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ATIVIDADE DISCURSIVA
Trajetórias e movimentos na educação dos surdos
Nos últimos tempos, os debates no contexto educacional assumem o discurso da hora e a vez dos excluídos, colocando-se em pauta nesse cenário, a problematização do tema inclusão/exclusão social com vis tas, entre outras coisas, a se propor uma escola que possa convocar e acolher a todos em suas diferenças.
A construção da cidadania pressupõe um envolvimento consciente e atuante de todos os cidadãos. Para tanto, é preciso ser capaz de visualizar os contornos sociais de forma crítica, reconhecendo as diferenças histórica e culturalmente constituídas. E, uma vez que a cidadania também é uma forma de organização e planificação das condições necessárias de vida em sociedade, torna-se imprescindível delinear objetivos de vida comuns que preservem os valores humanos e que refreiem de alguma forma as desigualdades e injustiças sociais.Dentro dessa conjuntura, citamos o Congresso de Milão,apesar do nome, o Congresso de Milão foi na verdade a primeira conferência internacional de educadores de surdos. Mais de 160 educadores e especialistas reuniram-se entre 6 e 11 de setembro de 1880 para discutir os rumos da educação das pessoas surdas. Esse grupo de pessoas era na maioria ouvinte. Era uma época onde acreditava-se na superioridade da língua falada, considerando as línguas gestuais um retrocesso na evolução da linguagem.
Durante o congresso foram ouvidos doze especialistas no assunto. Apenas três se manifestaram a favor do uso das línguas gestuais como a melhor forma de educar e inserir as pessoas surdas na sociedade: Edward Gallaudet (fundador da Gallaudet University), Thomas Gallaudet e Richard Elliot (um professor inglês).
O resultado do Congresso foram oito resoluções que garantiam a hegemonia do oralismo:
· A primeira resolução atestava a superioridade da articulação, declarando ser esta a melhor forma de reinserção das pessoas surdas à sociedade e ser o método oral o melhor na educação de pessoas surdas.
· A segunda resolução considera que o uso simultâneo dos gestos e da oralidade prejudica a leitura labial e a articulação das pessoas surdas, declarando que um método puramente oral deveria ser adotado.
· A terceira resolução leva em consideração o enorme número de pessoas surdas nãos instruídas e que nem sempre as famílias e instituições eram capazes de suprir essa necessidade, estabelecendo então que é dever do governo assegurar que essas pessoas sejam educadas. A resolução foi aprovada por unanimidade.
· A quarta resolução, considerando um método de ensino puramente oral, define que a melhor maneira de ensinar as pessoas surdas seria através de um método intuitivo usando a associação da fala com palavras escritas, e expondo as crianças desde cedo a livros e à gramática da língua escrita.
· A quinta resolução leva em consideração a falta de livros didáticos suficientes para esses propósitos, declarando então que é dever dos professores do sistema oral desenvolver e publicar os materiais necessários.
· A sexta resolução baseia-se nos resultados de estudos com pessoas surdas que já não estavam mais na escola, e declara que essas pessoas não perderam suas habilidades de fala e leitura labial, mas sim as aprimoraram através da prática e leitura. Sendo assim fica estabelecido que pessoas surdas devem comunicar-se usando apenas a fala.
· A sétima resolução leva em consideração as necessidades especiais do ensino de pessoas surdas, e recomenda a idade dos oito a dez anos como a melhor época para que as crianças surdas comecem sua vida escolar. Estabelece também que a educação dessas crianças deve durar de sete a oito anos, e que as classes devem ter até dez alunos.
· A oitava resolução estabelece uma mudança gradual no método de ensino de instituições que faziam uso da língua de sinais, eliminando pouco a pouco o ensino por meio das línguas de sinais e implementando o método oral.
Os impactos do Congresso de Milão foram terríveis na comunidade surda em todo o mundo. Estima-se que já na primeira década após o Congresso de Milão o ensino das línguas de sinais já estava quase completamente erradicado das escolas. Privadas das línguas de sinais, crianças surdas no mundo inteiro deixavam as escolas com qualificações e comunicação inferiores. Apenas 100 anos depois iniciou-se o árduo processo de rejeição das resoluções do Congresso de Milão e a reestruturação da educação das pessoas surdas. Somente em julho de 2010, no 21º Congresso Internacional de Educação de Surdos (sediado em Vancouver, Canadá) houve uma votação formal e todas as oito resoluções do Congresso de Milão foram rejeitadas.
Referências:
BRASIL Constituição (2002). Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Lei n° 10.436, 24 de abril de 2002, Brasília, DF.
UFSC. Historicismo: o Conflito no Congresso de Milão 1880. Disponível em: <http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/scos/cap14131/1.html>. Acesso em: 27 Dez. 2019

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