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Federada da Revista diagnóstico & tRatamento Volume 20 • edição 2 iSSN 1413-9979 abr-juN 2015 Local: Hotel Sofitel Jequitimar Av. Marjory da Silva Prado, 1.100 – Praia de Pernambuco Guarujá, SP / Brasil Informações: APM – Associação Paulista de Medicina Departamento de Eventos - Tel.: (11) 3188-4248 E-mail: eventos@apm.org.br DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA APM Presidente: Dr. Rubens José Gagliardi 18 a 20 de Junho de 2015 | Hotel Sofitel Jequitimar – Guarujá / SP Cefaleia Cerebrovascular Neurologia Infantil Distúrbios dos Movimentos Neuroinfecção AIDS/LCR NM/ELA Neuro-oncologia Neurorreabilitação PRINCIPAIS TEMAS Epilepsia Sono Dor Casos Clínicos Neuroimunologia Arte e Neurologia Neurofisiologia Clínica Neuro-oftalmologia Neuro-otologia Semiologia Neurointensivismo Neuroimagem Neuromodulação Neuropatias Periféricas Demências Neurologia do Esporte Neurogenética Terapêutica em Neurologia Neurocinema Realização:Apoio: Patrocínio: Acesse www.apm.org.br/neurologia e garanta sua inscrição! Presidente: Doutor Ronaldo Abraham Expediente ii Editorial 51 Um desafio para 2025: reduzir a mortalidade precoce por doenças crônicas em todo o mundo Paulo Andrade Lotufo Dermatologia 53 Paracoccidioidomicose cutânea: reveladora de doença sistêmica Pedro Colli Rocha Dias, Rodrigo Ieri, Sílvio Alencar Marques, Mariângela Esther Alencar Marques, Hamilton Ometto Stolf Nutrição, saúde e atividade física 56 Dieta vegetariana: riscos e benefícios Renato Corrêa Baena POEMs: Patients-oriented evidence that matters 65 Screening para aneurisma de aorta abdominal: evidências insuficientes para ser feito em mulheres Autores da tradução: Pablo Gonzáles Blasco, Marcelo Rozenfeld Levites, Pedro Subtil de Paula 67 A metformina está associada com menor necessidade de um segundo hipoglicemiante Autores da tradução: Pablo Gonzáles Blasco, Marcelo Rozenfeld Levites, Pedro Subtil de Paula Linguagens 69 Inesperado Alfredo José Mansur Residência e ensino médico 71 Didática... pedagogia... oralidade... afins, mas encantoadas na comunicação em medicina Arary da Cruz Tiriba Eletrocardiograma 73 Bloqueio súbito de ramo direito Antonio Américo Friedmann Medicina sexual 76 Aspectos genéticos relacionados ao transexualismo Giancarlo Spizzirri Destaques Cochrane 80 Suplementos de antioxidantes para prevenir a mortalidade Tradução: Centro Cochrane do Brasil e Liga de Medicina Baseada em Evidências da Escola Paulista de Medicina — Universidade Federal de Medicina (EPM-Unifesp) Autoria dos comentários independentes: Jorge Elias Júnior e Paula Condé Lamparelli 82 Manitol contra solução salina hipertônica para relaxamento cerebral em pacientes submetidos a craniotomia Tradução: Centro Cochrane do Brasil e Liga de Medicina Baseada em Evidências da Escola Paulista de Medicina — Universidade Federal de Medicina (EPM-Unifesp) Autoria dos comentários independentes: Jean Gonçalves de Oliveira Errata 84 Resumo do V Congresso de Acadêmicos Instruções aos autores I Sumário Imagem da capa: shutterstock.com revista diagnóstico e tratamento • volume 20 • edição 2 Diretoria Executiva da Associação Paulista de Medicina (Triênio 2014-2017) Presidente Florisval Meinão 1o Vice-Presidente Roberto Lotfi Júnior 2o Vice-Presidente Donaldo Cerci da Cunha 3o Vice-Presidente Paulo De Conti 4o Vice-Presidente Akira Ishida Secretário Geral Paulo Cezar Mariani 1o Secretário Antonio José Gonçalves Diretor Administrativo Lacildes Rovella Júnior Diretor Administrativo Adjunto Roberto de Mello 1o Diretor de Patrimônio e Finanças Carlos Alberto Martins Tosta 2o Diretor de Patrimônio e Finanças Claudio Alberto Galvão Bueno Da Silva Diretor Cientí fico Paulo Andrade Lotufo Diretor Cientí fico Adjunto Álvaro Nagib Atallah Diretor de Defesa Profi ssional João Sobreira de Moura Neto Diretor de Defesa Pro fissional Adjunto Marun David Cury Diretor de Comunicações Ivan Melo De Araújo Diretor de Comunicações Adjunto Amilcar Martins Giron Diretor de Marketing Ademar Anzai Diretor de Marketing Adjunto Nicolau D´Amico Filho Diretora de Eventos Mara Edwirges Rocha Gândara Diretora de Eventos Adjunta Regina Maria Volpato Bedone Diretor de Tecnologia de Informação Antônio Carlos Endrigo Diretor de Tecnologia de Informação Adjunto Marcelo Ferraz De Campos Diretor de Previdência e Mutualismo Paulo Tadeu Falanghe Diretor de Previdência e Mutualismo Adjunto Clóvis Francisco Constantino Diretor Social Alfredo de Freitas Santos Filho Diretora Social Adjunto Christina Hajaj Gonzalez Diretora de Responsabilidade Social Evangelina de Araujo Vormittag Diretor de Responsabilidade Social Adjunto José Eduardo Paciência Rodrigues Diretor Cultural Guido Arturo Palomba Diretor Cultural Adjunto José Luiz Gomes do Amaral Diretora de Serviços aos Associados Vera Lúcia Nocchi Cardim Diretor de Serviços aos Associados Adjunto João Carlos Sanches Anéas Diretor de Economia Médica Tomás Patrício Smith-Howard Diretora de Economia Médica Adjunta Marly Lopes Alonso Mazzucato 1o Diretor Distrital Everaldo Porto Cunha 2o Diretora Distrital Lourdes Teixeira Henriques 3o Diretor Distrital Camillo Soubhia Júnior 4o Diretor Distrital Wilson Olegário Campagnone 5o Diretor Distrital Flavio Leite Aranha Junior 6o Diretora Distrital Cleusa Cascaes Dias 7o Diretora Distrital Irene Pinto Silva Masci 8o Diretor Distrital Helencar Ignácio 9o Diretora Distrital Margarete Assis Lemos 10o Diretor Distrital Enio Luiz Tenório Perrone 11o Diretora Distrital Zilda Maria Tosta Ribeiro 12o Diretor Distrital Luís Eduardo Andreossi 13o Diretor Distrital Marcio Aguilar Padovani 14o Diretor Distrital Marcelo Torrente Silva A Revista Diagnóstico & Tratamento (indexada na base LILACS) é uma publicação trimestral da Associação Paulista de Medicina Disponível na versão para smartphone e tablet (iOS e Android) Conselho Editorial Adauto Castelo Filho (Doenças Infecciosas e Parasitárias) Alberto José da Silva Duarte (Alergia e Imunologia) Antônio José Gonçalves (Cirurgia Geral) Armando da Rocha Nogueira (Clínica Médica/Terapia Intensiva) Artur Beltrame Ribeiro (Clínica Médica) Bruno Carlos Palombini (Pneumologia) Carmita Helena Najjar Abdo (Psiquiatria) Délcio Matos (Coloproctologia/Gastroenterologia Cirúrgica) Eduardo Katchburian (Microscopia Eletrônica) Edmund Chada Baracat (Ginecologia) Enio Buffolo (Cirurgia Cardiovascular) Ernani Geraldo Rolim (Gastroenterologia) Fernando Antonio Patriani Ferraz (Neurocirurgia) Flávia Tavares Elias (Avaliação Tecnológica em Saúde) Guilherme Carvalhal Ribas (Neurocirurgia) Irineu Tadeu Velasco (Clínica Médica/Emergências) Jair de Jesus Mari (Psiquiatria) João Baptista Gomes dos Santos (Ortopedia) Correspondências para Associação Paulista de Medicina Departamento Científico – Publicações Científicas Av. Brig. Luís Antônio, 278 – 7o andar – São Paulo – SP – Brasil – CEP 01318-901 Tel: (11) 3188-4310 / 3188-4311 Home page: http://www.apm.org.br/revista-rdt.aspx – E-mail: revistas@apm.org.br; publicacoes@apm.org.br TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA A revista Diagnóstico & Tratamento não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. A reprodução impressa, eletrônica ou por qualquer outro meio, total ou parcial desta revista só será permitida mediante expressa autorização da APM. Editores Paulo Andrade Lotufo Álvaro Nagib Atallah Assistente Editorial Marina de Britto Assessora Editorial Rachel Riera Auxiliar Editorial Marina Mallozzi Editores Associados Aytan Miranda Sipahi Edmund Chada Baracat Elcio dos Santos Oliveira Vianna Heráclito Barbosa de Carvalho José Antonio Rocha Gontijo Julio César Rodrigues Pereira Olavo Pires de Camargo Orlando César de OliveiraBarreto Jornalista Científica e Editora Patrícia Logullo (MTb 26.152) Palavra Impressa Editora – Fone (11) 3032-6117 Produção Editorial Zeppelini Editorial Ltda www.zeppelini.com.br zeppelini@zeppelini.com.br – Fone (11) 2978-6686 João Carlos Bellotti (Ortopedia e Traumatologia) Lilian Tereza Lavras Costallat (Reumatologia) Manoel Odorico de Moraes Filho (Oncologia Clínica) Marcelo Zugaib (Obstetrícia/Ginecologia) Marco Antonio Zago (Hematologia) Maurício Mota de Avelar Alchorne (Dermatologia) Milton de Arruda Martins (Clínica Médica) Moacyr Roberto Cuce Nobre (Reumatologia) Nestor Schor (Clínica Médica, Nefrologia) Noedir Antonio Groppo Stolf (Cirurgia) Orsine Valente (Clínica Geral, Endocrinologia e Metabologia) Raul Cutait (Gastroenterologia e Proctologia) Rubens Belfort Mattos Junior (Oftalmologia) Rubens Nelson A. de Assis Reimão (Neurologia) Sérgio Luiz Faria (Radioterapia) Ulysses Fagundes Neto (Gastroenterologia Pediátrica) Ulysses G. Meneghelli (Gastroenterologia) REvIsTA diagnóstico TRATAMENTO EXPEDIENTE um desafio para 2025: reduzir a mortalidade precoce por doenças crônicas em todo o mundo Paulo Andrade LotufoI Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) A preocupação tradicional com as doenças infectoconta- giosas e materno-infantis continua presente, mas a carga das doenças cardiovasculares, respiratórias, hepáticas e dos cân- ceres se torna ano a ano maior em países de economia média e baixa. Em 2011, Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) discutiu e deliberou sobre o importante tema das doen- ças crônicas em todo o planeta. A presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Roussef, esteve presente e assinou o compromisso denominado “25 x 25”, que significa reduzir em 25% a mortalidade precoce (por definição abaixo dos 70 anos) em decorrência de doenças crônicas (ou não trans- missíveis) no ano de 2025 em comparação ao ano de 2010. Detalhe de todo esse processo poderá ser encontrado em no site da NCD Alliance (http://www.ncdalliance.org). O desafio é grande, mas poderá ser cumprido se todos os diversos setores envolvidos atuarem de forma conjunta e decidida nos dois componentes da mortalidade: a incidên- cia, ou seja, os casos novos de uma doença, e a letalidade, ou a proporção de mortes decorrente de uma determinada doença. A Associação Paulista de Medicina está lançando a proposta de unificação das sociedades científicas médicas para ações conjuntas e, para isso, torna-se importante co- nhecer quais são as principais causas da mortalidade pre- coce no Brasil. A proposta aprovada engloba quatro categorias de doen- ças: cardiovascular, câncer, diabetes e doença pulmonar obstrutiva crônica. No entanto, no caso brasileiro, teremos que incluir outras causas relevantes de morte em homens: a cirrose e a doença hepática, como serão provadas a se- guir. Antes disso, é necessária a compreensão da dimensão desse conjunto na mortalidade no Brasil. Elas represen- taram, em 2012, 62% da mortalidade por todas as causas, mas, excluindo causas externas (homicídio e acidente au- tomobilístico, principalmente), a proporção chega a 78% de todas as mortes. A Figura 11 mostra o número de óbitos entre 30 e 69 anos ocorridos no ano de 2012 em todo o país pelo conjunto das cinco causas principais: cardiovascular, câncer, diabetes, doenças hepáticas e doença pulmonar obstrutiva crônica. Nas Tabelas 1 e 21 se apresenta de forma mais detalhadas as 15 principais causas para homens e mulheres. O exces- so de mortalidade entre os homens é de 38% basicamente pela doença hepática (258%), doença cardiovascular (60%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (34%). Óbitos em decor- rência de câncer e diabetes atingem ambos os sexos. A análise preliminar das 15 principais causas tanto em homens como mulheres indica determinantes sub- jacentes, como aterosclerose e dislipidemia (doença co- ronariana e infarto cerebral), hipertensão (hemorragia parenquimatosa cerebral e miocardiopatias), obesidade (diabetes) e tabagismo (câncer aerodigestivo alto, câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença IProfessor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Presidente da Câmara de Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Diretor Científico da Associação Paulista de Medicina 2014-17. Editor das revistas São Paulo Medical Journal e Diagnóstico & Tratamento. Endereço para correspondência: Paulo Andrade Lotufo Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica, Hospital Universitário, Universidade de São Paulo Av. Prof. Lineu Prestes, 2.565 Butantã — São Paulo (SP) — Brasil Tel. (+55 11) 3091-9300 E-mail: palotufo@hu.usp.br EDITORIAL diagn tratamento. 2015;20(2):51-2. 51 coronariana). Outro fator muito importante é prevalência alta, com consumo individual alto de bebidas alcoólicas: cirrose e os cânceres aerodigestivos altos. Adicione-se ao impacto do uso exagerado de bebidas alcóolicas outras causas de mortes, como homicídios e acidentes de uma forma geral. As ações para reduzir a mortalidade precoce por essas doenças é tarefa de toda sociedade, mas deverá contar com a liderança decidida de toda a categoria médica. REFERÊncias 1. Brasil. Ministério da Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf. Acessado em 2015 (Mar 19). diagn tratamento. 2015;20(2):51-2.52 Um desafio para 2025: reduzir a mortalidade precoce por doenças crônicas em todo o mundo Tabela 1. As 15 principais causas de óbito no Brasil em 2012 por doenças não transmissíveis entre homens com idade entre 30 e 69 anos1 Doença Número absoluto Doença coronariana 157.552 Cirrose e outras doenças hepáticas 81.196 Infarto cerebral 58.287 Diabetes 57.641 Câncer aerodigestivo alto (orofaringe, laringe e esôfago) 52.059 Miocardiopatias 50.454 Hipertensão 43.573 Câncer de pulmão 37.059 Doença pulmonar obstrutiva crônica 33.629 Hemorragia do parênquima cerebral 25.662 Câncer de estômago 24.703 Câncer de cólon e reto 17.445 Linfomas e leucemias 16.829 Câncer do fígado e vias biliares 15.722 Câncer de próstata 13.860 Tabela 2. As 15 principais causas de óbito no Brasil em 2012 por doenças não transmissíveis entre mulheres com idade entre 30 e 69 anos1 Doença Número absoluto Doença coronariana 79.853 Diabetes 56.417 Câncer de mama 44.218 Infarto cerebral 43.172 Hipertensão 35.518 Miocardiopatias 29.671 Doença pulmonar obstrutiva crônica 25.084 Câncer de pulmão 23.595 Hemorragia do parênquima cerebral 19.526 Câncer de colo uterino 18.689 Cirrose e outras doenças hepáticas 17.890 Câncer de cólon e reto 17.243 Linfomas e leucemias 13.948 Câncer do fígado e vias biliares 13.224 Câncer de estômago 12.480 Figura 1. Número de óbitos por doenças não transmissíveis no Brasil em 2012 em pessoas entre 30 e 69 anos de idade.1 Cardiovascular 583.516 391.843 114.058 76.177 58.713 Câncer Diabetes Fígado DPOC DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica. Paracoccidioidomicose cutânea: reveladora de doença sistêmica Pedro Colli Rocha DiasI, Rodrigo IeriII, Sílvio Alencar MarquesIII, Mariângela Esther Alencar MarquesIV, Hamilton Ometto StolfV Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Faculdade de Medicina de Botucatu intRodUÇÃo A paracoccidioidomicose (PCM) é a infecção fúngica sis- têmica de maior prevalência no Brasil, com sua incidência variando de um a três casos novos a cada 100.000 habitantes e possuindo predileção pelo sexo masculino em relação ao fe- minino, numa proporção de 6:1.1A doença apresenta clínica polimórfica, variando de mani- festações restritas a pele e mucosas ao comprometimento sis- têmico de múltiplos órgãos, em especial pulmões e adrenais, com potencial de gerar sequelas incapacitantes até o óbito.2 O padrão ouro para o diagnóstico da PCM consiste na confirmação da presença do fungo no tecido, seja por identificação a fresco, exame histopatológico ou cultura. Além disso, no diagnóstico inicial, é importante investigar di- retamente os órgãos e sistemas mais frequentemente acome- tidos dentro das formas clínicas da doença: aguda-subaguda e crônica.3 O tratamento preconizado inclui itraconazol ou sulfametoxazol + trimetoprim para os casos leves a modera- dos, e anfotericina B para os casos graves.4 RELato dE caso Paciente de 49 anos, do sexo masculino, procedente do in- terior de São Paulo, morador de zona rural, apresentava, há um ano, lesão ulcerada e dolorosa de crescimento progressi- vo na face extensora do primeiro dedo da mão direita. Negava IResidente de segundo ano da Disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp). IIResidente de terceiro ano da Disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp). IIIProfessor titular do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp). IVProfessora adjunta do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp). VProfessor assistente doutor do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp). Editor responsável por esta seção: Hamilton Ometto stolf. Professor doutor, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. Endereço para correspondência: Hamilton Ometto Stolf Caixa Postal 557 — Botucatu (SP) — CEP 18618-970 Tel. (14) 3882-4922 — E-mail: hstolf@fmb.unesp.br Fonte de fomento: nenhuma declarada — Conflito de interesse: nenhum declarado Entrada: 25 de fevereiro de 2015 — Última modificação: 25 de fevereiro de 2015 — Aceite: 11 de março de 2015 resumo contexto: A paracoccidioidomicose é uma doença de apresentação clínica polimórfica, sendo a micose sistêmica de maior prevalência no Brasil. relato de caso: Descrevemos o caso de um paciente de 49 anos que apresentava úlcera de crescimento progressivo há um ano no primeiro dedo da mão direita. Durante a investigação, foi realizado diagnóstico de paracoccidioidomicose forma crônica com acometimento cutâneo e pulmonar, apesar da ausência de clínica respiratória. conclusões: Por apresentar evolução insidiosa na forma crônica, o diagnósti- co da paracoccidioidomicose pode passar despercebido devido à grande dissociação clinicorradiológica nas formas pulmonares. Portanto, a presença de lesões cutâneas indica a possibilidade de acometimento sistêmico. Palavras-cHave: Paracoccidioidomicose, fungos, dermoscopia, diagnóstico, dermatologia DERMATOLOGIA diagn tratamento. 2015;20(2):53-5. 53 outras queixas. Ao exame dermatológico, apresentava úlcera medindo 3 cm x 2 cm, com bordas elevadas, eritematosas, infiltradas, emolduradas e fundo com pontos hemáticos (Figura 1). À dermatoscopia, lesão evidenciava vascularização de padrão glomerular, com numerosos pontos hemorrágicos (Figura 2). A hipótese diagnóstica inicial foi de paracocci- dioidomicose cutânea, com os seguintes diagnósticos dife- renciais: leishmaniose tegumentar, carcinoma espinocelular e esporotricose. O paciente foi internado para investigação diagnóstica. Foi realizada biópsia incisional, coletado san- gue para sorologia (reação de imunodifusão dupla) e reali- zado exame radiográfico torácico. O exame histopatológico evidenciou, na derme, processo granulomatoso com células epitelioides e gigantócitos, e coloração especiais para fungos (Figura 3), reação de imunodifusão mostrou-se positiva até titulação 1:4 e radiografia torácica revelou infiltrado de pa- drão retículo nodular difuso (Figura 4). Para maiores detalhes sobre o exame radiológico, realizou-se tomografia de tórax e de abdome, a qual indicou lesões pulmonares e adrenais de padrões compatíveis com paracoccidioidomicose. A partir do diagnóstico, paciente iniciou tratamento com itraconazol (200 mg/dia), por tempo ainda indeterminado. discUssÃo A paracoccidioidomicose é a infecção fúngica sistêmica de maior prevalência no Brasil.1 É causada pelos fungos do “complexo” Paracoccidioides (P. brasiliensis; P. lutzii),4 que pos- suem caráter dimórfico térmico, apresentando-se na forma micelial quando livres, portanto, infectantes, e na forma leve- duriforme quando inoculados no hospedeiro.5 Figura 3. Exame histopatológico (hematoxilina-eosina x 400) ilustrando processo granulomatoso com células epitelioides e células gigantes contendo estruturas fúngicas birrefringentes em seu interior. No detalhe célula gigante com o fungo no seu citoplasma. Figura 1. Úlcera com borda elevada, eritematosa, infiltrada e leito com aspecto de granulado fino e pontos hemorrágicos. Figura 2. Dermatoscopia evidenciando vascularização de padrão glomerular com numerosos pontos hemorrágicos. Figura 4. Radiografia do tórax evidenciando infiltrado de padrão reticulo nodular difuso. diagn tratamento. 2015;20(2):53-5.54 Paracoccidioidomicose cutânea: reveladora de doença sistêmica A doença apresenta clínica polimórfica, podendo se mani- festar sob a forma aguda-subaguda ( forma juvenil) ou forma crônica (do adulto). A forma aguda acomete crianças e adultos jovens, manifestando-se predominantemente por alterações do sistema monocítico-macrofágico, como linfadenomegalia generalizada com fistulização, hepatoesplenomegalia e até di- minuição da hematopoiese por comprometimento de medula óssea. Já a forma crônica acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, possui progressão insidiosa e pode manifestar-se de forma unifocal ou multifocal, sendo pele e mucosas, pul- mões e adrenais os locais de acometimento preferencial. Mais raramente, porém não menos graves, ossos e sistema nervoso central também podem ser alvos do fungo.2,4 O caso apresenta- do encaixa-se dentro desse perfil, descrito como forma crôni- ca (do adulto). Na Tabela 1, a grande prevalência da doença é demonstrada pela grande quantidade de artigos encontrados. O diagnóstico pode ser obtido por métodos diretos, como exame a fresco (micológico direto), histopatológico e cultura, ou métodos indiretos, como detecção sorológica de anticorpos específicos anti-Paracoccidioides.3 Um dos principais testes utilizados no Brasil, incluindo no caso descrito, é a reação de imunodifusão dupla (IDD). No entanto, a baixa titulação apre- sentada pelo exame no caso citado, mesmo na vigência de alta carga fúngica, é explicada pelo estudo de Batista e cols.,6 que aventa a possibilidade de haver diferença entre a composição antigênica utilizada para a elaboração do teste laboratorial e a composição antigênica do fungo em estudo, já que mais de uma espécie de Paracoccidioides podem causar a doença.6 Outro estudo (Tabela 1), descrito por Ortega-Loayza e Nguyen,7 atentou para a importância da investigação comple- mentar na presença de lesões cutâneas, pois pode ser revelado- ra de doença sistêmica.7 Em importante trabalho investigando a presença de sinais radiológicos na vigência de queixas res- piratórias em indivíduos portadores de PCM forma pulmonar, evidenciou-se que, do total de pacientes, 77,5% apresentavam alterações radiográficas e apenas 57,5% possuíam clínica respi- ratória, evidenciando importante dissociação clinicorradioló- gica,8 como observado no presente caso. concLUsÃo Apesar da alta prevalência da doença, a paracoccidioido- micose pode apresentar-se de forma silenciosa, pois tanto a clínicaquanto a radiologia podem ser frustras. Portanto, a presença de lesões cutâneas e mucosas são indicativos valio- sos para possibilidade de doença pulmonar. Avaliação clínica cuidadosa nos principais órgãos-alvo da doença é necessária para determinação da gravidade. Tabela 1. Resultados da busca sistematizada em bases de dados com os descritores em saúde (Decs) e Medical subheadings (MesH), realizada em 13 de fevereiro de 2015 Base de dados Estratégia de busca Artigos obtidos Artigos relacionados PubMed Paracoccidioidomicose OR Paracoccidioidomycosis 865 25 Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da saúde) Paracoccidioidomicose OR Paracoccidioidomycosis 1.754 7 Embase (Excerpta Medica Database) Paracoccidioidomycosis 3 0 REFERÊncias 1. Bellissimo-Rodrigues F, Machado AA, Martinez R. Paracoccidioi- domycosis epidemiological features of a 1,000-cases series from a hyperendemic area on the southeast of Brazil. Am J Trop Med Hyg. 2011;85(3):546-50. 2. Ambrósio AVA, Camelo CCS, Barbosa CV, et al. Paracoccidioido- micose (doença de Lutz-Splendore-Almeida) – manifestações clí- nicas [Paracoccidioidomycosis disease (Lutz-Splendore-Almeida) – clinical manifestations]. Rev Med Minas Gerais. 2014;24(1): 67-73. 3. Ambrósio AVA, Camelo CCS, Barbosa CV, et al. Paracoccidioi- domicose (doença de Lutz-Splendore-Almeida): propedêutica complementar, diagnóstico diferencial, controle de cura [Para- coccidioidomycosis disease (Lutz-Splendore-Almeida): Additio- nal workup, differential diagnosis, cure control]. Rev Med Minas Gerais. 2014; 24(1):81-92. 4. Marques SA. Paracoccidioidomicose: atualização epidemiológica, clínica, diagnóstica e terapêutica [Paracoccidioidomycosis: epi- demiological, clinical, diagnostic and treatment up-dating]. An Bras Dermatol. 2013;88(5):700-11. 5. Bagagli E, Theodoro RC, Bosco SM, McEwen JG. Paracoccidio- ides brasiliensis: phylogenetic and ecological aspects. Mycopa- thologia. 2008;165(4-5):197-207. 6. Batista J Jr, de Camargo ZP, Fernandes GF, et al. Is the geogra- phical origin of a Paracoccidioides brasiliensis isolate important for antigen production for regional diagnosis of paracoccidioi- domycosis? Mycoses. 2010;53(2):176-80. 7. Ortega-Loayza AG, Nguyen T. Blastomicose cutânea: um sinal de doença sistêmica [Cutaneous blastomycosis: a clue to a sys- temic disease]. An Bras Dermatol. 2013;88(2):287-9. 8. Gomes E, Wingeter MA, Svidzinski TIE. Dissociação clínico-radio- lógica nas manifestações pulmonares da paracoccidioidomicose [Clinical-radiological dissociation in lung manifestations of para- coccidioidomycosis]. Rev Soc Bras Med Trop. 2008;41(5):454-8. diagn tratamento. 2015;20(2):53-5. 55 Pedro Colli Rocha Dias | Rodrigo Ieri | Sílvio Alencar Marques | Mariângela Esther Alencar Marques | Hamilton Ometto Stolf dieta vegetariana: riscos e benefícios Renato Corrêa BaenaI Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Os riscos e benefícios que envolvem a dieta vegetariana ge- ram debates acalorados em toda a sociedade e estão longe de alcançar um consenso. Contudo, nas últimas décadas, novas metodologias científicas sensíveis à transição dos padrões de saúde e doenças abalaram certezas, reformaram conceitos e evoluíram para importantes mudanças de paradigma.1,2 Nas últimas décadas, vários autores começaram a ques- tionar o conceito, bem estabelecido, de “dieta adequada” que, por definição, é a ingestão de alimentos suficientes para prevenir as deficiências nutricionais e as necessidades ener- géticas para o crescimento, a reprodução e a manutenção humana. Ao mesmo tempo, passaram a querer mais: agora buscam a “dieta ótima” que, além de ser adequada, deve tam- bém diminuir o risco de doenças crônicas, para alcançar níveis de qualidade de vida e de longevidade nunca antes experimen- tados pela humanidade.1,2 Embora a prescrição de uma “dieta adequada” seja sim- ples e bem aceita, a composição de uma “dieta ótima” en- volve enorme controvérsia. No cerne dessa controvérsia, está a definição do consumo ideal de alimentos de origem vegetal ou animal. Em busca do balanço correto de alimentos da nossa die- ta, acolhemos todo o tipo de argumento: racional científico, dogma religioso, intuição mística, tradição ancestral ou mero IMédico do Esporte e Nutrólogo, Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Professor da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN). Endereço para correspondência: Renato Corrêa Baena Praça Morungaba, 86 — São Paulo (SP) — CEP 01450-090 Tel. (11) 99626-6786 — E-mail: rbaena@uol.com.br Fonte de fomento: nenhuma declarada — Conflito de interesse: nenhum declarado Entrada: 9 de março de 2015 — Última modificação: 9 de março de 2015 — Aceite: 24 de março de 2015 resumo Os riscos e benefícios que envolvem a dieta vegetariana geram debates acalorados em toda a sociedade e estão longe de alcançar um consenso. Nas últimas décadas, novas metodologias abalaram certezas, reformaram conceitos e evoluíram para importantes mudanças de paradigma. Vários estudos questionaram o conceito de “dieta adequada” e propuseram a necessidade de encontrar uma “dieta ótima” que, além de ser adequada, também diminuísse o risco de desenvolver doenças crônicas. Embora a prescrição de uma “dieta adequada” seja simples e bem aceita, a composição de uma “dieta ótima” envolve enorme controvérsia. No cerne dessa controvérsia está a definição do consumo ideal de alimentos de origem vegetal ou animal. O objetivo do presente artigo foi revisar as principais evidências científicas sobre os riscos e benefícios que envolvem a opção pelo vegetarianismo. Por um lado, existem muitas evidências que comprovam os benefícios da dieta vegetariana na diminuição do risco de desenvolver doenças crônicas. Por outro, o consumo exclusivo de vegetais pode favorecer deficiências de nutrientes específicos, mas que podem ser evitadas com facilidade. Portanto, uma dieta vegetariana equilibrada permite oferta nutricional adequada, previne doenças crônicas e promove a saúde. As dietas baseadas em vegetais constituem alternativa segura, oportuna e preferencial para garantir qualidade de vida e longevidade. Palavras-cHave: Dieta, diabetes mellitus, neoplasias, doenças cardiovasculares, ferro, vitamina B12, zinco, vitamina D NUTRIÇÃO, SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA diagn tratamento. 2015;20(2):56-64.56 apelo comercial. Tudo amplamente justificado na prevenção de deficiências nutricionais e na promoção da saúde, mas também na condição socioeconômica, na convivência social, na destruição ambiental, na justiça social, no sofrimento ani- mal, na vontade divina, na conveniência pessoal, no ideal de beleza, no rejuvenescimento ou no simples hedonismo. Neste contexto complexo, pesa também a própria definição de ve- getarianismo encontrada na literatura, que varia do consumo exclusivo de vegetais dos veganos até dietas mais flexíveis, com consumo preferencial de vegetais, mas com tolerância para alguns alimentos de origem animal, como: o leite e seus derivados, os ovos, o mel e até, em alguns países, os peixes e os frutos do mar. Por fim, o nível de processamento dos alimentos merece igual consideração. Em um extremo, temos vegetarianos cru- dívoros que consomem apenas alimentos frescos, crus ou mi- nimamente processados. No outro, temos vegetarianos que consomem, sem restrições, produtos industrializados des- providos de suas propriedades originais. Para efeito deste artigo, foram consideradas as prin- cipais alternativas dietéticas associadas ao consumo ex- clusivo ou preferencial de alimentos de origem vegetal e foram identificadas as principais evidências científicas da literatura, circunscritas às revisõessistemáticas, aos estu- dos epidemiológicos e aos ensaios clínicos, que permiti- ram a aquisição do conhecimento dos riscos e benefícios que envolvem a opção pelo vegetarianismo. diEta VEgEtaRiana: BEnEFÍcios As evidências científicas produzidas nas últimas décadas sugerem que as dietas baseadas em vegetais e nenhum ou pouco alimento de origem animal, como a dieta vegana, a die- ta do Mediterrâneo, a dieta de Okinawa, a dieta do Sudoeste Asiático, a dieta DASH (dietary approaches to stop hyperten- sion), a “nova dieta dos países nórdicos”, entre outras, são as mais indicadas para prevenir doenças carenciais, bem como para reduzir o risco de doenças crônicas e promover a saúde. Em geral, vegetarianos apresentam um risco menor de desenvolver sobrepeso/obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, neoplasias, entre outras condições, que comprometem a qualidade de vida e a longevidade.3 Sobrepeso e obesidade Grandes estudos prospectivos, como o EPIC Oxford (European Prospective Investigation on Cancer) e o ADVENTIST-2 (Adventist Health Study-2) demonstraram que vegetarianos, em especial os veganos, são mais magros que os onívoros consumidores de car- ne.4-7 Entre as possíveis explicações para esta associação estão: o consumo elevado de fibras, grãos integrais, nozes e sementes, bem como o consumo reduzido de gordura e energia pelos vege- tarianos. Por outro lado, o consumo de carne vermelha também apresentou associação positiva com o risco de desenvolver so- brepeso e obesidade. doEnÇas caRdioVascULaREs As evidências mais fortes dos benefícios da dieta vege- tariana estão relacionadas à redução do risco das doenças cardiovasculares e à mortalidade por doença coronariana. Muitos estudos demonstraram redução da incidência de doenças cardiovasculares8-12 e a análise comparada de cinco grandes estudos longitudinais encontrou redução de 24% da mortalidade por doença isquêmica do coração em vegetaria- nos quando comparados a consumidores de carne animal.13,14 Esses achados não chegam a surpreender, visto que vegeta- rianos, geralmente, apresentam perfil de risco cardiovascular mais favorável do que não vegetarianos: menores níveis de colesterol total e de colesterol do tipo LDL (lipoproteína de baixa densidade),9,15-17 menor peso corporal5-7 e menor in- cidência de hipertensão18,19 e diabetes.7,20,21 Entre as possíveis explicações para esses benefícios estão o consumo reduzido de gorduras saturadas e a maior ingestão de fibras solúveis, grãos integrais,22 legumes,23 nozes24 e proteína de soja25 das dietas vegetarianas.22,26 Embora nutrientes isolados possam proporcionar benefícios para o risco cardiovascular, a com- binação de alimentos da dieta vegetariana deve conferir um efeito maior, talvez, sinérgico.27 Vários estudos correlacionaram o consumo de carne com a elevação do risco de desenvolver doenças cardiovasculares.28 Entretanto, uma metanálise recente demonstrou que apenas o consumo de carne processada está associada à elevação do risco de doenças cardiovasculares.29 Por fim, vários estudos demonstraram redução do risco cardiovascular com dietas baseadas, preferencialmente, em vegetais. Por exemplo: a die- ta do Mediterrâneo.30-32 HiPERtEnsÃo Estudos demonstraram que a dieta vegetariana pode aju- dar na prevenção e no tratamento da hipertensão.33 O Estudo EPIC Oxford demonstrou que a ingestão de carne está as- sociada a maior incidência de hipertensão e a valores mais elevados, tanto de pressão sistólica quanto de diastólica.18 O Estudo ADVENTIST-2 (Adventist Health Study-2) confir- mou esses achados, com a observação da redução da proba- bilidade de tratamento de hipertensão em vegetarianos.19 Ensaios clínicos randomizados também demonstraram que a dieta vegetariana reduz a pressão arterial tanto em indivíduos normo como em hipertensos.34,35 Embora seja diagn tratamento. 2015;20(2):56-64. 57 Renato Corrêa Baena bem aceito que tanto a perda de peso quanto a redução da ingestão de sódio possam baixar a pressão arterial,36 o efeito da dieta vegetariana parece não se limitar a esses fatores.34,35 Esses achados são consistentes com os resultados do estudo DASH (Dietary Approuches to Stopping Hypertension), que demonstrou que dieta rica em frutas, vegetais, grãos-integrais e laticínios desnatados reduz, significativamente, a pressão arterial em indivíduos normo e hipertensos leves.37 diaBEtEs A dieta vegetariana proporciona benefícios importantes para a prevenção e para o tratamento do diabetes mellitus. Estudos longitudinais demonstraram que vegetarianos apre- sentam redução de risco de diabetes tipo 2 quando compa- rados a indivíduos em dieta não vegetariana.10,11 O Estudo ADVENTIST encontrou associação significante entre a inges- tão de carne e o risco de diabetes. Os vegetarianos apresen- taram, aproximadamente, a metade do risco de desenvolver o diabetes, independentemente do peso corporal, da ativida- de física e de outros fatores associados à dieta.21 No Estudo ADVENTIST-2, os veganos apresentaram apenas um terço da ocorrência de diabetes observada em indivíduos não vegeta- rianos, enquanto lacto-ovo-vegetarianos, pesco-vegetarianos e semivegetarianos apresentaram ocorrências de diabetes intermediárias entre as dos veganos e dos não vegetarianos.7 A explicação para a redução de risco de desenvolver diabe- tes em vegetarianos ainda não está clara e tem sido atribuída tanto à ausência de carne quanto à ingestão preferencial de vegetais. Vários estudos demonstraram associação positiva entre a ingestão de: carne vermelha, carne processada, prote- ína animal ou ferro heme e risco de desenvolver diabetes tipo 220,31,38-40 e diabetes gestacional.41 Nos estudos ADVENTIST (Adventist Mortality Study e Adventist Health Study), os in- divíduos que consumiram carne animal, semanalmente, desenvolveram 29% mais diabetes comparados aos que não comeram carne. Já os indivíduos que consumiram carne pro- cessada foram 38% mais propensos a desenvolver diabetes.20 Para aqueles que aderiram a uma dieta por mais de 17 anos, os vegetarianos apresentaram 74% menos probabilidade de desenvolver diabetes do que os que ingeriram carne pelo me- nos uma vez por semana. Uma revisão sistemática de estudos observacionais so- bre o consumo de carne e o desenvolvimento de diabetes tipo 2 estimou o risco relativo comparando a quantidade de carne consumida, pequena versus grande, e encontrou os seguintes valores: 1,17, 1,21 e 1,41 para a carne animal, para a carne vermelha e para a carne processada, respecti- vamente.42 Os autores ainda calcularam o aumento do ris- co de desenvolver diabetes em 20% para um consumo de 120 g/dia de carne vermelha e em 57% para o consumo de 50 g/dia de carne processada.42 Além da carne animal, outros fatores relacionados à dieta vegetariana foram associados à redução do risco de desenvolvimento ou mesmo do controle do diabetes tipo 2, incluindo: a menor ingestão de gordura saturada e a maior de fibras, grãos integrais, legumes e nozes. Por exemplo: a substituição da carne vermelha por proteína de soja ou vegetal reduziu o risco de doença renal em pacientes com diabetes tipo 1 e 2.43-46 Os ensaios clínicos que testaram o efeito da dieta vegeta- riana em pacientes diabéticos demonstraram uma importan- te redução de peso corporal nos vegetarianos, o que contribui para a prevenção e para o tratamento do diabetes tipo 2.47 Por fim, ensaios clínicos com dieta vegana em diabéticos do tipo 2 demonstraram melhora importante no controle glicêmico, no perfil lipídico e na redução da necessidade de medicamentos.48 nEoPLasias Geralmente, os vegetarianos apresentam menor ocorrên- cia de neoplasias e maior expectativa de vida quando compa- rados à população controle de uma mesma comunidade.11,19,49 Todavia, o conceito de dieta vegetarianaencontrado nos es- tudos variou amplamente, quanto à tolerância a alimentos de origem animal, ao nível de processamento dos alimentos e ao controle de fatores de confusão associados ao risco de de- senvolver neoplasias, como o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, entre outros.10,50 cÂncER dE cóLon Nesse cenário de grande heterogeneidade, o Fundo Mundial de Pesquisas em Câncer (The World Cancer Research Fund) re- latou a existência de evidências científicas convincentes para a elevação do risco de desenvolver câncer de cólon associada ao consumo de carne vermelha ou de carne processada. Os es- tudos ADVENTIST corroboram esse posicionamento, com a observação da redução do risco de desenvolver o câncer de có- lon nos indivíduos vegetarianos.11 Entretanto, o estudo EPIC- Oxford não encontrou diferenças no risco de desenvolvimento de câncer de cólon entre vegetarianos e não vegetarianos.51,52 Uma explicação para a redução do risco de câncer do cólon em vegetarianos53 seria o consumo elevado de fibras, aceleran- do o volume fecal que, por sua vez, aumenta a mobilidade in- testinal, aumentando o trânsito de substâncias carcinogênicas e, portanto, diminuindo a superfície de contato e o tempo de exposição da mucosa a esses agressores.54,55 Adicionalmente, vegetarianos com ingestão rica em fibras, quando compa- rados a indivíduos com ingestão rica em carne, apresentam diagn tratamento. 2015;20(2):56-64.58 Dieta vegetariana: riscos e benefícios diminuição da proliferação de células colônicas, modificação do perfil bacteriano intestinal e diminuição da concentração de agentes mutagênicos, todos com potencial para reduzir o risco de neoplasias.56,57 Contudo, os efeitos protetores das die- tas a base de vegetais, ricos em fibras, no desenvolvimento do câncer de cólon ainda permanece controverso.58 cÂncER dE MaMa Estudos sugerem que mulheres aderentes à dieta vegeta- riana por muitos anos apresentam redução do risco de de- senvolver câncer de mama associado ao consumo elevado de vegetais ( frutas, legumes e soja) e ao consumo reduzido de carne vermelha.59-63 Uma possível explicação para a redu- ção da ocorrência de câncer de mama em vegetarianas está fundamentada na diminuição da exposição estrogênica da mama, observada pela redução do nível sérico hormonal, pelos ciclos menstruais mais longos e pela menarca tardia.62 Estudos recentes não conseguiram reproduzir esses achados, que permanecem obscuros, sem confirmação. Outra possível explicação para a redução de risco de de- senvolver câncer de mama com as dietas vegetarianas sugere que vegetais, grãos integrais, legumes e frutas, ricos em fibras e nutrientes, como o ácido fólico, são também ricos em com- postos bioativos, chamados fitoquímicos, que apresentam inúmeras propriedades antioxidantes e antiproliferativas.64-67 Por fim, alguns estudos sugerem que o consumo de carne animal, em particular, de carne processada, contribui para o desenvolvimento de neoplasias.68-72 A produção aumentada de espécies ativas de oxigênio resultante da oferta excessiva de fer- ro heme ou a exposição a compostos cancerígenos produzidos pelo processo de cocção da gordura animal seriam os princi- pais fatores carcinogênicos associados ao consumo de carne. Contudo, essas teorias não são definitivas e demandam confir- mação científica. oUtRas nEoPLasias E oUtRas doEnÇas Vários estudos correlacionaram a ocorrência de outras neoplasias ao aumento do consumo de carne vermelha ou proteína animal ou ao baixo consumo de vegetais ou fitoquímicos da dieta. Contudo, estas observações ainda envolvem muitas controvérsias e poucas evidências fo- ram produzidas. Evidências científicas ainda limitadas sugerem que a dieta vegetariana também reduz o risco de outras importantes condições, como a doença diverticu- lar do cólon,73,74 a litíase renal,75 a litíase biliar,76-80 a artrite reumatoide,81-84 a gota,58,85 a doença renal,45,46,86 a doença de Crohn87-92 e a retocolíte ulcerativa.91-95 diEta VEgEtaRiana: Riscos A Associação Americana de Dietética a as Nutricionistas do Canadá (the American Dietetic Association and Dietitians of Canada) reconhecem os benefícios da dieta vegetariana equi- librada, incluindo a dieta vegana, para todos os indivíduos e durante todas as fases da vida.96 Contudo, alguns nutrientes es- pecíficos podem não estar disponíveis em dietas vegetarianas, predispondo ao risco de desenvolvimento de doenças carenciais. PRotEÍna Embora os vegetais proporcionem menor oferta proteica em relação aos alimentos de origem animal, as dietas vegeta- rianas são adequadas e, geralmente, excedem as necessida- des de proteínas (Posicionamento ADA: dietas vegetarianas).96 A constatação da ausência de alguns aminoácidos essenciais em determinadas proteínas de origem vegetal também não constitui limitação à adequação de dietas vegetarianas, vis- to que as possíveis deficiências são facilmente compensadas pela combinação de alimentos vegetais complementares, como as verduras, os legumes, os grãos integrais, as nozes e as sementes consumidos ao longo do dia.97 Além disso, o ba- lanço de aminoácidos da proteína da soja é comparável ao da proteína obtida de alimentos de origem animal, como o da carne vermelha. VitaMina B12 (cianocoBaLaMina) Os vegetarianos e, em especial os veganos, apresentam, geralmente, redução do nível sérico de vitamina B12, que se agrava com a duração da dieta.98,99 Embora possa demorar anos, os vegetarianos estritos podem desenvolver sintomas de deficiência se não houver suplementação. Os resultados do Estudo EPIC-Oxford revelaram deficiência de vitamina B12 em 52% dos veganos, 7% dos vegetarianos e em 1% dos onívoros.98 Embora a vitamina B12 não esteja limitada a ali- mentos de origem animal, outros alimentos, como fungos, algas marinhas e vegetais fermentados, não são considerados seguros, confiáveis e suficientes para suprir as necessidades e evitar estados carenciais. Essas fontes alimentares alterna- tivas de vitamina B12 também foram responsabilizadas pela disponibilização de formas inativas, que interferem na absor- ção e no metabolismo das formas ativas.100 Apesar de existir algum espaço para controvérsia, a maio- ria dos pesquisadores concorda com a recomendação de con- sumo regular de fonte ativa de vitamina B12, por meio de ali- mentos fortificados ou de suplemento alimentar para todos os vegetarianos e, em particular, para os veganos e para as vegetarianas grávidas ou lactantes.101 diagn tratamento. 2015;20(2):56-64. 59 Renato Corrêa Baena FERRo O ferro não heme encontrado em vegetais como legumes, grãos integrais, frutas secas e folhas verde escuras apresenta absorção menor do que o ferro heme encontrado na carne animal. Adicionalmente, substâncias presentes nos alimen- tos, como vitamina C, polifenóis e fitatos,102 podem facilitar ou dificultar a absorção intestinal do ferro.103 A resultante dessas interferências parece ser pouco importante em dietas diversificadas e pouco processadas, nas quais nenhum dos fatores predomina de forma significante.104 Em geral, as dietas vegetarianas são ricas em ferro não heme105 e a ocorrência de deficiência do íon não difere da encontrada em indivíduos não vegetarianos, apesar de os estoques serem menores nos vegetarianos.106-108 Estudos recentes sugerem um exagero no cálculo das necessida- des de ferro para os vegetarianos.104,109 Apesar das limita- ções na biodisponibilidade do ferro de origem vegetal, o estoque do íon no organismo constitui fator determinan- te na regulação fisiológica da absorção e da excreção do íon,110 adaptando o indivíduo a grandes variações tanto na necessidade quanto na ingestão.111 Segundo esses autores, essa regulação fisiológica seria mais importante do que o tipo de ferro ingerido.108,109,112 Por outro lado, estoquesme- nores de ferro gerariam benefícios, com a diminuição da produção de espécies reativas de oxigênio e a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Zinco Em geral, as dietas vegetarianas são ricas em zinco, que pode ser encontrado com facilidade em vários alimentos de origem vegetal, como nozes, sementes e grãos integrais.105 A ocorrência de deficiência de zinco em vegetarianos não dife- re da encontrada em indivíduos não vegetarianos.108 De forma similar ao mecanismo descrito para o ferro, o estoque de zinco do organismo constitui fator determinante na regulação fisio- lógica da absorção e excreção do íon, adaptando o individuo às variações de ingestão ou a presença de eventuais substâncias, como os fitatos, que dificultem a absorção intestinal.108,113 cÁLcio Estudos demonstram que a ingestão de cálcio em lacto- -ovo vegetarianos não difere da ingestão de não vegetaria- nos,114 mas a ingestão de cálcio em veganos é menor.105,115 Da mesma forma, a densidade mineral óssea não difere entre lac- to-ovo vegetarianos e não vegetarianos, mas em veganos é menor.116,117 O significado clínico desses achados é contra- ditório, alguns estudos não encontraram diferenças.116,117 Outros, como o estudo EPIC-Oxford, observaram risco maior de fraturas na população vegana com baixa ingestão de cálcio.115 Veganos podem encontrar alimentos com boa biodisponibilidade de cálcio nos produtos de soja fortifica- dos e em inúmeros vegetais ricos em oxalato.114 Contudo, vários fatores podem interferir no aproveitamento do cál- cio. Por exemplo, a presença da vitamina D facilita a absor- ção intestinal do cálcio, mas ingestão reduzida de proteína dificulta.118 Já o excesso de proteína animal, o sódio e a ca- feína facilitam a excreção de cálcio.114,119 VitaMina d Estudos recentes sugerem que a deficiência de vitamina D constitui grande desafio para a saúde pública mundial, não apenas para a população de vegetarianos ou veganos.120 Existem múltiplas dificuldades para a sua síntese na pele e sua ocorrência natural se concentra em poucos alimentos (gordura de peixe, cogumelos e ovos). Por outro lado, o pa- pel da vitamina D não se limita mais à saúde óssea, mas sua deficiência tem sido associada a inúmeras condições, como: neoplasia, doença cardíaca, doença vascular, doença reumá- tica, doença degenerativa, envelhecimento e até depressão.121 Para a maior parte das pessoas, as principais fontes ali- mentares de vitamina D são os ovos e os alimentos fortifica- dos, como os laticínios. Já os veganos ficam restritos a alguns alimentos fortificados e aos suplementos alimentares. Os alimentos fortificados e os suplementos alimentares podem apresentar dois tipos principais de vitamina D: o er- gocalciferol (D2) obtido de leveduras ou o colecalciferol (D3) obtido de animais. Apesar de controvérsias, estudos recentes demonstram que os dois tipos, D2 e D3, apresentam absorção intestinal equivalente.121 Embora alguns estudos tenham demonstrado que uma in- gestão menor de vitamina D em vegetarianos e, em especial, em veganos do que em não vegetarianos, o estudo Adventist Health Study-2 não encontrou nenhuma diferença no nível sérico de vitamina D em vegetarianos, sugerindo que outros fatores além da dieta influenciam a obtenção de vitamina D.122 oMEga-3 Os ácidos graxos ômega-3 apresentam papel essencial para a saúde do sistema cardiovascular, para a regulação de processos inflamatórios e para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso.123 As principais fon- tes de ômega-3 são os peixes, os frutos do mar, as semen- tes de chia e linhaça, as nozes, os produtos de soja e, em menor quantidade, as folhas verdes. Contudo, as fontes vegetais contêm, predominantemente, o ácido linolênico diagn tratamento. 2015;20(2):56-64.60 Dieta vegetariana: riscos e benefícios (ALA) que precisa ser convertido para derivados ativos, como os ácidos docosaexaenoico (DHA) e eicosapenta- enoico (EPA). A eficiência dessa conversão é polêmica e, para alguns autores, os vegetarianos necessitam de com- pensação, com ingestão maior de ômega-3;123 para outros, a relaçãoômega-6:ômega-3 precisa permanecer em níveis ideais, e, por fim, existem aqueles que não acreditam na dificuldade de conversão124,125 ou questionam a relevância clínicados resultados.126 Enfim, certas populações podem apresentar maior vul- nerabilidade à deficiência de ômega-3 (mulheres grávidas ou amamentando, diabéticos, idosos, prematuros) e podem se beneficiar de suplementos de DHA ou consumir alimentos fortificados, como ovos enriquecidos com DHA de microalgas. concLUsÃo Uma dieta vegetariana equilibrada, além de proporcio- nar uma oferta nutricional adequada, também promove saúde e previne inúmeras doenças crônicas responsáveis por perda de qualidade de vida e por diminuição da ex- pectativa de vida. Muitas evidências científicas compro- vam os benefícios das dietas baseadas em vegetais sobre as dietas baseadas em carne animal. A dieta vegetariana desfavorece o consumo excessivo de energia e de subs- tâncias associadas ao desenvolvimento de doenças crô- nicas e ainda disponibiliza inúmeras substâncias ativas, como os fitoquímicos e as fibras, que proporcionam be- nefícios para a saúde. Apesar disso, o consumo exclusivo de vegetais pode favorecer deficiências de nutrientes es- pecíficos, principalmente, em situação de vulnerabilida- de socioeconômica com restrição ao acesso de calorias e proteínas. Análise cuidadosa de conjuntura e planeja- mento individualizado permitem ampliar o conjunto de alternativas dietéticas para almejar a “dieta ótima”, com o máximo de benefícios, o mínimo de riscos para saúde e, quiçá, também satisfazer algumas motivações não explo- radas nesta revisão. REFERÊncias 1. Sabaté J. The contribution of vegetarian diets to health and disease: a paradigm shift? 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Eles continuam a não recomendar o screening para mulheres que nunca fumaram.1 Nível de evidência = opinião de especialista.2 dEsEnHo do EstUdo Guideline prático. casUÍstica Variada. discUssÃo Esta guideline é uma atualização da guideline realizada pelo USPTF em 2005. Eles continuam a recomendar o ul- trassom em homens de 65 a 75 anos que já fumaram. Nesse grupo, o screening reduz em média 1,4 mortes por 1.000 homens que fizeram o screening. Dada a baixa prevalência de aneurisma de aorta abdominal em homens que nun- ca fumaram, o grupo recomenda oferecer este screening para um grupo individualizado de pacientes. Em uma mudança de recomendação, não existe nenhuma reco- mendação para realizar screening em mulheres fumantes ou ex-fumantes. Em mulheres que nunca fumaram, a reco- mendação é contra a realização. IMédico de família, doutor em Medicina, diretor científico e membro-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa). IIMédico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa). Editores responsáveis por esta seção: Pablo gonzáles Blasco. Médico de família, doutor em Medicina, diretor científico e membro-fundador da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa). marcelo rozenfeld levites. Médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa). Pedro subtil de Paula. Médico de família e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa). Tradução e adaptação: Sobramfa (Sociedade Brasileira de Medicina de Família) Rua Sílvia, 56 — Bela Vista — São Paulo (SP) — CEP 01331-000 Tel. (11) 3253-7251/3285-3126 E-mail: sobramfa@sobramfa.com.br — http://www.sobramfa.com.br Entrada: 5 de fevereiro de 2015 — Última modificação: 5 de fevereiro de 2015 — Aceite: 5 de fevereiro de 2015 POEMS: PATIENTS-ORIENTED EVIDENCE THAT MATTERS diagn tratamento. 2015;20(2):65-6. 65 REFERÊncias 1. LeFevre ML; U.S. Preventive Services Task Force. 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