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DIREITO EMPRESARIAL I B L O C O D E A P R E N D I Z A G E M 1 P A R T E 2 - D I R E I T O S O C I E T Á R I O Profa. Em illie M ichels 01 S O C IE D A D ES N O C Ó D IG O C IV IL INTRODUÇÃO A sociedade é uma pessoa jurídica de direito privado, conceituada no art. 981 do Código Civil, que dispõe: “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício da atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Tal dispositivo se aplica às sociedades simples (intelectuais) ou empresárias, personificadas, por terem seus atos constitutivos levados a registro, ou despersonificadas. O CÓDIGO CIVIL POSSIBILITA A CRIAÇÃO DAS SOCIEDADES DESCRITAS EM SEUS ARTS. 986 A 996 (SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS), 997 A 1.038 (SOCIEDADES DE INTELECTUAIS) E 1.039 A 1.092 (SOCIEDADES EMPRESÁRIAS), ALÉM DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS DESCRITAS NOS ARTS. 1.093 A 1.096 E DAS SOCIEDADES COLIGADAS, SENDO ESSE ROL TAXATIVO. 02 PERSONALIDADE JURÍDICA A aquisição da personalidade jurídica ocorre com a inscrição do ato constitutivo (contrato social ou estatuto social) no órgão competente. É o que preconizam os arts. 45 e 985 do CC/2002. 03 Antes do registro não há personalidade jurídica, portanto, não há existência legal da sociedade enquanto pessoa jurídica. No entanto, o CC/2002 reconhece a existência da chamada sociedade irregular. EFEITOS a) é capaz para o exercício de direitos e para contrair obrigações;b) pode figurar no polo ativo ou passivo de uma relação jurídica, salvo aquelas privativas de pessoas naturais ou aquelas em que haja proibição legal;c) tem nome próprio;d) tem domicílio próprio, distinto do domicílio dos sócios;e) tem patrimônio próprio, distinto e inconfundível com o patrimônio particular dos seus sócios. 04 C O N T R A T O . S O C IA L O contrato social trará cláusulas separadas por temas, sendo algumas obrigatórias, conforme consta do art. 997 e incisos do Código Civil. - Capital, quotas e participação dos sócios nos lucros e perdas: incisos III, IV, V, VII do art. 997 do CC. - Administração da sociedade: inciso VI do s art. 997 do CC. - Responsabilidade dos sócios: inciso VIII do art. 997 do CC. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS caracterizam-se como pessoa jurídica, porquanto levaram seu ato constitutivo a registro. Sociedade em comum Sociedade em conta de participação PERSONIFICADAS não se caracterizam como pessoa jurídica, porquanto não levaram seu ato constitutivo a registro. Sociedade simples (art. 966, único) Sociedade limitada Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Sociedade cooperativa Sociedade coligadas 05 QUANTO À PERSONIFICAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES RESPONSABILIDADE ILIMITADA sociedade em comum (art. 990: “todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem”); sociedade em nome coletivo (art. 1.039: “respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais”). RESPONSABILIDADE LIMITADA sociedade limitada (art. 1.052: “ é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social”); sociedade anônima (art. 1.088: “o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir”). 06 QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES RESPONSABILIDADE MISTA: sociedade em conta de participação (Há duas modalidades de sócios, o ostensivo e o participante. O sócio ostensivo é quem exerce unicamente a atividade, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, respondendo perante terceiros pelas obrigações sociais. O sócio participante entra na sociedade com capital ou com trabalho, ou ambos, porém não responde perante terceiros, tão somente respondendo perante o sócio ostensivo, nos termos estabelecidos no contrato social (art. 991); sociedade em comandita simples (Segundo o art. 1.045, há duas categorias de sócios: os comanditários, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os sócios comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota); sociedade em comandita por ações (Tem seu capital social dividido em ações, sendo que o acionista que administra a sociedade responde subsidiária e ilimitadamente, e os demais acionistas que não participam da administração respondem somente pelo preço de emissão das ações que subscreverem ou adquirirem – art. 1.091). 07 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SOCIEDADE DE PESSOAS sociedade em conta de participação (Segundo o art. 995, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais); sociedade em nome coletivo (Segundo o art. 1.040, esse tipo societário se rege pelas normas que lhe são próprias e, no que for omisso, pela disciplina das sociedades simples, portanto, aplica-se o art. 999, caput); sociedade em comandita simples (Segundo o art. 1.046, esse tipo societário se rege pelas normas que lhe são próprias e, no que for omisso, pela disciplina das sociedades em nome coletivo, portanto, aplica-se o art. 1.040 c/c o art. 999, caput); sociedade limitada (Conforme prescreve o art. 1.057, a sociedade limitada pode ser constituída com natureza capitalista, uma vez que os sócios podem estipular livremente a alienação das quotas para estranhos, desde que previsto no contrato social). São aquelas que se constituem levando-se em consideração as qualidades pessoais dos sócios, isto é, seus atributos pessoais. Assim, exige-se como requisito para sua constituição o affectio societatis. 08 QUANTO À ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL: CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SOCIEDADE DE CAPITAL sociedade anônima (art. 36 da Lei 6.404/1976 – Lei das Sociedades Anônimas – que assegura a livre circulação das ações); sociedade de comandita por ações (Segundo prescreve o art. 1.090, esse tipo societário rege-se pelas normas relativas à sociedade anônima, portanto aplica-se o art. 36 da LSA). São aquelas que se caracterizam por priorizar a formação do capital social necessário sem se preocupar com as qualidades pessoais dos sócios. Assim, o que importa é a aquisição de capital suficiente para desenvolver as finalidades sociais, independentemente de quem participe da formação desse capital. Portanto, é livre a alienação das ações. 09 QUANTO À ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL: CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SOCIEDADES DE CAPITAL FIXO São aquelas em que o capital social é estabelecido em valor fixo no contrato social ou no estatuto. Todas as sociedades previstas no direito brasileiro são de capital fixo. 10 QUANTO À VARIABILIDADE DO CAPITAL SOCIAL: SOCIEDADES DE CAPITAL VARIÁVEL São aquelas cujo capital social é variável ou dispensável. O único exemplo é a sociedade cooperativa (art. 1.094, I). CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES SOCIEDADES CONTRATUAIS são aquelas constituídas mediante contrato social. •sociedade em nome coletivo; •sociedade em comandita simples; •sociedade limitada. 11 QUANTO AO ATO CONSTITUTIVO: SOCIEDADES INSTITUCIONAIS são aquelas constituídas mediante estatuto. •sociedade anônima; •sociedade em comandita por ações. QUADRO-RESUMO DOS TIPOS SOCIETÁRIOS NO DIREITO BRASILEIRO 12 EM COMUM A) AQUELAS QUE EXISTEM APENAS DE FATO, POR NÃO TEREM SEQUER CONTRATO ESCRITO; B) AS QUE POSSUEM CONTRATO ESCRITO NÃO REGISTRADO NO ÓRGÃO COMPETENTE; OU C) AQUELAS QUE, MESMO REGISTRADAS, PASSARAM POR UMA SUBSTANCIAL MUDANÇA EM SUA CONDIÇÃO DE FATO, NÃO TENDO LEVADO A REGISTRO TAIS MODIFICAÇÕES (ARTS. 986 A 990). CONTA DE PARTICIPAÇÃO ESSA SOCIEDADE NÃO É IRREGULAR. TRATA-SE DE UM EMPREENDIMENTO QUE FIGURA SOB O NOME, RESPONSABILIDADE E PERSONALIDADE JURÍDICA DE UMA PESSOA NATURAL OU PESSOA JURÍDICA. POR ESSA RAZÃO, NÃO HÁ IRREGULARIDADE. O SÓCIO SE CHAMARÁ OSTENSIVO E OS INVESTIDORES SERÃO OSPARTICIPANTES. 13 SOCIEDADES DESPERSONALIZADAS 14 IRREGULARIDADE SUPERVENIENTE: É AQUELA SOCIEDADE QUE, MUITO EMBORA TENHA CONTRATO ESCRITO E ATÉ REGISTRO DE SEU ATO CONSTITUTIVO, ACABOU SOFRENDO ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS CLÁUSULAS ESSENCIAIS DO CONTRATO PREVISTAS NO ART. 997 DO CC, MAS NÃO LEVOU TAIS ALTERAÇÕES A REGISTRO. SOCIEDADE EM COMUM IRREGULARIDADE ORIGINÁRIA: É O DISPOSTO NO ART. 986 DO CC 15 CONTA DE PARTICIPAÇÃO UMA SOCIEDADE OCULTA, PARA TANTO, NÃO POSSUI FIRMA SOCIAL E SEU CONTRATO NÃO PODE SER ARQUIVADO NA JUNTA ESTADUAL. CASO A CONTA DE PARTICIPAÇÃO TENHA O SEU ATO CONSTITUTIVO LEVADO A REGISTRO, DE QUALQUER MANEIRA O ATO NÃO SERÁ CONSIDERADO PARA OFERECER PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA DE EMPRESÁRIO. COMO A SOCIEDADE FIGURA SOB A RESPONSABILIDADE DO SÓCIO OSTENSIVO E EM SEU NOME, SEJA ELE PESSOA NATURAL OU JURÍDICA, A SUA FALÊNCIA IMPLICA A DISSOLUÇÃO DA PRÓPRIA SOCIEDADE, SENDO QUE OS PARTICIPANTES SERÃO CONSIDERADOS QUIROGRAFÁRIOS NO PROCESSO FALIMENTAR. JÁ A FALÊNCIA DO SÓCIO PARTICIPANTE IMPLICA A NECESSIDADE DE LIQUIDAÇÃO DE SUA PARTE PARA PAGAMENTO DE SEUS CREDORES, TUDO CONFORME A REGRA CONTIDA NO ART. 994 E PARÁGRAFOS. A sociedade em conta de participação, por regra contida no art. 996 do CC, tem a sua liquidação regida pela prestação de contas, assim, o sócio participante deverá ajuizar ação de exigir contas, com base no art. 550 do CPC, especificando detalhadamente as razões para que haja a prestação de contas, situação em que o autor poderá contestar no prazo de 15 dias.16 17 AS SOCIEDADES SIMPLES SÃO CONSTITUÍDAS POR INTERMÉDIO DE CONTRATO, A PARTIR DA UNIÃO DE ESFORÇOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROFISSÕES INTELECTUAIS. CONFORME O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 966 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, NÃO POSSUEM CARÁTER EMPRESARIAL, E SUA ATIVIDADE NÃO É PROFISSIONAL E ORGANIZADA. ALIÁS, A SOCIEDADE SIMPLES ABRANGE EXATAMENTE AS ATIVIDADES NÃO EMPRESARIAIS. FORMAS ESPECÍFICAS: A) SOCIEDADE SIMPLES PURA; B) SOCIEDADE SIMPLES EM COMUM; C) SOCIEDADE SIMPLES EM NOME COLETIVO; D) SOCIEDADE SIMPLES EM COMANDITA; E) SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA; F) SOCIEDADE COOPERATIVA. 18 SOCIEDADES SIMPLES CONSTITUIÇÃO a sociedade deve arquivar seus atos constitutivos no registro competente, que, no caso das sociedades simples, é o cartório de registro civil das pessoas jurídicas, nos 30 dias subsequentes a sua constituição. 19 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS O capital social é elemento que limita a responsabilidade. Se a forma da sociedade for pura, a responsabilidade poderá ser subsidiária ou solidária, dependendo do que estabelecer o contrato social; se a forma for especial, dependerá da legislação específica a ser aplicada obrigatoriamente. As sociedades simples possuem dupla função, pois ao mesmo tempo em que representam a sociedade dos intelectuais, também funcionam como regra de aplicação subsidiária para as sociedades empresárias, principalmente para as limitadas. 20 ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES 21 O Código Civil buscou estabelecer que o administrador, além de conhecimento e capacidade de gestão, deve ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem probo empregaria na administração de seus próprios negócios. O administrador terá que comprovar qualificação para o exercício das atividades e não incorrer em qualquer dos impedimentos legais. OS IMPEDIMENTOS LEGAIS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTÃO DISPOSTOS NO § 1º DO ART. 1.011 22 que enumera aqueles que estão legalmente impedidos de exercer a administração: a) pessoas impedidas por leis especiais, a exemplo de funcionários públicos, governadores e juízes; b) os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; OS IMPEDIMENTOS LEGAIS PARA A ADMINISTRAÇÃO ESTÃO DISPOSTOS NO § 1º DO ART. 1.011 23 c) os condenados por crimes falimentares; de prevaricação; peita ou suborno; concussão e peculato, enquanto perdurarem os efeitos da condenação; d) os condenados por crimes contra a economia popular; contra o sistema financeiro nacional; contra as normas de defesa da concorrência; contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADORES A LEI FACULTA QUE OCORRA EM DOIS MOMENTOS: A) NO ATO DE CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE, EM QUE O CONTRATO DEVE MENCIONAR AS PESSOAS INCUMBIDAS DA ADMINISTRAÇÃO E OS PODERES A ELA ATRIBUÍDOS; B) EM MOMENTO POSTERIOR, POR INSTRUMENTO EM SEPARADO, QUE DEVERÁ SER AVERBADO À MARGEM DA INSCRIÇÃO DA SOCIEDADE. A FORMALIZAÇÃO DA NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR: A) POR MEIO DE ALTERAÇÃO CONTRATUAL; B) PELA ATA DE REUNIÃO OU ASSEMBLEIA QUE DELIBERAR A SUA ESCOLHA. RESSALTA-SE QUE O ADMINISTRADOR RESPONDERÁ PESSOALMENTE PELOS ATOS PRATICADOS ANTES DA AVERBAÇÃO DO INSTRUMENTO DE NOMEAÇÃO. O ADMINISTRADOR DESIGNADO EM ATO APARTADO SERÁ INVESTIDO NO CARGO MEDIANTE TERMO DE POSSE NO LIVRO DE ATAS DA ADMINISTRAÇÃO, DEVENDO ESSE TERMO SER ASSINADO NOS 30 DIAS SUBSEQUENTES À DESIGNAÇÃO. APÓS DEZ DIAS DA INVESTIDURA, O ADMINISTRADOR DEVE REQUERER A AVERBAÇÃO DE SUA NOMEAÇÃO NO REGISTRO COMPETENTE.24 TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS O INSTITUTO É NO SENTIDO DE QUE A SOCIEDADE NÃO SE RESPONSABILIZA PELO ATO DO ADMINISTRADOR QUE EXTRAPOLE OS LIMITES IMPOSTOS PELO ATO CONSTITUTIVO DA PESSOA JURÍDICA, DISPONDO SER INVÁLIDO E INEFICAZ O ATO PRATICADO PELO SÓCIO QUE EXTRAPOLE OS LIMITES DO CONTRATO SOCIAL, NÃO VINCULANDO, POR CONSEQUÊNCIA, A REFERIDA PESSOA JURÍDICA. 25 FUNCIONA COMO UMA FORMA DE PROTEÇÃO DA PESSOA JURÍDICA, RESPONSABILIZANDO EXCLUSIVAMENTE O SÓCIO, COMO É POSSÍVEL PERCEBER PELA LEITURA DO ART. 1.015 DO CC: “NO SILÊNCIO DO CONTRATO, OS ADMINISTRADORES PODEM PRATICAR TODOS OS ATOS PERTINENTES À GESTÃO DA SOCIEDADE; NÃO CONSTITUINDO OBJETO SOCIAL, A ONERAÇÃO OU A VENDA DE BENS IMÓVEIS DEPENDE DO QUE A MAIORIA DOS SÓCIOS DECIDIR”. TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS 26 TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS PARÁGRAFO ÚNICO. O EXCESSO POR PARTE DOS ADMINISTRADORES SOMENTE PODE SER OPOSTO A TERCEIROS SE OCORRER PELO MENOS UMA DAS SEGUINTES HIPÓTESES: I – SE A LIMITAÇÃO DE PODERES ESTIVER INSCRITA OU AVERBADA NO REGISTRO PRÓPRIO DA SOCIEDADE; II – PROVANDO-SE QUE ERA CONHECIDA DO TERCEIRO; III – TRATANDO-SE DE OPERAÇÃO EVIDENTEMENTE ESTRANHA AOS NEGÓCIOS DA SOCIEDADE. 27 DELIBERAÇÕES SOCIAIS Os sócios votam na matéria objeto de apreciação, e seus votos são contados não de acordo com a quantidade de sócios, mas sim com o valor de quotas do capital social que cada um possui, segundo o art. 1.010 do CC, que vai no sentido de que quando, por lei ou contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas pela maioria dos votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. Se houver empate nas deliberações, o legislador estabelece que a situação se dissolverá por meio do voto “por cabeça”, ou seja, prevalecerá a decisão sufragada pelo maior número de sócios. 28 DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE Trata-se do processo de extinção da sociedade, significando o conjunto de atos, dividido em três fases distintas: a dissolução, a liquidação e a extinção. A dissolução é o ato que busca a extinção da sociedade, efeito que apenas se produzirá posteriormente. Assim, podemos dizer que na dissolução estamos diante de um conjunto de atos representados pelo fato causador da dissolução, os procedimentos para sua liquidação e apuração de haveres dos sócios e, por fim, sua extinção ocorrida com o fim do vínculo jurídico, da comunhão patrimonial e da pessoa jurídica. 29 Causas de dissolução total das sociedades PRAZO DE DURAÇÃO Estamos diante da dissolução por expiração do prazo de duração, sejam aquelas por prazo determinado e indeterminado presentes no art. 1.029, bem como a presente no art. 1.033, I, do CC FALÊNCIA DA SOCIEDADE: hipótese presente no art. 1.033, I, do CC, situação que prevê a dissolução de pleno direito, em que a vontade dos sócios não prevalece. CONSENSO MÚTUOOU MAIORIA ABSOLUTA NA SOCIEDADE POR PRAZO INDETERMINADO: os incisos II e III do art. 1.033 tratam da hipótese do distrato, devendo ser levado a registro, assim como ocorre com o ato constitutivo. Diversas são as hipóteses: como a ausência da affectio societatis, inexecução dos fins sociais ou ausência de lucros. UNIPESSOALIDADE ACIDENTAL o inciso IV do art. 1.033. em prol da preservação da empresa, a manutenção da sociedade com um sócio apenas, desde que restabelecida a pluralidade contratual no prazo de um ano. 30 Causas de dissolução total das sociedades EXAURIMENTO DO FIM SOCIAL a manifestação de vontade de um dos sócios acarretará a nulidade somente de seu vínculo com a sociedade. Em síntese, se a nulidade se restringir ao vínculo individual que liga o sócio à sociedade, dar- se-á somente a dissolução parcial. EXTINÇÃO DE AUTORIZAÇÃO art. 1.033, V e por deliberação majoritária dos sócios. Assim, a sociedade limitada viverá até o vencimento do prazo de duração previsto, ou se ocorrer a cassação da autorização. INEXEQUIBILIDADE já sua inexequibilidade importa na impossibilidade da continuação da sociedade por diversos fatores, como a perda ou redução do capital social, concorrência, a majoração de impostos sobre a atividade desempenhada, a proibição da importação ou exportação das mercadorias com as quais negociava a sociedade. ANULAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO o exaurimento do fim social está ligado ao esgotamento do objeto social, seja a sociedade constituída por prazo indeterminado ou determinado. 31 CAUSAS DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE Na segunda hipótese, temos a dissolução por morte de sócio (art. 1.028), por vontade de um dos sócios (art. 1029), por falência de sócios (art. 1.029, parágrafo único) e decorrente de cláusulas previstas no contrato social. Especificamente às sociedades limitadas estão previstos o recesso (art. 1.077) e a exclusão de sócio minoritário (art. 1.085), sendo válido lembrar que às sociedades limitadas aplicam-se as disposições de sociedades simples. 32 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Os advogados podem exercer a sua profissão em forma de sociedade com o consensual interesse de licitamente unir seus esforços para o desenvolvimento de sua atividade intelectual. Ocorre que, em vista da proibição pelo Estatuto da OAB, ainda que uma Sociedade de Advogados, que é considerada uma Sociedade Simples, se organize como uma empresa, não poderá ser considerada empresária. O art. 982 do Código Civil deixa claro que todo aquele que pratica atividade não enquadrada como empresária será considerado para a formação de uma espécie denominada Sociedade Simples. Finalmente, a sua natureza é de pessoa jurídica de direito privado constituída na forma de Sociedade Simples. 33 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Sociedade unipessoal ou pluripessoal Objeto praticado pelos sócios Nome societário 34 Da personalização e registro A Sociedade permitirá que os advogados que atuam individualmente possam atuar com a Pessoa Jurídica É vedada tal reunião na forma de associações com o propósito de cobrar mensalidade de clientes. A personalidade jurídica se inicia no registro de seu contrato social perante o Conselho Seccional da OAB. Exige a forma de firma, nome de ao menos um dos sócios , de forma completa ou abreviada É possível a utilização de nome de sócio falecido desde que haja previsão em seu contrato social. SOCIEDADE DE ADVOGADOS Mandato judicial Constituição de filiais Responsabilidade 35 Licenciamento do advogado O mandato judicial para a postulação em nome do cliente deve ser outorgado individual e separadamente a cada um dos advogados. Os sócios e o escritório de advocacia ficarão obrigados à inscrição suplementar. O exercício do sócio incompatível com a advocacia deve averbar o licenciamento perante o órgão de registro societário,. É possível avançar nos bens dos sócios de forma subsidiária e proporcional. arts. 1.023 e 1.024. Os sócios não poderão integrar mais de uma sociedade com sede ou filial na mesma área territorial. 36 A D V O G A D O S A S S O C IA D O S Trata-se de um profissional sem vínculo de emprego que se associa à sociedade de advogados sem fazer parte do quadro societário para participação nos resultados específicos aos processos de que participa e eventualmente conduz ao escritório.Tais contratos entre a sociedade e os advogados associados são averbados no registro da sociedade. 37 A T EN Ç Ã O As sociedades de advogados são consideradas sociedades simples, mas se submetem às regras do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994), assim como as sociedades cooperativas são consideradas sociedades simples, conforme o parágrafo único do art. 982 do Código Civil, independentemente do seu objeto social, e são disciplinadas pela Lei 5.764/1971. São formadas a partir da união de, no mínimo, 20 pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum e sem objetivo de lucro.
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