Buscar

Riscos ocupacionais

Prévia do material em texto

Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
1 
Os serviços de enfermagem podem ser oferecidos em diversos ambientes de 
trabalho ligados à Saúde do Trabalhador ou diretamente com a assistência em 
diversas especialidades. Os hospitais são o ambiente de trabalho onde mais há 
atuação da enfermagem, compondo equipes de nível superior, técnico e 
auxiliares. 
Considerando os riscos laborais, faça uma síntese de 3 tipos de riscos laborais 
aos quais os enfermeiros estejam expostos trabalhando num hospital. 
 
 
Risco biológico 
 
A equipe de enfermagem é uma das principais vítimas da exposição ocupacional 
a riscos biológicos. Quanto aos riscos biológicos, eles se referem ao contato do 
trabalhador com micro-organismos (principalmente vírus e bactérias) ou material 
infecto contagiante, os quais podem causar doenças como: tuberculose, 
hepatite, rubéola, herpes, escabiose e AIDS (Jansen, 1997). Os principais 
métodos de contaminação são: manipulação de objetos, materiais perfuro-
cortantes, contato com pessoas com doenças transmissíveis, contato com 
secreções e fluídos e erros de procedimentos (Nunes, 2009). 
 
Risco químico 
 
A legislação vigente (NR-9, MTE) refere que devemos considerar como agentes 
químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no 
organismo pela via respiratória nas formas de poeira, fumo, névoas, neblina, 
gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter 
contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão 
(Xelegati et. al., 2003). 
 
Os produtos químicos são largamente utilizados em hospitais com diversas 
finalidades, como agentes de limpeza, desinfecção e esterilização. É empregado 
também como soluções medicamentosas e ainda ser utilizados como produtos 
de manutenção de equipamentos e instalações (Ciorlia et.al. 2007). 
 
Ainda sobre os riscos químicos, Ciorlia et al (2007) ressaltam que estes, além de 
causarem danos à saúde dos trabalhadores, pode também provocar efeitos 
teratogênicos e abortogênicos em mulheres expostas. Relatam ainda a 
importância da exposição crônica à baixas doses, que pode constituir um risco 
para câncer, relatada por vários autores. Os principais agentes de dermatoses 
são antibióticos, antissépticos, desinfetantes, detergentes, luvas de borracha e 
sabões (Nichide, 2004). 
 
 
 
 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
2 
 
 
Risco físico 
 
Os riscos ocupacionais físicos advindos do trabalho e que atingem os 
profissionais de enfermagem que atuam em unidades hospitalares, aborda os 
riscos físicos tais como aqueles provenientes da eletricidade, dos pisos 
escorregadios, ruídos, umidade, calor má iluminação radiações, ventilação 
inadequada, entre outros (Figueiredo 1992). 
 
Os riscos atribuídos ao calor estão relacionados geralmente com ambientes 
hospitalares precários, onde não se tem a ventilação adequada. O calor como 
consequência é considerado um fator de risco para a infertilidade (Vélez et. al., 
2001). 
A iluminação é um fator essencial, principalmente nas salas cirúrgicas e no 
campo operatório. A má iluminação nestes casos pode acarretar em graves 
prejuízos ao profissional e ao paciente. A iluminação adotada deve reproduzir 
fielmente a cor, de modo a permitir a identificação dos tecidos pelo cirurgião. 
 
A umidade é outro fator a ser controlado no ambiente hospitalar, pois umidade 
excessiva é prejudicial, tendo assim que sempre tomar cuidado com as 
lavanderias, pois são os locais onde mais se faz uso de água dentro do ambiente 
hospitalar. 
Um fator de risco no qual os profissionais de enfermagem devem sempre estar 
muito atentos é quanto as radiações ionizantes e não ionizantes provenientes de 
aparelhos de raios x, radiações gama e aceleradores lineares (radiações 
ionizantes) e as provenientes de luz ultra violeta, infravermelha empregada em 
fisioterapia e lasers. Estas radiações aumentam muito os riscos de câncer, 
quando feita exposição excessiva (Landi et. al. 2010). A forma de diminuição dos 
riscos ocupacionais provenientes dessas radiações é através da manutenção do 
local o plano de amostragem, fornecer EPI e principalmente a capacitação os 
trabalhadores (Bernado et. al. 2010). 
Outro risco ocupacional físico muito encontrado em hospitais são os provocados 
por ruídos. A exposição a níveis elevados de ruído por um longo período pode 
determinar comprometimentos físicos, mentais e sociais no indivíduo. Entre 
estas consequências, a mais definida e quantificada consiste em danos ao 
sistema auditivo. Os principais fatores que causam essa perturbação são as 
bombas de infusão, ventiladores mecânicos e alarmes. Entre as consequências 
do excesso de ruído, destacam-se danos ao sistema auditivo e insônia (Costa 
et. al. 1998). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
3 
 
 
Risco ergonômico 
 
Os riscos ergonômicos e psicossociais são aqueles relacionados ao esforço 
físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura 
inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, 
trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e 
repetitividade, arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem 
proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, probabilidade de incêndio ou 
explosão, entre outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquicos 
ou ascendentes (Smolander et. al. 2004) 
 
 
Esses riscos ocupacionais nos profissionais de enfermagem podem causar 
vários malefícios como gastrites, úlceras, dores variadas, palpitações, 
agravamento da hipertensão arterial, transtornos de personalidade, entre muitos 
outros (Marziale et. al. 2002). 
 
 
As escalas de trabalho em turnos geralmente adotadas são bastante variadas, e 
em uma mesma empresa pode haver várias escalas. A hipótese destacada pelo 
referido estudo é a de que provavelmente o pior desempenho observado em 
atividades em plantões ou regimes de trabalho noturnos estaria associado à 
queda ou diminuição na expressão comportamental de alguns ritmos biológicos, 
com especial ênfase ao da temperatura corporal. 
 
 
A partir de estudos acerca do trabalho noturno, verificou-se uma série de 
alterações no ritmo biológico do trabalhador (ciclo circadiano; temperatura 
corporal; nível de glicose no sangue; grau de fadiga; adaptação ao trabalho; 
rendimento; duração do sono; grau de retenção da informação). As 
consequências diretas foram: fadiga; desadaptação à atividade; baixo 
rendimento; baixa capacidade de conciliar o sono normal; maior índice de erros 
detectados; desequilíbrio nutricional; limite reduzido de responsabilidade; 
aumento ou aparecimento de patologia de natureza somática; estresse (Leitão 
et. al. 2008) 
 
 
As medidas ergonômicas relacionadas à postura no ambiente de trabalho, assim 
como as soluções implementadas de modo preventivo são mais positivas, 
especialmente quando associadas à seleção adequada do trabalhador e à 
utilização de técnicas corretas no processo de trabalho. Essa prática é 
comumente realizada inadequadamente pelos profissionais de enfermagem, daí 
a frequência de problemas de saúde no trabalho. Deve-se ainda considerar o 
trabalho sentado, no qual a incidência de hérnias de disco é três vezes maior 
que no trabalho em pé, e os esforços no sentido de ampliar os conhecimentos 
básicos de ergonomia dos profissionais da área de saúde. (Mauro et. al. 2004). 
 
 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
4 
 
 
https://diegoribeiro.adv.br/wp-content/uploads/2019/02/K-1024x570.jpg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Alcântara, C.C.S; Fonseca, F.G.C.; Albuquerque, A.B.B.; Ramos-Jr., A.N. Riscos 
Ocupacionais na Atenção Primária à Saúde: Sustentabilidade às Doenças 
Imunopreveníveis dos Profissionais que Atuam em uma Unidade Básica de Saúde de 
Fortaleza. Revista APS. Fortaleza, v.8, n.2, p. 143-150, 2005.Atan, L.; Andreoni, C.; Ortiz, V.; Silva, E.K.; Pitta, R.; Atan, F.; Srougi, M. High 
kidney stone risk in mem working in steel industry at hot temperatures. Urology, v. 65, 
n.5, p. 858-861, 2005. 
 
 
Barbosa, D.B.; Soler, Z.A.S.G. Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrência 
com trabalhadores de um hospital de ensino. Rev. Latino-am Enfermagem, v.11, n.2, 
p.177-83, 2003. 
 
 
Bernado, A.A.; Souza, G.B.; Trombin, D.; Viana, E.; Pereira, E.B. O uso de radiações 
não ionizantes em sistemas de compostagem de pequena escala. Rev. Saúde Ambiental. 
v.102, n.2, p.6-12, 2009. 
 
 
Fonte: https://diegoribeiro.adv.br/wp-content/uploads/2019/02/K-1024x570.jpg 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
5 
Campos, G.W.S. Reforma política e sanitária: a sustentabilidade do SUS em questão?. 
Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.2, p.301- 306, 2007. 
 
 
Ciorlia, L.A.S.; Zanetta, D.M.T. Hepatite C em profissionais da saúde: prevalência e 
associação com fatores de risco. Rev. Saude Publica, v.41, n.2, p.229-235, 2007. 
 
 
COOPER, H.M. The Integrative research review. A Syst. Appro. Newburg. Sagre, 
1989. 
 
 
Costa, E.A.; Silva, A.A. Avaliação da surdez ocupacional. Ver. Ass. Med. Brasil, v.44, 
n.1, p.65-68, 1998. 
 
 
FIGUEIREDO, R.M. Opinião dos servidores de um hospital escola a respeito de 
acidentes com material perfurocortante na cidade de Campinas-SP. Rev. Brás. Saúde 
Ocupacional, v.20, n.76, p.26-33, 1992. 
 
 
Gil, A.C. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo (SP): Atlas, 2002. 
 
 
JANSEN, A.C. Um novo olhar para os acidentes de trabalho na enfermagem: a questão 
do ensino. [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão 
Preto/USP; 1997. 
 
 
Landi, T.R.L.; Silva, L.G.A. Estudo do efeito da radiação ionizante com fexie de 
elétrons sobre o terpolímero acrilonitrila butadieno estireno - ABS, Rev. Mackenzie 
Eng. Comp., v.4, n. 4, p. 107-117, 2010. 
 
 
Leitão, I.M.T.A.; Fernandes, A.L.; Ramos, I.C. Saúde Ocupacional: Analisando os 
Riscos Relacionados à Equipe de Enfermagem numa Unidade de Terapia Iintensiva. 
Cienc. Cuid. Saúde, v.7, n.4, p.476-484, 2008. 
 
 
LITJEN, J.T.; HAWK, C.; STERLING, M. L. Preventing needlestick injuries in health 
care settings. Archives Int. Med., v.161, n.7, p.929-936, 2001. 
 
 
Marziale, M.H.P. A produção científica sobre os acidentes de trabalho com material 
perfuro cortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev. Lat. AM. Enferm., v.10, n.4, 
p.81-85, 2002. 
Marziale, M.H.P.; Nishimura, K.Y.N.; Ferreira, M.M. Riscosde contaminação 
ocasionados por acidentes de trabalho com material pérfuro-cortante entre trabalhadores 
de enfermagem. Rev. Latino-am. Enfermagem. v.12, n.1, p.36-42, 2004. 
 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
6 
 
Mauro, M.Y.C.; Muzi, C.D.; Guimarães, R.M.; Mauro, C.C.C. Riscos ocupacionais em 
saúde. Rev. Enfermagem. Rio de Janeiro, v.12, p.338-345, 2004. 
 
 
Mendes, R.; Dias, E.C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Rev. Saude 
Publica. V.25, p.341-349, 1991. 
 
 
Nishide, V.M. Ocorrência de Acidente do trabalho em unidade de terapia intensiva. 
Rev. Lat. Am. de Enfermagem, v.12, n.2, p.204-211, 2004. 
 
 
NUNES, M.B.G. Riscos Ocupacionais existentes no trabalho dos enfermeiros que 
atuam na rede básica de atenção à saúde do Município de Volta Redonda-RJ. [Tese]. 
Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2009. 
 
 
Oliveira, J.D.S.; Alves, M.S.C.F.; Miranda, F.A.N. Riscos ocupacionais no contexto 
hospitalar: desafio para a saúde do trabalhador. Rev. salud pública, v.11, n.6, p. 909-
917, 2009. 
OMS. Da velha medicina do trabalho à nova saúde ocupacional. Ver. Brás. Saúde 
Ocupacional V.114, n.31, p.112-118, 1999. 
 
 
RENAST. Manual de Gestão e Gerenciamento da Rede Nacional de Atenção Integral à 
Saúde do Trabalhador, 1ª edição, MS COSAT RENAST. 2006. 
 
 
SILVA, VEF. O desgaste do trabalhador de enfermagem:- relação trabalho de 
enfermagem e saúde do trabalhador. [Tese ] São Paulo(SP) : Escola de Enfermagem da 
Universidade de São Paulo; 1998. 
 
 
Smolander, J.; Kuklane, K.; Gavhed, D.; Nilsson, H.; Holmér, I. Effectiveness of a 
light-weight ice-vest for body cooling while wearing fire fighters’s protective clothing 
in the heat. Int. J. Occup. Saf. Ergon., v.10, n.2, p.111-117, 2004. 
 
 
Velez, J.F.C.; Rachou, E.; Martelot, M.T.; Ducot, B.; Multigner, L.; Thonneau, P.F. 
Male infertility risk factors in a French military population. Hum. Reprod., v.16, n.3, 
p.481-486, 2001. 
 
 
Xelegati, R.; Robazzi, M.L.C.C. Riscos químicos a que estão submetidos os 
trabalhadores de enfermagem: uma revisão de literatura. Rev. Latino-am. Enfermagem, 
v.11, n.3, p.350-356, 2003. 
 
 
Zeitoune, R.C.G.; Silva, M.K.D. Riscos Ocupacionais em um setor de Hemodiálise na 
Aplicando enfermagem 
 
Aplicando enfermagem 
 
 
7 
Perspectiva dos trabalhadores da equipe de enfermagem. Esc. Anna Nery Ver. Enferm., 
v.13, n.2, p.279- 286, 2009.

Continue navegando