Em suma, ao empreendedor convencional basicamente interessa agradar clientes e consumidores. O intraempreendedor precisa também ganhar credibilidade entre diretores e acionistas e garantir a manutenção do ânimo dos integrantes da equipe.
10.1.9 O Plano de Negócios
Uma das primeiras coisas que se deve fazer, uma vez decidida a criação de uma empresa, é a definição por escrito das principais variáveis do negócio. É isso que chamamos de Plano de Negócio. A elaboração de um Plano de negócio é fundamental para o empreendedor, não somente para a busca de recursos, mas, principalmente, como forma de sistematizar suas ideias e planejar de forma mais eficiente, antes de entrar de cabeça em um mercado sempre competitivo.
Ou seja, para montar uma empresa, antes de começar a colocar em prática os passos necessários para a sua legalização, é preciso que o futuro empresário tenha uma série de conhecimentos fundamentais, como: conhecer o ramo de atividade onde vai atuar, o mercado, fazer um planejamento do que vai ser colocado em prática na nova empresa, estabelecer os objetivos que se pretende atingir, entre outros.
O Plano de Negócios será o documento que o orientará na estruturação do seu negócio, constituindo também um instrumento fundamental para a negociação com parceiros e investidores. O Plano de Negócios do empreendimento equivale, portanto, a um projeto da empresa, no qual cada uma das questões sobre o negócio deve ser esmiuçada, compreendida e dominada, para que o empreendedor seja hábil o suficiente para tomar decisões corretas como empresário.
Além da importância para a apresentação do projeto a terceiros, o Plano de Negócios será para o empreendedor um instrumento de trabalho fundamental, ao agregar e sistematizar toda a informação prática para a concretização e condução do projeto. Muitos empreendedores fracassam por não terem feito com a devida atenção esta lição de casa. Para isso, é preciso fazer um levantamento de dados e informações em uma série de órgãos e entidades (IBGE, sindicatos, associações, Sebrae, cooperativas, empresas já estabelecidas, etc.), para saber como se encontra este mercado, quanto o futuro empresário terá que vender por mês para não vir a fracassar; quanto poderá retirar por mês de pró-labore, sem prejudicar o bom funcionamento da empresa; quais os impostos a pagar e suas alíquotas e quanto guardar de recursos financeiros para fazer frente aos compromissos nos primeiros meses. Enfim, é preciso fazer o planejamento financeiro e da estrutura da nova empresa.
Existem muitas atividades a ser exploradas, mas é preciso ficar atento a uma série de fatores que influenciam e limitam a escolha do seu ramo de negócio. Para se abrir uma empresa, deve-se levar em conta que o sucesso de qualquer negócio depende, sobretudo, de um bom planejamento. Embora qualquer negócio ofereça riscos, é preciso prevenir-se contra eles. Numa visão mais ampliada, o plano de negócio tem as seguintes funções:
1. Avaliar o novo empreendimento do ponto de vista mercadológico, técnico, financeiro, jurídico e organizacional;
1. Avaliar a evolução do empreendimento ao longo de sua implantação: para cada um dos aspectos definidos no plano de negócio, o empreendedor poderá comparar o previsto com o realizado;
1. Facilitar, ao empreendedor, a obtenção de capital de terceiros quando o seu capital próprio não é suficiente para cobrir os investimentos iniciais.
10.1.9.1 Análise dos riscos
O conhecimento de alguns aspectos da vida das empresas deve permitir a avaliação do grau de atratividade do empreendimento, subsidiando a decisão do futuro empresário na escolha do negócio que pretende desenvolver. Basicamente, os riscos do negócio referem-se a:
1.Sazonalidade - se caracteriza pelo aumento ou redução significativos da demanda pelo produto em determinada época do ano. Os negócios com maior sazonalidade são perigosos e oferecem riscos que obrigam os empreendedores a manobras precisas. Quando em alto grau, é considerada fator negativo na avaliação do negócio;
1. Efeitos da economia - a análise da situação econômica é questão importante para a avaliação da oportunidade de negócio, já que alguns deles são gravemente afetados, por exemplo, por economias em recessão;
1. Controles governamentais - setores submetidos a rigorosos controles do governo, nos quais as regras podem mudar com frequência, oferecem grande grau de risco e são pouco atraentes para pequenos investidores;
1. Existência de monopólios - alguns empreendimentos podem enfrentar problemas por atuar em áreas em que haja monopólios formados por "megaorganizações", que dominam o mercado, definindo as regras do jogo comercial. No Brasil, a comercialização de pneus, produtos químicos em geral e tintas são exemplos típicos de segmentos fortemente monopolizados;
1. Setores em estagnação ou retração - nestes setores, há uma procura menor que a oferta de bens/serviços, o que torna a disputa mais acirrada. Nas épocas de expansão e prosperidade de negócios, ao contrário, novos consumidores entram no mercado, promovendo a abertura de novas empresas;
1. Barreiras à entrada de empresas - referem-se a obstáculos relacionados com: exigência de muito capital para o investimento, alto e complexo conhecimento técnico, dificuldades para obtenção de matéria-prima, exigência de licenças especiais, existência de contratos, patentes e marcas que dificultam a legalização da empresa, dentre outros.
10.1.9.2 O que é preciso saber para montar um plano de negócios?
Este é um questionamento comum, especialmente para os empreendedores em início de suas atividades. Neste sentido, apontam-se alguns caminhos, saber:
1. Conhecer o ramo de atividade – é preciso conhecer alguns dados elementares sobre o ramo em que pretende atuar, possibilidades de atuação dentro do segmento (ex., confecção é o ramo: pode-se atuar com jeans, malha, linho... para público infantil, adulto, feminino...);
1. Conhecer o mercado consumidor – o estudo do mercado consumidor é um dado importante para o empreendimento, pois abrange as informações necessárias à identificação dos prováveis compradores. O que produzir, de que forma vender, qual o local adequado para a venda, qual a demanda potencial para o produto. Essas são algumas indagações que podem ter respostas mais adequadas quando se conhece o mercado consumidor;
1. Conhecer o mercado fornecedor – para iniciar e manter qualquer atividade empresarial, a empresa depende de seus fornecedores – o mercado fornecedor. O conhecimento desse mercado vai se refletir nos resultados pretendidos pela empresa. Mercado fornecedor é aquele que fornece à empresa os equipamentos, máquinas, matéria-prima, mercadorias e outros materiais necessários ao seu funcionamento.
1. Conhecer o mercado concorrente – o mercado concorrente é composto pelas pessoas ou empresas que oferecem mercadorias ou serviços iguais ou semelhantes aos que você pretende oferecer. Este mercado deve ser analisado criteriosamente, de maneira que sejam identificados: quem são meus concorrentes, que mercadorias ou serviços oferecem, quais são as vendas efetuadas pelo concorrente, quais os pontos fortes e fracos da minha concorrência, e se seus clientes lhes são fiéis;
1. Definir produtos a serem fabricados, mercadorias a serem vendidas ou serviços a serem prestados - é preciso conhecer detalhes do seu produto/serviço. Ofereça produtos e serviços que atendam as necessidades de seu mercado. Defina qual a utilização do seu produto/serviço, qual a embalagem a ser usada, tamanhos oferecidos, cores, sabores, etc.;
1. Analisar bem a localização de sua empresa – onde montar o meu negócio? A resposta certa a esta pergunta pode significar a diferença entre o sucesso ou o fracasso de um empreendimento. Tudo é importante para esta escolha e deve ser observado e registrado;
1. Conhecer marketing – marketing, como muitos pensam, não é só propaganda. Marketing é um conjunto de atividades desenvolvidas pela empresa, para que esta atenda desejos e necessidades de seus clientes. As atividades de marketing podem ser classificadas em áreas básicas, que são traduzidas nos 4 Ps do marketing. São eles: Produto, Pontos de Venda, Promoção (Comunicação) e Preço;
1. Processo operacional - este item trata do como fazer. Devem ser abordadas tais questões: que trabalho será feito e quais as fases de fabricação/venda/prestação de serviços; quem fará; com que material; com que equipamento; e quando fará. É preciso verificar quem tem conhecimento e experiência no ramo: você? Um futuro sócio? Ou um profissional contratado?;
1. Projeção do volume de produção, de vendas ou de serviços - é prudente que o empreendedor ou empresário considere: a necessidade e a procura do mercado consumidor; os tipos de mercadorias ou serviços a serem colocados no mercado; a disponibilidade de pessoal; a capacidade dos recursos materiais - máquinas, instalações; a disponibilidade de recursos financeiros; a disponibilidade de matéria-prima, mercadorias, embalagens e outros materiais necessários;
1. Projeção da necessidade de pessoal – identifique o número de pessoas necessárias para o tipo de trabalho e que qualificação deverão ter, inclusive as do serviço de escritório;
1. Análise financeira – é necessário fazer uma estimativa do resultado da empresa, a partir de dados projetados, bem como, uma projeção do capital necessário para começar o negócio, pois terá que fazer investimento em local, equipamentos, materiais e despesas diversas, para instalação e funcionamento inicial da empresa.
Diante do exposto, o plano de negócio é um instrumento que visa estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta de viabilidade do negócio pretendido, proporcionando uma avaliação antes de colocar em prática a nova ideia, reduzindo, assim, as possibilidades de se desperdiçarem recursos e esforços em um negócio inviável. Além de servir como instrumento de avaliação para solicitação de financiamentos, também serve como meio de planejamento da expansão de uma empresa já existente.
A elaboração de um plano de negócios é uma etapa fundamental para o empreendedor que deseja criar uma empresa, não somente pela sua utilidade na busca de recursos, mas, principalmente, como forma de sistematizar suas ideias e planejar de forma mais eficiente o seu negócio. Um plano de negócios bem feito aumentará muito suas chances de sucesso.
O plano de negócios deve ajudar o empreendedor a responder questões importantes relativas ao seu negócio antes do seu lançamento. Não é incomum mudanças profundas no projeto quando se começa a pesquisar e checar as suposições iniciais para a montagem do plano de negócios. É justamente aí, que reside o valor de um bom plano: é muito mais fácil modificar negócios que estão apenas no papel do que aqueles em pleno funcionamento, o que pode obrigar a comprometer uma parcela expressiva de recursos. Assim, antes de iniciar até mesmo a construção do plano de negócios, se faz necessário ter em mente respostas para as seguintes perguntas, no que se refere:
1. À descrição do negócio:
Que tipo de negócio você está planejando?
Que produtos ou serviços você vai oferecer?
Por que o seu produto ou serviço vai ter êxito?
Quais são as suas oportunidades de crescimento?
1. Ao plano de marketing:
Quem são os seus clientes potenciais?
Como você atrairá os seus clientes e se manterá no mercado?
Quem são os seus concorrentes? Como eles estão prosperando?
Como vai promover as suas vendas?
Quem serão os seus fornecedores?
Qual será o sistema de distribuição utilizado para o seu produto/serviço?
Qual imagem sua empresa vai transmitir aos clientes?
Como você vai desenvolver o design de seu produto?
1. Ao plano organizacional:
Quem administrará o seu negócio?
Que qualificações deverá terseu gerente?
Quantos empregados precisará e quais as suas funções?
Como você administrará as suas finanças?
Quais são os consultores ou especialistas necessários?
Que legislações ou movimentos de ONGs poderão afetar seu negócio?
1. Ao plano financeiro:
Qual a renda total estimada para seu negócio no primeiro ano?
Quanto lhe custará para abrir o negócio e mantê-lo durante 18 meses de operação?
Qual será o fluxo de caixa mensal durante o primeiro ano?
Que volume de vendas você vai precisar para obter lucros durante os primeiros três anos?
Qual será o valor do capital em equipamentos?
Quais serão as suas necessidades financeiras totais?
Como você pretende assegurar o pagamento dos seus custos fixos?
Quais serão as suas fontes financeiras potenciais?
Como utilizará o dinheiro do empréstimo ou dos investidores?
Como o empréstimo será assegurado?
Assim, o plano de negócios deve ser entendido, então, como um conjunto de respostas que define os produtos ou serviços que serão oferecidos, o formato mais adequado, o modelo de operação que viabilize a disponibilização destes produtos/serviços e o conhecimento, as habilidades e atitudes que os responsáveis deverão possuir e desenvolver (Sebrae/RJ).
Um plano de negócio bem estruturado é fundamental para o sucesso do novo empreendimento. Muitos empreendedores fracassam por não fazerem a lição de casa, com a devida atenção. O plano do novo empreendimento não precisa ser sofisticado, mas tem que contemplar os aspectos indispensáveis, permitir as análises certas, induzir as decisões críticas para o sucesso do empreendimento. Assim, além da capa e do sumário, as principais etapas que devem constar no mesmo são:
1. Etapa 01 – Introdução;
1. Etapa 02 – Informações preliminares sobre o empreendimento, como CNPJ, Razão Social, etc.;
1. Etapa 03 – Caracterização do empreendimento;
1. Etapa 04 – Descrição geral do negócio;
1. Etapa 05 – Visão e Missão da empresa;
1. Etapa 06 – Principais produtos ou serviços a serem oferecidos pela empresa;
1. Etapa 07 – Mercado Consumidor;
1. Etapa 08 – Mercado Concorrente;
1. Etapa 09 – Mercado Fornecedor;
1. Etapa 10 – Quadro de Pessoal;
1. Etapa 11 – Fluxograma do Processo Produtivo;
1. Etapa 12 – Depreciação;
1. Etapa 13 – Custos Fixos;
1. Etapa 14 – Custos Variáveis;
1. Etapa 15 – Investimentos Físicos;
1. Etapa 16 – Cálculo dos Investimentos Financeiros (Capital de Giro);
1. Etapa 17 – Investimento Inicial;
1. Etapa 18 – Previsão de Vendas Semanal;
1. Etapa 19 – Previsão de Vendas Mensal;
1. Etapa 20 – Demonstração de Resultados (Mensais);
1. Etapa 21 – Lucro Líquido;
1. Etapa 22 – Retorno do Investimento = RI;
1. Etapa 23 – Prazo de Retorno do Investimento = PRI; e,
1. Etapa 24 – Plano de Marketing e Comercialização.
10.1.10 Passos Burocráticos para Criação de Empresas
A abertura de uma empresa não requer apenas técnica e capital. Há todo um trâmite legal a ser seguido. Ele se refere à parte burocrática necessária para a abertura formal do empreendimento.
As orientações abaixo descritas foram atualizadas observando as regras impostas pelo novo Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor no dia em 11 de janeiro de 2003. Elas também seguem as normalizações estabelecidas pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC).
Deve-se ressaltar ainda que as empresas constituídas com base na legislação anterior terão prazo até 10 de janeiro de 2004 para se adequarem ao Novo Código Civil. No entanto, as empresas constituídas a partir de janeiro de 2003 já deverão respeitar o disposto no referido código, bem como as empresas em processo de alteração ou encerramento de atividades.
Além dos procedimentos básicos para constituição da empresa, dependendo do seu ramo de atividades, pode surgir a necessidade de serem cumpridos alguns procedimentos específicos, como a obrigação de providenciar outros "alvarás", "licenças", "registros", "inspeções", "livros" ou "documentos" em diversos órgãos como secretarias, departamentos, delegacias, institutos, etc. Há também a necessidade de se ter um profissional habilitado responsável, com o devido registro no Conselho Regional de sua categoria.
Os roteiros aos quais se tem acesso são genéricos. Portanto, deve-se procurar saber se no município existem normas diferentes a serem cumpridas. Nos itens a seguir, observar-se-á um passo-a-passo comum para registro de empresas dos setores de indústria e comércio. 
10.1.10.1 Registro setores de indústria e comércio
1º Passo - consulta prévia de local para fins de alvará de funcionamento:
É uma consulta inicial às entidades envolvidas no processo de registro de empresa, para verificar se existem pendências ou restrições que impeçam a constituição da empresa no endereço pretendido. Verifica-se se a atividade pretendida é compatível com a lei de zoneamento. O interessado deve fornecer endereço e a atividade empresarial para análise da administração regional ou prefeitura municipal. Para isso, é preciso observar:
1. Inscrição cadastral anterior do imóvel, constante no carnê do IPTU ou em outro documento municipal;
1. Endereço oficial completo, constante no carnê do IPTU ou em outro documento municipal;
1. Metragem aproximada da área a ser utilizada;
1. Nome da firma ou de um dos sócios ou do requerente, quando autônomo;
1. Descrição detalhada do ramo de atividade; e
1. Habite-se do imóvel.
Obs.: no Distrito Federal não se faz necessário apresentar documento do imóvel, bastando apresentar o endereço do local pretendido.
2º Passo - busca de nome empresarial idêntico ou semelhante:
Por lei, não pode haver duas empresas com nomes idênticos no mesmo ramo de atividade dentro do Estado. Para a consulta prévia do nome, escolhem-se até 03 (três) nomes alternativos e verifica-se no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas) se o nome que se deseja poderá ser atualizado.
É importante destacar que o registro de nome não garante o direito de uso da marca. A marca para ter amparo legal deverá ser registrada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
3º Passo - Registro da empresa e proteção ao nome empresarial:
Com o nome da empresa e o endereço aprovados, procede-se à proteção ao nome empresarial, que decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma empresário (antiga firma individual) e de sociedades, ou de suas alterações, tendo validade em todo o território do Estado, sem pagamento de taxa específica.
Para o requerimento de empresário – antiga declaração de firma mercantil individual – exigem-se os seguintes documentos:
1. Requerimento da junta comercial – capa de processo;
1. 04 vias do requerimento de empresário;
1. CPF e Carteira de Identidade do titular, autenticada pelo cartório; e,
1. DARF, em 02 vias.
Obs.: se for enquadrar como ME ou EPP, é necessário apresentar 03 vias da declaração de ME ou EPP, assinadas pelo titular, em capa processo separado.
4º Passo - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ (antigo CGC) e Secretaria da Receita Federal (SRF):
A inscrição, alteração de dados cadastrais e o cancelamento no CNPJ serão formalizados por meio do Documento Básico de Entrada do CNPJ, da Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica (FCPJ), do Quadro de Sócios ou Administradores (QSA), e da Ficha Complementar (FC), os quais poderão ser preenchidos por meio de software fornecido pelo site Secretaria da Receita Federal.
A Ficha Complementar não deverá ser preenchida, a não ser que o Estado ou Município jurisdicionante do seu domicílio fiscal seja conveniado ao CNPJ. Não será emitido cartão CNPJ, inclusive em substituição ao antigo cartão CGC, caso haja:
1. Ausência do código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas-Fiscal (CNAE-Fiscal);
1. Sócios ou responsável da pessoa jurídica com inscrição cancelada ou inexistente no CPF;
1. Sócio ou responsável de pessoa jurídica vinculados à empresa inapta ou suspensa no CNPJ; e,
1. Omissão de declaração(ões), tais como Declaração de Informações da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Nota: a CNAE-Fiscal de 07 dígitos codifica todas asatividades classificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e substitui o CNAE de 05 dígitos. É de preenchimento obrigatório na FCPJ, para os eventos de inscrição. Também é obrigatória a atualização da informação da classificação, caso ainda não conste dos dados cadastrais da pessoa jurídica no CNPJ.
Para proceder ao cadastramento do CNPJ, observa-se a necessidade da seguinte documentação:
1. O interessado deverá preencher o FCPJ e QSA (caso tenha sócios) disponíveis por meio do programa CNPJ e enviar à Receita Federal pela internet. Neste momento, será gravado um recibo no disquete que contém um número de identificação no qual o interessado deverá consultar periodicamente no site da Receita Federal e aguardar que a mesma libere (via Internet) o Documento Básico de Entrada no CNPJ;
1. Documentos a serem entregues na Receita Federal para solicitação do CNPJ podem ser enviados por Sedex ou também pode ser entregue no prédio da Receita Federal em um envelope lacrado;
1. Documento Básico de Entrada no CNPJ, enviado em 1 via, com firma reconhecida do responsável perante a Receita Federal;
1. Cópia autenticada do ato constitutivo (Contrato Social ou Requerimento de Empresário) registrado na Junta Comercial;
1. Cópia autenticada do Pedido de Enquadramento de ME ou EPP (só para Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte); e,
1. Após o envio por Sedex ou entrega pessoal no prédio da Receita Federal, o interessado fazer consultas periódicas no site da Receita Federal para verificar o deferimento do pedido e a emissão do Comprovante de Inscrição no CNPJ.
5º Passo - Alvará de licença/Corpo de Bombeiros:
Normalmente, as prefeituras exigem, para funcionamento da empresa, a competente inspeção e vistoria técnica, bem como o respectivo Alvará de Licença do Corpo de Bombeiros. O empresário deve entrar em contato com o Corpo de Bombeiro do seu município, informar a metragem de área construída e efetuar o pagamento da taxa no banco indicado. Depois, ele deve entregar o formulário no Corpo de Bombeiros devidamente preenchido e anexado ao comprovante de pagamento da taxa pertinente.
Obs.: é bom lembrar que esse procedimento pode variar de acordo com as exigências de cada município.
6º Passo - Alvará de licença e funcionamento:
Geralmente, é retirado na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. No entanto, pode haver variações de acordo com a legislação de cada município.
Para requerer Licença para Localização e Funcionamento, o requerente deverá dirigir-se à secretaria competente e apresentar os seguintes documentos:
1. Requerimento: "Licença para Localização e Funcionamento e Cadastro, alteração e Baixa de Pessoa Física e Jurídica";
1. Consulta prévia (PDU);
1. Cópia do Contrato Social ou Declaração de Firma Mercantil Individual ou Estatuto e Ata de Assembleia, registrados em cartório do município ou na Junta Comercial do Estado;
1. Cópia do cartão do CNPJ (Cadastro Nacional Pessoa Jurídica);
1. Cópia do CPF e Carteira de Identidade do Titular ou de cada sócio;
1. Certidão do Corpo de Bombeiros;
1. Nada Consta de Débitos da Pessoa Jurídica;
1. Nada Consta de Débitos do titular ou dos Sócios;
1. Cópia da folha de rosto do carnê do IPTU do imóvel aonde a Pessoa Jurídica irá se localizar e funcionar;
1. Requerimento de Alvará Sanitário de atividades de interesse à saúde; e,
1. Habite-se do imóvel ou Aceitação de Obra ou Certidão Detalhada para as obras concluídas de acordo com o projeto aprovado.
Na secretaria municipal responsável, estes documentos serão protocolados. Deferido o Alvará de Licença, o requerente será comunicado e, para recebê-lo, pagará uma taxa que varia de acordo com o ramo de atividade e a metragem do estabelecimento.
7º Passo - Certidão negativa de débito para com a Fazenda Pública Estadual - Agência da Receita Estadual (ARE) da Circunscrição do titular ou dos sócios:
É exigida Certidão Negativa de Débito para com a Fazenda Estadual, dentre outros casos, para a inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes da Secretaria de Estado da Fazenda. O requerimento e a Certidão Negativa deverão qualificar o interessado e serão feitos de conformidade com os modelos padronizados pela legislação, cujos formulários poderão ser adquiridos em papelaria e requeridos na ARE da circunscrição onde estão estabelecidos o titular ou os sócios da empresa.
Na hipótese de existência de crédito tributário, que tenha sua exigibilidade suspensa, que seja objeto de pagamento parcelado ou que esteja em curso de cobrança executiva, para a qual tenha sido efetivada a penhora, será expedida Certidão Positiva de Débito para com a Fazenda Pública Estadual, também de conformidade com modelo padrão determinado pela legislação, a qual terá os mesmos efeitos previstos para a Certidão Negativa de Débito.
Geralmente, o prazo para fornecimento da Certidão Negativa (ou Positiva) é de 10 (dez) dias, contados da data do requerimento na repartição fazendária. Seu prazo de validade, ainda que com ressalvas, é de 90 (noventa) dias, a contar da expedição. Mas esses prazos podem variar de Estado para Estado.
8º Passo - Inscrição Estadual/Agência da Receita Estadual (circunscrição do contribuinte):
Como próximo passo para o registro da empresa industrial ou comercial, há a obrigatoriedade de se obter a inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes da Secretaria de Estado da Fazenda. A obrigatoriedade de inscrição estadual não se aplica apenas às empresas industriais e comerciais, mas também aos produtores rurais e às empresas agropecuárias e prestadoras de serviços de transporte, interestadual e intermunicipal, e de comunicação.
9º Passo - Inscrição na Previdência Social/Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS):
Toda empresa deve se inscrever no INSS. A matrícula da empresa será feita:
1. Simultaneamente com a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); ou
1. Perante o INSS, no prazo de 30 dias contados do início de suas atividades, quando não sujeita à inscrição no CNPJ.
Independentemente do exposto acima, o INSS procederá à matrícula:
1. De ofício, quando ocorrer omissão; e,
1. De obra de construção civil, mediante comunicação obrigatória do responsável por sua execução, no prazo de 30 dias.
A unidade matriculada perante o INSS, seja por não estar obrigada à inscrição no CNPJ, seja em qualquer caso de ofício ou de obra de construção civil, receberá "Certificado de Matrícula" com número cadastral básico, de caráter permanente.
O não cumprimento da obrigatoriedade de matrícula da empresa perante o INSS, quando não obrigada à inscrição no CNPJ, bem como, em qualquer caso, de obra de construção civil, no prazo de 30 dias, sujeita o responsável à multa, que varia de R$ 636,17 a R$ 63.617,35, conforme julgada a gravidade da infração.
O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), por meio das Juntas Comerciais, bem como os Cartórios de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, prestarão ao INSS, obrigatoriamente, todas as informações referentes aos atos constitutivos e alterações posteriores, relativos a empresas e entidades neles registradas.
Para fins de fiscalização, o Município, por intermédio do órgão competente, fornecerá ao INSS relação de alvarás para construção civil e documentos de "habite-se" concedidos.
10º Passo - Solicitação de Autorização para Impressão de Documentos Fiscais na Agência de Receita Estadual (circunscrição do contribuinte):
Depois que a empresa estiver formalizada, deve retornar à Agência da Receita Estadual, à qual esteja subordinada, para obter a Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF) (para confecção de blocos de Notas Fiscais).
11º Passo - Inscrição no Sindicato Patronal:
A Empresa deverá se inscrever no sindicato patronal da categoria em que se enquadra o seu ramo de atividade e passar a pagar a Contribuição Sindical Patronal. Para se informar para qual sindicato a empresa irá recolher a Contribuição Sindical, deve-se procurar:
1. Federação das Indústrias do seu Estado, se a empresa for uma indústria;
1. Federação do Comérciodo seu Estado, se a empresa for um comércio.
Em relação às empresas inscritas no Simples, deve-se atentar para:
1. A Instrução Normativa 250 SRF, de 26/11/2002, no § 70 do artigo 5º, dispõe que as empresas inscritas no Simples estão dispensadas das contribuições instituídas pela União, inclusive as destinadas ao SESC, SESI, SENAC, SEBRAE, e seus congêneres, bem assim as relativas ao Salário- Educação e à Contribuição Sindical Patronal;
1. Relativamente à Contribuição Sindical Patronal, esse dispositivo é questionável. Isso porque a Contribuição Sindical Patronal não é de competência da União, tampouco direcionada para órgãos sob a sua subordinação;
1. Além disso, após o advento da Constituição Federal de 1988, ficou proibido à União intervir em questões sindicais. Diante desse fato, é conveniente que as empresas inscritas no Simples consultem a respectiva Entidade Sindical Patronal, a fim de evitarem problemas futuros.
12º Passo - Inspeções, registros e licenças junto a outros órgãos públicos:
Em outros órgãos é exigido registro, conforme a atividade, dependendo das características da empresa, como Departamento de Vigilância Sanitária, Secretaria da Saúde, Secretaria de Meio Ambiente, entre outros.
10.1.11 Tributação das Micros e Pequenas Empresas
Não é novidade para ninguém que a carga tributária do Brasil é alta. Qualquer brasileiro que vê os descontos em sua folha de pagamento sente no dia a dia a 'fome' do Leão, como é chamada a Receita Federal, responsável pela arrecadação. Para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs), a realidade não é diferente. Desde 2002, a carga de impostos no Brasil subiu 45,58% - 11,72 pontos percentuais acima da inflação registrada no mesmo período.
Com a taxação elevada a tal ponto, as atividades das MPEs (seja no comércio, indústria ou prestação de serviços), são prejudicadas. Sem opção, estas são obrigadas a elevar os preços ou arcar com os prejuízos provocados pelo aumento dos tributos. Alternativas nada viáveis para quem precisa enfrentar mercados concorridos e uma economia estagnada.
Com certeza se conhece a expressão "Brasil, o país dos impostos". Não é exagero. Em 2005, a carga tributária brasileira alcançou a impressionante marca de 37,82%* do Produto Interno Bruto (PIB). Em uma relação com 25 países, que representam as maiores economias do mundo, apenas quatro possuem uma carga de impostos maior do que a nossa - França, Itália, Noruega e Suécia.
Como se verá adiante, impostos não faltam, taxas e tarifas para confundir a cabeça do empreendedor. São tributos federais, estaduais, municipais e que são pagos a diferentes órgãos, tais como: Receita Federal, Secretária Estadual da Fazenda, etc., etc. Assim, como organizar o pagamento de impostos? A seguir, ilustram-se alguns caminhos para lidar com a organização destes pagamentos e, principalmente, apontar quais os principais impostos que influem no dia a dia da gestão de uma MPE.
10.1.11.1 Simples Nacional
O Simples Nacional é o Regime Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas MPE, Recolhimento unificado de tributos: “efeito de imposto único” para o contribuinte IRPJ, IPI, CSLL, Confins, PIS, INSS empregador, ICMS e ISS.
Os principais tributos e seus respectivos percentuais de cobrança são apresentados no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1- Principais tributos vigentes no Brasil
	Sigla
	Denominação
	Incidência
	Percentual
	IRPJ
	Imposto de Renda Pessoa Jurídica
	Receita bruta
	Atualiza ano a ano
	IPI
	Imposto sobre Produto Industrializado
	Valor da operação
	Atualiza ano a ano
	CSLL
	Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
	Lucro depois do IR
	Atualiza ano a ano
	Cofins
	Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
	Incidente sobre o faturamento bruto
	Atualiza ano a ano
	PIS
	Programa de Integração Social
	Incidente sobre o faturamento bruto
	Atualiza ano a ano
	INSS Empregador
	Contribuição Social sobre a Folha de Pagamento e demais rendimentos
	Folha de pessoal bruta
	Atualiza ano a ano
	ICMS
	Imposto relativo à Circulação de Mercadorias e Serviços
	
	Atualiza ano a ano
	ISS
	Imposto sobre Serviços
	Valor do Serviço
	Atualiza ano a ano
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)
10.1.12 Registro de Marcas e Patentes
Marcas e Patentes é uma expressão que corresponde a um ramo do Direito que se denomina Propriedade Industrial e Intelectual, que garante às pessoas o direito de obter proteção às criações industriais, como marcas e inventos, e também às criações do intelecto, como livros, letras e músicas. Assim, dentro da Propriedade Industrial e Intelectual existem diversos ramos. A propriedade intelectual abrange tanto a propriedade industrial como o direito de autor.
10.1.12.1 Marcas
Como marca, são registráveis sinais perceptíveis e distintos, não restritos legalmente (ver Art. 122 da LPI). Além disso, elas devem servir para distinguir um produto ou serviço dos demais existentes. Além disso, existem outros sinais não registráveis, tais como símbolos nacionais oficiais, nacionais ou estrangeiros, letras e/ou números isoladamente (salvo marca mista), etc. Quem faz o registro garante o direito de uso da marca e o dever de mantê-la em uso e prorrogá-la (a cada 10 anos). O direito sobre a marca termina quando acabar sua validade, se o titular abandoná-la ou pela falta de uso (ver Art. 217 da LPI). O registro pode ser feito tanto por pessoas físicas quanto por jurídicas
10.1.12.2 Patentes
Patenteável é qualquer objeto que não se enquadre em proibição legal e que seja, em linhas gerais: uma novidade, útil, descrito apropriadamente. Uma Patente de Invenção (PI) tem validade de 20 anos, enquanto a Modelo de Utilidade (MU) tem validade de 15 anos. No Brasil, o registro é feito junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Registrar marca ou patente não é nenhum bicho de sete cabeças. O titular pode executar o passo a passo, desde que saiba como fazer o registro. Para concluir o registro de marca ou patente, é preciso acompanhar o processo de perto, e suprir os documentos necessários para obter sua marca registrada.
O pedido para registrar marca ou patente deve ser encaminhado, acompanhado de toda a documentação necessária, ao INPI para devido registro. Será necessário pagar algumas taxas para o processamento de seu pedido, mas — felizmente — elas não são tão altas. É possível ao inventor/autor/criador, que saiba como registrar, iniciar o processo e registrar suas patentes e marcas pessoalmente. Para isso, é necessário munir-se da documentação necessária, pagar as devidas taxas e formalizar o pedido no INPI.
Simplesmente dar entrada no pedido de registro de marca ou patente não é garantia alguma de que o mesmo será aceito. É necessário acompanhar o processo junto ao INPI, observar novos pedidos, encaminhar oposições a pedidos similares aos seus. Após o prazo de validade o titular não tem mais nenhum direito de impedir a utilização de sua invenção. O título de patente do INPI tem força legal somente no Brasil. Infelizmente, só há uma forma de proteger sua criação em outros países: efetuar o registro em cada país, o que pode ser um processo demorado.
10.1.13 Aspectos do Mercado do Consumo
O consumo e a produção são fatos comuns na sociedade humana, e existem em função das necessidades de subsistência. Como fatos sociais, alteram-se constantemente, consoante a novas concepções culturais, econômicas e estéticas. Assim, para se delimitar, de forma sintética, à sociedade de consumo é necessária a busca de subsídios que a caracterizem.
No período precedente à Revolução Industrial, os artesãos produziam bens em toda a sua extensão, ou seja, decidiam a matéria-prima a ser utilizada, como seriam confeccionados e comercializados os produtos. O interesse pela elaboração do bem era necessariamente em função de sua utilidade. A utilidade estava indissociavelmente ligada à satisfação do comprador, com vistas a melhorar sua qualidade de vida. Não era necessário estimular a venda, como ocorre atualmente. Pode-se entender que a relação que havia era uma relação intrínseca

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