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Psicoterapia: objetivos e esquemas técnicos Rel���r���o... * Freud tinha resistências a quanto mudar a técnica da psicanálise. Ele até via a necessidade em alguns casos, mas não via maneiras de fazer isso enquanto estava estruturando a teoria. * Alguns teóricos, então, quebraram com a psicanálise clássica para poder fazer essas mudanças técnicas, nascendo a Psicoterapia BREVE de orientação psicanalítica e a Psicoterapia de orientação psicanalítica. * Semelhanças entre a psicanálise clássica e a psicoterapia: questão teórica, manutenção dos elementos técnicos fundamentais. * Diferenças: ajustes na técnica (disposição do paciente e do profissional no ambiente, número de sessões semanais, +) Dur�ção d� ���são Na psicoterapia, temos maior liberdade para terminar a sessão mais cedo ou estender a sessão por alguns minutos, dependendo do conteúdo que o paciente está trazendo. Na psicoterapia, o tempo pode variar de 50 minutos a 1 hora, enquanto na psicanálise os 50 minutos são pontuais. Em clínicas particulares, evitamos marcar pacientes logo em seguida. É importante tem um intervalo entre dois pacientes, para que possamos acalmar o paciente caso ele se mobilize no fim da sessão, e tenhamos que acolhe-lo, e também para fazer anotações breves do que emergiu naquela sessão (a transcrição na clínica já não é tão detalhada). No final da sessão, é importante lembrar de não trazer mais conteúdos que podem ser sensíveis para o paciente, e também a escuta do silêncio. Essas são formas de acolher aquele paciente, e ajuda-lo a organizar os elementos que foram resgatados. Alguns pacientes até optam pela parada da sessão quando sentem que está ficando pesado e chegou no seu limite naquele dia. Silên�i� Alguns pacientes se sentem muito incomodados no silêncio, porque significa que ele está em contato com ele mesmo, e isso traz muito desconforto. Por isso, para alguns pacientes, é importante deixa-lo em silêncio para que ele entre em contato com os conteúdos dentro dele que estão gerando sofrimento. A postura do paciente também é uma forma de resistência. O desconforto do silencio pode disparar a associação, e o paciente começa a trazer algum conteúdo. É interessante esse tipo de acolhimento, porque existem elementos atrelados diretamente ao silêncio, então é bom darmos esse espaço ao paciente. Na psicanálise clássica, o silêncio era levado muito a sério dentro da técnica, e era um ponto muito importante da sessão. Já na psicoterapia, em alguns casos o silêncio é enriquecedor, mas em outros é bom estarmos fazendo perguntas quando achamos que aquele silêncio não está necessariamente colocando o paciente em contato com o sofrimento. Enquanto o paciente está em silêncio, devemos manter nossa expressão neutra, porque isso ajuda o paciente a se apropriar daquele silêncio como achar que deve. Cada paciente sente uma necessidade de acordo com o seu perfil e sua demanda, e o silêncio pode fazer parte dessa necessidade ativamente. Profi����na� Na psicanálise clássica, o profissional não se coloca a não ser que seja extremamente necessário. Já na psicoterapia, o profissional se coloca mais para poder instigar o paciente e ajuda-lo a trabalhar com a demanda dele. O profissional é mais ativo, aborda mais, para poder movimentar o próprio processo (proposta do Ferenzi). Essa movimentação também é importante para que o paciente traga mais elementos. Tem�� � �oc� Na psicoterapia breve, o tempo é de um ano e o foco é delimitado para o que o paciente está com mais dificuldade. Na psicoterapia normal, também procuramos delimitar focos, não trabalhando tudo. É necessário que tenha um tempo delimitado também, para que os elementos que geram mais sofrimento sejam trabalhados e depois o sujeito caminhe sozinho. Já na psicanalise clássica, não delimitamos foco pois tentamos trabalhar com tudo, até porque não há previsão de alta e nem necessidade de tempo específico. Psi����ra��� No atendimento psicoterápico, desde a entrevista, temos que ficar muito atentos as figuras que o paciente traz para o atendimento. É mais difícil do paciente nomear essas figuras quando estamos no início do processo de atendimento. Coloca-se papéis, e não nomes, por ex: “meu irmão”, “minha mãe”, “minha tia” etc. Em alguns casos, as figuras mais significativas aparecem já nomeadas desde o começo. Mas o que estamos realmente querendo enxergar é a figura que não aparece no atendimento. É dessa figura que não apareceu que devemos perguntar sobre. Também devemos ficar atentos a elementos de data, porque para ele trazer pontualmente, é porque naquela data tem algum marcador. Também devemos prestar atenção no nosso feeling, porque ele nos diz muito. A nossa sensação esclarece muitas coisas que nós mesmos estamos em dúvida enquanto profissionais no atendimento. * Processo: o processo psicoterápico é um processo para olhar para dentro, voltar-se para si mesmo e entender as suas questões e os seus elementos, o que precisa ser acomodado e que depende apenas de mim, não do outro. Eu não posso mexer ou mudar aquilo que é do outro, mas posso acomodar melhor pra mim e mudar o meu comportamento e a forma como eu me posiciono, para que o meio responda a isso também. * Recurso e ferramenta: a terapia ajuda o sujeito para que ele enxergue as situações que trazem angustia de outra forma, e consiga ver outras soluções para ajustar ou melhorar recursos, ou até desenvolver novos, para fortalecer o psiquismo. Fortalecer o psiquismo ajuda com outras demandas que irão aparecer, podendo lidar melhor com o que vier e não tiver controle. * Espaço favorável ao crescimento pessoal: o olhar interno para si é o objetivo principal da psicoterapia, podendo ajudar o sujeito a resolver suas maiores angustias e caminhar sozinho, e lá o lugar é seguro para isso. Depois da alta, o sujeito tem que se sentir seguro para que quando algo estiver incomodando de novo, ele se sinta livre para voltar, e ao mesmo tempo sinta que tem recursos para lidar com essas angustias sozinho. * A psicoterapia ajuda no âmbito da saúde no geral: diminuição do uso de medicamentos (alguns é necessário, mas diminui o tempo do tratamento), diminuição de ida aos pronto socorros por queixas de sintomáticas (o pico pode levar o paciente a UBS porque ele desorganizou e está desconfortável), diminuição dos elementos de ideação e tentativa de suicídio, a fala faz com que o sujeito consiga se conter mais. * A psicoterapia tem como um dos objetivos principais o espaçamento de crises: isso ajuda o sujeito a não precisar de internações e aprender a lidar com as crises que vêm. Psi����ra��� �re�� – ob����vo� 1. Remover, modificar ou retardar sintomas O sujeito traz sintomas, mesmo que ele não tenha um quadro. O sofrimento traz sintomática. Porém, para remover, modificar ou retardar o sintoma, temos que trabalhar focando no que está causando essa sintomática. 2. Interferir em padrões perturbados de comportamento O que o sujeito está vivenciando fica em evidencia nos padrões de comportamento do sujeito, podendo estar ajustados ou nem tanto. Trabalhamos com o ajustamento desses comportamentos. 3. Promover o crescimento pessoal – personalidade Não mudamos completamente a base do sujeito, mas podemos mexer nos elementos da estrutura para que ele consiga funcionar melhor e lidar melhor com a sua organização, promovendo um melhor ajustamento e crescimento psíquico. A estrutura da personalidade releva também o tipo de sintoma que o sujeito sente e como ele se coloca perante a isso. O resultado esperado é de estabilizar o sujeito para que ele consiga caminhar sozinho.
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