Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- -1 QUÍMICA AMBIENTAL POLUIÇÃO HÍDRICA, OS DIFERENTES PROCESSOS QUÍMICOS DE DESCONTAMINAÇÃO - -2 Olá! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Conhecer as principais fontes de poluição hídrica, tanto ecológica como sanitária; 2. Discutir os efeitos da poluição como o processo de autodepuração dos corpos d’água, decaimento bacteriano e processo de eutrofização; 3. Identificar os principais processos químicos de descontaminação das águas poluídas. 1 Qualidade das águas e as formas de alterações O conceito de poluição das águas deve associar o uso à qualidade. Entende-se por poluição da água a alteração de suas características por quaisquer ações ou interferências, sejam naturais ou provocadas pelo homem. Essas alterações podem produzir impactos estéticos, fisiológicos ou ecológicos. O conceito de poluição da água tem-se tornado cada vez mais amplo em função de maiores exigências com relação à conservação e ao uso racional dos recursos hídricos. Entretanto, é importante distinguir a diferença entre os conceitos de e , já que amboscontaminação poluição muitas vezes são utilizados como sinônimos. A contaminação refere-se à transmissão de substâncias ou micro-organismos nocivos à saúde pela água. A ocorrência de contaminação não implica necessariamente um desequilíbrio ecológico. A ocorrência de poluição não implica necessariamente risco à saúde de todos os organismos que fazem uso dos recursos hídricos afetados. Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou contaminação, causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente. Por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não saturada e saturada, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas estruturas de construções. Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios, propagando-se por diferentes vias, como, por exemplo, o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas características - -3 naturais ou qualidades e determinando impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores. Os efeitos resultantes da introdução de poluentes no meio aquático dependem da natureza do poluente introduzido, do caminho que esse poluente percorre no meio e do uso que se faz do corpo de água. Os poluentes podem ser introduzidos no meio aquático de forma pontual ou difusa. As cargas pontuais são introduzidas por lançamentos individualizados, como os que ocorrem no despejo de esgotos sanitários ou de efluentes industriais. Cargas pontuais são facilmente identificadas, e, portanto, seu controle é mais eficiente e rápido. As cargas difusas não têm um ponto de lançamento específico e por isso ocorrem ao longo das margens dos rios, por substâncias provenientes de campos agrícolas, ou por não advirem de um ponto preciso de geração, como no caso de drenagem urbana. 2 A água e suas utilidades A utilização da água tanto para as necessidades do homem como para a preservação da vida, pode ser separada em grupos: abastecimento público; abastecimento industrial; atividades agropastoris, incluindo a irrigação e dessedentação de animais; preservação da fauna e da flora aquática; recreação; geração de energia elétrica; navegação, diluição e transporte de efluentes. Entretanto, essas fontes estão associadas ao tipo de uso e ocupação do solo, provocando diretamente algum tipo de poluição das águas. Os poluentes são classificados de acordo com sua natureza e com os principais impactos no meio aquático. Poluentes biodegradáveis A matéria orgânica biodegradável lançada na água será degradada pelos organismos decompositores presentes no meio aquático. Existem duas maneiras de esses compostos serem degradados: I) se houver oxigênio do meio, onde a decomposição será feita por bactérias aeróbicas, que consome o oxigênio existente na água. Se o consumo de oxigênio for mais intenso que a capacidade do meio para repô-lo, haverá seu esgotamento e a inviabilidade de existência de vida para organismos dependentes do oxigênio para respirar; II) se não houver oxigênio dissolvido no meio, ocorrerá decomposição anaeróbia, com a formação de gases, como metano e o gás sulfídrico. Poluentes orgânicos racalcitrantes Muitos poluentes orgânicos não são biodegradáveis ou sua taxa de biodegradação é muito lenta. Tais compostos são denominados de recalcitrantes ou refratários. - -4 O impacto introduzido por processos tecnológicos da maioria desses compostos está associado à sua toxidade, e não ao consumo de oxigênio utilizado para sua decomposição. Alguns exemplos de compostos dessa natureza são: defensivos agrícolas, detergentes sintéticos e petróleo. Chuva ácida Em todos os lugares onde a chuva está servindo de meio de transporte para a poluição, os vilões da história são as indústrias e os veículos que despejam no ar, todos os dias, toneladas de dióxidos de enxofre e óxidos de nitrogênio. Esses gases reagem com o vapor d’água e outros compostos químicos da atmosfera para formar o perigoso ácido sulfúrico e o ácido nítrico, provocando degradação do meio ambiente a longo prazo. Além de poluir rios, lagos, e acabar com a flora e a fauna aquática, a chuva ácida se infiltra no solo liberando certos metais potencialmente tóxicos, como alumínio, chumbo e cádmio. A chuva ácida é também uma causa direta do desequilíbrio que ocorre no ciclo do enxofre. Com o aumento da poluição, aumenta a concentração de enxofre no ambiente, e por consequência, o nível de acidez da chuva. Metais Todos os metais podem ser solubilizados pela água, podendo gerar danos à saúde em função da quantidade ingerida, pela sua toxidade, ou de seus potenciais carcinogênicos, mutagênicos ou teratogênicos. Exemplos de metais tóxicos são o arsênio, o bário, o cádmio, o cromo, o chumbo e o mercúrio. Alguns organismos aquáticos bioacumulam esses metais, potencializando seu efeito nocivo ao longo da cadeia alimentar, colocando em risco organismos situados no topo da cadeia, mesmo em concentrações diminutas. Sólidos em suspensão Os sólidos em suspensão aumentam a turbidez da água, com isso diminuído as taxas de fotossíntese e prejudicando a procura de alimento para algumas espécies, levando ao desequilíbrio da cadeia alimentar. Sedimentos podem carregar pesticidas, e outros tóxicos, se sua deposição no fundo de rios e lagos prejudica as espécies bentônicas e a reprodução de peixe. Calor A temperatura da água afeta características físicas, químicas e biológicas do meio aquático, como a densidade da água, a solubilidade, a taxa de sedimentação do fitoplâncton, a tensão superficial, as reações químicas e o metabolismo dos organismos aquáticos. Efluentes aquecidos são gerados principalmente por usinas termoelétricas, independente do tipo de combustível utilizado, seja ele de origem fóssil ou nuclear. - -5 3 O fenômeno de eutrofização A eutrofização é o enriquecimento das águas com os nutrientes necessários ao crescimento da vida vegetal aquática. Um lago ou rio eutrofizado, em primeiro momento, apresenta elevada proliferação de fitoplâncton e outros vegetais aquáticos por causa da maior quantidade de nutrientes disponível, com consequente incremento na matéria orgânica. Os nutrientes vegetais, principalmente nitrogênio e fósforo, contribuem para a poluição da água estimulando excessivamente o crescimento vegetal de plantas aquáticas. Os resultados mais visíveis do crescimento excessivo são algas flutuantes e as águas escuras. Entretanto, à medida que o crescimento vegetal torna-se excessivo, aquantidade de matéria vegetal morta e decadente aumenta mais significativamente de maneira rápida. Esse material orgânico proveniente das algas mortas provoca o crescimento de organismos decompositores aeróbios, que ao realizarem a decomposição, consomem todo oxigênio dissolvido na água. Esse consumo provoca a morte de todos os seres aeróbios contribuindo ainda com o aumento da matéria orgânica a ser decomposta. Como não há mais oxigênio, os organismos decompositores que se desenvolvem são anaeróbios, que lançam uma quantidade muito grande de toxinas alterando as propriedades químicas do meio aquático, inviabilizando toda forma de vida. A mais importante fonte de compostos de nitrogênio e fósforo na água são os esgotos domésticos (detergentes contendo fosfatos e rejeitos do corpo contendo nitrogênio), escoamentos das terras de agricultura (fertilizantes contendo tanto nitrogênio quanto fósforo) e escoamento de água de criação de animais (rejeitos de animais contendo nitrogênio). - -6 A eutrofização pode ser natural ou acelerada (cultural): Natural Demora centenas de anos a ocorrer, e está associada aos processos naturais de evolução dos: ecossistemas. - -7 Acelerada Resulta de um progressivo enriquecimento em nutrientes das massas de água devido às atividades: antrópicas. Para impedir que a eutrofização ocorra nos lagos, há medidas corretivas como o bombeamento de ar nos lagos; o controle do crescimento de algas nos lagos por recurso a algicidas ou por remoção mecânica. As consequências da eutrofização podem ser englobadas em impactos sobre o ecossistema e a qualidade da água e impactos sobre a utilização dos recursos hídricos. Algumas medidas são adotadas como forma de solucionar o controle da eutrofização. Medidas preventivas visam reduzir a carga externa do nutriente limitante; as medidas corretivas atuam sobre os processos de circulação de nutrientes no lago sobre o ecossistema. 4 Decaimento bacteriano Um dos mais importantes aspectos de poluição das águas é aquele relacionado com o fator higiênico, associado às doenças de veiculação hídrica. Um corpo d’água receptor de lançamentos de esgotos pode incorporar a si toda uma ampla gama de agentes transmissores de doenças. Esse fato pode não gerar um impacto à biota do corpo d’ água em si, mas afeta alguns dos usos preponderantes a ele destinados, tais como abastecimento de água potável, irrigação e balneabilidade. Sabe-se que a maioria desses agentes transmissores tem no trato intestinal humano as condições ótimas para o seu crescimento e reprodução. Uma vez submetidos às adversas condições prevalecentes no corpo d’água, eles tendem a decrescer em número, caracterizando assim o chamado decaimento. As bactérias do grupo coliforme são utilizadas como indicadores de contaminação fecal, ou seja, indicam se a água foi contaminada por fezes e, em decorrência, se apresenta uma potencialidade para transmitir doenças. Os coliformes e outros organismos de origem intestinal (representado pelas bactérias e vírus) apresentam uma mortalidade natural quando expostos às condições ambientais que diferem das anteriormente preponderantes dentro de um sistema humano, e que eram as ideias para seu desenvolvimento e reprodução. Entre os vários fatores que contribuem para a mortalidade bacteriana, podemos citar os seguintes fatores: Fatores físicos luz solar (radiação ultravioleta); temperatura (bem inferior à média no corpo humano, em torno: de 36oC); adsorção; floculação; sedimentação. Fatores físico-químicos efeitos osmóticos (salinidade); pH; toxidade química; potencial redox.: Fatores biológicos e bioquímicos falta de nutrientes; predação; competição.: Estes fenômenos podem atuar simultaneamente, e com diferentes graus de importância. - -8 5 Radioatividade e Estratégia bioquímica Quando a matéria orgânica biodegradável é despejada no meio aquático, os decompositores fazem sua digestão por estratégias bioquímicas. Os seres decompositores aeróbios respiram o oxigênio dissolvido na água e passam a competir com demais organismos. Como têm alimento à sua disposição e possuem requisitos de sobrevivência em termos de oxigênio bastante baixos, eles ganham a competição. Com isso, os peixes morrem e a população dos decompositores cresce rapidamente. A radioatividade existe naturalmente no meio ambiente pela presença de substâncias radioativas e de radiação que vem do espaço exterior. Parte dessas substâncias atinge os corpos de águas superficiais e subterrâneas, penetrando nas cadeias alimentares, podendo ser ou não bioacumulada. A radioatividade da maioria das águas naturais está bem abaixo das concentrações máximas permissíveis. Todavia, o uso da radioatividade pelo homem, seja para fins bélicos, energéticos, de pesquisa, médicos ou de conservação, tem liberado maiores quantidades de substâncias radioativas para o meio ambiente. Um corpo de água poluído por lançamentos de matéria orgânica biodegradável sofre um processo natural de recuperação denominado autodepuração. A autodepuração realiza-se por meio de processos físicos (diluição, sedimentação), químicos (oxidação) e biológicos (Hynes, 1960; Sperling, 1996). A autodepuração é um processo natural, no qual cargas poluidoras, de origem orgânica, lançadas em um corpo d’água, são neutralizadas. De acordo com Sperling (1996), a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno de sucessão ecológica, em que o restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, ou seja, a busca pelo estágio inicial encontrado antes do lançamento de efluentes é realizada por mecanismos essencialmente naturais. A decomposição da matéria orgânica corresponde, portanto, a um processo biológico integrante do fenômeno de autodepuração. Esse processo é responsável pelo decréscimo nas concentrações de oxigênio dissolvido na água devido à respiração dos microrganismos, que por sua vez decompõem a matéria orgânica. A matéria orgânica biodegradável é consumida pelos decompositores aeróbios, que transformam os compostos orgânicos de cadeias mais complexas, como proteínas e gorduras, em compostos mais simples, como amônia e aminoácidos e dióxidos de carbono. O processo de autodepuração pode ser divido em decomposição e recuperação do oxigênio dissolvido ou reaeração. Durante a decomposição, há um decréscimo nas concentrações de oxigênio dissolvido na água por causa da respiração dos decompositores. O processo de autodepuração completa-se com a reposição, pela reaeração, desse oxigênio consumido. - -9 A quantidade de oxigênio dissolvido na água necessária para decomposição da matéria orgânica é chamada de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), na qual é o oxigênio que vai ser respirado pelos decompositores aeróbios para a decomposição completa da matéria orgânica lançada na água. A DBO não é propriamente um poluente, mas sim o indicativo da quantidade de oxigênio molecular requerida pelas bactérias para a decomposição da matéria orgânica presente na água. Do mesmo modo, segundo Braga et al. (2002), a matéria orgânica em si não é um poluente, porém, seu despejo no meio aquático pode ocasionar um desequilíbrio entre a produção e o consumo de oxigênio. 6 Autodepuração Os principais fenômenos interagentes no consumo de oxigênio são a oxidação da matéria orgânica, a nitrificação e a demanda bentônica. Na produção de oxigênio, são a reaeração atmosférica e a fotossíntese. A oxidação total da matéria orgânica, também conhecida como mineralização, gera produtos finais, simples e estáveis, (por exemplo, CO2, H2O, NO3-), por não existirem mais compostos orgânicos biodegradáveis, mas apenas água, carbono e sais minerais. A nitrificação é o processo pelo qual bactérias autotróficas ( e ) utilizam o oxigênioNitrosomonas Nitrobacter dissolvido para transformar formas nitrogenadas de matéria orgânica em nitritos (NO ) e nitratos (NO ). A2- 3 matéria orgânica decantada também pode consumir oxigênio dissolvido, e nesse caso, essa demanda é denominada demanda bentônicaou demanda de oxigênio pelo sedimento. A atmosfera e a fotossíntese são fontes contínuas que adicionam oxigênio à água. As trocas atmosféricas são mais intensas quanto maior for a turbulência no curso de água. O que ocorre é que, durante a decomposição, o consumo é maior do que a reposição por ambas as fontes. Apenas quando cessa a decomposição e os decompositores morrem é que o oxigênio começa a sobrar, e sua concentração aumenta novamente. O processo de autodepuração se desenvolve ao longo do tempo e da direção longitudinal do curso d’água, e segundo Braga e col. (2002), os estágios de sucessão ecológica presentes nesse processo são fisicamente identificados por trechos. Braga et al. (2002) define esses trechos como zonas de autodepuração e os divide em: • Zona de água limpas Localizada em região à montante do lançamento do efluente (caso não exista poluição anterior) e também após a zona de recuperação. Essa região é caracterizada pela elevada concentração de oxigênio dissolvido e vida aquática superior. • • • - -10 • Zona de degradação Localizada à jusante do ponto de lançamento, sendo caracterizada por uma diminuição inicial na concentração de oxigênio dissolvido e presença de organismos mais resistentes. • Zona de decomposição ativa Região onde a concentração de oxigênio dissolvido atinge o valor mínimo e a vida aquática é predominada por bactérias e fungos (anaeróbicos). • Zona de recuperação Região onde se inicia a etapa de restabelecimento do equilíbrio anterior à poluição, com presença de vida aquática superior. 7 Processos químicos de descontaminação O tratamento de água pode ser feito para atingir diversas finalidades: • • • - -11 Higiênicas: Remoção de bactérias, protozoários, vírus e outros microrganismos, de substâncias tóxicas ou nocivas, redução do excesso de impurezas e de teores elevados de compostos orgânicos. Estéticas: Correção de turbidez, cor, odor e sabor. Econômicas: Redução de corrosividade, dureza, cor, turbidez, ferro, manganês etc. Os principais processos de tratamento de água quase nunca são utilizados isoladamente, sendo muito mais frequente a associação de vários processos. 8 Fitorremediação A fitorremediação utiliza a capacidade natural das plantas para absorver, acumular ou metabolizar os contaminantes existentes no solo ou na água. Em circunstâncias normais, as plantas absorvem e transformam alguns destes químicos, que se revelam, aliás, necessários para o seu crescimento. Assim acontece com o zinco, o cobre ou o ferro. Contudo, algumas espécies possuem uma potencialidade acrescida, acumulando metal em quantidades largamente superiores às suas necessidades. Essas plantas são as hiperacumuladoras. Nas plantas terrestres, o segredo está nas raízes: é a partir delas que os materiais poluentes são absorvidos e, posteriormente, acumulados no seu corpo interior, transformado numa espécie de caixote do lixo. Nas plantas aquáticas, a absorção dá-se em toda a extensão que está em contacto com a água, na medida em que a maioria delas são flutuantes e o respectivo sistema radicular não toca o solo. 9 Decantação ou sedimentação A decantação é eficiente na remoção da matéria em suspensão, dependendo do tamanho e da densidade de partículas existentes e do tempo disponível para o processo. Partículas grandes ou pesadas são removidas em um intervalo de tempo relativamente curto, enquanto mais tempo é exigido para materiais leves ou finalmente divididos. O objetivo da decantação é a separação dos sólidos em suspensão para partículas com diâmetros menores que 5mm. Quando o interesse é obter um liquido sobrenadante “purificado”, dá-se o nome a essa operação de clarificação. Quando o objetivo é concentrar as partículas em suspensão, denomina-se espessamento. 10 Fluoretação O objetivo desse processo é conseguir uma concentração de fluoreto na água que dê à população maior resistência às cáries dentárias. - -12 Os antigos operadores de Estações de Tratamento de Água se referiam à adição de flúor como “adição de remédio à água”. Se pensarmos na fluoretação da água como um exemplo de medicina preventiva, estes operadores antigos não estavam longe da verdade. Esta medicina dental preventiva vem sendo praticada em Estações de Tratamento de Água brasileiras desde a década de 50. Excesso de fluoreto, porém, causa descoloração dos dentes e, a níveis extremamente altos por períodos longos de tempo, podem levar a uma doença nos ossos. Portanto, os níveis de flúor na água de abastecimento devem ser cuidadosamente ajustados a valores próximos a 0,8 mg/l. Muito abaixo a este nível tem pouco efeito na prevenção da cárie dentária, enquanto que muito acima deste nível pode descorar os dentes ou levar a problemas mais sérios de saúde. Uma faixa prática de níveis de fluoreto está entre 0,6 a 0,9 mg/l, com 0,8 mg/l sendo a média diária ideal. 11 Desinfecção O tratamento de água convencional inclui várias etapas: coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção e fluoretação (FREITAS et al, 2002). Essas etapas, além de promoverem a desinfecção da água, também são capazes de reduzir odor e sabor da água, assim como melhorar a turgidez para o consumo humano. A desinfecção da água implica na eliminação dos germes patogênicos eventualmente presentes na água, sendo parte fundamental no processo de tratamento da água, para que se possa abastecer a população com água adequada para o consumo humano. Muitos fatores interferem na eficiência da desinfecção e no tipo de tratamento utilizado: espécie e concentração do organismo a ser destruído; espécie e concentração do desinfetante; tempo de contato; características físicas e químicas da água e o grau de dispersão do desinfetante na água (ROSSIN, 1987). 12 Coagulação e floculação As impurezas contidas na água podem encontrar-se em suspensão ou dissolvidas. As suspensões podem ser grosseiras, facilmente capazes de flutuar ou decantar quando a água estiver em repouso; finais, como turbidez, bactérias e plâncton; ou coloidais, como emulsões (CO2), ferro e manganês oxidado. As impurezas dissolvidas são a dureza (sais de cálcio e magnésio), ferro e manganês não oxidado. A coagulação tem por objetivo aglomerar as impurezas que se encontram em suspensões finais (ou em estado coloidal) e algumas que se encontram dissolvidas, em partículas maiores que possam ser removidas por decantação ou filtração. Essa é uma técnica de tratar água com produtos químicos coagulantes, aplicados para agregar partículas dificilmente sedimentáveis em aglomerados que podem ser retirados mais facilmente. Para que ocorra a - -13 coagulação, ocorre um processo de desestabilização dos coloides e a floculação é o processo de aglutinação dos coloides desestabilizados. Os aglomerados de material sólido resultantes, chamados flocos, são removidos por sedimentação, por filtração ou por ambas as operações. 13 Filtração Processo de separação de partículas presentes na água, através da utilização de um material poroso, geralmente constituído de camadas de pedregulho, areia e antracito. Dependendo do sentido de escoamento em relação ao filtro, ela pode ser classificada como lenta, rápida de fluxo ascendente ou rápida de fluxo descendente. As estações de tratamento de água possuem filtros rápidos que funcionam por ação da gravidade e sob pressão. São lavados a contra-corrente (inversão de fluxo) com uma vazão capaz de assegurar uma expansão adequada para o meio filtrante. 14 Aeração Esse processo pode ser utilizado para conexão com controle de sabor e odor, pois remove substâncias voláteis que podem influenciar no sabor e odor da água. Dióxido de carbono (CO ) em quantidade excessiva pode 2 também ser removido dessa maneira, reduzindo-se assim, o efeito corrosivo de algumas águas. Finalmente, por suprir oxigênio dissolvido, a aeração frequentemente é útil na remoção de sais de ferro. 15 Remoção de ferro e manganês A presença de ferro (e manganês), dependendo das concentrações, podepropiciar uma coloração amarelada e turva à água, acarretando ainda um sabor amargo e adstringente, podendo levar o consumidor a buscar fontes alternativas e não tão seguras para consumo, quando da presença desses metais. Segundo a legislação vigente, Portaria 518 do Ministério da Saúde, os valores máximos permissíveis (VMP) do ferro e manganês na água da rede de abastecimento são respectivamente, 0,3 e 0,1 mg/L, assim, há que se tratar adequadamente a água dos mananciais tanto superficiais quanto subterrâneos quando se verifica a presença desses dois metais. As técnicas de remoção são empregadas somente em águas que contêm concentrações significativamente altas dessas substâncias, podendo causar problemas. - -14 16 Remoção da dureza A remoção dos elementos que conferem dureza à água, principalmente cálcio e magnésio, é chamada de abrandamento. Produtos químicos são adicionados à precipitação do cálcio como carbonato de cálcio e, se uma remoção maior for exigida, o magnésio é precipitado com hidróxido de magnésio. Usualmente, o processo reduz a quantidade total de sólidos dissolvidos na água. No processo de troca iônica, sais de cálcio e de magnésio são substituídos por sais de sódio, pouco alterando a qualidade total de sólidos dissolvidos. O que vem na próxima aula • A formação e química do solo, os fatores de formação do solo; • Os processos de intemperismos, os tipos de horizontes do solo; • Também serão abordadas a quantidade de carbono no solo e a perda de carbono na forma de CO2 através do ciclo do carbono. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Aprendeu os conceitos da qualidade da água e sua utilidade no meio ambiente; • Conheceu os principais poluentes da água e o fenômeno de eutrofização; • Aprendeu que autodepuração é um processo natural, no qual cargas poluidoras são lançadas em um corpo d’água; • Conheceu os principais tipos de descontaminação da água. • • • • • • • Olá! 1 Qualidade das águas e as formas de alterações 2 A água e suas utilidades 3 O fenômeno de eutrofização 4 Decaimento bacteriano 5 Radioatividade e Estratégia bioquímica 6 Autodepuração Zona de água limpas Zona de degradação Zona de decomposição ativa Zona de recuperação 7 Processos químicos de descontaminação 8 Fitorremediação 9 Decantação ou sedimentação 10 Fluoretação 11 Desinfecção 12 Coagulação e floculação 13 Filtração 14 Aeração 15 Remoção de ferro e manganês 16 Remoção da dureza O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
Compartilhar