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Neonatologia 1. EXPLIQUE QUAIS OS PARÂMETROS IDEAIS DO BEBÊ NEONATO (PESO, TAMANHO, TEMPERATURA) Apesar de todos os avanços no cuidado dos recém-nascidos (RN), a mortalidade neonatal ainda é um desafio. No ano de 2016, em todo o mundo, 2,6 milhões de RN morreram, sendo 2 milhões antes dos 7 dias de vida, correspondendo a 46% da mortalidade em crianças com menos de 5 anos. Os RN prematuros e com desvios do crescimento fetal estão especialmente em risco. A qualidade do cuidado nos primeiros dias de vida e o tratamento de afecções comuns no período neonatal são de suma importância para a mudança desse cenário. O ambiente intrauterino contribui muito, mas não completamente, para o crescimento e desenvolvimento do feto no futuro. Anomalias na circulação placentária entre a mãe e o feto e o metabolismo da glicose materna ou a presença de infecção materna podem resultar em crescimento fetal anormal. Bebês podem ser pequenos ou grandes para a idade gestacional. Esses padrões anormais de crescimento não somente predispõem os bebês a uma necessidade maior de atenção médica, mas também podem afetar sua capacidade de responder comportamentalmente a seus pais. DE ACORDO COM O TRATADO DE PEDIATRIA DO NELSON - O exame do recém-nascido deve incluir uma avaliação do crescimento e observação do comportamento. O peso médio dos recém-nascidos é de aproximadamente 3,4 kg; os meninos são um pouco mais pesados do que as meninas. O comprimento médio e o perímetro cefálico são de aproximadamente 50 cm (20 pol.) e 35 cm (14 pol.), respectivamente, nos lactentes nascidos a termo. Classificação do recém-nascido JÁ O LIVRO DE NEONATALOGIA TRÁS QUE Os RN devem ser classificados de acordo com o peso e a idade gestacional ao nascimento. Os desvios da normalidade devem alertar o médico em relação aos riscos de morbidade e mortalidade neonatal e aos problemas no desenvolvimento futuro. A classificação nutricional do RN é feita por meio da avaliação do peso e da idade gestacional, de acordo com as curvas de crescimento fetal padronizadas. Atualmente, a curva de crescimento mais indicada para a classificação dos RN é a de crescimento fetal da Organização Mundial da Saúde (OMS) (Tabelas 1.4 e 1.5). Um estudo de 2017 analisou o crescimento fetal em gestações de baixo risco em 10 países, incluindo Ásia, África e América Latina, concluindo que há diferenças étnicas, de localização geográfica e condição socioeconômica na determinação do peso de nascimento normal a serem consideradas. Perda de Peso O RN deve ter o peso monitorado, sendo normal a perda de até 10% do peso do nascimento nos primeiros dias de vida. Em caso de perdas excessivas, fatores como problemas na pega, baixa ingesta ou produção láctea e sonolência excessiva do RN devem ser investigados e corrigidos. A diurese deve ser monitorada e há o aumento no risco de hipoglicemia. Espera-se que o peso do nascimento seja recuperado entre o 7º e o 10º dia de vida. Manutenção do calor corporal A hipotermia é um fator de risco independente para aumento de mortalidade neonatal. A temperatura do RN deve ser mantida entre 36,5 e 37,5º C, evitando-se a hipo ou a hipertermia. Recém-nascidos têm risco de perder calor e sofrer hipotermia por diversos fatores. A área de contato corporal relativa à massa corporal de um recém-nascido é aproximadamente três vezes a de um adulto. A geração de calor corporal depende em grande parte da massa corporal, mas a perda de calor depende da área de superfície. Em recém-nascidos com baixo peso ao nascer e prematuros, a camada isolante de gordura subcutânea é fina. A taxa estimada de perda de calor em um recém-nascido é aproximadamente quatro vezes a de um adulto. Sob as condições usuais da sala de parto (23-26°C), a temperatura da pele de um prematuro cai aproximadamente 0,3°C/min e a temperatura corporal central reduz-se cerca de 0,1°C/min durante o período que sucede imediatamente o parto; essas taxas geralmente resultam na perda cumulativa de 2-3°C na temperatura corporal central (correspondendo à perda de calor de aproximadamente 200 kcal/kg). A perda de calor ocorre por quatro mecanismos: 1. PERDA DE CALOR POR IRRADIAÇÃO: a pele descoberta é exposta a um ambiente contendo objetos com temperatura mais fria. 2. PERDA DE CALOR POR EVAPORAÇÃO: neonatos estão úmidos pelo líquido amniótico. 3. PERDA DE CALOR POR CONDUÇÃO: neonatos são colocados em contato com uma superfície ou objeto frio. 4. PERDA DE CALOR POR CONVECÇÃO: fluxo de ar ambiente mais frio afasta o calor do neonato. Acidose metabólica, hipóxia, hipoglicemia e excreção renal aumentada de água e solutos podem desenvolver-se em recém-nascidos lactentes a termo expostos ao frio após o nascimento por conta do seu esforço em compensar a perda de calor. A produção de calor é potencializada aumentando os índices metabólicos e o consumo de oxigênio, em parte liberando norepinefrina, o que resulta na gênese de calor sem tremor através da oxidação de gordura, principalmente a gordura marrom. Adicionalmente, a atividade muscular pode aumentar. Recém-nascidos hiperglicêmicos ou em hipóxia não podem aumentar seu consumo de oxigênio quando expostos a ambientes frios, e as temperaturas corporais centrais caem. Após o trabalho de parto e o parto vaginal, muitos recém-nascidos apresentam acidose metabólica mediana a moderada, o que eles podem compensar hiperventilando, uma resposta que é mais difícil em recém-nascidos com depressão do sistema nervoso central (asfixia, substâncias) e recém-nascidos expostos ao estresse do frio na sala de parto. Portanto, para reduzir a perda de calor, é desejável assegurar que os recém-nascidos sejam secos e/ou enrolados em cobertores (ou saco plástico, se menores de 1500g de peso de nascimento), ou colocados junto às mães, ou posicionados abaixo de aquecedores. O contato pele a pele com a mãe é um ótimo método para manter a temperatura em um recém-nascido estável. Por conta da dificuldade de realizar processos de reanimação em um recém-nascido coberto ou contido em uma incubadora, uma fonte de calor radiante deve ser usada para aquecer o bebê durante esses processos. REFERÊNCIAS Robert Kliegman. Nelson - Tratado de Pediatria. Grupo GEN, 2017. - Minha Biblioteca. Werther Brunow de Carvalho... . Neonatologia 2a ed. (Coleção Pediatria). Editora Manole, 2020. -Minha Biblioteca. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/problemas-perinatais/hipotermia-em-neonatos 2. DESCREVA AS AVALIAÇÕES INICIAIS COM O NEONATO, COM ENFOQUE NO APGAR, COLÍRIO E NA VITAMINA K. Avaliação e atendimento do recém-nascido normal AS PRIMEIRAS HORAS Imediatamente após o parto, devem-se avaliar, no recém-nascido, esforço respiratório, batimentos cardíacos, cor, tônus e irritabilidade dos reflexos, todos componentes-chave para pontuação de Apgar no 1º e no 5º minuto após o nascimento (CLASSIFICAÇÃO DE APGAR). Escala de Apgar A escala de Apgar foi proposta em 1953 pela médica Virgínia Apgar, inicialmente sendo uma rápida análise clínica do recém-nascido. Após mudanças, a escala tornou-se um padrão de avaliação do bebê, sendo a soma de cinco sinais, determinados nos primeiros um e cinco minutos de vida da criança. É uma avaliação feita na sala de parto e a pontuação é anotada na Caderneta da Criança. Os sinais são avaliados e, para cada um, é aplicada uma nota que varia de zero, nota que indica a ausência do sinal, e dois, nota que indica a plena existência desse sinal. Os sinais avaliados são: força muscular, frequência de batimentos do coração, reflexo, respiração e cor. A somatória desses sinais gera uma nota que varia de 0 a 10. O Apgar é afetado pela idade gestacional, pelo uso de medicações pela gestante, por condições neurológicas do recém-nascido e por possíveis manobras de intervenção cardiorrespiratória que ele demande. As notas entre 8 e 10 de Apgar indicam que o recém-nascidoestá fazendo uma transição suave para a vida extrauterina; notas ≤ 7 aos 5 minutos (particularmente se sustentadas além dos 10 min) estão vinculadas a taxas elevadas de morbidade e mortalidade neonatais. Muitos recém-nascidos normais apresentam cianose no primeiro minuto após o nascimento e que desaparece até o quinto minuto. Cianose que não desaparece pode sugerir anomalias cardiopulmonares congênitas ou depressão do sistema nervoso central. Além da pontuação de Apgar, os neonatos devem ser avaliados quanto à existência de deformidades grosseiras (p. ex., pé torto, polidactilia) e outras anormalidades importantes (p. ex., sopros cardíacos). O ideal seria que essa avaliação fosse feita na presença da família. Intervenções preventivas incluem a administração, em ambos os olhos, de um agente antimicrobiano (p. ex., 2 gotas de solução de nitrato de prata a 1%, uma tira fina de 1 cm de pomada de eritromicina a 0,5%, uma tira fina de 1 cm de pomada tetraciclina a 1%; em alguns países, gotas de povidona-iodo a 2,5%) para prevenir conjuntivite gonocócica e por clamídia e de 1 mg IM de vitamina K para prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido. Em seguida, o neonato é limpo, vestido e levado à família. A cabeça deve ser coberta com uma touca para prevenir perda de calor. Deve-se encorajar alojamento conjunto e amamentação precoce para que a família possa conhecer o recém-nascido e ser orientada pela equipe durante a estadia no hospital. A amamentação é bem-sucedida quando a família recebe apoio frequente e adequado. OS PRIMEIROS DIAS EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO O recém-nascido deve ser submetido a exame físico completo nas primeiras 24 horas. O exame ao lado da mãe e de membros da família permite que a família faça perguntas e o médico aponte os dados físicos e antecipe orientações. Medições básicas incluem comprimento, peso e perímetro cefálico. O comprimento é medido do topo da cabeça até o calcanhar; valores normais baseiam-se na idade gestacional e são anotados em curvas padrão de crescimento. SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO Coração e pulmões devem ser avaliados quando o lactente está tranquilo. O examinador deve localizar onde o ruído cardíaco é mais audível para excluir dextrocardia. Devem ser avaliados ritmo e batimentos cardíacos (normal: 100 a 160 bpm). O ritmo deve ser regular, embora não seja raro um ritmo irregular em extrassístoles ventriculares ou atriais. Sopro cardíaco nas primeiras 24 horas é geralmente provocado pela existência de ducto arterioso persistente. O exame cardíaco diário confirma o desaparecimento desse sopro, geralmente em 3 dias. Os pulsos femorais devem ser palpados e comparados aos pulsos braquiais. Pulso femoral fraco ou retardado sugere coarctação da aorta ou de outra obstrução do fluxo ventricular esquerdo. Cianose central sugere cardiopatia congênita, doença pulmonar ou sepse. O sistema respiratório é avaliado pela contagem de respirações durante um minuto, uma vez que a respiração do neonato é irregular; o normal é de 40 a 60 respirações/minuto. A parede torácica deve ser avaliada quanto à simetria, assim como todos os ruídos pulmonares. Respiração ruidosa, tremor nasal e retrações são sinais de disfunção respiratória. CABEÇA E PESCOÇO No parto cefálico, a cabeça se amolda graças à superposição dos ossos do crânio no nível das suturas, com algum edema e equimose do couro cabeludo. No parto pélvico, a cabeça se amolda menos, com edema e equimose nas partes de apresentação (região glútea, genitais ou pés). O diâmetro das fontanelas é variável, desde uma polpa do dedo até vários centímetros. Uma fontanela anterior grande e uma fontanela posterior maior do que a largura da ponta de um dedo podem ser sinais de hipotireoidismo. Cefaloematoma é um achado comum; o sangue se acumula entre o periósteo e o osso, provocando edema que não transpassa as linhas de sutura. Ele pode ocorrer, também, sobre um ou ambos os ossos parietais e, ocasionalmente, sobre o occipício. Geralmente não se evidenciam os cefaloematomas, até que ocorra a diminuição do edema de tecidos moles; eles desaparecem, gradualmente, em alguns meses. O perímetro craniano e a sua forma são avaliados para diagnosticar hidrocefalia congênita. Anormalidades craniofaciais podem ser causadas por inúmeras síndromes genéticas. A face deve ser avaliada quanto a simetria e desenvolvimento normal, particularmente de mandíbula, palato, orelhas e conduto auditivo externo. Por causa do edema ao redor das pálpebras após o parto, é mais fácil examinar os olhos um dia após o nascimento. Ausência de reflexos vermelhos pode ocorrer em glaucoma, catarata e retinoblastoma. Hemorragias subconjuntivais são comuns e podem ser provocadas por esforços no momento do parto. A implantação baixa de orelhas pode indicar anomalias genéticas, incluindo a trissomia 21 (síndrome de Down). Malformações das orelhas, do conduto auditivo externo ou de ambos podem estar presentes em muitas síndromes genéticas. O médico deve observar a existência de fossas ou apêndices, que, às vezes, podem associar-se a perda de audição e anomalias renais. O médico deve examinar e palpar o palato para verificar a existência de defeitos dos palatos mole e duro. Fendas orofaciais estão entre os defeitos congênitos mais comuns. Alguns neonatos nascem com epúlide (hamartoma benigno gengival), que, se for muito grande, pode levar a dificuldades alimentares e obstrução de vias respiratórias. Essas lesões podem ser removidas sem risco de recorrência. Neonatos também podem nascer com dentes primitivos ou de nascimento. Tais dentes não possuem raízes, e pode ser necessário extrai-los porque podem cair e ser aspirados. Na raiz bucal, podem aparecer cistos chamados de pérolas de Epstein. Ao examinar o pescoço, o médico deve erguer o queixo para procurar anormalidades como higromas císticos, bócio ou remanescentes do arco branquial. O torcicolo pode ser causado por hematomas do esternocleidomastóideo, provocado por trauma ao nascimento. ABDOME E PÉLVIS O abdome deve ser roliço e simétrico. Abdome escafoide pode indicar hérnia diafragmática, através da qual o intestino migra para a cavidade torácica in útero, às vezes provocando hipoplasia pulmonar e desconforto respiratório pós-natal. Abdome assimétrico sugere massa abdominal. Esplenomegalia sugere infecção congênita ou anemia hemolítica. Com a palpação profunda, podem-se palpar os rins, sendo o esquerdo mais facilmente palpável do que o direito. Rins aumentados de tamanho podem indicar obstrução, tumor ou doença cística. O fígado é normalmente palpado a 1 ou 2 cm abaixo da borda costal. Hérnia umbilical, devido à fraqueza do anel muscular umbilical, é comum, mas raramente significativa. Deve-se confirmar a presença de ânus patente e normalmente posicionado. Nos meninos, o pênis deve ser examinado, observando-se hipospadia ou epispádia. Nos meninos nascidos a termo, os testículos devem estar no escroto Edema escrotal pode significar hidrocele, hérnia inguinal ou, mais raramente, torção testicular. A hidrocele pode ser percebida por transiluminação. A torção, uma emergência cirúrgica, causa equimose e rigidez. Nas meninas nascidas a termo, os grandes lábios são proeminentes. É normal secreção vaginal mucoide ou serossanguinolenta (pseudomenstruação); ela resulta da exposição hormonal materna in útero e cessa ao nascimento. Algumas vezes nota-se, posteriormente, uma pequena ponta de tecido himenal, formada provavelmente por estimulação hormonal materna e que desaparece em poucas semanas. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO O exame das extremidades deve focar deformidades, amputações (agenesia ou atrofia dos membros), contraturas e desenvolvimento anormal. A paralisia do nervo braquial por traumatismo de parto pode manifestar-se pela limitação ou não espontaneidade de movimentos do membro superior do lado afetado, às vezes com adução e rotação internado ombro e pronação do antebraço. A coluna é verificada para avaliar sinais de espinha bífida, particularmente exposição de meninges, medula ou ambas (meningomielocele). O exame ortopédico é feito pela palpação dos ossos longos para avaliar traumas de parto (particularmente fratura de clavícula) e displasia do quadril. Os fatores de risco de displasia do quadril incluem sexo feminino, posição glútea no útero, gestação gemelar e história familiar. As manobras de Barlow e Ortolani são utilizadas para verificar displasia. SISTEMA NEUROLÓGICO Inclui avaliação do tônus do neonato, nível de atenção, movimentos das extremidades e reflexos. Normalmente, reflexos neonatais incluem o de Moro, o de torção e o de sucção: PELE A pele de um recém-nascido é geralmente avermelhada; nas primeiras horas, é comum cianose nos dedos das mãos e dos pés. O vérnix caseoso recobre o neonato com > 24 semanas de gestação. Secura e descamação aparecem frequentemente em poucos dias, especialmente nas dobras dos punhos e tornozelos. Em áreas traumatizadas durante o parto podem aparecer petéquias, como na face em situações de apresentação de face; entretanto, neonatos com petéquias difusas devem ser avaliados quanto à presença de trombocitopenia. Muitos neonatos apresentam eritema tóxico, exantema benigno com base eritematosa e pápula branca ou amarelada. Esse exantema costuma aparecer 24 horas após o nascimento, espalha-se pelo corpo e pode durar até 2 semanas. Depois de todas essas avaliações o recém-nascido passara por Exames de triagem para recém-nascidos Cuidados de rotina com o recém-nascido e observação Alta hospitalar - Neonatos com alta em 48 horas devem ser avaliados em 2 a 3 dias quanto a alimentação (peito ou mamadeira), hidratação e icterícia (para os pacientes de risco). O seguimento de neonatos com alta após 48 horas deve se basear em fatores de risco, incluindo aqueles para icterícia e dificuldades no aleitamento materno e quaisquer problemas identificados. Vitamina k A vitamina K é amplamente utilizada, logo após o nascimento, para a prevenção da doença hemorrágica do recém- nascido (DHRN). Atualmente, tem surgido muitas dúvidas por parte dos pais sobre a importância do recém-nascido (RN) receber ou não a vitamina K. O que é a vitamina K? A vitamina K é um nutriente fundamental para o funcionamento normal do nosso corpo. Ela está diretamente envolvida na coagulação do sangue e no estancamento de sangramentos. Qual a necessidade da administração da vitamina K logo após o nascimento? Os estoques de vitamina K do nosso corpo são obtidos através da dieta e também da ação de bactérias presentes na flora intestinal normal. O recém-nascido tem baixa concentração de vitamina K ao nascimento, tanto pela limitada transferência placentária durante a gestação, como pela ausência de bactérias no seu intestino logo após o nascimento, que possam realizar a sua metabolização. Além disto, o leite materno tem vitamina K na sua composição, mas não em quantidades suficientes para prevenir a DHRN, principalmente no início da lactação. Então, como o RN tem pouca vitamina K, tem risco para desenvolver doença hemorrágica e, portanto, sangramentos. O que é a DHRN? Como evita-la? A doença hemorrágica se apresenta clinicamente com a presença de sangramento inesperado em um RN aparentemente saudável. Existem 3 formas de apresentação clínica da DHRN: 1. FORMA PRECOCE: ocorre nas primeiras 24 horas de vida, geralmente em filhos de mães que receberam na gravidez medicamentos que modificam o metabolismo da vitamina K. Estas crianças apresentam maior risco de sangramento grave, como no sistema nervoso central. 2. FORMA CLÁSSICA: é a mais comum, ocorre entre o 2º e o 5º dia de vida, em bebês saudáveis, que apresentam equimoses (manchas rochas), sangramento nasal, do coto umbilical, gastrointestinal (vômitos com sangue, fezes com sangue vivo ou negras) e mais raramente no sistema nervoso central. 3. FORMA TARDIA: ocorre entre 2 e 12 semanas de vida, em dois grupos de recém-nascidos. O primeiro, naqueles amamentados exclusivamente no seio materno que não receberam a vitamina K ao nascimento ou receberam de forma inadequada e o segundo, nos RN com doenças congênitas que afetam a absorção da vitamina K. Está comprovado na literatura médica que a administração adequada de vitamina K ao nascimento previne a doença hemorrágica. Uso profilático da vitamina K: intramuscular x oral O objetivo da profilaxia é repor os estoques da vitamina K e assim evitar a ocorrência de sangramentos. Pode ser feita através da administração via intramuscular ou oral. Ambas com boa eficácia, sendo a administração intramuscular em dose única e a oral em múltiplas doses. A profilaxia via intramuscular é feita com 0,5 a 1 mg em dose única e é a recomendada pela maioria dos centros de referência brasileiros e internacionais. Para a via oral, foram propostos diferentes esquemas para a administração da vitamina K, sendo a reposição na forma de fitomenadiona 1mg semanal até 12 semanas ou 2 mg com 1, 7 e 30 dias de vida. Portanto, para os pais que recusarem a realização da vitamina K intramuscular, deve-se assegurar que a administração das doses de vitamina K por via oral ocorram de forma correta, pois um engano ou esquecimento poderá levar ao risco de ocorrer hemorragia intracraniana, um evento raro, mas catastrófico na vida do bebê e de sua família. Mitos ou verdades – a vitamina K é segura? SIM O MITO de que a administração de vitamina K intramuscular nos recém-nascidos fosse associada ao aumento do risco de câncer na infância, apareceu na década de 90. A seguir, inúmeros estudos foram realizados e não comprovaram está associação, sendo a administração da vitamina K intramuscular considerada absolutamente segura. Nitrato de Prata Segundo o Ministério da Saúde (MS), Conjuntivite Neonatal (CN) é definida como uma conjuntivite purulenta do recém-nascido, no primeiro mês de vida, usualmente contraída durante o seu nascimento, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas. A conjuntivite neonatal foi um grande problema de saúde pública durante séculos, em todo o mundo. No final do século XIX, na Europa, sua prevalência entre os nascidos vivos, em maternidades e hospitais, excedia a taxa de 10%, produzindo lesão corneana em 20% e cegueira em 3% dos acometidos. Era a principal causa de cegueira infantil, sendo responsável por 60 a 73% dos casos nas instituições para crianças cegas. A epidemiologia desta condição mudou radicalmente com a introdução do método de Credé, em 1881, que consistia na aplicação de uma gota de solução aquosa de nitrato de prata (NP) a 2%, após a limpeza dos olhos. Esse procedimento reduziu dramaticamente a incidência da conjuntivite neonatal, não só na Europa, mas em todo o mundo. Posteriormente, a solução de NP a 1% passou a ser o método de Credé, por ser menos irritante que a 2%. O NP é usado como antisséptico e adstringente. Seu poder germicida deve-se à combinação do íon prata com certos grupamentos das proteínas dos micro-organismos, levando à sua desnaturação, com a consequente ruptura e morte do germe. O NP destrói a maioria dos micro-organismos na concentração de 0,1%; concentrações menores têm propriedades bacteriostáticas. A aplicação de nitrato de prata nos olhos do recém-nascido focando a prevenção da conjuntivite, gonocócica e clamídia que pode ser transmitida durante o parto se tornou um procedimento se tornou obrigatório no Brasil no ano de 1977 por determinação do Ministério da Saúde após grande surto de cegueira de bebês na época devido à conjuntivite causada pela bactéria da gonorréia, que era uma doença muito frequente na época. Essa medida reduziu muito o número de bebês afetados e por isso se estendeu o uso até os tempos de hoje e por todo o mundo. O grande problema é que o uso do nitrato de pratanos olhos do recém-nascido pode causar conjuntivite química. Outro ponto muito discutido é em relação à forma de nascimento, pois se o contágio do bebê com a bactéria gonocócica é através do parto vaginal, por que o nitrato de prata é aplicado em bebês também nascidos através da cesariana? E a resposta segundo os pediatras e neonatologistas é que caso ocorra BOLSA ROTA ou ROMPIMENTO DA PLACENTA existe o perigo do bebê se contaminar, mesmo nascendo através de uma cesárea. Referências https://www.medicina.ufmg.br/observaped/escala-de-apgar/ https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/cuidados-com-os-rec%C3%A9m-nascidos-e- lactentes/avalia%C3%A7%C3%A3o-e-atendimento-do-rec%C3%A9m-nascido-normal https://www.spsp.org.br/site/asp/paginas/1111.asp https://www.trocandofraldas.com.br/nitrato-de-prata-nos-olhos-do-bebe/ CONJUNTIVITE NEONATAL COM ÊNFASE NA SUA PREVENÇÃO - https://www.scielo.br/pdf/rbof/v70n1/12.pdf 3. DEFINA A ICTERÍCIA NEONATAL, COMO É DIAGNOSTICADA E QUAL O TRATAMENTO INDICADO EM CADA CASO (FOTOTERAPIA). A icterícia é um dos sinais clínicos mais comuns observados em recém-nascidos (RN). É causada pelo acúmulo na pele e esclera de um pigmento amarelo-alaranjado denominado bilirrubina. Na maioria das vezes, a icterícia no RN é resultante do acúmulo da bilirrubina indireta (BI) não conjugada e apresenta curso geralmente benigno, mas em virtude do potencial de toxicidade da bilirrubina em concentrações elevadas, os recém-nascidos (RN) devem ser monitorados a fim de prevenir o quadro de encefalopatia bilirrubínica ou kernicterus. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 60% dos RN a termo (RNT) e 80% dos pré-termo (RNPT) apresentam algum grau de icterícia nos primeiros dias de vida. Os recém-nascidos a termo que desenvolvem a icterícia apresentam um pico entre os 3º e 4º dias de vida, seguido por melhora. Cerca de 10,8% desses RN apresentam uma icterícia mais importante, com indicação de fototerapia. Os recém nascidos pré-termo tardios (35 e 36 semanas de idade gestacional), apesar de muitas vezes receberem cuidados semelhantes ao recém-nascido a termo na monitoração da icterícia, precisam de atenção especial, pois esses RN, muitas vezes, apresentam picos de icterícia mais altos e tardios (entre o 5º e o 7º dias de vida), com indicação de fototerapia em cerca de 25 a 26% dos casos, necessitando, geralmente, de reavaliação após a alta. Avaliação do RN Ictérico DIAGNÓSTICO DE HIPERBILIRRUBINEMIA O diagnóstico da icterícia pode ser feito por meio de Exame físico Mensuração da bilirrubina transcutânea Mensuração da bilirrubina sérica https://www.medicina.ufmg.br/observaped/escala-de-apgar/ https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/cuidados-com-os-rec%C3%A9m-nascidos-e-lactentes/avalia%C3%A7%C3%A3o-e-atendimento-do-rec%C3%A9m-nascido-normal https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/cuidados-com-os-rec%C3%A9m-nascidos-e-lactentes/avalia%C3%A7%C3%A3o-e-atendimento-do-rec%C3%A9m-nascido-normal https://www.spsp.org.br/site/asp/paginas/1111.asp https://www.trocandofraldas.com.br/nitrato-de-prata-nos-olhos-do-bebe/ https://www.scielo.br/pdf/rbof/v70n1/12.pdf DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO A investigação etiológica da hiperbilirrubinemia através de exames laboratoriais (Quadro 1) deve ser feita nos RN que apresentam icterícia nas primeiras 24 horas de vida ou valores de bilirrubinas totais maiores que 15 mg/dl, independentemente da idade pós-natal. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ICTERÍCIA FISIOLÓGICA - Icterícia de origem benigna que ocorre em 25-60% dos RN, sem alteração no metabolismo da bilirrubina. No RN a termo a hiperbilirrubinemia pode atingir valores de 12-15 mg/dl entre o 3º e o 5º dia de vida e nos pré-termos, o pico é de até 12-17 mg/dl entre o 5º e o 7º dia. A hiperbilirrubinemia fisiológica costuma regredir em uma semana nos RN a termo e até o 10º dia de vida nos prematuros. ICTERÍCIA LIGADA À AMAMENTAÇÃO AO SEIO - Icterícia por baixo aporte de leite, levando ao aumento da circulação entero-hepática de bilirrubina. Ocorre em até 13% dos RN em aleitamento materno exclusivo, com pico de hiperbilirrubinemia maior que 12 mg/dl. ICTERÍCIA PELO LEITE HUMANO - Icterícia que ocorre em 2-4% dos RN por uma provável interferência de fatores presentes no leite materno com o processo de conjugação da bilirrubina. A hiperbilirrubinemia pode atingir um pico de 20 mg/dl por volta do 14º dia de vida, com redução gradual em até 12 semanas. Em certos casos, intervenção médica se fará necessária. ICTERÍCIA PATOLÓGICA - Icterícia que ocorre por sobrecarga de bilirrubina no hepatócito, deficiência/inibição da conjugação da bilirrubina ou colestase (Quadro 2). Frequentemente, a bilirrubina sérica já atinge nível maior que 12 mg/dl nas primeiras 24 horas de vida. Tratamento HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA O tratamento da hiperbilirrubinemia indireta, quando necessário, pode ser realizado através de Fototerapia; Exsanguineotransfusão. A FOTOTERAPIA é o tratamento mais prescrito na primeira semana de vida de um neonato e resulta na fotoisomerização da bilirrubina, fazendo com que esta deixe de ser lipossolúvel, e também tornando mais fácil seu transporte até o intestino para ser excretada. Além disso, o principal isômero, denominado lumirrubina, não é passível de reabsorção pela via entero-hepática. Durante a fototerapia, a icterícia visível pode desaparecer, ainda que a bilirrubina sérica permaneça elevada, a cor da pele não pode ser utilizada para avaliar a gravidade da icterícia. A coleta do sangue para bilirrubina deve ser feita protegida da luz, porque a bilirrubina no interior do tubo de coleta pode ser rapidamente foto-oxidada. A EXSANGUINEOTRANSFUSÃO, procedimento mais invasivo, é reservada para as situações onde há risco maior de neurotoxicidade e é capaz de remover até 40% da bilirrubina pré-existente HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA O tratamento da hiperbilirrubinemia direta deve ser realizado de acordo com sua etiologia. Complicações ENCEFALOPATIA BILIRRUBÍNICA AGUDA - Manifestação neurológica aguda e eventualmente reversível, secundária à toxicidade da bilirrubina no sistema nervoso central nas primeiras semanas após o nascimento. Inicialmente, o RN apresenta-se letárgico, hipotônico e com dificuldade de sucção, evoluindo com irritabilidade, hipertermia, choro agudo e hipertonia extensora de pescoço e tronco, podendo progredir para apnéia, convulsões, coma e morte. KERNICTERUS - Forma crônica e permanente da encefalopatia bilirrubínica. O RN desenvolve paralisia cerebral atetoide, neuropatia auditiva, displasia dentária, e ocasionalmente, deficiência mental. Banho de sol O banho de sol é muito importante para o RN, pois além de ajudar no desenvolvimento ósseo, auxilia na redução da icterícia. O mesmo deve ser realizado com a criança vestindo o mínimo de roupas possível, durante cinco minutos, tempo que deve ser aumentado gradativamente até cerca de 15 minutos por dia. Deve ocorrer antes das 10 da manhã e após as 16 horas. É importante ressaltar que o banho pode ajudar na redução da icterícia, mas não atua como tratamento. Caso a mãe perceba uma coloração muito amarelada da pele, deve levar o RN para avaliação. REFERÊNCIAS Werther Brunow de Carvalho.... Neonatologia 2a ed. (Coleção Pediatria). Editora Manole, 2020. - Minha Biblioteca. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882381/ictericia-neonatal.pdf https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos- eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal CONHECIMENTO E USO DE TRATAMENTOS ALTERNATIVOS PARA ICTERÍCIA NEONATAL - file:///C:/Users/usuario/Downloads/18896-66791-1-PB.pdf 4. CITE OS TESTES DA TRIAGEM NEONATAL E SUA IMPORTÂNCIA. Programa Nacional de Triagem Neonatal – PNTN É um programa de rastreamento populacionalque tem como objetivo geral identificar distúrbios e doenças no recém-nascido, em tempo oportuno, para intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às pessoas com diagnóstico positivo, com vistas a reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A missão é promover, implantar e implementar a triagem neonatal no âmbito do SUS, visando ao acesso universal, integral e equânime, com foco na prevenção, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente das pessoas com as doenças do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Etapas da Triagem Neonatal A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral. O DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO em triagem neonatal refere-se à interpretação de correlações clínicas e/ou clínico-laboratoriais, indicando impressão, suspeita ou probabilidade, obtidas por utilização unicamente dos testes de triagem conforme protocolos técnicos estabelecidos para os distúrbios ou doenças específicas; O DIAGNÓSTICO DEFINITIVO ou de certeza refere-se à constatação da presença do distúrbio ou doença, nos casos previamente suspeitos à triagem, por meio de testes confirmatórios e/ou avaliação clínica; A melhoria da efetividade do acesso ao tratamento e acompanhamento dos casos diagnosticados, obtidos com as ações operacionais de monitoramento e acompanhamento das pessoas com diagnóstico positivo, incluem a busca ativa para a recoleta, reteste, reavaliação, agendamento de consultas e acompanhamento de comparecimento; QUAIS SÃO OS TESTES DA TRIAGEM NEONATAL? Todo bebê que nasce no Brasil tem direito a realizar gratuitamente quatro testes muito importantes para a sua saúde. Eles são popularmente conhecidos como: 1. Teste do olhinho; 2. Teste da orelhinha; 3. Teste do coraçãozinho; 4. Teste do pezinho. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882381/ictericia-neonatal.pdf https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal file:///C:/Users/usuario/Downloads/18896-66791-1-PB.pdf Teste do olhinho O nome técnico para este procedimento é TESTE DO REFLEXO VERMELHO, mas ele é conhecido também como Teste do Olhinho. É um teste simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias. O Teste do Olhinho pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas. O diagnóstico precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e garantir o desenvolvimento normal da visão. A recomendação é que o Teste do Olhinho seja feito pelo médico logo que o bebê nasce. Se isso não acontecer, o teste deve ser feito logo na primeira semana de vida do bebê, na consulta de acompanhamento médico. Depois disso, continua sendo importante nas consultas regulares de avaliação da criança, pelo menos duas a três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida. Se o pediatra encontrar algum problema, vai encaminhar a criança para avaliação do oftalmologista. Teste da orelhinha Entre os procedimentos realizados ainda na maternidade, logo após o nascimento do bebê, está a TRIAGEM NEONATAL AUDITIVA ou Teste da Orelhinha. O teste é feito, preferencialmente, entre 24h e 48h de vida do bebê e identifica possíveis problemas auditivos no recém-nascido. O teste deve ser feito nas maternidades. Se não for realizado na maternidade, a criança deverá ser encaminhada para a Unidade Básica de Saúde e, posteriormente, encaminhada à atenção especializada em saúde auditiva para a realização do diagnóstico, exames, concessão do aparelho auditivo, reabilitação e acompanhamento. Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter feito o teste, que é gratuito. As crianças nascidas fora do ambiente hospitalar devem fazê-lo antes de completarem 3 meses de vida. O Teste da Orelhinha é realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos. Teste do coraçãozinho O Teste do Coraçãozinho consiste em medir a oxigenação do sangue do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro - espécie de pulseirinha, na mão e no pé do bebê. Caso algum problema seja detectado, o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma. Se o resultado apresentar alterações, o bebê é encaminhado para um centro de referência em cardiopatia para tratamento. Problemas no coração são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos. Por isso, quanto mais cedo for diagnosticado, melhores são as chances do tratamento. Todo bebê tem direito de realizar o Teste de Coraçãozinho ainda na maternidade, entre 24h e 48h após o nascimento. O teste é simples, gratuito e indolor. Teste do pezinho Esse procedimento é uma das principais formas de diagnosticar várias doenças que, quanto mais cedo forem identificadas, melhores são as chances de tratamento. Atualmente, existem três versões do teste do pezinho disponíveis no Brasil: uma básica e duas ampliadas. A mais simples delas é a utilizada pelo SUS. As duas versões ampliadas podem detectar um número variado de doenças. Os nomes dos exames podem variar, dependendo do local em que for realizada a coleta. O TESTE BÁSICO é obrigatório e gratuito em todo o país e pode detectar as 6 doenças 1. Fenilcetonúria (PKU); 2. Hipotireoidismo Congênito (HC); 3. Doenças Falciformes (DF) e outras Hemoglobinopatias; 4. Fibrose Cística (FC); 5. Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) ou Hiperplasia Congênita da Suprarrenal; 6. Deficiência de Biotinidase (DB). O TESTE AMPLIADO é oferecido na maioria dos hospitais e maternidades particulares. Pode detectar até 10 doenças, além das seis já detectadas pelo teste básico, pode indicar deficiência de G-6-PD, galactosemia, leucinose e toxoplasmose congênita. O TESTE SUPER ou EXPANDIDO é o mais completo dos exames disponíveis no Brasil. Pode detectar mais de 40 tipos de doenças. É oferecido apenas em laboratórios, hospitais e maternidades particulares. O Sistema Único de Saúde (SUS) ainda garante o atendimento com médicos especialistas para todos os pacientes triados. Para as seis doenças detectadas no SUS, há tratamento adequado, gratuito e acompanhamento por toda a vida nos 31 serviços de referência em triagem neonatal do país, presentes em todos os estados brasileiros. O Teste do Pezinho está disponível no Brasil todo, com 21.446 pontos de coleta, distribuídos na Atenção Básica, Hospitais e Maternidades. Coleta É preciso estar atento ao prazo ideal para a realização do Teste do Pezinho. A família deve levar o recém- nascido a uma unidade básica de saúde, preferencialmente, entre o 3° e o 5° dia de vida. Vale ressaltar que o teste, idealmente, não deve ser colhido antes de a criança ter pelo menos 48 horas de vida por 2 motivos: 1) Evitar um resultado falso-negativo para “PKU”: para que o resultado do exame para diagnóstico de PKU seja confiável, o RN deverá ter mamado uma quantidade suficiente de leite para que a fenilalanina se acumule no sangue; se for colhido antes deste tempo, o leite ingerido pelo RN poderá não ser suficiente para que o resultado do teste se altere; 2) Evitar um resultado falso-positivo para HC: logo que a criança nasce existe uma liberação fisiológica de TSH no sangue (hormônio dosado no teste para diagnóstico de HC) com posterior diminuição das concentrações,atingindo valores séricos menores do que 10 mUI/ml (nível de corte para resultado alterado), somente em torno de 72 horas de vida do RN. No entanto, se houver necessidade de o bebê receber transfusão de sangue, o “Teste do Pezinho” deve ser colhido antes da mesma, não importando a data de nascimento. No caso de crianças prematuras (Idade Gestacional < 37 semanas), a coleta de sangue deve ser realizada preferencialmente no final da 1a semana de vida. Para estas crianças, o teste deve também ser repetido quando elas completam 1 mês de vida, o que será comunicado no resultado de exame da 1ª coleta. Técnica de coleta 1. Fazer antissepsia do calcanhar com álcool 70% e esperar secar em temperatura ambiente; 2. Puncionar, com lanceta de ponta fina ou agulha descartável, uma das áreas laterais da região plantar do calcanhar; 3. Após a formação de gota de sangue, retirar a primeira gota com gaze ou algodão. Encostar o centro do círculo, saturando sua área até o verso do papel-filtro. 4. Normalmente, dois círculos são preenchidos para tiroxina (T4), tireotrofina (TSH), tripsina, 17- hidroxiprogesterona (17-OHP); dois círculos para biotinidase, galactose, toxoplasmose, sífilis, vírus da imunodeficiência humana (HIV); um círculo para os outros testes; 5. Aguardar a secagem do cartão. Acondicionar o cartão em papel-alumínio e enviar ao laboratório. Anemia Falciforme A anemia falciforme é a doença hereditária mais frequente no Brasil. É uma alteração genética, autossômica recessiva, causada por uma mutação no gene da globina beta da hemoglobina, originando, no lugar da hemoglobina A (HbA), uma hemoglobina mutante denominada hemoglobina S (HbS). Esta Hb S. em algumas situações, provoca a distorção dos eritrócitos, fazendo-os tomar a forma de “foice” ou “meia-lua”, com consequente anemia, vasooclusão, dor e lesões de órgãos-alvos. O termo anemia falciforme define a situação de homozigose (Hb SS), ou seja, a criança recebe de cada pai um gene para HbS. No caso de heterozigose (HbAS), quando a criança recebe um gene mutado (HbS) de um dos pais e um gene normal (HbA) do outro, ela é portadora de traço falciforme, o que não é doença (a criança não tem anemia e nem outras manifestações clínicas). Além disso, o gene da HbS pode se combinar com outras alterações hereditárias das hemoglobinas, como Hb C, D e E, alfa e beta-talassemia, gerando doenças que se apresentam com sintomas semelhantes aos da anemia falciforme. Este conjunto de combinações SS, SC, SD, S-betatalassemia e outras, é denominado de doença falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. SINTOMAS: A anemia falciforme pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves, outros apresentam um ou mais sinais. Os sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança. - CRISE DE DOR: é o sintoma mais freqüente da doença falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais freqüente nos ossos e nas articulações, podendo, porém, atingir qualquer parte do corpo. Essas crises têm duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano. Geralmente são associadas ao tempo frio, infecções, período pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez ou desidratação; - SÍNDROME MÃO-PÉ: nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local; - INFECÇÕES: as pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as crianças podem ter mais pneumonias e meningites. Por isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações. Ao primeiro sinal de febre deve-se procurar o hospital onde é feito o acompanhamento da doença. Isto certamente fará com que a infecção seja controlada com mais facilidade; - ÚLCERA (FERIDA) DE PERNA: ocorre mais freqüentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As úlceras podem levar anos para a cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início do seu aparecimento. Para prevenir o aparecimento das úlceras, os pacientes devem usar meias grossas e sapatos; - SEQÜESTRO DO SANGUE NO BAÇO: o baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial. DIAGNÓSTICO A detecção é feita através do exame eletroforese de hemoglobina. O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê receber alta da maternidade, proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme. TRATAMENTO Quando descoberta a doença, o bebê deve ter acompanhamento médico adequado baseado num programa de atenção integral. Nesse programa, os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o doente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade da doença, a tratar adequadamente as crises e a praticar medidas para sua prevenção. A equipe é formada por médicos, enfermeiras, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, dentistas, etc. Além disso, as crianças devem ter seu crescimento e desenvolvimento acompanhados, como normalmente é feito com todas as outras crianças que não têm a doença. Referências TRIAGEM NEONATAL BIOLÓGICA – MANUAL TÉCNICO 2016 - https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica coes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf VIVA MAIS SUS - https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/vivamaissus/triagemneonatal_ interna.html PROGRAMA NACIONAL DA TRIAGEM NEONATAL - https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes- e-programas/programa-nacional-da-triagem-neonatal AULA DE LABORATORIAL – TESTE DO PEZINHO - https://api.grupointegrado.br/public/lms.grupointegrado.br/ qrcode/da4d2b10ca62bdd6dd67fb152ff60b2a.pdf ANEMIA FALCIFORME - https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/437-anemia-falciforme GRUPO DESCOBRE COMO A ANEMIA FALCIFORME PROTEGE CONTRA A MALÁRIA - http://g1.globo.com/ciencia-e- saude/noticia/2011/11/grupo-descobre-como-anemia-falciforme-protege-contra-malaria.html 5. COMENTE ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DOS DIFERENTES SISTEMAS DO RECÉM-NASCIDO (CICLO CIRCADIANO, SISTEMA FISIOLÓGICO E METABÓLICO) Malária X Anemia Falciforme Desde a década de 1940, os cientistas sabem que a anemia falciforme, uma doença hereditária que causa mutação nos glóbulos vermelhos do sangue, protege seus portadores contra a malária. Porém, só nesta semana, com uma pesquisa publicada pela revista “Science”, ficou claro como funciona o processo. Normalmente o protozoário Plasmodium usa uma proteína chamada adesina para chegar à parte externa dos glóbulos vermelhos, de onde chegam às paredes dos vasos sanguíneos. A partir daí, provocam os problemas neurológicos e circulatórios ligados à malária. Nas pessoas que têm anemia falciforme, esse mecanismo é bloqueado. O Plasmodium não acessa a parte externa dos glóbulos vermelhos e, por isso, não há infecção. “Todo o sistema de transporte do parasita da malária fica degenerado nessas células”. “Com esses resultados, descrevemos agora um mecanismo molecular que explica pela primeira vez o efeito protetor dessa hemoglobina contra a malária”. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica%20coes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica%20coes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/vivamaissus/triagemneonatal_%20interna.htmlhttps://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-nacional-da-triagem-neonatal https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-nacional-da-triagem-neonatal https://api.grupointegrado.br/public/lms.grupointegrado.br/%20qrcode/da4d2b10ca62bdd6dd67fb152ff60b2a.pdf https://api.grupointegrado.br/public/lms.grupointegrado.br/%20qrcode/da4d2b10ca62bdd6dd67fb152ff60b2a.pdf https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/437-anemia-falciforme http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/11/grupo-descobre-como-anemia-falciforme-protege-contra-malaria.html http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/11/grupo-descobre-como-anemia-falciforme-protege-contra-malaria.html Vida intrauterina A manutenção das funções fisiológicas na vida fetal se dá através da dependência materna, onde a circulação do sangue entre mãe e feto é feita pela placenta por meio de um sistema circulatório especializado. Essa circulação fornece nutrientes e oxigênio ao feto ao mesmo tempo que retira produtos de seu metabolismo. Transição e adaptação fisiológica Antes do nascimento, o feto é absolutamente dependente da mãe para as suas funções vitais. Após o nascimento, e com o clampeamento do cordão umbilical, o recém-nascido necessita assumir as funções fisiológicas, antes realizadas pela placenta, passando pelo período de transição, que compreende suas primeiras 24 horas de vida. A maioria dos bebês, tem seu processo de transição cumprido nas primeiras 4 a 6 horas de vida. Para a grande parte dos recém-nascidos, a transição para a vida extrauterina é suave e sem intercorrências, mas para alguns, é retardada ou difícil. O período imediato após o nascimento representa um dos mais difíceis do ciclo da vida humana, evidenciado pelo fato de que mais de 50 da mortalidade infantil, acontece no período neonatal. A adaptação do recém-nascido á vida extrauterina é favorecida pelo trabalho de parto, porque este ocasiona modificações nos sistemas e órgão do feto. A via de parturição influencia no processo de adaptação, principalmente em relação sistema respiratório, onde problemas como doença da membrana hialina, má adaptação pulmonar, infecção, aspiração de mecônio e pneumotórax, ocorrem em maiores porcentagens em bebês nascidos por cesariana do que por via vaginal. O sistema cardiovascular também é afetado, onde a frequência cardíaca e os níveis de pressão sistólica e diastólica são mais elevados no parto vaginal nas primeiras 2 horas de vida. Devido ao estresse do nascimento, observa-se um considerável aumento dos níveis sanguíneos de catecolaminas -epinefrina e norepinefrina-, onde se acredita que esse aumento seja responsável por algumas alterações que ocorrem durante o período de transição, como aumento do débito cardíaco e da contractilidade miocárdica, liberação de surfactante pulmonar, inibição da secreção de líquido pulmonar e promoção de sua reabsorção, estimulação da glicogenólise e indução da lipólise. Após o nascimento, ocorrem simultaneamente em todos os sistemas corporais do recém-nascido, ajustes fisiológicos dos sistemas orgânicos, e a viabilidade do concepto dependerá de sua rápida e adequada adaptação á vida extrauterina, onde as principais e imediatas adaptações da transição são a respiratória, a circulatória e a térmica. Adaptação cardiovascular O sistema circulatório fetal funciona como se fosse duas bombas interligadas funcionando em paralelo, e após o nascimento, o arranjo dos ventrículos faz com que a circulação neonatal funcione como uma conexão em série. Durante o período de transição, a circulação fetal necessita sofrer modificações para se tornar uma circulação neonatal. Desde o início do desprendimento materno, com o pinçamento do cordão umbilical, as principais modificações são 1. Desaparecimento da circulação placento-fetal; 2. Aumento do fluxo sanguíneo pulmonar; 3. Fechamento dos shunts fetais. Quando o cordão umbilical é clampeado e o neonato tem sua primeira respiração, a resistência vascular sistêmica aumenta e o fluxo de sangue através do ducto arterioso declina. A maior parte do débito ventricular direto flui através dos pulões favorecendo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo. Em resposta a um volume sanguíneo aumentado no coração e nos pulmões, a pressão atrial esquerda se eleva. Combinada com a resistência sistêmica elevada, essa elevação de pressão resulta em fechamento funcional do forame oval. Dentro de vários messes, o forame oval sofre fechamento anatômico. A instalação do esforço respiratório e os efeitos do aumento da pressão parcial de oxigênio arterial causam uma constrição do ducto arterioso, que fecha funcionalmente 15 a 24 horas após o nascimento. Em torno da terceira e quarta semana, esse desvio sofre fechamento anatômico. O clampeamento do cordão umbilical para o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, fechando funcionalmente essa estrutura. O ducto venoso se fecha anatomicamente em torno da primeira ou segunda semana. Após o nascimento, a veia e as artérias umbilicais não mais transportam o sangue e se obliteram. O fechamento funcional das estruturas cardíacas fetais – forame oval, canal arterial e ducto venoso-, acontece progressivamente, e completa-se em torno de um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar semanas. Devido aos shunts fetais se fecharem funcionalmente antes de se fecharem anatomicamente, podem ocorre aberturas intermitentes dessas estruturas, ocorrendo passagem de sangue não oxigenado do lado direito para o esquerdo do coração, levando o recém-nascido a apresentar uma cianose transitória e com o choro, aumenta a pressão da veia cava e átrio direito, que leva ao aparecimento de sopros. A simples presença de sopro não significa, necessariamente, a presença de um problema cardíaco, mas quando são acompanhados de cianose e sinais de dificuldade cardíaca e respiratória devem ser investigados. Adaptação respiratória Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém-nascido deve estabelecer sua respiração através dos alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. No decorre da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias diminuída, a complacência pulmonar melhora e o esforço respiratório reduzido. Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15 do débito cardíaco total. O inicio da função respiratória é estabelecida por estímulos químico, térmico, físico e sensoriais, como dor e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundo após o parto. Após os primeiros minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo sanguíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes. Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelida pela boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando orestante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupados pelos fluidos pulmonares por ar atmosférico. Adaptação térmica O organismo materno é responsável pela manutenção da temperatura fetal, e ao ser expulso do ventre materno, o neonato sofre um brusco impacto térmico, tendo que se ajustar ao novo ambiente através da termogênese sem calafrio. A regulação e manutenção da temperatura é um dos fatores mais críticos na sobrevivência e estabilidade do recém-nascido, por esse motivo, deve-se proporcionar um ambiente termicamente neutro, para que o consumo de oxigênio seja suficiente para a manutenção da temperatura corporal. Logo após o nascimento e com a finalidade de evitar perdas de calor, a criança deve ser colocada em um berço de calor radiante e ser completamente enxuta, principalmente na cabeça, onde uma touca pode ser eficaz contra o resfriamento. É muito importante manter o recém-nascido aquecido, porque este possui uma labilidade térmica, onde o frio – ou até mesmo calor em excesso -, podem provocar alterações metabólicas, como perda excessiva de calorias e acidose metabólica, que dificultam adaptação á vida extrauterina. Quando o bebê está apresentando hipotermia, sua taxa metabólica elevará para gerar calor, podendo ocasionar angústia respiratória que pode evoluir para um quadro de acidose metabólica. As crianças nascidas a termo possuem depósito de gordura marro, que representam cerca de 2 a 6 do peso do recém-nascido, e se localizam principalmente no pescoço, região interescapular, mediastino, ao redor dos rins e das suprarrenais. Esses depósitos são muito vascularizados e enervados, e quando sofrem estresse pelo frio, aumentam a produção de noradrenalina, que atua nesses depósitos, estimulando a lipólise e gerando calor. Os recém-nascidos prematuros possuem desvantagens para a manutenção da temperatura, porque possuem grande superfície de contato em relação ao peso, menor quantidade de tecido subcutâneo e gordura marrom, incapacidade de consumo de quantidade adequada de calorias para a termogênese e muitas vezes, devido aos problemas pulmonares, possuem consumo limitado de oxigênio. A manutenção da temperatura corporal no neonato se dá por interações entre a temperatura ambiente, perda e produção de calor, sendo que a capacidade de termorregulação é pouco limitada. A exaustão do mecanismo de termorregulação pode levar o recém-nascido à morte. Como já foi dito os tipos de mecanismos de perda de calor nos neonatos são condução, evaporação, convecção e radiação. As superfícies de baixa temperatura que entram em contato com o recém-nascido contribuem para a CONDUÇÃO do calor do neonato para essas superfícies. Deve-se forrar as superfícies e aquecer as mãos e os instrumentos antes de encostar na criança, afim de evitar esse tipo de perda de calor. A EVAPORAÇÃO provém do suor e perdas insensíveis de água, que dependem da temperatura ambiente, velocidade e umidade do ar. Ocorre quando os fluidos se tornam vapor no ar seco, consequentemente, quanto mais seco for o ambiente, maior será a perda de calor do neonato por evaporação. A evaporação insensível da pele – corresponde a 25 da perda de calor do neonato -, da umidade da pele e da mucosa do trato respiratório pode ser evitada mantendo-se a pele do recém-nascido seca. O mecanismo de perda de calor por CONVECÇÃO ocorre a superfície da pele para o ar ambiente e depende da velocidade do ar e temperatura ambiente, onde quanto mais resfriado for o ambiente, maior será a perda de calor por convecção. O ar aquecido que é expirado durante a respiração e a movimentação do ar sobre a pele do recém-nascido contribuem para a perda de calor por convecção, por isso é necessário umedecer e aquecer o oxigênio administrado, quando este for necessário, e na necessidade de transporte da criança, envolve-la em coeiros ou usar uma incubadora para o transporte. A transferência de calor da pele do recém-nascido para o ambiente devido a diferença de temperatura entre eles, caracteriza a perda de calor por RADIAÇÃO. Ocorre principalmente em grandes áreas de superfície, como a cabeça, por esse motivo, deve-se manter sempre a criança vestida, envolta em coeiros e, de preferência, com uma touca. A radiação representa a fonte de perda de calor mais significativa, mas também é o mecanismo na qual o recém-nascido ganha calor, através do berço de calor radiante e de fototerapia. O neonato se defende da perda de calor por meio dos mecanismos de CONTROLE VASOMOTOR - na qual ocorre uma vasoconstrição periférica, conservando o calor, ou uma vasodilatação periférica, dissipando o calor; ISOLAMENTO TÉRMICO – favorecida pela presença de gordura subcutânea; ATIVIDADE MUSCULAR – que aumenta a produção de calor; TERMOGÊNESE SEM CALAFRIOS – através da lipólise da gordura marrom. A instabilidade térmica tem como fatores de risco a prematuridade, anomalias congênitas septicemia, asfixia, hipóxia, comprometimento do SNC, aporte nutricional e calórico inadequado, diminuição dos movimentos voluntários, imaturidade do sistema controle térmico e quantidade de tecido subcutâneo insuficiente. Os equipamentos utilizados para aquecer a criança e evitar a perda de calor, como incubadoras e berços aquecidos, podem causar hipertermia. O excesso de calor pode mascarar uma infecção, não detectando uma hipo ou hipertermia associadas a um quadro infeccioso; e pode causar desidratação, uma vez que os aparelhos provocam aumento das perdas insensíveis de água. A hipertermia no recém-nascido é considerada quando este apresenta temperatura superior a 37,4 C, podendo também apresentar taquipneia, taquicardia, irritabilidade, desidratação, intolerância alimentar, diminuição ou aumento da atividade, choro fraco, acidose metabólica. Deve sempre ser detectada e evitada, porque pode levar o recém-nascido a óbito. Outras adaptações Além das principais e imediatas adaptações á vida extrauterina – circulatória, respiratória e térmica- o recém-nascido também passa pelas adaptações hepáticas, renal, digestiva, imunológicas, hematopoiética, neurológia e metabólica. O SISTEMA HEPÁTICO do recém-nascido é imatura, mas tende a funcionar adequadamente em situações não patológicas. O fígado é responsável por LIBERAÇÃO DA BILIRRUBINA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA – devido à ausência de atividade bacteriana no trato gastrointestinal, o neonato não tem condições de sintetizar vitamina K – responsável pela ativação de fatores de coagulação – satisfatoriamente, o que torna suscetível a desenvolver hemorragias, principalmente a doença hemorrágica do recém-nascido, que pode ser prevenida pela administração da vitamina K após o nascimento. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS – de 4 a 6 horas após o nascimento, a principal fonte de energia do neonato é a glicose, que é armazenada no fígado sob a forma de glicogênio. Nas primeiras 3 horas após o nascimento, devido ao trabalho de parto, cerca de 90 dessa reserva de glicogênio é utilizada. A reserva de glicogênio pode ser rapidamente diminuída em situações estressantes de hipotermia, hipóxia e alimentação retardada, levando o neonato a um estado de hipoglicemia. ARMAZENAMENTO DE FERRO – o fígado do recém-nascido contém ferro suficiente, numa gestação a termo e desde que a mãe tenha ingerido ferro suficiente, para produzir hemácias até 5 messes de idade. O feto é capaz de produzir urina e contribuir para a produção do líquido amniótico por volta da 10ª a 16ª semana de gestação. Ao nascimento, ocorre um aumento da resistência vascular sistêmica e uma diminuição e uma diminuição do fluxo renal, o que acarreta uma diminuição do fluxo glomerular. O SISTEMA RENAL do recém-nascido é um pouco imaturo, o que o torna suscetível,em casos de diarréia e vômitos, á desidratação, a cianose e desequilíbrio eletrolítico. Os rins do neonato são ineficazes na secreção de íons de hidrogênio nos túbulos renais para a manutenção do equilíbrio ácido-básico, porque os túbulos renais são curtos e estreitos, inibindo a concentração a acidificação da urina. Após o nascimento, o neonato precisa assumir as funções antes realizadas pela placenta, que incluiu o metabolismo da água, proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, afim de manter um crescimento e desenvolvimento adequados. Mas devido a imaturidade do SISTEMA DIGESTIVO, o recém- nascido apresenta dificuldades em metabolizar o alimento, em virtude de deficiência de enzimas pancreáticas e hepáticas. Apesar do feto poder deglutir líquido amniótico, a coordenação da sucção e deglutição se dá em torno da 35ª semana de gestação, assim, um recém-nascido a termo é capaz de sugar e deglutir o leite sem dificuldades. A capacidade gástrica no neonato, após o nascimento, é de 40 a 60 ml – que vai aumentando á medida das alimentações subsequentes -, o tempo de esvaziamento gástrico é de 2 a 4 horas; e a peristalse é rápida, por isso o neonato carece de ingesta alimentar em pequenos volumes e com maior frequência. Devido á frouxidão do esfíncter esofágico, o recém-nascido pode apresentar regurgitação da alimentação, que é uma situação transitória e tende a se resolver com o tempo. O SISTEMA IMUNOLÓGICO do recém nascido é deficiente, e com o evento da parturição, ocorre uma exposição do neonato as substancias ou agentes que não estavam presentes intraútero, o que ativa os componentes da resposta imunológica. Por isso, é necessário o pleno funcionamento do sistema imunológico do feto e recém-nascido para a diminuição da suscetibilidade a infecções, sejam elas bacterianas, virais, parasitárias ou fúngicas. A pele, mucosas, secreções e enzimas atuam como primeira linha de defesa do recém-nascido, em seguida fazendo parte deste sistema imunológico, entram em ação os linfócitos, fagócitos e granulócitos. A imunidade neonatal é afetada em recém-nascidos pequenos para a idade gestacional, hiperbilirrubinêmicos e filhos de mães que abusaram de drogas ou medicações. A VIDA ÚTIL DAS HEMÁCIAS fetais tem cerca de 90 dias, sendo que nos adultos é de 120 dias. Com a degradação das hemácias após o nascimento, o recém-nascido pode apresentar uma anemia fisiológica, porque possui hemácias com uma meia vida de 60 a 70 dias, quando a termo, e de 35 a 50 dias, quando prematuro. Por volta dos 3 meses de vida, a contagem de hemácias está dentro dos limites de normalidade. As FUNÇÕES NEUROLÓGICAS do neonato são, em sua maioria, primitivas e controladas pelo tronco cerebral e medula espinhal. Apesar de não estar totalmente desenvolvido, o sistema neurológico realiza as funções necessárias para a sobrevivência do neonato, como estímulo às respirações iniciais, a manutenção do equilíbrio ácido-básico e regulação da temperatura corporal. O cérebro necessita de aporte constante de glicose e níveis elevados de oxigênio para manter um metabolismo celular adequado. O neonato apresenta um SISTEMA ENDÓCRINO atomicamente maduro, mas funcionalmente imaturo. Os hormônios secretados pelas glândulas endócrinas, como hormônios do crescimento, cortisol e catecolaminas, auxiliam o recém-nascido na sua adaptação extrauterina. Durante o período intrauterino, o feto tem seu suprimento e manutenção de glicose efetuado pela mãe, onde a utiliza ou armazena na forma de glicogênio no fígado. Após o nascimento, o neonato deverá fazer a produção a manutenção da glicose afim de manter o equilíbrio homeostático da glicose, que é regulada pela insulina e utilizada por todos os sistemas corporais como fonte de energia. O neonato se torna vulnerável ao desequilíbrio da glicose pela interrupção do fornecimento materno e consumo do glicogênio armazenado, bem como pela insuficiência do pâncreas quanto a liberação da insulina. Referências Processo de adaptação do recém-nascido a vida extrauterina - file:///C:/Users/usuario/Downloads/ adapta%C3%A7%C3%B5es%20extraiterinas.pdf 6. DESCREVA A RELAÇÃO ENTRE O METABOLISMO DA GORDURA MARROM E O PESO DO RECÉM- NASCIDO. O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo formado por adipócitos e é dividido em MULTILOCULAR e UNILOCULAR. Ele se encontra espalhado pelo corpo com função de sintetizar e armazenar lipídeos em forma de gotículas de gordura, proteger os órgãos contra choques mecânicos, sustentar os órgãos internos nos seus lugares, ser isolante térmico e ainda ser a maior reserva de energia que temos no corpo. Cada adipócito é envolto por uma lâmina basal e fibras reticulares. file:///C:/Users/usuario/Downloads/%20adaptações%20extraiterinas.pdf file:///C:/Users/usuario/Downloads/%20adaptações%20extraiterinas.pdf Sua formação ocorre a partir de células mesenquimais indiferenciadas, que passam a absorver triglicerídeos e acumular em várias gotas que mais tarde vão se fusionar e formar uma única, ou em outros casos, permanecer nesse estado ao longo da vida do tecido. Tecido adiposo multilocular O tecido adiposo multilocular, também pode ser chamado de marrom/pardo e possui várias gotículas de gordura em cada adipócito. Ele é característico de recém nascidos e animais que hibernam, pois, sua principal função é MANTER O CALOR CORPORAL. Ao longo dos anos esse tipo de tecido adiposo vai desaparecendo. Tecido adiposo unilocular O tecido adiposo unilocular, que também pode ser chamado de comum/branco, é composto por apenas uma gotícula grande de gordura em cada adipócito. Suas funções são de reserva energética, isolante térmico, proteção e sustentação dos órgãos internos contra pressões externas. No nosso organismo há dois tipos de tecido que armazena gordura, o TECIDO ADIPOSO BRANCO e o TECIDO ADIPOSO MARROM. A maior diferença entre eles é que o tecido adiposo branco somente armazena gordura, enquanto que o marrom é responsável pela geração de calor. Além disso o tecido branco estoca a gordura em uma grande gota em seu interior e em sua maior parte, em forma de triglicérides. Bem diferente do tecido adiposo marrom, que estoca pequenas gotinhas de gordura dentro do seu interior. Nos últimos anos os cientistas têm se voltado para o estudo da gordura marrom. Ela está presente em recém- nascidos, para que eles possam se manter mais quentinhos e protegidos na espécie humana, esse tipo de gordura é mais abundante nos recém nascidos, porque eles não têm a capacidade de tremer – resposta do corpo para gerar calor. Entretanto, apesar de sua quantidade reduzir à medida que nos tornamos adultos e adquirimos outras formas de gerar calor, ela não desaparece totalmente. Durante os primeiros dois anos de vida vamos perdendo gradativamente o tecido adiposo marrom e desenvolvendo a gordura comum. Em comparação, a gordura marrom no adulto pesa cerca de 20 a 30 gramas, enquanto a gordura total pesa cerca de 25% do peso da pessoa, a depender da sua composição corporal. Se uma pessoa de 70 kg tem 25% de gordura, ela terá... 17,5 kg de gordura. A grande chave da gordura marrom é que ela, ao gerar calor, queima grande quantidade de calorias. – POR ISSO A RELAÇÃO DA PERDA DE PESO. https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/gordura-marrom-contribui-para-queima-de-calorias-no-frio/ https://wp.ufpel.edu.br/historep/files/2018/06/RESUMO-TECIDO-ADIPOSO.pdf https://www.diabetes.org.br/publico/notas-e-informacoes/1941-quando-nem-toda-a-gordura-e-a-mesma-voce-sabia- disso-1 7. EXPLIQUE A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO E O ESTÍMULO AO VÍNCULO. O reconhecimento da importância da amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida da criança é relativamente recente. Somente no final da década de 1980 começaram a aparecer relatos de que a introdução precoce (antes dos 6 meses) de água, chás, sucos, leite e/ou alimentos semissólidos/sólidos pode prejudicar a saúdeda criança. Em virtude da crescente conscientização da importância da amamentação exclusiva e da falta de padronização quanto à sua definição, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1991, estabeleceu as primeiras definições de aleitamento materno e propôs critérios globais como parâmetros para avaliar o progresso dos programas de promoção do aleitamento materno. Segundo a OMS, uma criança é considerada em aleitamento materno exclusivo quando recebe somente leite humano, diretamente da sua mãe ou ama de leite, * ou ordenhado e nenhum outro líquido ou sólido, exceto gotas ou xaropes contendo vitaminas, suplementos minerais ou medicamentos. Essa definição foi ratificada em 2008, em uma reunião de consenso na qual participaram a OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). Apesar dos esforços para divulgar a definição precisa de aleitamento materno exclusivo, ainda persiste certa confusão sobre o conceito de exclusividade na amamentação. Alguns, inclusive, não fazem distinção entre aleitamento materno exclusivo e predominante, sendo este último definido como o tipo de amamentação em que a criança recebe, além do leite humano, água e/ou bebidas à base de água, tais como água adocicada, chás, infusões e sucos de frutas. Esse conceito equivocado pode subestimar o real impacto da amamentação exclusiva na saúde da criança. DURAÇÃO RECOMENDADA De 1979 até 2000, a OMS recomendava aleitamento materno exclusivo por 4 a 6 meses, mas, a partir de 2001, passou a recomendá-la por 6 meses, com base em evidências científicas sobre os benefícios da amamentação exclusiva até essa idade. A introdução dos alimentos complementares antes desse tempo, salvo em alguns casos individuais, não oferece vantagens e pode ser prejudicial à saúde da criança. Uma revisão sistemática publicada em 2002 e atualizada em 2012 avaliou os efeitos na saúde, no crescimento e no desenvolvimento de crianças amamentadas exclusivamente até os 6 meses comparadas a outras que receberam leite materno exclusivo somente até os 3 a 4 meses, época em que foi introduzida a alimentação complementar. Essa revisão incluiu 23 estudos (ensaios clínicos controlados e estudos observacionais), sendo 11 de países em desenvolvimento (dois ensaios clínicos em Honduras) e 12 de países desenvolvidos (todos observacionais). Como conclusões, destacam-se: As crianças que mamaram exclusivamente até os 6 meses, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, apresentaram risco de morbidade por infecção gastrintestinal e infecção respiratória significativamente menor, além de não apresentarem risco maior de déficits de crescimento (peso ou comprimento); Para as mães que amamentaram exclusivamente por 6 meses houve maior rapidez na perda de peso acumulado durante a gravidez e prolongamento do período de amenorreia pós-parto. Já está bem documentado que a suplementação do leite materno com água e/ou chás nos primeiros 6 meses é desnecessária, mesmo em locais secos e quentes. https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/gordura-marrom-contribui-para-queima-de-calorias-no-frio/ https://wp.ufpel.edu.br/historep/files/2018/06/RESUMO-TECIDO-ADIPOSO.pdf https://www.diabetes.org.br/publico/notas-e-informacoes/1941-quando-nem-toda-a-gordura-e-a-mesma-voce-sabia-disso-1 https://www.diabetes.org.br/publico/notas-e-informacoes/1941-quando-nem-toda-a-gordura-e-a-mesma-voce-sabia-disso-1 A importância da amamentação até os seis meses Quando se fala em amamentação, o foco é sempre a saúde do bebê, mas é preciso dizer que a mãe também recebe diversos benefícios O leite materno é o alimento mais benéfico para a criança nos primeiros meses de vida. A composição do leite, além de ser rico em nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê, é, também, um importante meio condutor de anticorpos que o protegem contra infecções. O aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos, evita diarreia e infecções respiratórias, diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, leva a uma melhor nutrição e reduz a chance de obesidade. Além disso, o ato contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal do pequeno e promove o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. O Ministério da Saúde (MS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalham durante o Mês do Aleitamento Materno para promover a importância do leite da mãe, que deve ser o alimento exclusivo do bebê nos primeiros seis meses de vida, e que traz diversos benefícios aos pequenos e suas mamães. QUAIS OS BENEFÍCIOS QUE A AMAMENTAÇÃO TRAZ PARA O BEBÊ? Os benefícios de amamentar até os seis meses são muitos, tanto para a criança quanto para a mãe. E cada vez mais está se descobrindo ganhos ainda mais duradouros que se refletem ao longo de toda a vida. Muitos estudos mostram que o bebê que é amamentado acaba apresentando maior escolaridade, o que impacta diretamente no desenvolvimento do país. O leite materno também garante à criança que ela cresça com menos riscos de hipertensão, diabetes e colesterol alto, por exemplo, trazendo uma evolução para a saúde pública como um todo. Quando se fala em aleitamento materno, o foco é sempre a saúde do bebê, mas é preciso dizer que a mãe também recebe diversos benefícios. Amamentar até os seis meses diminui o risco de câncer de mama na mulher e ajuda no pós-parto, já que o útero se contrai e volta ao tamanho normal mais rapidamente. SALAS DE APOIO À AMAMENTAÇÃO Outro passo importante foi o aumento do número de implantações, por empresas privadas e públicas, de Salas de Apoio à Amamentação. Atualmente, o país possui 200 salas certificadas pelo Ministério da Saúde, com capacidade de beneficiar até 140 mil mulheres. Em 2014, eram 16 salas de apoio à amamentação. As Salas de Apoio à Amamentação são locais simples e de baixo custo para as empresas, onde a mulher pode retirar o leite durante a jornada de trabalho e armazená-lo corretamente para que, ao final do expediente, possa levá-lo para casa e oferecê-lo ao bebê. BANCOS DE LEITE HUMANO Os Bancos de Leite Humano (BLH) são uma das principais iniciativas do Ministério da Saúde para a redução da mortalidade infantil. Atualmente, o Brasil conta com 221 bancos de leite e 188 postos de coleta, além da coleta domiciliar. Todos os estados brasileiros possuem, pelo menos, um BLH. Desde 2011, mais de oito milhões de mulheres receberam algum tipo de assistência dentro da rede de bancos de leite humano. AMAMENTAÇÃO: CRIAÇÃO DE VÍNCULOS De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o ato de amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. Foi visto que este processo é definidor tanto do vínculo afetivo entre mãe e filho, como, também, serve de espelho sobre os fatores que regem as etapas de educação da criação, pois, nesta fase a criança recebe e armazena informações marcantes e de rotina, podendo refletir na definição de sua personalidade e na sua formação como cidadão. O vínculo mãe-bebê é fortalecido no momento da amamentação, pois a primeira relação social do bebê seria com a figura da mãe, representada pelo seio materno. O leite, o calor e o contato com o corpo da mãe, seu cheiro (que ele reconhece) e o som dos batimentos cardíacos o instigam. É assim que ele descobre o mundo e começa a ter consciência de si mesmo. O prazer proporcionado pelo ato de sugar e o amparo da mãe fazem com que o bebê se sinta acolhido e seguro. A amamentação é o ponto de partida para as interações com o mundo externo é base da afetividade. O Início do processo de individuação. Quando a mãe lhe aconchega nos braços
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