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EJA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS MANUAL DO EDUCADOR Clarinda Mercadante de Lima PifaiaLima Pifaia Sandra Angélica GonçalvesGonçalvesGonçalvesGonçalves CIÊNCIAS 60 AO 9060 AO 90 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EJ A - ED U CA ÇÃ O DE JO VE N S E AD U LT OS 60 A O 9 0 A N O D O E N SI N O FU N D A M EN TA L FA23622 00035C0439 M eja2014_capa_prof_cie_6ao9_01set14.indd 1-3 01/09/14 17:08 eja2014_capa_prof_cie_6ao9_01set14.indd 4-6 9/3/14 5:54 PM CIÊNCIASCIÊNCIAS CLARINDA MERCADANTE DE LIMA PIFAIA Bacharel e licenciada em Biologia pela Universidade São Paulo (USP). Lecionou na rede oficial de Ensino Fundamental II, Médio e EJA. Autora de livros didáticos e paradidáticos. SANDRA ANGÉLICA GONÇALVES Doutora em Ciências pelo Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP). Bacharel e licenciada em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Professora do Ensino Médio. Autora de livros didáticos. EJA 6o AO 9o ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 3a EDIÇÃO • SÃO PAULO • 2013 MANUAL DO EDUCADOR pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 1 03/02/14 17:38 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pifaia, Clarinda Mercadante de Lima EJA 6º ao 9º ano : ciências : manual do educador / Clarinda Mercadante de Lima Pifaia, Sandra Angélica Gonçalves. -- 3. ed. -- São Paulo : IBEP, 2013. -- (Coleção tempo de aprender) ISBN 978-85-342-3622-5 1. Ciências (Ensino fundamental) 2. Educação de adultos 3. Educação de jovens I. Gonçalves, Sandra Angélica. II. Título. III. Série. 13-02822 CDD-372.35 Índice para catálogo sistemático: 1. Educação de jovens e adultos : Ciências : Ensino fundamental 372.35 Coleção Tempo de Aprender © IBEP, 2013 Diretor superintendente Jorge Yunes Gerente editorial Célia de Assis Coordenação editorial Ricardo Soares Assistência editorial Maria L. Favret, Helcio Hirao, Paula Calviello Apoio editorial Roseli Tuan, Daisy Pereira Daniel, Albina Escobar, Marcus M. Ramos Revisão Áurea R. Faria, Lúcia Fernandes, Lucimara Carvalho, Andrea Medeiros Coordenadora de arte Karina Monteiro Assistentes de arte Marilia Vilela, Nane Carvalho Coordenadora de iconografia Maria do Céu Pires Passuello Assistente de iconografia Celiane Souza, Adriana Neves, Wilson de Castilho Produção gráfica José Antônio Ferraz Assistente de produção gráfica Eliane M. M. Ferreira Produção editorial SG-Amarante Editorial Ilustrações Dawdison França, Jesus Dias, Cícero Soares, Alexandre Argozino, Renato Arlen, Maurício Negro, R. Arruda, Ivan Coutinho, Christiane Messias Imagem de capa Jacques Loic/Opção Brasil Imagens Cartografia Mario Yoshida Projeto gráfico APIS design integrado Capa APIS design integrado Editoração eletrônica Figurattiva Editorial e SG-Amarante Editorial 3a edição – São Paulo – 2013 Todos os direitos reservados Av. Alexandre Mackenzie, 619 - Jaguaré São Paulo - SP - 05322-000 - Brasil - Tel.: (11) 2799-7799 www.editoraibep.com.br editoras@ibep-nacional.com.br pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 2 03/02/14 17:38 CARO EDUCADOR, A busca por novas e melhores práticas em sala de aula permeia constantemente nossas atividades de educadores, sempre preocupados com a qualidade das relações que estabelecemos com nossos alunos, com vistas ao aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. No dia a dia de nosso trabalho, estamos sempre buscando novos caminhos para a abordagem dos conteúdos das diversas áreas do conhecimento de modo mais integrado, menos fragmentado. Nosso trabalho como educadores também nos coloca diante de muitos desafios, levando-nos a refletir sobre algumas questões: • Que metodologias devemos aplicar em sala de aula? • Qual o papel das disciplinas escolares para os alunos da EJA? • Que visão de mundo, do sujeito, do conhecimento temos expressado por meio das metodologias aplicadas? Nós, autores desta coleção, educadores como vocês, desenvolvemos este trabalho interessados em en- contrar respostas a essas questões que orientam nosso trabalho cotidiano. Durante vários anos, estivemos reunidos, planejando e construindo este material didático, com a finalidade de contribuir para a compreensão dos novos paradigmas educacionais. Acreditamos que compreender os pressupostos teóricos que embasam a nossa prática e aqueles que são resultado de diversos estudos inovadores de especialistas das áreas de Educação, Psicologia e outras é fundamental. Por isso, apresentamos a seguir um resumo dessas teorias, para explicitar a visão de mundo e de educação que está por trás das propostas desta coleção. Tão importante quanto a apresentação desses pressupostos é a nossa ação em sala de aula, as nossas relações comunicacionais no espaço escolar, as redes que tecemos para construir conhecimentos, pois esses só se efetivam a partir de um sistema relacional, dialó- gico, mediado por todos os tipos de saberes presentes no contexto em que nós e nossos alunos nos situamos. Por meio de nossa prática, acreditamos ser possível ampliar o trabalho extraclasse, envolvendo mais o aluno no processo educativo. Para ajudá-lo a desenvolver um trabalho nessa linha, você encontrará aqui conteúdos desenvolvidos, por meio de uma prática que procura integrar as disciplinas no que diz respeito aos eixos temáticos, métodos e procedimentos, numa visão que busca a interdisciplinaridade. Embora o material seja dividido em disciplinas, o conjunto da obra pretende contribuir para a superação de uma visão fragmentada do conhecimento, apresentando propostas de trabalho que favorecem a integração de conte- údos conceituais, procedimentais e atitudinais. Isto implica oferecer um material didático que reflita nossas proposições. E é com você, Educador, que desejamos compartilhar as inúmeras descobertas que fizemos ao longo do nosso trabalho e durante a criação desta obra didática. Com base nos pressupostos apresentados e também nas nossas experiências em sala de aula, acreditamos que nossos alunos poderão aprender muito mais se nós, educadores, tivermos e criarmos as condições necessárias para facilitar a sua aprendizagem. Assim, este Manual do Educador traz orientações importantes para ajudá-lo em sua prática pedagógica. Nesta edição, ele conjuga todos os anos de sua disciplina, iniciando com o Manual Geral da Coleção e do componente curricular, sequenciado pelo conteúdo do livro do aluno e o manual específico de cada ano. Um abraço! Os autores pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 3 03/02/14 17:38 ESTRUTURA DO LIVRO DO ALUNO Seções presentes nos capítulos de todas as disciplinas Desvendando o tema Momento de leitura de um ou mais textos sobre o tema em questão, analisado por meio de textos de diferentes gêneros: poemas, canções, notícias, reportagens, artigos de opinião, mapas, pinturas, fotografias, entre outros. Pode incluir também: • a subseção Antes de ler, com atividades de leitura prévia do texto e de levantamento dos conhecimentos que você já possui sobre o assunto. • a subseção Por dentro do texto, em que são propostas atividades relativas aos textos lidos. Essas duas subseções também podem aparecer atreladas a textos presentes em outras seções do livro. Pra começo de conversa Nesta seção, você encontrará atividades orais sobre o tema do capítulo. A intenção é que você exponha seus conhecimentos e vivências sobre o assunto apresentado, que levante suas hipóteses, reflita e questione. ESTRUTURA DO MANUAL DO EDUCADOR Este manual reúne todos os anos de sua disciplina, iniciando com o Manual Geral da Coleção e do componente curricular, sequenciado pelo conteúdo do livro do aluno e o manual específico de cada ano. No conteúdo do livro do aluno existem duas numerações distintas: uma corresponde à página do livro aluno A e outra à pagina do manual B . BBA A pnld2014_eja_livroprof_inicias_ciencias.indd 4 06/02/14 15:07CONHEÇA SEU LIVRO Ampliando o tema Propostas que, sob novos olhares, vão além das que foram trabalhadas anteriormente. Nesta seção, amplia-se ainda mais o tema do capítulo, por meio da leitura de outros textos e da realização de novas atividades. Sua vez... Nesta seção, você é convidado a registrar o conhecimento que reuniu sobre o tema estudado, além dos resultados das análises realizadas. O registro pode ser feito de diferentes maneiras: por meio de exercícios de aplicação, de texto a ser elaborado por você, da realização de cálculos matemáticos, de respostas a perguntas, entre outros. Aprofundando o tema Por meio de outra sequência de estudo, o tema do capítulo é explorado de modo mais aprofundado. Nesta seção, são apresentadas mais algumas atividades e situações relacionadas ao tema proposto. Você sabia? Boxe que apresenta conceitos e curiosidades sobre o tema em estudo por meio de um pequeno texto. Pode aparecer em diferentes momentos dos capítulos. pnld2014_eja_livroprof_inicias_ciencias.indd 5 06/02/14 15:07 Vamos compartilhar Nessa seção, sempre no final de cada livro, você e seus colegas de classe, orientados pelo educador, são convidados a participar de atividades que permitam compartilhar o que vocês aprenderam com as pessoas da escola, da comunidade, da cidade. Revelando o que aprendeu Seção em que são propostas atividades que retomam o conteúdo estudado. Algumas questões dessa seção objetivam que você mesmo faça uma avaliação do que precisa rever, dos seus avanços, das dificuldades encontradas, das atividades que mais gostou de realizar. E eu com isso? Nessa seção, que aparece em alguns capítulos, você é convidado a realizar uma atividade ou participar de um projeto relacionado ao tema em estudo junto com seus colegas de classe e o educador. Trata-se de uma atividade de aplicação dos conhecimentos reunidos com o estudo do capítulo, podendo envolver a comunidade. Momento lúdico Momento de participar de jogos e outras atividades lúdicas relacionados ao conteúdo estudado, que também contribuem para você aprender e permitem maior entrosamento com os colegas. pnld2014_eja_livroprof_inicias_ciencias.indd 6 06/02/14 15:07 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................10 OBJETIVOS GERAIS ..........................................................................................................................................................10 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS ..............................................................................................................10 A educação de jovens e adultos como projeto e processo político .................................................................................10 A educação de adultos como processo discursivo-dialógico ..........................................................................................11 Considerações sobre o ensino da leitura ..........................................................................................................................12 Conceito de letramento .....................................................................................................................................................12 Considerações sobre o procedimento de leitura antecipatória ........................................................................................12 Enfoque globalizador do ensino ........................................................................................................................................13 Considerações sobre interdisciplinaridade .......................................................................................................................13 • Quadro-síntese 1 – Dos encadeamentos interdisciplinares entre os conteúdos trabalhados nos quatro volumes ....................... 14 • Quadro-síntese 2 – Conteúdos procedimentais trabalhados nos quatro volumes ......................................................................... 17 Lugar do livro didático no processo de ensino-aprendizagem .........................................................................................18 Abordagem dos conteúdos ...............................................................................................................................................18 CONSIDERAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO ...........................................................................................................................18 Formas de avaliação ..........................................................................................................................................................18 Níveis de letramento ..........................................................................................................................................................19 Noção de erro ....................................................................................................................................................................19 Tipos de avaliação .............................................................................................................................................................19 Conteúdos avaliados (indicadores de aprendizagem) ......................................................................................................19 Considerações sobre situações-problema........................................................................................................................20 ESTRUTURA DA OBRA .....................................................................................................................................................21 SEÇÕES PRESENTES NOS CAPÍTULOS DE TODAS AS DISCIPLINAS ..........................................................................21 • Pra começo de conversa • Desvendando o tema • Aprofundando o tema • Ampliando o tema • Sua vez... • Você sabia? • Momento lúdico • E eu com isso? • Revelando o que aprendeu SEÇÕES ESPECÍFICAS DE UMA OU MAIS DISCIPLINAS ...............................................................................................22 • Um olhar para a língua • Olhe a escrita! • Tramando textos e ideias • Um olhar para a Matemática • Hora da pesquisa • Hora de relaxar • Trocando ideias • Vamos compartilhar TEXTOS DE APOIO ............................................................................................................................................................27 1. Teoria de Bakhtin ...........................................................................................................................................................27 2. Teoria de Vygotsky .........................................................................................................................................................27 3. Teoria de Gardner...........................................................................................................................................................28 4. Pensamentos de Paulo Freire ........................................................................................................................................28 MANUAL GERAL DA COLEÇÃO Objetivos gerais .................................................................................................................................................................29 Pressupostos metodológicos ............................................................................................................................................29 Seleção de conteúdos .......................................................................................................................................................29 Conteúdos gerais ...............................................................................................................................................................29BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................................................31 SUGESTÕES DE LEITURA ................................................................................................................................................32 CARACTERÍSTICAS DE CIÊNCIAS pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 7 03/02/14 17:39 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS • 6o ANO .........................................................................................................................98 MANUAL DO EDUCADOR UNIDADE 1 • IDENTIDADE .............................................................................................................................................259 Capítulo 1 Eu, construtor de mim ...............................................................................................................................259 • Ambiente: natural, social e cultural • Estímulos do ambiente • Estrutura dos órgãos dos sentidos • Fisiologia geral dos órgãos dos sentidos • Inteligência: tipos Capítulo 2 Eu e meu dia a dia .....................................................................................................................................277 • Nutrição: nutrientes, alimentos, alimentação equilibrada, função dos nutrientes; valor nutricional dos alimentos; cuidados com os alimentos • Atividades físicas: importância e cuidados • Pirâmide alimentar • Origem cultural dos alimentos UNIDADE 2 • CIDADANIA E LEITURA ............................................................................................................................293 Capítulo 3 Lendo as nuvens .......................................................................................................................................293 • Meteorologia: noções • Movimentos de translação e rotação da Terra • Estações do ano • Interdependência entre os seres vivos e o sistema Terra-Sol Capítulo 4 Lendo os astros .........................................................................................................................................306 • Calendário: duração do ano e do mês • Fases da Lua • Luz: dispersão, cores • Estrelas e planetas Indicações de leituras complementares ..........................................................................................................................318 Bibliografia .......................................................................................................................................................................319 CIÊNCIAS • 6o ANO 36 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS • 7o ANO .......................................................................................................................180 MANUAL DO EDUCADOR UNIDADE 1 • MEIO AMBIENTE ......................................................................................................................................262 Capítulo 1 Haverá amanhã? .......................................................................................................................................262 • Fotossíntese • Cadeia alimentar • Teia alimentar Capítulo 2 O que fazer? ..............................................................................................................................................276 • Ar: existência, importância, utilização, composição • Água: importância, tipos, purificação • Solo: importância, características • Impactos ambientais: efeito estufa, camada de ozônio, chuva ácida; efeitos da poluição da água e saneamento básico; efeitos da poluição do solo UNIDADE 2 • SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA ...............................................................................................................294 Capítulo 3 Quando a vida começa... .........................................................................................................................294 • Reprodução: sistema reprodutor (masculino e feminino), gravidez e parto • Doenças sexualmente transmissíveis • Métodos contraceptivos Capítulo 4 ...e continua (a vida) ..................................................................................................................................307 • Saúde e qualidade de vida • Funções do organismo humano • Nutrição – sistemas digestório, respiratório e circulatório • Doenças relacionadas aos sistemas estudados • Verminoses Indicações de leituras complementares ..........................................................................................................................328 Bibliografia .......................................................................................................................................................................329 CIÊNCIAS • 7o ANO 111 pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 8 03/02/14 17:39 SUMÁRIO CONTEÚDOS ESPECÍFICOS • 9o ANO .......................................................................................................................340 MANUAL DO EDUCADOR UNIDADE 1 • TRABALHO E CONSUMO .........................................................................................................................261 Capítulo 1 A luz se fez! ...............................................................................................................................................261 • Átomo e elementos químicos • Terra: formação e constituição • Substâncias químicas: misturas e reações químicas • Micro-organismos: fermentação, bactérias, vacinas Capítulo 2 ...e o mundo mudou. .................................................................................................................................280 • Crosta terrestre: solo e subsolo • Solo: porosidade, permeabilidade e presença de húmus • Preparação e enriquecimento do solo • Controle biológico UNIDADE 2 • GLOBALIZAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS ............................................................................................298 Capítulo 3 Admirável mundo novo .............................................................................................................................298 • Energia: tipos, transformações • Usinas geradoras de eletricidade • Eletricidade: eletrização, materiais isolantes e condutores, corrente elétrica, tensão e potência • Circuito elétrico: série e paralelo Capítulo 4 Não sois máquinas! Homens é que sois! ..................................................................................................313 • Evolução dos meios de comunicação • Fonte alternativa de energia: biogás e biodigestores • Técnicas de conservação de alimentos Indicações de leituras complementares ..........................................................................................................................327 Bibliografia .......................................................................................................................................................................327 CIÊNCIAS • 9o ANO 272 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS • 8o ANO .......................................................................................................................260 MANUAL DO EDUCADOR UNIDADE 1 • CIDADANIA E CULTURA ..........................................................................................................................260 Capítulo 1 O despertar da humanidade .....................................................................................................................260 • Linguagem: origem e evolução • Produção da fala • Som: produção; características – altura, intensidade, timbre; efeito sonoro: eco Capítulo 2 O despertar da consciência ......................................................................................................................275 • Ser humano: características das mãos e dos pés • Fogo: origem, produção, utilização • Máquinas simples (alavancas, roldanas, plano inclinado): funcionamento e utilização UNIDADE 2 • CULTURADE PAZ .....................................................................................................................................288 Capítulo 3 Harmonia da vida ......................................................................................................................................288 • Hipótese de Gaia • Seleção natural • Biomas terrestres e biodiversidade Capítulo 4 Sinfonia da vida .........................................................................................................................................303 • Relação entre os seres vivos de mesma espécie: colônia e sociedade • Raça: noções da visão biológica • Radioatividade: utilização e efeitos • Armas químicas e biológicas • Hiroshima: consequências da bomba atômica Indicações de leituras complementares ..........................................................................................................................323 Bibliografia .......................................................................................................................................................................323 CIÊNCIAS • 8o ANO 195 pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 9 03/02/14 17:39 MANUAL GERAL10 MANUAL GERAL dA coLEção INTRODUÇÃO Este material didático considera o ato de ensinar a ler e a escrever como uma ação política, conforme a visão paulo-freiriana. É muito mais do que ensinar a decodificar letras, números e imagens. Implica estimular uma prática leitora permanente, movida pelo desejo de saber, de aperfeiçoar-se, de fazer novas descobertas que favoreçam o autoconhecimento, de intervir no espaço em que se encontra. Esse tipo de ação contribui para ampliar a consciência crítica do aluno, sua competência comunicativa e sua responsabilidade frente ao mundo em que vive. Além disso, facilita o acesso do educando aos bens culturais que permitem maior integração do indivíduo à sociedade a que pertence, auxiliando-o, assim, a se livrar da exclusão social, sem desvalorizar a sua própria cultura. Daí o seu caráter político, pois o acesso à leitura e à escrita traz poder às pessoas. A leitura significati- va tem a capacidade de nos situar melhor no nosso próprio espaço, potencializando percepções de aspectos que talvez a nossa visão não tenha percebido ao olhar para a realidade. Com este material didático, pretendemos contribuir para o de- senvolvimento do processo de letramento no qual os alunos estão inseridos (conceito que também será objeto de análise neste manual). Queremos auxiliar o educador na formação das competências necessá- rias para que os educandos possam expressar-se clara e criticamente, utilizando uma diversidade de linguagens e estilos, promovendo intercâmbios e ações democráticas cada vez mais enriquecedoras que conduzam os alunos a ampliar e aprofundar as suas leituras do mundo, da palavra, de tudo que os cerca. Para que isso ocorra, torna-se necessário que todo educador se conscientize de que ele é um educador de linguagem, que essa função não é apenas do educador de Língua Portuguesa, considerado, muitas vezes, o único responsável pela construção da competência leitora. Esta obra tem como concepção um ensino centrado na aprendizagem, ou seja, voltado para satisfazer a necessidade básica do indivíduo de aprender: dominar a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo, novos conhecimentos, solucionar problemas. Para alcançar esses objetivos, a obra apresenta inúmeras propostas destinadas a desenvolver habili- dades, valores e atitudes fundamentais para alcançar esses objetivos. Um material que busca conectar-se aos saberes dos alunos, ampliar seus conhecimentos e propiciar oportunidades para desenvolver uma postura crítica, reflexiva frente a novos pensamentos, ideias, dados, sentimentos e ações, auxiliando-os a transferir o que aprenderam para novos contextos. Assim, as sequências didáticas consideram o processo de ensino-aprendizagem do aluno jovem e adulto, dando espaço e valor às suas histórias pessoais, considerando a diversidade característica do público desse segmento e a complexidade da vida moderna. Por meio das problematizações, as sequências contribuem para que os alunos façam relações, deem novos sentidos aos objetos de estudo e desenvolvam, enfim, as habilidades necessárias para construir conhecimentos. OBJETIVOS GERAIS Esta coleção tem como objetivo propiciar condições para que os educandos possam: • desempenhar de modo consciente a sua cidadania, por meio do acesso à cultura letrada, aos saberes historicamente acumulados, por intermédio do conhecimento dos seus direitos e deveres e do exercício da autonomia com responsabilidade; • ampliar a sua inserção no mundo do trabalho, das relações sociais, simbólicas, de forma que eles possam produzir e usufruir de co- nhecimentos, bens e valores culturais e dar-lhes novo significado à luz de suas experiências pessoais e visão crítica do mundo; • tomar contato com sequências didáticas com temas focados no público adulto, objetivando o estabelecimento de um paralelo entre esses temas e a realidade; • desenvolver valores, conceitos e habilidades que os ajudem a compreender criticamente a realidade em que vivem, inserindo-se de forma mais consciente e participativa em seu meio, podendo, assim, contribuir para a melhoria da qualidade de vida no planeta; • tornar-se agentes de transformação da sociedade em que vivem, por força do estímulo à confiança na sua capacidade de aprender, melhorando, dessa forma, a sua autoestima, contribuindo para que reconheçam a educação formal como um dos instrumentos de desenvolvimento pessoal e social, fundamental para sua reali- zação como membros de uma sociedade e produtores de cultura; • conhecer, reconhecer, respeitar e valorizar a pluralidade cultural (etnias, credos, costumes, regionalismos, valores), contribuindo ativamente para a sua conservação; • desenvolver procedimentos com a intenção de resolver problemas nos diversos campos do conhecimento e da experiência, mediante o emprego da intuição, do raciocínio lógico, da criatividade e das múltiplas inteligências; • conhecer e valorizar o desenvolvimento científico e tecnológico, suas aplicações e incidências em seu meio físico e social; • expressar autonomia, cooperação, solidariedade e tolerância; • reconhecer, resgatar, respeitar e valorizar as diferenças, rechaçando qualquer discriminação baseada em diferenças de etnias, gêneros, classes sociais, crenças e outras características individuais e sociais. A seguir, apresentamos com maiores detalhes os fundamentos teórico-metodológicos que dão sustentação a esta proposta. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • A concepção metodológica é o caminho da prática social que revela determinada visão de mundo. Implica um constante movimento de ação-reflexão-ação, ou seja, de prática-teoria-prática. • A concepção metodológica da Educação de Jovens e Adultos que permeia todas as etapas deste projeto contempla os princípios a seguir, pautados na “concepção libertadora de educação” e na “concepção sociointeracionista do conhecimento”. Antes de des- dobrarmos os tópicos que tratam dos fundamentos da coleção, ressaltamos que ao final da parte geral deste manual há alguns textos de apoio, com informações sobre teóricos que embasam este trabalho, tais como Bakhtin, Vygotsky, Howard Gardner, Paulo Freire. A EdUcAção dE jovENs E AdULtos coMo pRojEto E pRocEsso poLítico A Educação de Jovens e Adultos é parte integrante de um projeto sociopolítico global e parte do processo global de formação e capa- citação popular. Almeja-se uma educação capaz de contribuir para a formação de homens e mulheres dotados de consciência social e de responsabilidade histórica, aptos para a intervenção coletiva organi- zada sobre a realidade, a partir de sua comunidade local, sempre em busca da melhoria de qualidade de vida para todos. Essa educação busca inspiração na concepção libertadora da práxis de PauloFreire. Implica, portanto, um caminho que parte da leitura da realidade, dos temas sociais de abrangência e urgência nacional e dos temas de interesse local. Para o estudo desses temas, faz-se necessário buscar recursos científicos. Daí a importância das áreas dis- ciplinares concebidas como meios para o estudo e a intervenção sobre a realidade. Elas não serão mais entendidas como fim em si mesmas: estudamos matemática não simplesmente para saber matemática, língua portuguesa não só para saber ler e escrever. Precisamos de Matemática, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Ciências, Arte, História, Geografia, Educação Física como meios para descrever e interpretar o mundo, como meios para expressar a nossa compre- ensão do mundo, como meios para agir sobre o mundo, recriando-o, organizando-o de acordo com nossas necessidades, nossos sonhos coletivos, e não apenas nos adaptando a ele. Sendo assim, para que as áreas disciplinares assumam o seu impor- tante lugar instrumental, faz-se necessária uma criteriosa e rigorosa seleção coletiva de seus conteúdos, dos seus objetivos específicos e principalmente uma clareza sobre a concepção de cada uma dessas áreas. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 10 03/02/14 17:39 11MANUAL do EdUcAdoR MANUAL GERAL Cada unidade que compõe este material didático não é um com- partimento fechado em si mesmo e impermeável, mas preenche sua significação e seu sentido no transcurso, na transversalidade, na interdisciplinaridade. A EdUcAção dE jovENs E AdULtos coMo pRocEsso discURsivo-diALóGico A educação de jovens e adultos é um processo discursivo-dialógico. Pauta-se nas relações interpessoais dialógicas, na interatividade da relação educador-educandos e dos educandos entre si. A dimensão discursivo-dialógica da educação de jovens e adultos se faz presente nas diversas situações pedagógicas: • no respeito às marcas socioculturais dos educandos, que se evi- denciam na sala de aula através do seu discurso oral, escrito e em suas interpretações da leitura do mundo e da leitura da palavra; • na incorporação do saber popular, ao lado do saber científico e erudito; • no respeito aos níveis heterogêneos de concepção da leitura e escrita dos educandos; • na ajuda mútua entre colegas no ato de aprender a ler e escrever, na socialização de seu conhecimento do mundo e da língua escrita, nas correções coletivas; • na intervenção pedagógica do educador, que dirige democrati- camente as aulas, fornece as condições propiciadoras, incentiva o ato de pensar, oferece as informações necessárias ao avanço do conhecimento do educando. O processo de conhecer é também construtivo. Superando as metodologias reprodutivistas e predominantemente receptativas dos livros didáticos tradicionais, optamos por uma metodologia em que o educando é um sujeito interativo que pensa, pergunta, constrói- -reconstrói hipóteses enquanto estuda. Consideramos de máxima importância conceber o conhecimento não apenas como “construção-desconstrução-reconstrução” do saber já instituído, mas também ir além da reconstrução, experien- ciando momentos privilegiados de questionamento do instituído, do convencional, promovendo a inovação, criação, produção de novas formas de pensar, expressar e de fazer o mundo. Isso significa dar espaço ao imprevisto, ao inesperado, ao original e inédito, ao sonho, à busca do novo. Consideramos de máxima importância que o aluno experimente momentos privilegiados de questionamento do convencional, do saber já instituído, promovendo a inovação, a criação, a produção de novos modos de pensar, de se expressar e de fazer o mundo. Assim, a Educação de Jovens e Adultos, enquanto projeto político- -pedagógico, parte do universo cultural dos educandos, da sua leitura de mundo, de sua variedade linguística, de seus níveis de escrita e compreensão leitora, bem como dos níveis de conhecimento científico trazidos por eles. A partir do que lhes falta conhecer, busca-se, por meio de novas situações de aprendizagem, a ampliação desses conhe- cimentos, com vistas à aquisição de conhecimento técnico-científico e de uma visão cada vez mais crítica da realidade. A metodologia adotada nesta obra didática está assentada em quatro bases: sentir, pensar, trocar e fazer de modo crítico, criativo, significativo e solidário. Pressupõe: • uma instituição escolar atrelada a ações pedagógicas libertadoras, pautada na abordagem dos conteúdos, de forma crítica, engajada na realidade, de modo a privilegiar a relação teoria-prática, na busca da apreensão das diferentes nuanças do saber; • uma escola que não ignora ou rejeita a história, a política e a cultura dos agentes do processo educativo (educadores e alunos), bem como da sociedade mais ampla, concebendo-os como conteúdos de aprendizagem; • um espaço de aprendizagem que vê o educador e o educando como parceiros na construção do saber sistematizado, cabendo ao educador articular as diversas fontes de conhecimento, relacionar teoria e prática, Ciência e cotidianidade; • o estabelecimento de uma relação dialógica em que o aluno, em conjunto com o educador e seus colegas, exerça a prática de refletir (pensar sobre seu modo de pensar, reconhecer, situar, problematizar, deduzir, verificar, refutar, especular, relacionar, relativizar, historicizar, formular conclusões etc.) com o objetivo de construir coletivamente o conhecimento; • partir do princípio de que ninguém é “dono da verdade”, que essa sempre representa uma maneira, entre tantas outras, de inter- pretar o mundo. Portanto, de que é necessário considerar as multiplicidades de visões, analisando a sua lógica, as suas deter- minações, a coerência de suas ideias, considerando o contexto em que se insere; • a valorização de práticas interdisciplinares. O conhecimento pro- duzido em qualquer área, por mais amplo que seja, representa apenas um modo parcial e limitado de ver a realidade. Mas, embora complexa, a realidade é una, uma vez que todos os seus aspectos são interdependentes. Consequentemente, as diversas ciências se prendem umas às outras por vínculos de profunda afinidade. Tudo está relacionado: causas, problemas e soluções estão totalmente interligados. Daí a importância da instauração de diálogo entre as várias disciplinas na busca dessas afinidades; • um enfoque indutivo em que a sistematização dos conceitos vem em segundo plano, decorrente das ações desenvolvidas. Cabe ao educador orientar o aluno no caminho da apreensão e construção crítica do saber, e não transmitir conhecimento de forma passiva, como um objeto acabado, inquestionável; • o desenvolvimento da “pedagogia do por quê”, uma postura questio- nadora, uma prática de confronto que exige do educador: dar significado a um objeto de conhecimento para que o aluno se interesse em debruçar-se sobre ele a fim de entender o seu valor e articulá-lo com outros saberes; lançar desafios aos alunos, exigindo deles maior empenho, não permitindo que se limitem a dar uma resposta baseada apenas no senso comum; incentivar o educando a buscar as respostas para seus questio- namentos por meio de discussões, pesquisas e intercâmbios; • um docente que se coloque na posição de mediador da relação educador-objeto de conhecimento, de facilitador da aprendizagem, de eterno aprendiz; • o desenvolvimento das potencialidades dos alunos não apenas no campo da racionalidade, mas também no das emoções, das habilidades artísticas, desenvolvendo, assim, sua criatividade, suas formas de expressão, bem como sua capacidade de interagir positivamente com o outro, considerando os valores éticos. Isto implica educar para enfrentar novas situações, criar condições para que o aluno não só aprenda a conhecer, mas também aprenda a fazer, a ser e a viver juntos; • o desenvolvimento da “pedagogia do afeto”, que consiste em: contribuir para elevar a autoestima dos alunos; resgatar a alegria de aprender por meio de atividades significa- tivaspara os educandos, promovendo jogos, contribuindo para o desenvolvimento da expressão artística, corporal e musical deles; planejar situações de interação que promovam a expressão de sentimentos; promover a criação e garantir a permanência de um ambiente acolhedor na sala de aula, permitindo aos alunos se expressar sem receio de serem discriminados; promover a reflexão sobre os valores humanos, comportamen- tos éticos, formação do caráter a partir de situações concretas, experiências vividas dentro e fora da sala de aula. Dentro desse contexto, não poderíamos deixar de considerar a im- portância do papel da escola, que tem entre as suas principais funções: • contribuir para a formação da personalidade moral do educando, de um sujeito ativo (autor e não reprodutor de conhecimentos), que constrói a sua inteligência e a sua identidade por meio do pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 11 03/02/14 17:39 MANUAL GERAL12 diálogo estabelecido com seus pares, com os educadores, com sua cultura, com outros saberes; • garantir uma série de competências básicas a todos os alunos (ensinar a relacionar, a estabelecer analogias, compreender, explicar, inferir, ordenar, encontrar evidências, generalizar, aplicar, representar um tema mediante uma nova forma de expressão etc.). coNsidERAçõEs sobRE o ENsiNo dA LEitURA “A promoção da leitura é uma responsabilidade de todo o corpo docente de uma escola e não apenas dos educadores de Língua Portuguesa. Não se supera uma dificuldade ou uma crise com ações isoladas.”1 “O objetivo das escolas – através dos educadores – é fazer com que os estudantes aprendam a ler por meio de uma espiral crescente de desafios nos diferentes anos escolares; para aprender a ler, os estudantes precisam do domínio de habilidades para a compreensão das diferentes configurações textuais que circulam pela sociedade. Neste caso, cabe aos educadores definir essas habilidades e, ao mesmo tempo, fazer a seleção ou indicação dos textos que levem, pela prática, à sua incorporação; além disso, ainda nesta trajetória de aprendiza- gem, a escola deve apresentar-se como um ambiente rico em textos e suportes de textos para que o aluno experimente, de forma concreta e ativa, as múltiplas possibilidades de interlocução com os textos.”2 É fundamental que o educador amplie seu repertório de análise dos dados da realidade. Daí a importância de compreender melhor os fundamentos do processo de ensino-aprendizagem em que está inserido e, assim, conscientizar-se de sua função, do seu compromisso de contribuir para a democratização das informações, dos conheci- mentos acumulados pela história da humanidade e em produção, com o objetivo de levar o educando a entender o mundo em que vive e atuar nele como um sujeito em construção. Para cumprir esse papel, o docente precisa, em primeiro lugar, assumir sua condição de sujeito e ter um olhar mais aprofundado, a partir de suas vivências e interações, das modificações que vêm ocorrendo no planeta, fazendo evoluir suas representações mentais a respeito do mundo e, sobretudo, de si próprio. E atuar, a partir daí, para modificar o que necessita ser alterado, construindo metodologias de ensino que considerem o contexto sociocultural dos indivíduos envolvidos no processo de aprendizagem, sua realidade de vida, suas expectativas, suas necessidades, sem que para isso seja fundamental ter em mãos um livro didático que determine suas ações. Para nós, é crucial a intervenção do educador de cada área do conhecimento nesse processo de aquisição da competência leitora de seus alunos, pois ele é o maior responsável pela mobilização de diversas estratégias que ajudam nesse sentido. É seu papel evidenciar os objetivos de cada uma das leituras, ativar os conhecimentos prévios do leitor e abrir espaço no ambiente da sala de aula para formulações e reformulações de hipóteses, estimulando a inferência de significados durante todo o desenvolvimento do ato de ler. Dificilmente o docente desenvolverá a competência leitora de seus educandos se não houver essa intervenção sistemática por parte dele, auxiliando os alunos na construção do sentido de um texto, por meio da reflexão dirigida, atuando como um mediador entre o aluno e o objeto de estudo. Como diz Ezequiel, é preciso “mais humildade pedagógica, mais diálogo, mais liberdade para os alunos se expres- sarem, mais escuta e partilha dos significados atribuídos aos textos, mais ligações entre aquilo que se lê e aquilo que se vive, estes são os caminhos para uma leitura libertária e transformadora, tão necessária à sociedade brasileira de hoje”.3 1 SILVA, Ezequiel Theodoro. A produção da leitura na escola. São Paulo: Ática, 1995, p. 24. 2 SILVA, Ezequiel Theodoro. Conferência sobre leitura. Campinas: Autores Associados, 2003. 3 SILVA, Ezequiel Theodoro. A produção da leitura na escola. São Paulo: Ática, 1995, p. 24. coNcEito dE LEtRAMENto Um de nossos pilares conceituais é o letramento. O conceito de letramento – traduzido de literacy, da língua inglesa – refere-se à ca- pacidade do sujeito de fazer uso significativo da leitura e da escrita. A diferença principal entre o conceito de alfabetismo – relacionado a alfabetizado – e o de letramento é que o alfabetizado é aquele que aprendeu a ler e escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais que as demandam. Conforme Angela Kleiman, pode-se definir letramento como “um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos.”4 Compreender o que significa letramento, conforme Magda Soares,5 envolve a distinção entre o letramento visto em uma dimensão individual e em uma dimensão social. A leitura, na perspectiva do letramento individual, é um conjunto de habilidades linguísticas e psicológicas, incluindo desde a capacidade de decodificar palavras até a compreensão de textos, sendo que essas habilidades não se opõem. Essas habilidades devem ser aplicadas a diferentes gêneros textuais, sendo mobilizadas conforme as especificidades dos diferentes textos. A escrita, da mesma forma que a leitura, na perspectiva individual do letramento, é um conjunto de habilidades linguísticas e psicológicas. As habilidades de escrita vão desde o registro de unidades de som até a capacidade de expressar o pensamento de forma organizada em língua escrita. Na perspectiva social do letramento, defende-se que não basta o domínio de certas técnicas de leitura e escrita, como as habilidades presentes na concepção do letramento individual. Acredita-se que o letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e escrita. Nessa interpretação do conceito de letramento, tem-se uma visão em que as práticas de leitura e escrita envolvem processos mais abrangentes, responsáveis por afirmar ou questionar valores e formas de distribuição de poder. Um dos representantes dessa vertente é Paulo Freire. Ao entender o domínio da leitura e da escrita como uma forma de conscientização da realidade e de possível meio de transfor- mação, Freire concebe o letramento como algo de natureza política: o ato de ler e escrever como possibilidade de pensar e agir de forma transformadora sobre o mundo. Em conferência realizada no ano de 1981, na abertura do Congresso Brasileiro de Leitura, em Campinas, o autor relacionou a leitura com a formação de uma consciência crítica. Percebe-se que, para Freire,6 alfabetizar implica muito mais do que o domínio da técnica da escrita e leitura, já que o ler e o escrever permitem ao sujeito ressignificar seu estar no mundo. Esse ressignificar pode ser entendido como desvendar as formas de organização social e, de alguma forma, desenvolver uma consciência crítica que possibilite certas práticas políticas de mobilização e organização. Acreditamos na importância de desenvolver o nível de letramentoindividual, a partir de habilidades específicas de leitura e escrita. En- tretanto, esse letramento não pode ser desvinculado de uma proposta de diálogo com as diferentes esferas sociais, políticas e culturais. coNsidERAçõEs sobRE o pRocEdiMENto dE LEitURA ANtEcipAtóRiA O ato de ler começa antes de o aluno concentrar-se em dar sentido a cada uma das partes de um texto. Ele é iniciado com a exploração, com a ativação dos conhecimentos prévios dos educandos, que cer- tamente vão interferir na compreensão da leitura. Essa prática, que precisa ser ensinada, está presente nas propostas de atividades desta obra em dois momentos. O primeiro deles está localizado no início do capítulo, relacionado a propostas de ativida- 4 KLEIMAN, Angela (org.). Os significados do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995. 5 SOARES, Magda. Letramento: um texto em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 6 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2001. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 12 03/02/14 17:39 13MANUAL do EdUcAdoR MANUAL GERAL des de sensibilização, com a intenção de motivar o aluno, instigar a curiosidade dele em relação ao assunto a ser tratado. Momento de provocá-lo com questões que o deixem inquieto, em conflito, interessado em buscar uma forma de responder a elas. Momento também de fazer uma avaliação inicial sobre os conhecimentos que ele possui sobre o assunto em pauta, sobre a forma de estruturação dos diferentes gêneros, sobre o vocabulário empregado, permitindo, de modo geral, que ele faça inferências, deduções. O segundo mo- mento refere-se a questões que favorecem a leitura antecipatória, apresentadas antes dos textos. Esse tipo de estratégia tem como finalidade estimular os alunos a expressarem ideias em relação ao texto, partindo de seus conhecimentos prévios, diferenciando os diferentes gêneros discursivos e suportes textuais, levantando hipóteses a partir disso, da leitura de palavras ou trechos destacados no texto etc. Como dizem os estudiosos da área da Linguística, quanto mais próximos os elementos textuais estiverem do conhecimento do aluno, maior será a chance de êxito na leitura. Em outras palavras, “o conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento do mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão. [...] O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma ativi- dade de procura por parte do leitor, no seu passado, de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o que seria possível explicitar”.7 Sendo assim, é muito importante a intervenção do educador nesse processo, estimulando, orientando e ampliando essa prática, que é uma estratégia de leitura incorporada pelo bom leitor no seu processo de dar sentido ao que vê, ouve ou lê. “Nessa busca interpretativa, os elementos gráficos (as palavras, os sinais, as notações) funcionam como verdadeiras ‘instruções’ do autor, que não podem ser desprezadas, para que o leitor descubra significações, elabore hipóteses, tire suas conclusões. Palavrinhas que poderiam parecer menos importantes, como até, ainda, já, apenas, e tantas outras, são pistas significativas em que devemos nos apoiar para fazer nossos cálculos interpretativos. Todo esforço para entender essas instruções – isto é, o que está sobre a folha de papel – só se justifica pelo que elas, as instruções, representam para a compreensão global do ato comunicativo do qual o texto é suporte. Evidentemente, tais instruções ‘sobre a folha de papel’ não re- presentam tudo o que a gente precisa saber para entender o texto. Muito, mas muito mesmo do que se consegue apreender do texto faz parte de nosso ‘conhecimento prévio’, ou seja, é anterior ao que lá está. Um texto seria inviável se tudo tivesse que estar explicitamente presente, explicitamente posto.”8 É, portanto, na tarefa de levantar suposições (fazendo seleção dos aspectos mais significativos, antecipações e inferências) e de avaliar esses procedimentos, confirmando suas ideias ou refutando-as, que o leitor estará construindo efetivamente um caminho sólido que o levará à compreensão de um texto. ENfoqUE GLobALizAdoR do ENsiNo Esta coleção é resultado de um trabalho que busca contribuir para que o ensino exerça sua função social, colocando-se a serviço da formação integral do indivíduo. Partimos do princípio de que o objeto de estudo do ensino é a compreensão da realidade para intervir nela e transformá-la. Para isso, consideramos fundamental lançar mão do conhecimento cotidiano para melhor elaborá-lo, aprofundá-lo e ampliá-lo. Nesse sentido, o conhecimento científico, proporcionado pelas diferentes disciplinas, está a serviço desse aprimoramento, in- corporando ao ensino novos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais selecionados em razão dessas necessidades. o conhecimento científico é, portanto, meio para que o aluno tenha uma formação 7 KLEIMAN Angela. Texto e leitor. Campinas: Pontes, 1999. 8 ANTUNES, Irandé. Aulas de Português – encontros & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. capaz de ajudá-lo a vencer os desafios colocados pela realidade ex- tremamente complexa do mundo atual coloca diante dele. Dentro dessa perspectiva, optamos por incentivar a utilização de situações de aprendizagem, em que os alunos “mobilizam-se para chegar ao conhecimento de um tema que lhes interessa, para resolver alguns problemas do meio social ou natural que lhes são questionados, ou para realizar algum tipo de construção. Nessa ação, para conhecer ou realizar alguma coisa, o estudante precisa utilizar e aprender uma série de fatos, conceitos, técnicas e habilidades que têm correspondência com matérias ou disciplinas convencionais, além de adquirir uma série de atitudes. Nos métodos globalizados, o que interessa é oferecer resposta a problemas ou questões que a realidade coloca. Para os educadores é um meio que permite que o aluno ou a aluna aprenda a enfrentar os problemas reais, nos quais todos os conhecimentos têm um sentido que vai além da superação de algumas demandas escolares mais ou menos fundamentadas”.9 “O século XX produziu avanços gigantescos em todas as áreas do conhecimento científico, assim como em todos os campos da técnica. Ao mesmo tempo, produziu nova cegueira para os problemas globais, fundamentais e complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões, a começar por parte dos cientistas, técnicos e especialistas. Por quê? Porque se desconhecem os princípios maiores do conheci- mento pertinente. O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender “o que está tecido junto”.10 Daí a importância de propostas de ensino sob o enfoque globalizador. Construímos esta coleção, portanto, guiados por esse enfoque. Na tentativa de desenvolver um trabalho capaz de estimular a integração entre os conteúdos das disciplinas, não poderíamos deixar de propor atividades embasadas sobretudo nos pressupostos da inter e da transdisciplinaridade, por terem esse caráter globalizador. Em seguida apresentamos um pequeno resumo do que vem se discutindo sobre isso. coNsidERAçõEs sobRE iNtERdiscipLiNARidAdE A interdisciplinaridade não é só “um meio para estabelecer relações entre conteúdos de diferentes matérias, e sim um conteúdo prioritário no ensino. Aprender a estabelecer relações entre os diferentes conteú- dos, seja qual for sua procedência, é um dos meios mais valiosos para dar resposta aos inconvenientes de um saber fragmentado e de um sistema educativo historicamente submetido a algumas finalidades distanciadas das necessidades reais dos cidadãos e das cidadãs”.11 Dessa forma, pelo enriquecimento interpretativo promovido por esse tipo de postura educativa, as capacidades explicativas de cada uma das áreas do conhecimento são potencializadas. Como resultado, poderemoster uma melhoria importante na qualidade do ensino, uma vez que o aluno se sentirá mais motivado para se envolver no seu processo de ensino-aprendizagem. Por seu caráter significativo, esse tipo de abordagem poderá propiciar uma melhor compreensão da realidade que cerca o aluno, dos problemas do mundo, facilitando a elaboração de um conhecimento mais holístico, mais integrado. como tratamos a interdisciplinaridade nesta coleção? Procuramos estabelecer relações interdisciplinares em relação aos conteúdos trabalhados em cada área do conhecimento, dentro do tempo que nos disponibilizamos para produzir este material didático, tempo de muitas trocas, discussões, encontros, desencontros, reencontros entre os autores das diversas disciplinas que ousaram fazer parte do projeto, idealizado inicialmente por sua coordenadora e concretizado por todas as mãos, mentes e corações envolvidos. No final de cada capítulo, na seção E eu com isso?, o educador encontrará propostas de projetos que poderão estimular a inten- sificação de ações interdisciplinares, dependendo do contexto, do 9 ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 10 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: Unesco, 2000. 11 Ibid., p. 78-79. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 13 03/02/14 17:39 MANUAL GERAL14 interesse do grupo de educadores em colocá-las em prática, em trabalhar juntos. Também, como sugestão, propomos no final de cada unidade, na seção denominada Vamos compartilhar?, meios de divulgação dos projetos construídos, geralmente um evento (exposição, teatro, jornal mural, instalações, oficinas de criação) envolvendo todas as disciplinas que desenvolveram esses projetos. Esperamos que a execução, reelaboração, avaliação dos projetos aproximem não só os conteúdos trabalhados em cada uma das áreas do conhecimento na busca da compreensão da realidade, mas também as ações dos educadores, ajudando, assim, a promover atitudes interdisciplinares no espaço escolar. A intenção desses projetos é criar oportunidades para que o aluno aprenda a trabalhar; é estimular o desenvolvimento de aprendizagens cujos objetivos vão muito além da ação de demonstrar o domínio do conteúdo específico de certa disciplina. Devido ao trabalho desen- volvido na unidade, a partir do mesmo eixo temático ou, às vezes, a partir do trabalho mais sistemático com determinados procedimentos, o desenvolvimento desses projetos se destina a superar os reducionis- mos focados na transmissão do conhecimento de forma fragmentada. Em outras palavras, a aprendizagem mediante projetos facilita uma visão global dos conteúdos, contribuindo para a promoção de atitudes transdisciplinares. Apresentamos a seguir um quadro-síntese dos encadeamentos interdisciplinares entre os conteúdos trabalhados do 6o ao 9o anos (Quadro 1), em que estão presentes as questões desencadeadoras desse trabalho. qUAdRo-síNtEsE 1 – dos ENcAdEAMENtos iNtERdiscipLiNAREs ENtRE os coNtEÚdos tRAbALHAdos Nos qUAtRo voLUMEs 6o ANo Unidade 1 IdENTIdAdE Eixo temático As inter-relações entre os meios natural, sociocultural para o processo contínuo de construção da identidade. Questão desencadeadora do trabalho interdisciplinar como resgatar a identidade cultural em uma sociedade fragmentada em grupos cada vez menores e excludentes entre si? LÍNGUA PORTUGUESA •Aspectos linguísticos relacionados ao estudo do gênero autobiográfico: do pessoal ao coletivo. •Aspectos da subjetividade humana na literatura. MATEMÁTICA • Contextualização dos números como um processo histórico da humanidade. • Interpretação da realidade cotidiana para relacionar o indivíduo ao mundo que o cerca. HISTÓRIA • Conceito de sujeito histórico a partir das origens. GEOGRAFIA •O “eu” social e a construção do lugar de vivência. CIÊNCIAS •As inter-relações entre os meios natural e sociocultural. •Atividades cotidianas como reflexo da identidade cultural individual e coletiva. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: a construção do “eu” social por meio da diversidade cultural. Língua espanhola: apresentação do indivíduo e das formas de demonstrar suas relações mais próximas. ARTE •A expressão por meio da produção artística. •Arte desvinculada da cópia de modelos e imitação do real. Unidade 2 cIdAdANIA E LEITURA Eixo temático Leitura de mundo e cidadania. Questão desencadeadora do trabalho interdisciplinar como ampliar a leitura de mundo, visando a construção da cidadania? LÍNGUA PORTUGUESA •Ampliação do conceito de leitura como uma atividade de interpretação do mundo e da realidade. •Diferentes finalidades da leitura: “ler para quê?”. •A importância do comprometimento pessoal e coletivo no desenvolvimento das habilidades de leitura. MATEMÁTICA •Observação, reconhecimento e interpretação dos números no planejamento de ações do cotidiano. HISTÓRIA • Compreensão do conceito de leitura de mundo e das diversas visões sobre o significado de cidadania ao longo da história do Brasil. GEOGRAFIA •A leitura cartográfica como meio para o exercício da cidadania em relação à orientação, localização e participação nas decisões de planejamento que envolvam o espaço de vivência. CIÊNCIAS •A importância da leitura da natureza na construção do conhecimento. •O conhecimento científico como base para a prática da cidadania. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Estratégias de leitura em inglês e espanhol voltadas para a reflexão sobre o exercício da cidadania e da tolerância entre os povos. Em língua espanhola, ênfase no reconhecimento do aluno como cidadão latino-americano no contexto atual de globalização. ARTE •Desenvolvimento da leitura para além da identificação dos códigos da língua falada e escrita, reconhecendo no meio natural e cultural imagens, sinais e símbolos passíveis de serem lidos e analisados. • Leitura de uma obra de arte pela análise e interpretação dos símbolos e signos implícitos. 7o ANo Unidade 1 MEIo AMBIENTE Eixo temático Meio ambiente e responsabilidade socioambiental. Questões desencadeadoras do trabalho interdisciplinar 1. o que estamos fazendo com o meio ambiente? 2. Quais as consequências desses atos e possíveis soluções para os problemas ambientais? pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 14 03/02/14 17:39 15MANUAL do EdUcAdoR MANUAL GERAL LÍNGUA PORTUGUESA •A relação afetiva entre o homem e a natureza em textos literários. • Leitura de textos jornalísticos com temas relacionados a projetos de transformação social como instrumentos eficazes e factíveis. MATEMÁTICA • Interpretação da realidade socioambiental. • Elaboração de propostas de interferência social sobre a questão ambiental. HISTÓRIA • Estudo sobre a degradação ambiental no decorrer do processo histórico e possíveis soluções. GEOGRAFIA •Degradação ambiental: a interferência humana nos princípios que regem a dinâmica da natureza, alterando o ciclo de vida no planeta Terra; a consciência ecológica para posicionamento contrário às ações capitalistas de degradação ambiental. • Interdependência entre os seres vivos e os recursos naturais do planeta Terra: o desenvolvimento sustentável como concepção para a utilização racional do meio ambiente. CIÊNCIAS •Degradação ambiental: a responsabilidade do ser humano diante do presente e do futuro do planeta e dos seres que nele vivem. • Interdependência entre os seres vivos e os recursos naturais do planeta Terra: a dinâmica do mundo vivo e suas relações com o mundo físico. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Estudo da língua inglesa a partir da reflexão crítica sobre a degradação do meio ambiente e sobre soluções possíveis para seus grandes problemas. Estudo da língua espanhola a partir de propostas de reflexão sobre a sustentabilidade e a interdependência cidade e campo. ARTE •Degradação ambiental: o uso das linguagensartísticas como forma de crítica à poluição visual, consequência da interferência do ser humano sobre o meio ambiente. • Interdependência entre os seres vivos e os recursos naturais do planeta Terra: interação do artista com o meio, e as influências deste processo, materiais e conceituais, em sua produção. Unidade 2 SAÚdE E QUALIdAdE dE VIdA Eixo temático Saúde e qualidade de vida. Questões desencadeadoras do trabalho interdisciplinar 1. o que se entende por saúde e qualidade de vida? 2. Que relação se pode fazer entre o conhecimento do corpo, o conceito de saúde e qualidade de vida? 3. como cada disciplina contribui para o conhecimento do corpo humano? LÍNGUA PORTUGUESA •A saúde física e mental e a qualidade de vida relacionadas a problemáticas socioambientais, tais como moradia, saneamento básico, emprego, lazer, relações humanas. •Desenvolvimento de habilidades de leitura de textos jornalísticos para ampliação da visão do aluno a respeito do que é qualidade de vida, considerando os aspectos e elementos que a compõem. MATEMÁTICA •Avaliação dos indicadores sociais do conceito de qualidade de vida. • Conhecimento do conceito global de saúde pela análise dos indicadores da área da saúde. HISTÓRIA • Compreensão do conceito de saúde e qualidade de vida no decorrer dos tempos e as políticas públicas adotadas pelos Estados em cada momento histórico. GEOGRAFIA • 1. crescimento populacional/estrutura econômico-social e qualidade de vida; 2. as ações sociais no combate às desigualdades para a promoção da qualidade de vida de todos os cidadãos. CIÊNCIAS • Conceito de saúde e a inter-relação entre ser saudável, qualidade de vida e os meios natural, social e cultural em que se vive. • Conhecimento científico e cuidados com o corpo – contribuições para a compreensão do significado do que é ser saudável e do que é qualidade de vida. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: compreensão da relação entre saúde e qualidade de vida por diferentes culturas. Língua espanhola: bem estar e qualidade de vida por meio de uma alimentação saudável e da prática esportiva. ARTE •As representações do corpo humano pela ótica do pensamento artístico em diferentes épocas e análise crítica dos padrões corporais na atualidade. •Abordagens do corpo na arte, que estimulam o desenvolvimento de uma atitude consciente em relação aos aspectos: físico, mental e social. 8o ANo Unidade 1 cIdAdANIA E cULTURA Eixo temático Valorização da diversidade cultural. Questões desencadeadoras do trabalho interdisciplinar 1. como promover a tolerância e o respeito à diversidade cultural nas sociedades humanas? 2. como contribuir para a valorização da cultura regional e nacional? LÍNGUA PORTUGUESA •A amplitude do conceito de cultura, as relações entre cultura e cidadania. •O conhecimento e a valorização da diversidade cultural. O estudo das variedades linguísticas como forma de expressão dessa diversidade. •A intersecção entre os elementos de diversas culturas na formação da identidade nacional. MATEMÁTICA • Reconhecimento das características regionais de cada cultura para a valorização da diversidade cultural. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 15 03/02/14 17:39 MANUAL GERAL16 HISTÓRIA •A conquista da cidadania e as diversas influências culturais na formação do povo brasileiro durante o processo histórico. GEOGRAFIA •A diversidade étnica e cultural do patrimônio a ser conhecido e divulgado. •Os movimentos migratórios como fator de impacto econômico e cultural no espaço urbano. CIÊNCIAS •A evolução biológica e a diversidade cultural humana: as características físicas do ser humano como fatores determinantes do desenvolvimento cultural e tecnológico da humanidade. • Responsabilidade do ser humano, diante do seu livre-arbítrio, nas suas escolhas em relação à vida no planeta. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: comparação entre diferentes culturas. Língua espanhola: valorização da leitura como meio de exercer a cidadania plena e reconhecimento das festas populares como forma de renovar o sentido de pertencer a uma comunidade. ARTE •A arte como produto cultural, reflexo das características de um povo. •A formação da cultura nacional baseada na diversidade e na assimilação consciente de elementos de culturas estrangeiras. Unidade 2 cULTURA dE PAZ Eixo temático Cultura de paz. Questão desencadeadora do trabalho interdisciplinar Por que não há paz e como alcançá-la? LÍNGUA PORTUGUESA •O uso e o poder da palavra como instrumento de denúncia e mobilização para a prática da cidadania e a multiplicação das iniciativas de construção da justiça e da paz. •Apropriação de recursos linguísticos para contribuir socialmente com as iniciativas de ações de paz, tolerância e responsabilidade social. MATEMÁTICA •Utilização do conhecimento cultural da humanidade para a construção de uma sociedade mais harmoniosa. • Proposta de interferências sociais positivas pela análise do meio em que se vive. HISTÓRIA •Os principais caminhos na construção da cultura de paz ao longo da história humana e as suas consequências. GEOGRAFIA •O papel dos países pobres e ricos na atual organização social e econômica mundial. •As relações de poder decorrentes das disputas econômicas, étnicas, religiosas, políticas e territoriais existentes no mundo e seus impactos para a paz mundial. CIÊNCIAS •A paz como reflexo do respeito mútuo entre os seres que vivem no planeta e a estabilidade da Terra, decorrente do processo dinâmico e contínuo de inter-relações dos seres vivos entre si e com o ambiente. •A responsabilidade do ser humano quanto ao uso do conhecimento científico na construção (ou não) da paz. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: biografias (exemplos de ações e de personalidades que lutam ou lutaram pela paz). Língua espanhola: reflexão sobre a violência que gera violência, tanto quanto da gentileza que gera gentileza. ARTE •A relação da arte com conflitos e guerras, como forma de denúncia, resistência e proposta de reflexão crítica sobre as situações de ausência de liberdade e paz. 9o ANo Unidade 1 TRABALHo E coNSUMo Eixo temático Trabalho e consumo. Questões desencadeadoras do trabalho interdisciplinar 1. como são as relações entre trabalho e consumo na sociedade atual? 2. Qual o papel do consumo no desenvolvimento da sociedade? 3. Qual a diferença entre consumo e consumismo? 4. Que relações se podem fazer entre avanço tecnológico e mundo do trabalho? LÍNGUA PORTUGUESA •Os problemas vividos pelo trabalhador e o reconhecimento da importância da dignidade no trabalho. As diferentes posturas diante dos conflitos que envolvem a luta por trabalho e qualidade de vida. •A adequação do uso da língua oral e escrita, a aquisição de vocabulário e procedimentos de comunicação adequados a situações relacionadas ao trabalho. •As estratégias de persuasão da linguagem publicitária para a identificação e influência do desejo de consumo. MATEMÁTICA • Participação do indivíduo nas propostas de soluções para problemas financeiros do cotidiano. •Análise de questões sociais sob o aspecto econômico. HISTÓRIA •A evolução do trabalho humano; o desenvolvimento das relações de trabalho. •O consumismo ao longo da história. GEOGRAFIA •Os impactos dos avanços tecnológicos no atual mercado de trabalho. •O consumismo como resultado da aculturação em escala, decorrente da expansão capitalista, por intermédio dos veículos de comunicação de massa. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 16 03/02/14 17:39 17MANUAL do EdUcAdoR MANUAL GERAL CIÊNCIAS •A Ciência como trabalho; o cientista como profissional. •Desenvolvimento científico e novas profissões. •O desenvolvimento científico e tecnológico como base para o consumo consciente e para a melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: identificação de problemas e possíveissoluções em relação ao trabalho; Influência da mídia e da cultura norte-americana na prática do consumismo. Língua espanhola: reflexão sobre a importância do trabalho e do consumo para o desenvolvimento do país, mas também como fator de endividamento pessoal e de degradação do meio ambiente. ARTE •A arte como trabalho: o artista como profissional. • Possibilidades do consumo de arte e produtos culturais. Unidade 2 GLoBALIZAÇÃo E NoVAS TEcNoLoGIAS Eixo temático Globalização e novas tecnologias. Questões desencadeadoras do trabalho interdisciplinar 1. como o ser humano utiliza as novas tecnologias no mundo globalizado? 2. Globalização para quê? Para quem? 3. Quais os aspectos positivos e negativos das novas tecnologias no mundo globalizado? LÍNGUA PORTUGUESA •Os novos recursos destinados à divulgação, circulação e acesso à informação. Reflexão e análise textual focadas na problemática da globalização. •O conhecimento e a valorização da identidade e da cultura latino-americana. MATEMÁTICA • Relação entre as novas tecnologias e as transformações sociais. • Reconhecimento das novas tecnologias como um processo de evolução do conhecimento histórico da humanidade. HISTÓRIA •A compreensão do processo histórico da globalização vinculado ao desenvolvimento tecnológico. GEOGRAFIA •O processo de globalização e sua influência nas relações políticas, sociais, culturais e econômicas no mundo atual. •A globalização geradora de desigualdades e os movimentos sociais no combate à sua perversidade. CIÊNCIAS •A questão da ética no mundo globalizado: o desenvolvimento tecnológico e a responsabilidade do ser humano quanto ao uso da tecnologia para a manutenção da qualidade de vida pessoal e coletiva. • Inovações tecnológicas e o meio ambiente: reflexão sobre as consequências da globalização no âmbito individual e coletivo; compreensão de que vivemos numa aldeia global e que a ação individual reflete no coletivo. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (Inglês e Espanhol) • Língua inglesa: o papel da língua inglesa no processo de globalização; o desenvolvimento tecnológico e a responsabilidade do ser humano. Língua espanhola: a globalização como um fenômeno que envolve a circulação não só de produtos, mas também de conhecimento e bens culturais. Enfatização da necessidade de constante atualização do indivíduo. ARTE •A questão da ética no mundo globalizado: a relação da humanidade com o mundo globalizado e as novas tecnologias, entendendo-se como responsável pelo uso desses recursos. •A influência do desenvolvimento tecnológico nas produções artísticas. Além da abordagem de eixos temáticos em comum, tratados com base nas especificidades de cada disciplina e na síntese dos produtos finais em propostas da seção Vamos compartilhar?, a obra também busca favorecer a interdisciplinaridade no que diz respeito a algumas estratégias de leitura e à abordagem dos conteúdos procedimentais. Ainda que todos os capítulos apresentem uma diversidade de enunciados e um conjunto de procedimentos variados, em cada unidade um desses procedimentos aparece em foco. Esse ponto de convergência tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento de habilidades de leitura e produção oral e escrita. Desse modo, considerando que todo educador é educador de linguagem, um foco comum por unidade contribui para que os alunos tomem contato com os diversos tipos de enunciados e realizem atividades em que tenham de lançar mão de procedimentos comuns, ou muito semelhantes, simultaneamente. Por exemplo, se o que estiver em foco na unidade for o procedimento de “leitura de imagem”, algumas disciplinas, ou em alguns casos todas elas, apresentarão ao menos uma atividade relacionada ou correspondente ao foco dado. A seguir apresentamos um quadro-síntese dos conteúdos proce- dimentais por unidade (Quadro 2). qUAdRo-síNtEsE 2 – coNtEÚdos pRocEdiMENtAis tRAbALHAdos Nos qUAtRo voLUMEs 6o ANo 7o ANo 8o ANo 9o ANo Unidade 1 Unidade 1 Unidade 1 Unidade 1 Identificar, localizar, selecionar informações. Justificar, descrever, caracterizar. Comparar, relacionar. Identificar ideia central. Atividades que englobam alguns procedimentos anteriores. Unidade 2 Unidade 2 Unidade 2 Unidade 2 Ler imagens. Expor ideias oralmente e preparar-se para apresentações públicas. Trocar ideias. Argumentar, defender opiniões. Atividades que englobam alguns procedimentos anteriores. pnld2014_eja_livroprof_ciencias_6ao9.indb 17 03/02/14 17:39 MANUAL GERAL18 Certamente a eleição de alguns conteúdos procedimentais comuns não anula o fato de que outros procedimentos convivem com esses conteúdos nas sequências didáticas. Será possível encontrar na obra o levantamento de hipóteses, a dedução, a formulação de conclusões, o questionamento, entre outros. como tratamos o processo de ensino-aprendizagem mediante projetos Dentro do enfoque globalizador, interdisciplinar, esta coleção apresenta propostas de ação na linha da “pedagogia de projetos”, incentivando o educador a buscar parcerias não só entre os colegas, mas também com toda a comunidade escolar e seu entorno, com o objetivo de desenvolver atividades coletivas que vão além do conteúdo específico de sua disciplina. fundamentos da pedagogia de projetos • Pedagogia de projetos é uma concepção e uma postura pedagógica. • É a construção de uma prática pedagógica centrada na formação global do aluno a partir da pluralidade e diversidade de ações e contextos. • Parte do princípio de que todo conhecimento é construído em estreita relação com os contextos em que é utilizado. Por isso, é impossível separar os aspectos cognitivos dos emocionais e sociais. • Entende que as necessidades de aprendizagem afloram a partir das tentativas de resolver situações-problema. • Considera fundamental que o aluno construa sua autonomia e seu compromisso com o real, que ele desenvolva a habilidade de adaptação e atitudes colaborativas e ainda o gosto por aprender e reaprender durante toda a sua vida. • Considera que os conteúdos das disciplinas são instrumentos cul- turais valiosos para compreender a realidade e fazer interferências nela. São meios para ampliar a formação dos alunos, mas não são neutros nem constituem um fim em si mesmos. Diante da pluralidade de contextos educacionais no Brasil, cabe lembrar que não é possível contemplar, nas atividades com propostas interdisciplinares, os inúmeros elementos que compõem contextos específicos. Assim, espera-se que as atividades propostas nesta coleção sejam um ponto de partida para uma prática pedagógica calcada na visão das disciplinas como instrumentos culturais valiosos na elaboração de propostas interdisciplinares. Assim, aos educadores cabe uma avaliação dos aspectos pontuais relacionados a cada contexto e a adaptação das ações necessárias à adequação do material didático às demandas escolares. LUGAR do LivRo didático No pRocEsso dE ENsiNo-ApRENdizAGEM Nesse contexto em que elaboramos esta coleção, só faz sentido usar o livro didático como mais um recurso que facilita a aprendizagem, e não como o único instrumento para isso. Consideramos, assim: • que o uso dos textos e das imagens e as propostas de produção e de atividades individuais ou coletivas nesta coleção são desen- cadeadores, motivadores e orientadores do projeto educacional a ser construído coletivamente pelos profissionais da educação, planejando cada etapa do processo de ensino-aprendizagem, movidos por objetivos comuns; • que as ações executadas, planejadas, inspiradas a partir desta obra não devem deixar de considerar pressupostos básicos que nos ajudam a entender como a aprendizagem ocorre. Para isso, recomendamos uma leitura mais aprofundada da obra de Piaget, Vygotsky e Bakhtin. Suas teorias, com pontos divergentes entre si, semelhantes ou complementares, ofereceram contribuições importantes para a compreensão da construção do conhecimento e merecem atenção e estudo. AboRdAGEM dos coNtEÚdos As propostas de atividades
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