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Amanda do Nascimento MED XXV EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA: REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE REVISÃO DE LITERATURA: · Corresponde a um método de pesquisa para a incorporação de evidências explorações iniciais de um problema ou integração de temáticas diversas. · Explora o conhecimento acerca de uma temática. · O objetivo da revisão de literatura é dar embasamento pessoal ou para uma pesquisa científica, norteando a elaboração da pergunta de pesquisa, por exemplo. · Não há critério explícito e sistemático para a busca e análise crítica das evidências. · A busca pelos estudos não é ampla. Isto é, não há garantia dentro da revisão simples da literatura que houve o englobamento de todos os estudos publicados acerca da temática em questão. Isso ocorre, visto que a seleção dos artigos é aleatória, não havendo uma sistematização da escolha e análise. · A seleção dos artigos e a interpretação das informações podem ficar sujeitas à subjetividade dos autores. · A revisão de literatura também é chamada de revisão narrativa, em que o autor é o centro do processo. Ela está muito vinculada também com as experiências e opiniões do autor. REVISÃO SISTEMÁTICA: · A busca dos estudos é feita de maneira sistematizada. Isto é, são utilizados descritores específicos, os quais são combinados de maneira específica, dentro de um determinado período e são utilizados em bases de dados específicas. · Devido a isso, é o TOPO da pirâmide em nível de evidência. · Se for realizada de maneira adequada, haverá: · Pouco viés · Poucos erros aleatórios · Toda revisão sistemática deve descrever a padronização que utilizou na seção “materiais e métodos” do estudo: · Descritores: DeCS e MeSH utilizados. · Operadores booleanos: descrever como que os termos foram combinados entre si. · Bases de dados utilizadas · Período estudado · Critérios de inclusão e exclusão dos artigos · A revisão sistemática propõe uma visão geral de um determinado tema a partir de uma revisão da literatura. · Ela busca responder a um problema complexo, aumentando a precisão das estimativas. · O maior objetivo das revisões sistemáticas é a visualização e a resolução das discrepâncias da literatura. · Pontos que devem ser estabelecidos quando se está realizando uma revisão sistemática: · Questão específica = pergunta de pesquisa: deve ser clara. · Fontes de busca das informações abrangentes: uma revisão sistemática nunca pode ser feita com base em um único banco de dados. · Estratégia de busca deve estar explícita: na seção “métodos” do estudo. · Seleção baseada em critérios e aplicada uniformemente · Avaliação criteriosa e reprodutível · Inferências frequentemente baseadas em resultados de pesquisas clínicas: · Revisão sistemática de ECR · Revisão sistemática estudos de coorte · Revisão sistemática de estudos observacionais · “Umbrella Review”: revisão sistemática de revisões sistemáticas. O nível de evidência desse trabalho é ainda maior. COMO FAZER UMA REVISÃO SISTEMÁTICA: DEFINIR CLARAMENTE A QUESTÃO A SER FORMULADA: · Pode ser gerada a partir do princípio PICOS: · P PATIENTS = pacientes ou problema: pode ser um único paciente, um grupo de pacientes com uma condição particular ou um problema de saúde. · I INTERVENTIONS = intervenções: representa a intervenção de interesse, que pode ser terapêutica, preventiva, diagnóstica, prognóstica, administrativa ou relacionada a assuntos econômicos. · C COMPARISION = controle ou comparação: definida como uma intervenção padrão, a intervenção mais utilizada ou nenhuma intervenção. · O OUTCOMES = desfechos: compreende os resultados esperados. Menor risco de: morrer, reinternar, infectar, perder uma função. · S STUDY = desenho de estudo: define o tipo de estudo que será incluído. Nem sempre está descrito. · Importante sempre definir os critérios de inclusão e exclusão dos artigos. Isso é extremamente importante para a determinação da qualidade do estudo. · Exemplo “microRNA involved in Parkinson’s disease: A systematic review” · Objetivo do estudo: “The aim of the present study was to determine the expression of blood miRNAs involved in PD in humans via a systematic review of the literature published over the last 10 years.” · P = Parkinson. · I = miRNA. · C = nenhuma. · O = expressão de miRNA no sangue. · S = randomizados e não randomizados. Não está muito claro nos objetivos, mas no método do estudo sim. BUSCAR EM DIVERSAS FONTES TODOS OS ESTUDOS CONFIÁVEIS, ABORDANDO A QUESTÃO: · A definição da fonte é feita com base na pergunta de pesquisa (PICO) e nos descritores (MeSH e DeCS). · Existem algumas bases de dados específicas para determinadas temáticas. · A forma de pesquisar com termos de busca pode interferir na sensibilidade da revisão sistemática, visto que se os pesquisadores não estiverem utilizando os termos de maneira correta, a busca acaba sendo “enviesada”. · Exemplos de fontes que podem ser utilizadas: · Cochrane Library · Bases de dados, como a Medline, Web of Science, Scopus, BVS. · Publicações governamentais · Comissões de ética · Resumos em anais de congressos · Teses SELECIONAR OS ESTUDOS: · Ocorre a partir dos critérios de inclusão e de exclusão. · São necessários, no mínimo, três pesquisadores: · Dois pesquisadores devem buscar e avaliar os estudos de forma independente. · Além disso, é necessário um terceiro pesquisador experiente para avaliar as discordâncias que surgirem. · A sistematização da escolha dos estudos deve ser feita da seguinte forma: · Título como é utilizada mais de uma base de dados, deve-se retirar todos os estudos duplicados. Após isso, deve-se ler todos os títulos e verificar se o estudo envolve ou não a temática em questão. Se houver dúvidas apenas com a leitura do título, deve-se ler o resumo. · Resumo verificar se tem todos os grupos de interesse do trabalho. · Leitura na íntegra por fim, deve ser feita a leitura completa de todos os artigos escolhidos após a aplicação do PICO e dos critérios de inclusão e exclusão. AVALIAR A QUALIDADE DOS ESTUDOS: · Existem diferentes instrumentos para realizar a avaliação da qualidade dos estudos. Eles devem ser aplicados de acordo com o desenho do estudo. · Exemplos: · CONSORT randomised trials · STROBE observational studies · PRISMA systematic reviews · SPIRIT study protocols · STARD diagnostic/prognostic studies · CARE case reports · AGREE clinical pactice guidelines · SRQR qualitative research · ARRIVE animal pre-clinical studies · SQUIRE aulity improvement studies · CHEERS economic evaluation COLETAR OS DADOS DE CADA ESTUDO E APRESENTÁ-LOS DE FORMA CLARA: · Extração da informação: · No mínimo 2 pesquisadores devem realizar a coleta dos dados. · Deve haver um formulário para a extração de dados. Isso padroniza a análise dos estudos. · Análise: deve ser DESCRITIVA/ QUALITATIVA construção de tabelas com todos os artigos avaliados e principais resultados. Dessa forma, consegue-se comparar os resultados encontrados. Quando os estudos incluídos na revisão sistemática forem extremamente homogêneos entre si, é possível combinar e integrar seus resultados, realizando uma análise QUANTITATIVA dos dados METANÁLISE. METANÁLISE: · Realiza a análise QUANTITATIVA de dados retirados de outros estudos. · Combina e integra os resultados de estudos independentes, os quais devem ser HOMOGÊNEOS, tanto nas características gerais populacionais, quanto nos resultados obtidos. · Explora fontes de heterogeneidade. · Aumenta o número de observações. · Aumenta o poder estatístico de detectar os efeitos. · Escolha da medida de associação (RR ou OR), de eficácia (RRR) ou diferença de médias. · É possível realizar uma estimativa da medida de associação = medida-sumário. Dessa forma, o efeito da intervenção / tratamento é calculado como uma média ponderada dos efeitos de cada estudo. · FOREST PLOT: · É um gráfico utilizado nas metanálises que contém a medida dos resultados linha horizontal e o valor de nulidade da intervenção linha vertical. A partir disso, consegue-se traçar o efeito de cada estudoanalisado. · Estudos com efeito positivo ou negativo o intervalo de confiança não ultrapassa a linha vertical. Isso significa que o p (nível de significância do estudo) é MENOR que 0,05. · Portanto, estudos que demonstram que uma intervenção é eficaz irão apresentar p < 0,05 e o intervalo de confiança não ultrapassa essa linha vertical. · Quanto mais longe o intervalo de confiança estiver da linha vertical (do efeito nulo), maior será a diferença significativa. · Quando o intervalo de confiança cruza a linha vertical, significa que o estudo NÃO tem significância estatística. Ou seja, p é MAIOR que 0,05. · DIAMANTE = corresponde ao resultado da metanálise, o qual é obtido após a realização da análise das diferentes informações. É determinado pelos programas estatísticos, em que se leva em consideração o nível de confiança dos estudos e entre outros fatores. · Se o resultado da metanálise (diamante) ficar exatamente sobre a linha da nulidade, significa que não há significância estatística na aplicação dessa intervenção. IMPORTÂNCIA DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES: · Permite solucionar controvérsias em estudos com estimativas divergentes. · Aumenta o poder estatístico: há aumento do n. · Estima com maior precisão o efeito do tratamento, pois diminui o intervalo de confiança (IC). · Permite generalizar dados, aumentando a validade externa dos estudos. · Permite uma análise mais consistente de subgrupos. · Identifica a necessidade de planejamento de estudos maiores e definitivos, quando a metanálise for inconclusiva. · Fornece dados para melhor estimar o tamanho de amostra. · Responde perguntas não abordadas pelos estudos individualmente: isso é possível, pois o n é aumentado e, consequentemente, a quantidade de informações obtidas também. · Força de evidência: GRADE realiza uma graduação dos níveis de evidência. · Relevância para pacientes: benefícios x riscos REFERÊNCIAS: · Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas : elaboração de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados/ Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. 92 p. : il. – (Série A: Normas e Manuais Técnicos) ISBN 978-85-334-1951-3 · Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas : Sistema GRADE – Manual de graduação da qualidade da evidência e força de recomendação para tomada de decisão em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 72 p. : il. ISBN 978-85- 334-2186-8 · GALVAO, Taís Freire e PEREIRA, Mauricio Gomes. Avaliação da qualidade da evidência de revisões sistemáticas. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2015, vol.24, n.1 [citado 2020-04-26], pp.173-175. Disponível em: . ISSN 1679-4974. · Lee YH. An overview of meta-analysis for clinicians. Korean J Intern Med. 2018;33(2):277–283. doi:10.3904/kjim.2016.195 · Delgado-Rodríguez M, Sillero-Arenas M. Systematic review and meta-analysis. Med Intensiva. 2018;42(7):444–453. doi:10.1016/j.medin.2017.10.003
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