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1 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto METABOLISMO ÁCIDO-BÁSICO INTRODUÇÃO Estabilidade do meio interno equilíbrio entre produção e remoção de íons de hidrogênio (H+) Os rins são fundamentais para a eliminação do H+ , mas o controle de sua concentração também envolve outros mecanismos, como o tamponamento realizado pelo sangue, células e pulmões Esses íons são altamente reativos Concentração muito baixa 0,00004mEq/L, por isso que variações nessa concentração geram grande impacto sobre as funções celulares CONCEITOS E PRINCÍPIOS QUÍMICOS Ácido substância capaz de doar íon H+ (doam prótons) Ácidos fortes maior tendência à dissociação, liberando grandes quantidades de H+ HCL Ácidos fracos menor tendência à dissociação, liberando H+ com menor intensidade H2CO3 NH4+ (AMÔNIO) Acidose acúmulo excessivo de íons H+ Base substância capaz de receber íon H+ (recebem prótons) Base forte (OH-) maior tendência de remover H+ de uma solução Base fraca menor tendência de remover H+ de uma solução Alcalose remoção excessiva de íon H+ dos líquidos corporais Sistema tampão ácido e base conjugados, com a finalidade de minimizar as alterações na concentração de H+ de uma solução. Ou seja, uma base fraca se liga aos H+ dissociados de um ácido forte para formar um ácido fraco pouco dissociável, tamponando pH é inversamente proporcional à concentração de hidrogênio pH baixo alta concentração de H+ pH alto baixa concentração de H+ pH sanguíneo normal 7,35 – 7,45 limites do pH sanguíneo compatíveis com a vida 6,8 - 8 Outros valores normais: pH arterial = 7,4 Sangue venoso e interstício = 7,35 pH urinário = 4,5 – 8 (depende do estado ácido-básico do fluido extracelular) Estômago = 0,8 (dependendo da produção do HCL) Acidose pH arterial < 7,35 Alcalose pH arterial > 7,45 Lei da ação das massas a velocidade de uma reação química é proporcional à concentração dos reagentes Quando há equilíbrio as constantes são iguais para cada lado da reação Quando há maior quantidade de substrato de um lado, a reação se dirige para o lado oposto (menor quantidade) É útil para descrever a dissociação de todos os ácidos e bases do organismo Se tem muito ácido reação tende à dissociação de H+ Se tem muita base reação tende para o lado oposto Equação de Henderson-Hasselbach quando aplicada ao sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato define a relação entre pH, PCO2 e HCO3-. Assim, ela demonstra que o pH sanguíneo é determinado pela concentração de bicarbonato e pela tensão de CO2 O lado que a reação desloca depende da concentração de cada íon Eletroneutralidade o organismo deve ter um equilíbrio entre cargas positivas e negativas (não pode haver acumulo significativo de certa carga elétrica). Assim, ao se absorver um cátion é preciso que seja absorvido também um ânion ou que seja eliminado outro cátion METABOLISMO ÁCIDO-BÁSICO Manutenção do pH fisiológico frente à adição de ácidos: Primeira linha de defesa tampões (bicarbonato e outros) Tamponamento extracelular Instantâneo Tamponamento intracelular dura entre 2 – 4h Segunda linha de defesa sistema respiratório (variação de PCO2 de acordo com a concentração de H+ em minutos a horas) É a forma mais rápida de controle do pH (Minutos) Alteração da frequência respiratória se há aumento da concentração de hidrogênio, aumenta-se a frequência e amplitude respiratória Terceira linha de defesa sistema renal (controle da concentração de bicarbonato) 2 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto Horas a dias forma mais lenta de controle do pH Metabolismo de gorduras e carboidratos CO2 e H2O CO2: é um ácido volátil (pois a eliminação é pelos pulmões) Há o seu aumento pelo metabolismo de gorduras e carboidrato Sua diminuição é por meio da excreção respiratória CO2 aumenta acidose Se o CO2 aumenta, a reação se desloca no sentido da produção de H2CO3, que se dissocia e aumenta a quantidade de H+ (Acidose) Os demais ácidos não são voláteis e devem ser eliminados pelos rins Alterações primárias do estado ácido-básico: Acidose metabólica HCO3- diminuído ou H+ elevado Alcalose metabólica HCO3- elevado ou perda de H+ Acidose respiratória aumento na PCO2 Alcalose respiratória PCO2 reduzida Há situações em que duas ou mais podem estar presentes distúrbios ácido-básicos mistos SISTEMAS TAMPÃO Substância que se liga reversivelmente ao íon hidrogênio, minimizando as variações no pH São formados, em geral, por ácidos fracos (com o sal ou base correspondente) que não se dissociam completamente, assim tem a capacidade de receber ou doar H+ quando a concentração desse íon está alterada no organismo Ex: introdução de um ácido forte no organismo esse ácido forte se dissocia completamente e aumenta a concentração de H+. Quando esse H+ entra em contato com o sistema tampão, ele se liga ao sal do sistema tampão, reduzindo-se a atividade do H+. Assim, esse ácido forte é substituído por um ácido fraco, que possui dissociação de H+ menos intensa Ao se acrescentar uma base forte a um sistema tampão, ela é substituída por seu sal de base e um ácido fraco Existem vários sistemas tampão e todos atuam ao mesmo tempo. Assim, qualquer condição que modifique o equilíbrio de um sistema tampão altera o equilíbrio dos demais. Além disso, quando há variação na concentração de hidrogênio, ocorrem modificações em todos os sistemas tampão O ácido carbônico é um dos principais Tampões do organismo: Sistema bicarbonato-dióxido de carbono (respiração) Ligação a proteínas plasmáticas, ósseas e a hemoglobina (proteína intracelular) SISTEMA TAMPÃO BICARBONATO-DIÓXIDO DE CARBONO: É o principal sistema tampão do organismo As reações químicas obedecem a quantidade de substrato e acontecem ao mesmo tempo no sangue e nos túbulos renais Quando são adicionados íons H+ no organismo, eles se combinam com o HCO3- do plasma, formando H2CO3, que se dissocia em H2O e CO2, que é removido pelos pulmões O pH do líquido extracelular é controlado pela: Eliminação ou recuperação de HCO3- pelos rins e Remoção de CO2 pelos pulmões Alterações: ALCALOSE METABÓLICA excesso de base (bicarbonato), fazendo a equação tender à formação de H2CO3 e liberação de CO2 ACIDOSE METABÓLICA deficiência de bicarbonato ALCALOSE RESPIRATÓRIA deficiência de CO2, fazendo a equação tender à produção de CO2 ACIDOSE RESPIRATÓRIA excesso de CO2, fazendo a equação tender à produção de bicarbonato CONTROLE RENAL DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO Reabsorção de HCO3- Excreção de H+ O rim é o principal meio de excreção de H+, fazendo isso por meio de: Síntese do amônio no túbulo proximal Acidez titulável no túbulo distal Excreção de amônio É um mecanismo mais duradouro que os sistemas tampão e o controle respiratório Atua na reabsorção de quase todo o bicarbonato filtrado e recuperação do HCO3- que foi consumido no processo de tamponamento dos ácidos. Essa recuperação de HCO3- é obtida por meio da excreção de uma quantidade equivalente de H+ na urina Para cada molécula de bicarbonato consumida, o rim reabsorve ou regenera uma nova molécula de bicarbonato A urina torna-se ácida pela reabsorção de substâncias alcalinas ou pela adição de ácido ao fluido tubular ACIDEZ TITULÁVEL (AT) ligado a tampões: Consegue-se medir a acidez dosando-se a quantidade de sal ácido na urina do indivíduo CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3- H+ + HCO3- H2CO3 CO2 + H2O Excreção ácida total urinária = AT + NH4+ - HCO3 3 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto A quantidade de substância alcalina (em ml) necessária para titular a urinaaté se igualar ao pH sanguíneo é equivalente à quantidade de H+ ligada aos tampões filtrados. Assim, essa quantidade de ácido excretada é calculada e denominada acidez titulável Para corrigir o excesso de H+ é necessário excretar esse H+ por meio de uma ligação. Dessa forma, o H+ se liga a um sal, transformando esse sal neutro em um sal ácido que será excretado na urina Túbulo distal: O rim transforma o sulfato de sódio (sal neutro que existe normalmente na urina) em um sal ácido, acrescentando uma carga de H+. Assim, o H+ fica preso na molécula e é excretado na urina, não sendo reabsorvido EXCREÇÃO DE AMÔNIO (NH4+): O amônio aparece na urina sob forma de sais neutros (ex: cloreto de amônio NH4Cl), o que serve para excretar H+ sem uma maior diminuição no pH urinário Etapas: 1. Produção e secreção de amônio (NH4+) nos túbulos proximais: Degradação/desaminação de glutamina, produz 2 íons amônio (NH4+) e 1 íon de alfacetoglutarato Alfacetoglutarato tem metabolismo para a glicose ou para o CO2 e a água produzindo 2 íons HCO3- Essa reação adiciona um HCO3- para cada H+ que é excretado, como parte do NH4+ Esses 2 íons de bicarbonato (HCO3-) são absorvidos para a corrente sanguínea do indivíduo O NH4+ produzido no túbulo proximal é responsável por quase todo o NH4+ excretado na urina Nos quadros de acidose metabólica há aumento significativo na produção de amônia (NH3), a partir da glutamina, tornando-se a molécula de NH4+ o principal meio de excreção dos íons H+ na urina Hipocalemia aumenta a produção de NH4+, levando a uma maior secreção de H+ para o lúmen tubular 2. Mecanismo de contracorrente multiplicador de NH4+ nas alças de henle: Resulta na criação de um gradiente corticocapilar para NH4+/NH3 dentro do interstício medular A concentração intersticial de amônia total (NH3 e NH4+) se eleva com a proximidade da papila 3. Difusão não iônica de NH3 para dentro dos ductos coletores (secreção de amônia nos ductos coletores): A amônia (NH3+), ao passar pelo túbulo coletor, ganha um íon H+, que vai sair através de uma bomba (contratransporte K/H+), se transformando em amônio (NH4+), que será excretado na urina INTERPRETAÇÃO DA GASOMETRIA VALORES NORMAIS pH 7,35 – 7,45 PCO2 35 – 45 mmHg Bicarbonato (HCO3-) 22 – 26 mEq/L Base Excess (BE) -3 / +3 Trata-se do que se tem de base além do valor de referência para um total de bases no sangue arterial. Pode ser negativo, representando o que falta de base no sangue MECANISMO COMPENSATÓRIO Para se manter os valores normais de pH é necessário manter um equilíbrio entre as concentrações de HCO3- e de CO2 Regulação respiratória: Regulam as alterações primárias no bicarbonato (HCO3-) Alcalose metabólica (aumento da concentração de HCO3-): Ocorre uma inibição do centro respiratório para que se consiga aumentar a PaCO2, fazendo-se uma acidose respiratória compensatória Aumenta o HCO3-, fazendo com que o cérebro diminua a estimulação que estava enviando ao centro respiratório para aumentar a frequência respiratória, causando a diminuição da frequência respiratória e da profundidade da respiração. Assim, há acúmulo de PCO2 por essa diminuição da respiração A relação HCO3- e H2CO3 é mantida, fazendo com que o pH fique próximo ao nível normal, mas levemente alterando tendendo a um distúrbio primário pH se mantém um pouco acima de 7,45, mas ainda sim muito próximo desse valor (ex: 7,46 ou 7,47) OBS: se o distúrbio estiver compensado por outro distúrbio (como por exemplo essa alcalose metabólica sendo compensada por uma acidose respiratória), o pH estará próximo ao normal, mas ainda sim alterado ATENÇÃO! Quando se tem um paciente com 2 distúrbios e com pH normal, muito provavelmente esse distúrbio é misto, não está compensado Acidose Metabólica (queda da concentração de HCO3-): Diminuição do HCO3-, fazendo com que o centro respiratório aumente a frequência respiratória e a profundidade para tentar diminuir a PaCO2 e, consequentemente, manter a relação HCO3- e H2CO3, mantendo o pH próximo ao valor normal DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS ACIDEMIA pH < 7,35 Acidose metabólica: HCO3- baixo (< 22mEq/L) Acidose respiratória: PCO2 alto (> 45mmHg) ALCALEMIA pH > 7,45 Alcalose metabólica: HCO3- alto (> 26mEq/L) Alcalose respiratória: PCO2 baixo (< 35mmHg) 4 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto ACIDOSE METABÓLICA (HCO3 < 22mEq/L) INTRODUÇÃO Há elevação na concentração de hidrogênio, gerando pH baixo no fluido extracelular A diminuição do bicarbonato se deve ao fato dele estar sendo consumido no tamponamento do excesso de ácido (H+) O hidrogênio estimula o centro respiratório hiperventilação como mecanismo compensatório, eliminando mais CO2 (alcalose respiratória) CAUSAS ÂNION GAP (AG) conjunto de ânions plasmáticos não medidos Valor normal = 8 – 12mEq/L Acidose com AG elevado (normoclorêmicas) > 12mEq/L Secundária a uma produção anormal de ácido no corpo por alguma alteração metabólica (Ex: Cetoacidose) ou a algum ácido ingerido (Ex: intoxicação por AAS, por etilenoglicol...) Produção excessiva de ácidos: Acidose lática lactato Cetoacidose diabética alfa-cetoglutarato Drogas ou intoxicações: o AAS o Metanol o Etilenoglocol o Paraldeído o Metformina pode causar acidose metabólica por acidose lática Redução na excreção de ácidos: Uremia (Insuficiência Renal Crônica) ocorre um excesso de ácido sulfúrico, proveniente da degradação dos aminoácidos. Assim, na uremia tem-se um ânion gap aumentado e uma redução na excreção de ácidos, devido à disfunção renal Acidose com AG normal (hiperclorêmicas) Devido à perda de bicarbonato (Ex: diarreia, disfunção renal, retenção de H+ devido à insuficiência renal) Não se produz um ácido extra, trata-se de um ácido que já se tinha no corpo e que o organismo não está conseguindo excretá-los de forma adequada Geralmente, quando se uma acidose metabólica sem produção de outros ácidos, há o excesso de cloro Perda de bicarbonato ou precursores: Diarreia Acidose Tubular Renal (ATR) tipo II disfunção da absorção de bicarbonato no túbulo proximal Acetazolamida diurético inibidor da anidrase carbônica, que é responsável por causar a absorção de bicarbonato no túbulo proximal Transplante pancreático Fase de correção da cetoacidose Redução na excreção de ácidos: ATR tipo I disfunção nas células intercaladas (túbulo coletor), nas qual não vai mais excretar o H+ ATR tipo IV tem relação com o Hipoaldosteronismo, que causa disfunção das células intercaladas ACIDOSES METABÓLICAS HIPERCLORÊMICAS CAUSAS: Perda de bicarbonato digestivo ou Perda de bicarbonato renal Como saber se a perda é renal ou digestiva: Pela clínica do paciente (ex: se está com diarreia, se faz uso de diurético...) Pelo cálculo do ânion gap urinário: ÂNION GAP URINÁRIO negativo causa DIGESTIVA Aumento da excreção de H+ e Cl é um comportamento normal do rim, então significa que o rim está funcionando normalmente ÂNION GAP URINARIO positivo causa RENAL Excreção de H+ e Cl diminuída Na prática clínica é difícil fazer uso dessa fórmula, pois para dosar sódio urinário o paciente não pode estar fazendo uso de nenhum diurético Tratamento com bicarbonato de sódio em casos severos: Ânion gap normal é indicada a reposição de bicarbonato Ânion gap elevado é controverso, pois sabe-se que o problema não é uma deficiência de bicarbonato, mas sim um excesso de ácido. Nesses casos, repõe-se o bicarbonato se o paciente tiver risco de morte, quando o pH < 7. Fora esse caso, o ideal é que se trate a causa MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ACIDOSE METABÓLICA Dependem da doença de base e da intensidade da acidose Cálculo doânion gap AG = Na – Cl – HCO3 AG urinário = Nau + Ku - Clu 5 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto Quando se tem uma cetoacidose muito importante o paciente vai ter disfunção respiratória: pH < 7,2 RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL (paciente fica taquipneico, para eliminar o excesso de CO2, chegando um momento em que a musculatura respiratória fadiga e o paciente não consegue mais aumentar e começa a diminuir a frequência respiratória até ter um momento de pausa respiratória, reiniciando esse ciclo: aumento da FR diminuição da FR pausa aumento da FR...) Quando se tem bicarbonato < 10mEq/L, geralmente, há queda do débito cardíaco, assim o paciente pode ter: Hipotensão Arritmia E até mesmo parada cardíaca Risco de choque Diminuição do fluxo sanguíneo para os rins e fígado Diminuição da responsividade cardiovascular às catecolaminas A associação desses fatores gera um ambiente propício ao desenvolvimento de ICC Pode-se observar também vômitos, fadiga, dores pelo corpo Manifestações neurológicas: Progressiva diminuição do nível de consciência Coma TRATAMENTO DA ACIDOSE METABÓLICA Tratar causa base REPOSIÇÃO DE BASES (Bicarbonato de Na): Em acidoses hiperclorêmicas (secundária à perda de bicarbonatos – ânion gap normal) Em acidoses com ânion gap aumentado: Deve-se fazer se a causa for uremia (DRC) Intoxicação exógena quando não se tem outro tratamento que seja rápido, acaba-se tendo que fazer o bicarbonato de sódio Na acidose lática e na cetoacidose só fazer se o pH < 7 (paciente correndo risco de vida) Como fazer a reposição de bicarbonato: 1. Calcula-se o déficit de bicarbonato Se o paciente tem uma acidose muito grave pode ser um valor muito alto de bicarbonato. Assim, como a formulação de bicarbonato que se tem é o bicarbonato de sódio, se for feito um volume muito alto de uma vez só no paciente, pode-se induzir um edema agudo de pulmão 2. Inicialmente faz-se 1/3 da dose: Devido ao risco de edema agudo de pulmão Depois revê a gasometria e vai acompanhando o paciente Ex: divide-se em 3 e faz-se de 8/8h Não se faz o volume todo de uma vez só Apresentação comercial do bicarbonato de sódio: NaHCO3 8,4% Cada 1 mL tem 1mEq assim, calcula-se o déficit e quantidade obtida é a quantidade de ml que se vai fazer Riscos: Edema agudo de pulmão (EAP) Hipernatremia Redução do cálcio ionizado ALCALOSE METABÓLICA (HCO3 > 26mEq/L) INTRODUÇÃO Trata-se de um distúrbio muito frequente em pacientes cirúrgicos CAUSAS PERDA DE ÁCIDOS E CONTRAÇÃO DE VOLUME EXTRACELULAR: Vômitos Uso de sonda nasogástrica (SNG) Uso de diuréticos Hipocalemia Hipomagnesemia HIPERALDOSTERONISMO com aumento da reabsorção de HCO3 e eliminação de H+ Por causas extra-renais: Responsivas a cloreto: dá-se cloreto de sódio (soro fisiológico) e o paciente vai melhorar da alcalose metabólica (essas responsivas a cloreto tem relação com hipovolemia/desidratação) Vômitos Drenagem gástrica Não responsivas a cloreto: Hemotransfusão maciça quando se realiza uma transfusão usa-se o citrato, que é uma base, para que esse sangue não coagule (assim, quando o paciente precisa de muitas bolsas de sangue, ele recebe um volume considerável de citrato, fazendo uma alcalose metabólica não responsiva ao cloreto, pois não tem relação com hipovolemia ou desidratação). Não há tratamento, deve-se esperar esse citrato ser metabolizado, passando seu efeito Por causas renais: Responsivas a cloreto: Diuréticos de alça Diuréticos tiazídicos Não responsivas a cloreto: Hipocalemia Hiperaldosteronismo primário a aldosterona estimula a absorção de sódio no ducto coletor, e esse excesso de absorção de sódio pode facilitar a secreção de mais H+ pelas células intercaladas, pois o lúmen fica mais negativo Déficit de HCO3 (mEq) = 0,3 x Peso x BE (base excess) 6 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto TRATAMENTO DA ALCALOSE METABÓLICA Causas hipovolêmicas, hipoclorêmicas e hipocalêmicas: SORO FISIOLÓGICO 0,9% Cloreto de potássio (KCL) adiciona-se se o paciente tiver hipocalemia Nas demais causas tratar causa base ACIDÚRIA PARADOXAL Quando se tem uma alcalose metabólica decorrente de vômitos, geralmente o pH urinário tende a ser ácido Assim, mesmo tendo-se uma alcalose metabólica, a urina estará ácida, pois não se consegue excretar bicarbonato para tentar diminuir a alcalose metabólica CAUSAS: Hipovolemia há aumento da reabsorção tubular proximal de sódio e, consequentemente, da reabsorção de bicarbonato, fazendo com que a urina fique ácida Hipocalemia há maior secreção de H+ no túbulo coletor, devido ao contratransporte H+-K+ ACIDOSE RESPIRATÓRIA (PCO2 > 45mmHg) INTRODUÇÃO Ocorre devido a uma HIPOVENTILAÇÃO (retenção de CO2 - hipercapnia) por algum motivo: Central inibição o bulbo DPOC Síndrome de pickwick Essa retenção de CO2 pode ser: Aguda pH < 7,25 e BE normal O BE e o bicarbonato estarão normais, pois ainda não teve tempo de o rim tentar compensar esse distúrbio respiratório) Crônica (Ex: DPOC, enfisema) pH normal ou quase normal e BE alto O BE é alto porque deu tempo de ocorrer a alcalose metabólica compensatória Crônica agudizada pH < 7,25 e BE alto CAUSAS AGUDA OU AGUDIZADA: Lesão no SNC (bulbo) Obstrução da via aérea superior CRÔNICA (retentor crônico de CO2): DPOC Síndrome de Pickwick (obesidade + apneia do sono) paciente não consegue ventilar adequadamente TRATAMENTO AGUDA OU AGUDIZADA INTUBAÇÃO TRAQUEAL + VENTILAÇÃO MECÂNICA Dessa forma, consegue-se eliminar o CO2 em excesso CRÔNICA TRATAR DOENÇA DE BASE ALCALOSE RESPIRATÓRIA (pH > 7,45 e PCO2 < 35mmHg) INTRODUÇÃO Tem-se uma HIPERVENTILAÇÃO (eliminação de CO2 - hipocapnia) CAUSAS Hiperventilação psicogênica causa mais importante Pneumopatias agudas (crise asmática, pneumonia) Sepse por gram negativos Hipertensão intracraniana (hiperventilação central) há um estímulo para hiperventilação, pois quando se elimina o CO2 consegue-se dilatar melhor as artérias cerebrais (já o excesso de CO2 causa constrição dessas artérias) SINTOMAS Vasoconstrição cerebral (Síndrome do hipofluxo cerebral) Tetania pois a alcalose pode causar hipocalcemia, o cálcio tende a entrar na célula TRATAMENTO Tratar causa base Tentar diminuir a frequência respiratória ________________________________________________________ BUFFER BASE (BB) E BASE EXCESS (BE) BUFFER BASE (BB): É a concentração total de bases no sangue Valor normal 45 – 51mEq/L BASE EXCESS (BE): É a diferença do BB do paciente e o valor normal do BB Diferencia casos agudos e crônicos pois se teve uma alteração no BE é porque teve tempo para que isso ocorresse Valores normais: - 3mEq/L déficit renal de base no sangue + 3mEq/L acúmulo de bases no sangue Ou seja, o normal é que esteja ente uma variação de -3 /+3 em relação ao valor normal do BB RESPOSTA COMPENSATÓRIA Sempre que se tem um distúrbio primário tende-se a ter um distúrbio oposto que vai compensar 7 DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICO Gizelle Felinto ACIDOSE METABÓLICA tende a fazer uma alcalose respiratória Fazendo-se hiperventilação, eliminando mais CO2 ALCALOSE METABÓLICA acidose respiratória Hipoventilação, retendo o CO2 ACIDOSE RESPIRATÓRIA CRÔNICA alcalose metabólica Absorve-se mais bicarbonato no rim ALCALOSE RESPIRATÓRIA CRÔNICA acidose metabólica Excreta-se mais bicarbonato no rim Como saber se essa resposta é compensatória ou se trata-se de outro distúrbio fórmula para calcular a resposta compensatória (o valor normal esperado para o distúrbio do pacientepassa a ser o valor calculado) DISTÚRBIOS MISTOS Ocorrem quando a resposta compensatória não acontece. Ou seja, quando se calcula a resposta compensatória e o PCO2 ou o HCO3 do paciente, dependendo do distúrbio, está fora do intervalo calculado Ou seja, é sempre que a resposta compensatória esperada não ocorrer DISTÚRBIO METABÓLICO OU RESPIRATÓRIO NÃO COMPENSADO: Acidose respiratória + Acidose metabólica ACIDOSE MISTA Alcalose metabólica + Alcalose respiratória ALCALOSE MISTA CASOS CLÍNICOS 1. Gaso 1: pH: 7,30 / PCO2: 27mmHg / HCO3: 13 mEq/L Acidose Metabólica 2. Gaso 2: pH: 7,52 / PCO2: 20 mmHg / HCO3: 15 mEq/L Alcalose Respiratória 3. Gaso 3: pH: 7,42 / PCO2: 19mmHg / HCO3: 12 mEq/L Alcalose Respiratória e Acidose Metabólica 4. Gaso 4: pH: 7,11 / PCO2: 32mmHg / HCO3: 10 mEq/L Acidose Metabólica PCO2 esperada: (1,5 x 10) + 8 = 23mmH Acidose Respiratória 5. Gaso 5: pH: 7,46 / PCO2: 25mmHg / HCO3: 13 mEq/L / BE: -11 mEq/L Alcalose respiratória crônica 6. Gaso 6: pH: 7,20 / PCO2: 100 mmHg / HCO3: 44 mEq/L / BE: +5 mEq/L Acidose respiratória crônica agudizada PCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8 Obtêm-se o valor de PCO2 esperada para essa acidose do paciente Compensado PCO2 do paciente igual ou próxima do que se foi calculado Distúrbio misto PCO2 fora do que foi calculado (acima ou abaixo) o + Acidose respiratória PCO2 do paciente acima do calculado o + Alcalose respiratória PCO2 do paciente abaixo do calculado PCO2 esperada = HCO3 + 15 Distúrbio misto PCO2 fora do que foi calculado (acima ou abaixo) o + Acidose respiratória PCO2 do paciente acima do calculado o + Alcalose respiratória PCO2 do paciente abaixo do calculado Para cada aumento de 10mmHg de PCO2 o HCO3 aumenta 3,5mEq/L Distúrbio misto: o + Alcalose metabólica valor do HCO3 acima do calculado o + Acidose metabólica valor do HCO3 abaixo do calculado Para cada diminuição de 10mmHg de PCO2 o HCO3 diminui 5mEq/L Distúrbio misto: + Alcalose metabólica valor do HCO3 acima do calculado + Acidose metabólica valor do HCO3 abaixo do calculado
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