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FATEF ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Prof.: Edson da Silva Souza 1) DISSIPAÇÃO DE POTÊNCIA, RESISTÊNCIA TÉRMICA E DISSIPADORES DE CALOR. 2) CARACTERÍSTICAS DE GATILHO E CIRCUITOS DE DISPARO 3) APLICAÇÕES DOS TIRISTORES: RETIFICADORES MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS SEM E COM CONTROLE 4) INVERSORES E CONVERSORES 5) PROTEÇÃO DOS SCR´S. ÍNDICE – 2ª.Bimestre Componentes de dissipação: Existem 5 componentes principais de dissipação de potência em um tiristor, que ocorrem nas seguintes situações: ✓ Estado de bloqueio no sentido direto; ✓ Chaveamento dos estado de bloqueio do estado de condução; ✓ Estado de condução; ✓ Chaveamento do estado de condução ao estado de bloqueio; ✓ Disparo 1) DISSIPAÇÃO DE POTÊNCIA, RESISTÊNCIA TÉRMICA E DISSIPADORES DE CALOR A) DISSIPAÇÃO DE POTÊNCIA Para melhor ilustrar estes componentes de dissipação tomaremos como exemplo um tiristor que possua as seguintes características: IT(RMS) – Especificação de corrente 110 A VRRM, VDRM - Especificação de tensão de bloqueio 400 V IRRM, IDRM - Corrente de fuga 10 mA VT - Queda de tensão 1,8 V tON - Tempo de disparo 5 µs Tq - Tempo de comutação 80 µs Suponhamos que este dispositivo está usando ao máximo suas especificações, ou seja, 110 A a 400 V, isto é, controlando uma carga de cerca de 40 KW. Bloqueio no Sentido direto Estado de condução Passagem do estado de condução Passagem do estado de bloqueio Bloqueio no Sentido reverso Tensão Corrente Dissipação De potência 400V 110 A - 110 A 1,8 V10 mA - 10 mA - 400V 80 µs 4 W198 W 5 µs 4 W 11 KW 11 KW Componentes de dissipação Como é evidente do gráfico anterior. Assumimos por simplicidade que os valores de dissipação no bloqueio e na condução. Durante à transição de um estado para o outro, a dissipação muda rapidamente. Durante a passagem ao estado de condução, as equações de tensão e corrente podem ser aproximadas por: v(t) = 400 – 400 x 106 t eq.1 5 i(t) = 110 x 106 t eq. 2 5 A potência instantânea, é o produto instantâneo de tensão e corrente e depende portanto das curvas dinâmicas seguidas pela tensão e pela corrente. Por simplicidade, estamos admitindo que a transição é linear e assim, a potência instantânea seria dada por: P(t) = v(t) x i(t) P(t) = (400 - 400 x 106 t ) x (110 x 106 t) 5 Derivando a equação 3 e igualando o resultado a zero, obteremos o instante em que ocorre o pico de potência, resultando em t = 2,5 µs. A substituição deste valor em 3 resultara em um pico de potência de 11 KW. A energia convertida em calor durante o chaveamento do estado de bloqueio no sentido direto para o estado de condução, é a área sob a curva de potência, sendo calculada pela integral de 3 resultando em 37 mJ. P(t) = 8,8 x 109 t – 1,76 x 1015 t2 eq.3 Assumindo a mesma transição linear durante o intervalo de comutação, teremos o mesmo pico de 11 kW, embora a energia aumente para 587 mJ, em função do maior do intervalo de comutação. Suponhamos que se desejasse calcular a potência média dissipada no dispositivo. Vamos supor que o mesmo opere em 60 Hz com um ciclo de trabalho de 50%, em um ângulo de condução de 180º , ou ainda, tempos de condução e bloqueio iguais. APLICAÇÕES DOS TIRISTORES: RETIFICADORES MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS SEM E COM CONTROLE SCR como retificador de meia onda A figura abaixo apresenta um circuito que utiliza um SCR como retificador de meia onda. Características do TIC 116B IGT = 20 mA VAK = 6 Vdc Segundo a sua folha de dados, o SCR TIC 116B precisa de 20 mA de corrente de gatilho para garantir o disparo, quando VAK for de 6 VCC. Além disso, para o disparo, a tensão entre anodo e catodo (VGK) deve ser igual a VGT (aproximadamente igual a 0,6 V). Desta forma, logo no início do semiciclo positivo, a tensão da rede de alimentação atinge um valor suficientemente alto para garantir as condições de disparo de SCR, que conduzirá e acenderá a lâmpada. Desconsiderando a queda de tensão no diodo e entre gatilho e cátodo, após a condução do SCR (VGT),a tensão da rede em que o disparo ocorre pode ser calculada da seguinte maneira: IGT ≈ VREDE ➔ 20 X 10-3 = VREDE R1 180 VREDE = 3,6 V Como as condições de disparo fixam dois valores (VAK = 6 V e IGT = 20 mA), com certeza, entre 3,6 V e 6 V, a corrente necessária será atingida para garantir o disparo do SCR. Com quantos graus, a tensão da rede atinge 6 V? V(t) = Vp * sen ω * t ou v(α) = Vp * sen α 6 = 179,6 * sen α sen α = 6 179,6 arcsen = 6 = α 179,6 α = 1,9o Portanto, praticamente todo semiciclo positivo é aplicado à lâmpada, como pode ser observado pelas formas de onde da figura abaixo: VREDE (V) 179,6 - 179,6 V1 (V) 179,6 - 179,6 6 Ɵ Ɵ 180o 360o 180o 360o Condução do SCR Condução do SCR Bloqueio do SCR Bloqueio do SCR Disparo do SCR SCR controlando fase numa carga resistiva O controle de fase numa carga resistiva utilizando um SCR será abordado na forma de exemplo no item a seguir: Dados: IGT = 200 μA VGT = 0,6 V Responda a) Calcule os valores do resistor fixo R1 e da resistência variável (potenciômetro) R2, para disparo do SCR em 2°, 15°, 30°, 60° e 90°, em relação à tensão da rede. Disparo em 2° Disparo em 15° Disparo em 30° 𝑽𝑹𝑬𝑫𝜺 − (𝑹𝒙 ∗ 𝑰𝑮𝑻) − 𝑽𝑮𝑻 = 𝟎 𝑽𝑹𝑬𝑫𝜺 − (𝑹𝒙 ∗ 𝑰𝑮𝑻) − 𝑽𝑮𝑻 = 𝟎 𝑽𝑹𝑬𝑫𝜺 − (𝑹𝒙 ∗ 𝑰𝑮𝑻) − 𝑽𝑮𝑻 = 𝟎 Disparo em 60° Disparo em 90° 𝑽𝑹𝑬𝑫𝜺 − (𝑹𝒙 ∗ 𝑰𝑮𝑻) − 𝑽𝑮𝑻 = 𝟎 𝑽𝑹𝑬𝑫𝜺 − (𝑹𝒙 ∗ 𝑰𝑮𝑻) − 𝑽𝑮𝑻 = 𝟎 Ângulo de disparo (α) 2o 20 8.340,64 15o 20 209.426,13 30o 20 426.012,8 60o 20 754.712,99 90o 20 875.025,61 Ângulos de disparo e componentes relacionados b) Calcule o valor médio e eficaz da tensão na carga para os valores de “α”, bem como a potência dissipada. O valor médio da tensão na carga para uma senóide, retificada em meia onda, com ângulo de disparo “α”, é dado pela Equação: O valor eficaz da tensão na carga para uma senóide, retificada em meia onda, com ângulo de disparo α, é dado pela Equação: A potência dissipada pela carga é dada pela Equação: Abaixo valores da tensão média, da tensão eficaz e da potência dissipada pela carga para cada ângulo de disparo. Ângulo de disparo (α) 2o 89,8 80,64 15o 89,6 80,28 30o 88,5 78,32 60o 80,5 64,80 90o 63,5 40,32 EXERCÍCIO PROPOSTO 1) O circuito da figura abaixo é alimentado por uma fonte CA de 127 Vrms. Calcule os valores do resistor RX para disparo do SCR em 2°, 15°, 30°, 60° e 90° (ângulo de disparo em relação à tensão da rede) e desenhe as formas de onda da tensão na carga RL de 100 ohms e no SCR. Calcule o valor médio e eficaz da tensão na carga para os valores de α. Calcule também a potência dissipada. Para o cálculo do valor dos resistores no circuito de gatilho, considerar a queda de tensão do diodo D1 igual a 0,7 V. Dados: IGT(tip) = 200 μA VGT(tip) = 0,6 V ITmax = 8 A VRRM = 200 V RK SCR RS CS D1 RL RESOLUÇÃO: Retificador trifásico controlado de meia - onda a) Carga resistiva O circuito deste retificador, conhecido também como retificador trifásico controlado de ponto médio, está representado no figura abaixo: O funcionamento do retificador controlado é similar ao retificador não controlado a diferença está na entrada em condução dos semicondutores de potência. Isto faz com que se torne possível variar o valor da tensão de saída. Seja a figura a seguir, na qual estão representadas as formas de onda das 3 fases e a tensão na carga para ângulo de disparo igual a 30º. Observe que para o retificador trifásico, o ângulo de disparo é xero no instante em que duas ondas de tensão se interceptam e não quando a tensão passa por zero, como é o caso dos retificadores monofásicos. Percebe-se que o SCR T1, por exemplo, somente pode conduzir após 30º da fase “A”. Isso se deveao fato de que antes de 30º desta fase, T1 está reversamente polarizado, logo impossibilitado de conduzir. Portanto os disparos dos tiristores devem ser sincronizados com a rede e atrasados de 30º para possibilitar qualquer variação da tensão de saída. Na figura 1b – estão apresentados a forma de onda para o ângulo de disparo de 60º. 1a 1b Formas de onda para o retificador de ponto médio (1a) α = 30º e (1b) α = 60º Tensão média na carga em função de α para carga resistiva A tensão média pode ser representada graficamente pela curva a seguir Deve-se notar que: 1) Se αd = 0 o, obtém-se resultado semelhante ao retificador a diodo, onde VLmedio = 1,17 VSRMS ,que é maior valor de tensão média na carga; 2) Se αd = 150 o, tem-se VLmedio = 0. 1b) Carga RL O retificador de ponto médio alimentando carga RL pode apresentar condução contínua ou descontínua, dependendo da carga e do ângulo de disparo. A figura abaixo mostra a tensão na carga em condução contínua. Como a corrente na carga não se anula, a tensão assume valores negativos até que ocorra o próximo disparo. Para evitar que a tensão na carga assuma valores instantaneamente negativos, utiliza-se um diodo de roda-livre em antiparalelo com a carga, permitindo a circulação de corrente mantendo a tensão na carga nula. Tensão na carga para carga RL em condução contínua. 26 CONVERSORES Há muitas aplicações que requerem alimentação contínua variável. É o caso, por exemplo de veículos de tração, acionados por motores CC. Quando de dispõe de uma fonte CA pode-se utilizar um circuito retificador controlado. Entretanto, a alimentação disponível for CC, devem ser usados os chamados “choppers”, que são conversores CC –CC. Os “choppers” fornecem uma tensão CC variável a partir de uma fonte CC de tensão constante. O circuito básico de um conversor CC – CC é mostrado Fig.1: V CH i i DR R L CARGA Fig.1 - Circuito básico de um “chopper” 27 CONVERSORES A tensão contínua variável, aplicada à carga, é obtida controlando-se a abertura e o fechamento da chave CH. Quando a chave fecha, o diodo DR permanece cortado, uma vez que o mesmo fica reversamente polarizado pela tensão V da fonte. A partir do instante em que a chave fecha, a corrente começa a aumentar de modo exponencial, passando a existir uma energia armazenada no campo magnético de indutância L. A tendência seria a de a corrente de carga se estabilizar em um valor dado por V/R. No instante em que a chave abre, como a corrente não pode cair instantaneamente a zero na indutância, o diodo de retorno entra em condução mantendo tensão nula na saída. Então, a corrente de carga decairá exponencialmente através de R, L e DR, até o novo fechamento da chave. 28 A tensão na carga terá então o aspecto genérico Fig.2: V V. Vo tON tOFF T Fig.2 - Forma de onda da tensão na carga para o circuito anterior Por integração da forma de onda da gráfico acima pode-se obter o valor médio na carga que será dado por: Vo = tON V T Fica evidente da expressão anterior que o valor médio Vo da tensão de saída, pode ser variado de três maneiras: 1. Variando tON, o tempo de permanência da chave fechada, e mantendo T, o período total invariante. Este método é chamado modulação por largura de pulso. 2. Mantendo-se tON ou tOFF, o tempo de permanência da chave aberta, constante e variando o período T. Este processo é chamado de modulação em frequência. 3. Variando tanto tON como T Das três possibilidades de controle, a mais utilizada é a modulação por largura de pulso, pois no caso de modulação em frequência, esta tem que ser variada por uma faixa muito grande para obter o controle total da tensão da carga. A este problema, acrescenta-se o fato de que, para baixos valores Vo, a corrente de carga se torna descontínua, o que é um grande inconveniente se a carga acionada for um motor CC. Ademais, quando a frequência não é fixa, é difícil o projeto de filtros para eliminar as interferências resultante do chaveamento. Em circuitos de potência elevada, a chave CH do circuito da Fig. 1, é implementada por um SCR. Em potências mais baixas, pode-se usar também transistores bipolares ou de efeito de campo. Quando a chave no circuito da Fig.1, for implementada através de um SCR, deve ser previsto, além do circuito de disparo, um circuito de comutação que bloquei o SCR. Isto acontece pois no caso de corrente contínua, uma vez disparado, o SCR não bloqueia mais, já que a corrente não se anula. O circuito de comutação deve garantir que a corrente do SCR se anule e que a tensão de anodo permaneça negativa, pelo menos durante o tempo tOFF, o necessário para o tiristor recuperar sua capacidade de bloqueio. A corrente do SCR pode se anular se a mesma passar por zero em função de uma característica da carga (um circuito RLC serie, por exemplo), se a corrente do SCR for desviada por um caminho alternativo, ou ainda se for aplicada uma tensão reversa aos terminais do dispositivo. Estes dois últimos métodos são conhecidos por “métodos de comutação forçada”. Existem vários circuitos de comutação forçada, sendo suas características bastantes semelhantes. Não analisaremos aqui todos os métodos utilizados para comutação forçada, mas sim um circuito típico que serve para ilustrar o modo de bloqueio do SCR. Veja abaixo: Fig. 3 - Circuito típico de comutação forçada V Vc iQ1 io DR R L Q1 iQ2 Q2 ic iDR VL V . D iD Para que o circuito funcione corretamente, Q2 deve ser disparado em primeiro lugar para carregar o capacitor C. Disparado Q2, a corrente circulará pela fonte, pelo capacitor, que será carregado com Vc > 0, por Q2 e pelo circuito de carga. Uma vez carregado o capacitor, o circuito está preparado para a comutação, podendo ser disparado o tiristor principal que é 1. Isto faz com que seja aplicada uma tensão V à carga, o que corresponderia no circuito da Fig. 1, à condição de chave fechada. Com Q1 disparado, o capacitor C é colocado em paralelo com L e com D, resultando no circuito simplificado mostrado a seguir: V Q1 i DL Fig.4 - Circuito simplificado da Fig. 3, para Q1 em condução Como um circuito LC tem característica oscilatória, a corrente i que circulará pelo circuito da fig. 4 será senoidal, começando de zero, atingindo um máximo e depois voltando a zero. Quando a corrente se anular, o capacitor terá invertido a tensão nos seus terminas, ficando portanto com Vc < 0. A partir deste instante, a tendência do circuito LC seria a de fazer a corrente i circular no sentido inverso e fazer com que a polaridade da tensão no capacitor voltasse a ser positiva. Isto entretanto não é possível em virtude doido D. Desta maneira, o circuito permanecerá com Vc < 0 e com Q1 em condução até o momento em que se deseje “abrir” chave, ou seja, comutar o tiristor principal. No momento em que for desejada a comutação de Q1, dispara-se Q2. a tensão Vc < 0 do capacitor será colocada em paralelo com Q1, bloqueando-o e a corrente de carga passará a circular por Q2 de modo a fazer com que o capacitor novamente se carregue com Vc > 0. Assim, o ciclo se repete sucessivamente, com Q1, sendo disparado para “fechar” a chave e Q2 disparado para “abrir” a chave. A maior parte das aplicações dos conversores CC-CC é no acionamento de motores CC em veículos de tração elétrica como trem elétrico, carros de metrô, trolebus, etc. A fig. 5 mostra este tipo de aplicação. V Q1 ie D1 VA L EXCITAÇÃOVe REATOR DE FILTRO Fig.5 – Aplicação de um “chopper” no acionamento de um motor CC 37
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