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Relatório Direito Comparado

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BREVE COMPARAÇÃO DA PROTEÇÃO JURÍDICA AMBIENTAL DE BRASIL E PORTUGAL 
João Hélio Ferreira Pes 
Relatório Direito Comparado.
Foi escolhido o texto de João Hélio Ferreira Pes sobre a proteção jurídica ambiental, pelo destaque e relevância que o tema sobre meio ambiente vem recebendo nos últimos anos, mais notoriamente pela mídia e nos debates políticos e também acadêmicos. A preservação do meio ambiente é de um valor indispensável para a continuidade da vida humana sobre a Terra e os impactos ambientais negativos causados pelo homem, estão dando sinais cada vez mais preocupantes de esgotamento e do colapso do ecossistema global. 
O autor da obra enfatiza que essa comparação foi favorecida pela histórica relação cultural, jurídica e política entre os dois países. 
O Brasil possui um capítulo próprio para as questões ambientais, dentre os quais diversos artigos constitucionais contemplam normas de natureza processual, penal, econômica, cultural, sanitária, tutelar administrativa e, ainda, normas de repartição de competência administrativa. 
A Constituição possui um conjunto de normas que determina ações e abstenções que devem ser observadas pela Administração Pública ou pelos particulares. Normas que explicitam um direito da cidadania ao meio ambiente sadio, (art. 225 caput), normas que dizem respeito ao direito do meio ambiente (art. 225, § 1º, I) e normas que explicitam um direito regulador da atividade econômica em relação ao meio ambiente (art. 225, § 1º, V).
Sua legislação ordinária é bastante ampla se tratando de proteção ambiental, as principais leis foram editadas nas décadas de 1980, 1990 e 2000, principalmente com o advento da Lei Federal 6.938, de 31 de agosto de 1981 que institui a Política Nacional do Meio Ambiente. 
Em Portugal sua Constituição íntegra normas ambientais que estipulam tarefas e obrigações do Estado e normas que garantem direitos subjetivos aos cidadãos. Segundo Vasco Pereira da Silva, a Constituição portuguesa ocupou-se das questões ambientais na dupla perspectiva da sua dimensão objectiva, enquanto tarefa estadual (art. 9), e da sua dimensão subjetiva, como direito fundamental (art. 66).
Portugal possui como marco importantíssimo da proteção ambiental a Lei que define as Bases da Política de Ambiente, instituída pela Lei nº 19, de 14 de abril de 2014, lei essa que revogou a de nº 11, de 07 abril de 1987, conhecida como LBA – Lei de Bases do Ambiente.
No Brasil, um marco importante se deu com a Lei federal nº 7.347 de 24 de julho de 1985, que disciplinou a Ação Civil Pública como instrumento específico para a defesa do ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, possibilitando que a agressão ambiental finalmente viesse a se tornar caso de justiça.
A ação popular tem como escopo a anulação de ato lesivo ao meio ambiente, praticado pelo poder público ou não. A Constituição estabelece que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. 
Outro marco legal fundamental, instituído no Brasil, é a Lei Federal nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais que visa sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, além de proteger a fauna e à flora a aplicação de medidas penais e administrativas, como as determinadas pela referida lei, que dispõe sobre a responsabilidade da pessoa física e jurídica quanto aos delitos contra a natureza. Essa lei representa tipos penais e infrações administrativas que contam com penas e sanções. 
Já em Portugal a ação popular pode se revestir de qualquer das formas processuais previstas na lei processual administrativa, civil e penal. A Lei da Acção Popular Lei nº 83/95 portuguesa cuida da tutela jurídica de vários interesses, no que tange ao meio ambiente, utiliza sobre o direito de participação do povo na elaboração de planos e determinação de locais e empreendimentos e de investimentos do Poder Público, diferenciando-se da Lei da Ação Popular do Brasil que trata especificamente da possibilidade de litígio judicial impetrado por cidadão, ademais a Lei da acção popular, apenas se refere a alguns aspectos da tramitação processual. As suas determinações não têm o alcance de submeter os processos em causa a um processo especial e acabado.
Nota-se uma diferença em comparação à legitimação ativa, enquanto que no Brasil apenas os cidadãos podem ser autores da ação em Portugal, tanto as pessoas singulares quanto às associações e, ainda, as autarquias locais em relação aos interesses de que sejam titulares residentes na área da respectiva circunscrição podem ser autores.
No Brasil, o direito ao ambiente ecologicamente equilibrado é eficiente assim como em Portugal, uma vez que se procede tanto pela ação popular, de modo mais restrito do que em Portugal, quanto pela sua ação civil pública, cuja legitimidade é conferida ao Ministério Público e a outros legitimados.

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