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A Princesa e A Ervilha Era uma vez um príncipe muito esquisito. Sempre que os pais lhe perguntavam porque não se casava, ele respondia: – Porque nunca encontrei uma verdadeira princesa. Um dia, decidiu ir pelo mundo fora, tentar a sua sorte. Montando o seu belo cavalo, visitou todos os países, de Norte a Sul e de Este a Oeste. Encontrou um número incalculável de princesas, cada uma mais linda que a outra. Algumas eram loiras e rosadas, outras morenas e pálidas. Uma era muito bela e fez-lhe bater o coração com tal força que pensou escolhê-la para sua mulher. Mas ao examinar a relação dos seus antepassados alguma coisa lhe desagradou. Finalmente, regressou ao palácio, onde a sua mãe o esperava, com curiosidade e impaciência. – Há muitas princesas pelo mundo, mas as verdadeiras são raras! – Tu és muito exigente, meu filho, e assim nunca te casarás… – respondeu a rainha. Contudo ela estava enganada. Uma certa noite, uma trovoada terrível sacudiu o palácio. A chuva começou a cair com violência, o vento assobiava nas árvores e os relâmpagos iluminavam o céu. Uma pobre princesinha, completamente perdida, caminhava sozinha, debaixo da chuva. Chegou diante do palácio e, a tremer, bateu à porta. Foi o próprio rei quem veio abrir. Com espanto e piedade, olhou para a menina que tremia de frio e de cansaço. – Entra, minha menina – disse paternalmente. Estava encharcada até os ossos. Conduziu-a até junto da rainha. – Quem és tu? – perguntou esta. – Eu sou princesa. Mas poder-se-ia acreditar? A rainha observava atentamente a menina que tinha diante de si. Apesar do seu vestuário enlameado, molhado e deformado, dos seus cabelos caídos, a menina tinha um belo aspecto. A rainha emprestou-lhe um dos seus vestidos e, passados uns instantes, ela saiu do quarto , calma, fresca e elegante. Entretanto, uma criada preparava o quarto da princesa. A rainha mandou pôr-lhe, sobre a cama, vinte colchões, uns sobre os outros. A ordem foi executada. Sob o último colchão, a rainha colocou um pequeno grão de ervilha verde. Depois do jantar, todas as pessoas se retiraram, para se irem deitar. A pobre menina teve que pôr uma escada para subir na cama, de tão alta que era! Na manhã seguinte, ela apareceu pálida e com olheiras. – Passaste bem a noite, princesa? – perguntou a rainha. – Pobre de mim, Senhora. Havia qualquer coisa tão dura na minha cama que me foi impossível dormir. Ao ouvir estas palavras, o príncipe sorriu com um ar feliz. Finalmente, tinha encontrado uma mulher! Só uma verdadeira princesa pode ter uma pele assim tão delicada. Casaram-se imediatamente, e a ervilhinha foi colocada no tesouro real. Adaptado do conto de Hans Christian Andersen
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