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DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS Alterações no equilíbrio ácido-base. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O INTRODUÇÃO • O que é o ph de uma solução? É o potencial hidrogeniônico, a concentração de H+ de uma solução, varia de 7,35-7,45. • O principal mecanismo que modifica o equilíbrio ácido-básico é a isquemia tecidual: Pouco O2 chega aos tecidos, gera desbalanço por acúmulo de CO2 e ácido láctico, que reduzem o pH sanguíneo. • Acidose: Distúrbio acidobásico que leva à redução do ph plasmático (acidemia). • Alcalose: Distúrbio acidobásico que leva ao aumento do ph plasmático (alcalemia). • Distúrbio metabólico: Alteração primariamente dos níveis de bicarbonato. • Distúrbio respiratório: Alteração primária dos níveis de gás carbônico (CO2). SISTEMAS TAMPÃO • Definição: É um sistema de reações químicas que ocorre no meio extracelular que visa amenizar as variações do pH plasmático nos distúrbios. • Principal sistema tampão do organismo: Sistema bicarbonato-dióxido de carbono. O HCO3 funciona como base e o CO2 como ácido. • Desse modo, o PH é diretamente proporcional à concentração de bicarbonato e inversamente proporcional à concentração de CO2. CLASSIFICAÇÃO • ACIDOSE METABÓLICA: HCO3 baixo. • ALCALOSE METABÓLICA: HCO3 alto. • ACIDOSE RESPIRATÓRIA: pCO2 alto (hipovent). • ALCALOSE RESPIRATÓRIA: pCO2 baixo (hipervent). GASOMETRIA ARTERIAL PARÂMETROS DA GASOMETRIA • pH: Como dito acima, varia de 7,35-7,45. • pCO2: 35-45 mmHg • HCO3 act: 22-26 mEq/L • HCO3 std: 22-26 mEq/L. • BBecf: 48 mEq/L é o buffer base, o total de base do fluido extracelular. • BEecf: - 3,0 a +3,0 mEq/L é o base excesss, mostra a variação das bases do organismo. Se está negati- vo, está faltando base em relação aos 48 mEq. *Qual bicarbonato usar na prática? O HCO3 std, que é calculado a partir de uma PCO2 ideal! O HCO3 act usa as variações da PCO2, por isso também varia muito. *Para quê serve o BB e o BE? Para dizer se o distúrbio é agudo ou crônico, nos distúrbios agudos não dá tempo dos rins trabalharem as bases, então o BB e o BE não se alteram! *Alcalose/Acidose mista? Pode acontecer! Nesses casos, vamos observar uma alteração de gasometria compatível tanto com o bicarbonato quanto com o CO2. • Ex: PH = 7,45, CO2 = 25 e HCO3 = 35. RESPOSTA COMPENSATÓRIA • Quando temos um distúrbio metabólico ou respiratório, nosso corpo tenta compensar aquela alteração com o outro sistema • Como assim? Quando eu tenho uma acidose metabólica, o corpo tenta compensar fazendo uma alcalose respiratória (hipoventilando). • Mas tudo tem um limite! Chega um momento que o corpo não consegue mais compensar e o pct pode agravar mais e ir à óbito. o Como eu sei esse limite? Fórmulas! • Acidose metabólica → Hiperventilação: A PCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8. o Consideramos uma margem de +/- 2 para definir se a acidose está compensada o Acidose compensada: Acidose com PCO2 esperada na faixa da fórmula. o Acidose mista: Acidose metabólica com PCO2 mais alta que o esperado. o Acidose metabólica com alcalose respiratória: Acidose com PCO2 mais abaixo do esperado. • Alcalose metabólica → Hipoventilação: A PCO2 esperada = HCO3 + 15. o Consideramos uma margem de +/- 2 para definir se a acidose está compensada o Alcalose compensada: PCO2 real está na faixa da esperada. o Alcalose mista: PCO2 real está abaixo da faixa esperada. o Alcalose metabólica com acidose respiratória: PCO2 real acima da PCO2 esperada. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O ACIDOSE METABÓLICA DEFINIÇÃO: Acidose por redução dos níveis séricos de bicarbonato. • Como diferenciar as acidoses metabólicas? Pelo Ânion-Gap! É o cálculo dele que vai nos direcionar para a patologia de base. ÂNION-GAP • São os ânions não medidos: É o que chamamos de hiato aniônico. • Princípio do equilíbrio iônico: O sódio (Na+) é o grande cátion do nosso corpo (140mEq/L), para tentar equilibrar essa carga positiva, temos o cloreto (Cl-) com 106mEq/L e bicarbonato (HCO3-) com 24mEq/L. Note que, ainda não igualou! • O ânion-gap atua exatamente nessa conta: Albumina, fosfato, lactato, colocamos tudo no mesmo saco, chamando de ânion-gap. • Fórmula: AG = Na+ – (Cl- + HCO3-). O ânion gap são os cátions medidos – os ânions medidos (VR = 10). • Ânion-Gap na acidose metabólica: Há queda no bicarbonato, mas precisamos manter o equilíbrio. Para isso, ou o corpo aumenta o cloro ou aumenta o ânion-gap! ETIOLOGIA • Acidose metabólica com AG alto: (CLITÓRIS) o Cetoacidose Diabética, alcoolica e jejum: Acetoacetato-, b-hidroxi-butirato- e acetona-, são ânions! Cetoácidos aumen- tam o ânion-gap. o Lática: Acidose lática = (Lactato- + H+). Tipo A (choque, UTI) e tipo B (erro inato do metabolismo, mitocondriopatias e drogas (metformina e linezolida)). o IRA/IRC: Retém muito ácido sulfúrico, que vira sulfato e aumenta o AG. o Tóxico: Intoxicações com salicilatos, metanol e etilenoglicol aumentam o AG. o Oxoprolina: Metabólito do Paracetamol (Tylenol). o Right = D-Lactato: Produzido por bactérias o Injúria celular: Rabdomiólise e hemólise. o Salicilatos: Intoxicação por AAS. • Acidose Metabólica Hiperclorêmica: Não tem um novo ácido em jogo, quem compensa é o cloro! HARD UPS! o Hiperalimentação ou NPT o Acetazolamida o Renal Tubular Acidosis o Diarreia o Ureterossigmoidostomia o Panchreatic Fistule: Fístula pancreática. o Soro Fisiológico: Tem muito cloro, precisa excretar muito bicarbonato, dá acidose. EFEITOS DA ACIDOSE • Hiperventilação pulmonar: Tentar compensar a acidose, o paciente chega taquipneico. • Diminuição da contratilidade cardíaca: Na acidose há endocitose de beta-receptores. • Interferência no cálcio iônico: O cálcio acaba não se ligando à albumina, aumentando o cálcio livre. (O H+ se liga no mesmo sítio que o cálcio na alb). • Curva de dissociação da hemoglobina: A acidose desvia a curva para a direita, libera mais O2. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O DIAGNÓSTICO TRATAMENTO • Tratamento específico: Saber a causa-base da patologia é crucial, devemos saber qual a etiologia e buscar a reversão do quadro. • Reposição de bases: A reposição com bicarbonato de sódio (NaHCO3) é a mais utilizada, mas não está indicada para todos os pacientes (olhar abaixo). REPOSIÇÃO DE BASES • Acidose Lática e Cetoacidose: Reversão da causa de base! Nesses casos, não devemos repor bicarbo- nato (só em casos muito graves)! A reversão da causa resolve o problema. • ATR tipo I: Reposição de bases com citrato de potássio na dose de 4-10 mEq/kg/d (crianças) e 50- 100 mEq/d (adultos). O citrato é mais bem tolerado , inibe a precipitação de fosfato de cálcio e o potássio ajuda a não piorar a hipocalemia. • ATR tipo II: Reposição de bases com citrato de potássio na dose de 10-15 mEq/kg/d, sendo maior que a dose na ATR I. • Ureterossigmoidostomia: Bicarbonato 30-60 mEq. • Uremia e intoxicações: Fazer NaHCO3! Os rins não vão funcionar e o paciente intoxicado não resolve do dia pra noite, tem que repor para suprir a carência do organismo. • Hiperclorêmica: Principalmente nas ATR, devemos fazer a reposição de bases (citrato de potássio VO). USO DE BICARBONATO VENOSO • Indicações: Em PH plasmático < 7,20 (7 na cetoaci- dose diabética) • Cálculo do déficit de bicarbonato: • Apresentação: Bicarbonato de sódio 8,4% • Complicações: EAP, hipernatremia, redução do cálcio ionizado, redução do PH intracelular e acidose liquórica paradoxal. ALCALOSE METABÓLICA DEFINIÇÃO:pH alto à custa de bicarbonato alto ou perda de H+. • O pulo do gato: O bicarbonato é reabsorvido no túbulo proximal com gasto de energia, então, o que impede que nosso organismo só depure esse bicarbonato em situações de alcalose? Os fatores perpetuadores! • Fatores perpetuadores da alcalose: o Depleção de volume: o Na+ precisa de cloro ou BIC para ser reabsorvido, em situações de depleção eu preciso reabsorver sódio, levando o bicarbonato junto. o Hipocloremia: Se eu tenho cloreto baixo, o sódio só pode vir junto com o bicarbonato. o Hipocalemia: Se tenho potássio baixo, só sobra H+ para eu trocar por Na+ no túbulo coletor, levando à alcalose. ETIOLOGIA → APRENDA! • Aldosterona: Hiperaldosteronismo causa alcalose por expulsão de H+ e K+. • Piloro acima: Perda de conteúdo acima do piloro leva perda de HCl, que leva à alcalose. • Renovascular: HAS renovascular perfunde mal o rim, estimulando muito o SRAA. • ENaC: Hiperestimulação do ENaC (receptor de aldosterona no túbulo coletor). • Nenhum volume: Alcalose de contração! Em hipovolemias intensas eu estimulo o SRAA, além de uma absorção de BIC junto com Na no túbulo prox. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Diuréticos tiazídicos e de alça: O paciente perde volume, diminuindo a perfusão e estimulando o aparelho justaglomerular para a ativação do sistema RAA. • Alcalinizantes: Reposição inadequada de bicarbo- nato, citrato e carbonato. *O adenoma viloso de cólon é a única exceção à regra do piloro pra cima, sendo uma importante causa de alcalose metabólica. ALTERAÇÕES IMPORTANTES • Potássio: BAIXO! • Cloro: BAIXO! • PH urinário: Acidúria paradoxal! Como tem pouco cloro para ir junto com o sódio na reabsorção, o bicarbonato é reabsorvido junto com o sódio, acidificando a urina. TRATAMENTO • Vômitos/Diuréticos: Reposição de volume, sódio e potássio → SF 0,9% + 1FA KCl. • Hiperaldosteronismo 1º: Espironolactona (blo- queia a aldosterona) + Cirurgia (adrenalectomia). • Estenose da artéria renal: Bloquear a cascata do SRAA! IECA + Revascularização. ACIDOSE RESPIRATÓRIA • Definição: pCO2 > 45 e PH < 7,35. • Mecanismo: Hipoventilação pulmonar! ETIOLOGIA TRATAMENTO • Acidose respiratória aguda → Intubação traqueal e ventilação mecânica. • Acidose metabólica crônica: Não trata se o paciente está estável! ALCALOSE RESPIRATÓRIA • Definição: pCO2 < 35 e PH > 7,45. • Mecanismo: Hiperventilação pulmonar, principal- mente por hiperventilação psicogênica (ansiedade) ou crise asmática, pneumonia, tromboembolismo pulmonar. ETIOLOGIA TRATAMENTO • Tratar a causa base! • Uso de bolsas coletoras de ar: Necessário em casos graves e refratários.
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