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DESCRIÇÃO As caracterizações técnicas das diversas tipologias de radiações, as fontes das radiações, as radiações ionizantes e não ionizantes, os efeitos biológicos e as medidas de controle pertinentes. PROPÓSITO Haja vista o emprego habitual das radiações ionizantes e não ionizantes no dia a dia laboral, é de grande importância o estudo desses agentes objetivando determinar, em cada ambiente laboral, a tipologia e a respectiva intensidade e, com isso, estabelecer as recomendações de controle dos riscos. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos papel, caneta, uma calculadora científica ou use a calculadora de seu smartphone/computador, para a realização das tarefas em aula. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos gerais e as fases da avaliação ocupacional das radiações ionizantes MÓDULO 2 Reconhecer os conceitos gerais e as fases da avaliação ocupacional das radiações não ionizantes INTRODUÇÃO O QUE SIGNIFICA RADIAÇÃO IONIZANTE E RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE? AVISO: orientações sobre unidades de medida. AVISO Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos gerais e as fases da avaliação ocupacional das radiações ionizantes. LIGANDO OS PONTOS Você sabe o que é radiação ionizante? Conseguiria identificar uma aplicação prática em uma atividade do dia a dia, assim como estabelecer a situação da exposição ocupacional às radiações ionizantes? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomando por base uma situação prática, vamos analisar o case da empresa AutoMecânica do Chicó, a seguir: javascript:void(0) Foto: Adobe Stock A AutoMecânica do Chicó está legalmente estabelecida, na cidade do Rio de Janeiro, na atividade de manutenção e reparação de automóveis. A sede da empresa é constituída de dois pavimentos em alvenaria, com área de aproximadamente 600m², com pé-direito de 4,5m, iluminação em lâmpadas fluorescentes recobertas com vidro, ventilação natural (portas e janelas) e piso em concreto. Dentre os diversos setores da empresa, aquele que está por ser avaliado, do ponto de vista dos agentes de riscos ocupacionais, é o setor de Chapeamento e pintura, porém, inicialmente, serão avaliados apenas os agentes físicos. No setor de Chapeamento (funilaria ou lanternagem) e pintura são desenvolvidas as atividades de lanternagem e pintura, envolvendo: desamassar, lixar, emassar, pintar e polir, assim como a limpeza geral dos automóveis, após os serviços. Para tanto, são empregados os seguintes principais equipamentos: politriz, esmerilhadeira, pistola de pintura, solda elétrica e solda oxiacetilênica, e ferramentas, em geral. Cabe ainda destacar que são utilizados os equipamentos de proteção coletiva e, também, os equipamentos de proteção individual pertinentes, sempre com certificados de aprovação (CA), a saber: protetor auricular tipo concha, escudo de proteção, avental e luvas de raspa de couro, óculos de segurança oxiacetilênica, protetor facial, óculos de segurança e equipamentos de proteção respiratória pertinentes. Realizados os trabalhos de análise e avaliação para os agentes físicos, segundo os requisitos da NR 9 — Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos, não foram detectadas situações insalubres. Segundo o Relatório de Avaliação da Exposição Ocupacional correspondente, emitido pelos engenheiros de segurança responsáveis pelo serviço, a condição de insalubridade não foi observada na AutoMecânica do Chicó, haja vista as considerações apresentadas no Relatório em questão, sobre as intensidades avaliadas, os períodos de exposição medidos e a utilização de proteções eficazes, de caráter individual e coletiva, observadas. Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. CONSIDERANDO O DETALHAMENTO SOBRE O AMBIENTE NO SETOR DE CHAPEAMENTO E PINTURA, SOBRE AS ATIVIDADES ALI DESENVOLVIDAS E SOBRE AS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS, FICA CLARO QUE NÃO HÁ FONTES RADIOATIVAS EM USO. NO ENTANTO, OS ENGENHEIROS DE SEGURANÇA DETECTARAM, DURANTE A ETAPA DE LEVANTAMENTO DOS RISCOS (INVENTÁRIO), QUE NO SETOR DE CONTROLE DE QUALIDADE, VIZINHO AO DE CHAPEAMENTO E PINTURA, ESTÃO SENDO PLANEJADAS AS INSTALAÇÕES DE NOVOS EQUIPAMENTOS QUE IRÃO UTILIZAR A GAMAGRAFIA DAS PARTES METÁLICAS E DAS SOLDAS; O FERRO-59, PARA MEDIR O DESGASTE DAS MOLAS DE SEGMENTOS DOS ÊMBOLOS DOS MOTORES EM ATRITO; E O FÓSFORO-32, PARA MEDIR O DESGASTE DOS FRISOS DOS PNEUS DE AUTOMÓVEIS, DENTRE OUTROS. UMA VEZ FEITO O PLANEJAMENTO PARA A CHEGADA DESSAS TECNOLOGIAS NO SETOR VIZINHO, É NECESSÁRIA UMA SÉRIE DE PROVIDÊNCIAS, NOTADAMENTE, O ATENDIMENTO À NORMA CNEN – NE – 3.01, DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO (2005), QUE TOMA POR BASE OS PRINCÍPIOS DA JUSTIFICAÇÃO, OTIMIZAÇÃO E LIMITAÇÃO DA DOSE. ASSINALE A AFIRMATIVA QUE APRESENTA O CONCEITO DE JUSTIFICAÇÃO: A) Qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve ser justificada em relação às demais alternativas e produzir um benefício líquido positivo para a sociedade. B) O projeto, o planejamento do uso e a operação de instalação e de fontes de radiação devem ser feitos de modo a garantir que as exposições sejam tão reduzidas quanto razoavelmente exequível, levando-se em conta fatores sociais e econômicos. C) As doses individuais de trabalhadores e de indivíduos do público não devem exceder os limites anuais de dose equivalente. D) O projeto, o planejamento do uso e a operação de instalação e de fontes de radiação devem ser feitos de modo a garantir que as exposições sejam tão reduzidas quanto razoavelmente exequível, independentemente dos fatores sociais e econômicos. E) As doses individuais de trabalhadores não devem exceder os limites anuais de dose equivalente. 2. AINDA CONSIDERANDO ESSE PLANEJAMENTO DE UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS NO SETOR VIZINHO AO DE CHAPEAMENTO E PINTURA, DEVE-SE TER EM CONTA A NECESSIDADE DE DETERMINAR O RISCO E ESTABELECER AS MEDIDAS DE CONTROLE. PARA TANTO, É NECESSÁRIO CONTEMPLAR DIVERSOS ASPECTOS. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA QUE APRESENTA UM DESSES ASPECTOS. A) Avaliar as condições de exposição (habituais ou acidentais), com o estudo ambiental dos locais de trabalho, atribuindo a respectiva classificação (área livre, área supervisionada e área controlada), atualizadas das diferentes zonas de risco de acordo com os níveis potenciais de exposição. B) Autorização prévia e parecer favorável para o uso de fontes radioativas, dados pelo órgão de controle CNEN. C) Determinação dos níveis de ação. D) Autorização prévia e licenciamento dado pelo órgão de controle CNEN. E) Autorização prévia, licenciamento e parecer favorável da Fundacentro. GABARITO 1. Considerando o detalhamento sobre o ambiente no setor de Chapeamento e pintura, sobre as atividades ali desenvolvidas e sobre as máquinas e equipamentos utilizados, fica claro que não há fontes radioativas em uso. No entanto, os engenheiros de segurança detectaram, durante a etapa de levantamento dos riscos (inventário), que no setor de Controle de qualidade, vizinho ao de Chapeamento e pintura, estão sendo planejadas as instalações de novos equipamentos que irão utilizar a gamagrafia das partes metálicas e das soldas; o Ferro-59, para medir o desgaste das molas de segmentos dos êmbolos dos motores em atrito; e o Fósforo-32, para medir o desgaste dos frisos dos pneus de automóveis, dentre outros. Uma vez feito o planejamento para a chegada dessas tecnologias no setor vizinho, é necessária uma série de providências, notadamente, o atendimento à Norma CNEN – NE – 3.01, Diretrizes Básicas de Radioproteção (2005), que toma por base os princípios da justificação, otimizaçãoe limitação da dose. Assinale a afirmativa que apresenta o conceito de justificação: A alternativa "A " está correta. O conceito leva em conta que os diferentes tipos de atividades que impliquem em uma exposição sejam previamente justificados pela vantagem que proporcionam. 2. Ainda considerando esse planejamento de utilização de radioisótopos no setor vizinho ao de Chapeamento e pintura, deve-se ter em conta a necessidade de determinar o risco e estabelecer as medidas de controle. Para tanto, é necessário contemplar diversos aspectos. Assinale a afirmativa correta que apresenta um desses aspectos. A alternativa "A " está correta. Para determinar o risco e estabelecer as medidas de controle, é necessário contemplar os seguintes aspectos: avaliar as condições de exposição, com o estudo ambiental dos locais de trabalho, atribuindo respectiva classificação (área livre, área supervisionada e área controlada), atualizadas das diferentes zonas de risco de acordo com os níveis potenciais de exposição; autorização prévia, licenciamento e parecer favorável para o uso de fontes radioativas, dados pelo órgão de controle CNEN, e determinação das doses limite. 3. A NORMA CNEN – NE – 3.01, DIRETRIZES BÁSICAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA (2005), TEM POR OBJETIVO ESTABELECER OS REQUISITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA DAS PESSOAS EM RELAÇÃO À EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE, A PARTIR DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS ESTABELECIDOS PELA COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. QUAL É O PROPÓSITO DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA? RESPOSTA O propósito da proteção radiológica é evitar os efeitos determinísticos e limitar a probabilidade de ocorrência dos efeitos estocásticos, em níveis considerados aceitáveis. javascript:void(0) QUAIS SÃO AS RADIAÇÕES IONIZANTES E DE ONDE ELAS VÊM? RADIAÇÕES IONIZANTES – CONCEITUAÇÕES INICIAIS O ÁTOMO A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN, 2013) destaca que, em sua Teoria Atomística, Demócrito (460-370 AC) afirmava que o Universo possuía uma constituição elementar única, denominada átomo, partícula indivisível, invisível, impenetrável e animada de movimento próprio. Para Demócrito, existiam dois elementos principais para a formação de todas as coisas: O ÁTOMO O VAZIO VOCÊ SABIA Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (2013), Lito Lucrécio Caso, célebre poeta romano (95-52 AC), reproduziu em seus poemas as ideias de Demócrito no livro De Rerum Natura, muito divulgado na época do Renascimento. Atualmente, sabemos que a formação do átomo resulta da aliança de três partículas: prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons e os nêutrons encontram-se agregados no núcleo do átomo (também chamados de núcleos ou nuclídeos), ao passo que os elétrons se movem em torno do núcleo. Cabe ressaltar que nuclídeo é qualquer configuração nuclear, mesmo que transitória. Ilustração de um átomo: em azul, os prótons; em vermelho, os nêutrons; e em amarelo, os elétrons. SEGUNDO CARDOSO (2005) OS PRÓTONS TÊM A TENDÊNCIA DE SE REPELIREM PORQUE TÊM A MESMA CARGA (POSITIVA). COMO ELES ESTÃO OCUPANDO O NÚCLEO, COMPROVA-SE A EXISTÊNCIA DE ENERGIA NOS NÚCLEOS DOS ÁTOMOS COM MAIS DE UMA PARTÍCULA: A ENERGIA DE LIGAÇÃO DOS NÚCLEOS QUE É DENOMINADA DE ENERGIA NUCLEAR. Ao dizermos que o núcleo do átomo possui carga elétrica positiva e que representa a quase totalidade da massa do átomo enquanto os elétrons são eletricamente negativos, chegamos à conclusão de que, se o número de elétrons periféricos de um átomo for igual ao número de prótons do respectivo núcleo, o átomo tem carga elétrica total nula (átomo em estado neutro). Caso isso não ocorra, o átomo encontra-se em um estado ionizado. Se o átomo possuir excesso de elétrons, sua carga elétrica é negativa e estamos perante um íon negativo, mas, se o átomo possuir deficiência de elétrons, a carga do átomo é positiva, tratando-se assim de um íon positivo. A RADIOATIVIDADE Símbolo que indica radioatividade. RADIOATIVIDADE É A PROPRIEDADE QUE DETERMINADOS NUCLÍDEOS (NATURAIS OU ARTIFICIAIS) POSSUEM DE EMITIR ESPONTANEAMENTE RADIAÇÕES CORPUSCULARES OU ELETROMAGNÉTICAS. Outra maneira é definir a radioatividade como o fenômeno pelo qual um núcleo instável emite partículas e ondas para atingir a estabilidade, ou seja, a radioatividade é a transformação de um núcleo atômico, convertendo um nuclídeo em outro. VOCÊ SABIA A natureza das radiações emitidas é característica das propriedades nucleares do nuclídeo que está se desintegrando, conhecido como nuclídeo-pai. O nuclídeo-pai, ao se desintegrar, origina o nuclídeo- filho. Muitas vezes, o nuclídeo-filho também é radioativo, criando, assim, uma cadeia radioativa. Um nuclídeo radioativo é denominado radionuclídeo. CLASSIFICAÇÃO DAS RADIAÇÕES As radiações, um dos agentes físicos, constituem-se em uma forma de energia que, de acordo com a sua intensidade e a capacidade de interagir com a matéria, podem se denominar: Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Conheça melhor cada uma delas: RADIAÇÕES IONIZANTES São aquelas que possuem energia suficiente para ionizar os átomos e as moléculas com as quais interagem, ou seja: - Raios X e raios gama (radiações eletromagnéticas) - Radiação alfa e radiação beta (radiações corpusculares) RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES São aquelas que não possuem energia suficiente para ionizar os átomos e as moléculas com as quais interagem, ou seja: - Luz visível - Infravermelho - Ultravioleta - Micro-ondas - Laser ATENÇÃO Cabe destacar que o ser humano sempre habitou um mundo radioativo, continuamente exposto também às radiações oriundas do espaço cósmico, além das naturais e artificiais, existentes nos radionuclídeos depositados no solo, na água e nos alimentos. javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Yuri Tungsten / Wikimedia Commons / Domínio Público Distribuição espectral das radiações ionizantes e não ionizantes. A seguir, estão representadas as simbologias, internacionalmente empregadas, para a advertência sobre a presença de radiações: Imagem: Peixoto e Ferreira, 2013, p. 140. Simbologia de advertência. Onde: A) PICTOGRAMA ESPECÍFICO PARA RADIAÇÕES IONIZANTES. B) PICTOGRAMA PARA RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES. C) REPRESENTAÇÃO DE ALERTA PARA A PRESENÇA DE LASER. ISÓTOPOS PARA CARDOSO (2005), OS ISÓTOPOS SÃO ÁTOMOS DO MESMO ELEMENTO QUÍMICO, PORÉM COM MASSAS DIFERENTES (O NÚMERO DE NÊUTRONS NO NÚCLEO PODE VARIAR). O hidrogênio tem 3 isótopos: o prótio, o deutério e o trítio. Já o elemento urânio possui os seguintes isótopos: Urânio 238, na natureza 99,27% Urânio 235, na natureza 0,7204% Urânio 234, está presente na natureza em uma proporção de 0,0054% Foto: Shutterstock.com SAIBA MAIS Para um total de 1.000 átomos de urânio, temos apenas 7 de urânio-235, ou seja: os demais 993 são de urânio-238! FISSÃO NUCLEAR FISSÃO NUCLEAR, PARA CARDOSO (2005), É A DIVISÃO DO NÚCLEO DE UM ÁTOMO PESADO, POR EXEMPLO, DO URÂNIO-235, EM DOIS MENORES QUANDO ATINGIDO POR UM NÊUTRON (ACONTECE A LIBERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA). Ainda segundo o autor, para cada reação de fissão nuclear resultam, além dos núcleos menores, dois a três nêutrons, como consequência da absorção do nêutron que causou a fissão. A partir desse ponto, é possível que esses nêutrons atinjam outros núcleos de urânio-235, de forma sistemática, com grande liberação de calor (fissão nuclear em cadeia). Imagem: MikeRun / Wikimedia Commons / Domínio Público Fissão nuclear. A FORMA BÁSICA DE CONTROLAR A REAÇÃO EM CADEIA É COM A ELIMINAÇÃO DO AGENTE CAUSADOR DA FISSÃO, OU SEJA, O NÊUTRON. AINDA SEGUNDO CARDOSO (2005), ALGUNS ELEMENTOS QUÍMICOS TÊM A PROPRIEDADE DE ABSORVER NÊUTRONS, JÁ QUE SEUS NÚCLEOS PODEM CONTER AINDA UM NÚMERO DE NÊUTRONS SUPERIOR AO EXISTENTE EM SEU ESTADO NATURAL. COMO PRINCIPAIS EXEMPLOS TEMOS O BORO, NA FORMA DE ÁCIDO BÓRICO OU DE METAL, E O CÁDMIO, EM BARRAS METÁLICAS, QUE RESULTARÃO NA FORMAÇÃO DE ISÓTOPOS DE BORO E DE CÁDMIO. ENRIQUECIMENTO DO URÂNIO Para Cardoso (2005), a retiradado urânio-238 do urânio natural que aumenta a concentração de urânio- 235 (0,7% na natureza) é conhecida como processo de enriquecimento. Se o grau de enriquecimento for acima de 90%, isto é, se houver quase só urânio-235, pode ocorrer uma reação em cadeia muito rápida, de difícil controle, mesmo para uma quantidade relativamente pequena de urânio (uma bomba). ATIVIDADE DE UMA AMOSTRA Cardoso (2005) adverte que, como as emissões de radiação são feitas de modo imprevisto, não é possível conhecer o momento em que determinado núcleo emitirá radiação. Entretanto, para uma grande quantidade de átomos existente em uma amostra, é possível esperar certo número de emissões ou transformações em cada segundo. Tal taxa de transformações é conhecida como atividade da amostra. Imagem: Adobe Stock MEIA-VIDA Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, transmuta-se (desintegração ou decaimento) a uma velocidade que lhe é particular. O tempo levado para que a atividade radioativa de um elemento caia pela metade é chamado de tempo de meia-vida do elemento radioativo. Diante disso, podemos nos perguntar: QUAL É O PERÍODO DE TEMPO NECESSÁRIO PARA QUE UM ELEMENTO RADIOATIVO TENHA SUA ATIVIDADE REDUZIDA À METADE DA ATIVIDADE INICIAL? A RESPOSTA A ESSA PERGUNTA É: DEPENDE DE CADA ELEMENTO. CONTAMINAÇÃO E IRRADIAÇÃO Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença indesejável de um material em determinado local onde não deveria estar. Já a irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato íntimo. Imagem: Adobe Stock Esquema de uma bomba de cobalto. AS RADIAÇÕES IONIZANTES As radiações ionizantes têm tido uma crescente utilização em inúmeras atividades, desde a Medicina à indústria, na produção de eletricidade. Na indústria, Medicina e outras atividades, ocorrem na aplicação em aparelhos de radiografia para diagnósticos, controle de qualidade (ensaios não destrutivos), podendo ainda os raios X ocorrerem como emissões de certos aparelhos (tubos de raios catódicos, reguladores de tensão). RADIAÇÃO ALFA OU PARTÍCULA ALFA Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da emissão de um grupo de partículas positivas, constituídas por dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. RADIAÇÃO BETA OU PARTÍCULA BETA Outra condição de estabilização é quando existe um excesso de nêutrons no núcleo em relação aos prótons e, na busca do equilíbrio, ocorre a emissão de uma partícula negativa, um elétron, resultante da conversão de um nêutron em um próton. Essa partícula é a partícula beta negativa ou, comumente conhecida como partícula beta. Da mesma forma, para o caso de existir um excesso de cargas positivas (prótons), é então emitida uma partícula beta (positiva), denominada de pósitron, que tem origem na conversão de um próton em um nêutron. Concluindo, podemos afirmar que a radiação beta é constituída de partículas que são emitidas por um núcleo, quando da transformação de nêutrons em prótons (partícula beta negativa) ou de prótons em nêutrons (partícula beta positiva ou pósitron). RADIAÇÃO GAMA Geralmente, uma vez emitida uma partícula do tipo alfa ou do tipo beta, o núcleo resultante do processo ainda possui excesso de energia e procura então estabilizar-se, com a emissão desse excesso de energia na forma de uma onda eletromagnética, que tem a mesma natureza da luz, conhecida como radiação gama (é um subproduto de uma desintegração). RAIOS X Segundo o relato da Comissão Nacional de Energia Nuclear (2013), Wilhelm Conrad Roentgen, com 48 anos de idade, cientista da Universidade de Wuerzburg, Alemanha, quando em trabalho em seu laboratório, no ano de 1895, descobriu um tipo de radiação que atravessava corpos opacos, apesar de serem absorvidos em parte por eles, e como eram de natureza desconhecida, foram denominados de radiação X ou raios X. Os raios X são radiações que não têm origem no núcleo de um átomo super energizado. Portanto, os raios X são de natureza eletromagnética, não nuclear, que não têm carga elétrica nem massa, e possuem alto poder de penetração, sendo fracamente ionizantes. Imagem:Shutterstock.com Raios X. Imagem: Peixoto e Ferreira, 2013, p. 133. Capacidade de penetração das radiações. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Foto: Shutterstock.com A Norma CNEN-NE-3.01 – Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica (2005) tem por objetivo estabelecer os requisitos básicos de proteção radiológica das pessoas em exposição à radiação ionizante, a partir dos princípios básicos estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. SAIBA MAIS O propósito da proteção radiológica é evitar os efeitos determinísticos e limitar a probabilidade de ocorrência dos efeitos estocásticos, em níveis considerados aceitáveis. DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO De acordo com a Norma CNEN-NE-3.01 (2005), as Diretrizes Básicas de Radioproteção tomam por base três princípios: JUSTIFICAÇÃO Qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve ser justificada em relação às alternativas e produzir um benefício líquido positivo para a sociedade. Obs.: Adição de material radioativo em brinquedos, cosméticos e alimentos está proibida, bem como, o para-raios. javascript:void(0) OTIMIZAÇÃO O projeto, o planejamento do uso e a operação de instalação e de fontes de radiação devem ser feitos de modo a garantir que as exposições sejam tão reduzidas quanto razoavelmente exequíveis, levando- se em conta fatores sociais e econômicos. A radiação provoca um risco que tem um custo social, que, para efeito de cálculo, quando da implantação de novos equipamentos ou troca com o objetivo de reduzir a dose, considera-se de US$10.000,00/ homem-Sievert). Obs.: a implantação de qualquer tipo de proteção deverá ser precedida por um estudo de engenharia econômica! LIMITAÇÃO DA DOSE As doses individuais de trabalhadores e de indivíduos do público não devem exceder os limites anuais de dose equivalente. A dose efetiva anual (soma das doses equivalentes ponderadas nos diversos órgãos e tecidos) está estabelecida em 20mSv. TIPOS DE DOSES E EFEITOS A Norma CNEN-NE-3.01 (2005) estabelece que: As doses agudas são doses altas (acima de 200mSv) recebidas em pequeno intervalo de tempo (alguns dias). As doses crônicas são doses continuadas no tempo, mas com baixas taxas de dose (menores que 0,01mSv). Os efeitos somáticos são manifestados no próprio indivíduo que recebeu a dose. Os efeitos hereditários podem se manifestar nos descendentes. CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS Os efeitos biológicos são classificados: Efeitos determinísticos javascript:void(0) javascript:void(0) Efeitos estocásticos Os efeitos determinísticos são aqueles para os quais a intensidade do dano varia com a dose e para o qual existe limiar. Os efeitos estocásticos são aqueles para os quais a probabilidade de ocorrência e não a intensidade é considerada uma função da dose (sem limiar). CABE RESSALTAR QUE OS EFEITOS HEREDITÁRIOS E ALGUNS EFEITOS SOMÁTICOS SÃO ESTOCÁSTICOS. CARACTERÍSTICAS DOS EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES São as seguintes as características dos efeitos biológicos das radiações: Não especificidade Não produz qualquer tipo de efeito biológico que a caracterize. Tempo de latência Os efeitos não ocorrem instantaneamente com a dose. Reversibilidade Para os efeitos determinísticos, caso o dano causado não tenha sido muito intenso, há uma reversão do quadro voltando-se ao estado normal. Transmissibilidade As alterações numa célula não são transmitidas para outras células, a menos que haja uma modificação no DNA. Limiar Os efeitos determinísticos necessitam de uma dose mínima para se manifestarem, enquanto os efeitos estocásticos podem ser provocados por qualquer dose (não apresentam limiar). Sensibilidade Diferentes tecidos apresentam sensibilidades diferentes às radiações, bem como, célulasde um mesmo tecido podem apresentar sensibilidade diferente, dependendo do estágio reprodutivo em que se encontram. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PATOLOGIAS São as seguintes as principais patologias associadas: Necrose da pele Focos hemorrágicos Necrose dos testículos e ovários Degeneração carcinomatosa Leucemia Esterilidade LIMITES DE EXPOSIÇÃO A NORMA NR 15, EM SEU ANEXO 5, CLASSIFICA AS RADIAÇÕES IONIZANTES COMO AGENTES DE INSALUBRIDADE. Os limites de exposição, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pelas radiações ionizantes são os constantes da Norma CNEM-NE-3.01: Diretrizes Básicas de Radioproteção, em sua versão mais atual. Segundo a referida Norma, é necessário estabelecer um programa de monitoramento quantitativo por área e individual, com o emprego dos monitores individuais. A exposição normal dos indivíduos deve ser restringida de tal modo que nem a dose efetiva, nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, causadas pela possível combinação de exposições originadas por práticas autorizadas, excedam o limite de dose especificado a seguir, salvo em circunstâncias especiais, autorizadas pela CNEN. Esses limites de dose não se aplicam às exposições médicas. LIMITES DE DOSE ANUAL PARA INDIVÍDUO OCUPACIONALMENTE EXPOSTO LIMITES DE DOSE ANUAL PARA INDIVÍDUO DO PÚBLICO LIMITES DE DOSE ANUAL PARA INDIVÍDUO OCUPACIONALMENTE EXPOSTO Grandeza: Dose efetiva 20mSv (média aritmética em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50mSv em qualquer ano). Órgão: corpo inteiro. LIMITES DE DOSE ANUAL PARA INDIVÍDUO DO PÚBLICO Grandeza: Dose efetiva 1mSv (em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até 5mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em um período de 5 anos consecutivos não exceda a 1mSv por ano). Órgão: corpo inteiro. Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual deve ser considerado como dose no ano calendário, isto é, no período decorrente de janeiro a dezembro de cada ano. Para mulheres grávidas ocupacionalmente expostas, as suas tarefas devem ser controladas de maneira que seja improvável que, a partir da notificação da gravidez, o feto receba dose efetiva superior a 1mSv durante o restante do período de gestação. Indivíduos com idade inferior a 18 anos não podem estar sujeitos a exposições ocupacionais. Imagem: Adobe Stock Os limites de dose estabelecidos não se aplicam a exposições médicas de acompanhantes e voluntários que eventualmente assistem pacientes. As doses devem ser restritas de forma que seja improvável que algum desses acompanhantes ou voluntários receba mais de 5mSv durante o período de exame diagnóstico ou tratamento do paciente. A dose para crianças em visita a pacientes em que foram administrados materiais radioativos deve ser restrita de forma que seja improvável exceder a 1mSv. CONTROLE DAS RADIAÇÕES IONIZANTES COMO JÁ FOI COLOCADO, O OBJETIVO PRINCIPAL DA PROTEÇÃO CONTRA AS RADIAÇÕES IONIZANTES É IMPEDIR OS FEITOS DETERMINÍSTICOS E LIMITAR AO MÁXIMO OS EFEITOS ESTOCÁSTICOS. Segundo a Norma CNEM-NE-3.01 (2005), como princípios gerais, todas as atividades que envolvam exposição a radiações ionizantes deverão processar-se de forma que: Os diferentes tipos de atividades que impliquem uma exposição sejam previamente justificados pela vantagem que proporcionam. Seja evitada toda exposição ou contaminação desnecessária de pessoas e do meio ambiente. Os níveis de exposição sejam sempre tão baixos quanto possível em cada instante e sempre inferiores aos valores limite fixados por lei. Para determinar o risco e estabelecer as medidas de controle, é necessário contemplar os seguintes aspectos: Avaliar as condições de exposição (habituais ou acidentais), com o estudo ambiental dos locais de trabalho, atribuindo respectiva classificação (área livre, área supervisionada e área controlada), atualizadas das diferentes zonas de risco de acordo com os níveis potenciais de exposição. A área controlada exige um nível de proteção particular objetivando garantir exposições em conformidade com os requisitos de limitação da dose e de otimização. Autorização prévia, licenciamento e parecer favorável para o uso de fontes radioativas dado pelo órgão de controle CNEN. Determinação das doses limite. ATENÇÃO Cabe observar que as proteções coletivas e individuais, bem como o acompanhamento da dosimetria individual, deverão ser da responsabilidade da instalação e de técnicos especialistas na matéria, com qualificação de seus serviços feita pela Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde ou Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O monitoramento deve ser realizado por um dos seguintes dosímetros: Foto: Prolineserver / Wikimedia Commons / Domínio Público CANETA DOSIMÉTRICA Câmara de ionização que contém um elemento interno para medir a carga elétrica residual sobre ela. Foto: Shutterstock.com DOSÍMETRO DE FILME Pioneiro dos sistemas de dosimetria pessoal. Foto: Karl Gruber / Wikimedia Commons / Domínio Público DOSÍMETRO TERMOLUMINESCENTE É o mais moderno, com muitas vantagens. Em um dosímetro de uso pessoal, as seguintes informações devem constar: Imagem: Peixoto e Ferreira, 2013, p. 136. Dosímetro individual. OS TRABALHADORES EXPOSTOS A RADIAÇÕES IONIZANTES DEVERÃO TER FORMAÇÃO CONTÍNUA ESPECÍFICA, DE FORMA A CUMPRIREM TODOS OS PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICAS EXIGÍVEIS. DEVERÃO AINDA SER INFORMADOS MENSALMENTE ACERCA DOS NÍVEIS DE RADIAÇÃO A QUE SE ENCONTRAM SUJEITOS, BEM COMO DO RESULTADO DOS EXAMES MÉDICOS DE VIGILÂNCIA À SAÚDE A QUE SÃO SUBMETIDOS. A Norma CNEM-NE-3.01 (2005) preconiza que reduzir o risco compreende reduzir a dose, a partir do controle: Para fontes externas. Do tempo de exposição – a partir de projeto arquitetônico otimizado (locais vizinhos de pouca ocupação, salas com alarmes de tempo de exposição). Da distância – salas de aplicação amplas, pessoal treinado para não permanecer desnecessariamente próximo das fontes. Da blindagem – paredes das salas e visores bem dimensionados. Do uso dos EPI – aventais, protetores de tireoide, óculos, luvas etc. SAIBA MAIS Em relação aos materiais para blindagens, deve-se considerar fatores como: eficiência de absorção, possibilidade de emissão de radiação secundária, custo, facilidade de montagem e aparência. A espessura depende do tipo de fonte, carga de trabalho e relação custo-benefício. Por exemplo, para a radiação gama e os raios X, utilizar preferencialmente materiais de alta massa específica e alto número atômico (chumbo, ferro, tijolo, concreto). São os seguintes os principais equipamentos de proteção individual (EPI) empregados: Imagem: www.dentalcremer.com.br / Domínio público AVENTAIS PLUMBÍFEROS COM PROTETORES DE TIREOIDE Devem ser utilizados sempre que um trabalhador ou indivíduo público (acompanhante) se fizer necessário na sala ou ambiente onde o feixe de raios X estiver sendo gerado, sem que haja possibilidade de se utilizar a barreira de proteção fixa. Imagem: www.nuclemax.com.br / Domínio público ÓCULOS PLUMBÍFEROS Utilizados pelo trabalhador quando em uma intervenção dinâmica, onde a radiação é de emissão contínua e prolongada. Imagem: www.marcamedica.com.br / Domínio público LUVAS PLUMBÍFERAS Assim como os óculos plumbíferos, elas devem ser utilizadas pelo trabalhador sempre que a radiação for de emissão contínua e prolongada. Imagem: www.planideia.com.br / Domínio público PROTETORES DE GÔNADAS Devem ser aplicados sobre a região pélvica dos pacientes quando se realizam exames de estruturas adjacentes e as regiões das gônadas não forem de interesse. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS RADIAÇÕES IONIZANTES SÃO AQUELAS QUE POSSUEM ENERGIA SUFICIENTE PARA IONIZAR OS ÁTOMOS E MOLÉCULAS COM QUE INTERAGEM.ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UM TIPO DE RADIAÇÃO IONIZANTE. A) Luz visível B) Infravermelho C) Ultravioleta D) Micro-ondas E) Raios X 2. SOBRE AS DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO E SUA UTILIZAÇÃO PERANTE A SOCIEDADE, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) O projeto, o planejamento do uso e a operação de instalação e de fontes de radiação devem ser feitos de modo a garantir que as exposições sejam tão reduzidas quanto razoavelmente exequíveis, levando-se em conta fatores sociais e econômicos. B) As doses individuais de trabalhadores e de indivíduos do público não devem exceder os limites anuais de dose equivalente. C) Qualquer atividade envolvendo radiação não ionizante deve ser justificada em relação às alternativas e produzir um benefício líquido positivo para a sociedade. D) As doses individuais de trabalhadores e de indivíduos do público podem, eventualmente, exceder os limites anuais de dose equivalente, desde que justificadas. E) Qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve ser justificada em relação às alternativas e produzir um benefício líquido positivo para a sociedade. GABARITO 1. As radiações ionizantes são aquelas que possuem energia suficiente para ionizar os átomos e moléculas com que interagem. Assinale a alternativa que apresenta um tipo de radiação ionizante. A alternativa "E " está correta. São radiações ionizantes: raios X e raios gama (radiações eletromagnéticas) e radiação alfa, beta (radiações corpusculares). 2. Sobre as diretrizes básicas de radioproteção e sua utilização perante a sociedade, assinale a alternativa correta: A alternativa "E " está correta. O emprego da radiação em qualquer atividade deve produzir um benefício líquido positivo para a sociedade. MÓDULO 2 Reconhecer os conceitos gerais e as fases da avaliação ocupacional das radiações não ionizantes. LIGANDO OS PONTOS Você sabe o que é radiação não ionizante? Conseguiria identificar uma aplicação prática em uma atividade do dia a dia, assim como estabelecer a situação da exposição ocupacional às radiações não ionizantes? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomando por base uma situação prática, vamos analisar o case da empresa AutoMecânica do Chicó, a seguir: Foto: Adobe Stock A AutoMecânica do Chicó está legalmente estabelecida, na cidade do Rio de Janeiro, na atividade de manutenção e reparação de automóveis. A sede da empresa é constituída de dois pavimentos em alvenaria, com área de aproximadamente 600m², pé-direito de 4,5m, iluminação em lâmpadas fluorescentes recobertas com vidro, ventilação natural (portas e janelas) e piso em concreto. Dentre os diversos setores da empresa, aquele que está por ser avaliado, do ponto de vista dos agentes de riscos ocupacionais, é o setor de Chapeamento e pintura, porém, inicialmente, serão avaliados apenas os agentes físicos. No setor de Chapeamento (funilaria ou lanternagem) e pintura são desenvolvidas as atividades de lanternagem e pintura, envolvendo: desamassar, lixar, emassar, pintar e polir, assim como a limpeza geral dos automóveis, após os serviços. Para tanto, são empregados os seguintes principais equipamentos: politriz, esmerilhadeira, pistola de pintura, solda elétrica e solda oxiacetilênica, e ferramentas, em geral. Cabe ainda destacar que são utilizados os equipamentos de proteção coletiva e, também, os equipamentos de proteção individual pertinentes, sempre com certificados de aprovação (CA), a saber: protetor auricular tipo concha, escudo de proteção, avental e luvas de raspa de couro, óculos de segurança oxiacetilênica, protetor facial, óculos de segurança e equipamentos de proteção respiratória pertinentes. Realizados os trabalhos de análise e avaliação para os agentes físicos, segundo os requisitos da NR 9 — Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos, não foram detectadas situações insalubres. Segundo o Relatório de Avaliação da Exposição Ocupacional correspondente, emitido pelos engenheiros de segurança responsáveis pelo serviço, a condição de insalubridade não foi observada na AutoMecânica do Chicó, haja vista as considerações apresentadas no Relatório em questão, sobre as intensidades avaliadas, os períodos de exposição medidos e a utilização de proteções eficazes, de caráter individual e coletiva, observadas. Após a leitura do case , é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. HAJA VISTA O EMPREGO HABITUAL DAS RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES NO DIA A DIA LABORAL, É DE GRANDE IMPORTÂNCIA O ESTUDO DESSES AGENTES, OBJETIVANDO DETERMINAR, EM CADA AMBIENTE LABORAL, A TIPOLOGIA E RESPECTIVA INTENSIDADE E, COM ISSO, ESTABELECER AS RECOMENDAÇÕES DE CONTROLE DOS RISCOS. CONSIDERANDO O DETALHAMENTO SOBRE O AMBIENTE NO SETOR DE CHAPEAMENTO E PINTURA, SOBRE AS ATIVIDADES ALI DESENVOLVIDAS, SOBRE AS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS E, AINDA, SOBRE AS PROTEÇÕES DE ORDEM COLETIVA E DE ORDEM INDIVIDUAL EMPREGADAS, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA QUE INDICA A ATIVIDADE QUE APRESENTA A POSSIBILIDADE DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA. A) Desamassar. B) Emassar. C) Pintar. D) Polir. E) Limpeza geral. 2. PARA OS TRABALHOS COM FONTES ARTIFICIAIS DE RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA SÃO INDICADAS VÁRIAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO, INCLUINDO OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI). NO CASO DA AUTOMECÂNICA DO CHICÓ ESTÃO LISTADOS DIVERSOS EPI; ALGUNS LIGADOS DIRETAMENTE AO EMPREGO DE RADIAÇÃO. ASSINALE A AFIRMATIVA QUE APRESENTA UM EPI RECOMENDADO, COMO MEDIDA DE CONTROLE DO RISCO, NOS TRABALHOS COM A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA. A) Protetor auricular tipo concha. B) Óculos de segurança com lentes filtrantes. C) Projeto adequado da instalação. D) Capacete. E) Protetor auricular de inserção. GABARITO 1. Haja vista o emprego habitual das radiações ionizantes e não ionizantes no dia a dia laboral, é de grande importância o estudo desses agentes, objetivando determinar, em cada ambiente laboral, a tipologia e respectiva intensidade e, com isso, estabelecer as recomendações de controle dos riscos. Considerando o detalhamento sobre o ambiente no setor de chapeamento e pintura, sobre as atividades ali desenvolvidas, sobre as máquinas e equipamentos utilizados e, ainda, sobre as proteções de ordem coletiva e de ordem individual empregadas, assinale a afirmativa correta que indica a atividade que apresenta a possibilidade de exposição à radiação ultravioleta. A alternativa "A " está correta. Na atividade de chapeamento (funilaria ou lanternagem), muitas vezes são empregados equipamentos para a realização de soldas, em áreas que foram amassadas. O arco de soldagem é uma das fontes artificiais de radiação ultravioleta. 2. Para os trabalhos com fontes artificiais de radiação ultravioleta são indicadas várias medidas de proteção, incluindo os equipamentos de proteção individual (EPI). No caso da AutoMecânica do Chicó estão listados diversos EPI; alguns ligados diretamente ao emprego de radiação. Assinale a afirmativa que apresenta um EPI recomendado, como medida de controle do risco, nos trabalhos com a radiação ultravioleta. A alternativa "B " está correta. O emprego de EPI para a proteção visual no trabalho, com lentes filtrantes, é uma das mais importantes medidas de controle do risco nas atividades que utilizam radiação ultravioleta. 3. VOCÊ JÁ SABE QUE NA AUTOMECÂNICA DO CHICÓ NÃO FOI OBSERVADA A CONDIÇÃO DE INSALUBRIDADE, PARA AGENTES FÍSICOS, NO SETOR DE CHAPEAMENTO E PINTURA. A NR 15, ANEXO 7, NÃO ESTABELECE O LIMITE DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA, E DETERMINA QUE A AVALIAÇÃO PARA A CARACTERIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE OCORRA PELO MÉTODO QUALITATIVO, EM DECORRÊNCIA DE LAUDO DE INSPEÇÃO REALIZADA NO LOCAL DE TRABALHO. QUE TIPOS DE INFORMAÇÕES DEVEM ESTAR PRESENTES, NESSE LAUDO, DE FORMA A SUPORTAR A CONCLUSÃO PELA NÃO CONDIÇÃO DE INSALUBRIDADE, PARA A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA? RESPOSTA As informações técnicas do Relatório da Avaliação da Exposição Ocupacional, ou seja,as considerações técnicas sobre as intensidades avaliadas, os períodos de exposição medidos e a utilização das proteções individuais e coletivas, divulgadas neste estudo de caso, são básicas, para se ter o suporte necessário à tomada de decisão, sobre a salubridade do ambiente laboral. javascript:void(0) QUAIS SÃO AS RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES E DE ONDE ELAS VÊM? RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES O QUE SÃO RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES? PARA A ILO (1998), AO CONTRÁRIO DAS RADIAÇÕES ESTUDADAS ATÉ ESTE MOMENTO, A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE É AQUELA CUJA ENERGIA QUÂNTICA É INSUFICIENTE PARA PROVOCAR A RETIRADA DE ELÉTRONS (IONIZAÇÃO) DOS ÁTOMOS DE UMA SUBSTÂNCIA, NOTADAMENTE, O TECIDO HUMANO. A forma de energia eletromagnética mais comum é a luz solar. A frequência da luz solar (visível) é a linha divisória entre as radiações ionizantes mais potentes (raios X, raios gama e raios cósmicos) em frequências mais altas e a radiação não ionizante mais benigna, em frequências mais baixas. São classificadas como radiações não ionizantes: radiação ultravioleta, radiação visível, radiação infravermelha, laser, micro-ondas e as radiofrequências Imagem: Adobe Stock Luz do sol: a energia mais comum Ainda segundo a ILO (1998), todas as radiações eletromagnéticas têm uma origem comum e são campos elétricos e magnéticos perpendiculares entre si que se deslocam no espaço com a velocidade da luz. Elas variam em frequência, comprimento de onda e nível energético, produzindo assim diferentes efeitos físicos e biológicos. Imagem: Peixoto e Ferreira, 2013, p. 137. Campo eletromagnético. EFEITOS DE RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES Brevigliero, Spinelli e Possebon (2017) são de opinião que os efeitos das radiações não ionizantes podem ser classificados em: Térmicos - Oriundos da penetração das ondas e agitação interna aos tecidos das moléculas de água. São mais aquecidos aqueles com maior teor de água (cristalino, testículos, cérebro). Não térmicos - Insuficiente densidade de potência para o aquecimento, mas podem interferir nos sistemas biológicos provocando alterações enzimáticas e hormonais. A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA NO CASO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA, A FONTE NATURAL É O SOL. Temos como fontes artificiais, por exemplo: as lâmpadas de vapor de mercúrio, as incandescentes e os arcos de soldagem. Neste ponto, é importante destacar que a radiação solar consiste em 55% de radiação infravermelha (calor radiante), 40% de radiação visível e 5% de radiação ultravioleta. Para Saliba e Lanza (2018), a exposição a esse agente é frequente no ambiente de trabalho, notadamente nas operações de soldagem e ainda nos trabalhos a céu aberto. Foto: Adobe Stock Soldadores precisam de proteção por conta da radiação A radiação ultravioleta é dividida em 3 faixas conforme o seu comprimento de onda: Ultravioleta A – UV-A (320 a 400nm) Ultravioleta B – UV-B (290 a 320nm) Ultravioleta C – UV-C (100 a 290nm) EFEITOS BIOLÓGICOS A ILO (1998) entende que o poder de penetração da radiação ultravioleta é relativamente fraco, dessa forma, afetando no organismo humano essencialmente os olhos e a pele, provocando inflamação da córnea e da conjuntiva, assim como queimaduras cutâneas, que variam de acordo com a pigmentação da pele. A profundidade de penetração é maior conforme o aumento do comprimento de onda. Enquanto a radiação ultravioleta UV-B penetra unicamente na epiderme, a radiação ultravioleta UV-A pode atingir a derme, provocando lesões em terminações nervosas. As radiações ultravioletas produzem o chamado envelhecimento precoce da pele e, eventualmente, produzem sobre ela o efeito carcinogênico, normalmente, em função das exposições prolongadas ao Sol. LIMITES DE EXPOSIÇÃO A NR 15, Anexo 7, não estabelece o limite de exposição e determina que a avaliação para a caracterização da insalubridade ocorra pelo método qualitativo, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. MEDIDAS DE CONTROLE Segundo a ILO (1998), as medidas de proteção consistem fundamentalmente em: Proceder inicialmente a atuação sobre a fonte, a partir de um projeto adequado da instalação, como recomenda o bom procedimento de controle. Instalar cabines ou cortinas em cada posto de trabalho, sendo considerada inicialmente a utilização de cor escura. Reduzir o tempo de exposição do trabalhador. Usar óculos com lentes filtrantes. Usar roupas com proteção para os braços e tórax. Adotar controle médico. A ADEQUAÇÃO E A SELEÇÃO DE ÓCULOS DE PROTEÇÃO DEPENDEM DOS SEGUINTES PONTOS Intensidade e características de emissão espectral da fonte. Padrões de comportamento das pessoas perto de fontes (distância e tempo de exposição são importantes). Propriedades de transmissão do material de proteção ocular. Design da armação dos óculos para evitar a exposição periférica do olho à radiação direta não absorvida. Ainda segundo a ILO (1998), os trabalhadores ao ar livre, como trabalhadores agrícolas, operários, operários de construção, pescadores e assim por diante, podem minimizar o risco de exposição aos raios solares UV usando roupas bem tecidas e, o mais importante, um chapéu de aba para reduzir a exposição do rosto e pescoço. Os filtros solares podem ser aplicados na pele exposta para reduzir a exposição posterior. Os trabalhadores externos devem ter acesso a sombra e receber todas as medidas de proteção necessárias mencionadas. AVALIAÇÃO QUANTITATI VA De acordo com o item 9.4.2 da NR 9, a avaliação quantitativa das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, quando necessária, deverá ser realizada para: Comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes identificados. Dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de trabalhadores. Subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção. De acordo com o item 9.6.1.1 da NR 9, os limites estabelecidos pela Conferência Americana de Higienistas Industriais (ACGIH) são aceitos no Brasil e, portanto, tomando por base um posicionamento mais conservativo em relação ao bem-estar e à saúde do trabalhador, é uma boa prática estabelecer um quadro quantitativo de observações, nos ambientes laborais, para a comparação com os limites da ACGIH, quando os limites brasileiros ainda não estão estabelecidos. A Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) está autorizada pela ACGIH a publicar, em português, os limites de exposição ocupacional estabelecidos. O limite de exposição ocupacional média ponderada no tempo TLV-TWA (Threshold Limit Value – Time- Weighted Average) é determinado tomando por base um período de 8 horas por dia, totalizando 40 horas semanais. O TLV-TWA é uma média que admite flutuações, desde que, no final da jornada de trabalho, o valor médio tenha sido garantido. Complementarmente, deve-se observar as seguintes condições, padronizadas pela ACGIH: O TLV-STEL (Threshold Limit Value − Short-Term Exposure Limit), ou limite de exposição ocupacional de curta duração, estabelece para cada agente a concentração máxima para um tempo limite de 15 minutos, que pode ocorrer até 4 vezes na jornada, desde que haja o intervalo de tempo entre cada ocorrência de pelo menos 60 minutos. Na medida em que o TLV-STEL é um valor complementar ao TLV-TWA, que é estabelecido prioritariamente para substâncias que têm efeitos nocivos agudos, o valor TLV-TWA em cada jornada não deve ser ultrapassado! O TLV-C (Threshold Limit Value – Ceiling), ou limite de exposição ocupacional valor teto, é indicado para substâncias de alta toxicidade e baixo limite de exposição, e estabelece para cada agente a concentração máxima permitida, que não deve ser ultrapassada em nenhum momento da jornada. A figura a seguir demonstra a correspondência dos diversos níveis de exposição utilizados pela ACGIH. Imagem: Gabriel Burlandy adaptado por Layssa Rizzi Para o caso da radiação ultravioleta, a ACGIH fornece uma tabela para o limite de radiação incidente sobre os olhos e a pele em função do comprimento de onda (180 a 400nm)e da eficiência espectral e relativa. Cabe observar que, para os comprimentos de onda compreendidos entre 315 e 400nm, a ACGIH fornece limites específicos. RADIAÇÃO VISÍVEL O termo luz, segundo a ILO (1998), deve ser reservado para comprimentos de onda de energia radiante entre 400 e 760 nm, que evocam uma resposta visual na retina. A FONTE NATURAL É O SOL E A ARTIFICIAL COMPREENDE: LÂMPADAS, CORPOS INCANDESCENTES E ARCOS DE SOLDAGEM. A emissão de luz intensa é um efeito colateral potencialmente perigoso de alguns processos industriais, como a soldagem a arco. EFEITOS BIOLÓGICOS Segundo a ILO (1998), os riscos ocupacionais apresentados aos olhos são limitados pela aversão do olho à luz forte. Na faixa de comprimentos de onda correspondentes à exposição ocupacional em altos níveis, pode-se produzir perda de acuidade visual, fadiga ocular e ofuscamento. Algumas fontes de luz podem apresentar reações fisiológicas indesejadas, como deficiência e desconforto, clarão, cintilação e outras formas de estresse ocular devido ao design ergonômico deficiente das tarefas do local de trabalho. LIMITES DE EXPOSIÇÃO O Anexo 7 da NR 15 considera radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e o laser e, dessa forma, não estabelece o limite de exposição, nem determina que a avaliação ocorra pelo método qualitativo, para a radiação visível. A avaliação de risco requer medições complexas de irradiância espectral e radiância da fonte, associadas a equipamentos de medição e cálculos especializados e, dessa forma, muito raramente, a avaliação quantitativa é realizada no ambiente laboral. A ACGIH dispõe de limites de exposição ocupacional, estabelecidos a partir de dados de lesões oculares de estudos em animais e de dados de lesões retinianas humanas resultantes da observação do Sol e de arcos de soldagem. MEDIDAS DE CONTROLE Para a ILO (1998), a exposição ocupacional à radiação visível raramente é perigosa. No entanto, algumas fontes emitem uma quantidade considerável de radiação visível e, neste caso, a resposta de aversão natural é evocada, portanto, há pouca chance de superexposição acidental dos olhos. Mesmo a partir das considerações anteriores, temos as seguintes ações de controle: O enclausuramento de fontes de luz Óculos filtrantes A equipe de manutenção que substitui as lâmpadas de arco, dentre outras, deve ter treinamento adequado para evitar exposição perigosa. RADIAÇÃO INFRAVERMELHA A ILO (1998) entende que a radiação infravermelha é uma parte do espectro de radiação não ionizante que envolve as micro-ondas e a luz visível. É uma parte natural do ambiente humano e, portanto, as pessoas são expostas a ela em pequenas quantidades em todas as áreas da vida diária. Muitos processos industriais envolvem cura térmica de vários tipos de materiais. As fontes de calor utilizadas ou o próprio material aquecido geralmente emitem níveis tão elevados de radiação infravermelha que muitos trabalhadores estão potencialmente em risco de exposição. FONTES E EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL Ainda segundo a ILO (1998), exposição ao infravermelho resulta de várias fontes naturais e artificiais. A emissão espectral dessas fontes pode ser limitada a um único comprimento de onda (no caso do laser) ou pode ser distribuída em uma ampla banda de comprimentos de onda. Os diferentes mecanismos de geração de radiação óptica em geral são: Excitação térmica Descarga de gás Amplificação da luz por emissão estimulada de radiação (laser) Atenção especial deve ser dada às diversas fontes que emitem altos níveis de radiação visível e infravermelha e, portanto, envolvem muitos trabalhadores, tais como: padeiros, sopradores de vidro, trabalhadores de fornos, trabalhadores de fundição, ferreiros, fundidores e bombeiros. Para o caso de fundições e siderúrgicas, devem ser consideradas as lâmpadas e outras fontes, como chamas, tochas de gás, tochas de acetileno, poças de metal fundido e barras de metal incandescente. EFEITOS BIOLÓGICOS Devido ao seu baixo poder energético, produz unicamente efeitos térmicos. As lesões pela exposição podem aparecer principalmente na pele (aumento de pigmentação), de gravidades diferentes e até mesmo queimaduras graves, e nos olhos (opacidade na córnea). LIMITES DE EXPOSIÇÃO O Anexo 7 da NR 15 considera radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e o laser e, dessa forma, não estabelece o limite de exposição nem determina que a avaliação ocorra pelo método qualitativo, para a radiação infravermelha. Já a ACGIH estabelece limites de exposição para a radiação visível e radiação infravermelha, para comprimentos de onda compreendidos entre 400 e 3000nm. Eles têm como objetivo prevenir lesões térmicas na retina e na córnea e evitar possíveis efeitos retardados no cristalino do olho. MEDIDAS DE CONTROLE São as seguintes as medidas de controle recomendadas pela ILO (1998): Fechamento total da fonte e de todas as vias de radiação que podem sair da fonte. Uso de proteção ocular disponível na forma de óculos ou visores adequados ou roupas de proteção. Controle administrativo e restrição de acesso a fontes muito intensas podem ser necessários. Redução da energia da fonte ou do tempo de trabalho (pausa no trabalho para se recuperar do estresse por calor), ou ambos, pode ser uma medida possível para proteger o trabalhador. CAMPOS DE RADIOFREQUÊNCIA (RF) E MICRO-ONDAS A radiação de micro-ondas e radiofrequência ocupa a faixa de 30Khz a 300Ghz. Nessa faixa, existem diversas fontes operando, tais como: equipamentos dos sistemas de telecomunicações, radares, TV, celular, radiotransmissões etc. SAIBA MAIS O poder energético é muito baixo, mas é grande a capacidade de penetração, produzindo no interior da matéria campos magnéticos com efeitos térmicos (quanto maior a frequência menor o perigo). Seguem algumas exposições profissionais típicas: Aquecimento por indução (forjamento, recozimento, brasagem e soldagem). Aquecimento dielétrico (vedação e estampagem de plástico, secagem de cola, processamento de tecidos e têxteis, marcenaria e fabricação de diversos produtos como lonas, piscinas, forros de colchão d'água, sapatos). Telecomunicações (torres de FM/TV/celular). EFEITOS BIOLÓGICOS A radiação de radiofrequência (RF), com alta potência, é uma fonte de energia térmica que carrega todas as implicações conhecidas do aquecimento para os sistemas biológicos, incluindo: a) Queimaduras. b) Mudanças temporárias e permanentes na reprodução c) Catarata d) Morte Cabe ressaltar que o maior risco é quando a absorção é nos olhos e no cérebro. LIMITES DE EXPOSIÇÃO A NR 15, Anexo 7, não estabelece o limite de exposição e determina que a avaliação para a caracterização da insalubridade ocorra pelo método qualitativo, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. MEDIDAS DE CONTROLE São medidas de controle pertinentes: Blindagem das fontes Isolamento de áreas com alto índice de emissão Treinamento de pessoal (operação e controle da distância até a fonte) Roupas protetoras para a pele Proteção visual Controle médico LASER (AMPLIFICAÇÃO DE LUZ POR EMISSÃO ESTIMULADA DE RADIAÇÃO) SEGUNDO A ILO (1998), AS OPERAÇÕES COM LASER GERAM CALOR E RADIAÇÃO DENTRO DO ESPECTRO ÓPTICO DO ULTRAVIOLETA EXTREMO AO INFRAVERMELHO DISTANTE. As emissões estimuladas produzem uma superposição de ondas, resultando outra onda perfeita, muito estreita e de larga duração (alta intensidade por longas distâncias). Todos os lasers têm três blocos de construção fundamentais: Um meio ativo (sólido, líquido ou gasoso) que define os possíveis comprimentos de onda de emissão. Uma fonte de energia (por exemplo, corrente elétrica, lâmpada de bomba ou reação química). Uma cavidade ressonante com acoplador de saída (geralmente, dois espelhos). VOCÊ SABIA A maioria dos sistemas de laser práticos, fora do laboratório de pesquisa, também tem um sistema de entrega de feixe, como uma fibra óptica ou braço articulado com espelhos para direcionaro feixe para uma estação de trabalho e lentes de foco para concentrar o feixe em um material a ser soldado etc. EFEITOS BIOLÓGICOS Segundo padrões aceitos internacionalmente, os produtos a laser são classificados em uma das quatro classes de risco de acordo com a potência ou energia de saída do laser e sua capacidade de causar danos, a saber: Classe I – Poder radiante pequeno e risco baixo (lasers totalmente fechados – seguro para os olhos). Nenhuma medida de segurança é necessária para um laser da classe I (gravadores de discos compactos a laser). Classe II – Radiação visível com intensidade maior que 1,0mW. Têm uma potência de saída de 1 miliwatt (mW) ou menos, que corresponde ao limite de exposição permitido para 0,25 segundo (lasers visíveis que emitem uma potência muito baixa). Os lasers da classe II não são perigosos para olhar por até 1.000s (ponteiros de laser, alguns lasers de alinhamento e scanners a laser de checkout de supermercado). Classe III – Intensidade entre 1mW e 50mW. Têm uma potência de saída mediana que gera algum cuidado (instrumentos de alinhamento e levantamento a laser). Classe III-B – Intensidade entre 5mW e 500mW (risco aos olhos). A resposta de aversão é insuficientemente rápida para limitar a exposição da retina a um nível momentaneamente seguro (lasers de pesquisa e telêmetros a laser militares). Classe IV – intensidade maior que 500mW. Risco potencial de incêndio, um risco significativo para a pele ou um risco de reflexão difusa (lasers cirúrgicos e lasers de processamento de materiais usados para soldagem e corte). LIMITES DE EXPOSIÇÃO A NR 15, Anexo 7, não estabelece o limite de exposição e determina que a avaliação para a caracterização da insalubridade ocorra pelo método qualitativo, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. A ACGIH apresenta limites de exposição ocupacional que são estabelecidos em função do comprimento de onda, intensidade da radiação e do tempo de exposição, por exemplo, para o laser vapor de cobre de 510,578nm, que tem intensidade de 2,5mW/cm², o tempo de exposição limite é de 0,25s. MEDIDAS DE CONTROLE São as seguintes as medidas de controle preconizadas pela ILO (1998): Encerrar totalmente o laser e o caminho do feixe de modo que nenhuma radiação de laser potencialmente perigosa esteja acessível. Se a proteção total de um laser Classe III ou IV não for viável, o uso de invólucros de feixe (por exemplo, tubos), defletores e tampas ópticas pode virtualmente eliminar o risco de exposição ocular perigosa na maioria dos casos. O controle de chave encontrado em todos os produtos a laser fabricados comercialmente deve ser utilizado. Barreiras de proteção. Proteção ocular a laser. Roupas adequadas. Treinamento do trabalhador para o uso seguro e medidas de controle de risco. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE É AQUELA CUJA ENERGIA QUÂNTICA É INSUFICIENTE PARA PROVOCAR A RETIRADA DE ELÉTRONS (IONIZAÇÃO) DOS ÁTOMOS DE UMA SUBSTÂNCIA, NOTADAMENTE, O TECIDO HUMANO. ASSINALE A AFIRMATIVA QUE APRESENTA UM TIPO DE RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE. A) Raios X B) Radiação beta C) Radiação alfa D) Radiação gama E) Radiação ultravioleta 2. OS LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL, MÉDIA PONDERADA NO TEMPO, SÃO DETERMINADOS TOMANDO POR BASE UM PERÍODO DE 8 HORAS POR DIA, TOTALIZANDO 40 HORAS SEMANAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA A ABREVIATURA CORRESPONDENTE À DEFINIÇÃO. A) TLV-TWA B) TLV-STEL C) TLV-C D) TLV E) TLV-LEO GABARITO 1. A radiação não ionizante é aquela cuja energia quântica é insuficiente para provocar a retirada de elétrons (ionização) dos átomos de uma substância, notadamente, o tecido humano. Assinale a afirmativa que apresenta um tipo de radiação não ionizante. A alternativa "E " está correta. São radiações não ionizantes: radiação ultravioleta, radiação visível, radiação infravermelha, laser, micro-ondas e radiofrequências. 2. Os limites de exposição ocupacional, média ponderada no tempo, são determinados tomando por base um período de 8 horas por dia, totalizando 40 horas semanais. Assinale a alternativa que indica a abreviatura correspondente à definição. A alternativa "A " está correta. O limite de exposição ocupacional média ponderada no tempo TLV-TWA é determinado tomando por base um período de 8 horas por dia, totalizando 40 horas semanais. O TLV-TWA é uma média que admite flutuações, desde que, no final da jornada de trabalho, o valor médio tenha sido garantido. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, muitas são as áreas onde o uso das radiações ionizantes e não ionizantes acontecem. Muitas das vezes, embora a área não utilize diretamente a radiação, ela o faz, por exemplo, em seus laboratórios de controle de qualidade do produto manufaturado. Tais aplicações utilizam-se de diversos instrumentos que têm incorporado, em suas estruturas, fontes radioativas ou equipamento emissor de radiação ionizante. Assim como em outras profissões, o profissional de segurança do trabalho também deve estar informado do modo de atuação dos referidos equipamentos, objetivando evitar um acidente com essas radiações e, no caso de um acidente, entender o alcance. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS. ACGIH. Limites de exposição ocupacional (TLVsR) para substâncias químicas e agentes físicos & índices biológicos de exposição (BEIsR). Tradução: ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais). São Paulo: ABHO, 2021. p. 4-5. ARAUJO, G. M. Normas regulamentadoras comentadas e ilustradas. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora GVC, 2013. BRASIL. Ministério da Ciência Tecnologia. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Aplicações da Energia Nuclear. Rio de Janeiro: CNEN, 2015. Consultado na internet em: 3 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Comissão Nacional de Energia Nuclear. História da Energia Nuclear. Rio de Janeiro: CNEN, 2013. Consultado na internet em: 5 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. p. 15, 324, 325, 334 e 337. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2001. BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. Brasília, 1978. Consultado na internet em: 10 jun. 2021. 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CONTEUDISTA Lucio Villarinho Rosa
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