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O Brasil Colônia ficou marcado por uma relação econômica, entre nativos e colonos, denominada escambo: uma troca de produtos e serviços que não envolvia um sistema monetário, o que, em termos contemporâneos, pode ser tipificado como economia colaborativa. Hodiernamente, por mais que a priorização do lucro tenha se tornado hegemônica, a economia baseada no compartilhamento ainda se mostra como um caminho viável para um modelo econômico justo. Portanto, é válido analisar seus impactos, sob as óticas da sustentabilidade e da desigualdade econômica. Em primeiro plano, é indubitável que a lógica do sistema capitalista muito colabora para a degradação ambiental, e a efetivação da economia colaborativa surge como uma alternativa. De acordo com a obra “O Capital” do sociólogo Karl Marx, o intercâmbio material entre o homem e a natureza é uma condição natural. Contudo, a consolidação do capitalismo transformou essa relação em um saque de recursos naturais pelo ser humano, que os converte em lucro e acumulação de bens. Sob esse viés, o consumo colaborativo se apresenta como um contraponto a essa situação, uma vez que o empréstimo, a troca e o aluguel – pilares desse modelo econômico – impedem que a natureza seja destruída para a produção de novas mercadorias. Isso pode ser exemplificado por aplicativos como “OLX”, que têm destaque mundialmente por oferecerem suporte à venda de produtos usados. Além da questão ambiental, é fato que a sociedade contemporânea vive em um modelo neoliberal que acentuou o individualismo, impedindo que os cidadãos se mobilizem em conjunto para mitigar a disparidade econômica. Consoante ao sociólogo Byung-Chul Han, vive-se um modelo social baseado na exigência do desempenho individual, o que consolida uma “sociedade do desempenho”. Nessa perspectiva, o âmbito econômico fica marcado pelas inúmeras iniciativas pessoais, tornando a competição acirrada e desigual. Desse modo, a economia colaborativa atua para colocar em evidência o poder social para estabelecimento de uma economia mais igualitária. Nesse sentido, as moedas sociais que circulam no Brasil exemplificam isso, pois possibilitam maior poder aquisitivo nos locais em que circulam. Diante disso, entende-se que a economia compartilhada se mostra capaz de amenizar os efeitos negativos do sistema econômico atual, o que revela a urgência de sua implantação. Logo, cabe ao Ministério da Economia traçar a construção de centros de consumo, em todo o país, constituídos por empreendimentos que se baseiam na troca e no aluguel de mercadorias. Tal ação deve ser feita por meio do financiamento governamental de empresas e trabalhadores autônomos que estejam fora do sistema hegemônico, com vistas a construir uma economia que priorize a sustentabilidade e englobe as atividades econômicas de forma coletiva. Assim, será possível que o ideal de economia pensado no passado vigore novamente. Tema: Os impactos da economia colaborativa 3
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