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DIREITO AMBIENTAL DOCENTE: HERON E-MAIL: AVALIAÇÕES Fichamento 2 textos; apresentar tema; apresentar caso – Peso 4 Ambiental e Direito Constitucional 18/03 Frequência – Peso 2 Avaliação escrita no final – Peso 4 15/06 BIBLIOGRAFIA 04 DE MARÇO DE 2020 A preocupação com o meio ambiente, enquanto autônoma, surgirá a partir da 2ª Guerra Mundial. Após a segunda guerra mundial, surgirão diversos danos em razão dar armas químicas. Enquanto movimento, surge nos anos 1970, nos EUA e Inglaterra, com o início da guerra fria e com a Guerra do Vietnã. A guerra fria faz os EUA enfrentar uma dificuldade, pois precisaria enviar os jovens para impedir que o comunismo tomasse conta do mundo. Diante disso, muitos jovens passaram a protestar, dando inicio aos movimentos hippies, feministas, negros etc. Uma parte do grupo começa a defender o meio ambiente e o retorno romântico à natureza. Os ecologistas eram uma minoria que surgiu. Os ecologistas prezam pela volta ao natural da sociedade indígena. Todo ambientalista é uma melancia, pois é verde por fora e vermelho por dentro. É o que se diz, pois o discurso ambientalista vem daqueles que se frustraram com o discurso comunista. Como característica, esse movimento tinha a existência de militância contra o capitalismo. Nos anos 1970, começam a ocorrer acidentes ambientais graves. O Clube de Roma, formado por intelectuais e políticos de diversos países, convocou a conferência Our Common Future, realizada em Estocolmo, em 1972, na qual foi cunhado o princípio do desenvolvimento sustentável dispõe que é preciso utilizar os recursos naturais de uma forma que não comprometa o uso desses recursos para as futuras gerações. Trata-se da solidariedade intergeracional, a geração atual deve se desenvolver, mas utilizar de forma racional os recursos finitos, para garantir que as gerações futuras possam dispor destes recursos. Ainda mantém um pensamento egoísta, preocupado com o desenvolvimento humano. O Brasil, que à época vivia uma ditadura militar, se posicionou contra as ideais defendidas pela Conferência, alegando que, os dos países desenvolvidos haviam explorado massivamente os seus recursos, aqueles em desenvolvimento também poderiam fazê-lo. Assim, a agenda ambiental passa a fazer parte da agenda política tradicional. O NEPA, em 1972, foi criado pelos EUA e copiado pelo Brasil, criando a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981, no Brasil. Quando entra na agenda política, surgem os tratados internacionais, as convenções internacionais. No direito, surgem diversos tratados e convenções internacionais destinados à proteção do meio ambiente, como a CITES, que trata do comércio internacional de animais ameaçados de extinção. Uma disciplina se torna autônoma quando tem um objeto específico definido e institutos específicos. O direito ambiental se autonomiza com o surgimento de uma legislação específica de proteção ambiental e o desenvolvimento de um conjunto de princípios específicos. 09 DE MARÇO DE 2020 APRESENTAÇÃO 01 A primeira fase A segunda fase é a fragmentaria, em que não há preocupação com o meio ambiente propriamente dito, mas com o uso de alguns recursos naturais, como durante a fase de exploração do ouro. A partir da segunda metade do século XX, a fase holística do direito ambiental, preocupada com o meio ambiente como um conjunto. A União tem competência de legislar normas gerais de caráter ambiental Antes de 1988, o fundamento para proteger o direito ambiental era o direito à saúde. O direito ambiental tem diversas normas jurídicas esparsas, não é, portanto, um direito codificado. Trabalha com uma definição de meio ambiente bastante elástica, não se restringindo a arvores, rios, lençóis freáticos, mas trabalha também com o meio ambiente rural e urbano que nos rodeia. Daí porque a protecao de bens históricos, culturais estarem protegidos. O conceito de meio ambiente é elástico e engloba todos os recursos físicos, químicos que estão no espaço em que vivemos. Muitos autores admitem que o LIMPE do art. 37 da CRFB/88 são aplicáveis ao direito ambiental. Todavia, existem princípios específicos, como o princípio do uso não predatório; princípio da precaução e prevenção, relacionados a necessidade de se analisar qualquer impacto em potencial que possa ser causado ao meio ambiente, e a evitar danos de que se sabe que a prevenção é possível, respectivamente; princípio do usuário poluidor-pagador, com incentivo econômico; princípio da informação; princípio da reparação; princípio da cooperação, segundo o qual os entes estatais e ONGs devem trabalhar de forma conjunta para prevenir e remediar danos ambientais. O meio ambiente é considerado direito fundamental. Esses princípios tem sua efetividade muito limitada, sendo necessária uma mudança de paradigma para que eles sejam efetivamente concretizados. ADI. Legislação estadual do Tocantins que dispensou o licenciamento ambiental para atividades agrossilvo pastoris, que o plantio é feito em torno de arvores ou sem o desmatamento grave delas, de modo a que não se destrua as florestas. Todavia, essas atividades, se praticadas em grandes extensões, podem causar grandes impactos ambientais. A competência para normas gerais é privativa da União, que estabelece o CONAMA para lidar com o licenciamento, que não permite a dispensa. É inconstitucional a flexibilização do licenciamento ambiental para dispensa desse licenciamento. A competência dos estados complementar podem ser para restringir, protegendo mais o meio ambiente, e para adequar a certas situações específicas daquele estado, mas jamais para flexibilizar a proteção. AULA O ministro Benjamin era promotor em São Paulo. O ambientalista sempre foi visto como comunista que se decepcionou com a União Soviética e que vai procurar outros movimentos. Os americanos, mesmo sendo capitalistas, tem uma legislação ambiental bastante vasta, pois a proteção ao meio ambiente se tornou uma necessidade efetiva dos seres humanos. Os países em desenvolvimento pensam que a proteção do meio ambiente é um movimento de países que já se desenvolveram, pois, para se desenvolver, seria necessário destruir o meio ambiente. O objeto próprio do direito ambiental: as normas de proteção do meio ambiente (normas ambientais). A norma é formada por princípio e regra (lei). Deve-se interpretar a lei à luz dos princípios, para se chegar na norma. O direito ambiental também possui princípios próprios, para além dos princípios administrativos. O ambiente é o meio/bem público, logo, o direito ambiental é uma extensão do direito administrativo. Os bens públicos são os de uso comum, de uso especial e dominicais. O meio ambiente é considerado um bem de uso comum. O direito de propriedade que engloba bens de uso comum, como o meio ambiente, passa a ser regido por normas de direito público, que impõe limitações administrativas ao direito de propriedade. Os princípios do direito ambiental são de ordem geral e pública: 1. Princípio da participação: toda vez que uma atividade correr o risco de poluir o meio ambiente, a comunidade envolvida deve ser ouvida. Esse princípio exige informação, educação ambiental e cooperação. 2. Princípio da prevenção: possui relação com a precaução. Sendo o dano ambiental de difícil reparação, deve buscar preveni-lo. O principal instrumento de prevenção é o licenciamento ambiental. Este princípio também está ligado ao princípio da precaução, que diz respeito a evitar uma situação de perigo duvidoso do ponto de vista científico. Aqui também se insere o princípio do Desenvolvimento sustentável, que é antropocêntrico, dizendo respeito à necessidade de preservar os recursos naturais para futuras gerações humanas. 3. Princípio da Reparação: a ideia de responsabilidade civil pelos danos causados. A OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico) são os países desenvolvidos que buscam cooperar para esse desenvolvimento. A OCDE compreende que é preciso um trabalho cooperativo para suprir as falhas de mercado decorrentes de desastresambientais, por meio de empréstimos, apoio, oferecimento de cursos, etc, fora evitar danos ao sistema financeiro. A falha de mercado criará custos sociais. A OCDE entende que o empresario deve incluir na planilha de custos da empresa uma verba destinada a prevenir e reparar, se for o caso, esses surtos ambientes: a internalização das externalidades. O empresário pode fazer isso a partir de incentivos fiscais. APRESENTAÇÃO 02 O artigo analisa o status jurídico que o ordenamento dá para a natureza e aos animais. A necessidade de embasamento filosófico para melhor compreender a legislação ambiental. A escola filosófica adotada culmina na diferença das soluções adotadas. Na idade antiga, temos um antropocentrismo exagerado: o homem é a medida de todas as coisas. Na idade média, temos um antropocentrismo moderado. Há um deus que criou o universo, inclusive o homem e a natureza, não há relevância tão grande no humano. No racionalismo moderno, a ideia reutilizará a fundamentação filosófica no pensamento dos sofistas: o homem é a medida de todas as coisas. A coisa pensante é a coisa que tem um espírito. O ser humano é além do corpo. A res extensa não tem as faculdades mentais, os pensamentos. Para Descartes, os animais não tem consciência, são apenas res extensa, coisas. O homem, um ser pensante, está em controle absoluto de tudo o que é externo, inclusive animais e natureza. Há um antropocentrismo puro. A expressão filosófica “penso, logo, existo” significa que a condição da existência humana mora no pensamento e a moral é uma extensão do pensamento humano, um filtro criado para harmonizar as relações sociais. Os animais não tem dom do pensamento, logo, na ideia cartesiana, os animais não fazem parte do ciclo da moralidade. Segundo Hegel, o que separa os homens dos brutos é a faculdade do pensar. O Celso Fiorilo faz uma crítica, dizendo que esse pensamento foi adotado pelo direito ambiental, sob a ideia de que o ser humano deve preservar a natureza. Todavia, o homem a preserva em seu próprio interesse. O Nanci Maganbeira critica que o ser humano utiliza coisas como instrumento para uma outra finalidade, isso tanto com os iguais quanto com os diferentes (coisas). O antropocentrismo puro idealiza utilizar as coisas como instrumento, inclusive o próprio ser humano. Kant não admite a relação jurídica entre animais e humanas, pois a relação jurídica exige bitaleralidade. Essa perspectiva muda quando se percebe que os direitos naturais são esgotáveis. Assim, o pensamento humano em relação aos não-humanos se torna mais humanitário. Há um dever moral com a natureza, mas indireto, com objetivo de preservar as gerações futuras. Trata-se de um antropocentrismo débil. A teoria animalista abolicionista admite a abolição completa da exploração institucionalizada dos animais, reivindicando que essa exploração é similar a escravidão, pois os animais são sujeitos de direito. Os animais teriam um protodireito, o direito de titularizados direitos e ser tratado como um sujeito com vida, o que sustenta o argumento de igualdade ecológica dos animais. A teoria animalista bem estarista aceita a exploração, admitindo normas que regulem para que os animais não sofram desnecessariamente. Refinement, replacement, reduction. Essa corrente tem um viés utilitarista, pois acredita que se o bonus superar o onus, trata-se de uma prática eticamente positiva. Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Direito Disciplina: Direito Ambiental – T02 Docente: Heron Gordilho Descendente: Milena Góes de Cerqueira FICHAMENTO Texto 2: BENJAMIN. Antonio. O meio ambiente na Constituição Federal de 1988. Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva. V. 19, n.1.2008. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/article/viewFile/449/407. Acesso em: 06 mar. 2020. “A constitucionalização da proteção do meio ambiente é uma irresistível tendência internacional, contemporânea do surgimento e do processo de consolidação do direito ambiental. Mas constitucionalizar é uma coisa; constitucionalizar bem, outra totalmente diversa.” (P. 38) “Primeiro, adota-se uma compreensão sistêmica (= orgânica ou holística) e legalmente autônoma do meio ambiente, determinando um tratamento jurídico das partes a partir do todo - precisamente o contrário do paradigma anterior.” (P. 39) “[...] um compromisso ético de não empobrecer a Terra e sua biodiversidade, [...] convida-se o direito de propriedade a se atualizar, colimando torná-lo mais receptivo à proteção do meio ambiente, isto é, reescrevê-lo sob a orientação da sustentabilidade. [...] uma clara opção por processos decisórios abertos, transparentes, bem-informados e democráticos, estruturados em torno de um devido processo ambiental[...].” (p. 40) “[...]uma nítida preocupação com a implementação, visando a evitar que a norma maior (mas também a infraconstitucional) assuma uma feição retórica [...]” (p. 41) “Da autonomia jurídica do meio ambiente decorre um regime próprio de tutela, já não centrado nos componentes do meio ambiente como coisas; estruturado, ao revés, em um conjunto aberto de direitos e obrigações, de caráter relacional, que, vimos, denominamos ordem pública ambiental [...]”(p.43) “[...] a Constituição de 1988 não foi inteiramente revolucionária, na perspectiva do Direito Comparado.”(p.44) https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/article/viewFile/449/407 “[...] a tutela legal do ambiente no Brasil tem início, de modo fragmentário, na década de 30 do século passado [...] os tribunais, à falta de porto mais seguro, deduziam ou enxergavam garantias de cunho ambiental mesmo quando não aduzidas claramente. [...] por meio da interpretação de dispositivos que asseguram outros valores tradicionais, como a vida [...], a saúde [...], a dignidade da pessoa humana, o due process, a função social da propriedade [...]” (P.45-46) “[...] Sem dúvida, uma argumentação de cunho estritamente antropocêntrico, com indisfarçável conteúdo economicista e militarista. [...] Nem sempre a degradação ou até a destruição integral de uma ecossistema ou espécie afetam, de modo visível e calculável, a saúde humana.”(p.49) “[...] o regime constitucional atual mantém a vinculação vida/ambiente, saúde/ambiente e segurança/ambiente. [...] conjugação que pode apresentar vantagens práticas, tanto mais se soubermos mitigar seu exagerado antropocentrismo.” (P. 51-52) “[...] a norma constitucional busca regular ora o uso dos bens ambientais (água, fauna, solo, ar, florestas), ora as atividades humanas propriamente ditas, que afetam ou podem afetar o meio ambiente”(p. 54) “Não podemos esquecer, como já referido, que o art. 225 é apenas o porto de chegada [...] de uma série de outros dispositivos que [...] instituem uma verdadeira malha regulatória, que compõe a ordem pública ambiental, baseada nos princípios da primariedade do meio ambiente e da explorabilidade limitada da propriedade, ambos de caráter geral e implícito”(p. 54-55) “Na Constituição há direitos, deveres e princípios ambientais (a) explícitos ou implícitos, (b) substantivos ou procedimentais e (c) genéricos e específicos.”(p. 55) “A doutrina, de uma forma geral, reconhece a existência de um direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado [...]”(p.58) “[...] o direito fundamental leva à formulação de um princípio da primariedade do ambiente, no sentido de que a nenhum agente, público ou privado, é lícito tratá-lo como valor subsidiário, acessório, menor ou desprezível.”(p.60) “[...] o direito fundamental ao meio ambiente toma para si feição ora primária (ou substantiva), ora procedimental (ou formal). [...] Inexiste coincidência necessária entre o titular do ônus nas duas categorias de direitos e deveres [...]” (P.61-62) “[...] previsão de deveres constitucionais direcionados à tutela ambiental, em favor dos próprios cidadãos e futuras gerações, ou ainda da própria Natureza. [...] Tais deveres ora encontram nos indivíduos ou coletividade seus destinatários, ora direcionam-se ao Poder Público”(p.65)“[...] o Poder Público causa degradação direta do meio ambiente - é o Estado-empreendedor [...] o papel do Estado é de degradador indireto, ao, comissivamente, apoiar ou legitimar projetos privados [...] por omissão, [...] quando o Estado despreza ou cumpre insatisfatoriamente suas obrigações de fiscalização e aplicação da legislação ambiental (= degradador-omisso)”(p. 69) “[...] , o constituinte de 1988, a partir das bases da função social básica, introduziu uma função ecológica autônoma, que deve ser cumprida necessariamente pela propriedade[...]”(p.75) Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Direito Disciplina: Direito Ambiental – T02 Docente: Heron Gordilho Descendente: Milena Góes de Cerqueira FICHAMENTO “No dia 6 de junho de 2017 foi publicada a Emenda Constitucional(EC n. 96/17), que, ao acrescentar o § 7º ao artigo 227 da Constituição Federal (CF), estabelece que as práticas desportivas que utilizem animais não são consideradas cruéis, desde que sejam manifestações culturais registradas como patrimônio cultural imaterial.” (P. 200) “[...] o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, em sua dimensão subjetiva, é um direito fundamental individual de terceira dimensão, constituindo-se, assim, em uma das cláusulas pétreas da Constituição Federal.”(p.200) “[...] deve-se, através do método sistemático, identificar a valoração (e não a hierarquia) das normas constitucionais, [...] identificar a escala axiológica de cada uma delas em caso de conflito.”(p.201) “[...] Para Bachof (1994), em casos em que uma norma constitucional vá de encontro a outra norma constitucional de um nível axiológico menor, estar-se-á diante de uma inconstitucionalidade de norma constitucional.”(p.201) “[...] as normas constitucionais não provêm de um mesmo poder constituinte, mas de dois poderes distintos. O primeiro é o poder constituinte originário, que é aquele que, sem nenhum limite positivo [...] ao passo que o poder derivado retira a sua competência das normas estabelecidas pelo poder constituinte originário[...]”(p.202) “As emendas e as revisões constitucionais, todavia, são obra do poder constituinte derivado, e, entre as hipóteses que autorizam a declaração de inconstitucionalidade dessas normas que alteram a CF[...]”(p.202) “[...] diante de uma alteração decorrente, por exemplo, de uma emenda constitucional, esta mudança não pode contrariar a vontade do constituinte original [...]”(p.202) “[...] o Supremo Tribunal Federal (STF) distingue normas materialmente e formalmente inconstitucionais e considera uma limitação material ao poder de reforma qualquer ofensa feita aos direitos fundamentais[...]”(p.203) “[...] a inconstitucionalidade decorrente do descumprimento de direito supralegal não positivado, ou seja, aquelas normas de ordem interna ou de ordem internacional que [...] devem ser cumpridas pelo fato de protegerem a dignidade da pessoa humana.” (P. 203) “[...] o artigo 5º, §2º da CF expressamente dispõe que ‘[...] os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte’”(p. 204) “[...] nas Constituições modernas o meio ambiente passa a ter uma dimensão objetiva, quando é tratado como fim e tarefa do Estado e da comunidade, e/ou subjetiva, quando assume a natureza de direito subjetivo individual[...]”(p.205) “[...] a ampliação da noção de dignidade humana passa pela conscientização dos valores ambientais (MIRANDA, 2012, p. 319), e cria um novo humanismo ecológico resultante da relação indissociável do direito à vida ao meio ambiente equilibrado[...]”(p.206) “[...] na terceira dimensão dos direitos fundamentais é o próprio direito individual à vida que está em jogo, embora ele também seja tratado como um direito suscetível de ser lesado coletivamente [...] Seja como for, o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado é um direito fundamental com status formal (art. 225, caput da CF) e material de cláusula pétrea, porque tem conteúdo imprescindível à dignidade humana (BELCHIOR, 2011, p. 104) e dos próprios animais [...]”(p.207) “[...] posição dúbia em relação aos animais, ora tratando-os como res, ora como seres sensíveis. [...] O fundamento legal para a posição que considera os animais como seres sensíveis é o artigo 225, VI da Constituição Federal”(p.207) “[...] a exploração institucionalizada dos animais é largamente permitida por outras leis infraconstitucionais, [...] Em nenhum caso, porém, a lei admite que os animais sejam tratados de forma cruel, isto é, que tenham a sua integridade física violada apenas para satisfação e divertimento de alguns indivíduos.”(p.207-208) “[...]compreensão dos direitos dos animais como individuais, ou seja, de primeira geração [...] mesmo sem poder desenvolver um raciocínio complexo, não perdem, por essa razão, a condição de humanos, nem os direitos que a acompanham”(p.208) “[...] o STF tem entendido ser inconstitucional as práticas que submetem os animais à crueldade apenas para o simples entretenimento das pessoas, mesmo que isso ocorra em uma manifestação cultural, como na Rinha de Galo, na Farra do Boi ou na Vaquejada.”(p.210) “[...] a dignidade pós-humana tem sido objeto de controvérsias, pois, segundo a doutrina tradicional antropocêntrica, apenas os seres humanos estariam incluídos nesse conceito[...]”(p.211) “Ao promulgar uma emenda constitucional que institucionaliza a prática de atos de crueldade contra os animais, o poder constituinte derivado extrapolou materialmente o poder constituinte derivado,[...]”(p.212) AMBIENTAL SLS 29 DE SETEMBRO DE 2020 Os arts. 21 a 24 determinam competências legislativas, materiais e administrativas. Na matéria do meio ambiental, não há uma competência privativa, competindo apenas a um dos entes federados. A proteção do meio ambiente acaba sendo uma competência comum. Em meandros de matéria ambiental, é necessário observar que, por exemplo, minérios é da competência da união. Assim, no sentido de organizar e definir melhor essas competências, sobreveio a lei complementar 191. O licenciamento ambiental está intimamente ligado ao Texto: Amanda Pinto. Anistela Vieira. A proteção das unidades de conservação. A lei complementar de 2011 foi instituída com intuito de unir as regras de licenciamento ambiental, que é tratada na legislação brasileira. Lei 9985/2000 regulamenta o sistema nacional de unidades de complementar e a lei complementar de 2011 que é posterior de 2000. Há uma discussão se as regulamentações dessa nova lei derrogam as considerações da lei de 2000. A zona de amortecimento não é necessariamente uma unidade de conservação, mas uma área estabelecida ao redor de uma unidade de conservação, que tem objetivo de filtrar os impactos negativos de uma atividade nociva que esteja ocorrida. Criada pelo art. 18 da lei 9985/2005. Essa zona de amortecimento só poderá ser concedida pelo órgão competente se autorizada pelo órgão responsável pela sua administrada. Assim, dois órgãos serão competentes para essa concessão. Em 2011, a lei complementar indica que somente um órgão poderia autorizar o acesso a essa zona de amortecimento. Existe diferença entre área circundante, cujo raio é menor e zona de amortecimento, cujo raio é maior. A zona de amortecimento o exercício de atividades está sujeito à normas, à autorização, apesar de não configurar unidade de conservação; está sujeito a mesma normatização da unidade de conservação. Todo crime ambiental viola lei federal. Todavia, a maior parte dos crimes ambientais acaba sendo julgado pela justiça estadual. Para verificar se a competência é de justiça federal, deve existir direito da união envolvido. Um crime ambiental ocorrido na zona de amortecimento afeta um interesse genérico da União, por ser uma área que circunda uma unidade de conservação, logo, é competência é a justiça federal. Um crime contra patrimônio nacional, que não se confunde com patrimônio federal, pode ser de competência tantoda união, do estado, quanto do município, dependendo da situação no caso concreto. Texto: Alysson. A participação popular Trata sobre a proteção constitucional do meio ambiente e da participação da sociedade no processo de preservação do meio ambiente. Equidade intergeracional é privilegiada pela CF, exigida pela questão dos esgotamentos ambientais e sua consciência; é um mandado constitucional e visa viabilizar a sustentabilidade, orientando a implementação de políticas públicas ambientais. A CF determina imposições ao Estado e à sociedade. Muito se tem falado sobre constitucionalismo verde. O texto determina um comportamento social ativo do cidadão, visando a proteção dos bens ambientais. Nesse sentido, são indicados três mecanismos para promover a participação popular: criação do direito ambiental – iniciativa popular para criação de normas ambientas, art. 61, §2º da CRFB/88, e o exercício do direito ao voto, formulação de políticas ambientais – através dos representantes, em órgãos responsáveis pela criação de políticas públicas e acesso ao judiciário – o controle da administração pública pelo judiciário, através da ação popular ou ação civil pública. Ao poder judiciário compete atuar quando o poder público for omisso nessas políticas. Questionamento sobre o ativismo judicial. CADERNO MARIANA Apresentação competência administrativa ambiental (mesmo tema que apresentei). Comentários do prof: A questão do licenciamento é importante para a preservação por conta das interferências políticas, tanto nas Zonas de Amortecimento quanto nas próprias unidades de conservação. Há ainda a área circundante, cujo raio é maior que a zona de amortecimento. A zona de amortecimento fica ao redor da unidade de conservação, num raio de 3 quilômetros e, apesar de não a integrar, o desenvolvimento de atividades lá está sujeito à mesma normatização do miolo. Um crime ambiental ocorrido na zona de amortecimento é de competência da J. Estadual. A maior parte dos crimes ambientais termina sendo julgado pela Justiça Estadual. Para verificar se há competência da JF é preciso verificar se há bem federal envolvido ou se há previsão em tratados internacionais, etc. A unidade de conservação é instituída pela União e, portanto, é bem da União. O crime ocorrido em seu interior é de competência da JF. A zona de amortecimento não é bem da União e, portanto, a competência é da J. Estadual, em que pese atinja interesse da União. A floresta amazônica é patrimônio nacional (bem que pertence a todos os brasileiros), mas não se confunde com patrimônio federal e, portanto, o crime ambiental praticado nela não é de competência da JF. A propriedade é de todos, não só da União. Apresentação “participação popular na implementação das políticas públicas ambientais” (Alysson) – Baixar fichamento O CONAMA é presidido pelo Min. do Meio Ambiente. Trata sobre a proteção constitucional do meio ambiente e da participação da sociedade no processo de preservação do meio ambiente. Equidade intergeracional é privilegiada pela CF, exigida pela questão dos esgotamentos ambientais e sua consciência; é um mandado constitucional e visa viabilizar a sustentabilidade, orientando a implementação de políticas públicas ambientais. A CF determina imposições ao Estado e à sociedade. Muito se tem falado sobre constitucionalismo verde. O texto determina um comportamento social ativo do cidadão, visando a proteção dos bens ambientais. Nesse sentido, são indicados três mecanismos para promover a participação popular: criação do direito ambiental – iniciativa popular para criação de normas ambientas, art. 61, §2º da CRFB/88, e o exercício do direito ao voto, formulação de políticas ambientais – através dos representantes, em órgãos responsáveis pela criação de políticas públicas e acesso ao judiciário – o controle da administração pública pelo judiciário, através da ação popular ou ação civil pública. Ao poder judiciário compete atuar quando o poder público for omisso nessas políticas. Comentários do prof: A crítica que se faz ao ativismo judiciário é enquanto à ação deste como agente político. Quando ocorre omissão do Executivo, o Poder Judiciário poderia fazer as vezes do ente político ou apenas constituir em mora e esperar a solução por parte do legislativo ou executivo? No Direito, o sistema binário de “sim ou não”/”certo ou errado” normalmente é falho. O pós-humanismo liga-se a uma concepção filosófica atrelada ao pós-modernismo, uma transição da sociedade industrial para um próximo estágio de evolução, buscando um desenvolvimento sustentável. Há leis prevendo que a educação ambiental seja ministrada no ensino fundamental, médio e inclusive superior, mas não são observadas. Está intimamente relacionada ao princípio da participação, pois só se pode participar enquanto cidadão consciente se houver educação a respeito. O “esverdeamento” da Constituição: A natureza é sujeito de direitos? Aqui resgata-se as visões antropocêntricas e biocêntricas do direito. Segundo a primeira, a proteção da natureza depende da utilidade que ela tem para os humanos e, para a segunda visão, não há essa dependência. Na Constituição do Equador há previsão da natureza enquanto sujeito de direitos. A ação popular é instrumento hábil para a proteção do meio ambiente? Ela manifestamente cabe para a tutela do meio ambiente, permitindo a atuação do cidadão. Anteriormente o meio ambiente era apenas objeto de tutela via ação coletiva pelo MP. A ação popular permite o direcionamento da demanda contra praticamente todos. Equidade intergeracional: Os recursos ambientais são finitos e, portanto, devem ser utilizados com sustentabilidade. A geração de hoje tem responsabilidade perante a geração de amanhã, todos têm direito ao meio ambiente equilibrado e as gerações futuras são vulneráveis, pois sequer existem ainda, necessitando de “tutores”, que tutelem seus interesses. Segundo a CF, esse tutor é o MP. Os cidadãos têm o poder, mas não o dever de fazer essa tutela. Apresentação “a desconsideração da personalidade jurídica sob a ótica da análise econômica do direito” (Cadidé) A análise econômica do direito é método que encara as normas como incentivos os desincentivos para as ações dos indivíduos. Os pressupostos são basicamente os mesmos de uma análise macroeconômica, servindo de base para analisar a eficácia de uma norma jurídica. Nessa chave de interpretação, a função de uma norma eficaz é a capacidade de remover empecilhos para a ação dos indivíduos, levando em conta a consequência dos atos, maximizando a eficiência das escolhas do sujeito. Parte de individualismo um metedológico. A personalidade jurídica é uma abstração, uma “invenção do Estado”. Para a desconsideração da personalidade jurídica, a teoria maior é aquela em que é necessária a comprovação do abuso da personalidade jurídica, com o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial (art. 50 do CC). A teoria menor se baseia no art. 28, § 5º do CDC, apenas determinando a desconsideração quando a personalidade jurídica for obstáculo para o ressarcimento de prejuízos. A autora conclui com base nos princípios da análise econômica do direito que a melhor teoria seria a maior, prevista no CC/02, pois há ampla defesa por parte dos sócios, gerando maior segurança do que a teoria menor. Comentários do prof: A análise econômica pode ser realizada em qualquer área do direito. Para fins da tutela do meio ambiente a teoria que parece mais eficaz é a menor, pois o mero prejuízo ao meio ambiente justifica a desconsideração da personalidade jurídica. A análise econômica visa moldar comportamento e a aplicação da teoria menor enseja conduta mais cautelosas dos atores econômicos quanto ao meio ambiente. A análise econômica do direito teria pertinência para o crime patrimonial, mas não para os crimes passionais, que não seriam influenciados pela pena majorada ou pela maior persecução. O crime ambiental patrimonial se submeteria à racionalidade da análise econômica, mas os ambientais não patrimoniais não, segundo os autoresdo campo. Na responsabilidade civil ambiental aplica-se a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no CDC. Implica no afastamento da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, atingindo o patrimônio dos sócios, tendo eles praticado a conduta e colaborado para o ato ou não. A desconsideração está prevista na Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, que prevê também a liquidação forçada quando a empresa foi constituída exclusiva ou preponderantemente com o objetivo de praticar crimes ambientais. A liquidação forçada é pena acessória, cabendo apenas para crime e não para responsabilidade civil. A pessoa jurídica nesse caso é instrumento de crime e, nessa condição, é perdida em favor da União. A Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente prevê medidas administrativas, criminais e cíveis. Uma delas é justamente a desconsideração. Na prática, quem comete o crime é a pessoa jurídica e deve receber a pena. Tal pena não pode ser estendida para quem quer que seja e, portanto, se a pena de multa resta impaga não pode ser transmitida a terceiros. Constatando-se que o crime foi praticado pelo sócio, gerente, preposto, etc, haverá concurso de agentes. Teoria da dupla imputação necessária: Essa teoria caiu já tanto no STF quanto no STJ, pois na prática é extremamente difícil identificar quem foi a pessoa física que praticou o crime no interesse da pessoa jurídica e, ao exigir essa identificação, está se “desprotegendo” o meio ambiente. A pessoa jurídica responde pelo próprio crime ambiental que praticou. Praticado crime ambiental, a pessoa jurídica sempre vai responder como autora se a conduta foi praticada no seu interesse por qualquer das pessoas no art. 2º da LCA (Lei de Crimes Ambientais). Identificando-se a pessoa física, ela também responde, em concurso de agentes. Não havendo benefício ou interesse da empresa, tendo o sócio utilizado a pessoa jurídica apenas em benefício próprio, há responsabilidade criminal apenas da pessoa física. Não haverá responsabilidade penal da pessoa jurídica (art. 3º, caput da LCA). O parágrafo único do art. 3º diz que a responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade da pessoa física coautora ou partícipe do fato criminoso. 06 DE OUTUBRO DE 2020 Inicialmente, a autora faz consideração sobre o surgimento da ação de civil pública 7347/85, período que foi marcado pela democratização do país. A preocupação legislativa era o acesso à justiça, por isso a ACP como instrumento para proteção dos interesses coletivos ou difusos. A legitimidade ativa, segundo art. 5º da lei, apresenta um rol extenso de legitimados. Todavia, o MP acaba ganhando destaque com titularidade dessas ações. Por ser o MP um dos principais autores, o inquérito civil é um procedimento administrativo que tramita dentro do MP, que busca imputar responsabilidade a um poluidor, servindo de base para a ACP e para o TAC (termo de ajustamento de conduta), que a empresa poluidora firma perante o MP, assumindo obrigações para regularização da conduta. Também pode haver arquivamento desse inquérito quando não houver indícios que possam imputar a responsabilidade ao poluidor. A condenação em dinheiro ou obrigações de fazer/não fazer são as condenações na ACP. Antes, o STF não admitia a cumulação desses pedidos, mas a autora já defendia essa hipótese. Atualmente, o STF entende que é plenamente possível tal cumulação. A competência da ACP, no art. 2º, informa que será no foro do local onde ocorrer o dano. Essa regra deve ser conjugada com a da extensão da coisa julgada (art. 16). O dano pode alcançar um determinado local e, portanto, a extensão da coisa julgada se limitará naquele território. Pode ter alcance regional, a competência será, portanto, na capital daquele estado. de âmbito nacional, em regra, a competência será da capital do DF. Todavia, houve entendimento do STJ que seria possível foro da capital dos Estados. A competência para os crimes ambientais é da justiça estadual. Só será da JF, caso haja uma lesão aos interesses, bens ou serviços da União. A tutela de urgência, na ACP que versa sobre proteção do meio ambiente, passa a fazer parte do próprio devido processo legal, sendo a regra. Acerca do elemento provas, regra geral, não terá distinção ao processo civil. Quanto a inversão do ônus da prova, o CDC poderá ser utilizado; a base principiológica do direito ambiental, poluidor-pagador, prevenção, precaução; o poluidor terá que provar que a sua conduta não gerou um dano ao meio ambiente. Quando as provas forem colhidas no âmbito da MP, produzidas por órgãos públicos, essas provas podem ser judicializadas, porque dotadas de fé pública. Se julgada procedente, terá efeitos erga omnes; improcedência por insuficiência de provas, não haverá coisa julgada sobre o autor ou outros legitimados; improcedência mesmo com prestação de provas, haverá coisa julgada para o autor, mas os demais legitimados poderão propor novamente essa ação. Responsabilidade civil (Ana Paula correias) Relação entre a responsabilidade civil e a sustentabilidade, que não está relacionada somente ao dano ambiental, mas as relações sociais equilibradas. Não haverá meio ambiente equilibrado enquanto os instrumentos não estiverem O sistema brasileiro vai ser marcado pela reincidência do agente na prática desse ato ilícito, mesmo depois dele ser condenado ao ressarcimento da lesão que foi causada e isso confrontará a ideia de sustentabilidade. Ocorre uma insuficiência dessas medidas, que estão limitadas a manutenção do status quo e, assim, haverá a proposta de mecanismos que permitam As regras da responsabilização devem ter função de prevenção e punição e se voltam ao agente ofensor e sair do foco anterior que era muito Uma lesão de mesma intensidade pode causar danos diferentes a sujeitos diferentes. Cabe ao julgador analisar se a reparação da lesão deve se relacionar com o interesse legítimo. Os nossos tribunais tem usado os critérios de gravidade da culpa, repercussão social do dano e reprovabilidade da conduta. Jasmine Melo Os danos ambientais estão se tornando a maior marca e a maior ordem do dia, pois acontecem de forma intensa. Os custos das atividades ambientais continuam crescendo, gerando uma preocupação com o meio ambiente. Antes, os tribunais e legisladores não tinham preocupação com o meio ambiente, mas com o crescimento econômico agressivo. Todavia, em razão dos recursos finitos, pensam nas futuras gerações e modos de desenvolvimento sustentável. Após isso, aponta causas para rejeição A responsabilidade civil não pode ser nos moldes do direito civil, mas deve ser adaptada. Essa rejeição inicial se deu por 4 causas: funcional, a tradicional visão destina a reparação e não prevenção dos danos; técnica, diante da inadaptabilidade do instituto à complexidade do dano ambiental, por vezes, não há como achar uma vítima e há dificuldade de enxergar quem seria o autor do dano; ética, na hipótese de terminar em indenização, sendo impossível a reconstrução do bem lesado. Quando não é possível reparar o bem lesado acadêmica, no direito público, há uma tendência egoísta pois enxerga que a proteção ao meion ambiente deve ser só dela, mas não cabe ao direito privado. A redescoberta do instituto nesse campo se deu por outras causas: transformação do meio ambiente em recurso escasso e finito; percepção de que o estado comando-controle não protege o meio ambiente; surgimento de novos direitos subjetivos; O renascimento das resp. civil na protecao do dano ambiental: foi uma transformação e não um resgate mecânico. Teve de haver essa fragmentação para a transposição. A resp. civil está ssociada ao princípio do poluidor-pagador, seja na reparação ou na prevenção; A degradação do meio ambiente tem causas plúrimas. Princípios da precaução: padrões de segurança rigorosa 1. Poluidor pagador: o poluidor deve assumir as custas necessárias 2. Usuário-pagador: preços devem refletir os custos e esgotamento de recursos 3. Reparabilidade integral do dano ambiental A responsabilidade civil deveser adaptada para ser transposta ao direito ambiental. Ao conceituar o dano ambiental: alteração, deterioração destruição parcial ou total de qualquer dos recursos naturais, afetando diretamente, o homem ou a natureza. É preciso ter em conta os princípios ambientais: Princípio da participação: a sociedade deve participar das decisões que são tomadas em relação ao meio ambiente; Princípio da prevenção: é necessário que haja a prevenção do dano; quando já se sabe sobre os danos daquela atividade; Princípio da precaução: quando há dúvida cientifica sobre os danos Princípio da reparação: se houver dano, deve ser reparado; Princípio do desenvolvimento sustentável: ligado a ideia de futuras gerações; que os recursos ambientais durem suficientemente para as gerações futuras Princípio do poluidor-pagador: está mais próximo da prevenção, porque exige que o empreendedor inclua nos custos de sua empresa os danos sociais que provavelmente sua atividade causará. Exigência de ordem econômica que os empreendedores coloquem mecanismos de mitigação e reparação dos danos. A responsabilidade está presenta na reparação, após o dano. A ACP faz uma tremenda revolução, pois, até então, a ideia de separação dos poderes é invertida, já que a criação da teoria do interesse difuso implica na colocação de um substituto processual para realizar a defesa em nome de outrem. Ainda, a criação do instituto do inquérito civil dá aos promotores a oportunidade de investigar os danos ambientais. Ainda, reforçou as garantias dos promotores (dos magistrados) para exercer o múnus da proteção do meio ambiente com independência e liberdade. Isso se deu com a CRFB/88 e a lei da política nacional do meio ambiente. Os efeitos da decisão na ACP passam a valer erga omnes e não somente inter partes, valendo para todos dentro da área de jurisdição do juiz. A responsabilidade civil, que é instituto do direito privado, passa para o direito ambiental, direito público. Ao importar, o direito ambiental sofistica esse instituto, que já tinha sido importado pelo direito administrativo, pois cria a teoria do risco integral, que não admite nenhuma excludente de responsabilidade. Ainda que a atividade seja regular, se provocar danos, deve haver indenização; ainda que tenha sido provocado por um motivo de força maior. A obrigação é propter rem, quando relacionada a um bem. 7 Haverá inversão do ônus da prova, pois o poluidor tem que provar que não produziu o dano. A responsabilidade será objetiva, bastando a comprovação da conduta, dano e nexo de causalidade, sem necessidade do elemento subjetivo. Independentemente de culpa, o dano ambiental deve ser reparado. O autor da ACP pode escolher contra quem promoverá a ação, pois a responsabilidade é solidária. A desconsideração da pessoa jurídica, na questão ambiental, provando que o patrimônio da empresa não é suficiente, no caso de atos ilícitos, a execução poderá alcançar o patrimônio dos sócios. 13 DE OUTUBRO DE 2020 Modelo unitário: todas as leis penais ambientais estão inclusas no CP do país respectivo. Modelo mosaico: típico das legislações esparsas. A legislação penal ambiental não está concentrada no CP junto com as demais leis penais. Luiz Régis Prado fala que, independentemente do modelo, o que importa efetivamente é que a tutela penal seja efetiva. A discussão é como fazer esse modelo ser efetivo. Há mais uma divisão dentro do que antes era só unitário e mosaico. Modelo dos países sem tutela: países que não tem tutela do meio ambiente Modelo mosaico Modelo unitário Modelo ideal: nenhum país o adota O sistema transnacional de tutela ao meio ambiente, no âmbito penal, não existe ainda. A tutela penal internacional do meio ambiente é necessária e o próprio dano exige isso. A criação de tribunais penais internacionais é indispensável, pois o importante é fornecer instrumentos para que o povo possa acionar o direito que lhes é dado. No Brasil, o direito penal ambiental está em legislações esparsas e no art. 225, III da Constituição Federal. A lei 9.605 é a lei geral dos crimes ambientais, que também trata de questões administrativas e cooperações internacionais. Há uma corrente que preza a lei e ordem, quanto mais duras as penas, menos crime ocorre. Todavia, quem defende essa corrente, de regra, defende para crimes comuns e não para crimes ambientais ou crimes comuns. Os abolicionistas defendem o fim do direito penal total. A corrente minimalista entende que o direito penal deve servir somente para crimes que ofendem bens jurídicos fundamentais, como a vida, integridade física e liberdade das pessoas. A quarta escola, distores utópicos da realidade ou neorrealistas, são aqueles que entendem que o direito penal não deve ser abolido e ele deve ser, além dos bens jurídicos fundamentais, deve proteger o meio ambiente e combater a corrupção (proteção ao patrimônio público). A lei geral de crimes ambientais tem tipos muito abertos e abstratos, sendo sempre necessário que o julgador preencha essa abertura. 20 DE OUTUBRO DE 2020 A efetividade do direito urbanístico no Brasil. As origens do processo de urbanização, no Brasil, ocorreram na década de 30 (ciclo do café), quando se promoveram as atividades industriais; a industrialização no estado novo e o milagre na década de 70. A valorização no preço das terras desfavoreceu as classes que não tinham condições de arcar, que foram empurradas para as periferias. Os serviços básicos não incluem necessariamente essas zonas. Há a tendência do afastamento das pessoas mais pobres da região mais valorizadas. As cidades legais ou periferias são invisíveis, haja vista as normas de legislação. A posse não é amparada pelo direito de propriedade, e muitas dessas pessoas não tem registro imobiliário. A ocupação da cidade ilegal é nociva ao meio ambiente; as favelas são construídas em ambientes muito mais frágeis. Todavia, não só as favelas são desastrosas para o impacto ambiental, mas também as construções feitas nos centros valorizados. Isso causa a falta de efetividade dentro do direito urbanístico. É necessária a regularizar esses ambientes de acordo com as normas de urbanização, para que haja uma efetivação do direito ambiental. Além disso, os centros históricos vão sendo descartados a medida com que passam a ser mais populares, mesmo que sejam regulares. Como causas da inefetividade do direito urbanístico, temos: 1. Baixa renda das pessoas que foram deslocadas para cidades ilegais, que trabalham nos centros urbanísticos 2. Descompasso da legislação com a realidade 3. Ilegalidade produzida nas áreas valorizadas, com fins de maximizar o proveito da sua propriedade, como fraudes no sistema de registro, corrupção dos agentes fiscais. 4. Precariedade na fiscalização, que deveria ser implementado através do poder de polícia, promovendo a proteção das normas de direito ambiental 5. Especulação imobiliária, que favorece o lucro e contribui para a segregação. O processo de construção do país, desde as origens, a desigualdade social e econômica foi determinante para refletir a inefetividade das normas de direito urbanístico no país. Após a extinção da abolição, não houve nenhuma política para a concessão de moradia dessas populações, o que culminou a ocupação de regiões periféricas, incluindo aquelas protegidas ambientalmente. Pelourinho é patrimônio histórico internacional, reconhecido pela UNESCO. Apesar de ser herança colonial, sua ocupação foi feita pelos negros, que não tinham condições de manter aquele local. Assim, o governo estadual focou em atrair empresários para que, com seu dinheiro, fizessem a manutenção do local e atraíssem turística. Com isso, expulsou-se a comunidade pobre que morava lá. Preocupou-se apenas em manter o patrimônio material, mas não as pessoas (patrimônio imaterial). Essa população foi colocada de vez na marginalidade, o que gerou problemas relativos à segurança no Pelourinho. O que está tombado não é o acarajé, mas o ofício das baianas de acarajé, pois é patrimônio imaterial. Do mesmo modo, o quese protege não é o samba de roda, mas as comunidades que o praticam. 27 DE OUTUBRO DE 2020 CÓDIGO FLORESTAL CONTEXTO HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO FLORESTAL BRASILEIRA O primeiro código florestal é de 1934, o decreto 23.793. Em 1965, a lei 4771 instituiu o novo Código Florestal. Em 2012, a lei 12.651 instituiu a lei de proteção da vegetação nativa. Logo, muito embora seja usado o apelido de “novo código florestal”, O Código de 1934 dava limites de uso da propriedade, estabelecendo a obrigação de respeitar a vegetação existente na terra, considerada bem de interesse comum de todo o brasil. Na época, estávamos em uma situação em que a legislação brasileira era esparsa para as questões ambientais, havendo algumas contradições. Em 1965, surge o Novo Código Florestal, com uma percepção de que as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecida de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do país, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta lei estabelecem. Ratifica o que já estava posto no Código de 1934. Na atualidade, o artigo 225 da CRFB/88 estabelece um novo paradigma para o direito brasileiro, colocando o direito ambiental como direito constitucional. A partir de 1988, tivemos uma visão holística do meio ambiente, enquanto antes, havia somente uma legislação e regualcao esparsa. A lei 12.651/2012 sobre a Proteção da Vegetação Nativa, foi como uma tentativa de reforma do Novo Código, mas é um equívoco chama-la de código, porque a própria lei não se autointitula e porque não alcança a integralidade de tutelas ao meio ambiente, muito embora estabelece conceitos e procedimentos administrativos a serem observados. Há um problema na denominação do Código Florestal, pois é um apelido dado pelo uso comum, Antes da CRFB/88, haviam leis especiais que devem ser observadas pelo “novo Código Florestal” de 2012, como a lei 7.661/88, que institui o plano nacional de gerenciamento costeiro como parte integrante da política nacional para os recursos do Mar (PNRM) e Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) – Lei 6.938/81. Na própria CRFB/88, os parágrafos são provocativos, incentivando o legislador e os cidadãos a pensar a questão ambiental e proteção, como a necessidade de formatar legislação especial para aquele procedimento. A lei de crimes ambientais – lei 9.605/1998 dispoe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente se refere ao §1º do art. 225 da CRFB/88. Além disso, temos a lei 9.985/00, sobre sistema nacional de unidades de conservação, referente ao §2º do art. 225 da CRFB/88. A lei 11.284/2006 dispoe sobre a gestão de florestas públicas para produção sustentável e institui na estrutura do ministério do meio ambiente, o serviço florestal brasileiro, além de criar o fundo nacional de desenvolvimento florestal (FNDF). A lei 11.428/06 dispoe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. A lei 13.123/15 dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade. Essa legislação que hoje chamamos de “código florestal” respeita e tem que respeitar a legislação especial aqui citada. A lei de vegetação nativa “’novo código florestal” não revogou toda a legislação especial anterior, bem como a legislação especial posterior não o revoga, mas se complementam. SELEÇÃO DE CONCEITOS E DE PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS NA LEI. Amazônia legal é o espaço muito além da Amazônia. A Amazônia legal abrange uma área de 5.217.423 quilômetros quadrados. Art. 3º da lei 12.651/2012. I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; O direito ambiental se relaciona com prevenção e precaução, este último se referindo àquilo que ainda não sei. As queimadas se relacionam com a seca e com a atividade criminosa. A Amazônia legal é uma área de preservação, pois é uma área de maior biodiversidade do mundo. Art. 3º da lei 12.651/2012.II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Art. 3º da lei 12.651/2012. III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo. O Estatuto da Terra de 1964 é quem traz a definição de módulos fiscais, em seu art. 50. Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei. O conceito de área rural consolidada é a área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvopastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio. As pessoas podem recuperar essa área fazendo as compensações. Art. 3º XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo; Alguns agricultores estão tentando se valer dessa área de pousio para indicar como área recuperada, mas esta não é a verdade. Além disso, alguns agricultores não querem aceitar o percentual determinado em lei para recuperação dessas áreas. O mercado de carbono e o Protocolo de Kyoto O mercado de carbono foi estabelecido no protocolo de Kyoto, que solicita que tenhamos o mínimo de emissão de carbono para evitar o aquecimento global. Trata-se de um valor que determina o limite da redução que precisamos realizar de emissões de gas carbônico e que cada um dos produtores pode usar para fazer compensações. O cadastro ambiental rural – CAR é o registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integras as informações ambientais das propriedades e posses rurais (art. 29 da lei de vegetação nativa). A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses rurais. Para que o proprietário se desobrigue, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de registro de imóveis onde conste a averbação da reserva legal ou o termo de compromisso já firmado nos casos de posse. O CAR não dá título de propriedade. Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informaçãosobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. O programa de regularização ambiental (PRA) é o conjunto de acoes ou iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental de cada imóvel rural. Restringe a regularização das áreas de preservação permanente, de reserva legal e de uso restrito desmatadas até 22/07/2008, ocupadas por atividades agrossilvipastoris, que poderá ser efetivada mediante recuperação, recomposição, regeneração ou compensação. A compensação aplica-se exclusivamente às áreas de reserva legal. Realizada a inscrição no CAR, os proprietários ou possuidores de imóveis ruais com passivo ambiental relativo às APP, Rl e áreas de uso restrito poderão solicitar de imediato a adesão aos programas de regularização ambiental – PRA dos Estados e do Distrito Federal para proceder à regularização ambiental do seu imóvel rural. Esse Programa afeta a facilidade de empréstimos, insumos etc. O percentual mínimo de reserva legal na Amazônia legal é de 80% ou 50% em regiões determinadas como consolidadas no zoneamento ecológico econômico – ZEE. No cerrado, 35% e na mata atlântica, caatinga, pampa e pantanal, 20%. A compensação de reserva legal (CRL) pode ocorrer através da compra de área privada da mesma titularidade, compra de área em unidade de conservação, pelo arrendamento de servidão ambiental ou por aquisição de cotas de reserva ambiental (CRA) – disponível apenas no Mato Grosso (MS). EXPOSIÇÃO: COMPETÊNCIA MUNICIPAL PARA DETERMINAR ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DE ÁREA URBANA LUCÍOLA MARIA DE AQUINO CABRAL O artigo faz uma análise sobre a competência municipal para legislar sobre o meio ambiente, tendo como base a CRFB/88 e o princípio do federalismo, solidariedade, subsidiariedade. O princípio da solidariedade mostra sua efetividade pela municipalização da proteção do meio ambiente. O princípio do federalismo reside na descentralização do poder cuja operacionalização se faz por meio da repartição de competência, já que a CRFB/88 determina, desde logo, os poderes de cada ente. O princípio geral que rege a repartição de competências é o da predominância de interesse. À União, interesse nacional, aos Estados, interesse regional e aos municípios, interesse local. O art. 18 da CRFB/88 deu autonomia aos municípios brasileiros, relacionado com a descentralização de poder e capacidade de gerar receita própria. O art. 23 da CRFB/88 atesta que é dever de todos os entes proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas. O art. 24 da CRFB/88 não se refere aos municípios no que tange à legislar concorrente sobre o meio ambiente. Todavia, a CRFB/88, em seu art. 30, I determina que compete ao município legislar sobre assuntos de interesse local, logo, o município pode atuar. O interesse local pode abarcar o meio ambiente, mesmo que não seja o único interessado, desde que seja o interesse principal. Os Municípios exercem competência supletiva, essa competência suplementar é exercida em relação às matérias do art. 24 da CRFB/88. A competência material administrativa é naturalmente comum aos entes. O Município pode e deve proteger o meio ambiente, mesmo que seja de propriedade do Estado. A competência legislativa admite certas limitações. O Estatuto da Cidade determina que os municípios com mais de 20.000 habitantes tenha um plano diretor, que é uma regularização para todas as questões urbanas e ambientais. EXPOSIÇÃO: RECURSO ESPECIAL STJ O tema central desse recurso especial são os deveres legais presentes na lei 4771, especialmente nos arts. 16 e 19 e o crime ambiental do art. 68 da lei de crimes ambientais. Discute-se se esse crime é próprio ou comum. Os artigos 16 e 19 exigiam que o proprietário do imóvel tomasse medidas para restauração da mata nativa e tornavam obrigatória a autorização do órgão ambiental para exploração de florestas de domínio privado. Segundo o MP, isso caracterizaria o dever legal que enquadrava o sujeito no crime do art. 68 da lei de crimes ambientais, que seria um crime comum. O tribunal de justiça entendeu que um particular não poderia responder por este crime, por ser crime próprio, só podendo ser praticado por servidor público. O STJ entendeu se tratar de crime comum e não crime próprio, podendo ser praticado por qualquer pessoa, dando provimento ao recurso especial, valendo como recebimento da denúncia. Um indivíduo proprietário de imóvel rural foi responsabilizado por desmatar a mata nativa deste imóvel, enquadrando-se no art. 68 da lei de crimes ambientais – lei 9.605. O crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, sem especificação. O crime próprio é praticado somente por aquelas pessoas que reúnem características exigidas pela lei (qualidade especial do sujeito). O crime de mão própria são aqueles que só podem ser cometidos diretamente pela pessoa. CONSIDERAÇÕES HERON O Novo Código Florestal de 1965 foi feito durante um período de visão conservadora da sociedade, com um ideal desenvolvimentista. Na área de reserva legal, o proprietário é obrigado a reservar parte de sua propriedade para destinar à área de reserva legal, configurando uma restrição. Acredita que as porcentagens de reserva legal fixadas eram meio de evitar a alegação, por parte do movimento que pedia reforma agrária, de que havia terras improdutivas. Boa parte das propriedades rurais estariam voltadas para a proteção ambiental e não poderia haver produção rural nelas e, portanto, não haveria que se falar em improdutividade. O código florestal traz o meio ambiente como bem de interesse público, ainda que seja privado. Nesse sentido, foi melhor que a Constituição. O proprietário conserva a titularidade, mas não pode dispor como bem entender, pois há restrições administrativas. O código florestal atual foi feito quando havia governo de esquerda no país, mas flexibilizou uma série de proteções, sendo muito criticado pelos ambientalistas, por permitir compensações, estabelecer mercado de carbono, etc. 03 DE NOVEMBRO DE 2020 RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO BÁSICO A lei que trata da politica nacional de recursos hídricos e relação com o saneamento básico. Observamos que o saneamento é sempre visto pela ótica estrutural, do serviço, das instalações, mas esquecemos que ele tem uma complexidade muito maior do que esses serviços públicos. É necessário ter uma visão panorâmica. O tema recursos hídricos e saneamento básico está em constante dialogo APROXIMAÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL O tema água e recursos hídricos nem sempre foi tratado de maneira separada mas, com a evolução histórica, reparamos que houve uma separação, cuja causa foi a partir do momento em que o saneamento passa a ser tratado como um serviço público tratado na concepção de infraestrutura. Os recursos hídricos vão estar associados a diversos regimes, inclusive alguns privatistas, o que só mudara durante o século XX. Se utilizarmos como marco inicial a independência, a constituição imperial de 1824 foi omisso em relação ao tema. Havia, portanto, um laissez faire ambiental, já que esse tema do saneamento básico era secundarizado. Essas atribuições eram exercidas pelo município, através da competência municipal (cidades e vias), baseado no “direito de almotaçaria” (advindo do direito medieval) e edição de posturas. Por exemplo, temos a lei imperial de 1 de outubro de 1828, art. 66 §§1 e 2º. Na primeira metade do século XIX, tinha-se uma ideia de que o pântano causaria mal à saúde das pessoas, em razão do desenvolvimento da medicina naquela época (teoria dos miasmas) Haviam, por outro lado, normas casuísticas, como a lei provincial 451 de 1852, na província da Bahia e a Lei imperial 719 de 1853 (art. 11, §3º). GilbertoFreyre atribui como causa para o atraso do desenvolvimento básico, a existência desses escravos-tigres – o escravo que carregava os dejetos que estava na casa das pessoas e jogava nos rios. A questão hídrica e do saneamento sempre estiveram associadas com essas questões sociais e econômicas. Quando o Estado interfere na questão, surge a preocupação com essas discussões, por exemplo, com o primeiro contrato de saneamento básico para o esgotamento do rio de janeiro. Existem três paradigmas político-ideologicos quando se encaram os recursos hídricos: Como Mercadoria. Paradigma mais antigo. Na história, a água era vista como mercadoria. Até o CC/16, o meio ambiente era protegido como direito de propriedade. Direito fundamental. CRFB/88, art. 225. Ente com valor intrínseco (dignidade). Concepções éticas de natureza biocêntrica e ecocêntrica. COMPETÊNCIA DOS ENTES Legislativas Privativa: Uniao (art. 22, IV) Concorrente: estados e união (art. 24, CF) Administrativas (materiais) Geral: União (art. 21, XIX) de instituir um sistema geral de recursos hídricos. Foi Fundamento para edição da lei 9433/1997. Comum (art. 23) Previsão normativa CRFB;88 Lei complementar 140/2011 As regras previstas no Código de águas de 1934 estabelece competências na área das águas, mas não foram recepcionadas pela CRFB/88. Fala de águas de domínio privado privado das aguas e competências municipais, o que não é mais possível. Todavia, o município pode atuar dentro das esferas das competências materiais, principalmente a competência comum. LEI 9433/1997 FUNDAMENTOS Natureza pública das águas, não existe água privada no direito brasileiro. As asguas são bem de uso comum do povo, não são bens dominiais; Valor econômico. Possibilidade do uso da água ser objeto de utilização privada. Uso prioritário x uso múltiplo. A preferencia é que seja múltiplo, que consiste na diferença no uso da água para diversos fins. O uso prioritário é abastecimento humano e descentralização (saciar a sede dos animais). Bacia hidrográfica como região geográfica preferencial para tomada de decisões de centralização administrativas. Temos 6 instrumentos para alcançar as diretrizes: os planos de recursos hídricos O instrumento compensação a municípios foi vetado pelo presidente FHC, que é, portanto, inoperante. Não houve nenhuma regulamentação desse instrumento, o veto foi responsável pela sua fragilização. O enquadramento dos corpos de água em classes e os planos de recursos hídricos, aparentemente, são decisões técnicas. Todavia, técnica e política não estão separadas. A planificação e a técnica não são inocentes. Os planos de recursos hídricos são um planejamento de como se darão os usos dentro de uma bacia hidrográfica, a cobrança e são de responsabilidade da bacia hidrográfica. Pela ideia da descentralizacao, deveria ser uma combinação do técnico, político e cidadão. Todavia, há um déficit de participação popular nas bacias hidrográficas. O enquadramento dos corpos é uma classificação em termos técnicos sobre o tipo de uso que será feito, com estabelecimento de padrões de diluição, de material etc. os atores econômicos estão em cima desse enquadramento, devendo haver muito cuidado para não haver cooptação/captura pelo agente privado das agências e comitês de bacias hidrográficas. A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos seria o licenciamento na área hídrica, mas teria um caráter de autorização, segundo o professor. A cobrança pelo uso de recursos é o preço público que se cobra pela autorização de uso que é dada. Alguns autores defendem que é taxa. O sistema de informações sobre recursos hídricos deve estar integrado com o sistema nacional de informações sobre o saneamento. SANEAMENTO BÁSICO Os paradigmas do saneamento básico não são diferentes dos recursos hídricos. Se a água é tratada como mercadoria, o saneamento é tratado como serviço de infraestrutura. Se a água é tratada como direito fundamental, o saneamento é direito social. Existem competências federais e estaduais para os recursos hídricos. Todavia, o titular por excelência da competência para saneamento básico é o município. Há apenas uma competência residual dos estados com relação ao saneamento de regiões metropolitanas ou intermunicipais. A competência federal é mais residual e nebulosa, envolvendo terras indígenas. O novo marco regulatório do saneamento não deixou claro o que envolve esses grupos indígenas vulneráveis. O novo marco regulatório de saneamento traz um rol de princípios fundamentais, dentre eles o da universalização do saneamento básico. Essa nova lei facilita demasiadamente o acesso do capital privado ao serviço público de saneamento básico e dificulta a celebração de contratualização entre municípios e entes estatais (contrato de programa). DELITOS POR RESÍDUOS SÓLIDOS - TEXTO A evolução da tutela penal do meio ambiente. Inicialmente, era aceito no contexto nacional e internacional, mas alcançou importância maior com a conferencia de Estocolmo de 1970. Assim, a tutela penal se tornou mais relevante para proteção do meio ambiente. No brasil, tínhamos apenas o crime de poluição. A CRFB/88, no art. 225, §3º dispôs mandamento expresso de criminalização de delitos contra meio ambiente. Colocou a pessoa jurídica como sujeito ativo, capaz de realizar essa infração penal. Visando concretizar esse mandamento, a lei 9605/98 de crimes ambientais foi elaborada. O art. 54 dessa lei é o foco principal do texto, que trata do crime de poluição, estando incluso o crime de poluição por resíduos sólidos. De um modo geral, a lei de crimes ambientais apresenta pontos que sofrem critica da doutrina. Há uma grande preocupação em tutelar penalmente o meio ambienta, mas isso não é feito de forma mais adequada, pois a técnica legislativa não foi a melhor. Os tipos penais são muitos abrangentes (abertos) e até genéricos, o que dificulta enquadrar a conduta no tipo penal. A concretização desses tipos se daria através de um juízo de valor do julgador. Ainda, não seria possível falar de tipo aberto, pois é contraditório com o seu próprio conceito. O uso excessivo de leis penais em branco e crimes de perigo é suficiente para gerar danos ao princípio da legalidade e da taxatividade. O art. 54 não traz um conceito de poluição nem de resíduos sólidos, lacuna que foi preenchido com resoluções. Esse artigo traz muitas expressões amplas: “em níveis tais”, “de qualquer natureza’. O que se entende por poluição. A lei 6938/81, art. 3º, III. O julgador, no momento da aplicação, deve ter esse conceito em mente, para evitar a discricionariedade. Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; As autoras não concordam que as pessoas jurídicas possam ser sujeitos ativos, em que pese a disposição legal e a doutrina majoritária. O art. 54 da lei de crime ambiental tem como bem jurídico tutelado a saúde publica e o meio ambiente. A saúde pública foi protegida de forma mais abrangente, pois se protegem os danos e o perigo de dano, enquanto o meio ambiente só será tutelado quando houve efetivamente o dano (mortandade de animais e desmatamento da flora). O sujeito passivo é toda a coletividade. O sujeito ativo pode ser pessoa física ou jurídica. O texto do caput é muito abstrato. “em níveis tais” não permite inferir qual grau de poluição será repreendida pela tutela penal, pois não todo tipo de poluição será tutelado pelo direito penal, já que é um direito de ultima ratio. “Dequalquer natureza” buscou alcançar delitos relacionados a resíduos sólidos, gasosos, oleosos, qualquer lugar. Não há parâmetro para definir a mortandade de animais, pois muitas vezes, não há um nível elevado de morte em situações de espécies em extinções. A resolução nº 5 do CONAMA definiu resíduos sólidos. Há uma dificuldade de proteção em razão dos textos amplos, abrangentes e abstratos. Isso gera um direito penal simbólico. A PROTEÇÃO PENAL AMBIENTAL ATRAVES DOS CRIMES DE PERIGO ABSTRATO A importância do tema no direito geral e ambiental, diante da globalização, multiculturalismo, surgimento de novas tecnologias, novos riscos foram surgindo. A tutela penal cairia também na prevenção, para evitar a lesão. Todavia, há uma ofensa ao princípio da ofensividade. Dentro do direito penal ambiental, há na lei de crimes ambientais diversos crimes de perigo. A partir da década de 80, mudou-se a concepção do direito ambiental, que deveria ser protegido, com a tutela penal. A natureza do bem jurídico meio ambiente é diferente da natureza dos outros bens tutelados pelo direito penal, dada a característica principal de prevenção e precaução. A partir do momento em que o direito penal tutelasse apenas uma efetiva ofensa, talvez não fosse mais possível voltar ao status anterior. Por isso, a antecipação da tutela penal seria tao importante. A doutrina majoritária entende que o justo seria uma lesão ou um perigo de lesão concreto ao bem jurídico, que não se confunde com o perigo de lesão abstrato. O princípio da prevenção se relaciona com o perigo de lesão concreto (desvalor no resultado), pois já há conhecimento cientifica, já há um risco. O princípio da precaução se relaciona com o perigo de lesão abstrato, não há ainda um risco comprovado, mas há um potencial risco (sociedade do risco). Pensa-se em prevenir novos riscos e controlar as fontes de perigo através da nocao de crime de perigo abstrato, mas não há um consenso na doutrina. Possíveis ofensas ao princípio da ofensividade, pois não há crime sem ofensa a um bem jurídico, voltado ao legislador e ao juiz. Existem argumentos a favor e contra. Se a criminalização de uma conduta poe em chque o direito fundamentla a liberdade, é necessário criminalizar uma conduta que viola efetivamente um direito de tamanha importância. Ainda, o direito penal e esse princípio busca evitar que se criminalize condutas que ofendam a moral, a religião etc. o direito penal não atua preventivamente. Noutro giro, argumentos a favor são: existem novos bens, riscos e ofensas e o direito penal precisa acompanha-los; há danos efetivos a bens jurídicos difusos no crime de perigo abstrato; análise sistemática do ordenamento jurídico. Possíveis ofensas ao princípio da intervenção mínima. Os argumentos a favor e contra se assemelham. O art. 225, §3º não valida o perigo abstrato, pois não fala de tutela antecipada. Possíveis ofensas ao princípio da proporcionalidade. A violação estaria na criminalização de uma conduta que não tem uma efetiva lesão, todavia é preciso fazer análise no caso concreto: natureza do bem jurídico (é relevante?); perigo iminente da conduta (conduta ilícita intrinsecamente); idoneidade e necessidade da resposta penal; razoabilidade – ponderação entre o meio e fim. A depender da natureza do bem jurídico, é possível criminalizar as condutas a partir dos crimes de perigo abstrato, quando se trata de ofensa ao meio ambiente, principalmente em razão do princípio da prevenção e precaução.
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