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Caderno Direito Ambiental - 2020.1 - Heron Godilho - Ufba

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DIREITO AMBIENTAL
DOCENTE: HERON
E-MAIL:
AVALIAÇÕES
Fichamento 2 textos; apresentar tema; apresentar caso – Peso 4
Ambiental e Direito Constitucional 18/03
Frequência – Peso 2
Avaliação escrita no final – Peso 4
15/06
BIBLIOGRAFIA
04 DE MARÇO DE 2020
A preocupação com o meio ambiente, enquanto autônoma, surgirá a partir da 2ª
Guerra Mundial. Após a segunda guerra mundial, surgirão diversos danos em razão dar
armas químicas.
Enquanto movimento, surge nos anos 1970, nos EUA e Inglaterra, com o início da
guerra fria e com a Guerra do Vietnã. A guerra fria faz os EUA enfrentar uma
dificuldade, pois precisaria enviar os jovens para impedir que o comunismo tomasse
conta do mundo.
Diante disso, muitos jovens passaram a protestar, dando inicio aos movimentos
hippies, feministas, negros etc. Uma parte do grupo começa a defender o meio ambiente
e o retorno romântico à natureza. Os ecologistas eram uma minoria que surgiu.
Os ecologistas prezam pela volta ao natural da sociedade indígena.
Todo ambientalista é uma melancia, pois é verde por fora e vermelho por dentro.
É o que se diz, pois o discurso ambientalista vem daqueles que se frustraram com o
discurso comunista. Como característica, esse movimento tinha a existência de
militância contra o capitalismo.
Nos anos 1970, começam a ocorrer acidentes ambientais graves. O Clube de
Roma, formado por intelectuais e políticos de diversos países, convocou a conferência
Our Common Future, realizada em Estocolmo, em 1972, na qual foi cunhado o
princípio do desenvolvimento sustentável dispõe que é preciso utilizar os recursos
naturais de uma forma que não comprometa o uso desses recursos para as futuras
gerações. Trata-se da solidariedade intergeracional, a geração atual deve se desenvolver,
mas utilizar de forma racional os recursos finitos, para garantir que as gerações futuras
possam dispor destes recursos. Ainda mantém um pensamento egoísta, preocupado com
o desenvolvimento humano.
O Brasil, que à época vivia uma ditadura militar, se posicionou contra as ideais
defendidas pela Conferência, alegando que, os dos países desenvolvidos haviam
explorado massivamente os seus recursos, aqueles em desenvolvimento também
poderiam fazê-lo.
Assim, a agenda ambiental passa a fazer parte da agenda política tradicional. O
NEPA, em 1972, foi criado pelos EUA e copiado pelo Brasil, criando a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente, em 1981, no Brasil.
Quando entra na agenda política, surgem os tratados internacionais, as convenções
internacionais.
No direito, surgem diversos tratados e convenções internacionais destinados à
proteção do meio ambiente, como a CITES, que trata do comércio internacional de
animais ameaçados de extinção.
Uma disciplina se torna autônoma quando tem um objeto específico definido e
institutos específicos. O direito ambiental se autonomiza com o surgimento de uma
legislação específica de proteção ambiental e o desenvolvimento de um conjunto de
princípios específicos.
09 DE MARÇO DE 2020
APRESENTAÇÃO 01
A primeira fase
A segunda fase é a fragmentaria, em que não há preocupação com o meio
ambiente propriamente dito, mas com o uso de alguns recursos naturais, como durante a
fase de exploração do ouro.
A partir da segunda metade do século XX, a fase holística do direito ambiental,
preocupada com o meio ambiente como um conjunto.
A União tem competência de legislar normas gerais de caráter ambiental
Antes de 1988, o fundamento para proteger o direito ambiental era o direito à
saúde.
O direito ambiental tem diversas normas jurídicas esparsas, não é, portanto, um
direito codificado. Trabalha com uma definição de meio ambiente bastante elástica, não
se restringindo a arvores, rios, lençóis freáticos, mas trabalha também com o meio
ambiente rural e urbano que nos rodeia. Daí porque a protecao de bens históricos,
culturais estarem protegidos.
O conceito de meio ambiente é elástico e engloba todos os recursos físicos,
químicos que estão no espaço em que vivemos.
Muitos autores admitem que o LIMPE do art. 37 da CRFB/88 são aplicáveis ao
direito ambiental. Todavia, existem princípios específicos, como o princípio do uso não
predatório; princípio da precaução e prevenção, relacionados a necessidade de se
analisar qualquer impacto em potencial que possa ser causado ao meio ambiente, e a
evitar danos de que se sabe que a prevenção é possível, respectivamente; princípio do
usuário poluidor-pagador, com incentivo econômico; princípio da informação; princípio
da reparação; princípio da cooperação, segundo o qual os entes estatais e ONGs devem
trabalhar de forma conjunta para prevenir e remediar danos ambientais.
O meio ambiente é considerado direito fundamental.
Esses princípios tem sua efetividade muito limitada, sendo necessária uma
mudança de paradigma para que eles sejam efetivamente concretizados.
ADI. Legislação estadual do Tocantins que dispensou o licenciamento ambiental
para atividades agrossilvo pastoris, que o plantio é feito em torno de arvores ou sem o
desmatamento grave delas, de modo a que não se destrua as florestas. Todavia, essas
atividades, se praticadas em grandes extensões, podem causar grandes impactos
ambientais.
A competência para normas gerais é privativa da União, que estabelece o
CONAMA para lidar com o licenciamento, que não permite a dispensa. É
inconstitucional a flexibilização do licenciamento ambiental para dispensa desse
licenciamento. A competência dos estados complementar podem ser para restringir,
protegendo mais o meio ambiente, e para adequar a certas situações específicas daquele
estado, mas jamais para flexibilizar a proteção.
AULA
O ministro Benjamin era promotor em São Paulo. O ambientalista sempre foi
visto como comunista que se decepcionou com a União Soviética e que vai procurar
outros movimentos.
Os americanos, mesmo sendo capitalistas, tem uma legislação ambiental bastante
vasta, pois a proteção ao meio ambiente se tornou uma necessidade efetiva dos seres
humanos.
Os países em desenvolvimento pensam que a proteção do meio ambiente é um
movimento de países que já se desenvolveram, pois, para se desenvolver, seria
necessário destruir o meio ambiente.
O objeto próprio do direito ambiental: as normas de proteção do meio ambiente
(normas ambientais).
A norma é formada por princípio e regra (lei). Deve-se interpretar a lei à luz dos
princípios, para se chegar na norma.
O direito ambiental também possui princípios próprios, para além dos princípios
administrativos. O ambiente é o meio/bem público, logo, o direito ambiental é uma
extensão do direito administrativo. Os bens públicos são os de uso comum, de uso
especial e dominicais.
O meio ambiente é considerado um bem de uso comum. O direito de propriedade
que engloba bens de uso comum, como o meio ambiente, passa a ser regido por normas
de direito público, que impõe limitações administrativas ao direito de propriedade.
Os princípios do direito ambiental são de ordem geral e pública:
1. Princípio da participação: toda vez que uma atividade correr o risco de poluir
o meio ambiente, a comunidade envolvida deve ser ouvida. Esse princípio
exige informação, educação ambiental e cooperação.
2. Princípio da prevenção: possui relação com a precaução. Sendo o dano
ambiental de difícil reparação, deve buscar preveni-lo. O principal
instrumento de prevenção é o licenciamento ambiental. Este princípio também
está ligado ao princípio da precaução, que diz respeito a evitar uma situação
de perigo duvidoso do ponto de vista científico. Aqui também se insere o
princípio do Desenvolvimento sustentável, que é antropocêntrico, dizendo
respeito à necessidade de preservar os recursos naturais para futuras gerações
humanas.
3. Princípio da Reparação: a ideia de responsabilidade civil pelos danos
causados. A OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento
Econômico) são os países desenvolvidos que buscam cooperar para esse
desenvolvimento. A OCDE compreende que é preciso um trabalho
cooperativo para suprir as falhas de mercado decorrentes de desastresambientais, por meio de empréstimos, apoio, oferecimento de cursos, etc, fora
evitar danos ao sistema financeiro. A falha de mercado criará custos sociais. A
OCDE entende que o empresario deve incluir na planilha de custos da
empresa uma verba destinada a prevenir e reparar, se for o caso, esses surtos
ambientes: a internalização das externalidades. O empresário pode fazer isso a
partir de incentivos fiscais.
APRESENTAÇÃO 02
O artigo analisa o status jurídico que o ordenamento dá para a natureza e aos
animais.
A necessidade de embasamento filosófico para melhor compreender a legislação
ambiental. A escola filosófica adotada culmina na diferença das soluções adotadas.
Na idade antiga, temos um antropocentrismo exagerado: o homem é a medida de
todas as coisas.
Na idade média, temos um antropocentrismo moderado. Há um deus que criou o
universo, inclusive o homem e a natureza, não há relevância tão grande no humano.
No racionalismo moderno, a ideia reutilizará a fundamentação filosófica no
pensamento dos sofistas: o homem é a medida de todas as coisas. A coisa pensante é a
coisa que tem um espírito. O ser humano é além do corpo. A res extensa não tem as
faculdades mentais, os pensamentos. Para Descartes, os animais não tem consciência,
são apenas res extensa, coisas. O homem, um ser pensante, está em controle absoluto de
tudo o que é externo, inclusive animais e natureza. Há um antropocentrismo puro.
A expressão filosófica “penso, logo, existo” significa que a condição da existência
humana mora no pensamento e a moral é uma extensão do pensamento humano, um
filtro criado para harmonizar as relações sociais. Os animais não tem dom do
pensamento, logo, na ideia cartesiana, os animais não fazem parte do ciclo da
moralidade.
Segundo Hegel, o que separa os homens dos brutos é a faculdade do pensar.
O Celso Fiorilo faz uma crítica, dizendo que esse pensamento foi adotado pelo
direito ambiental, sob a ideia de que o ser humano deve preservar a natureza. Todavia, o
homem a preserva em seu próprio interesse.
O Nanci Maganbeira critica que o ser humano utiliza coisas como instrumento
para uma outra finalidade, isso tanto com os iguais quanto com os diferentes (coisas). O
antropocentrismo puro idealiza utilizar as coisas como instrumento, inclusive o próprio
ser humano.
Kant não admite a relação jurídica entre animais e humanas, pois a relação
jurídica exige bitaleralidade.
Essa perspectiva muda quando se percebe que os direitos naturais são esgotáveis.
Assim, o pensamento humano em relação aos não-humanos se torna mais humanitário.
Há um dever moral com a natureza, mas indireto, com objetivo de preservar as gerações
futuras. Trata-se de um antropocentrismo débil.
A teoria animalista abolicionista admite a abolição completa da exploração
institucionalizada dos animais, reivindicando que essa exploração é similar a
escravidão, pois os animais são sujeitos de direito.
Os animais teriam um protodireito, o direito de titularizados direitos e ser tratado
como um sujeito com vida, o que sustenta o argumento de igualdade ecológica dos
animais.
A teoria animalista bem estarista aceita a exploração, admitindo normas que
regulem para que os animais não sofram desnecessariamente. Refinement, replacement,
reduction. Essa corrente tem um viés utilitarista, pois acredita que se o bonus superar o
onus, trata-se de uma prática eticamente positiva.
Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Direito
Disciplina: Direito Ambiental – T02
Docente: Heron Gordilho
Descendente: Milena Góes de Cerqueira
FICHAMENTO
Texto 2: BENJAMIN. Antonio. O meio ambiente na Constituição Federal de 1988.
Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva. V. 19, n.1.2008. Disponível
em: https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/article/viewFile/449/407. Acesso em:
06 mar. 2020.
“A constitucionalização da proteção do meio ambiente é uma irresistível
tendência internacional, contemporânea do surgimento e do processo de consolidação
do direito ambiental. Mas constitucionalizar é uma coisa; constitucionalizar bem, outra
totalmente diversa.” (P. 38)
“Primeiro, adota-se uma compreensão sistêmica (= orgânica ou holística) e
legalmente autônoma do meio ambiente, determinando um tratamento jurídico das
partes a partir do todo - precisamente o contrário do paradigma anterior.” (P. 39)
“[...] um compromisso ético de não empobrecer a Terra e sua biodiversidade, [...]
convida-se o direito de propriedade a se atualizar, colimando torná-lo mais receptivo à
proteção do meio ambiente, isto é, reescrevê-lo sob a orientação da sustentabilidade. [...]
uma clara opção por processos decisórios abertos, transparentes, bem-informados e
democráticos, estruturados em torno de um devido processo ambiental[...].” (p. 40)
“[...]uma nítida preocupação com a implementação, visando a evitar que a norma
maior (mas também a infraconstitucional) assuma uma feição retórica [...]” (p. 41)
“Da autonomia jurídica do meio ambiente decorre um regime próprio de tutela, já
não centrado nos componentes do meio ambiente como coisas; estruturado, ao revés,
em um conjunto aberto de direitos e obrigações, de caráter relacional, que, vimos,
denominamos ordem pública ambiental [...]”(p.43)
“[...] a Constituição de 1988 não foi inteiramente revolucionária, na perspectiva
do Direito Comparado.”(p.44)
https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/article/viewFile/449/407
“[...] a tutela legal do ambiente no Brasil tem início, de modo fragmentário, na
década de 30 do século passado [...] os tribunais, à falta de porto mais seguro, deduziam
ou enxergavam garantias de cunho ambiental mesmo quando não aduzidas claramente.
[...] por meio da interpretação de dispositivos que asseguram outros valores
tradicionais, como a vida [...], a saúde [...], a dignidade da pessoa humana, o due
process, a função social da propriedade [...]” (P.45-46)
“[...] Sem dúvida, uma argumentação de cunho estritamente antropocêntrico, com
indisfarçável conteúdo economicista e militarista. [...] Nem sempre a degradação ou até
a destruição integral de uma ecossistema ou espécie afetam, de modo visível e
calculável, a saúde humana.”(p.49)
“[...] o regime constitucional atual mantém a vinculação vida/ambiente,
saúde/ambiente e segurança/ambiente. [...] conjugação que pode apresentar vantagens
práticas, tanto mais se soubermos mitigar seu exagerado antropocentrismo.” (P. 51-52)
“[...] a norma constitucional busca regular ora o uso dos bens ambientais (água,
fauna, solo, ar, florestas), ora as atividades humanas propriamente ditas, que afetam ou
podem afetar o meio ambiente”(p. 54)
“Não podemos esquecer, como já referido, que o art. 225 é apenas o porto de
chegada [...] de uma série de outros dispositivos que [...] instituem uma verdadeira
malha regulatória, que compõe a ordem pública ambiental, baseada nos princípios da
primariedade do meio ambiente e da explorabilidade limitada da propriedade, ambos de
caráter geral e implícito”(p. 54-55)
“Na Constituição há direitos, deveres e princípios ambientais (a) explícitos ou
implícitos, (b) substantivos ou procedimentais e (c) genéricos e específicos.”(p. 55)
“A doutrina, de uma forma geral, reconhece a existência de um direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado [...]”(p.58)
“[...] o direito fundamental leva à formulação de um princípio da primariedade do
ambiente, no sentido de que a nenhum agente, público ou privado, é lícito tratá-lo como
valor subsidiário, acessório, menor ou desprezível.”(p.60)
“[...] o direito fundamental ao meio ambiente toma para si feição ora primária (ou
substantiva), ora procedimental (ou formal). [...] Inexiste coincidência necessária entre o
titular do ônus nas duas categorias de direitos e deveres [...]” (P.61-62)
“[...] previsão de deveres constitucionais direcionados à tutela ambiental, em favor
dos próprios cidadãos e futuras gerações, ou ainda da própria Natureza. [...] Tais deveres
ora encontram nos indivíduos ou coletividade seus destinatários, ora direcionam-se ao
Poder Público”(p.65)“[...] o Poder Público causa degradação direta do meio ambiente - é o
Estado-empreendedor [...] o papel do Estado é de degradador indireto, ao,
comissivamente, apoiar ou legitimar projetos privados [...] por omissão, [...] quando o
Estado despreza ou cumpre insatisfatoriamente suas obrigações de fiscalização e
aplicação da legislação ambiental (= degradador-omisso)”(p. 69)
“[...] , o constituinte de 1988, a partir das bases da função social básica,
introduziu uma função ecológica autônoma, que deve ser cumprida necessariamente
pela propriedade[...]”(p.75)
Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Direito
Disciplina: Direito Ambiental – T02
Docente: Heron Gordilho
Descendente: Milena Góes de Cerqueira
FICHAMENTO
“No dia 6 de junho de 2017 foi publicada a Emenda Constitucional(EC n. 96/17),
que, ao acrescentar o § 7º ao artigo 227 da Constituição Federal (CF), estabelece que as
práticas desportivas que utilizem animais não são consideradas cruéis, desde que sejam
manifestações culturais registradas como patrimônio cultural imaterial.” (P. 200)
“[...] o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, em sua dimensão subjetiva, é
um direito fundamental individual de terceira dimensão, constituindo-se, assim, em uma
das cláusulas pétreas da Constituição Federal.”(p.200)
“[...] deve-se, através do método sistemático, identificar a valoração (e não a
hierarquia) das normas constitucionais, [...] identificar a escala axiológica de cada uma
delas em caso de conflito.”(p.201)
“[...] Para Bachof (1994), em casos em que uma norma constitucional vá de
encontro a outra norma constitucional de um nível axiológico menor, estar-se-á diante
de uma inconstitucionalidade de norma constitucional.”(p.201)
“[...] as normas constitucionais não provêm de um mesmo poder constituinte, mas
de dois poderes distintos. O primeiro é o poder constituinte originário, que é aquele que,
sem nenhum limite positivo [...] ao passo que o poder derivado retira a sua competência
das normas estabelecidas pelo poder constituinte originário[...]”(p.202)
“As emendas e as revisões constitucionais, todavia, são obra do poder constituinte
derivado, e, entre as hipóteses que autorizam a declaração de inconstitucionalidade
dessas normas que alteram a CF[...]”(p.202)
“[...] diante de uma alteração decorrente, por exemplo, de uma emenda
constitucional, esta mudança não pode contrariar a vontade do constituinte original
[...]”(p.202)
“[...] o Supremo Tribunal Federal (STF) distingue normas materialmente e
formalmente inconstitucionais e considera uma limitação material ao poder de reforma
qualquer ofensa feita aos direitos fundamentais[...]”(p.203)
“[...] a inconstitucionalidade decorrente do descumprimento de direito supralegal
não positivado, ou seja, aquelas normas de ordem interna ou de ordem internacional que
[...] devem ser cumpridas pelo fato de protegerem a dignidade da pessoa humana.” (P.
203)
“[...] o artigo 5º, §2º da CF expressamente dispõe que ‘[...] os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte’”(p. 204)
“[...] nas Constituições modernas o meio ambiente passa a ter uma dimensão
objetiva, quando é tratado como fim e tarefa do Estado e da comunidade, e/ou subjetiva,
quando assume a natureza de direito subjetivo individual[...]”(p.205)
“[...] a ampliação da noção de dignidade humana passa pela conscientização dos
valores ambientais (MIRANDA, 2012, p. 319), e cria um novo humanismo ecológico
resultante da relação indissociável do direito à vida ao meio ambiente
equilibrado[...]”(p.206)
“[...] na terceira dimensão dos direitos fundamentais é o próprio direito individual
à vida que está em jogo, embora ele também seja tratado como um direito suscetível de
ser lesado coletivamente [...] Seja como for, o direito ao meio ambiente sadio e
equilibrado é um direito fundamental com status formal (art. 225, caput da CF) e
material de cláusula pétrea, porque tem conteúdo imprescindível à dignidade humana
(BELCHIOR, 2011, p. 104) e dos próprios animais [...]”(p.207)
“[...] posição dúbia em relação aos animais, ora tratando-os como res, ora como
seres sensíveis. [...] O fundamento legal para a posição que considera os animais como
seres sensíveis é o artigo 225, VI da Constituição Federal”(p.207)
“[...] a exploração institucionalizada dos animais é largamente permitida por
outras leis infraconstitucionais, [...] Em nenhum caso, porém, a lei admite que os
animais sejam tratados de forma cruel, isto é, que tenham a sua integridade física
violada apenas para satisfação e divertimento de alguns indivíduos.”(p.207-208)
“[...]compreensão dos direitos dos animais como individuais, ou seja, de primeira
geração [...] mesmo sem poder desenvolver um raciocínio complexo, não perdem, por
essa razão, a condição de humanos, nem os direitos que a acompanham”(p.208)
“[...] o STF tem entendido ser inconstitucional as práticas que submetem os
animais à crueldade apenas para o simples entretenimento das pessoas, mesmo que isso
ocorra em uma manifestação cultural, como na Rinha de Galo, na Farra do Boi ou na
Vaquejada.”(p.210)
“[...] a dignidade pós-humana tem sido objeto de controvérsias, pois, segundo a
doutrina tradicional antropocêntrica, apenas os seres humanos estariam incluídos nesse
conceito[...]”(p.211)
“Ao promulgar uma emenda constitucional que institucionaliza a prática de atos
de crueldade contra os animais, o poder constituinte derivado extrapolou materialmente
o poder constituinte derivado,[...]”(p.212)
AMBIENTAL SLS
29 DE SETEMBRO DE 2020
Os arts. 21 a 24 determinam competências legislativas, materiais e
administrativas. Na matéria do meio ambiental, não há uma competência privativa,
competindo apenas a um dos entes federados. A proteção do meio ambiente acaba
sendo uma competência comum. Em meandros de matéria ambiental, é necessário
observar que, por exemplo, minérios é da competência da união. Assim, no sentido de
organizar e definir melhor essas competências, sobreveio a lei complementar 191.
O licenciamento ambiental está intimamente ligado ao
Texto: Amanda Pinto. Anistela Vieira. A proteção das unidades de conservação.
A lei complementar de 2011 foi instituída com intuito de unir as regras de
licenciamento ambiental, que é tratada na legislação brasileira. Lei 9985/2000
regulamenta o sistema nacional de unidades de complementar e a lei complementar de
2011 que é posterior de 2000. Há uma discussão se as regulamentações dessa nova lei
derrogam as considerações da lei de 2000.
A zona de amortecimento não é necessariamente uma unidade de conservação,
mas uma área estabelecida ao redor de uma unidade de conservação, que tem objetivo
de filtrar os impactos negativos de uma atividade nociva que esteja ocorrida. Criada
pelo art. 18 da lei 9985/2005. Essa zona de amortecimento só poderá ser concedida pelo
órgão competente se autorizada pelo órgão responsável pela sua administrada. Assim,
dois órgãos serão competentes para essa concessão. Em 2011, a lei complementar indica
que somente um órgão poderia autorizar o acesso a essa zona de amortecimento.
Existe diferença entre área circundante, cujo raio é menor e zona de
amortecimento, cujo raio é maior. A zona de amortecimento o exercício de atividades
está sujeito à normas, à autorização, apesar de não configurar unidade de conservação;
está sujeito a mesma normatização da unidade de conservação.
Todo crime ambiental viola lei federal. Todavia, a maior parte dos crimes
ambientais acaba sendo julgado pela justiça estadual. Para verificar se a competência é
de justiça federal, deve existir direito da união envolvido. Um crime ambiental ocorrido
na zona de amortecimento afeta um interesse genérico da União, por ser uma área que
circunda uma unidade de conservação, logo, é competência é a justiça federal.
Um crime contra patrimônio nacional, que não se confunde com patrimônio
federal, pode ser de competência tantoda união, do estado, quanto do município,
dependendo da situação no caso concreto.
Texto: Alysson. A participação popular
Trata sobre a proteção constitucional do meio ambiente e da participação da
sociedade no processo de preservação do meio ambiente.
Equidade intergeracional é privilegiada pela CF, exigida pela questão dos
esgotamentos ambientais e sua consciência; é um mandado constitucional e visa
viabilizar a sustentabilidade, orientando a implementação de políticas públicas
ambientais. A CF determina imposições ao Estado e à sociedade. Muito se tem falado
sobre constitucionalismo verde.
O texto determina um comportamento social ativo do cidadão, visando a proteção
dos bens ambientais. Nesse sentido, são indicados três mecanismos para promover a
participação popular: criação do direito ambiental – iniciativa popular para criação de
normas ambientas, art. 61, §2º da CRFB/88, e o exercício do direito ao voto, formulação
de políticas ambientais – através dos representantes, em órgãos responsáveis pela
criação de políticas públicas e acesso ao judiciário – o controle da administração pública
pelo judiciário, através da ação popular ou ação civil pública.
Ao poder judiciário compete atuar quando o poder público for omisso nessas
políticas. Questionamento sobre o ativismo judicial.
CADERNO MARIANA
Apresentação competência administrativa ambiental (mesmo tema que
apresentei).
Comentários do prof: A questão do licenciamento é importante para a
preservação por conta das interferências políticas, tanto nas Zonas de Amortecimento
quanto nas próprias unidades de conservação. Há ainda a área circundante, cujo raio é
maior que a zona de amortecimento. A zona de amortecimento fica ao redor da unidade
de conservação, num raio de 3 quilômetros e, apesar de não a integrar, o
desenvolvimento de atividades lá está sujeito à mesma normatização do miolo.
Um crime ambiental ocorrido na zona de amortecimento é de competência da J.
Estadual. A maior parte dos crimes ambientais termina sendo julgado pela Justiça
Estadual. Para verificar se há competência da JF é preciso verificar se há bem federal
envolvido ou se há previsão em tratados internacionais, etc. A unidade de conservação é
instituída pela União e, portanto, é bem da União. O crime ocorrido em seu interior é de
competência da JF. A zona de amortecimento não é bem da União e, portanto, a
competência é da J. Estadual, em que pese atinja interesse da União.
A floresta amazônica é patrimônio nacional (bem que pertence a todos os
brasileiros), mas não se confunde com patrimônio federal e, portanto, o crime ambiental
praticado nela não é de competência da JF. A propriedade é de todos, não só da União.
Apresentação “participação popular na implementação das políticas públicas
ambientais” (Alysson) – Baixar fichamento
O CONAMA é presidido pelo Min. do Meio Ambiente.
Trata sobre a proteção constitucional do meio ambiente e da participação da
sociedade no processo de preservação do meio ambiente.
Equidade intergeracional é privilegiada pela CF, exigida pela questão dos
esgotamentos ambientais e sua consciência; é um mandado constitucional e visa
viabilizar a sustentabilidade, orientando a implementação de políticas públicas
ambientais. A CF determina imposições ao Estado e à sociedade. Muito se tem falado
sobre constitucionalismo verde.
O texto determina um comportamento social ativo do cidadão, visando a
proteção dos bens ambientais. Nesse sentido, são indicados três mecanismos para
promover a participação popular: criação do direito ambiental – iniciativa popular para
criação de normas ambientas, art. 61, §2º da CRFB/88, e o exercício do direito ao voto,
formulação de políticas ambientais – através dos representantes, em órgãos responsáveis
pela criação de políticas públicas e acesso ao judiciário – o controle da administração
pública pelo judiciário, através da ação popular ou ação civil pública.
Ao poder judiciário compete atuar quando o poder público for omisso nessas
políticas.
Comentários do prof: A crítica que se faz ao ativismo judiciário é enquanto à
ação deste como agente político. Quando ocorre omissão do Executivo, o Poder
Judiciário poderia fazer as vezes do ente político ou apenas constituir em mora e esperar
a solução por parte do legislativo ou executivo? No Direito, o sistema binário de “sim
ou não”/”certo ou errado” normalmente é falho.
O pós-humanismo liga-se a uma concepção filosófica atrelada ao
pós-modernismo, uma transição da sociedade industrial para um próximo estágio de
evolução, buscando um desenvolvimento sustentável.
Há leis prevendo que a educação ambiental seja ministrada no ensino
fundamental, médio e inclusive superior, mas não são observadas. Está intimamente
relacionada ao princípio da participação, pois só se pode participar enquanto cidadão
consciente se houver educação a respeito.
O “esverdeamento” da Constituição: A natureza é sujeito de direitos? Aqui
resgata-se as visões antropocêntricas e biocêntricas do direito. Segundo a primeira, a
proteção da natureza depende da utilidade que ela tem para os humanos e, para a
segunda visão, não há essa dependência. Na Constituição do Equador há previsão da
natureza enquanto sujeito de direitos.
A ação popular é instrumento hábil para a proteção do meio ambiente? Ela
manifestamente cabe para a tutela do meio ambiente, permitindo a atuação do cidadão.
Anteriormente o meio ambiente era apenas objeto de tutela via ação coletiva pelo MP. A
ação popular permite o direcionamento da demanda contra praticamente todos.
Equidade intergeracional: Os recursos ambientais são finitos e, portanto, devem
ser utilizados com sustentabilidade. A geração de hoje tem responsabilidade perante a
geração de amanhã, todos têm direito ao meio ambiente equilibrado e as gerações
futuras são vulneráveis, pois sequer existem ainda, necessitando de “tutores”, que
tutelem seus interesses. Segundo a CF, esse tutor é o MP. Os cidadãos têm o poder, mas
não o dever de fazer essa tutela.
Apresentação “a desconsideração da personalidade jurídica sob a ótica da análise
econômica do direito” (Cadidé)
A análise econômica do direito é método que encara as normas como incentivos
os desincentivos para as ações dos indivíduos. Os pressupostos são basicamente os
mesmos de uma análise macroeconômica, servindo de base para analisar a eficácia de
uma norma jurídica.
Nessa chave de interpretação, a função de uma norma eficaz é a capacidade de
remover empecilhos para a ação dos indivíduos, levando em conta a consequência dos
atos, maximizando a eficiência das escolhas do sujeito. Parte de individualismo um
metedológico.
A personalidade jurídica é uma abstração, uma “invenção do Estado”. Para a
desconsideração da personalidade jurídica, a teoria maior é aquela em que é necessária a
comprovação do abuso da personalidade jurídica, com o desvio de finalidade ou a
confusão patrimonial (art. 50 do CC). A teoria menor se baseia no art. 28, § 5º do CDC,
apenas determinando a desconsideração quando a personalidade jurídica for obstáculo
para o ressarcimento de prejuízos.
A autora conclui com base nos princípios da análise econômica do direito que a
melhor teoria seria a maior, prevista no CC/02, pois há ampla defesa por parte dos
sócios, gerando maior segurança do que a teoria menor.
Comentários do prof: A análise econômica pode ser realizada em qualquer área
do direito. Para fins da tutela do meio ambiente a teoria que parece mais eficaz é a
menor, pois o mero prejuízo ao meio ambiente justifica a desconsideração da
personalidade jurídica. A análise econômica visa moldar comportamento e a aplicação
da teoria menor enseja conduta mais cautelosas dos atores econômicos quanto ao meio
ambiente.
A análise econômica do direito teria pertinência para o crime patrimonial, mas
não para os crimes passionais, que não seriam influenciados pela pena majorada ou pela
maior persecução. O crime ambiental patrimonial se submeteria à racionalidade da
análise econômica, mas os ambientais não patrimoniais não, segundo os autoresdo
campo.
Na responsabilidade civil ambiental aplica-se a teoria menor da desconsideração
da personalidade jurídica, prevista no CDC. Implica no afastamento da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica, atingindo o patrimônio dos sócios, tendo eles praticado a
conduta e colaborado para o ato ou não.
A desconsideração está prevista na Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, que
prevê também a liquidação forçada quando a empresa foi constituída exclusiva ou
preponderantemente com o objetivo de praticar crimes ambientais. A liquidação
forçada é pena acessória, cabendo apenas para crime e não para responsabilidade civil.
A pessoa jurídica nesse caso é instrumento de crime e, nessa condição, é perdida em
favor da União.
A Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente prevê medidas administrativas,
criminais e cíveis. Uma delas é justamente a desconsideração. Na prática, quem comete
o crime é a pessoa jurídica e deve receber a pena. Tal pena não pode ser estendida para
quem quer que seja e, portanto, se a pena de multa resta impaga não pode ser
transmitida a terceiros. Constatando-se que o crime foi praticado pelo sócio, gerente,
preposto, etc, haverá concurso de agentes.
Teoria da dupla imputação necessária: Essa teoria caiu já tanto no STF quanto no
STJ, pois na prática é extremamente difícil identificar quem foi a pessoa física que
praticou o crime no interesse da pessoa jurídica e, ao exigir essa identificação, está se
“desprotegendo” o meio ambiente. A pessoa jurídica responde pelo próprio crime
ambiental que praticou.
Praticado crime ambiental, a pessoa jurídica sempre vai responder como autora
se a conduta foi praticada no seu interesse por qualquer das pessoas no art. 2º da LCA
(Lei de Crimes Ambientais). Identificando-se a pessoa física, ela também responde, em
concurso de agentes. Não havendo benefício ou interesse da empresa, tendo o sócio
utilizado a pessoa jurídica apenas em benefício próprio, há responsabilidade criminal
apenas da pessoa física. Não haverá responsabilidade penal da pessoa jurídica (art. 3º,
caput da LCA).
O parágrafo único do art. 3º diz que a responsabilidade da pessoa jurídica não
exclui a responsabilidade da pessoa física coautora ou partícipe do fato criminoso.
06 DE OUTUBRO DE 2020
Inicialmente, a autora faz consideração sobre o surgimento da ação de civil
pública 7347/85, período que foi marcado pela democratização do país. A preocupação
legislativa era o acesso à justiça, por isso a ACP como instrumento para proteção dos
interesses coletivos ou difusos.
A legitimidade ativa, segundo art. 5º da lei, apresenta um rol extenso de
legitimados. Todavia, o MP acaba ganhando destaque com titularidade dessas ações. Por
ser o MP um dos principais autores, o inquérito civil é um procedimento administrativo
que tramita dentro do MP, que busca imputar responsabilidade a um poluidor, servindo
de base para a ACP e para o TAC (termo de ajustamento de conduta), que a empresa
poluidora firma perante o MP, assumindo obrigações para regularização da conduta.
Também pode haver arquivamento desse inquérito quando não houver indícios que
possam imputar a responsabilidade ao poluidor.
A condenação em dinheiro ou obrigações de fazer/não fazer são as condenações
na ACP. Antes, o STF não admitia a cumulação desses pedidos, mas a autora já
defendia essa hipótese. Atualmente, o STF entende que é plenamente possível tal
cumulação.
A competência da ACP, no art. 2º, informa que será no foro do local onde ocorrer
o dano. Essa regra deve ser conjugada com a da extensão da coisa julgada (art. 16). O
dano pode alcançar um determinado local e, portanto, a extensão da coisa julgada se
limitará naquele território. Pode ter alcance regional, a competência será, portanto, na
capital daquele estado. de âmbito nacional, em regra, a competência será da capital do
DF. Todavia, houve entendimento do STJ que seria possível foro da capital dos Estados.
A competência para os crimes ambientais é da justiça estadual. Só será da JF, caso
haja uma lesão aos interesses, bens ou serviços da União.
A tutela de urgência, na ACP que versa sobre proteção do meio ambiente, passa a
fazer parte do próprio devido processo legal, sendo a regra.
Acerca do elemento provas, regra geral, não terá distinção ao processo civil.
Quanto a inversão do ônus da prova, o CDC poderá ser utilizado; a base principiológica
do direito ambiental, poluidor-pagador, prevenção, precaução; o poluidor terá que
provar que a sua conduta não gerou um dano ao meio ambiente.
Quando as provas forem colhidas no âmbito da MP, produzidas por órgãos
públicos, essas provas podem ser judicializadas, porque dotadas de fé pública.
Se julgada procedente, terá efeitos erga omnes; improcedência por insuficiência
de provas, não haverá coisa julgada sobre o autor ou outros legitimados; improcedência
mesmo com prestação de provas, haverá coisa julgada para o autor, mas os demais
legitimados poderão propor novamente essa ação.
Responsabilidade civil (Ana Paula correias)
Relação entre a responsabilidade civil e a sustentabilidade, que não está
relacionada somente ao dano ambiental, mas as relações sociais equilibradas. Não
haverá meio ambiente equilibrado enquanto os instrumentos não estiverem
O sistema brasileiro vai ser marcado pela reincidência do agente na prática desse
ato ilícito, mesmo depois dele ser condenado ao ressarcimento da lesão que foi causada
e isso confrontará a ideia de sustentabilidade.
Ocorre uma insuficiência dessas medidas, que estão limitadas a manutenção do
status quo e, assim, haverá a proposta de mecanismos que permitam
As regras da responsabilização devem ter função de prevenção e punição e se
voltam ao agente ofensor e sair do foco anterior que era muito
Uma lesão de mesma intensidade pode causar danos diferentes a sujeitos
diferentes. Cabe ao julgador analisar se a reparação da lesão deve se relacionar com o
interesse legítimo.
Os nossos tribunais tem usado os critérios de gravidade da culpa, repercussão
social do dano e reprovabilidade da conduta.
Jasmine Melo
Os danos ambientais estão se tornando a maior marca e a maior ordem do dia,
pois acontecem de forma intensa. Os custos das atividades ambientais continuam
crescendo, gerando uma preocupação com o meio ambiente.
Antes, os tribunais e legisladores não tinham preocupação com o meio ambiente,
mas com o crescimento econômico agressivo. Todavia, em razão dos recursos finitos,
pensam nas futuras gerações e modos de desenvolvimento sustentável. Após isso,
aponta causas para rejeição
A responsabilidade civil não pode ser nos moldes do direito civil, mas deve ser
adaptada. Essa rejeição inicial se deu por 4 causas:
funcional, a tradicional visão destina a reparação e não prevenção dos danos;
técnica, diante da inadaptabilidade do instituto à complexidade do dano ambiental,
por vezes, não há como achar uma vítima e há dificuldade de enxergar quem seria o
autor do dano;
ética, na hipótese de terminar em indenização, sendo impossível a reconstrução do
bem lesado. Quando não é possível reparar o bem lesado
acadêmica, no direito público, há uma tendência egoísta pois enxerga que a
proteção ao meion ambiente deve ser só dela, mas não cabe ao direito privado.
A redescoberta do instituto nesse campo se deu por outras causas: transformação
do meio ambiente em recurso escasso e finito; percepção de que o estado
comando-controle não protege o meio ambiente; surgimento de novos direitos
subjetivos;
O renascimento das resp. civil na protecao do dano ambiental: foi uma
transformação e não um resgate mecânico. Teve de haver essa fragmentação para a
transposição.
A resp. civil está ssociada ao princípio do poluidor-pagador, seja na reparação ou
na prevenção;
A degradação do meio ambiente tem causas plúrimas.
Princípios da precaução: padrões de segurança rigorosa
1. Poluidor pagador: o poluidor deve assumir as custas necessárias
2. Usuário-pagador: preços devem refletir os custos e esgotamento de
recursos
3. Reparabilidade integral do dano ambiental
A responsabilidade civil deveser adaptada para ser transposta ao direito
ambiental.
Ao conceituar o dano ambiental: alteração, deterioração destruição parcial ou total
de qualquer dos recursos naturais, afetando diretamente, o homem ou a natureza.
É preciso ter em conta os princípios ambientais:
Princípio da participação: a sociedade deve participar das decisões que são
tomadas em relação ao meio ambiente;
Princípio da prevenção: é necessário que haja a prevenção do dano; quando já se
sabe sobre os danos daquela atividade;
Princípio da precaução: quando há dúvida cientifica sobre os danos
Princípio da reparação: se houver dano, deve ser reparado;
Princípio do desenvolvimento sustentável: ligado a ideia de futuras gerações; que
os recursos ambientais durem suficientemente para as gerações futuras
Princípio do poluidor-pagador: está mais próximo da prevenção, porque exige que
o empreendedor inclua nos custos de sua empresa os danos sociais que provavelmente
sua atividade causará. Exigência de ordem econômica que os empreendedores coloquem
mecanismos de mitigação e reparação dos danos.
A responsabilidade está presenta na reparação, após o dano. A ACP faz uma
tremenda revolução, pois, até então, a ideia de separação dos poderes é invertida, já que
a criação da teoria do interesse difuso implica na colocação de um substituto processual
para realizar a defesa em nome de outrem.
Ainda, a criação do instituto do inquérito civil dá aos promotores a oportunidade
de investigar os danos ambientais. Ainda, reforçou as garantias dos promotores (dos
magistrados) para exercer o múnus da proteção do meio ambiente com independência e
liberdade. Isso se deu com a CRFB/88 e a lei da política nacional do meio ambiente.
Os efeitos da decisão na ACP passam a valer erga omnes e não somente inter
partes, valendo para todos dentro da área de jurisdição do juiz.
A responsabilidade civil, que é instituto do direito privado, passa para o direito
ambiental, direito público. Ao importar, o direito ambiental sofistica esse instituto, que
já tinha sido importado pelo direito administrativo, pois cria a teoria do risco integral,
que não admite nenhuma excludente de responsabilidade. Ainda que a atividade seja
regular, se provocar danos, deve haver indenização; ainda que tenha sido provocado por
um motivo de força maior. A obrigação é propter rem, quando relacionada a um bem. 7
Haverá inversão do ônus da prova, pois o poluidor tem que provar que não
produziu o dano. A responsabilidade será objetiva, bastando a comprovação da conduta,
dano e nexo de causalidade, sem necessidade do elemento subjetivo.
Independentemente de culpa, o dano ambiental deve ser reparado.
O autor da ACP pode escolher contra quem promoverá a ação, pois a
responsabilidade é solidária.
A desconsideração da pessoa jurídica, na questão ambiental, provando que o
patrimônio da empresa não é suficiente, no caso de atos ilícitos, a execução poderá
alcançar o patrimônio dos sócios.
13 DE OUTUBRO DE 2020
Modelo unitário: todas as leis penais ambientais estão inclusas no CP do país
respectivo.
Modelo mosaico: típico das legislações esparsas. A legislação penal ambiental
não está concentrada no CP junto com as demais leis penais.
Luiz Régis Prado fala que, independentemente do modelo, o que importa
efetivamente é que a tutela penal seja efetiva. A discussão é como fazer esse modelo ser
efetivo.
Há mais uma divisão dentro do que antes era só unitário e mosaico.
Modelo dos países sem tutela: países que não tem tutela do meio ambiente
Modelo mosaico
Modelo unitário
Modelo ideal: nenhum país o adota
O sistema transnacional de tutela ao meio ambiente, no âmbito penal, não existe
ainda. A tutela penal internacional do meio ambiente é necessária e o próprio dano
exige isso. A criação de tribunais penais internacionais é indispensável, pois o
importante é fornecer instrumentos para que o povo possa acionar o direito que lhes é
dado.
No Brasil, o direito penal ambiental está em legislações esparsas e no art. 225, III
da Constituição Federal. A lei 9.605 é a lei geral dos crimes ambientais, que também
trata de questões administrativas e cooperações internacionais.
Há uma corrente que preza a lei e ordem, quanto mais duras as penas, menos
crime ocorre. Todavia, quem defende essa corrente, de regra, defende para crimes
comuns e não para crimes ambientais ou crimes comuns.
Os abolicionistas defendem o fim do direito penal total.
A corrente minimalista entende que o direito penal deve servir somente para
crimes que ofendem bens jurídicos fundamentais, como a vida, integridade física e
liberdade das pessoas.
A quarta escola, distores utópicos da realidade ou neorrealistas, são aqueles que
entendem que o direito penal não deve ser abolido e ele deve ser, além dos bens
jurídicos fundamentais, deve proteger o meio ambiente e combater a corrupção
(proteção ao patrimônio público).
A lei geral de crimes ambientais tem tipos muito abertos e abstratos, sendo sempre
necessário que o julgador preencha essa abertura.
20 DE OUTUBRO DE 2020
A efetividade do direito urbanístico no Brasil.
As origens do processo de urbanização, no Brasil, ocorreram na década de 30
(ciclo do café), quando se promoveram as atividades industriais; a industrialização no
estado novo e o milagre na década de 70.
A valorização no preço das terras desfavoreceu as classes que não tinham
condições de arcar, que foram empurradas para as periferias. Os serviços básicos não
incluem necessariamente essas zonas.
Há a tendência do afastamento das pessoas mais pobres da região mais
valorizadas. As cidades legais ou periferias são invisíveis, haja vista as normas de
legislação. A posse não é amparada pelo direito de propriedade, e muitas dessas pessoas
não tem registro imobiliário.
A ocupação da cidade ilegal é nociva ao meio ambiente; as favelas são
construídas em ambientes muito mais frágeis. Todavia, não só as favelas são desastrosas
para o impacto ambiental, mas também as construções feitas nos centros valorizados.
Isso causa a falta de efetividade dentro do direito urbanístico.
É necessária a regularizar esses ambientes de acordo com as normas de
urbanização, para que haja uma efetivação do direito ambiental. Além disso, os centros
históricos vão sendo descartados a medida com que passam a ser mais populares,
mesmo que sejam regulares.
Como causas da inefetividade do direito urbanístico, temos:
1. Baixa renda das pessoas que foram deslocadas para cidades ilegais, que
trabalham nos centros urbanísticos
2. Descompasso da legislação com a realidade
3. Ilegalidade produzida nas áreas valorizadas, com fins de maximizar o
proveito da sua propriedade, como fraudes no sistema de registro,
corrupção dos agentes fiscais.
4. Precariedade na fiscalização, que deveria ser implementado através do
poder de polícia, promovendo a proteção das normas de direito ambiental
5. Especulação imobiliária, que favorece o lucro e contribui para a
segregação.
O processo de construção do país, desde as origens, a desigualdade social e
econômica foi determinante para refletir a inefetividade das normas de direito
urbanístico no país.
Após a extinção da abolição, não houve nenhuma política para a concessão de
moradia dessas populações, o que culminou a ocupação de regiões periféricas, incluindo
aquelas protegidas ambientalmente.
Pelourinho é patrimônio histórico internacional, reconhecido pela UNESCO.
Apesar de ser herança colonial, sua ocupação foi feita pelos negros, que não tinham
condições de manter aquele local. Assim, o governo estadual focou em atrair
empresários para que, com seu dinheiro, fizessem a manutenção do local e atraíssem
turística. Com isso, expulsou-se a comunidade pobre que morava lá. Preocupou-se
apenas em manter o patrimônio material, mas não as pessoas (patrimônio imaterial).
Essa população foi colocada de vez na marginalidade, o que gerou problemas relativos à
segurança no Pelourinho.
O que está tombado não é o acarajé, mas o ofício das baianas de acarajé, pois é
patrimônio imaterial. Do mesmo modo, o quese protege não é o samba de roda, mas as
comunidades que o praticam.
27 DE OUTUBRO DE 2020
CÓDIGO FLORESTAL
CONTEXTO HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO FLORESTAL BRASILEIRA
O primeiro código florestal é de 1934, o decreto 23.793. Em 1965, a lei 4771
instituiu o novo Código Florestal. Em 2012, a lei 12.651 instituiu a lei de proteção da
vegetação nativa. Logo, muito embora seja usado o apelido de “novo código florestal”,
O Código de 1934 dava limites de uso da propriedade, estabelecendo a obrigação
de respeitar a vegetação existente na terra, considerada bem de interesse comum de todo
o brasil. Na época, estávamos em uma situação em que a legislação brasileira era
esparsa para as questões ambientais, havendo algumas contradições.
Em 1965, surge o Novo Código Florestal, com uma percepção de que as florestas
existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecida de
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do
país, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em
geral e especialmente esta lei estabelecem. Ratifica o que já estava posto no Código de
1934.
Na atualidade, o artigo 225 da CRFB/88 estabelece um novo paradigma para o
direito brasileiro, colocando o direito ambiental como direito constitucional. A partir de
1988, tivemos uma visão holística do meio ambiente, enquanto antes, havia somente
uma legislação e regualcao esparsa.
A lei 12.651/2012 sobre a Proteção da Vegetação Nativa, foi como uma tentativa
de reforma do Novo Código, mas é um equívoco chama-la de código, porque a própria
lei não se autointitula e porque não alcança a integralidade de tutelas ao meio ambiente,
muito embora estabelece conceitos e procedimentos administrativos a serem
observados.
Há um problema na denominação do Código Florestal, pois é um apelido dado
pelo uso comum,
Antes da CRFB/88, haviam leis especiais que devem ser observadas pelo “novo
Código Florestal” de 2012, como a lei 7.661/88, que institui o plano nacional de
gerenciamento costeiro como parte integrante da política nacional para os recursos do
Mar (PNRM) e Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) – Lei 6.938/81.
Na própria CRFB/88, os parágrafos são provocativos, incentivando o legislador e
os cidadãos a pensar a questão ambiental e proteção, como a necessidade de formatar
legislação especial para aquele procedimento. A lei de crimes ambientais – lei
9.605/1998 dispoe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente se refere ao §1º do art. 225 da CRFB/88.
Além disso, temos a lei 9.985/00, sobre sistema nacional de unidades de
conservação, referente ao §2º do art. 225 da CRFB/88. A lei 11.284/2006 dispoe sobre a
gestão de florestas públicas para produção sustentável e institui na estrutura do
ministério do meio ambiente, o serviço florestal brasileiro, além de criar o fundo
nacional de desenvolvimento florestal (FNDF).
A lei 11.428/06 dispoe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma
Mata Atlântica.
A lei 13.123/15 dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e
o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para
conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Essa legislação que hoje chamamos de “código florestal” respeita e tem que
respeitar a legislação especial aqui citada. A lei de vegetação nativa “’novo código
florestal” não revogou toda a legislação especial anterior, bem como a legislação
especial posterior não o revoga, mas se complementam.
SELEÇÃO DE CONCEITOS E DE PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS NA LEI.
Amazônia legal é o espaço muito além da Amazônia. A Amazônia legal abrange
uma área de 5.217.423 quilômetros quadrados.
Art. 3º da lei 12.651/2012. I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas
ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão;
O direito ambiental se relaciona com prevenção e precaução, este último se
referindo àquilo que ainda não sei. As queimadas se relacionam com a seca e com a
atividade criminosa.
A Amazônia legal é uma área de preservação, pois é uma área de maior
biodiversidade do mundo.
Art. 3º da lei 12.651/2012.II - Área de Preservação Permanente - APP: área
protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;
Art. 3º da lei 12.651/2012. III - Reserva Legal: área localizada no interior de
uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a
função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem
como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas
sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes
percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos
previstos no art. 68 desta Lei: 
Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de
até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação
nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será
constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de
julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo.
O Estatuto da Terra de 1964 é quem traz a definição de módulos fiscais, em seu
art. 50.
Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal
previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para
os percentuais exigidos nesta Lei.
O conceito de área rural consolidada é a área de imóvel rural com ocupação
antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou
atividades agrossilvopastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de
pousio. As pessoas podem recuperar essa área fazendo as compensações.
Art. 3º XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades ou
usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos,
para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do
solo;
Alguns agricultores estão tentando se valer dessa área de pousio para indicar
como área recuperada, mas esta não é a verdade. Além disso, alguns agricultores não
querem aceitar o percentual determinado em lei para recuperação dessas áreas.
O mercado de carbono e o Protocolo de Kyoto
O mercado de carbono foi estabelecido no protocolo de Kyoto, que solicita que
tenhamos o mínimo de emissão de carbono para evitar o aquecimento global. Trata-se
de um valor que determina o limite da redução que precisamos realizar de emissões de
gas carbônico e que cada um dos produtores pode usar para fazer compensações.
O cadastro ambiental rural – CAR é o registro público eletrônico de âmbito
nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integras as
informações ambientais das propriedades e posses rurais (art. 29 da lei de vegetação
nativa). A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as
propriedades e posses rurais. Para que o proprietário se desobrigue, deverá apresentar ao
órgão ambiental competente a certidão de registro de imóveis onde conste a averbação
da reserva legal ou o termo de compromisso já firmado nos casos de posse. O CAR não
dá título de propriedade.
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema
Nacional de Informaçãosobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com
a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
O programa de regularização ambiental (PRA) é o conjunto de acoes ou
iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de
adequar e promover a regularização ambiental de cada imóvel rural.
Restringe a regularização das áreas de preservação permanente, de reserva legal e
de uso restrito desmatadas até 22/07/2008, ocupadas por atividades agrossilvipastoris,
que poderá ser efetivada mediante recuperação, recomposição, regeneração ou
compensação.
A compensação aplica-se exclusivamente às áreas de reserva legal. Realizada a
inscrição no CAR, os proprietários ou possuidores de imóveis ruais com passivo
ambiental relativo às APP, Rl e áreas de uso restrito poderão solicitar de imediato a
adesão aos programas de regularização ambiental – PRA dos Estados e do Distrito
Federal para proceder à regularização ambiental do seu imóvel rural.
Esse Programa afeta a facilidade de empréstimos, insumos etc.
O percentual mínimo de reserva legal na Amazônia legal é de 80% ou 50% em
regiões determinadas como consolidadas no zoneamento ecológico econômico – ZEE.
No cerrado, 35% e na mata atlântica, caatinga, pampa e pantanal, 20%.
A compensação de reserva legal (CRL) pode ocorrer através da compra de área
privada da mesma titularidade, compra de área em unidade de conservação, pelo
arrendamento de servidão ambiental ou por aquisição de cotas de reserva ambiental
(CRA) – disponível apenas no Mato Grosso (MS).
EXPOSIÇÃO: COMPETÊNCIA MUNICIPAL PARA DETERMINAR ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
DE ÁREA URBANA LUCÍOLA MARIA DE AQUINO CABRAL
O artigo faz uma análise sobre a competência municipal para legislar sobre o meio
ambiente, tendo como base a CRFB/88 e o princípio do federalismo, solidariedade,
subsidiariedade.
O princípio da solidariedade mostra sua efetividade pela municipalização da
proteção do meio ambiente.
O princípio do federalismo reside na descentralização do poder cuja
operacionalização se faz por meio da repartição de competência, já que a CRFB/88
determina, desde logo, os poderes de cada ente.
O princípio geral que rege a repartição de competências é o da predominância de
interesse. À União, interesse nacional, aos Estados, interesse regional e aos municípios,
interesse local.
O art. 18 da CRFB/88 deu autonomia aos municípios brasileiros, relacionado com
a descentralização de poder e capacidade de gerar receita própria.
O art. 23 da CRFB/88 atesta que é dever de todos os entes proteger o meio
ambiente e combater a poluição em todas as suas formas.
O art. 24 da CRFB/88 não se refere aos municípios no que tange à legislar
concorrente sobre o meio ambiente. Todavia, a CRFB/88, em seu art. 30, I determina
que compete ao município legislar sobre assuntos de interesse local, logo, o município
pode atuar. O interesse local pode abarcar o meio ambiente, mesmo que não seja o único
interessado, desde que seja o interesse principal.
Os Municípios exercem competência supletiva, essa competência suplementar é
exercida em relação às matérias do art. 24 da CRFB/88.
A competência material administrativa é naturalmente comum aos entes. O
Município pode e deve proteger o meio ambiente, mesmo que seja de propriedade do
Estado. A competência legislativa admite certas limitações.
O Estatuto da Cidade determina que os municípios com mais de 20.000 habitantes
tenha um plano diretor, que é uma regularização para todas as questões urbanas e
ambientais.
EXPOSIÇÃO: RECURSO ESPECIAL STJ
O tema central desse recurso especial são os deveres legais presentes na lei 4771,
especialmente nos arts. 16 e 19 e o crime ambiental do art. 68 da lei de crimes
ambientais.
Discute-se se esse crime é próprio ou comum. Os artigos 16 e 19 exigiam que o
proprietário do imóvel tomasse medidas para restauração da mata nativa e tornavam
obrigatória a autorização do órgão ambiental para exploração de florestas de domínio
privado.
Segundo o MP, isso caracterizaria o dever legal que enquadrava o sujeito no crime
do art. 68 da lei de crimes ambientais, que seria um crime comum. O tribunal de justiça
entendeu que um particular não poderia responder por este crime, por ser crime próprio,
só podendo ser praticado por servidor público. O STJ entendeu se tratar de crime
comum e não crime próprio, podendo ser praticado por qualquer pessoa, dando
provimento ao recurso especial, valendo como recebimento da denúncia.
Um indivíduo proprietário de imóvel rural foi responsabilizado por desmatar a
mata nativa deste imóvel, enquadrando-se no art. 68 da lei de crimes ambientais – lei
9.605.
O crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, sem
especificação. O crime próprio é praticado somente por aquelas pessoas que reúnem
características exigidas pela lei (qualidade especial do sujeito). O crime de mão própria
são aqueles que só podem ser cometidos diretamente pela pessoa.
CONSIDERAÇÕES HERON
O Novo Código Florestal de 1965 foi feito durante um período de visão
conservadora da sociedade, com um ideal desenvolvimentista.
Na área de reserva legal, o proprietário é obrigado a reservar parte de sua
propriedade para destinar à área de reserva legal, configurando uma restrição.
Acredita que as porcentagens de reserva legal fixadas eram meio de evitar a
alegação, por parte do movimento que pedia reforma agrária, de que havia terras
improdutivas. Boa parte das propriedades rurais estariam voltadas para a proteção
ambiental e não poderia haver produção rural nelas e, portanto, não haveria que se falar
em improdutividade.
O código florestal traz o meio ambiente como bem de interesse público, ainda
que seja privado. Nesse sentido, foi melhor que a Constituição. O proprietário conserva
a titularidade, mas não pode dispor como bem entender, pois há restrições
administrativas.
O código florestal atual foi feito quando havia governo de esquerda no país, mas
flexibilizou uma série de proteções, sendo muito criticado pelos ambientalistas, por
permitir compensações, estabelecer mercado de carbono, etc.
03 DE NOVEMBRO DE 2020
RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO BÁSICO
A lei que trata da politica nacional de recursos hídricos e relação com o
saneamento básico.
Observamos que o saneamento é sempre visto pela ótica estrutural, do serviço, das
instalações, mas esquecemos que ele tem uma complexidade muito maior do que esses
serviços públicos. É necessário ter uma visão panorâmica.
O tema recursos hídricos e saneamento básico está em constante dialogo
APROXIMAÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL
O tema água e recursos hídricos nem sempre foi tratado de maneira separada mas,
com a evolução histórica, reparamos que houve uma separação, cuja causa foi a partir
do momento em que o saneamento passa a ser tratado como um serviço público tratado
na concepção de infraestrutura.
Os recursos hídricos vão estar associados a diversos regimes, inclusive alguns
privatistas, o que só mudara durante o século XX.
Se utilizarmos como marco inicial a independência, a constituição imperial de
1824 foi omisso em relação ao tema. Havia, portanto, um laissez faire ambiental, já que
esse tema do saneamento básico era secundarizado. Essas atribuições eram exercidas
pelo município, através da competência municipal (cidades e vias), baseado no “direito
de almotaçaria” (advindo do direito medieval) e edição de posturas. Por exemplo, temos
a lei imperial de 1 de outubro de 1828, art. 66 §§1 e 2º.
Na primeira metade do século XIX, tinha-se uma ideia de que o pântano causaria
mal à saúde das pessoas, em razão do desenvolvimento da medicina naquela época
(teoria dos miasmas)
Haviam, por outro lado, normas casuísticas, como a lei provincial 451 de 1852, na
província da Bahia e a Lei imperial 719 de 1853 (art. 11, §3º).
GilbertoFreyre atribui como causa para o atraso do desenvolvimento básico, a
existência desses escravos-tigres – o escravo que carregava os dejetos que estava na
casa das pessoas e jogava nos rios. A questão hídrica e do saneamento sempre estiveram
associadas com essas questões sociais e econômicas. Quando o Estado interfere na
questão, surge a preocupação com essas discussões, por exemplo, com o primeiro
contrato de saneamento básico para o esgotamento do rio de janeiro.
Existem três paradigmas político-ideologicos quando se encaram os recursos
hídricos:
Como Mercadoria. Paradigma mais antigo. Na história, a água era vista como
mercadoria. Até o CC/16, o meio ambiente era protegido como direito de propriedade.
Direito fundamental. CRFB/88, art. 225.
Ente com valor intrínseco (dignidade). Concepções éticas de natureza biocêntrica
e ecocêntrica.
COMPETÊNCIA DOS ENTES
Legislativas
Privativa: Uniao (art. 22, IV)
Concorrente: estados e união (art. 24, CF)
Administrativas (materiais)
Geral: União (art. 21, XIX) de instituir um sistema geral de recursos hídricos. Foi
Fundamento para edição da lei 9433/1997.
Comum (art. 23)
Previsão normativa
CRFB;88
Lei complementar 140/2011
As regras previstas no Código de águas de 1934 estabelece competências na área
das águas, mas não foram recepcionadas pela CRFB/88. Fala de águas de domínio
privado privado das aguas e competências municipais, o que não é mais possível.
Todavia, o município pode atuar dentro das esferas das competências materiais,
principalmente a competência comum.
LEI 9433/1997
FUNDAMENTOS
Natureza pública das águas, não existe água privada no direito brasileiro. As
asguas são bem de uso comum do povo, não são bens dominiais;
Valor econômico. Possibilidade do uso da água ser objeto de utilização privada.
Uso prioritário x uso múltiplo. A preferencia é que seja múltiplo, que consiste na
diferença no uso da água para diversos fins. O uso prioritário é abastecimento humano e
descentralização (saciar a sede dos animais).
Bacia hidrográfica como região geográfica preferencial para tomada de decisões
de centralização administrativas.
Temos 6 instrumentos para alcançar as diretrizes: os planos de recursos hídricos
O instrumento compensação a municípios foi vetado pelo presidente FHC, que é,
portanto, inoperante. Não houve nenhuma regulamentação desse instrumento, o veto foi
responsável pela sua fragilização.
O enquadramento dos corpos de água em classes e os planos de recursos hídricos,
aparentemente, são decisões técnicas. Todavia, técnica e política não estão separadas. A
planificação e a técnica não são inocentes. Os planos de recursos hídricos são um
planejamento de como se darão os usos dentro de uma bacia hidrográfica, a cobrança e
são de responsabilidade da bacia hidrográfica. Pela ideia da descentralizacao, deveria
ser uma combinação do técnico, político e cidadão. Todavia, há um déficit de
participação popular nas bacias hidrográficas. O enquadramento dos corpos é uma
classificação em termos técnicos sobre o tipo de uso que será feito, com
estabelecimento de padrões de diluição, de material etc. os atores econômicos estão em
cima desse enquadramento, devendo haver muito cuidado para não haver
cooptação/captura pelo agente privado das agências e comitês de bacias hidrográficas.
A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos seria o licenciamento na área
hídrica, mas teria um caráter de autorização, segundo o professor.
A cobrança pelo uso de recursos é o preço público que se cobra pela autorização
de uso que é dada. Alguns autores defendem que é taxa.
O sistema de informações sobre recursos hídricos deve estar integrado com o
sistema nacional de informações sobre o saneamento.
SANEAMENTO BÁSICO
Os paradigmas do saneamento básico não são diferentes dos recursos hídricos. Se
a água é tratada como mercadoria, o saneamento é tratado como serviço de
infraestrutura. Se a água é tratada como direito fundamental, o saneamento é direito
social.
Existem competências federais e estaduais para os recursos hídricos. Todavia, o
titular por excelência da competência para saneamento básico é o município. Há apenas
uma competência residual dos estados com relação ao saneamento de regiões
metropolitanas ou intermunicipais. A competência federal é mais residual e nebulosa,
envolvendo terras indígenas. O novo marco regulatório do saneamento não deixou claro
o que envolve esses grupos indígenas vulneráveis.
O novo marco regulatório de saneamento traz um rol de princípios fundamentais,
dentre eles o da universalização do saneamento básico. Essa nova lei facilita
demasiadamente o acesso do capital privado ao serviço público de saneamento básico e
dificulta a celebração de contratualização entre municípios e entes estatais (contrato de
programa).
DELITOS POR RESÍDUOS SÓLIDOS - TEXTO
A evolução da tutela penal do meio ambiente. Inicialmente, era aceito no contexto
nacional e internacional, mas alcançou importância maior com a conferencia de
Estocolmo de 1970. Assim, a tutela penal se tornou mais relevante para proteção do
meio ambiente.
No brasil, tínhamos apenas o crime de poluição. A CRFB/88, no art. 225, §3º
dispôs mandamento expresso de criminalização de delitos contra meio ambiente.
Colocou a pessoa jurídica como sujeito ativo, capaz de realizar essa infração penal.
Visando concretizar esse mandamento, a lei 9605/98 de crimes ambientais foi
elaborada.
O art. 54 dessa lei é o foco principal do texto, que trata do crime de poluição,
estando incluso o crime de poluição por resíduos sólidos. De um modo geral, a lei de
crimes ambientais apresenta pontos que sofrem critica da doutrina. Há uma grande
preocupação em tutelar penalmente o meio ambienta, mas isso não é feito de forma
mais adequada, pois a técnica legislativa não foi a melhor. Os tipos penais são muitos
abrangentes (abertos) e até genéricos, o que dificulta enquadrar a conduta no tipo penal.
A concretização desses tipos se daria através de um juízo de valor do julgador. Ainda,
não seria possível falar de tipo aberto, pois é contraditório com o seu próprio conceito.
O uso excessivo de leis penais em branco e crimes de perigo é suficiente para
gerar danos ao princípio da legalidade e da taxatividade.
O art. 54 não traz um conceito de poluição nem de resíduos sólidos, lacuna que foi
preenchido com resoluções. Esse artigo traz muitas expressões amplas: “em níveis tais”,
“de qualquer natureza’.
O que se entende por poluição. A lei 6938/81, art. 3º, III. O julgador, no momento
da aplicação, deve ter esse conceito em mente, para evitar a discricionariedade.
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;
As autoras não concordam que as pessoas jurídicas possam ser sujeitos ativos, em
que pese a disposição legal e a doutrina majoritária.
O art. 54 da lei de crime ambiental tem como bem jurídico tutelado a saúde
publica e o meio ambiente. A saúde pública foi protegida de forma mais abrangente,
pois se protegem os danos e o perigo de dano, enquanto o meio ambiente só será
tutelado quando houve efetivamente o dano (mortandade de animais e desmatamento da
flora). O sujeito passivo é toda a coletividade. O sujeito ativo pode ser pessoa física ou
jurídica.
O texto do caput é muito abstrato. “em níveis tais” não permite inferir qual grau
de poluição será repreendida pela tutela penal, pois não todo tipo de poluição será
tutelado pelo direito penal, já que é um direito de ultima ratio.
“Dequalquer natureza” buscou alcançar delitos relacionados a resíduos sólidos,
gasosos, oleosos, qualquer lugar.
Não há parâmetro para definir a mortandade de animais, pois muitas vezes, não há
um nível elevado de morte em situações de espécies em extinções.
A resolução nº 5 do CONAMA definiu resíduos sólidos.
Há uma dificuldade de proteção em razão dos textos amplos, abrangentes e
abstratos. Isso gera um direito penal simbólico.
A PROTEÇÃO PENAL AMBIENTAL ATRAVES DOS CRIMES DE PERIGO ABSTRATO
A importância do tema no direito geral e ambiental, diante da globalização,
multiculturalismo, surgimento de novas tecnologias, novos riscos foram surgindo. A
tutela penal cairia também na prevenção, para evitar a lesão. Todavia, há uma ofensa ao
princípio da ofensividade. Dentro do direito penal ambiental, há na lei de crimes
ambientais diversos crimes de perigo.
A partir da década de 80, mudou-se a concepção do direito ambiental, que deveria
ser protegido, com a tutela penal.
A natureza do bem jurídico meio ambiente é diferente da natureza dos outros bens
tutelados pelo direito penal, dada a característica principal de prevenção e precaução. A
partir do momento em que o direito penal tutelasse apenas uma efetiva ofensa, talvez
não fosse mais possível voltar ao status anterior. Por isso, a antecipação da tutela penal
seria tao importante.
A doutrina majoritária entende que o justo seria uma lesão ou um perigo de lesão
concreto ao bem jurídico, que não se confunde com o perigo de lesão abstrato. O
princípio da prevenção se relaciona com o perigo de lesão concreto (desvalor no
resultado), pois já há conhecimento cientifica, já há um risco. O princípio da precaução
se relaciona com o perigo de lesão abstrato, não há ainda um risco comprovado, mas há
um potencial risco (sociedade do risco).
Pensa-se em prevenir novos riscos e controlar as fontes de perigo através da nocao
de crime de perigo abstrato, mas não há um consenso na doutrina.
Possíveis ofensas ao princípio da ofensividade, pois não há crime sem ofensa a
um bem jurídico, voltado ao legislador e ao juiz. Existem argumentos a favor e contra.
Se a criminalização de uma conduta poe em chque o direito fundamentla a liberdade, é
necessário criminalizar uma conduta que viola efetivamente um direito de tamanha
importância. Ainda, o direito penal e esse princípio busca evitar que se criminalize
condutas que ofendam a moral, a religião etc. o direito penal não atua preventivamente.
Noutro giro, argumentos a favor são: existem novos bens, riscos e ofensas e o direito
penal precisa acompanha-los; há danos efetivos a bens jurídicos difusos no crime de
perigo abstrato; análise sistemática do ordenamento jurídico.
Possíveis ofensas ao princípio da intervenção mínima. Os argumentos a favor e
contra se assemelham. O art. 225, §3º não valida o perigo abstrato, pois não fala de
tutela antecipada.
Possíveis ofensas ao princípio da proporcionalidade. A violação estaria na
criminalização de uma conduta que não tem uma efetiva lesão, todavia é preciso fazer
análise no caso concreto: natureza do bem jurídico (é relevante?); perigo iminente da
conduta (conduta ilícita intrinsecamente); idoneidade e necessidade da resposta penal;
razoabilidade – ponderação entre o meio e fim.
A depender da natureza do bem jurídico, é possível criminalizar as condutas a
partir dos crimes de perigo abstrato, quando se trata de ofensa ao meio ambiente,
principalmente em razão do princípio da prevenção e precaução.

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